Você está na página 1de 12

AULA 8.

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DOS


PARLAMENTARES

→ CRIME DE RESPONSABILIDADE

- o Presidente da República comete crime de responsabilidade quando atenta


contra a Constituição ou age contrariamente aos interesses da Administração
Pública; (art.85);

- a condenação por crime de responsabilidade é uma sanção de índole


político-administrativa e não coloca em risco a liberdade de ir, vir e ficar do
Presidente da República;

- o vice- presidente da república só comete tais crimes quando no exercício da


presidência;

- CRIMES DE RESPONSABILIDADE: são infrações político-


administrativas definidas na legislação federal, cometidas no desempenho da
função, que atentam contra a existência da União, o livre exercício dos
Poderes do Estado, a segurança interna do País, a probidade da Administração,
a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o
cumprimento das leis e das decisões judiciais;

- o art.85 contem um rol exemplificativo dos crimes de responsabilidade,


todavia o presidente poderá ser responsabilizado por todos os atos atentatórios
à Constituição, passíveis de enquadramento no rol, desde que haja previsão
legal; (lei federal – competência da união);

- segundo o art.85 da CF/88 são crimes de responsabilidade atos contra:

a) a existência da união (atos contra a república);


b) o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério
Público e dos Poderes constitucionais das unidades da federação (separação de
poderes;
c) o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;
d) a segurança interna do País (não decretação de intervenção federal, de
estado de defesa ou de sítio);
e) a probidade na administração (princípio da moralidade);
f) lei orçamentária (a lei orçamentária tem característica autorizativa e permite
ao Presidente determinar, ou não, a realização das despesas nela previstas. O
crime ocorre quando da determinação, pelo Presidente, se a despesa não
autorizada no orçamento;
g) o cumprimento das leis e das decisões judiciais;

- a Lei n.1079/50, recepcionada pela CF/88, regula os crimes de


responsabilidade estabelece o ensejo da imposição de sanção política, ainda
quando simplesmente tentados;

- são aplicadas duas sanções autônomas e cumulativas: 1) perda do cargo; 2)


inabilitação, por 8 anos, para o exercício da função pública que compreende
todas as funções públicas, sejam as derivadas de concurso público, sejam as de
confiança, ou mesmo os mandatos eletivos;

- é um instituto de natureza política; (mista: penal e política);

→ PROCEDIMENTO

→ CÂMARA DOS DEPUTADOS:

- o processo inicia-se na Câmara dos Deputados para declarar a procedência


ou improcedência da acusação, pelo quorum de dois terços de seus membros;
(juizo de admissibilidade);
- se for admitida a acusação contra o Presidente, pelo quorum de dois terços
da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o
Supremo Tribunal Federal;

- a admissibilidade da acusação feita pela Câmara vincula o Senado Federal no


sentido de instaurar-se o devido processo legal para apuração do crime;

- todo cidadão no gozo de seus direitos políticos é parte legítima para oferecer
a acusação à Câmara dos Deputados; (prerrogativa da cidadania);

- restam excluídas as pessoas físicas não alistadas ou que se encontram com os


seus direitos suspensos ou perdidos, pessoas jurídicas, os estrangeiros e os
apátridas;

- análise de admissibilidade: 1) ser ou não a denúncia objeto de deliberação


(gravidade dos fatos alegados e o valor das provas oferecidas); 2) proceder, ou
não, a acusação da denúncia (é um ato discricionário – político);

- a admissibilidade da medida é de natureza predominantemente política, cujo


mérito é insuscetível de controle judicial;

- o STF decidiu que o Presidente da Câmara é competente para o exame


liminar da idoneidade da denúncia popular contra o Presidente da República,
exame esse que não se reduz à verificação das formalidades extrínsecas e da
legitimidade do denunciante e denunciados, mas pode-se estender à rejeição
imediata da acusação patentemente inepta ou despida de justa causa;

- recebida a acusação o Presidente da Câmara despachará para uma comissão


especial eleita (formada em 48 h), da qual participem, proporcionalmente, os
representantes de todos os partidos para opinar sobre a mesma e elaborar
parecer;
- em 48 após a publicação do parecer será incluído o relatório em primeiro
lugar na ordem do dia da Câmara dos Deputados para uma única discussão e
votação nominal e aberta; (2/3 para admitir a acusação);

- deve-se assegurar a ampla defesa e o contraditório tanto na Câmara como no


Senado (produção de provas, oitiva de testemunhas, documentos e perícias),
prazo de 10 sessões para apresentação de sua defesa;

- admitida a acusação pela Câmara, com posterior início do processo no


Senado, o Presidente deverá ser afastado de suas funções (sanção);

- o Presidente só retornará as suas funções se absolvido ou transcorrido o


prazo de 180 dias sem o término do julgamento; (cessa o afastamento, mas o
processo segue normalmente);

→ SENADO FEDERAL

- recebida pela Mesa do Senado a autorização da Câmara para instauração do


processo, será o documento lido na hora do expediente da sessão seguinte, e
na mesma sessão será eleita comissão, constituída por ¼ da composição do
senado (proporcionalidade);

- será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal;

- a comissão processante realizará as diligências que entender necessárias ao


esclarecimento da acusação;

- a comissão encerrará os trabalhos com o fornecimento do libelo acusatório,


que será anexado ao processo e entregue ao Presidente do Senado, para
remessa, em original, ao Presidente do STF, com a comunicação do dia
designado para o julgamento;
- intima-se a defesa para contestar o libelo;

- na sessão plenária do Senado, o Presidente do STF mandará ler o processo


preparatório, o libelo e os artigos de defesa, inquirirá as testemunhas (qualquer
membro da comissão, senado, o acusado e os advogados podem formular
perguntas)

- debates orais por no máximo 2 horas para cada parte, findos os debates, abre-
se a discussão para os senadores;

- após o Presidente do STF fará relatório resumido da denúncia e das provas


de acusação e defesa e submeterá a votação nominal dos senadores (aberta),
cuja condenação exige 2/3 dos votos dos senadores;

- a condenação acarreta perda do cargo, com inabilitação por 8 anos para o


exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis;

- a sentença será por meio de resolução do Senado Federal;

- o STF decidiu que é impertinente a alegação de suspeição ou impedimento


dos senadores, dado que quando o Senado Federal é investido na função de
julgar o Presidente da República, não se transforma, às inteiras, num Tribunal
Judiciário submetido às rígidas regras a que estão sujeitos os órgãos do Poder
Judiciário, já que o senado é um órgão político;

→ RENÚNCIA E EXTINÇÃO DO PROCEDIMENTO DE


IMPEACHMENT

- a renúncia do presidente só afasta a sanção da perda de cargo de presidente,


processo se extingue nessa parte;
- a renúncia do presidente apresentada na sessão de julgamento, quando já
iniciado este, não paralisa o processo de impeachment;

- há o controle judicial do impeachment: possibilidade, desde que se alegue


lesão ou ameaça a direito;

- não é possível a aplicação da pena de cargo, apenas, nem a pena de


inabilitação assume a caráter de acessoriedade;

- impossibilidade de o Poder Judiciário alterar a decisão do Senado;

- a Constituição reservou ao Senado toda a jurisdição a respeito da matéria, e


excluído, por conseguinte a interferência do Judiciário;

- o processo de impeachment só poderá ser intentado durante o período


presidencial e cessará quando o Presidente, por qualquer motivo, deixar
definitivamente o exercício do cargo;

- não cabe recurso da decisão do Senado, nem mesmo para o próprio senado,
nem a rescisória;

- o Senado procede como órgão judicial e não como órgão legislativo;

→ CRIMES COMUNS

- a Lei n.8038/90 nos crimes comuns o Presidente da República será julgado


pelo STF, depois que a Câmara, por dois terços, declarar procedente a
acusação, exercendo um juízo de admissibilidade político;

-a necessidade de licença não impede o inquérito policial, nem tampouco o


oferecimento da denúncia, apenas impede o seu recebimento, que é o primeiro
ato de prosseguimento do STF;
- crime comum abrange todas as modalidades de infrações penais, estendendo-
se aos delitos eleitorais e até mesmo os crimes contra a vida e as próprias
contravenções penais;

- não há foro privilegiado para as ações populares, ações civis públicas e ações
por ato de improbidade administrativa;

- os crimes devem ter sido cometidos na sua vigência e tratar-se de ilícitos


penais praticados in officio ou cometidos propter officium;

- parágrafo 4: “O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não


pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções;

- irresponsabilidade relativa às infrações penais antes do início do exercício do


mandato, ou mesmo durante o exercício do mandato, que não apresentem
correlação com as funções de presidente da república;

- a irresponsabilidade relativa não se aplica em relação a responsabilidade


civil, administrativa, fiscal ou tributária;

- distribuído o inquérito para o ministro relator e tratando-se da


responsabilidade relativa temporária, haverá suspensão da prescrição a contar
o reconhecimento desta imunidade;

- nos crimes penais comum cometidos pelo Presidente antes de exercer tal
função, ele só responderá judicialmente por eles após o término do mandato
(art.86, parágrafo 4); é a posição do STF;

- segundo o STF não se trata de uma imunidade penal, mas apenas de uma
imunidade temporária à persecução penal, já que ele não poderá ser
responsabilizado apenas enquanto não cesse a investidura na Presidência;
- o STF decidiu que a imunidade temporária do Presidente não se comunica ao
co-autor do fato;

- tanto nos crimes de responsabilidade, como nos crimes comuns, se recebida


a denúncia pelo STF, ficará o Presidente afastado do exercício de suas funções
e, se no correr de 180 dias der-se o julgamento e for concluída por sua culpa,
ele sofrerá uma sanção política que é a perda do cargo, bem como ficará
proibido de se reeleger por determinado período de tempo;

- tratando-se de crime de ação penal pública o STF encaminhará ao


Procurador-Geral da República, que terá 15 dias para oferecer denúncia ou
requerer arquivamento;

- se o Procurador-Geral pronunciar-se no sentido do arquivamento do


inquérito, acolhe-se esse pronunciamento sem que se questione ou se adentre
no mérito da avaliação deduzida pelo titular da ação penal;

- se o Ministério Público requereu o arquivamento no prazo legal, não cabe


ação privada subsidiária, ou a título originário;

- se o inquérito versar sobre prática de crime de ação privada, o relator


determinará que seja aguardada a iniciativa do ofendido ou de quem por lei
esteja autorizado a oferecer queixa;

- oferecida a denúncia ao STF, há necessidade de admissibilidade pela Câmara


dos Deputados;

- a solicitação do Presidente do STF para instauração do processo, nas


infrações comuns, contra o Presidente, será instruída com cópia integral dos
autos da ação penal originária;
- recebida a solicitação o Presidente da Câmara despachará à Comissão de
Constituição e Justiça;

- na comissão o acusado ou o seu defensor terá o prazo de 10 sessões para


apresentar defesa escrita e indicar provas;

- se a defesa não for apresentada, o Presidente da Câmara nomeará defensor


dativo para oferecê-la, no mesmo prazo;

- apresentada a defesa, a Comissão passará a realizar as diligências e a


instrução probatória que entender necessárias, findas as quais proferirá parecer
no prazo de 10 sessões concluindo pelo deferimento ou indeferimento do
pedido de autorização e oferecendo o respectivo projeto de resolução;

- se o parecer for aprovado por 2/3 dos membros, resultará admitida a


acusação, e portanto, autorizada a instauração do processo na forma do projeto
de resolução proposto pela Câmara;

- a decisão será comunicada ao STF dentro de 2 sessões;

- o relator, antes do recebimento ou da rejeição da denúncia ou queixa,


mandará notificar o acusado para oferecer resposta escrita no prazo de 15 dias;

- apresentada ou não a resposta, o relator pedirá dia para que o plenário


delibere sobre o recebimento ou rejeição da denúncia ou queixa, sendo
facultada sustentação oral;

- poderá o plenário deliberar sobre a improcedência da acusação, se a decisão


não depender de outras provas (julgamento antecipado do mérito);

- o relator designará dia e hora para o interrogatório, mandando citar o


acusado e intimar o Procurador Geral da República;
- nas infrações penais comuns, o Presidente possui garantia constitucional
referente à impossibilidade de ser preso enquanto não sobrevier sentença
condenatória, nos termos do art.86, parágrafo 3 da CF/88; “enquanto não
sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da
República não estará sujeito a prisão”;

- a CF não exige o trânsito em julgado da decisão criminal condenatória para


autorizar a prisão do Presidente da República;

- a prisão em flagrante está desautorizada pela CF, bem como estão vedadas a
prisão cautelar e a prisão preventiva;

- o Presidente ficará suspenso de suas funções nas infrações penais comuns, se


recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF, pelo prazo máximo de 180
dias, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo;

- mesmo que haja autorização de 2/3 da Câmara dos Deputados para iniciar o
processo o STF não está obrigado a receber a denúncia ou queixa;

- o próprio relator realizará interrogatório, havendo prazo de 5 dias para a


defesa prévia, sendo designada audiência para oitiva de testemunhas de
acusação e defesa;

- após a audiência, haverá intimação das partes para requerimento de


diligências em 5 dias e alegações finais em 15 dias sucessivamente;

- na sessão plenária, haverá sustentação oral das partes, pelo prazo de uma
hora seguindo-se a votação;
→ PERDA DO CARGO DE PRESIDENTE DA REPÚBLICA
EM VIRTUDE DE CONDENAÇÃO CRIMINAL
DECRETADA PELO STF

- perderá o cargo tanto em razão de prática de crime de responsabilidade como


de crime comum, pois não tem sentido que se afaste das funções quando da
admissão da acusação pela Câmara e volte a elas, com a condenação do
Senado Federal;

- a decisão condenatória com trânsito em julgado acarretará a suspensão dos


direitos políticos do Presidente da República e, por conseqüência, a cessação
imediata de seu mandato;

- condenado o Presidente sujeitar-se-á à prisão. Nessa hipótese, perde ele os


direitos políticos e por efeitos reflexos e indiretos implica a perda do cargo;

- a perda do mandato decorre da própria condenação e não depende de outra


manifestação do próprio STF;

→ IMUNIDADES DO EXECUTIVO E GOVERNADORES

- gozam de imunidade formal em relação ao processo, desde que haja expressa


previsão das respectivas Constituições estaduais, que somente poderão ser
processados e julgados seja por crimes comuns ou de responsabilidades, após
a autorização da Assembléia Legislativa ou da Câmara legislativa;

- no processo de infrações penais comuns a prescrição ficará suspensa desde o


momento em que houver solicitação do STJ ao Legislativo local;

- em relação à imunidade formal relativa à prisão do Presidente da República,


bem como a cláusula de irresponsabilidade relativa, não há qualquer
aplicabilidade em relação aos chefes dos poderes executivos estaduais;
- tal cláusula constava de algumas Constituições estaduais, mas foi julgada
inconstitucional pelo STF (Adin 1021-2);

Você também pode gostar