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Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica

“Disregard Doctrine” ou “Disregard of Legal Entity” ou “Lifting of the Corporate Veil”


ou Doutrina do superamento ou da penetração da personalidade jurídica

 P. física (natural) CC: 2º ≠ P. jurídica (moral) CC: 44, II, 45 (affectio societatis)
indivíduo (pessoa humana) grupo de pessoas (teoria da ficção legal - Savigny)
 Empresário (CC: 966) ≠ Sócio (CC: 981) ≠ Sociedade Empresária (CC: 44, II; 982, 985)

Conseqüência da personalização (personificação) das sociedades


1. Titularidade negocial (contratual)
2. Titularidade ou capacidade processual (CPC: 7º ; 12, VI) – legitimatio ad processum
3. Responsabilidade patrimonial (distinção, autonomia, relativismo)
4. Responsabilidade social (meio ambiente, ordem econômica e tributária, normas trabalhistas)

Mau uso da personalidade jurídica das sociedades


 Dolo (NCC, art.145) fraude a credores (NCC, art.158) abuso de direito (NCC, art. 187) excesso
de poder (NCC, art. 115)
 Desvio de finalidade / confusão patrimonial (NCC, art.: 50)
 Infração da ordem tributária (CTN, art. 134, IV) e econômica (Lei 8.884/94, art. 18)
 Atividades lesivas ao meio ambiente (Lei 9.605/98, art. 4º)
 Prejuízo ao trabalhador (CLT, art. 9º) e prejuízo ao consumidor (CDC, art. 28)

A “Disregard Doctrine” originou-se na jurisprudência anglo-americana e na doutrina alemã.


 Leading case Bank of United States x Deveaux (Juiz Marshall) – ano 1809 - EUA
 Leading case Salomon x Salomon & Co - ano 1897 – Inglaterra
 Tese do Prof. Rolf Serick, da Universidade de Heidelberg – Alemanha

O que é a Teoria da Desconsideração?


É a suspensão momentânea da eficácia do ato constitutivo de uma sociedade, no curso de um
processo judicial, para permitir que as dívidas da pessoa jurídica recaiam sobre o patrimônio
pessoal dos sócios.
 É aplicável, com mais freqüência, às sociedades de pessoas com limitação de responsabilidade
dos sócios (Ex.: Ltda. CC: 1052 e a comandita simples CC: 1045 – sócios comanditários),
entretato, pode ser aplicada às sociedades anônimas e às sociedades comanditas por ações,
relativamente aos seus sócios controladores e administradores.
 É a desconsideração episódica da autonomia patrimonial (separação do patrimônio da
sociedade, ou seja, do capital social, em relação ao patrimônio particular dos sócios) em função
de certos atos e fatos
 O contrato (estatuto) social permanece válido. Não é anulado ou invalidado.
 Existe o benefício de ordem (CPC: 596), ou seja, só se aplica a Desconsideração da
Personalidade Jurídica, após o esgotamento do patrimônio social
 Ocorre sempre por decisão judicial (interlocutória), em regra, na fase de execução de um
processo judicial , quando se verifica que o patrimônio da sociedade não é suficiente para
honrar os débitos, as obrigações sociais.
Normas legais que aplicam a “Disregard Doctrine”
CLT ( Decreto-lei 5.452/43)
Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a
aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.

CTN ( Lei 5.172/66)


Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que
forem responsáveis:
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

CDC (Lei 8.078 / 90)


Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do
consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos
estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
§ 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.

Lei Antitruste (Lei 8.884/94)


Art. 18. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser
desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou
ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando
houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má
administração.
Lei dos Crimes Ambientais (Lei 9.605/98)
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.
CÓDIGO CIVIL (Lei 10.406/2002)
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

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Teoria Ultra Vires. NCC, art. 47 e art. 1015 e § único


Responsabilidade das sociedades, perante terceiros (fornecedores, clientes, consumidores, etc.),
por atos por seus representantes (sócios, gerentes, prepostos), praticados além dos poderes
outorgados pelo contrato social ou estranhos ao objeto social.
 Ler Texto Complementar “Origem e Aplicação da Teoria Ultra Vires”, Revista
Consulex – 30jun2008.
 Vide Enunciado nº 219 da III Jornada de Direito Civil (Dez./2004) – CFJ.

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