Você está na página 1de 123

Introdução

Caro(a) estudante!
Está nas suas mãos o Módulo de Estudo da disciplina de Didáctica de
História IV, que integra a grelha curricular do Curso de História oferecido pela
Universidade Pedagógica, na modalidade de Educação a Distância.

Este Módulo é constituído por duas unidades e tem por finalidade orientar os
seus estudos individuais, neste semestre do curso. Ao estudar a disciplina de
Didáctica de História IV, você irá analisar os principais problemas do Ensino
de História em Moçambique, e reflectir sobre o papel do professor de História
como pesquisador na sala de aula.
O Módulo contempla textos introdutórios para situar o assunto que será
estudado; os objectivos a serem alcançados. No término de cada unidade
temática e lição, há indicação de textos como leituras obrigatórias, que você
deve realizar; as diversas actividades que favorecem a compreensão dos
textos lidos e a chave de correcção das actividades que lhe permitirá verificar,
se você está a compreender o que está a estudar.
Vai também encontrar, no guia da disciplina, a indicação de leituras
complementares, isto é, indicações de outros textos, livros e materiais
relacionados com tema em estudo, para ampliar as suas possibilidades de
reflectir, investigar e dialogar sobre aspectos do seu interesse. Ao longo das
lições vai encontrar exercícios de auto avaliação e respectivos comentários no
final de cada unidade.
Esta é a minha proposta para o estudo desta disciplina neste curso. Ao receber
o módulo, sinta-se como um actor que se apropria de um texto para expressar
a sua inteligência, sensibilidade e emoção, pois você é também o(a) autor(a)
no processo da sua formação em História. Os seus estudos individuais, a partir
deste módulo, conduzir-nos-ão a muitos diálogos e a novos encontros.
Eu, na qualidade de elaborador e organizador deste módulo sinto-me honrado
em tê-lo como interlocutor(a) em constantes diálogos motivados por um
interesse comum, a educação de pessoas e a melhoria contínua das bases
para o aumento do emprego e renda no país.
Seja muito bem-vindo(a) ao nosso convívio e, a seguir veja os conteúdos e o
índice temático que vai orientar os seus estudos.
Como está estruturado este módulo?
Os conteúdos deste módulo estão organizados em 4 (quatro) unidades e 18
(dezoito) lições conforme ilustramos no quadro que se segue:

Unidade Conteúdos Contact Independente Obs


o

1 6
Dimensões da metodologia
de ensino da história e suas
tarefas
Objectivos e importância
do ensino da história
Metodologia Princípios do ensino da 5 As horas de
História
de ensino contacto
A metodologia de ensino da
da História 1 6 incluem:
História: uma disciplina
científica
Finalidade de ensino de 1. O
1 5
história trabalho na
O meio como auxiliar no plataforma.
1 7
ensino da história
2. Os chats.
Metodologia do ensino da 1 6
história local 3. A
realização
A História ao vivo 1 7 dos testes
escritos.
A comunicação na aula de 6
história 4. As
O meio e o
tutórias
ensino de Os locais de interesse 1 7 presenciais.
História histórico e suas Estas nem
potencialidades didácticas sempre
poderão
Documentos não escritos 1 7
existir.
na sala de aula

História do tempo presente 1 6


ou o presente como história

A pesquisa histórica: 1 6
métodos

O professor
História oral e o resgate da 1 7
de História
história pátria
como
pesquisado O Ensino pela pesquisa 1 6
r

As aulas de História 1 6

Organização e preparação 1 7
das aulas de história:

Como etapas da organização do

ensinar ensino e da aprendizagem

História numa orientação


construtivista

Organização e preparação 1 7
das aulas de História: a
aprendizagem cooperativa

Total de horas 18 107

Objectivos do módulo

Ao completar este módulo, você deverá ser capaz de:

 Identificar os objectivos e metodologias de ensino da História nos


programas escolares;
 Analisar a importância da história local e regional no ensino;
 Descrever a metodologia do ensino da história local os locais de
interesse histórico e suas potencialidades didácticas;
 Caracterizar as fontes e pesquisas históricas em Moçambique;
 Mostrar o papel da História na formação do indivíduo;
 Utilizar os métodos, estratégias e meios adequados para ensino da
História.
A quem se destina o módulo?

Este módulo destina-se à formação de professores de ensino de História


inscritos no Curso à Distância, fornecido pela Universidade Pedagógica.

Avaliação

O estudante deve realizar todas as tarefas (actividades e autoavaliação) que


constam no módulo, contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento


dos prazos, implica a não classificação do estudante.

O plágio é uma violação do direito intelectual, por isso, copiar integralmente as


tarefas do colega será considerado como fraude académica nos termos do
regulamento em vigor na Universidade Pedagógica.
UNIDADE I: METODOLOGIA DO ENSINO DA HISTÓRIA

Introdução

Após o espaço de reflexão que lhe temos vindo a propor sobre a educação em
geral, e a História como ciência e como disciplina curricular, iniciaremos, agora,
a abordagem de algumas questões mais práticas e com uma incidência mais
específica na aula de História. Como se sabe, qualquer método ou técnica do
ensino que adopte na sua prática lectiva não é neutra e pressupõe sempre
determinados conceitos de história e de educação, por isso, é importante que
antes de optar por um método de ensino se interrogue sobre os seus
fundamentos científicos, psicológicos e pedagógicos.

Ao terminar a unidade, você deve:

 Referir algumas capacidades que possam ser desenvolvidas através do


ensino da História.
 Tomar posição quanto ao problema dos valores no ensino da História.
 Caracterizar os objectivos do seu ensino.
 Demonstrar as vantagens e os inconvenientes do ensino pela
descoberta.
 Identificar as principais dificuldades na abordagem de alguns conceitos
em História.
 Relacionar o desenvolvimento dos alunos com a abordagem que deve
fazer dos conteúdos programáticos
 Enunciar algumas finalidades do ensino de História.
 Resumir as normas essenciais a uma correcta definição de objectivos.
 Avaliar o contributo de taxonomias para o ensino da História.
 Pronunciar-se sobre o papel da definição de objectivos no ensino de
História.
 Explicar a importância da comunicação na aula de História.
 Justificar a utilização de documentos no ensino da História.
 Seleccionar os meios audiovisuais mais adequados aos objectivos que
se pretende alcançar em cada aula.
 Discriminar as técnicas de ensino que melhor se adequam ao ciclo de
estudos e conteúdos programáticos que lecciona.
LIÇÃO 1: Dimensões da metodologia de ensino da história e suas tarefas

Introdução

A metodologia de ensino da História tem pontos em comum com as outras


metodologias específicas, tal como a história das mentalidades tem pontos em
comum com a História económica e social. Por isso, possui características
ligadas às outras metodologias.

Caro estudante, nesta lição vai estudar sobre as dimensões da metodologia de


ensino da História e suas tarefas.

Ao completar esta lição, você deve:


 Identificar as dimensões da metodologia de ensino da História e suas
tarefas.
 Caracterizar as dimensões da metodologia de ensino da História e suas
tarefas.

Dimensões da metodologia de ensino da história e suas tarefas

1.1. A dimensão analítica e a transposição didáctica

A metodologia do ensino da História procura compreender a


complexidade dos factores envolvidos na relação que o aluno estabelece com
o conhecimento histórico (dimensão analítica). Um dos desafios do professor é
compreender a relação multifacetada que um aluno pode estabelecer tendo em
vista uma História narrativa ou conceptual.

O professor hoje é essencialmente, um orientador dos alunos na busca do


conhecimento, devendo a sua acção possibilitar-lhe a reinvenção desse
mesmo conhecimento. Por isso, a História a ensinar não pode ser uma
simplificação da História produzida pelos historiadores, nem pode ser o resumo
do saber histórico destes. A elaboração dos programas se constitui como a 1ª
fase desse processo e tem grande importância na estruturação desse saber; a
2ª fase é a planificação do professor (unidades e aulas) e; a 3ª fase é a
implementação das planificações em sala de aula. Durante o ensino, entra na
nossa aula, o autor do manual, procede-se então uma reconstrução didáctica,
não só uma transposição didáctica. O que o professor ensina e a apropriação
que os alunos fazem disso, a reconstrução do conhecimento, é outro processo
ainda mais complexo. Cada aluno mobiliza não só os conhecimentos
anteriores, mas também a sua experiencia. Dai que numa mesma sala, com o
mesmo professor e as mesmas matérias pode haver apropriações de
conhecimentos muito diversificados (Freitas, et all, 2010:12/13).

Actividade 1

Argumente com evidencias a seguinte afirmação: “o professor hoje é


essencialmente, um orientador dos alunos na busca do conhecimento”

Feedback: Ao responder a actividade deve tomar em consideração as fases de


estruturação do saber escolar, os manuais e o meio que rodeia a escola.

Será que temos somente esta dimensão de ensino de História?


Certamente que não. Veja a seguir!

Existem outras dimensões da metodologia de ensino da História a destacar a


racional, interface, síntese, investigativo-heurística, projectiva, interactiva,
prospectiva e formativa.

A dimensão racional consiste em abstrair-se do concreto, problematizar


situações concretas. Há uma grande diversidade de alunos em termos de
desenvolvimento de capacidades relacionadas com o tempo histórico e a
compreensão histórica e, também as diferentes situações didácticas se
reflectem nesses dois aspectos fundamentais com que o professor se confronta
no âmbito da metodologia de ensino da História.

Na dimensão de interface quando o mesmo objecto de análise é


considerado sob diferentes pontos de vista, do conteúdo/processo, do saber ou
saber fazer.

A dimensão de síntese ocorre ao analisar diferentes pontos de vista


geram-se enquadramentos teóricos novos, característicos do seu objecto de
estudo específico.
A dimensão investigativo-heurística ligar-se à investigação realizada pelo
professor e integra-se na dimensão de interface e de síntese, mas pode
associar-se também à investigação-acção, menos ligada a aspectos
epistemológicos do que a solução de problemas práticos que se colocam para
análise, portanto, mais ligada aos próprios alunos. Esta assume várias
dimensões a destacar: a reflexiva, a metacognitiva, a construtivista,
transformadora e inovadora.
Na dimensão reflexiva o professor tem de justificar as suas tomadas de
decisão, as soluções que propõe para o problema; tem de reflectir sobre
eles e, como se verificará, são muitos problemas levantados pelo ensino
de História a crianças.
Na dimensão metacognitiva o professor é levado a pensar sobre o seu
próprio conhecimento, sobre conhecimentos nos domínios de História e
da psicologia, as suas experiencias pessoais associadas ao problema
numa dinâmica de conhecimento pessoal, nas suas dificuldades ao
aprender a História, como foi, mais ou menos, ajudado pelo professor.
Na dimensão construtiva o professor reflecte sobre o seu papel de
mediador do conhecimento e esse papel é extraordinariamente
complexo no ensino de História. O aluno é levado a repensar, a
aprofundar e a construir o seu próprio saber.
Na dimensão transformadora pretende-se que os alunos possam recriar,
reagrupar, relacionar, de forma a contribuir na resolução de problemas
do dia-a-dia.
 Na dimensão inovadora criam-se novas soluções para novos problemas.

A dimensão projectiva ressalta quando se faz uma aproximação à


prática pedagógica, ao promover-se o desenvolvimento de
conhecimentos, capacidades e atitudes para a sua futura vida
profissional. Esta dimensão, normalmente enriquece a análise de
problemas ou situações que o professor vivencia na sala de aulas, isto
é, assume uma dimensão clínica. Estas experiências em sala da aula
concretizam o princípio do aprender fazendo.
A dimensão interactiva existe quando há uma interacção com os
profissionais que actuam na sala de aula, o que acontece, de modo geral, em
situações de prática pedagógica associada as didácticas.

A dimensão prospectiva permite antever como será o aluno/professor


como futuro profissional ou como futuro professor. Esta dimensão pode
assumir uma dimensão selectiva, se verificar que o professor não reúne
condições mínimas para vir a ser um professor competente, mas este, pode ser
recuperado mediante estratégias de remediação para que este possa ter uma
participação activa.

A dimensão formativa pressupõe que o professor deve ter


consciencializado para a necessidade de delinear um projecto pessoal de
formação, de identificar as suas concepções de educação, de ensino e
aprendizagem, as suas concepções de História, bem como reconhecer que a
sua formação se irá desenvolvendo ao longo da sua vida profissional, numa
constante formação contínua.

Actividade 2

Seleccione três dimensões da metodologia de ensino da História que considere


mais importante para o professor de História do 2º ciclo. Justifique a sua
escolha.

Feedback: Leia muito bem a dimensão racional, síntese, investigativo-


heurística.

Sumário

Há várias dimensões da metodologia de ensino da História que permite ao


professor realizar um ensino personalizado em função do meio onde se localiza
a escola. Espero que destas compreenda a tarefas as actividades do professor
na sala de aula.

A lição que segue aborda as finalidades e objectivos do ensino da história,


permitirá enriquecer o seu conhecimento sobre as dimensões de ensino de
História.
Leituras complementares

FREITAS, Maria L. V. de, et all. Metodologia de História. Luanda: Plural, 2010.

Auto avaliação

1. Caracterize a principal dimensão da metodologia de ensino de Historia.

2. Uma das dimensões da metodologia de ensino da História é a dimensão


investigativo-heurística. Descreve as dimensões desta.

3. Seleccione três dimensões da metodologia de ensino da História que


considere mais importante para o professor de História do 2º ciclo. Justifique a
sua escolha.

LIÇÃO 2: OBJECTIVOS E IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA HISTÓRIA

Introdução

O problema da correcta definição de objectivos educacionais tem sido


abordado por vários especialistas que se mostram unânimes em considerar
que educar implica sempre um objectivo, isto é, uma meta ou fim a atingir,
embora nem todos estejam de acordo quanto ao conteúdo ou a estrutura dessa
definição. A multiplicidade de definições em matéria de objectivos educacionais
não é mais do que um reflexo da multiplicidade de concepções filosóficas e
políticas, pois a ideia que se tem das finalidades educativas resulta da ideia
que se tem do homem e do seu destino.

Caro, estudante não se pode educar sem visar determinados fins, por isso,
nesta lição vai aprender sobre as finalidades e objectivos do ensino da História

Ao terminar a lição, você deve:

 Identificar as metodologias que podem ser usadas no ensino de História.


 Perceber a forma a utilizar para que os alunos possam aprender a
classificar as fontes.
 Identificar os objectivos e as finalidades do ensino de História.
 Referir as potencialidades educativas do ensino de história.
OBJECTIVOS E IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA HISTÓRIA

Quais os objectivos do ensino de História? Leia o texto!

Compreender os factos ocorridos no passado e saber situá-los no seu


contexto. Isto significa, em primeiro lugar, que é preciso que os alunos saibam
reconhecer convenções temporais quotidianas, que vão desde o “antes de” ou
o “depois de” até as divisões clássicas da História, ou a estrutura secular, a
origem convencional dos calendários, entre outros.

Para compreender os factos e situá-los no seu contexto é necessário saber


localizar alguns acontecimentos simples numa sequência temporal e utilizar
convenções cronológicas adequadas mediante o uso de linhas e outras
representações gráficas. As acções ocorridas no tempo nunca podem ser
explicadas de forma isolada. Os alunos devem saber demonstrar, fazendo
referência a narrativas do passado, que as acções têm consequências.
Ademais, também é preciso demonstrar que se tem consciência de uma série
de mudanças em um período de tempo. Isto requer contextualizar
historicamente os fatos e, para poder contextualiza-los, deve-se levar em
consideração as características das formações sociais. É precisamente em
torno do conceito de mudança que se nucleariza este primeiro objectivo do
Ensino de História. Os alunos devem demonstrar uma compreensão clara do
conceito de mudança em diferentes períodos de tempo e reconhecer algumas
das complexidades inerentes à ideia de mudança no momento de explicar
problemas históricos.

Actividade 3

Como compreender os factos ocorridos no passado e saber situá-los no seu


contexto.
Feedback: Leia os dois primeiros parágrafos.

Compreender que na análise do passado há muitos pontos de vista diferentes.


Efectivamente, os alunos gradualmente devem ser capazes de, em primeiro
lugar, a partir da informação histórica, reagir diante de narrativas sobre o
passado e fazer comentários sobre elas. Em segundo lugar, devem
reconhecer que pode haver mais de uma versão sobre um acontecimento
histórico e identificar distintas versões existentes de um acontecimento,
reconhecendo também que as descrições do passado frequentemente são
diferentes por razões igualmente válidas numa versão ou em outras. Em
etapas mais avançadas da escolarização, os alunos devem ser capazes de
compreender algumas razões gerais que explicam a diversidade das versões
sobre o passado.

Os alunos devem ser capazes de avaliar as interpretações históricas em


função, inclusive, de sua distorção, assim como analisar os problemas que
surgem quando se procura fazer uma História objectiva.

Os alunos, no final de seus estudos secundários, devem mostrar uma


compreensão do facto de que os valores de sua época, de sua classe e
nacionalidade, ou suas crenças, afectam os historiadores nos seus juízos sobre
o passado. Devem aprender que a História, entendida como conhecimento
científico, é a única maneira rigorosa e objectiva de explicar os tempos
passados, apesar da provisoriedade de suas conclusões.

Actividade 4

Como levar os alunos a compreender que na análise do passado há muitos


pontos de vista diferentes?

Feedback: faça uma leitura síntese dos três parágrafos acima.


Compreender que há formas muito diferentes de adquirir, obter e avaliar
informações sobre o passado. Este importante objectivo do ensino da História
está relacionado com a formação que obtém os dados que servem para
construir a explicação histórica. Para alcançá-lo, os alunos devem ser capazes
de extrair informações a partir de uma fonte histórica seleccionada pelo
professor. Posteriormente, à medida que as suas habilidades forem ampliadas,
eles devem saber adquirir informação histórica por meio de fontes que contém
mais informação do que o necessário, e que devem ser avaliadas e criticadas,
de acordo com procedimentos habituais que os historiadores utilizam ao fazer a
crítica às fontes.

Contudo, não é suficiente saber extrair a informação; é preciso saber avaliá-la.


Para isto, os alunos devem comparar o valor de algumas fontes relacionadas
com uma questão histórica concreta. É preciso saber reconhecer que tipos de
fontes históricas poderiam ser utilizados para uma linha concreta de
investigação e seleccionar os tipos de fontes que poderiam ser úteis para
proporcionar informação em uma investigação histórica. É muito importante
comparar criticamente as fontes utilizadas e reconhecer que o valor que elas
têm é determinado, em grande parte, pelas perguntas que fazemos sobre os
dados que oferecem sobre a sua origem, ou sua relação com o tema de que
tratam ou ao qual pertencem.

Finalmente, é preciso demonstrar habilidade para utilizar fontes apesar de sua


mutilação e de suas imperfeições, assim como ter consciência do carácter das
fontes, de seus diversos usos e limitações, das circunstâncias da sua criação e
se podem ser utilizadas outras informações que sejam melhores.

Transmitir de forma organizada o que se estudou ou se obteve sobre o


passado. Para isto, é necessário em primeiro lugar, saber descrever oralmente
aspectos do passado. Sem dúvida, deve-se saber comunicar coisas do
passado, utilizando-se mais de um meio de expressão (mapas, informes,
desenhos, diagramas, narrativas). Os nossos alunos deveriam ser capazes de
seleccionar material histórico relevante com a finalidade de comunicar um
aspecto do passado utilizando diferentes meios.
Na direcção dessas questões, os estudantes devem: expor correctamente uma
investigação histórica relevante, omitindo o material supérfluo; seleccionar a
informação relevante para realizar uma exposição completa, precisa,
equilibrada, fazendo uso de algumas das convenções da comunicação
histórica; sintetizar uma série de informações complexas e díspares sobre um
problema histórico de modo a elaborar uma explicação coerente e equilibrada;
estruturar informação complexa de forma apropriada para defender uma
argumentação analítica, coerente e equilibrada sobre um problema histórico;
estruturar informação complexa dos métodos mais apropriados para defender
uma exposição analítica, coerente e apropriada sobre problemas históricos
substanciais, demonstrando ser consciente quanto à existência de enfoques
alternativos.

Actividade 5

Como podemos obter e avaliar informações sobre o passado?

Feedback: meu caro, para argumentar esta actividade faça um comentário


olhando para a necessidade de levar os alunos a extrair e adquirir informação
nas fontes históricas, avaliar a informação e demonstrar habilidades para
utilizar fontes.

Será que o ensino de História tem alguma importância? Leia o texto que
segue e tire as suas conclusões.

Segundo PROENÇA (1989: 108) além de transmitir conhecimentos sobre a


realidade histórica, o ensino de História permite desenvolver capacidades e
atitudes específicas. De entre as finalidades ou grandes metas visadas pelo
ensino da História, destacam-se:

 Promover o desenvolvimento das capacidades de análise e síntese


através duma abordagem científica da realidade;
 Proporcionar o desenvolvimento do espírito crítico;
 Desenvolver a capacidade de formular hipóteses fundamentais;
 Contribuir para o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade e das
capacidades de expressão;
 Adquirir competências específicas no domínio do tratamento,
classificação e análise de fontes históricas;
 Assegurar uma melhor formação cívica visando a preparação para o
exercício consciente da cidadania;
 Desenvolver atitudes de tolerância face a ideias, crenças, culturas,
opiniões e valores diferentes dos próprios;
 Proporcionar a compreensão da relatividade e multiplicidade dos valores
em diferentes tempos e espaços;
 Contribuir para a inserção do aluno na realidade social, política e cultural
que o rodeia;
 Despertar atitudes de respeito e colaboração com os outros seres
humanos como pessoas e como membros de grupos sociais e
nacionais.

Sumário

As finalidades, metas mais gerais da acção educativa e os objectivos gerais do


ensino de uma disciplina devem ser definidas pelas instituições educativas,
mas a definição de objectivos específicos são da competência exclusiva do
professor, face aos alunos concretos e ao contexto escolar em que se insere. A
definição de objectivos para o ensino da História tem levantado controvérsia
entre aqueles que se interessam pelo ensino da História devido às
características específicas da disciplina que não limita as suas finalidades a
aspectos meramente cognitivos, mas inclui aspectos de domínio afectivo assim
como a aquisição de competências e atitudes.

A próxima lição aborda os princípios do ensino de história. Fique atento!

Leituras complementares

FREITAS, Maria Luísa V. et all. Metodologia de História. Maputo: Plural, 2010.


PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Lisboa: Universidade Aberta.
1989.

Auto avaliação

1. Quais são as metodologias que podem ser usadas no ensino de História?

2. De que forma os alunos podem aprender a classificar as fontes?

3. Identifique os objectivos do ensino da História?

4. Quais as potencialidades educativas do ensino da História.

5. Indique 4 aspectos sobre a importância do ensino da História.

6. Para conhecer ou compreender um acontecimento histórico, necessitamos


receber informação histórica, mas os componentes desta informação não são a
finalidade, senão o início, uma vez que a História não se reduz a saber nomes,
datas e acontecimentos.

a) Explique a frase em destaque.

7. Apesar do interesse pelas causas e consequências, o historiador nem


sempre tem uma certeza absoluta de que aquelas causas sejam as únicas ou
as determinantes de um facto.

a) Explique porquê?

7. Nas sociedades contemporâneas, a História tem um importante papel. A


História é, mais do que a “mestra da vida” como a definiu Heródoto.

a) Explique a frase em destaque


LIÇÃO 3: PRINCÍPIOS DO ENSINO DE HISTÓRIA

Introdução

Quando ensinamos ao aluno algo relacionado com a sua comunidade, estamos


formando uma personalidade social e culturalmente inserida no seu meio, pois
é aí onde encontra os seus, isto é, a sua identidade com vários aspectos que o
ligam à comunidade. Por isso, um ensino da História que parte do local para o
nacional e internacional tem muitas potencialidades.

Nesta lição, você vai aprender sobre os princípios do ensino da História bem
como as potencialidades educativas do ensino de história

Ao terminar esta lição, você deve:

 Descrever os princípios do ensino da História.


 Identifique as potencialidades formativas do ensino da História.
 Caracterizar as potencialidades formativas do ensino da História.

PRINCÍPIOS DO ENSINO DA HISTÓRIA

Para compreender um acontecimento histórico, necessitamos de receber


informação histórica, mas os componentes desta informação não são a
finalidade, senão o início, uma vez que a História não se reduz a saber nomes,
datas e acontecimentos. É necessária uma compreensão para poder emitir
uma explicação sobre por que ocorreram as coisas de uma determinada forma
no passado; assim, por exemplo, a resposta à pergunta “Em que data os
muçulmanos invadiram a Península Ibérica?” pode indicar a memória do
estudante, mas não informa sobre as mudanças e transformações que
tornaram possível a invasão e o domínio muçulmano. Sem dúvida, a
informação é a base para a compreensão.

O primeiro objectivo fundamental há-de ser a “compreensão” para poder


chegar à explicação. É necessário, primeiro, um marco de referência em que
os acontecimentos adquiram sentido. Por isso, um dos elementos básicos da
compreensão é dado pela caracterização das distintas formações sociais.
Somente dentro destas caracterizações se podem explicar em parte os factos
sem cair em anacronismos ou visões parciais da realidade. O problema que
muitas vezes se coloca é que ao trabalhar temas concretos, ligados à história
local, se perde a referência da explicação geral do período e do conjunto social
em que está demarcada a história de uma determinada localidade e, dentro
desta, o relato de um determinado facto ou acontecimento. Por isso, deve-se
insistir na contextualização que, no fundo, supõe dar um valor geral a um
elemento concreto.

A compreensão dos factos não é possível sem levar em consideração as


crenças dos protagonistas, agentes ou pacientes desses factos. O passo
seguinte é a explicação. Aqui, trata-se de averiguar as causas dos factos e as
consequências que deles derivam. Este aspecto é fundamental na História que,
diferentemente de outras disciplinas, se interessa mais pela significação dos
factos do que pelos próprios factos.

Apesar do interesse pelas causas e consequências, o historiador nem sempre


tem uma certeza absoluta de que aquelas causas sejam as únicas ou as
determinantes de um facto. Por esta razão, como já foi indicado, é difícil
apresentar o passado com objectividade absoluta. Temos de seleccionar os
informantes, os documentos, os depoimentos, e os pontos de vista dos
historiadores serão diferentes em muitos casos, além de poderem mudar com o
passar do tempo.

Actividade 6

Depois de ler o texto acima, diga como levar os alunos a compreender os


factos?

Feedback: Ao comentar esta actividade, não esqueça que a compreensão dos


factos não é possível sem levar em consideração as crenças dos
protagonistas.
As potencialidades educativas do ensino de História

Nas sociedades contemporâneas, a História tem um importante papel. A


História é, mais do que a “mestra da vida” como a definiu Heródoto, um
conhecimento que se pode utilizar como justificação do presente. Vivemos no
seio de sociedades que utilizam a História para legitimar acções políticas,
culturais e sociais, o que não é nenhuma novidade.

Neste texto, não queremos colocar em questão a utilidade ou a utilização da


História; não discutimos esta utilidade do estudo do passado entre as
sociedades ocidentais. O que apontamos é a utilidade do estudo da História
para a formação integral (intelectual, social e afectiva) das crianças e
adolescentes.

Será que se justifica a presença da História na educação?

A presença da História na educação justifica-se por muitas e variadas razões.


Além de fazer parte da construção de qualquer perspectiva conceitual no
marco das Ciências Sociais, ela tem, do nosso ponto de vista, um interesse
próprio e auto-suficiente como disciplina de grande potencialidade formativa.
Entre outras possibilidades, seleccionamos as que seguem, tais como: facilitar
a compreensão do presente, preparar os alunos para a vida adulta, despertar o
interesse pelo passado, potencializar um sentido de identidade, contribuir para
o conhecimento e a compreensão de outros países e culturas do mundo actual
e, introduzir os alunos no conhecimento e no domínio de uma metodologia
rigorosa, própria dos historiadores

Facilitar a compreensão do presente - Uma vez que não há nada no presente


que não possa ser melhor compreendido através do passado. A História não
tem a pretensão de ser a única disciplina que objectiva ajudar a compreender o
presente, mas pode-se afirmar que, com ela, a compreensão do presente
adquire maior riqueza e relevância.

Preparar os alunos para a vida adulta - A História oferece um marco de


referência para entender os problemas sociais, para situar a importância dos
acontecimentos diários, para usar a informação criticamente e, finalmente, para
viver com uma consciência cidadã plena.

Despertar o interesse pelo passado - O que indica que a História não é


sinónimo de passado. O passado é o que ocorreu, a História é a investigação
que explica e dá coerência a esse passado. Por isso, a História coloca
questões fundamentais sobre esse passado a partir do presente, o que não
deixa de ser uma reflexão de grande contemporaneidade e, portanto,
susceptível de compromisso.

Potencializar um sentido de identidade - Ter consciência das origens permite


que, quando adultos, possam compartilhar valores, costumes, ideias, etc. Esta
questão é facilmente manipulável a partir de ópticas e exageros nacionalistas.
A nossa concepção de educação não pode levar à exclusão ou ao sectarismo,
uma vez que a própria identidade sempre cobrará a sua dimensão positiva na
medida em que mobiliza para a direcção de uma melhor compreensão daquilo
que é distinto, o que equivale a falar de valores de tolerância e de valorização
do diferente.

Contribuir para o conhecimento e a compreensão de outros países e culturas


do mundo actual - A História há-de ser um instrumento para ajudar a valorizar
os “demais”. Países como o nosso, os quais viveram isolados por razões
históricas e políticas, devem compensar essa situação fomentando a
compreensão em relação a outras sociedades próximas ou distantes.

Introduzir os alunos no conhecimento e no domínio de uma metodologia


rigorosa, própria dos historiadores - As habilidades requeridas para reconstruir
o passado podem ser úteis para a formação do aluno. O método histórico,
como se discutirá mais adiante, pode ser simulado no âmbito didáctico,
estimulando as capacidades de análise, inferência, formulação de hipóteses,
entre outras.

Todos estes elementos configuram um mundo rico em possibilidades


formativas, que podem tomar diferentes formas conceituais, plenamente
coerentes com os limites e conteúdos das Ciências Sociais no contexto da
educação.
Actividade 7

O ensino da história justifica-se pelas suas várias potencialidades na formação


do Homem activo na sociedade. Descreva as potencialidades que podem
desenvolver a identidade e boa relação com o outro.

Feedback: Leia sobre algumas das potencialidades formativas da História e,


tire as suas conclusões.

Sumário

Nesta lição estudou sobre os princípios que norteiam o ensino da História, as


potencialidades formativas do ensino da História e constatou que a História,
além de fazer parte da construção de qualquer perspectiva conceitual no marco
das Ciências Sociais, tem um interesse próprio e auto-suficiente como
disciplina de grande potencialidade formativa.

Na próxima lição, vamos analisar se a metodologia de ensino da história é ou


não uma disciplina científica. Fique atento!

Leituras complementares

FREITAS, Maria L. V. de, et all. Metodologia de História. Maputo: Plural, 2010.

Auto avaliação

1. Identifique três potencialidades formativas do ensino de História.

2. Uma das potencialidades formativas do ensino de História é potencializar um


sentido de identidade. Explique por quê.
LIÇÃO 4: A METODOLOGIA DE ENSINO DA HISTÓRIA: UMA DISCIPLINA
CIENTÍFICA

Introdução

A metodologia de ensino da História tem pontos em comum com as


outras metodologias específicas, tal como a história das mentalidades tem
pontos em comum com a História económica e social. Por isso possui
características ligadas as outras metodologias.

Caro estudante, nesta lição vai encontrar um debate sobre a


cientificidade da didáctica de História e a relação desta com outras áreas do
saber.

Ao completar esta lição, você deve:


 Explicar a cientificidade da didáctica de História.
 Identificar as disciplinas relacionadas com a didáctica de História.
 Explicar a relação entre a didáctica de ensino da História com outras
ciências.

A METODOLOGIA DE ENSINO DA HISTÓRIA: UMA DISCIPLINA


CIENTÍFICA

A didáctica é uma sabedoria (não devendo aspirar a ser uma ciência), por
isso, tem um estatuto diferente, mas as didácticas específicas são disciplinas
autónomas, com as características de disciplinas científicas num sentido actual.
As didácticas específicas (caso da didáctica de História) são disciplinas
científicas porque:
 Elaboram questões próprias que pressupõem uma problemática teórica e
um objecto científico;
 Elegem problemas centrais de investigação, a que se dedicam;
 Constroem conjunto de princípios, teorias, estratégias metódicas e
resultados cruciais que servem de modelo ou quadro orientador às
pesquisas produzidas na área, os paradigmas.

As didácticas específicas têm uma dimensão institucional pelo facto de


estarem presentes nos cursos de formação de professores em instituições de
ensino superior e médio. O estar integrado numa estrutura organizativa que lhe
permite não só a leccionação, mas também o desenvolvimento da
investigação, a construção do conhecimento científico próprio, constitui um
passo para afirmação de um ramo do conhecimento científico.

Actividade 8

Como se explica a cientificidade das didácticas e que aspectos constitui um


passo para sua afirmação como conhecimento científico?

Feedback: Leia o parágrafo acima

A relação da metodologia de ensino da História com outras disciplinas

A metodologia de ensino da História tem relações com várias ciências na


construção do conhecimento tais como Ciências da Educação (sociologia da
educação, Tecnologias e Gestão Educativa, Desenvolvimento Curricular,
Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem e da aprendizagem);
Educação para a Cidadania; Prática pedagógica; História (Epistemologia,
teorias da História, Historiografia e Metodologia de História).

A metodologia de ensino de História tem relações com a História de um


nível diferente daquele que mantém com outras ciências. Não só com a
História, mas com todos os ramos de conhecimento que para ela mais
directamente contribuem, das quais destacamos a Historiografia. As relações
são muito profundas a nível do conhecimento e no desenvolvimento de
capacidades.

A educação para a Cidadania que inclui uma dimensão de educação


cívica e uma dimensão de educação moral e para os valores, deve ser
transversal a todo currículo, mas a História tem um papel relevante nessa
educação.

A prática pedagógica é referida pelo seu contributo de uma enorme


importância. A metodologia de ensino da História desligada da prática não
desempenhará cabalmente todas as suas funções.
Sumário

Espero que depois de ler sobre a lição perceba que a didáctica de História
é de facto uma ciência pelo facto de tratar de questões próprias, abordar
problemas centrais da sua investigação, constrói princípios e está ligada a
instituições. Esta, tem ligação com diversas áreas do saber Ciências da
Educação, Educação para a Cidadania; Prática pedagógica e História.

Sabe qual a finalidade do ensino de História? Fique atento na lição que


segue.

Leituras complementares

FREITAS, Maria L. V. de, et all. Metodologia de História. Luanda: Plural, 2010.

Auto avaliação

1. A didáctica é apenas uma sabedoria, mas a didáctica de História constitui


uma ciência.

Comente a frase sublinhada.

2. Explica a relação entre a Didáctica de História com a Educação para a


cidadania.
Lição 5: A FINALIDADE DE ENSINO DE HISTÓRIA

Introdução

A metodologia de ensino da História tem pontos em comum com as outras


metodologias específicas, tal como a história das mentalidades tem pontos em
comum com a História económica e social. Por isso, possui características
ligadas as outras metodologias.

Espero que nesta lição assimile as finalidades da aprendizagem de História.

Ao completar esta lição, você deve:


 Identificar as finalidades do ensino e aprendizagem de História.
 Explicar as finalidades do ensino aprendizagem de História.

A FINALIDADE DE ENSINO DE HISTÓRIA

As finalidades do ensino aprendizagem de história podemos agrupar em


seguintes categorias: Para sabermos quem somos; para conhecermos os
outros e nos sabermos relacionar com eles; para compreender o presente e
projectar caminhos para o futuro; para desenvolver competências específicas
de carácter cognitivo e; para desenvolver competências de carácter
transversal.

Para sabermos quem somos - a História de cada um e a História da


família ajuda a compreender quem somos a desenvolver uma identidade
comunitária e social. A identidade social vai se alargando com a percepção de
pertença a várias comunidades locais, mas não a outras. A percepção de se
pertencer a uma comunidade que engloba várias outras comunidades com
semelhanças e diferenças faz também parte do conhecimento de nós próprios.
A História ajuda a criar laços com uma comunidade mais alargada contribuindo
no desenvolvimento de uma identidade multidimensional e proporcionar o
desenvolvimento da capacidade de aceitar múltiplas perspectivas. O ensino e
aprendizagem de História pode promover o desenvolvimento das várias
identidades, com destaque para a identidade nacional.

Para conhecermos os outros e nos sabermos relacionar com eles - a


aprendizagem de História é uma forma de promover a aceitação de diferenças,
mas também de semelhanças das pessoas que viveram noutros tempos. As
crianças são capazes de estabelecer relações entre diferenças com períodos
do passado e diferenças entre as pessoas com as quais tem contacto.

Para compreender o presente e projectar caminhos para o futuro - a


História ajuda a compreender o presente, quer familiar, quer local e nacional,
africano ou da humanidade. O presente não se compreende sem conhecer o
passado, mas para conhecer o passado torna-se necessário também conhecer
o presente. Este duplo conhecimento ajuda a visionar o futuro, tendo em conta
que os dilemas do presente têm as suas origens no passado.

Para desenvolver competências específicas de carácter cognitivo - a


História pode proporcionar o desenvolvimento de capacidades de raciocínio,
por exemplo, ligadas a causalidade e à capacidade de inferir.

Para desenvolver competências de carácter transversal - a História pode


desenvolver competências relacionadas com o uso apropriado da língua
portuguesa e de novas tecnologias de informação.

A didáctica de História numa perspectiva de integração teórico-prática

Os avanços científicos das últimas décadas produziram significativas


consequências na abordagem epistemológica da produção do conhecimento
científico acentuando o reconhecimento do sujeito social na produção da
ciência. A evolução do conhecimento histórico efectuou-se, paralelamente ao
desenvolvimento de outras Ciências Sociais, de forma não linear e em íntima
consonância com o desenvolvimento do conhecimento científico em geral. Com
efeito, desde os finais da década de vinte, com a chamada escola dos
“Annales”, ocorreu uma importante renovação conceptual e metodológica na
Ciência História, com o aparecimento de novas correntes historiográficas que
vieram conferir um novo estatuto á História. Ora, se na nossa época tem
aumentado o interesse pela história e o consumo da nova produção
historiográfica, o mesmo não se tem verificado com o ensino desta ciência pelo
qual os estudantes continuam a manifestar um certo alheamento, não lhe
dando a mesma importância que atribuem a outras disciplinas de carácter
tecnológico.

Mal ensinada na escola primária, considerada por vezes inútil pelos


alunos e encarregados de educação, a História encontra-se numa posição
difícil de definir. Se associarmos a esta situação, o facto da formação
universitária dos professores ser mal adaptada aos programas de ensino
primário e secundário, então duas ou três questões se colocam:
O que é a História?
Que História a ensinar? (Por quê e como?);
Como efectuar a mediação de conteúdos científicos correctos e
actualizados duma forma adequada ao desenvolvimento psicológico dos
alunos duma forma adequada ao desenvolvimento psicológico dos
alunos tendo em conta os novos contributos pedagógico-didácticos?

Nossa experiência pessoal, comprova que os professores têm muito


pouco tempo para discutir e reflectir a sua prática pedagógica, reflectir sobre as
suas próprias experiências. A sua insegurança é grande. E, actualmente, o
ensino de História enfrenta novas exigências, novos desafios: precisa-se de
novas formas de aprendizagem que permitam compreender a complexidade
das mudanças sociais; precisava-se de novas formas de aprendizagem
complexas, isto é, totalizadoras, integradoras e orientadas a processos. Por
outras palavras, o desafio que se coloca aos futuros professores é que devem
estar preparados para reagir com flexibilidade aos diversos problemas que
surgem na sala de aulas. Estas questões levam-nos a reflectir sobre dois
problemas fundamentais:
O estatuto epistemológico da História actual (conceito, objecto e
metodologia de investigação);
A metodologia de ensino da disciplina de História para que, na prática
docente, se possa aliar a correcção científica no domínio da transmissão
de conhecimentos, à correcta utilização de meios e técnicas
pedagógicas e didácticas, de acordo com os novos contributos das
Ciências de Educação.

Esse é, pois, o objectivo da Didáctica da História como “ciência que trata do


processo de ensino aprendizagem.
Actividade 9

1. Argumente: “A Escola dos Annales revolucionou a História no século XX”.


2. Nossa experiência pessoal, comprova que os professores têm muito
pouco tempo para discutir e reflectir a sua prática pedagógica, reflectir
sobre as suas próprias experiências. Concorda? Caso concorde,
mostre como reverter esta situação.
3. Quais as exigências e desafios que o ensino de História enfrenta?

Feedback: Busque argumentos lendo os parágrafos acima sobre a didáctica


de história numa perspectiva de integração teórico-prática

O que é que pretendemos com a disciplina de História? Veja bem!

Pretende-se que os estudantes:


Adquiram a capacidade de pensar criticamente questões ligadas à
situação de ensino-aprendizagem, no contexto da escola actual;
Adquiram uma alta competência profissional;
Desenvolvam a competência didáctica em quatro níveis: capacidade
para a auto-reflexão; habilidades sociais e comunicativas; habilidades
analíticas e de organização; competência para a planificação;
Desenvolvam a capacidade de gerir e recriar o currículo da disciplina de
História nos diferentes níveis de ensino.

Sumário

Espero que depois de ler a lição tenha percebido que uma das grandes
finalidades do ensino de História é desenvolver a identidade com a comunidade
local e nacional bem como desenvolver uma óptima relação com o outro.

Leituras complementares

FREITAS, Maria L. V. de, et all. Metodologia de História. Luanda: Plural, 2010.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Vol. 2. Lisboa,

Universidade Aberta, 1989


Auto avaliação

1. Mencione as finalidades do ensino de História.

2. Em qual das finalidades o professor pode desenvolver a identidade local e


nacional?
UNIDADE II: O MEIO E O ENSINO DE HISTÓRIA

Introdução

A abordagem da história local a partir da realidade social, permite alcançarmos


algumas metas que são de fundamental importância na formação do cidadão, e
essa proposta de partir de situações de seu quotidiano e de sua comunidade é
certamente uma busca de formar a vida e não apenas para o trabalho, além de
nos levar a aulas mais produtivas, sendo que, o conteúdo estudado estará
ligado directamente ao aluno, levando assim a um novo sentido, visto que,
haverá uma interacção entre aluno sociedade e escola.

Nesta Unidade, você vai aprender sobre a importância da história local e


regional no ensino, metodologia do ensino da história local e os locais de
interesse histórico e suas potencialidades didácticas.

Ao terminar esta Unidade, você deve:

 Explicar a importância da história local e regional no ensino;


 Descrever a metodologia de ensino da história local e;
 Identificar os locais de interesse histórico.
 Explicar as potencialidades dos locais de interesse histórico no ensino
de história.

Lição 6: O meio como auxiliar no ensino da história

Introdução

O estudo da História a partir do meio contribui para auxiliar a inserção do


aluno na sociedade através do confronto com os problemas concretos da sua
comunidade e da pluralidade de opiniões nela existentes. Este estudo tem, por
isso, um inegável valor formativo porque permite que os alunos desenvolvam
atitudes e valores pessoas, nomeadamente atitudes de responsabilidade e
respeito pelo património cultural. Como exercício de preparação para esta
unidade didáctica.
Nesta lição, você vai aprender como o meio pode ser utilizado no ensino de
História.

Ao terminar esta lição, você deve:

 Definir a história local;


 Contextualizar o surgimento e desenvolvimento da história local;
 Identificar as metas a ser atingidas ao trabalhar com a história local;
 Explicar as potencialidades da história local no ensino da história.
 Descrever a importância da história local para o ensino de história.

O meio como auxiliar no ensino da história

O que é história local?

Segundo Barros (1998:15) história local é aquela que trata de assuntos


referentes a uma determinada região, município, cidade e distrito. A história
local caracteriza pela valorização dos particulares e das diversidades. Ela é um
ponto de partida para a formação de uma identidade local e regional.

Por que realizar estudo do meio?

O estudo do meio é uma prática pedagógica que se caracteriza pela


interdisciplinaridade. Nos relatos do século XX, nota-se esta preocupação de
pôr o aluno em contacto com o meio social ou em situação de observação
directa dos fenómenos naturais para lhe proporcionar um estudo mais
interactivo e envolvente. Esta prática foi defendida pelo educador francês
Celestin Freinet, um dos ardentes defense do estudo da realidade próxima do
aluno. (Bittencourt, 2009:273).

A realização de estudo do meio faz parte, portanto, de uma "tradição


escolar", embora seus objectivos nem sempre sejam os mesmos para os
educadores. Organizar saídas dos alunos da escola é, normalmente, algo bem
aceito e visto sempre de maneira positiva, quer pela motivação que provoca
nos alunos, quer pelas oportunidades pedagógicas que pode oferecer. Muitas
vezes, entretanto, o estudo do meio torna-se sinónimo de excursão, de
passeio, sem representar efectivamente um estudo de campo, um momento
específico de aprendizagem mais dinâmica e significativa. (Bittencourt,
2009:273).

Para as disciplinas de Historia, Geografia e Artes, o meio social e físico


corresponde a um laboratório de ensino. A sociedade, em suas relações,
temporal espaciais, normalmente apresentada por textos escritos ou pela
iconografia, situa-se em outra dimensão e profundidade ao ser observada
directamente, pois neste caso surge a oportunidade de dialogar com pessoas
identificar construções privadas e públicas, atentar para fatos quotidianos que
geralmente passam despercebidos e transforma-los em objecto de estudo, de
análise e de descoberta.

A possibilidade de concretizar estudos interdisciplinares por intermédio


de estudo do meio é indiscutível. Embora Historia e Geografia sejam
consideradas disciplinas privilegiadas para a realização de actividades como
essa, todas as demais podem-se integrar no estudo do meio. Por exemplo:
seguindo o programa usual de química inorgânica, trabalhando com o tema das
propriedades dos metais e sua utilização em escala industrial, pode-se levar os
alunos para estudar as indústrias existentes no bairro, responsáveis pela
produção de materiais cromados utilizados na indústria. Os alunos, em suas
visitas, limitam-se a identificar os fenómenos químicos que envolvem o
processo de cromagem das peças, ignorando os trabalhadores. Nesse
momento, pode haver o envolvimento de professores de História e Geografia,
tratando do desenvolvimento do capitalismo industrial. O estudo das indústrias
locais poderá ser enriquecido pelas entrevistas aos trabalhadores sobre temas
ligados a saúde e a situação do trabalhador.

As possibilidades de trabalho interdisciplinar são assim constantes, com


variáveis que exigem uma abordagem investigativa e criativa dos professores.
Do ponto de vista do desenvolvimento intelectual, o estudo do meio favorece a
aquisição de uma serie de capacidades, destacando-se a observação e o
domínio de organizar e analisar registos orais e visuais. Outra conquista
importante é a criação e efectivação de um trabalho em equipa, colectivo.
Trata-se de oportunidade especial de construção de relações diferenciadas
entre todos os participantes. E preciso estar sempre atento ao trabalho
integrador inerente ao estudo, o qual ocorre em vários níveis: professor-
professor, professor-aluno, aluno-aluno. A saída de alunos do ambiente
escolar, ao quebrar a rotina, exige o estabelecimento de novas regras e
normas entre os participantes. Devem ser firmados vários acordos: o
cumprimento dos horários com rigor; formas de conduta no contacto com as
pessoas (entrevistados), a divisão de tarefas de colecta de informações e
dados; a forma de organizar as refeições; a solução de problemas de custos
com transportes, etc. Estas actividades criam novos níveis de relacionamento
entre todos e ultrapassa as questões de ordem pedagógica.

Os objectivos de um estudo do meio devem ser definidos com precisão


pelos docentes e discutidos com cuidado com os alunos, por tratar-se de um
trabalho de integração em todas as suas etapas.

Actividade 10

1. O meio social e físico corresponde a um laboratório de ensino.


Concorda. Argumente o teu posicionamento.

2. Como lidar com os alunos fora do ambiente escolar?

Feedback: Tome em consideração as potencialidades daquilo que o


meio pode oferecer.

A importância da história regional e local

A história local está intimamente ligada à identidade do educando e


deste com o espaço. Por tanto, resgata e valoriza a historicidade. Este
processo de aproximação parece ser um caminho louvável para posterior
ensino da História Universal.  

O estudo de história regional e local nem sempre teve importância no


mundo académico, apenas a partir do final da década de 1980, surgem
trabalhos mais sistematizados relacionados ao tema. Isso só foi possível
graças a uma nova concepção historiográfica que surgiu na França em 1929,
denominada de Nova História. A partir desta nova abordagem historiográfica,
passou a existir uma diversificação no conceito de fonte histórica e uma
dinamização no objecto de estudo do pesquisador.
A importância do estudo da história local está na tentativa de fazer com
que o educando reaprenda e valorize a historicidade de sua comunidade e de
sua própria história. Mostrar ao educando que é sujeito da história é o principal
desafio do professor. Para tal, o professor precisa de desmitificar o ensino de
história desconstruindo o tradicional de simples memorização sistemática de
datas e fatos ocorridos, para a construção de um estudo participativo,
investigativo e crítico da realidade histórica das comunidades e seus membros.

Ao estudar a história local, o ensino de história ganha um novo sentido e


o envolvimento da comunidade e dos alunos fazem com que haja um maior
interesse, pois estarão redescobrindo sua própria história e cultura. A
introdução da história como objecto de estudo escolar requer que se explorem
as possibilidades inerentes do quotidiano, sem se limitar a constatar o real ou
as motivações possíveis para alunos pouco sensibilizados com a história
escolar mais tradicional. O quotidiano deve ser utilizado como objecto de
estudo escolar pelas possibilidades que oferece de visualizar as
transformações possíveis realizadas por homens comuns, ultrapassando a
ideia de que a vida quotidiana é repleta e permeada de alienação.

Actividade 11

1. Que ambiente estimulou a emergência da história local e regional?


2. É importante estudar a história local?
3. Quais as premissas da introdução da história como objecto de estudo
escolar.

Feedback:

1. A história nova com os annales e a diversificação das fontes.


2. Estudar a história local permite com que o educando reaprenda e
valorize a historicidade de sua comunidade e de sua própria história.
3. A introdução da história como objecto de estudo requer explorar as
possibilidades do quotidiano pelas possibilidades que oferece de
visualizar as transformações possíveis realizadas por homens
comuns.
A forma de abordagem da história local é diferente da tradicional, que ao
ser apresentada nos livros didácticos de forma pronta e acabada, torna o
educando um ser passivo diante do saber e distante do processo histórico. Por
esta óptica, nota-se a importância do estudo da história regional e local no
universo historiográfico, uma vez que ela aproxima o historiador do seu objecto
de estudo. A narrativa deixa de ser fundamentada em temas distantes para se
incorporar aos fenómenos históricos da região. O passado distante, sede
espaço para algo mais imediato.

Segundo Fernandes (1995: 4), usando a prerrogativa de valorização da


história regional e local no espaço académico, nota-se o quanto é importante
abordar em sala de aula temas relacionados a essa concepção historiográfica,
uma vez que os livros didácticos privilegiam apenas um tipo de conhecimento
histórico, universalizado em temas de História Geral, muitas vezes sem
significado para os alunos, “uma história distante de seu tempo presente, de
suas experiências de vida, de suas expectativas e desejos” tornado a
aprendizagem algo sem prazer e que não emociona, negando a perspectiva de
que a história é vida, sendo que a função básica do seu ensino é a construção
de cidadãos críticos.

A partir do local, o aluno começa a construir sua identidade e a se tornar


membro activo da sociedade civil no sentido de que faz prevalecer o seu direito
de acesso aos bens culturais sendo eles materiais ou imateriais. A história local
geralmente se liga à história do quotidiano, ao fazer as pessoas comuns
participantes de uma história aparentemente desprovida de importância e
estabelecer relação entre os grupos sociais de condições diversas que
participaram de encrusamento de histórias, tanto no presente bem como no
passado. (Fernandes, 1995: 16). A história local permite ao educando perceber
se como parte integrante da história, não simples espectador de ensino, desta,
mas objecto e sujeito, construtor de factos e acontecimentos que não são
lineares mas sim permeados de descontinuidade própria do processo histórico.
(Fernandes, 1995: 17).

As estratégias de aprendizagem da história local garantem domínio do


conhecimento histórico. O seu trabalho no ensino possibilita a construção de
uma história mais plural que não silencia a multiplicidade das realidades.
Para ensinar a história a partir da vida do aluno é necessário uma
perspectiva teórico-metodológicos que fala da vida das pessoas, das memórias
e lembranças dos sujeitos de todos os segmentos sociais. É preciso dar voltas
a história desses sujeitos que sempre estiveram excluídos dos conteúdos
ensinados.

O trabalho com a história local no ensino de história facilita a construção


de problematização, a apresentação de várias histórias lidas com base em
distintos sujeitos da história, bem como de histórias que foram silenciadas, isto
é, que não foram institucionalizadas sobre forma de conhecimentos histórico. A
demais, esse trabalho pode favorecer a recuperação de experiencias individuas
e colectivos e produzir um conhecimento que ao ser analisado e retrabalhado,
contribui para a construção da sua consciência histórica.

Para Proença (1992: 18) assiste-se presentemente o desenvolvimento


de uma história local que visa tirar partido das novas metodologias e cujos
temas poderão ter um aproveitamento didáctico, motivador e estimulante.
Actualmente, muitos autores defendem que é relevante que o ensino de
história forneça estratégias teóricas metodológicas para o desenvolvimento em
salas de aulas que valorizam a história da vida seus alunos. Proença (1992:
202) refere ainda que o ensino da história a partir do recurso à história local
permite atingir algumas das grandes metas a destacar:

 Melhor compreensão da sociedade em que vive e na qual virá a intervir.


 Prepara melhor o aluno para uma futura integração na sociedade,
facilitando-lhe a compreensão das instituições democráticas e
acentuando o carácter formativo da história na preparação para o
exercício de uma cidadania consciente.
 Familiariza o aluno com o método de pesquisa histórica e contribuir para
o desenvolvimento de capacidades e competências específicas como o
rigor de análise, o pensamento reflexivo e o sentido crítico.

Além de possibilitar a consecução destas metas, o recurso a história


local tem ainda inúmeras potencialidades no campo da motivação, não só
porque permite a utilização de métodos que interessam os alunos (inquéritos,
entrevistas a pessoas mais idosas entre outros), como também porque os
alunos ao lidar com fontes locais encontram referências a pessoas, factos e
lugares conhecidos. Ao pormos os alunos em contacto com referentes
conhecidos, proporcionamos-lhes uma relação mais íntima com o passado que
se traduz numa melhor compreensão empática dos fenómenos históricos.

Antes de se decidir a optar pelo recurso à História local como estratégia


de ensino, o professor deve ter em atenção algumas etapas preparatórias
como: definir o significado do termo local nos seus parâmetros espaciais; optar
por uma zona familiar aos alunos e, contactar as autoridades locais porque
estes detêm algumas fontes.

Para poder explorar todas as potencialidades desta estratégia de ensino é


necessário que o professor proceda a um prévio levantamento minucioso das
possibilidades que a localidade oferece em termos de fonte. Deve, por isso,
fazer um reconhecimento dos arquivos, bibliotecas e de todos os aspectos
patrimoniais com interesse para o ensino da disciplina.

Sumário

Certamente que percebeu que não se pode ensinar a História isolada do


meio em que a escola está inserida, pois a exploração do meio proporciona a
aquisição de métodos e técnicas de trabalho de pesquisa, facilita a
estruturação das noções espaço e do tempo, contribui para o desenvolvimento
de atitudes de respeito pelo património histórico-cultural e tem um forte carácter
motivador através do envolvimento afectivo.

A próxima lição é muito interessante, pois trata sobre a metodologia do


ensino da história local. Fique atento, dada a importância do estudo!

Leituras complementares

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e


métodos. 3ª ed., S. Paulo: Cortez, 2009.

FERNANDES, José Oriá. Um lugar na escola para a história local. Recife:


ANPUH, 1995

JOÃO, Maria Isabel. Didáctica de História. Maputo: UEM, Departamento de


História e Geografia, 1983.
PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Textos complementares.
Lisboa, Universidade Aberta, 1989.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Lisboa, Universidade Aberta,


1989.

Auto avaliação

1. Em que contexto surgiu a necessidade de recorrer a história local no ensino?

2. Explica por que é que a saída dos alunos da escola é algo visto maneira
positiva.

3. Destaque as competências intelectuais a ser desenvolvidas com o recurso


ao meio no ensino.

4. Mencione as regras e normas a estabelecer ao sair do ambiente escolar.

5. Quais as premissas para o ensino da história local?

6. Qual a importância do estudo da história regional e local?

7. Que metas a atingir podemos recorrendo a história local?

8. Identifique potencialidades a desenvolver ao recorrer a história local?

9. Que aspectos a tomar em consideração antes de optar pelo recurso à


história local?

10. Como explorar todas as potencialidades do meio?


Lição 7: Metodologia do ensino da história local

Introdução

Esta lição aborda sobre a metodologia do ensino da história local visando


mostrar como trabalhar o meio na sala de aula. A lição traz as etapas de
investigação do local e respectivas técnicas.

Objectivos

Ao terminar esta lição, você deve:

 Definir o que é estudo do meio;


 Identificar as fontes da história local;
 Descrever as metodologias do ensino da história local.

Metodologia do ensino da história local

O estudo do meio é um método de investigação cujos procedimentos se


devem ater a dois aspectos iniciais. O primeiro deles é que esse método é um
ponto de partida, não um fim em si mesmo. O segundo é que sua aplicação
resulta sempre de um projecto de estudo que integra o plano curricular da
escola e pode ser integral ou parcial.

O estudo integral abarca a descrição e explicação de todos os aspectos


da área delimitada e o estudo parcial abrange somente um aspecto da área
delimitada e está associada a um tema mais específico (o abastecimento de
agua; os transportes).

Para a realização de um estudo do meio, há que tomar uma série de


cuidados, porque seus objectivos englobam três aspectos: o aprofundamento
de conteúdos (conceitos e informações de cada uma das disciplinas
envolvidas), a socialização dos alunos e a sua formação intelectual
(observação, comparação, analogias).

O método representa, para cada um desses aspectos, o factor de


integração. Os conteúdos das disciplinas são variáveis e, como no exemplo
que demos das articulações entre Química, História não tem de
necessariamente sair do tradicional. A exigência maior reside no cuidado para
com para com as três tapas fundamentais que integram o estudo do meio:
preparação prévia, actividades de campo e retorno do trabalho na sala de aula.
Esse método de investigação cria determinadas estratégias que devem ser
seguidas e realizadas em conjunto com os professores envolvidos, os alunos e
a comunidade escolar e familiar. Os procedimentos metodológicos são,
portanto, tarefas comuns que obedecem a determinadas etapas:
 O reconhecimento do espaço social a ser estudado, no qual são
arroladas as fontes de escudo (arquivos, pessoas entrevistadas ou
depoentes, objectos materiais);
 Estudo prévio do local por intermédio de bibliografia e outras fontes de
informação;
 Definição da problemática a ser estudada;
 Organização do roteiro a ser seguido, com a identificação de todas as
actividades, seja de colecta de material, de divisão de trabalho, de
selecção de material e equipamentos a ser utilizados (máquinas
fotográficas, filmadoras, etc.);
 Preparação do caderno de campo;
 A execução do estudo do meio propriamente dito;
 O tratamento posterior dos dados colectados, com sistematização e
avaliação das diversas actividades.

O método orienta-se também para o atendimento da formação intelectual


dos alunos. Um objectivo central dessa prática é o desenvolvimento da
capacidade observação do educando. A observação como procedimento de
investigação em um estudo do meio é destacada por Lidia Possi (1993) como
obedecendo seguintes tipologias:

Observação simples - forma espontânea de observar, semelhante ao


trabalho dos jornalistas (observação-reportagem);

Observação participante - de modo semelhante ao trabalho dos


antropólogos, O observador participa do grupo, para acesso a dados não
perceptíveis, convivendo com as pessoas no quotidiano delas;

Observação sistemática - feita com planificação prévia, delimitação de


objectivos, levantamento de hipóteses e construção de instrumentos de
observação para que os dados possam ser registados.
No caso especifico de História, a observação do meio possibilita que os
alunos, a partir das series iniciais, sejam introduzidos no método de
investigação histórica e desenvolvam o tão desejado pensamento critico. O
recurso aos estudos do meio pode transformar-se na iniciação ao método
histórico quando o estudo é conduzido com critérios estabelecidos com rigor.
Um ponto fundamental é o cuidado com a utilização das duas fontes essenciais
para o estudo do meio: as fontes materiais, e a fonte oral. A aproximação
histórica ao meio define um processo de observação que conduz a um modo
de investigação do real. Nos alunos das classes iniciais, é preciso despertar a
curiosidade a respeito do passado, inserindo-os em situação concreta para que
possam mobilizar informações necessárias e começar a formular perguntas
operativas. No caso do estudo do meio, o aluno defronta-se com problemas
visíveis, e não com conceitos ou abstracções. (Bittencourt, 2009:283).

Actividade 12

1. Depois de ler o texto acima, descreve os tipos de observação no


estudo do meio.
2. Qual a importância da observação do meio no ensino de História?

Feedback: veja a citação de Lídia Possi (1993) sobre tipos de


observação e parágrafo seguinte.

O estudo do meio concebido como um ponto de partida necessita de


outros referenciais e informações recolhidos de uma realidade maior. As
explicações da realidade de cada meio, próximo ou distante, não se encontram
nele mesmo, mas estão inseridas em contextos mais amplos. A análise das
observações e dos materiais colectados identifica problemas que serão
parcialmente explicados com o auxílio de outras fontes e materiais
bibliográficos.

Assim, é a fundamentação metodológica que caracteriza interdisciplinaridade


do estudo do meio, e não exactamente os conteúdos idênticos para todas as
disciplinas. Nesse sentido, o estudo do meio constitui um dos caminhos a ser
trilhados a fim de aproximar professores de disciplinas específicas, tendo em
um trabalho colectivo e interdisciplinar e a vivencia e compreensão de
realidades também específicas, mas contidas e explicadas em uma realidade
maior.

Sumário

A História Local é entendida como uma modalidade de estudos históricos que


contribui para a construção dos processos interpretativos sobre as formas
como os actores sociais se constituem historicamente em seus modos de viver,
situados em espaços que são socialmente construídos e repensados pelo
poder político e económico na forma estrutural. A aprendizagem desta história
deve-se usar várias fontes como orais, escritas e materiais. Para que ocorra
aprendizagem, é necessário que os intervenientes do processo planifiquem as
actividades para exploração do meio.

A lição seguinte faz abordagem sobre história ao vivo. Veja o interesse desta!

Leituras complementares

ALVES, Luís Alberto Marques. Como preparar uma aula de história. Rio Tinto:
Edições ASA, 1991.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e


métodos. 3ª ed., S. Paulo: Cortez, 2009.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de história. Lisboa: Universidade Aberta,


1992

Auto avaliação

1. O estudo do meio é um método de investigação cujos procedimentos se


devem ater a dois aspectos iniciais. Identifique-os.

2. Distingue estudo integral e parcial do meio.

3. Quais os aspectos objectivos do estudo do meio?

4. Mencione as tapas do estudo do meio

5. Refira-se aos procedimentos do estudo do meio.

6. Qual é o objectivo central do estudo do meio.


Lição 8: A HISTÓRIA AO VIVO

Introdução

Vários projectos de História ao vivo estão neste momento a ser executados, e


alguns outros aguardam concretização. Esta técnica de ensino foi divulgada
pela primeira vez em Portugal pela Associação Portuguesa de Museologia –
APOM – em dois colóquios, realizados em 1986 e 1987, que tiveram como
resultado a elaboração de um conjunto de catálogos com a descrição de vários
projectos a ser postos em prática.

Ao terminar esta lição, você deve:

 Descrever a importância da História ao vivo no ensino de História.


 Explicar o contributo da História ao vivo no desenvolvimento cognitivo e
afectivo.
 Identificar as etapas de preparação e execução da história ao vivo.

A HISTÓRIA AO VIVO

Actividade 13

Antes de ler esta lição, comente esta frase: História ao vivo é o mesmo que
História local.

Feedback: Algumas pistas de reflexão - Ambas se realizam fora do espaço


escolar. A história ao vivo ocorre em qualquer espaço que permite concretizar a
teoria, isto é, não é recurso, mas sim, a própria realidade. A História local está
ligada ao meio que rodeia a escola, isto é, um recurso no ensino de História.

O que é história ao vivo e como prepará-la? Leia e tire as suas ilações!

A História ao vivo pretende, pois, criar, a partir de um espaço concreto


no qual a criança é convidada a entrar e a utilizar sem receio, o ambiente de
outro tempo que ela é levada a compreender, pois passa a fazer parte
integrante desse ambiente. Um projecto deste tipo pressupõe um trabalho
pedagógico prévio de preparação das crianças levando-as a compreender o
que vão fazer sem lhes revelar todos os pormenores. Não se deve dar lugar à
surpresa total quando a criança entra no projecto, mas não também se deve
revelar mais do que o estritamente necessário para não tirar o impacto
motivador do imprevisto.

Após a participação no projecto será feita com cada turma participante,


nas respectivas escolas, uma avaliação da sua participação, levando os alunos
a relacionar o que tinham aprendido na aula com aquilo que lhes foi
proporcionado “viver” fora do espaço escolar. Vários trabalhos de aplicação
(desenhos, relatórios, notícias) poderão ser feitos nos dias seguintes.

Além desta preparação pedagógica há necessidade de toda pesquisa


científica que permite a obtenção de um rigoroso contexto histórico, para
permitir uma maior intimidade com o passado. Por isso, a fundamentação e
concretização do projecto devem ser precedidas de uma minuciosa pesquisa
documental.

Actividade 14

Ao lidar com a História ao vivo, o professor cria surpresa total como também
deve revelar o estritamente necessário sobre o local ou fenómeno. Concorda?
Justifique a tua resposta.

Feedback: Leia os parágrafos acima e comente a actividade.

A “História ao vivo” recria o tempo curto da história do quotidiano


procurando saber como se vivia o dia-a-dia de uma época, para levar a criança
a aprender e compreender esse quotidiano. É uma técnica especialmente
vocacionada para alunos da instrução primária e ensino primário do 1º ciclo.

Do ponto de vista cognitivo e afectivo, esta técnica permite o


desenvolvimento de várias capacidades, pois a criança aprende através de
uma experiencia directa e do contacto com o real o que é manifestamente
importante no estádio de desenvolvimento psicológico em que se encontra.

Esta técnica de ensino parte do contacto real com o objecto histórico.


Este não é encarado como um recurso, mas como a própria realidade. O aluno
não se limita a aprender mas ganha a consciência de uma situação o que
permite o desenvolvimento da sua capacidade de percepção, e faz com que o
aluno aprenda o significado das coisas.

Este tipo de ensino tem um carácter fortemente motivador e permite


realizar aquilo que é extremamente difícil em História – o ensino experimental –
pois trata-se de uma metodologia didáctica que provoca deliberadamente uma
experiencia, evolvendo no conhecimento uma forte componente afectiva
porque leva a criança a colocar-se no papel de pessoas de outra época e outra
cultura, permitindo também que ela compreenda que o mesmo objecto pode ter
significados diferentes em culturas diferentes. É um ensino que desenvolve a
imaginação criativa e o pensamento operacional formal através dos métodos
racionais de pesquisa perante uma experiencia histórica. Não devemos ainda
esquecer o aspecto formativo do respeito e compreensão do significado do
património histórico.

Sumário

A História ao vivo recria o tempo curto da história do quotidiano


procurando saber como se vivia o dia-a-dia de uma época, para levar a criança
a aprender e compreender esse quotidiano. Desenvolve capacidades ao levar
a criança a lidar com experiencia directa ao entrar em contacto com o real.

Sabia que uma boa aula depende de boa comunicação? Fique atento à
lição que segue!

Leituras complementares

JOÃO, Maria Isabel. Didáctica de História. Maputo: UEM, Departamento de


História e Geografia, 1983.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Textos complementares.


Lisboa, Universidade Aberta, 1989.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Lisboa, Universidade Aberta,


1989.
Auto avaliação

1. Em que consiste a História ao vivo?

2. A História ao vivo não é tão importante no desenvolvimento cognitivo e


afectivo. Concorda? Justifique a tua resposta.

3. Explica por que é que o ensino da História ao vivo desenvolve uma forte
componente afectiva nos alunos.
Lição 9: A COMUNICAÇÃO NA AULA DE HISTÓRIA

Introdução

No ensino de qualquer disciplina, o professor necessita de comunicar com os


seus alunos. Essa necessidade agudiza-se, porém, nas disciplinas que, como é
o caso da História, têm a linguagem como meio privilegiado de comunicação. A
linguagem desempenha um papel fundamental para se atingir o rigor no
raciocínio ou na formulação de juízos.

No estabelecimento de um juízo, os conceitos desempenham um papel


preponderante; nos encadeamentos de proposições, através das quais se
constitui um raciocínio, as palavras de ligação estabelecem os esquemas e
quadros de pensamento a que o espírito recorreu para proceder a uma espécie
de organização intelectual do real e de reorganização especulativa do mundo.

Nesta lição, vai aprender como comunicar com os seus alunos durante o
ensino da História.

Ao terminar a lição, você deve:

 Explicar a importância da comunicação no ensino de História.


 Identificar as regras a respeitar na utilização de vocábulos novos.
 Descrever o que o professor deve ou não fazer na formulação de
perguntas.

A COMUNICAÇÃO NA AULA DE HISTÓRIA

Na aula de História somos constantemente confrontados com a


necessidade de estabelecer juízos e elaborar raciocínios, mas, para que
consigamos que os nossos alunos nos acompanhem nestas operações, é
indispensável que - falantes e ouvintes – utilizem os mesmos códigos
linguísticos. A necessidade de uniformizar os códigos linguísticos levanta
problemas porque a capacidade linguística dos alunos é muito diversa (cada
aluno tem uma capacidade derivada da sua vivência quotidiana no contexto
socioeconómico e cultural em que está inserido) e; os vocábulos utilizados em
História reenviam, muitas vezes, para significados que não são forçosamente
os que a linguagem corrente faz pensar.
Perante esta realidade, o professor tem de exercer o papel de
descodificador para revelar e fazer compreender as especificidades da sua
linguagem. Por isso, sempre que tiver que utilizar novos vocábulos, o professor
deve respeitar seguintes regras:

Começar por elaborar uma relação das palavras mais difíceis.


Testar, oralmente ou por escrito, qual a compreensão que os alunos têm
dessas palavras.
Elaborar explicações empregando essas palavras de forma gradual,
para assim possibilitar o alargamento dos conceitos que os alunos já
possuem.
Explicar os termos abstractos por referências a termos concretos,
evitando sempre referências a outras abstracções.
Nunca iniciar a explicação de um vocábulo pelo próprio vocábulo. Este
só deve aparecer no fim da explicação.

Actuando deste modo, o professor pode contribuir para o


desenvolvimento da capacidade linguística dos seus alunos.

Para que a comunicação se estabeleça na aula, é indispensável que o


professor crie na aula um clima favorável ao estabelecimento do código
linguístico. Através do diálogo o aluno toma consciência do outro. É necessário
que o aluno se habitue a ouvir o outro e a emitir também a sua opinião. Pelas
suas características próprias (deficiências de expressão, timidez), o aluno pode
experimentar dificuldades de diálogo. Cabe ao professor desenvolver atitudes
favoráveis ao estabelecimento de um bom clima de diálogo na aula.

Na aula de História utiliza-se frequentemente a técnica da exposição


dialogada onde o professor intercala a exposição com perguntas para que,
através de um diálogo orientado, vá conduzindo o aluno à descoberta dos
conhecimentos que pretende levá-los a conhecer. Para utilizar correctamente
essa técnica, o professor necessita de desenvolver a sua competência de
formular perguntas. Para esse efeito, o professor deve:

Formular perguntas em função do que é principal e significativo;


Suscitar processos mentais diferenciados, variando gradualmente as
modalidades de pergunta;
Utilizar a pergunta como um recurso para integrar o aluno no trabalho;
Ajustar as perguntas ao nível de compreensão dos alunos;
Dar um tempo de reflexão após a formulação de pergunta;
Solicitar o máximo de alunos ( e em especial os menos participativos);
Designar os alunos pelos seus nomes próprios.

O professor não deve:

 Transformar a aula num monólogo do professor;


 Fazer perguntas exclusivamente dirigidas á memória, ou só relativas a
questões já tratadas;
 Solicitar apenas os alunos mais vivos e capazes;
 Formular perguntas vagas e ambíguas;
 Dirigir perguntas com demasiada frequência;
 Substituir-se ao aluno que começa a responder, ou reservar-lhe apenas
a tarefa de completar frases ou vocábulos;
 Expor ou explicar o que, através de estímulos adequados e direcção
conveniente, os alunos são capazes de descobrir por si próprios.

Actividade 15

Prepare uma aula onde a exposição do professor seja um diálogo com os


alunos.

Feedback: Comece pela definição do tema, seguido de objectivos. As


perguntas que levarão a esta exposição, devem ser construídas em função dos
objectivos e abarcar todos os aspectos importantes da lição.

Sumário

A linguagem é uma forma privilegiada de comunicação. Esta situação


alerta-nos para os cuidados que o professor deve ter como descodificador das
mensagens para os alunos, já que o vocabulário histórico inclui termos da
linguagem corrente utilizados com diferentes significados. A introdução de
novas palavras e a explicação histórica de palavras da linguagem corrente
necessitam de tratamento pedagógico especial para a compreensão de
conceitos pelos alunos.

A lição que segue aborda sobre os locais de interesse histórico e suas


potencialidades didácticas. Fique atento!

Leituras complementares

JOÃO, Maria Isabel. Didáctica de História. Maputo: UEM, Departamento de


História e Geografia, 1983.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Textos complementares.


Lisboa, Universidade Aberta, 1989.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Lisboa, Universidade Aberta,


1989.

Auto avaliação

1. Explica por que é que há necessidade de uniformizar os códigos linguísticos


durante o ensino levanta problemas.

2. Que passos o professor deve seguir ao introduzir vocábulos novos durante o


ensino de História?

3. Apresente evidências para estabelecimento de uma boa comunicação na


sala de aula.

4. Refira-se a quatro competências que o professor deve observar na


formulação de perguntas durante o ensino de história.

5. Refira-se a quatro aspectos que o professor não deve fazer durante a


formulação de perguntas durante o ensino de história.
Lição 10: OS LOCAIS DE INTERESSE HISTÓRICO E SUAS
POTENCIALIDADES DIDÁCTICAS

Introdução

Todas as comunidades tem locais históricos e personalidades históricas até


mesmo respectivos heróis. Esta lição aborda sobre locais de interesse histórico
e suas potencialidades didácticas, mas dá ênfase aos monumentos, museus e
arquivos. Estes podem ser locais ou nacionais.

Objectivos

Ao terminar esta lição, você deve:

 Definir locais de interesse histórico;


 Caracterizar os locais de interesse histórico e suas potencialidades
didácticas.
 Descrever locais de interesse histórico;
 Explicar as potencialidades dos locais de interesse histórico.

Os locais de interesse histórico e suas potencialidades didácticas

O que são locais de interesse histórico? Leia o texto!

De acordo com Faria et all (2008:13), locais históricos é a designação que uma
determinada área possui em razão do seu significado histórico nacional. Estes
locais podem conferir estatuto de área protegida, mas não necessariamente,
podem variar de tamanho de pequenos a complexos, incluindo provas físicas
do assunto ligado a história a ser comemorada. Trata-se de locais, onde
ocorreram acontecimentos dignos de lembrança de todo povo e são muitas
vezes protegidos. Trata-se de um local que guarda em si referência à
identidade, a acção e a memória dos diferentes grupos sociais. Trata-se de um
local importante para o desenvolvimento sustentado, a promoção do bem-estar
social, a participação e cidadania.

Estes locais segundo Rebelo (2014:17) conferem oportunidades para reforçar


ou exprimir as indicações que constam do currículo escolar dos alunos,
permitindo que estes aprendam para além do que o currículo recomenda.
Contribuem igualmente para que os alunos alterem o seu contexto de
aprendizagem e rotinas diárias, despertando nos mesmos, interesse,
motivação e curiosidade de descobrir mais sobre determinado tema em estudo.

Certamente que percebeu o que são locais de interesse histórico. Veja


agora o impacto destes na aprendizagem e como estes são explorados.

Os locais de interesse histórico tem um impacto positivo no desenvolvimento


de aprendizagens futuras, na medida em que possibilitam que os alunos
aprendam de forma divertida, propiciando aprendizagens facilmente
recordadas e promovem aprendizagem ao longo da vida ao demonstrar-lhes
que é possível aprender para além do contexto sala de aula entre amigos e
familiares. Os locais de interesse histórico são explorados essencialmente
através de visitas de estudo, que consideradas uma das estratégias mais
estimulantes, uma vez que a saída do espaço escolar assume um carácter
motivador para os alunos que se empenham na sua realização.

Os locais de interesse histórico são sem dúvida, uma oportunidade de


aprendizagem que proporcionam o desenvolvimento de técnicas de trabalho,
facilitam a sociabilidade e fornecem a aquisição de conhecimentos, promovem
a interligação entre a teoria e a prática, na sala e a realidade. A sua exploração
deve ser programada e contextualizada.

Quais são os locais de interesse histórico de carácter nacional no nosso


país?

Destacam-se como locais de interesse histórico os monumentos, Fortaleza de


Maputo, Ilha de Moçambique, Museus, Arquivos entre outros espaços
marcados por outros acontecimentos como residências, casas, etc.

Veja agora a descrição de alguns locais de interesse histórico.

Monumentos

Segundo o Boletim da República (1997:6) Moçambique possui testemunhas da


História Humana importantes não só para as comunidades locais como
também para o resto da humanidade. A Ilha de Moçambique, classificada como
património cultural mundial, as pinturas rupestres, os amuralhados, os locais
históricos, as zonas que apresentam uma grande biodiversidade, são exemplos
desta riqueza patrimonial e que contribuem para a identificação da
personalidade e espaço moçambicano. Ao estado e à sociedade moçambicana
impõe-se o dever de promover e apoiar iniciativas que visem a preservação e
valorização destes bens imóveis.

Neste sentido, o governo define princípios e prioridades de actuação nas áreas


de conservação, restauro, apresentação, educação e turismo, inerentes a estes
imóveis. O governo define as condições e requisitos para a declaração como
monumentos nacionais, dos bens cujo valor histórico, arqueológico,
arquitectónico, artístico ou natural, justifique tal classificação.

Fortaleza de Maputo

A Fortaleza de Maputo é um monumento nacional relacionado com a história


da presença portuguesa em Moçambique e com as relações e resistências
oferecidas pelos habitantes das terras das margens da baía. A Lei 10/1988, de
22 de Dezembro, assegura a protecção legal deste monumento que é parte
integrante do património cultural moçambicano.
A sua história remonta aos finais do século XVIII quando se iniciou a
construção da primeira fortificação portuguesa na baía, num contexto de
rivalidade comercial entre diversos países europeus. A fortificação militar, feita
com estacas, integrava a área da baía e era designada por Presídio. Na baía
ficava um navio ao seu serviço. Atacada, abandonada, destruída, foi
reconstruída e sofreu alterações muitas vezes. Contudo, ainda pode-se ver
algumas peças que restam do seu passado histórico-militar, caso das estátuas
de Mouzinho de Albuquerque e de António Enes. Do lado direito colocados nas
muralhas poderá ver dois painéis. Um representa a prisão de Ngungunhana e o
outro a carga militar contra o império de Gaza. Ao centro, entre vários canhões
poderá admirar uma réplica dos padrões utilizados por Vasco da Gama nas
suas descobertas e expedições.

Ilha de Moçambique
A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula,
na região norte de Moçambique, a qual deu o nome ao país do qual foi a
primeira capital. Devido à sua rica história, manifestada por um
interessantíssimo património arquitectónico, a Ilha foi considerada pela
UNESCO, em 1991 Património Mundial da Humanidade. O seu nome, que
muitos nativos dizem ser Muipiti, parece ser derivado de Mussa Ben-Bique, ou
Mussa Bin-Bique, ou ainda Mussa Al-Mbique (Moisés filho de Mbiki)
personagem sobre quem se sabe muito pouco.
Museus

Museu é uma colecção de peças e objectos de valor cultural reunidos,


conservados e colocados à disposição do público. (Paes, 1986:87). Os museus
desempenham um papel importante na preservação, investigação e
comunicação da memória colectiva e da cultura material e espiritual do povo
moçambicano e da cultura material e espiritual do povo moçambicano e de
outros povos ao longo da história.

Neste contexto, o conceito de museu corresponde a um espaço de


preservação, investigação e comunicação do património cultural e natural. Ele
engloba, para além das actividades de preservação, a interpretação científica
do valor informativo do património cultural e natural, e a sua comunicação,
através de exposições documentadas, ao interesse da comunidade, e de
actividades, tais como publicações, ciclos de palestras, sessões de
audiovisuais, oficinas e outros programas educativos. A política do governo
encoraja o melhoramento e a expansão da rede de museus nacionais,
regionais e especializados, estejam ou não sob tutela administrativa do estado.
Ainda, no quadro da política do governo constitui prioridade a
institucionalização dos museus já existentes e que ainda não tenham sido
institucionalizados; e o apoio às iniciativas de criação de novos museus pelos
diferentes sectores da actividade económica e social e a nível das províncias,
criando um sistema de informação e coordenação entre as entidades que
desenvolvem actividades no campo museológico e estabelecendo os padrões a
observar. (Boletim da República 1997:7).

Museu nacional da moeda

A casa amarela é provavelmente o edifício mais antigo de Maputo. O edifício foi


construído em 1860 e é considerada a primeira casa de alvenaria da então
cidade de Lourenço Marques, actual Cidade de Maputo. É de arquitectura indo-
portuguesa. Actualmente, a casa alberga o Museu Nacional da Moeda,
administrado pela Universidade Eduardo Mondlane. O Museu Nacional da
Moeda foi criado por ocasião das comemorações do 1º Aniversário da criação
do “Metical”, a moeda nacional moçambicana e foi inaugurado a 15 de Junho
de 1981. A sua criação insere-se no âmbito da preservação e valorização do
património histórico de Moçambique.
O Museu Nacional da Moeda possui um acervo de material que retrata a
história, não só do país, como da Região Austral de África, desde há vários
séculos. Reúne em seu acervo cerca de 4300 moedas, peças moneteiformes,
notas e medalhas, sendo 1000 referentes a Moçambique. Oferece a
comunidade em geral, os seguintes serviços: exposição permanente de
numismática; visitas guiadas (marcação prévia); actividades com escolas e;
pátio para eventos.

Arquivos

De acordo com Paes (1986:97) arquivo é o registo e a guarda de


documentação produzidos ou recebidos por pessoa física e instituições
públicas ou privadas, em decorrência do exercício de actividade específica de
forma que proporcione rápida e eficiente recuperação da informação pelo meio
mais adequado. Os arquivos têm por função a recolha, tratamento,
conservação e difusão de documentos, essencialmente primários, em
diferentes tipos de suporte. O governo apoia as actividades dos arquivos
existentes e encoraja a criaçã o de outros de âmbito nacional e local, gerais e
especializados. (Boletim da República (1997:7).

Veja agora as potencialidades didácticas dos locais de interesse histórico

De acordo com Proença (1989:196) a exploração do meio através de


realização de pequenas investigações, de início, que gradualmente poderão se
tornar complexas e de um maior grau de profundidade, não é só uma excelente
forma de contribuir para a formação do espírito de cidadania ao confrontar a
realidade, levando-os a consciencializar-se da sua responsabilidade perante a
sociedade e a cultura onde estão inseridos e, compreendendo desse modo, o
seu papel de agentes dinâmicos da sociedade, como ainda possibilita pôr em
prática uma série de métodos e técnicas didácticas, com relevo para o ensino
pela descoberta. Ao recorrer a estes recursos, permite que os alunos adquiram
métodos e técnicas de trabalho de pesquisa, facilita a estruturação das noções
temporárias e contribui para o desenvolvimento de atitudes de respeito pelo
património histórico-cultural. A utilização destes espaços tem ainda forte
carácter motivador porque provoca nos alunos um certo envolvimento afectivo.

Sumário

Os locais de interesse histórico guardam em si referências à identidade, à


acção e a memória dos diferentes grupos sociais. Eles promovem o bem-estar
social, a participação e cidadania. Eles constituem uma oportunidade de
aprendizagem e proporcionam o desenvolvimento de técnicas de trabalho,
facilitando à sociabilidade, a aquisição de conhecimentos e promovendo a
interligação entre a teoria e a prática onde a sua exploração deve ser
programada e contextualizada.

A lição que segue aborda sobre os documentos não escritos na sala de aula.
Fique atento porque fará parte do dia-a-dia do teu trabalho como professor!

Leituras complementares

Boletim da República. Política cultural de Moçambique e estratégia de sua

implementação. 1997

FARIA, et al. Património histórico: como e porque preservar. São Paulo: Canal
6, 2008

PAES, Marilena Leite. Arquivos: teoria e prática. Rio de Janeiro: Instituto de

documentação da FGV. 1986.

REBELO, Barbara Joana. Visitas de estudo: uma estratégia de aprendizagem.


Lisboa: Instituto de educação, 2014.

Auto avaliação

1. Quando é que podemos considerar um local como de interesse histórico?

2. Quais são os objectivos da criação dos locais de interesse histórico?

3. Quais as vantagens da existência dos locais de interesse histórico?

4. Quais são as perspectivas do professor ao levar os alunos aos museus?


5. Como é que podemos explorar os museus?

6. Os locais de interesse histórico são naturais ou criados?

7. Como explorar os locais históricos?

8. O que são monumentos?


Lição 11: DOCUMENTOS NÃO ESCRITOS NA SALA DE AULA
Introdução
Objectos de museus que compõem a cultura material são portadores de
informações sobre costumes, técnicas, condições económicas, ritos e crenças
de nossos antepassados. Essas informações ou mensagens são obtidas
mediante uma leitura dos objectos, transformando-os em documentos. Nesta
lição aborda-se sobre os museus e seus objectos.

Objectivos

Ao terminar esta lição, você deve:

 Identificar a função dos museus;


 Caracterizar os objectos existentes nos museus;
 Descrever o potencial educativo dos museus.

DOCUMENTOS NÃO ESCRITOS NA SALA DE AULA

As imagens produzidas pela capacidade artística do homem também


nos informam sobre o passado das sociedades. Qualquer imagem é importante
(fotografias, filmes), e não apenas aquelas produzidas por artistas. A música
erudita completa a apresentação dos documentos não escritos que podem ser
transformados em materiais didácticos preciosos na constituição do
conhecimento histórico escolar. Para todos esses documentos existem
métodos de análise comuns, mas é preciso estar atento as características de
suas linguagens, de suas formas específicas de produzir e veicular as
informações.

Museus e seus objectos

É comum encontrarmos crianças e jovens em museus, acompanhados


de professores, percorrendo as salas onde estão expostos variados objectos
em vitrinas com iluminação atractiva. Uma actividade educativa dessa natureza
é sempre bem-vinda, mas para quem dela participa sempre fica a indagação
sobre o que efectivamente se aprende nessas visitas, que demandam
preparação e envolvimento dos docentes e da comunidade escolar.
Para boa parte dos professores, o museu assume uma função
específica: o seu acervo ilustra, de maneira concreta, as aulas de história. Os
artefactos se restringem, deste ponto de vista, ao complemento ideal para o
documento histórico por excelência, isto é, o texto". As visitas "tradicionais",
monitoradas pelo professor ou então por intermédio de um roteiro escrito,
acarretavam não só uma visão parcial do acervo, como também incentivava as
crianças a uma cópia frenética das legendas e painéis sem uma compreensão
real do significado dos objectos. Essa forma de visitar os museus faz que os
objectos permaneçam inacessíveis, sendo necessário desencadear uma acção
educativa que estimule a sensibilidade a linguagem plástica. (Bittencourt,
2009:355).

Actividade 16

1. O que são documentos não escritos e como lidar com estes no


processo de ensino?

2. Qual a função do museu para os professores de História?

Feedback: Leia os parágrafos acima e tire suas ilações.

Os objectos em museus históricos

As visitas aos museus merecem atenção, para que possam constituir


uma situação pedagógica privilegiada com o trabalho de análise da cultura
material, em vista da compreensão da linguagem plástica. Mesas, vasos de
cerâmica, vidro ou metal, roupas, tapetes, cadeiras, automóveis ou
locomotivas, armas e moedas podem ser transformados de simples objectos da
vida quotidiana, que apenas despertam interesse pelo "viver de antigamente",
em documentos ou em material didáctico que servirão como fonte de análise,
de interpretação e de crítica por parte dos alunos.

A potencialidade de um trabalho com objectos transformados em


documentos reside na inversão de um olhar de curiosidade a respeito de peças
(que, na maioria das vezes, são expostas pelo seu valor estético e despertaram
o imaginário de crianças, jovens e adultos sobre um passado ultrapassado ou
mais atrasado) em um olhar de indagação, de informação que pode aumentar o
conhecimento sobre os homens e sobre sua história.

O potencial educativo dos museus tem proporcionado práticas


educativas diversas, visitas monitoradas, oficinas, construção de kits com
objectos museológicos emprestados as escolas, especialmente para alunos do
curso nocturno com poucas possibilidades de visitas a essas instituições. A
maioria dos museus tem uma participação activa na formação, tanto inicial
como continuada, dos docentes.

Especialistas da área destacam a importância de esclarecer os alunos


sobre o que é um museu e sobre seu papel na constituição da memória social,
sendo fundamental, nessa iniciativa, mostrar que tipos de objectos são ali
preservados e expostos, a fim de oferecer uma compreensão do que seja "uma
peca de museu. As explicações iniciam-se pela trajectória do objecto do lugar
onde foi encontrado ou adquirido ate como chegou ao museu, tornando-se
peça do museu. Esta actividade deve ser realizada no início ou no fim de cada
trabalho com os alunos.

As sugestões para as visitas as exposições são condicionadas,


invariavelmente, a um conhecimento por parte do professor dos conceitos
básicos sobre museu, lugar de memória, e de seus objectos, entendidos como
parte integrantes da cultura material, ou seja, como fruto do trabalho humano.

Almeida e Vasconcellos (1999) sugerem aos professores seguintes


aspectos ao pretender visitar um museu:
 Definir os objectivos da visita;
 Seleccionar o museu mais apropriado para o tema a ser trabalhado; ou
uma das exposições apresentadas, ou parte de uma exposição, ou
ainda um conjunto de museus;
 Visitar a instituição antecipadamente e alcançar uma familiaridade com o
espaço a ser trabalhado;
 Verificar as actividades educativas oferecidas pelos museus e se elas se
adequam aos objectivos propostos e, nesse caso, adapta-los aos
próprios interesses;
 Preparar os alunos para a visita através de exercícios de observação,
estudo de conteúdos e conceitos;
 Coordenar a visita de acordo com os objectivos propostos ou participar
de visita monitorada, coordenada por educadores do museu;
 Elaborar formas de dar continuidade a visita quando voltar a sala de
aula;
 Avaliar o processo educativo que envolveu a actividade a fim de
aperfeiçoar a planificação das novas visitas, em seus objectivos e
escolhas.

O processo para descobrir e interpretar objectos

A descoberta de objectos obedece a dois critérios: o estético e o


científico. Para o desenvolvimento de sensibilidades estéticas, é fundamental
uma aproximação do aluno com o objecto, deixando-o expressar livremente
suas impressões. Preferencialmente, deve ser-lhe possibilitado um contacto
físico com as peças, estimulando sempre suas impressões e favorecendo uma
compreensão global proveniente de seu conhecimento intuitivo.

No tocante ao conhecimento da cultura material do ponto de vista


científico importa o aluno ser introduzido na compreensão do objecto como
integrante de uma organização social, de uma parte da vida quotidiana, dos
rituais, da arte de determinado grupo social. Um objecto de museu deve, nessa
perspectiva, estar sempre relacionado a outros, para que o aluno tenha
condições de estabelecer comparações, notar diferenças e semelhanças entre
os objectos e suas formas, fazer analogias, sugerir hipóteses sobre seu uso ou
sobre técnicas de fabricação. O importante é proporcionar uma atitude
inquisitiva diante do objecto.

A bagagem cultural que o aluno traz fornece os elementos essenciais


para a descoberta do objecto. Esta se faz pela utilização de um método que
obedece a etapas distintas, mas não rígidas, por dependerem de variáveis
como tipo de museu, presença ou não de monitores, temática, tempo
disponível para a visita, entre outras. O princípio básico do método de
investigação de objectos reside na observação livre e na observação dirigida.
Com a observação pretende-se que o aluno aprenda a ver, seja capaz de parar
diante de um objecto, fixar e concentrar o olhar sobre ele.
Actividade 17

1. Como levar o aluno a descobrir objectos recorrendo ao critério


estético e científico?
2. O professor pode utilizar de forma rígida a bagagem cultural que o
aluno traz para o conhecimento dos objectos dos museus?

Feedback: Leia os parágrafos acima e argumenta a sua resposta.

Através da observação ocorre a identificação e a descrição do objecto. A


etapa inicial corresponde a uma análise interna: o que e o objecto? De que
material é feito (tipo de material)? Como foi feito? (técnica artesanal)? Possui
elementos decorativos? Para que serve? Por quem e como era utilizado
(levantamento de hipóteses)?

Da observação do objecto isolado passa-se a comparação dos objectos.


Nessa etapa realiza-se um processo de selecção de peças semelhantes ou
diferentes, de ordenação, tentando identificar o objecto em relação aos outros,
a fim de chegar ao que os especialistas denominam de tipologia. Pode-se,
então, tentar identificar o contexto no qual o objecto foi produzido, em que lugar
e quando foi produzido. Em geral, denomina-se essa etapa de classificação do
objecto, a qual visa também ao entendimento dele como elemento de
determinada cultura.

A etapa final do método de investigação corresponde a síntese. Esta


supõe que o aluno alcançou um conhecimento que lhe possibilite reconstruir as
etapas anteriores e explicar o objecto sob outra dimensão. Com a síntese, o
objecto está situado no tempo e no espaço, em sua relação com determinada
actividade económica e determinado desenvolvimento tecnológico, com os
costumes socioeconómicos, com a organização do trabalho ou organizações
sociais ligadas a família, com os rituais funerários e crenças religiosas. A
síntese corresponde ao processo que vai da situação concreta e particular ao
mais geral, ou seja, da peça ao contexto cultural ao qual ela pertence.

No entanto, além do diálogo, da aprendizagem pela oralidade, do


desenvolvimento da capacidade de observação, a investigação dos objectos
fornece oportunidades para actividades com a escrita. Os alunos anotam as
informações, preenchem fichas elaboradas com antecedência, fazem desenhos
que precisam conter informações sobre autoria, tempo e espaço.
Sumário

Os museus preservam objectos de memória de um povo (política, económica,


social e cultural. Por isso, ao pretender visitar estes locais, no professor deve
ter um conhecimento sobre os conceitos básicos sobre museu e seus objectos.
Há três aspectos de análise dos objectos do museu a se obedecido a destacar:
análise interna, a comparação dos objectos e a síntese

Na próxima lição vai aprender como lidar com a história do tempo presente ou
o presente como história.
Leituras complementares

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e


métodos. 3ª ed., S. Paulo: Cortez, 2009.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de história. Lisboa: Universidade Aberta,


1992.

Auto avaliação

1. Explica por que é que as visitas aos museus merecem atenção do professor.

2. Refira-se às potencialidades de um trabalho com objectos transformados em


documentos.

3. Que esclarecimento devem ser fornecidos aos alunos sobre os museus?

4. Que conhecimento deve possuir um professor que pretende visitar um


museu?

5. Como preparar a visita ao museu?

6. Descreve as etapas de análise dos objectos do museu?


Lição 12: HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE OU O PRESENTE COMO
HISTÓRIA

Introdução

Vários historiadores têm dedicado a história mais recente, denominada


de história contemporânea ou história do tempo presente. Na Franca foi criado
o instituto de História do Presente, que se dedica na pesquisa de temas actuais
e tem aprofundado os debates teóricos e metodológicos sobre um passado
muito próximo que inclui a apreensão do presente como história, também
conhecido como história imediata.

Nesta lição é discutida a importância do estudo da história do presente e


como esta pode ser tratada na sala de aula pelos professores. Fique atento!

Objectivos

Ao terminar esta lição, você deve:

 Explicar a importância do estudo da história do tempo presente;


 Justificar a necessidade de domínio conceitual no estudo da história
tempo presente.
 Identificar os meios para o estudo da história contemporânea.

HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE OU O PRESENTE COMO HISTÓRIA

São intensos os debates acerca dos pressupostos de uma apreensão


objectiva dos acontecimentos vividos no calor do momento, de um presente
que envolve emocionalmente quem o analisa e que constitui, por essa razão,
uma história descartada por muitos historiadores. Para os defensores dessa
abordagem, um ponto fundamental é a sua importância política, ou seja, a
necessidade de refazer uma história política diferente da realizada por
correntes historiográficas anteriores, que situavam a análise política apenas
nas acções institucionais centradas nos estado-nação. A história política
parece ter sido abolida pela história nova francesa, conforme assinalamos, e os
defensores de uma história imediata pretendem retomar essa finalidade da
pesquisa historiográfica com a qual devem estar comprometidos os
profissionais de história, tanto os pesquisadores como os professores das
academias e demais níveis de ensino. (Bittencourt, 2009:151).

Para alguns pesquisadores da área de ensino de História, torna-se


fundamental o domínio conceitual da história do tempo presente, a fim de que o
ensino da disciplina possa cumprir uma de suas finalidades: libertar o aluno do
tempo presente - algo paradoxal a primeira vista. Essa aparente contradição
ocorre porque o domínio de uma história do presente fornece conteúdos e
métodos de análise do que está acontecendo" e as ferramentas intelectuais
que possibilitam aos alunos a compreensão dos fatos quotidianos desprovidos
de mitos ou fatalismos desmobilizadores, além de situar os acontecimentos em
um tempo histórico mais amplo, em uma duração que contribui para a
compreensão de uma situação imediata repleta de emoções. O estudo do
contemporâneo, no dizer do historiador Michel Trebisch, sempre foi favorecido
pelos planos, escolares, embora tenha sido apresentado como uma história
apenas factual e, na maioria das vezes, para cumprir desígnios ideológicos de
determinados grupos do poder governamental.

É frequente nas introduções das obras escolares e nos planos dos


professores, quando se inicia o estudo por intermédio de especialistas, ocupar-
se em fazer o aluno aprender "o que é Historia". São propostas definições,
como "Historia é a ciência que estuda o passado dos homens para entender o
presente e criar projectos para o futuro". Essas definições são repetidas por
muitos alunos quando indagados, tanto nas provas quanto em entrevistas
concedidas a pesquisadores. São frases repetitivas que aparentemente tem
pouco significado para eles e tornam-se incoerentes diante dos conteúdos
apresentados. Os cursos, em geral organizados pela ordenação cronológica,
centrados na ideologia do "mito de origem", não chegam ao presente.

A relação presente-passado restringe-se alguns comentários pontuais e


a definição inicial esvazia-se, situação que conduz a perguntas inquietantes e
reiteradas de alunos sobre o porque do ensino de história. A história imediata é
também comentada nas aulas de Historia quando acontecimentos mais
trágicos são divulgados pela midia, como uma espécie de exigência por parte
dos alunos e pelo próprio compromisso do professor com a formação política
deles.
Actividade 18

1. O por quê da necessidade de abordagem da História do presente.


2. Leia os programas de História e Ciências Sociais e identifique
conteúdos sobre História imediata.

Feedback: Leia atentamente o primeiro e segundo períodos do


parágrafo acima.

A história do tempo presente possui exigências metodológicas e


conceituais, para que não se transforme em repetições de ensaios jornalísticos
pouco profundos nas análises. Um ponto crucial é situar essa história dentro do
conceito de contemporâneo e situar esta periodização. Com base no conceito
de longa duração, pode-se perceber que a história do presente tem outras
escalas de tempo e espaço. No que se refere ao tempo, a concepção de
contemporâneo esta associada a uma temporalidade de mudanças aceleradas,
e, no que se refere ao espaço, trata-se de pensar em uma história mundial.
(Bittencourt, 2009:153).

As mudanças aceleradas marcam as concepções de contemporâneo, e,


para apreender o significado de tais ritmos de transformações, é importante
entender a categoria de modernidade. A modernidade significa o rompimento
com outro tempo - o tempo antigo e - traz no seu âmago mudanças provocadas
por revoluções (a Revolução Industrial, por exemplo). Por intermédio da
modernidade poderem-se pensar as relações presente - passado sob outra
óptica, inicialmente identificando o passado no presente e ainda entendendo e
abordando o presente como passado.

Tendo como pressuposto que esse tempo histórico favorece a


redefinição de uma história política, como foi anteriormente assinalado, o
estudo do contemporâneo exige a utilização de novos documentos, entre
outros, os produzidos pela midia. Favorece, pela abordagem do fenómeno
político, estudos das paixões políticas e seu contrário, a apatia política; a
análise do capitalismo administrado e seu corolário, a 'industria cultural. Para
efectivar tais estudos, é preciso recorrer a fontes audiovisuais (cinema,
fotografia), sonoras, orais e material produzido pela imprensa daria.
(Napolitano, 2003, citado por Bittencourt, 2009:154).

A história entendida ao mesmo tempo como ciência do passado e


ciência do presente gera cuidados para o pesquisador e para o professor. Este,
ao propor temas para os alunos estudarem, os quais são seleccionados com
base nos problemas do presente, precisa estar atento para não incorrer em
equívocos tidos como "pecados capitais". A história ensinada por temas cuja
problematização se baseie na história do tempo presente pode cometer o
pecado de ser anacrónica, ao apresentar uma trajectória que se inicia no
presente e depois retorna o tema em outras sociedades do passado de forma
superficial, cobrando dos agentes de outrora valores que são contemporâneos
nossos.

O outro "pecado capital" é desconsiderar, tanto no presente como no


passado, o contexto que fundamenta as diferenças e semelhanças, contando
com informações insuficientes para que se entendam as permanências e as
mudanças das sociedades estudadas e correndo o risco de reforçar a ideia do
presente como um momento histórico "evoluído" e a de outros tempos como
"atrasados. (Bittencourt, 2009:154).
Sumário

Para ensinar a história do presente é necessário antes de tudo definir o


conceito de contemporâneo e situar esta periodização. Esta História aborda
conteúdos como as paixões políticas, a apatia política; a análise do capitalismo
administrado e seu corolário, a 'industria cultural, recorrendo a fontes
audiovisuais, sonoras, orais e material produzido pela imprensa diária.

A falta de cuidado no tratamento desta pode levar a dois pecados: ser uma
história anacrónica e não contextualizada com as diferenças e semelhanças.
Leituras complementares

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e


métodos. 3ª ed., S. Paulo: Cortez, 2009.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de história. Lisboa: Universidade Aberta,


1992
Auto avaliação

1. Explica o por quê da necessidade de domínio conceitual da história do


tempo presente.

2. Identifique as exigências metodológicas e conceituais da história do


presente.

3. O que significa modernidade?

4. Dê exemplos de estudos a ser abordados pela história contemporânea.

5. Identifique os meios para o estudo da história contemporânea.

6. Descreve os pecados que história ensinada por temas cuja problematização


se baseie na história presente pode cometer.
UNIDADE III: O professor de História como pesquisador

Introdução

A palavra “pesquisa” tem origem no latim com o verbo “perquirir”, que


significava procurar; buscar com cuidado; procurar em toda parte; informar-se;
inquirir; perguntar; indagar bem; aprofundar na busca. A pesquisa faz parte do
nosso dia-a-dia, pois fazemos pesquisa a todo instante quando comparamos
preços, marcas, ou antes de tomar qualquer decisão. Ela está presente no
desenvolvimento da ciência, no avanço tecnológico, no progresso intelectual de
um indivíduo. “A pesquisa é, simplesmente, o fundamento de toda e qualquer
ciência”. Sem pesquisa, grandes invenções e descobertas não teriam
acontecido.

Ao terminar a unidade, você deve:

 Explicar os métodos de pesquisa histórica.


 Descrever o contributo da história oral no resgate da história pátria.
 Caracterizar o ensino pela pesquisa.

Lição 13: A PESQUISA HISTÓRICA: MÉTODOS

Introdução

Esta lição faz u a recapitulação do conteúdo de introdução à história


sobre a pesquisa em história. Retoma-se a dissertação sobre a sua
importância, uso e formas de sua utilização no ensino de História.

As ciências sociais enfrentaram grandes dificuldades para poderem se


afirmar como ciências científicas, pois achava-se que os métodos aplicados
nas ciências naturais não teriam enquadramento nas sociais ou humanas, o
que fez com que vários filósofos desenvolvessem estudos para provarem o
contrário. O Método de Pesquisa Histórica foi fruto das contribuições da
evolução das ciências Sociais.
Objectivos

Ao terminar esta lição, você deve:

 Explicar a importância da aplicação métodos nas ciências sociais


 Identificar os métodos de pesquisa em História;
 Descrever os métodos de pesquisa em Historia.

A PESQUISA HISTÓRICA: MÉTODOS

De acordo com LAKATOS e MARCONI (2003:83), método é o conjunto


das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e
economia, permite alcançar o objectivo, traçando o caminho a ser seguido,
detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Ainda LAKATOS e
MARKON citando BUNGE (2003:84), referem que o método científico é a teoria
da investigação. Esta investigação alcança seus objectivos quando cumpre ou
se propõe a cumprir as seguintes etapas:
 Descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de conhecimentos;
 Colocação precisa do problema, ou ainda a recolocação de um velho
problema, à luz de novos conhecimentos (empíricos ou teóricos,
substantivos ou metodológicos);
 Procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema (por
exemplo, dados empíricos, teorias, aparelhos de medição, técnicas de
cálculo ou de medição). Ou seja, exame do conhecido para tentar
resolver o problema;
 Tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identificados;
 Invenção de novas ideias (hipóteses, teorias ou técnicas) ou produção
de novos dados empíricos que prometam resolver o problema;
 Obtenção de uma solução (exacta ou aproximada);
 Investigação das consequências da solução obtida;
 Prova (comprovação) da solução: confronto da solução com a totalidade
das teorias e da informação empírica pertinente. Se o resultado é
satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até novo aviso. Do
contrário, passa-se para a etapa seguinte e;
 Correcção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados
na obtenção da solução incorrecta. Esse é, naturalmente, o começo de
um novo ciclo de investigação.

O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e


instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje,
pois as instituições alcançaram sua forma actual através de alterações de suas
partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural
particular de cada época. Seu estudo, para urna melhor compreensão do papel
que actualmente desempenham na sociedade, deve remontar aos períodos de
sua formação e de suas modificações.

Actividade 19

Já leu um livro com a finalidade de pesquisar algo? O que fez antes de ler?

Feedback: Meu caro, certamente que sabe que antes devemos identificar o
material, percorrer o índice para identificarmos há conteúdos daquilo que
procuramos entre outros aspectos.

Veja e recorda sobre os procedimentos a seguir numa pesquisa.

De acordo com REGO (1996:108) Método histórico compreende duas


operações a saber a análise e síntese. A análise compreende por sua vez
quatro operações que são a hermenêutica, heurística e a crítica e suas
divisões.

Hermenêutica é a operação que procede a interpretação de documentos


em termos de saber se em que mediada é que a informação transmitida por
estes respondem as questões inicialmente postas, isto é, o historiador
interpreta e responde as preocupações colocadas e depois vai a síntese.

Heurística é operação pela qual se procede a escolha das fontes de


informação necessárias a análise histórica.
Crítica interna ou de credibilidade é a operação que avalia o grau de
confiança que apresenta os documentos. A sua materialização é possível
através de crítica de interpretação literária do texto, crítica de competência,
critica de veracidade ou exactidão, e critica de intencionalidade ou de
sinceridade.

A Crítica de interpretação literária investiga o exacto sentido do


pensamento do autor, ou aquilo que pretendia dizer. Isto impõe que o
historiador conheça a língua como também a linguagem falada pelo autor.

A Critica da competência averigua o grau de conhecimento que o autor


tem do conhecimento relatado, isto é, se, se trata de um testemunho directo
que viveu directamente o acontecimento ou compilador que construi sua versão
do conhecimento através de outros testemunhos.

Crítica da intencionalidade ou sinceridade averigua a isenção do autor,


isto é, procura saber até que ponto o autor se teria deixado influenciar pelo
interesse próprio, de outrem ou pela simpatia ou antipatia.

Crítica de restituição consiste na restituição do documento a sua forma


original depois de eliminar as irregularidades.

Critica de exactidão averigua o grau de exactidão ou rigor do


testemunho, isto é, ate que medida é que o relato corresponde ao que se
passou.

Crítica comparativa procura o grau de credibilidade de um testemunho


mediante a comparação da informação por ele fornecida com as informações
fornecidas por outros testemunhos.

O início de qualquer pesquisa histórica é precedido pela revisão de literatura


que consiste na busca de textos existem e que abordam o mesmo assunto.
Esta actividade evita repetição do conteúdo a pesquisar bem como, informa o
pesquisador sobre o estágio de abordagem do assunto a pesquisar.

Sumário

Os métodos são imprescindíveis na construção da verdade científica, pois são


o caminho que aos objectivos.

O Método de pesquisa histórica, para além de ser uma das metodologias do


para aferir a verdade histórica, pode tratar-se de um dos melhores métodos
para o ensino de História, neste caso, com este método, pode se moldar os
alunos a saber compor a sua própria história, a história do seu local de
vivência, a saber relacionar a escola local com a história nacional e finalmente
com a Universal.

A lição que segue aborda sobre o contributo da História oral no resgate


da história pátria

Leituras complementares

LAKATOS, M. Eva e MARCONI, A. Marina. Fundamentos de Metodologia Científica. São


Paulo: Atlas.

GIL, António Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5ª ed. São Paulo:
Atlas, 1999.

REGO, A. Da Silva. Lições de Metodologia e crítica Históricas. Coimbra: atlas,


1959.

Auto avaliação

1. O que entendes por método?

2. Mencione as etapas que um pesquisador deve cumprir para alcançar


objectivos de sua investigação.

3. Em que consiste o método histórico?

4. Refira-se à função da revisão da literatura na pesquisa.


Lição 14: HISTÓRIA ORAL E O RESGATE DA HISTÓRIA PÁTRIA

Introdução

Há várias formas de preservar a história nas comunidades. Sociedades há que


privilegiam a escrita e outras a oralidade Fonte oral, mas ambas preservam no
seu interior a história daquela comunidade ou povo. A história oral deve ser
vista como fundamento para o resgate da história pátria, pois todas as
declarações feitas sobre uma mesma sequência de acontecimentos passados
são válidas na reconstrução da memória social da nação.

Objectivos

Ao terminar a lição, você deve:

 Explicar a História oral e o resgate da História pátria;


 Definir a história oral;
 Mencionar os elementos para construção duma história oral;
 Descrever a importância da história oral;
 Identificar os instrumentos para o resgate da História pátria.

HISTÓRIA ORAL E O RESGATE DA HISTÓRIA PÁTRIA

Meihl (1996:10) considera a historia oral como percepção do passado,


como algo que tem continuidade hoje e cujo processo histórico não está
acabado. A história oral garante sentido social à vida de declarantes e leitores
que passam a entender a sequência histórica e sentirem-se parte do contexto
em que vivem. Thompson (1992:22) define a história oral como prática social
possivelmente geradora de mudanças que transformam tanto o conteúdo
quanto a finalidade da história, pois, para ele, a história oral altera o enfoque da
própria história e revela novos campos de investigação, podendo derrubar
barreiras entre alunos, professores, gerações, instituições educacionais e até
ao mundo exterior.

O relato é singularização da história pelo facto de manter uma relação


específica com a verdade, pois as construções narrativas pretendem ser a
reconstituição de um passado que existiu. Os dados podem ser obtidos por
meio de fontes vivas de informação: história de vida, autobiografias, biografias,
depoimentos pessoais e entrevista, material que precisa passar por um
minucioso processo de análise.

Actividade 20

O que é história oral? Como construir a história oral?

Feedback: Leia atentamente o parágrafo acima e retira o conceito de história


oral e a forma de sua construção.

Como construir a história oral? Veja a seguir!

Existem três categorias para a construção de uma história oral: o


entrevistador, o entrevistado e a aparelhagem de gravação. A partir destes
elementos propõe-se três acções: a gravação, a confecção do documento
escrito e, a sua análise. (Meihl, 1996:15-16).

A entrevista é um recurso importante para fazer aparecer uma história


oral e, conforme Thompson (1992:25), os historiadores orais podem escolher
exactamente a quem entrevistar e a respeito do que perguntar. A entrevista
propiciará também um meio de descobrir documentos escritos e fotografias
que, de outro modo não teriam sido localizados. Ainda Thompson (1992:32-33)
por meio de entrevista, ocorre um rompimento entre a instituição educacional e
o mundo, e entre o profissional e o público comum. Neste processo, o
historiador aprende, na entrevista, a ouvir, a se relacionar com pessoas de
classes sociais diferentes e a se envolver em histórias que retratam momentos
sociais de quem conta. E, para isso, esclarece que o historiador oral precisa
ser um bom ouvinte, um informante e um auxiliar activo. No entendimento de
Meihy (1996:28-30), os papéis de entrevistador e entrevistado ocupam lugares
sociais diferentes e a afinidade entre um e o outro se caracteriza como factor
essencial no processo de entrevista. O entrevistado deve ser tratado como um
colaborador, e o entrevistador não deve vê-lo como um objecto de pesquisa,
pois dele dependerá todas etapas de entrevista, bem como autorização para a
publicação dos depoimentos e a autoria. Já o entrevistador deve ser sempre o
realizador da entrevista e o director do projecto.
Actividade 21

Será que a entrevista é importante para o entrevistador? como deve ser tratado
o entrevistado?

Feedback: aprende a ouvir, a se relacionar com pessoas de classes sociais


diferentes e a se envolver em histórias que retratam momentos sociais de
quem conta. Por isso, o entrevistado deve ser tratado como colobarador.

Princípios básicos para elaboração de perguntas

Thompson (1992:260-263) propõe que, as perguntas devem ser sempre


tão simples e directas quanto possível, em linguagem comum. Nunca faça
perguntas complexas ou de duplo sentido; evite induzir a uma resposta, e
sempre que possível evite interromper uma narrativa. Outro factor determinante
é o local em que ela é realizada, podendo alterar o próprio discurso do
entrevistado o próprio conceito sobre o que diz.

Será que a história oral tem importância? Leia e conclua!

De acordo com Thompson (1992:17), a história oral pode dar grande


contribuição para o resgate da memória nacional, mostrando-se um método
bastante promissor para a realização de pesquisa em diferentes áreas. É
preciso preservar a memória física e espacial como também descobrir e
valorizar a memória do homem. A memória de um pode ser a memória de
muitos, possibilitando a evidência dos factos colectivos. Para Filipe & Alves
(2016:3) a história tradicional normalmente vem privilegiando o relato dos
grandes sujeitos e acontecimentos, ou seja, é a história dos heróis; já a história
oral busca dar voz aos pequenos do quotidiano, que fazem parte de nossas
vidas, dá ouvido aos silenciados, mostrando o quanto também são sujeitos da
história. Uma das características dessa metodologia está no facto de que ela
pode apresentar uma riqueza de detalhes que, muitas vezes não são
encontrados nos documentos. como refere Portelli (1998):

As fontes orais revelam as intenções dos feitos, suas crenças, mentalidades,


imaginário e pensamentos referentes as experiencia vividas. Ela se opõe como
primordial para a compreensão e estudo do tempo presente. Pois do através
dela podemos conhecer os sonhos, anseios e lembranças do passado de
pessoas anónimas, simples, sem nenhum status político ou económico mais
que viveram acontecimentos da sua época. (p.57).
Reforçando esse pensamento, Aberti (2004:22) afirma que “a
experiencia histórica do entrevistado torna o passado mais concreto”. Dai a
importância do rigor de quem colhe e divulga a entrevista. Outro aspecto
importante a destacar é que a fonte oral pode ser confrontada com outros tipos
de documentos e analisada não apenas como uma complementação dos
documentos escritos nos estudos históricos, uma vez que ambos os
documentos produzem informações sobre as transformações das sociedades

A respeito disso, Hampate Ba citado por Ki-zerbo (2010) afirma que:

“ … Nenhuma tentativa de penetrar a história e o espírito dos povos africanos


terá validade a menos que se apoie nessa herança de conhecimentos de toda
espécie, pacientemente transmitidos de boca a ouvido, de mestre a discípulo,
ao longo dos séculos. Essa herança ainda não se perdeu e reside na memória
da última geração de grandes depositários, de quem se pode dizer são a
memória viva da África.” (67).

Actividade 22
Que importância tem a história oral?

Feedback: resgate da memória nacional, evidência dos factos colectivos, dá


voz aos pequenos do quotidiano, pode ser confrontada com outros tipos de
documentos e analisada não apenas como uma complementação dos
documentos escritos nos estudos históricos.

Memória como instrumento do resgate da história pátria

Delgado (2006:135) define memória como uma construção sobre o


passado, actualizada e renovada no tempo presente”. Para Halbwachs (1990,
p.75-76) a memória é percebida como reconstrução do passado com ajuda de
factos presentes cuja narrativa dos outros confirmam essa construção. Le Goff
citado por ALVES e FELIPE (1996:3) afirma que a memória é o objecto
principal no trabalho com as fontes orais, pois o estudo vem por intermédio da
memória das testemunhas.

Segundo Halbwachs (1990:53), a memória pode dividir-se em duas


possibilidades: a memória individual e a memória colectiva. Ambas se
relacionam e se interferem entre si.
Memória individual é aquela que toda pessoa possui, que faz referencia
ao que ela viveu ao longo da sua vida, ou seja, faz referência a lembranças
individuais.

Memória colectiva é aquela que envolve as memórias individuais, mas


não se confunde com elas. Ela evolui segundo suas leis, e se algumas
lembranças individuais penetram algumas vezes nelas, mudam de figura assim
que sejam recolocadas num conjunto que não é mais uma consciência pessoal.

Actividade 23

Distingue a memória individual e a memória colectiva.

Feedback: veja o parágrafo acima.

Como resgatar a história pátria? Leia e conclua!

Para o entrevistador conseguir obter as informações almejadas no


momento da entrevista, precisa activar a memória do entrevistado. Segundo
Thompson (1992:152), a memória depende de elementos significativos, como
um nome, um rosto, para que factos já adormecidos possam ser lembrados. O
processo de memória depende, pois, não só da capacidade de compreensão
do indivíduo, mas também de seu interesse, podendo estar muitas vezes
relacionado não em seu apego aos factos, mas em sua divergência com eles.

De acordo com Nora (1993:67) a memória é um fenómeno sempre


actual, um elo vivido no interno presente; a história uma representação do
passado. Por que é efectiva e mágica, a memória não se acomoda a detalhes
que a confortam: ela se alimenta de lembranças vagas, telescópicas globais ou
flutuantes, particulares ou simbólicas, sensível a todas as transferências,
censuras ou projecções.

A memória só actua resgatando, registando aquilo que tem importância


para um agora. Por isso, as perguntas em uma entrevista devem ser
elaboradas de acordo com a prestação de ouvir o entrevistador.
Sumário

A História Oral pode dar grande contributo para o resgate da memória nacional,
sendo necessária a preservação da memória física e espacial assim como a
valorização da memória do homem, isto porque, a memória de um pode ser a
memória de todos. A memória como instrumento de resgate da história
nacional, através da história de vida de homens e mulheres, suas experiências,
suas práticas quotidianas pode-se desenvolver entendimento identitário à
formação da cidadania, bem como o fortalecimento duma organização
comunitária.

Leituras complementares

ALBERTI, V. História Oral: a experiencia do CPDOC. Rio de Janeiro: Vargas,


2004.

CHARTIER, R. A História Cultural: entre práticas e representações. 2ª ed.


Memoria e Sociedade. Tradução de: Maria Manuela Galhardo. Rio de Janeiro:
DIFEL, 2002

DELGADO, L. de A. N. Historia Oral: memoria, tempo, identidade. Belo


Horizonte: Autentica, 2006.

FELIPE, M.L de F.M & ALVES, J.W.F. História Oral, Práticas Educacionais e
Interdisciplinaridade. Universidade Federal do Rio Grande: 2016.

HAMPATÉ BÂ, A. A tradição viva. In KI-ZERBO. História da África, I:


Metodologia e pré-história da África. 2.ed. Brasília: UNESCO, 2010.

LE GOFF, J. História e memória. Campinas: Unicamp, 1996.

MEIHY, J.C.S.B. Manual de História Oral. São Paulo: Loyola, 1996.

NORA, P. Entre memória e a história: a problemática dos lugares. São Paulo:


PUC, 1993.

NUNES, C. O passado sempre presente. Series da nossa época, vol. 4. São


Paulo: Cortez, 1992

THOMPSON, P. A voz do passado: História Oral. Rio de Janeiro: Paz e terra,


1992.
VACINA, J. tradição Oral e sua Metodologia. in KI-ZERBO. História da África, I:
Metodologia e pré-historia da África. 2.ed. Brasília: UNESCO, 2010.

Auto avaliação

1. O que entendes por história oral?

2. Como obter os dados na história oral?

3. Mencione as categorias para a construção de uma história oral e diga que


acções a desenvolver.

4. Refira-se aos princípios básicos para elaboração de perguntas.

5. Que importância tem a história oral?

6. O que entendes por memória?


Lição 10: O ENSINO PELA PESQUISA

Introdução

O presente trabalho intitulado ensino pela pesquisa enquadra se na cadeira de


didáctica de história VI e o mesmo tem como objectivos.

Objectivos

Ao terminar a lição, você deve:


 Explicar o papel da pesquisa no processo de ensino e aprendizagem;
 Contextualizar o ensino pela pesquisa;
 Descrever os tipos de pesquisa;
 Analisar a relação entre ensino e a pesquisa.

O ENSINO PELA PESQUISA

A palavra “pesquisa” tem origem no latim com o verbo “perquirir”, que


significava procurar; buscar com cuidado; procurar em toda parte; informar-se;
inquirir; perguntar; indagar bem; aprofundar na busca (BAGNO, 2007).
Conforme o autor, a pesquisa faz parte do nosso dia-a-dia. Fazemos pesquisa
a todo instante quando comparamos preços, marcas, ou antes de tomar
qualquer decisão. Ela está presente também no desenvolvimento da ciência,
no avanço tecnológico, no progresso intelectual de um indivíduo. “A pesquisa é,
simplesmente, o fundamento de toda e qualquer ciência” (2007:18). Sem
pesquisa, grandes invenções e descobertas não teriam acontecido.

Para Richardson (1999), pesquisa é um processo de construção do


conhecimento que tem por objectivo gerar novos conhecimentos ou refutá-los,
constituindo-se num processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a
realiza, quanto da sociedade, na qual esta se desenvolve.

Pesquisa é toda actividade voltada para a solução de problemas; como


actividade de busca, indagação, investigação, inquirição da realidade, é a
actividade que vai nos permitir, no âmbito da ciência, elaborar um
conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que nos auxilie na
compreensão desta realidade e nos orientes em nossas acções (1996:29).
O ensino, é uma acção do professor com relação á direcção de
aprendizagem, onde o planeamento, execução e verificação da aprendizagem
tem por fim orientar os actos que levem o educando a reagir a estímulos
capazes de lhe modificar o comportamento.

Tipos de pesquisa

Os tipos de pesquisa mais utilizados são: pesquisa bibliográfica,


pesquisa de campo (pesquisa-acção, pesquisa participante, pesquisa
etnográfica) e pesquisa de laboratório.

A pesquisa bibliográfica consiste na leitura e fechamento do material


bibliográfico 1seleccionado, que servirá de subsídio para a redacção da
fundamentação teórica do estudo. Também conhecida como referencial teórico,
revisão da literatura, revisão bibliográfica. Quando o pesquisador decide que
sua pesquisa será do tipo bibliográfico, esta deve ter uma abrangência
significativa. Todo e qualquer tipo de pesquisa, em qualquer área do
conhecimento, supõe e exige a pesquisa bibliográfica.
A pesquisa de campo é o tipo de estudo que é feito na própria realidade,
ambiente ou situação onde os fatos ocorrem naturalmente. Existem algumas
modalidades de pesquisa de campo:
A pesquisa-acção propõe-se a uma acção deliberada visando uma
mudança no mundo real, seja de atitudes, de práticas, de situações, de
condições, de produtos, de discursos, comprometida com um campo restrito; É
um processo de controle sistemático da própria acção do pesquisador, estudo
que envolve alguma forma de intervenção, exprimindo um sistema de valores,
uma filosofia de vida, individual ou colectiva.
A pesquisa participante propõe um intenso envolvimento do grupo
pesquisado nas diversas fases da pesquisa, inclusive na definição do objecto
de estudo, uma restituição sistemática dos conhecimentos da pesquisa aos
pesquisadores e a um processo colectivo da avaliação dos resultados para
transformá-los em acções concretas;
A pesquisa etnográfica o que a caracteriza fundamentalmente, é um
contacto directo e prolongado do pesquisador com a situação e as pessoas ou
grupo seleccionados. Um requisito básico é a obtenção de grande quantidade
de dados descritivos, utilizando principalmente a observação. O pesquisador
vai acumulando descrições de locais, pessoas, interacções, fatos, formas de
linguagem e outras expressões que lhe permitem ir estruturando o quadro
configurativo da realidade estudada, em função do qual ele faz suas análises e
interpretações.
A pesquisa de laboratório ocorre em situações controladas, valendo-se
de instrumental específico e preciso, local ou ambiente adequado, previamente
estabelecido, de acordo com o estudo a ser realizado.
A educação, no contexto do ensino pela pesquisa, deve ser entendida
como processo de formação da competência humana com qualidade formal e
política, encontrando-se, no conhecimento inovador, a alavanca principal da
intervenção da ética. (DEMO, 1996).

Paulo Freire afirma (2001:32). Que “não há ensino sem pesquisa e


pesquisa sem ensino”, o educador deve respeitar os saberes dos educandos
adquiridos em sua história, estimulando-os a sua superação através do
exercício da curiosidade que os instiga à imaginação, observação,
questionamentos, elaboração de hipóteses e chega a uma explicação
epistemológica. “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para sua própria produção à sua construção”. O professor deve
estimular o ato de pesquisar para que o aluno passe a ser sujeito e não apenas
objecto da nossa história.

A pesquisa em sala de aula pode se tornar uma grande aliada ao


processo de ensino e aprendizagem. Esta deve ser uma postura do professor,
pois, “não existe pesquisa sem ensino e nem ensino sem pesquisa”. Desde o
início da escolarização, deve-se focalizar na importância da pesquisa para a
construção do conhecimento do aluno com uma formação crítica, criativa e
inovadora. (Freire: 2001).

Demo (1996:10), define o questionamento como “a formação do sujeito


competente, no sentido de ser capaz de, tomando consciência crítica, formular
e executar projecto próprio de vida no contexto histórico. O questionamento
reconstrutivo pressupõe a construção de uma prática que possibilite aos
sujeitos da acção educativa – ensinantes e aprendentes – a compreensão
crítica e a participação activa na e da realidade social na qual estão inseridos.
Segundo Sequeira (2005:21) educar pela pesquisa, cabe ao professor o
papel de mediador. O educando é o agente principal da aprendizagem. Não
existe educação, aprendizagem ou instituto de ensino sem ele. O educador é
importante como intermediário entre os conteúdos e os educandos, exercendo
uma acção exterior, auxiliando, coordenando, planificando, despertando,
induzindo e mostrando os caminhos e os instrumentos essenciais para sua
formação cultural e profissional. Nesse contexto, a aprendizagem é centrada no
aluno, que, em parceira com o professor, constrói conhecimento. Nesse
processo, não há espaço para o docente que se limita à aula expositiva,
incentiva a cópia e a transcrição de informação. Aqui, a pesquisa significa a
autoridade competente do professor, enquanto a simples transmissão de
conteúdo representa actuação típica de subalternidade.

Para Martins (2007:34), trabalhar com projectos de pesquisa desde as


classes iniciais é uma maneira de evitar situações que muitas vezes ocorrem
ao final de cursos académicos de especialização, ou mesmo de cursos
regulares universitários, quando o estudante se vê incapaz de realizar
monografias, relatórios de estudos e outros trabalhos. Afirma também que, ao
orientar a criança a utilizar métodos científicos no estudo e na investigação
leva-a à reflexão sobre problemas da vida e a investigá-los pela observação.

Segundo Demo (2007:7). É preciso superar o uso exclusivo do método


expositivo de dar aulas, onde o professor tem a função principal de transmitir
conhecimentos já elaborados, o que define como cópia e que atrapalha o
aluno, porque o deixa como objecto de ensino e instrução O espaço da sala de
aula onde o professor é apenas transmissor de conhecimentos precisa ser
repensado e transformado. Nesse espaço é fundamental desenvolver o espírito
de trabalho em equipa e evitar competições individuais, já que a cidadania se
constrói pela organização solidária.

Relação entre a pesquisa e o ensino

De acordo com HEALEY (2008:97), apresenta duas abordagens de


relação entre ensino e pesquisa: a investigação tutorizada e a docência
baseada na investigação. A primeira contempla as formas de ensino nas quais
os estudantes em pequenos grupos, sob a orientação de professores tutores,
desenvolvem pesquisas e são desafiados a elaborar artigos com os resultados
de seus estudos. Na docência baseada na investigação, os estudantes são
também investigadores e, no plano de ensino do professor, constam,
principalmente, actividades baseadas na indagação. Nessas duas abordagens,
a docência está centrada nos estudantes, e a fronteira entre o papel do
professor e o do estudante é mínima, ambos ensinam e aprendem, sob a
coordenação do professor formador.

Healey (2008) argumenta que, nas abordagens centradas no professor,


as situações vivenciadas pelos estudantes são baseadas no ensino tradicional,
no qual a prioridade é a máxima assimilação de conteúdos baseado em aulas
magistrais. Em contrapartida, as abordagens centradas nos estudantes e
baseadas em problemas fomentam a aprendizagem profunda, suscitam uma
implicação activa dos estudantes em actividades de investigação.

Sumário

Sem pesquisa não há ensino. A ausência de pesquisa degrada o ensino a


patamares típicos da reprodução imitativa. Entretanto, isto não pode levar ao
extremo oposto, do professor que se quer apenas pesquisador, isolando-se no
espaço da produção científica. Educar pela pesquisa tem como condição
essencial primeira que o profissional da educação seja pesquisador, ou seja,
maneje a pesquisa como princípio científico e educativo e a tenha como atitude
quotidiana. Não se busca um profissional de pesquisa, mas um profissional da
educação pela pesquisa.

Leituras complementares
BAGNO, Marcos. Pesquisa na Escola o que é como se faz. 21 ed. São Paulo:
Loyola, 2007.
BARBIER, René. A Pesquisa-Acção. Tradução de Lucie Didio. Brasília: Liber
Livro Editora, 2004. 159 p. - (Série Pesquisa em Educação, v. 3)
BASTOS, Carmem Célia Barradas Correia; MANCHOPE, Elenita Conegero
Pastor. Metodologia Científica. Aula ministrada ao PDE 2008 campus de
Cascavel, 15 out. 2008.
DEMO, Pedro. Educar Pela Pesquisa. 8 ed. Campinas: Autores Associados,
2007.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.
Auto avaliação

1. O que é pesquisa?

2. Qual é a finalidade da pesquisa científica?

3. Mencione os tipos de Pesquisa e descreve dois a tua escolha.

4. Comente a afirmação: “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”.

5. O que entendes por questionamento?

6. Qual a importância de trabalhar com projectos de pesquisa desde as classes


iniciais?

7. Refira-se à relação entre ensino e pesquisa.


Unidade IV: Como ensinar História

Introdução

O processo de ensino aprendizagem é antecedido de uma planificação para o


sucesso do processo. Nesta unidade irá aprender sobre os métodos de
ensino/aprendizagem em história: os métodos fundamentais e a planificação do
ensino.

Ao terminar a unidade você deve:


 Definir os métodos fundamentais e específicos de ensino/aprendizagem;
 Expor as condições da sua correcta aplicação;
 Relacionar os vários métodos entre si;
 Combinar os métodos fundamentais e específicos na planificação das
aulas;
 Discriminar as fases e o processo adequado dum comentário didáctico
de textos na aula;
 Relacionar os métodos com procedimentos pedagógicos adequados
para a sua concretização: dramatização, visita de estudos, palestra e
investigação do meio;
 Expor as condições práticas duma realização correcta desses
procedimentos no âmbito do ensino/aprendizagem da História.

LIÇÃO 16: AS AULAS DE HISTÓRIA

Introdução

O ensino de História lida com a realidade social vivida, porque perspectiva os


factos nas suas interacções dinâmicas e proporciona o contacto com a
dimensão evolutiva das sociedades permitindo a vivência de tensões, conflitos,
sentimentos e valores. Esta realidade leva a formação dos indivíduos,
desenvolvimento dos seus sistemas de valores, na criação de um imaginário
comum, na construção de uma identidade colectiva, que se inscreve no
contexto da nação, e no contexto mais amplo e dinâmico de uma memória
multicultural, partilhada por outros povos, no quadro de conceitos mais amplos
de comunidade.
Caro estudante, nesta lição vai aprender como preparar e ensinar uma aula de
História. Fique atento porque é a base do seu trabalho.

Para o estudo desta lição, o estudante vai precisar de uma (1:00) hora.

Ao completar esta lição, você deve:


 Discriminar os objectivos que se pretende atingir através dos conteúdos
científicos de História;
 Relacionar os momentos da estrutura didáctica duma aula com as
atitudes correctas correspondentes do professor;
 Descrever de forma sucinta as atitudes do professor ao longo das aulas;
 Indicar comportamentos sócio-afectivos do professor estimulantes para
os alunos desenvolverem a aprendizagem;
 Enunciar os papéis desempenhados pelo professor durante as aulas;
 Realizar esforços para se auto-avaliar;
 Aceitar as necessidades de uma avaliação.

AS AULAS DE HISTÓRIA

Para se preparar uma aula de História o professor deve ter em consideração


determinados factores:
O plano terá de estar em íntima correlação com o currículo e o programa
da disciplina;
Utilizar acontecimentos do passado adaptáveis às condições e
possibilidades intelectuais do aluno, isto é, o professor deve adaptar-se
á capacidade mental do aluno, promovendo e reavivando o instinto de
observação e experiência;
O ambiente específico em que o aluno está inserido para o poder iniciar
no conhecimento histórico. (as condições materiais da escola:
audiovisuais; biblioteca, possibilidades de reprografia; o próprio meio
condiciona o plano: não se pode ensinar do mesmo modo na cidade e
no campo).

O que estamos dizendo é que nas aulas de História, o professor põe em


jogo todos os seus conhecimentos científicos e pedagógicos de forma
integrada e sempre que possível criativa; o queremos chamar à atenção é que
o professor antes de planificar deve proceder a um prévio levantamento de
recursos a nível da escola e do meio em que esta se insere.

Outrossim queremos destacar que não há um modelo único de


planificação. Cada professor deve planificar de acordo com a sua
personalidade, com a sua concepção de ensino e com seus alunos específicos.
O mais importante numa planificação é que ela seja funcional para aquele que
realiza.

Actividade 24

Comente: Qualquer professor planifica a sua aula tomando como base os


professores experientes da escola onde lecciona.

Que aspectos devemos ter em consideração ao preparar uma aula


de História?

Nas aulas de história o professor põe em jogo todos os seus


conhecimentos científicos e pedagógicos de forma integrada tomando em
consideração seguintes aspectos:

O objectivo que se pretende atingir através dos conteúdos


científicos de história, que o professor deve ter sempre presentes
como guia orientador da condução do processo de
ensino/aprendizagem;
A relação entre a estrutura didáctica da aula e o conjunto das
atitudes em que o professor deve jogar para dinamizar e dirigir o
processo de ensino/aprendizagem;
Descriminações dos comportamentos sócio-efectivos do
professor que estimulam os alunos a garantem a eficácia do
processo de ensino/aprendizagem;
Papeis que o professor deve desempenhar no processo de
ensino/aprendizagem, de modo que assegure a difusão de
informação, animação e despertar dos alunos, organização da
actividade pedagógica, regulação da dinâmica dos grupos;
Controle e avaliação do processo ensino/aprendizagem;
sugestões para uma auto-avaliação do trabalho pedagógico e
uma avaliação pelos alunos dos procedimentos do professor, da
sua motivação, acompanhamento e aproveitamento na disciplina
de Historia.

1. Os objectivos que se pretendem atingirem através dos conteúdos


científicos da História.

O Professor pretende que os alunos dominem em termos de


conhecimento o seguinte:

Factos  Ser capaz de descrever factos: Porque (causas) onde? (espaço)


Quando? (tempo) Como (desenrolar) e (consequências)

Conceitos  Ser capaz de definir conceitos básicos;


 Ser capaz de utiliza-los correctamente.

Estruturas  Ser capaz caracterizar as estruturas infra-estrutura


(socioeconómico) super-estruturas (jurídico-político e ideológico)
 Ser capaz de discriminar os elementos das estruturas;
 Ser capaz de relacionar os elementos as estruturas;
 Ser capaz de sintetizar as características essenciais das
estruturas.
Dinâmica  Ser capaz de descrever as transformações das estruturas;

do (Porque (causas) onde? (espaço) Quando? (tempo) Como

processo (desenrolar e consequências).


 Ser capaz de caracterizar períodos de transição;
 Ser capaz de determinar as tendências de evolução dos
processos.

Em função destes objectivos que deve planificar as suas aulas. Não


deve esquecer que, a par da aquisição de conhecimentos, tem de desenvolver
as capacidades intelectuais dos alunos: compreensão, aplicação analítica,
síntese, avaliação.

2. A relação entre a estrutura didáctica da aula e o conjunto das atitudes


do professor

Sabemos a partir das didácticas que a estrutura didáctica de uma aula


comporta os seguintes momentos:
A. Motivação inicial: o professor sensibiliza os alunos para os problemas a
tratar na aula; apresenta o tema, seu significado e importância; explica os
objectivos da aula; faz a recapitulação dos conhecimentos anteriores.

B. Desenvolvimento do assunto:

1. Exposição: correcção científica (não confundir datas e factos; definir bem os


conceitos; evitar erros de pormenor; não passar em silêncio coisas importantes;
…); sequência lógica (colocar bem os problemas da aula; seguir um fio
condutor de raciocínio de modo perceptível para os alunos;…); precisão de
linguagem (usar os termos correctamente; construir bem as frases; corrigir a
linguagem dos alunos); adequação ao nível dos alunos; clareza; objectividade;
ilustração e exemplificação; não se limitar a expor (expor no máximo entre
20/25 minutos, por exemplo).

2. Interrogação: perguntas de controle (fazer ligação com a matéria anterior;


recapitular a matéria dada, sistematizar os conhecimentos); perguntas de
estimulação (suscitar o interesse e atenção, desenvolver a reflexão; perguntas
fechadas ou abertas; direccionar as perguntas; exploração da resposta dos
alunos; reformulação das respostas dos alunos;

3. Actividades dos alunos: estimular a participação dos alunos (convidá-los


exprimirem pontos de vista; provocar debates, …) ser sensível às reacções dos
alunos; dinamizar e orientar a actividade do aluno; controlar e avaliar a
actividade dos alunos

4. Meios didácticos: usar de forma variada o quadro, o manual, o mapa, as


cronologias, os documentos, os gráficos, …; utilizar e explorar o material
correctamente

C. Recapitulação e integração de conhecimentos:

1. Sínteses parciais: controle e avaliação do nível de compreensão pelos


alunos; solicitar a participação dos alunos para resumir os pontos de cada parte
do assunto estudado; esclarecer dúvidas e sistematizar/estruturar o assunto
estudado; esquematizar a aula;

2. Síntese final
D. Consolidação dos conhecimentos: propõe-se exercícios de aplicação
e/ou complementação dos conhecimentos dos alunos (mandar fazer um
resumo; desenhar e pintar um mapa; ler e interpretar um texto de apoio;
controle e avaliação dos exercícios realizados; Anotar a avaliação na
caderneta.

Sumário

Depois de ler sobre a lição da prática diária do professor, espero que


tenha entendido os factores bem como aspectos preponderantes que
determinam a preparação e execução de aulas de História respectivamente.
Estes constituem-se como base para desenvolver as finalidades da História
referidos na unidade I.

Leituras complementares

FRAGA, Gustavo de. A História e o seu ensino. Coimbra: Livraria Almedina,


1976.

FRANZONI, Marisa. Qual a natureza dos saberes que os licenciados têm sobre
ser um bom professor?

JOÃO, Maria Isabel. Didáctica de História. Maputo: UEM, Departamento de


História e Geografia, 1983.

PESSOA, Ana Maria. Como fazer um trabalho escolar: da pesquisa à


apresentação de dados. Setúbal: ESEIPS, Fevereiro, 1991.

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Textos complementares.


Lisboa, Universidade Aberta, 1989

PROENÇA, Maria Cândida. Didáctica de História. Lisboa, Universidade Aberta,


1989.

Auto avaliação

1. Descreve os factores que o professor deve tomar em consideração ao


planificar.

2. Mencione os aspectos a tomar em consideração ao preparar uma aula de


História.
3. Sobre o desenvolvimento do assunto, seleccione os aspectos que lhe
permitem centrar a aula no aluno.
LIÇÃO 17: ORGANIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DAS AULAS DE HISTÓRIA:
ETAPAS DA ORGANIZAÇÃO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM NUMA
ORIENTAÇÃO CONSTRUTIVISTA

Introdução

A organização das aulas e a sua preparação tem subjacentes uma série de


factores ale dos directamente relacionados com a disciplina de História como
por exemplos os espaços, o tempo, a organização dos professores na escola.

Nesta lição continuará a aprender como ensinar a História numa perspectiva


construtivista.

Para o estudo desta lição, o estudante vai precisar de uma (1:00) hora.

Ao terminar esta lição, você deve:

 Identificar as etapas de organização do ensino.


 Descrever as etapas de organização do ensino.
 Aplicar as etapas de organização do ensino na aulas de História.

ORGANIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DAS AULAS DE HISTÓRIA: ETAPAS DA


ORGANIZAÇÃO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM NUMA ORIENTAÇÃO
CONSTRUTIVISTA

Nesta abordagem, existe uma planificação prévia a curto e longo prazo, pois há
orientações oficiais, por mais abertas que sejam como, por exemplo, os tópicos
dos programas e, na maior parte dos casos, pelo menos alguns objectivos. Os
alunos, de modo geral, participam na elaboração do plano curricular da turma,
estão já definidos vários aspectos. A planificação das experiencias é delineada
com a participação dos alunos aos mais variados níveis, dependendo da idade,
de já terem realizado actividades semelhantes e do tipo de aprendizagem.
Contudo, o papel do professor nunca é subalternizado; é muito diferente mas
não mais fácil. Este tipo de planificação, na maior parte das vezes adequa-se a
uma aula de 90 minutos, mas, de modo geral, pode utilizá-la para 45 minutos
dependendo da flexibilidade e competência técnica do professor. Agora vamos
ver a estrutura para este tipo de planificação para desenvolver as
competências de aprender a aprender.

1. Mobilização dos conhecimentos prévios dos alunos


2. Contracto Didáctico
 Escolha do problema ou da situação;
 Negociação da forma de organização;
 Negociação dos objectivos;
 Identificação dos recursos;
 Calendarização;
 Negociação dos critérios de avaliação.
3. Preparação do plano de trabalho;
4. Realização do trabalho;
5. Organização dos dados recolhidos;
6. Divulgação dos novos saberes.

A mobilização dos conhecimentos prévios é feita em dois sentidos: um no de


estabelecer uma âncora para os novos conhecimentos; outro, para se
detectarem as concepções prévias dos alunos, fruto das suas experiencias, o
que em História tem uma importância muito grande. Muitas vezes, essas
concepções estão longe de se integrarem em concepções científicas e, de
modo geral, não são conhecimentos sistemáticos.

A ideia de Contrato Didáctico implica uma partilha de responsabilidades entre o


professor e o aluno. Este é responsável por aprender, mas o professor é
responsável por o ajudar a aprender. Fazem parte da negociação do contracto
seguintes aspectos: a escolha do problema ou da situação; a negociar a forma
de organização das actividades; a negociação dos objectivos; a identificação
dos recursos necessários e as formas de os conseguir; a calendarização; a
negociação dos critérios de avaliação.

Não são passos mais ou menos sequenciais, mas, por vezes ao discutir um
dos pontos, pode ter que se rever um anterior.

A preparação do plano de trabalho ocorre durante a negociação do contrato


onde podem, escolher-se alguns instrumentos de recolha de dados, mas não
se constroem; por vezes também há tarefas que é necessário distribuir e fazer
uma calendarização parcelar.

A realização do trabalho, muitas vezes, é fundamentalmente pesquisa, recolha


de dados pelos alunos, mas pode também haver intervenções do professor, por
exemplo, no sentido de facilitar a recolha, ensino de procedimentos, explicação
de aspectos mais complexos para facilitar a posterior organização pelos
alunos.

A organização dos dados recolhidos é o momento em que deve ser revisto o


plano de trabalho, até para negociar o contrato. A recolha pode ter sido menos
frutuosa, não ter dado os resultados esperados ou estes terem ido muito além
do esperado. Neste momento, aprende-se a fazer resumos, gráficos, treinam-
se competências ligadas às TIC. Tudo isto tem especial importância para a
aprendizagem de procedimentos. Proporciona a interdisciplinaridade com
diversas disciplinas, do Português à Matemática, da Educação Visual e Plástica
à Educação Física. É um momento especialmente privilegiado para os alunos
verificarem se aprenderem o que deviam ter aprendido.

A divulgação dos novos saberes pode fazer-se através de um relatório escrito,


de cartazes/posters que serão colocados numa exposição, de dramatizações.
Deve haver sempre como que um ensaio geral em que o publico é constituído
por todos os elementos da classe.

Sumário

Meu caro, até parece estar a estudar as mesmas coisas, mas não! Se ficou
atento a esta lição, ela traz uma abordagem de como ensinar a História de
forma cooperativa, isto é, colocando vários alunos a dialogar na construção do
conhecimento.

Leituras complementares

FREITAS, Maria L. V. de, et all. Metodologia de História. Luanda: Plural, 2010.

Auto avaliação

1. Refira-se aos elementos que devemos ter em consideração ao prepararmos


as nossas aulas.

2. A partir do tema – o tráfico de escravos em Moçambique – elabore um


contrato didáctico para esta aula.
Lição 18: ORGANIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DAS AULAS DE HISTÓRIA: A
APRENDIZAGEM COOPERATIVA

Introdução

As aulas podem estruturar-se de forma cooperativa, competitiva ou


individualizada. Cada forma de organização tem finalidades diferentes;
nenhuma forma de organização é, por si mesma, positiva ou negativa. Porém,
o trabalho cooperativo tem vindo a ser mundialmente reconhecido como uma
das estratégias que a escola deve usar para melhorar todo o tipo de
aprendizagens e também como preparação da vida profissional. Quanto mais
cedo se começar essa aprendizagem, melhor.

Para o estudo desta lição, o estudante vai precisar de duas (2:00) horas.

Ao terminar a lição, você deve:

 Descrever os benefícios da aprendizagem cooperativa.


 Explicar os aspectos que caracterizam a aprendizagem cooperativa.

ORGANIZAÇÃO E PREPARAÇÃO DAS AULAS DE HISTÓRIA: A


APRENDIZAGEM COOPERATIVA

Quais os benefícios de uma aprendizagem cooperativa para os alunos?

São múltiplas as vantagens que se atribuem à aprendizagem cooperativa. Elas


tornam-se evidentes quer através de investigação quer da prática nas escolas,
pelos resultados alcançados pelos alunos. Estas vantagens podem sintetizar-
se na lista que se segue:

 Melhoria das aprendizagens na escola.


 Melhoria das relações interpessoais.
 Melhoria da auto-estima
 Melhoria das competências no pensamento crítico.
 Maior capacidade em aceitar as perspectivas dos outros.
 Maior motivação intrínseca.
 Maior número de atitudes positivas para com as disciplinas estudadas, a
escola, professores e colegas.
 Menos problemas disciplinares, dado existirem mais tentativas de
resolver os problemas de conflitos pessoais.
 Aquisição das competências necessárias para trabalhar com os outros.
 Menos tendência para faltar à escola.

O que caracteriza a aprendizagem cooperativa?

A maior parte dos autores concorda com os elementos essenciais


caracterizadores da aprendizagem cooperativa. São eles que tornam a
aprendizagem cooperativa diferente de muito do trabalho em grupo que se
realiza nas escolas e ao qual muitos apontam várias inconvenientes. Esses
elementos identificadores da aprendizagem cooperativa são: interdependência
positiva; a interacção face-a-face; o uso apropriado de skills interpessoais e de
pequeno grupo; a avaliação individual/responsabilidade pessoal pela
aprendizagem e; a avaliação do processo do trabalho de grupo.

Interdependência positiva

Qualquer equipa tem de se organizar no sentido de todos os seus elementos


sentirem que a sua actuação tem de ser útil não só para eles próprios, mas
fundamentalmente para a equipa. Todos os elementos do grupo devem ter
tarefas destinadas e serem responsáveis por elas, percebendo que se falharem
não são eles que falham, mas o grupo. Há cinco modalidades principais de
interdependência positiva: interdependência de finalidades, de recompensa, de
tarefa, de recursos e de papéis.

A interdependência de finalidades existe quando todos os membros trabalham


para um fim comum, muitas vezes algo de concreto como a realização de um
cartaz, uma apresentação aos colegas ou um relato escrito.

Na interdependência de recompensa, a classificação de cada um dos


elementos do grupo ser a média da classificação obtida por todos os
elementos, conceder certos privilégios à equipa que melhores resultados
obtiver.

A interdependência de tarefa existe quando se pretende obter um resultado


com a participação de todos, alguma coisa para o que apenas duas mãos não
são suficientes. Normalmente, isso acontece quando o tópico de um grupo é
dividido em subtópicos, quando uns elementos fazem um tipo de pesquisa e
outros fazem outra. Se uns não realizarem as suas tarefas não se obtém o
resultado pretendido.

A interdependência de tarefa está ligada à interdependência de recursos.


Depende muito da idade dos alunos, mas, para alunos de História, por
exemplo, num trabalho, um aluno terá as tesouras, outro o papel, outro a cola e
outro ainda o suporte para colocar a figura a recortar.

A interdependência de papéis existe quando cada elemento tem um papel que


está dependente dos outros, só se justificando por existirem outros elementos.
O conjunto de papéis proporciona o bom funcionamento do grupo. Por isso,
esses papéis variam por vezes, de acordo com as tarefas e os objectivos do
grupo. Há, contudo, alguns papéis que podem existir sempre, como “tomar
notas”, tomar conta dos materiais/arranjo do espaço do grupo ou ser
coordenador, ou dinamizador/encorajador.

Interacção face-a-face

Este é o mais importante elemento da aprendizagem cooperativa. A interacção


promocional face a face existe quando os alunos encorajam e facilitam os
esforços de cada um para realizar as tarefas, de modo a atingirem os
objectivos do grupo. São de seguir três etapas a destacar: desenvolver o
espírito de grupo; promover-se a interdependência positiva, utilizando todas as
formas adequadas; procurar assegurar a interacção, monitorizando o grupo e
assinalando os seus bons resultados nesse aspecto.

O aspecto da interacção é o que mais se relaciona com as teorias


construtivistas da aprendizagem. A interacção promocional tem a ver com a
ajuda efectiva e eficiente que cada membro do grupo presta aos outros em
relação ao processamento de informação, ao feedback que permite o
progresso, à reflexão que leva a mais elevados raciocínios e capacidade de
decisão, ao bom clima que faz com que não haja um nível de stress demasiado
alto, mas antes uma motivação elevada.

Só pode cooperar quem se conhece e aceita, por isso, os grupos tem de ser
suficientemente pequenos para que todos os seus elementos se possam fitar
olhos nos olhos, discutir sobre um problema de modo a que todos participem.
O estar num pequeno grupo não é, por si só, condição para que se gerem
amizades, mas é condição essencial para que esse grupo ganhe consciência
dos seus objectivos de trabalho e os aceite.

Uso apropriado de skills interpessoais e de pequeno grupo

Ninguém nasce sabendo como trabalhar com eficiência num grupo. Há, é claro,
características pessoais, provavelmente genéticas que facilitam ou dificultam o
estar em grupo, mas é necessário que exista uma aprendizagem dos skills
apropriados para a aprendizagem cooperativa: os alunos têm de ser ensinados
e motivados para o trabalho de grupo.

A aprendizagem cooperativa tem como um dos principais objectivos contribuir


para o sucesso académico dos alunos, mas isso só será possível se, de facto,
trabalharem em cooperação, se forem capazes de potenciar as vantagens que
o trabalho em grupo proporciona. Os alunos de aprender as competências
sociais associadas ao trabalho em pequeno grupo, que em alguns casos são
competências interpessoais genéricas, mas que, de qualquer modo, têm
sempre uma certa especificidade no contexto de pequenos grupos.

O professor que quer implementar actividades de aprendizagem de


aprendizagem cooperativa deve ter em conta que: a aprendizagem de um skill
de cooperação deve iniciar-se quando há um ambiente que promova a
colaboração; estes skills devem ser ensinados; os pares são essenciais nessa
aprendizagem, pois não há aprendizagem de skills sociais em trabalho
individual; quanto mais cedo se iniciar esse ensino, melhor.

Quais são os tipos de skills?

Skills de formação consiste em movimentar-se nos grupos sem barulho


injustificado e sem aborrecer os outros; permanecer no grupo; falar em
voz baixa; encorajar cada um a participar.
Skills de funcionamento consiste em expressar apoio e aceitação
pelas ideias dos outros, verbalmente ou por gestos; solicitar auxílio ou
clarificação sobre o trabalho do grupo; oferecer-se para explicar; dar
sugestões para acabar mais depressa o trabalho.
Skills de formulação consiste em sumariar em voz alta o que se leu;
procurar estratégias inteligentes para lembrar factos ou ideias
importantes.
Skills de estímulo consiste em gerar perguntas a partir de respostas;
integrar várias ideias numa única posição; perceber que quando há
desacordo entre o grupo se aprende.

Avaliação individual/responsabilidade pessoal pela aprendizagem

Cada elemento do grupo tem de se sentir responsável pelas aprendizagens


definidas para esse grupo. O fim do trabalho não é, na verdade, que o grupo
como tal aprenda mais, mas sim que tal aconteça em relação a cada um dos
seus elementos. Por isso, independentemente de o trabalho do grupo dever ser
avaliado, tem de existir uma avaliação individual. Não pode acontecer que, num
grupo de quatro elementos, três aprendessem o que era suposto aprenderem e
um pouco aprendesse.

A responsabilidade individual implica que cada elemento seja avaliado e que o


grupo saiba que a sua avaliação é resultado dessas avaliações individuais. Isto
tem como consequência que seja os próprios elementos do grupo a
procurarem que todos aprendam e realizem bem as suas tarefas. Há
procedimentos adequados para facilitar a avaliação individual e a
responsabilização pessoal a destacar: formar grupos pequenos; haver testes
individuais; colocar questões orais ou pedir, ao acaso, a demonstração de
certas competências a elementos do grupo; observar sistematicamente o
trabalho dos grupos; existir, no grupo, o papel de verificador da aprendizagem,
o qual deve fazer perguntas para que cada membro mostre se de facto
compreendeu, se é capaz de explicar as respostas, conclusões do grupo, etc;
os estudantes ensinarem uns aos outros o que aprenderam, fazerem o que se
designa por explicação simultânea.

Cada elemento sabe que as suas falhas podem contribuir para que o grupo
obtenha piores resultados e, se existe espírito de grupo, cada um procurará dar
seu melhor e ajudar os outros a darem também o seu melhor.

Avaliação do processo de trabalho do grupo


Os alunos devem habituar-se a analisar os resultados através da reflexão
sobre o seu trabalho e sobre os objectivos que forem sendo alcançados. Os
alunos identificam quais as acções que foram úteis e inúteis e tomam decisões
acerca das acções que devem continuar e quais as que devem ser mudadas.

Sumário

Caro estudante, acredito que a leitura dos textos está te amadurecendo


profissionalmente lição a lição, pois nesta ficou a saber que ganhos os alunos
podem ter ao priorizarmos uma aprendizagem baseada na cooperação entre os
alunos, por um lado, por outro analisou os elementos que caracterizam a
aprendizagem cooperativa a destacar a interdependência positiva; a interacção
face-a-face; o uso apropriado de skills interpessoais e de pequeno grupo; a
avaliação individual/responsabilidade pessoal pela aprendizagem e; a
avaliação do processo do trabalho de grupo.

Leituras complementares

FREITAS, Maria L. V. de, et all. Metodologia de História. Luanda: Plural, 2010.

Auto avaliação

1. Mencione os benefícios da aprendizagem cooperativa.

2. Refira-se aos aspectos que caracterizam a aprendizagem cooperativa.

3. A sua escola, caracterize dois aspectos da aprendizagem cooperativa.

4. Que procedimentos o professor deve seguir para facilitar a avaliação


individual e a responsabilização pessoal a destacar.

5. Descreve as tipologias de skills.


CHAVES DE CORRECÇÃO DA AUTO AVALIAÇÃO

Unidade I: Metodologia do ensino da História

LIÇÃO 1: Dimensões da metodologia de ensino da história e suas tarefas

1. Caracterize a principal dimensão da metodologia de ensino de Historia.

A principal dimensão da metodologia de ensino de Historia é a dimensão


analítica e a transposição didáctica. Esta caracteriza-se por procurar
compreender a complexidade dos factores envolvidos na relação que o aluno
estabelece com o conhecimento histórico e, cabe ao professor compreender a
relação multifacetada que um aluno pode estabelecer tendo em vista uma
História narrativa ou conceptual, os conceitos de tempo e a compreensão
histórica.

2. Uma das dimensões da metodologia de ensino da História é a


dimensão investigativo-heurística. Descreve as dimensões desta.

Dimensão reflexiva - o professor tem de justificar as suas tomadas de decisão,


as soluções que propõe para o problema; tem de reflectir sobre eles e, como se
verificará, são muitos problemas levantados pelo ensino de História a crianças.

Dimensão metacognitiva - o professor é levado a pensar sobre o seu próprio


conhecimento, sobre conhecimentos nos domínios de História e da psicologia,
as suas experiencias pessoais associadas ao problema numa dinâmica de
conhecimento pessoal, nas suas dificuldades ao aprender a História, como foi,
mais ou menos, ajudado pelo professor.

Dimensão construtiva - o professor reflecte sobre o seu papel de mediador do


conhecimento e esse papel é extraordinariamente complexo no ensino de
História. Dimensão transformadora - pretende-se que os alunos possam recriar,
reagrupar, relacionar, de forma a contribuir na resolução de problemas do dia-
a-dia.

Dimensões inovadoras - criam-se novas soluções para novos problemas.

3. Seleccione três dimensões da metodologia de ensino da História que


considere mais importante para o professor de História do 2º ciclo.
Justifique a sua escolha.
Dimensão interactiva porque interacção com os profissionais que actuam na
sala de aula, o que acontece, de modo geral, em situações de prática
pedagógica associada as didácticas.

Dimensão de síntese porque analisar diferentes pontos de vista geram-se


enquadramentos teóricos novos, característicos do seu objecto de estudo
específico.

Dimensão racional porque abstrai do concreto e problematiza situações


concretas.

A dimensão analítica e a transposição didáctica porque procuram


compreender a complexidade dos factores envolvidos na relação que o aluno
estabelece com o conhecimento histórico.

Lição 2: OBJECTIVOS E IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA HISTÓRIA

1. Quais são as metodologias que podem ser usadas no ensino de


História?

As metodologias que podem ser usadas no ensino de História são: levar o


aluno a aprender a formular hipóteses; aprender a classificar fontes históricas;
aprender a analisar fontes; aprender a analisar a credibilidade das fontes; e,
por último, a aprendizagem da causalidade e a iniciação na explicação
histórica.

2. De que forma os alunos podem aprender a classificar as fontes?

Para os alunos aprenderem a classificar as fontes devem ser colocados em


contacto directo com fontes diversas, sejam elas orais ou escritas; deve-se
também estabelecer que as fontes históricas podem ser materiais, com
suportes de papel, de pedra, de metal etc.

3. Identifique os objectivos do ensino de História?

As finalidades e objectivos do ensino da História são: Compreender os factos


ocorridos no passado e saber situá-los em seu contexto; Compreender que na
análise do passado há muitos pontos de vista diferentes; Compreender que há
formas muito diferentes de adquirir, obter e avaliar informações sobre o
passado e Transmitir de forma organizada o que se estudou ou se obteve
sobre o passado.

4. Quais as potencialidades educativas do ensino de História.

As potencialidades educativas do ensino de História são: Facilitar a


compreensão do presente; Preparar os alunos para a vida adulta; Despertar o
interesse pelo passado; Potencializar um sentido de identidade; Contribuir para
o conhecimento e a compreensão de outros países e culturas do mundo actual
e Introduzir os alunos num conhecimento e no domínio de uma metodologia
rigorosa, própria dos historiadores.

5. Indique 4 finalidades do ensino de História.

As 4 finalidades do ensino de história são: Promover o desenvolvimento das


capacidades de análise e síntese através duma abordagem científica da
realidade; Proporcionar o desenvolvimento do espírito crítico; Desenvolver a
capacidade de formular hipóteses fundamentais; Contribuir para o
desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade e das capacidades de
expressão.

6. Para conhecer ou compreender um acontecimento histórico,


necessitamos de receber informação histórica, mas os componentes
desta informação não são a finalidade, senão o início, uma vez que a
História não se reduz a saber nomes, datas e acontecimentos.

a) Explique a frase em destaque

É necessária uma compreensão para poder emitir uma explicação sobre por
que ocorreram as coisas de uma determinada forma no passado.

7. Apesar do interesse pelas causas e consequências, o historiador nem


sempre tem uma certeza absoluta de que aquelas causas sejam as únicas
ou as determinantes de um facto.

a) Explique porquê.

É porque é difícil apresentar o passado com objectividade absoluta, é preciso


primeiro seleccionar os informantes, os documentos, os depoimentos, e os
pontos de vista dos historiadores serão diferentes em muitos casos, além de
poderem mudar com o passar do tempo.

7. Nas sociedades contemporâneas, a História tem um importante papel.


A História é, mais do que a “mestra da vida” como a definiu Heródoto.

a) Explique a frase em destaque

A história é a mestra da vida porque tem um conhecimento que se pode utilizar


como justificação do presente, pois, as sociedades utilizam a História para
legitimar acções políticas, culturais e sociais, o que não é nenhuma novidade.

Lição 3: Os princípios do ensino de história

1. Identifique três potencialidades formativas do ensino de História.

As três potencialidades formativas do ensino de História são: Facilitar a


compreensão do presente; Preparar os alunos para a vida adulta e; Despertar,
nos alunos, o interesse pelo passado.

2. Uma das potencialidades formativas do ensino de História é


Potencializar um sentido de identidade.

a) Explique porquê.

Permite ter uma consciência das origens de modo a que, quando adultos,
possam compartilhar valores, costumes, ideias etc. Esta questão é facilmente
manipulável a partir de ópticas e exageros nacionalistas.

Lição 4: A metodologia de ensino da história: uma disciplina científica

1. A didáctica é apenas uma sabedoria, mas a didáctica de História


constitui uma ciência.

Comente a frase sublinhada.

A didáctica de História constitui uma ciência porque Elaboram questões


próprias que pressupõem uma problemática teórica e um objecto científico;
Elegem problemas centrais de investigação, a que se dedicam; Constroem
conjunto de princípios, teorias, estratégias metódicas e resultados cruciais que
servem de modelo ou quadro orientador às pesquisas produzidas na área, os
paradigmas.
2. Explica a relação entre a Didáctica de História com a Educação para a
cidadania.

Na didáctica de História, a educação para a Cidadania enquadra-se na


dimensão de educação moral e para os valores e, é deve ser transversal a todo
currículo.

Lição 5: A FINALIDADE DE ENSINO DE HISTÓRIA

1. Mencione as finalidades do ensino de História.

As finalidades do ensino da História são: Para sabermos quem somos; para


conhecermos os outros e nos sabermos relacionar com eles; para
compreender o presente e projectar caminhos para o futuro; para desenvolver
competências específicas de carácter cognitivo e; para desenvolver
competências de carácter transversal.

2. Em qual das finalidades o professor pode desenvolver a identidade


local e nacional?

O professor pode desenvolver a identidade local e nacional na finalidade sobre


sabre sabermos quem somos.

UNIDADE II: O MEIO E O ENSINO DE HISTÓRIA

Lição 6: O meio como auxiliar no ensino da história

1. Em que contexto surgiu a necessidade de recorrer a história local no


ensino?

Nos relatos do século XX, nota-se esta preocupação de pôr o aluno em


contacto com o meio social ou em situação de observação directa dos
fenómenos naturais para lhe proporcionar um estudo mais interactivo e
envolvente.

2. Explica por que é que a saída dos alunos da escola é algo visto maneira
positiva.

Pala motivação que provoca nos alunos, quer pelas oportunidades


pedagógicas que pode oferecer.
3. Destaque as competências intelectuais a ser desenvolvidas com o
recurso ao meio no ensino.

O estudo do meio favorece a aquisição de uma serie de capacidades,


destacando-se a observação e o domínio de organizar e analisar registos orais
e visuais. Outra conquista importante é a criação e efectivação de um trabalho
em equipa, colectivo.

4. Mencione as regras e normas a estabelecer ao sair do ambiente


escolar.

Devem ser firmados vários acordos: o cumprimento dos horários com rigor;
formas de conduta no contacto com as pessoas (entrevistados), a divisão de
tarefas de colecta de informações e dados; a forma de organizar as refeições; a
solução de problemas de custos com transportes.

5. Quais as premissas para o ensino da história local?

O professor precisa de desmitificar o ensino de história desconstruindo o


tradicional de simples memorização sistemática de datas e fatos ocorridos,
para a construção de um estudo participativo, investigativo e crítico da
realidade histórica das comunidades e seus membros.

6. Qual a importância do estudo da história regional e local?

Aproxima o historiador do seu objecto de estudo. A narrativa deixa de ser


fundamentada em temas distantes para se incorporar aos fenómenos históricos
da região. O passado distante, sede espaço para algo mais imediato.

7. Que metas a atingir podemos recorrendo a história local?

Melhor compreensão da sociedade em que vive e na qual virá a intervir;


Prepara melhor o aluno para uma futura integração na sociedade, facilitando-
lhe a compreensão das instituições democráticas e acentuando o carácter
formativo da história na preparação para o exercício de uma cidadania
consciente; Familiariza o aluno com o método de pesquisa histórica e contribuir
para o desenvolvimento de capacidades e competências específicas como o
rigor de análise, o pensamento reflexivo e o sentido crítico.
8. Identifique potencialidades a desenvolver ao recorrer a história local?

Motivação pela utilização de métodos que interessam os alunos como também


porque os alunos ao lidar com fontes locais encontra referências a pessoas,
factos e lugares conhecidos.

9. Que aspectos a tomar em consideração antes de optar pelo recurso à


história local?

Definir o significado do termo local nos seus parâmetros espaciais; Optar por
uma zona familiar aos alunos; Contactar as autoridades locais porque estes
detêm algumas fontes.

10. Como explorar todas as potencialidades do meio?

Levantamento minucioso das possibilidades que a localidade oferece em


termos de fonte e reconhecimento dos arquivos, bibliotecas e de todos os
aspectos patrimoniais com interesse para o ensino da disciplina.

Lição 7: Metodologia do ensino da história local

1. O estudo do meio é um método de investigação cujos procedimentos


se devem ater a dois aspectos iniciais. Identifique-os.

O primeiro deles é que esse método é um ponto de partida, não um fim em si


mesmo. O segundo é que sua aplicação resulta sempre de um projecto de
estudo que integra o plano curricular da escola e pode ser integral ou parcial.

2. Distingue estudo integral e parcial do meio.

O estudo integral abarca a descrição e explicação de todos os aspectos da


área delimitada e o estudo parcial abrange somente um aspecto da área
delimitada e está associada a um tema mais específico (o abastecimento de
agua; os transportes).

3. Quais os aspectos objectivos do estudo do meio?

Aprofundamento de conteúdos, a socialização dos alunos e a sua formação


intelectual.
4. Mencione as tapas do estudo do meio.

Preparação prévia, actividades de campo e retorno do trabalho na sala de aula.

5. Refira-se aos procedimentos do estudo do meio.

O reconhecimento do espaço social a ser estudado, no qual são arroladas as


fontes de escudo; Estudo prévio do local por intermédio de bibliografia e outras
fontes de informação; Definição da problemática a ser estudada; Organização
do roteiro a ser seguido, com a identificação de todas as actividades;
Preparação do caderno de campo; A execução do estudo do meio
propriamente dito e; O tratamento posterior dos dados colectados, com
sistematização e avaliação das diversas actividades.

6. Qual é o objectivo central do estudo do meio.

Desenvolvimento da capacidade observação.

Lição 8: A história ao vivo

1. Em que consiste a História ao vivo?

A História ao vivo consiste em criar, a partir de um espaço concreto no qual a


criança é convidada a entrar e a utilizar sem receio, o ambiente de outro tempo
que ela é levada a compreender pois passa a fazer parte integrante desse
ambiente.

2. A História ao vivo não é tão importante no desenvolvimento cognitivo e


afectivo. Concorda? Justifique a tua resposta.

Não concordo por que esta técnica permite o desenvolvimento de várias


capacidades, pois a criança aprende através de uma experiencia directa e do
contacto com o real o que é manifestamente importante no estádio de
desenvolvimento psicológico em que se encontra.

3. Explica por que é que o ensino da História ao vivo desenvolve uma


forte componente afectiva nos alunos.

O ensino da História ao vivo desenvolve uma forte componente afectiva nos


alunos porque leva a criança a colocar-se no papel de pessoas de outra época
e outra cultura, permitindo também que ela compreenda que o mesmo objecto
pode ter significados diferentes em culturas diferentes.
Lição 9: A comunicação na aula de história

1. Explica por que é que há necessidade de uniformizar os códigos


linguísticos durante o ensino levanta problemas.

A necessidade de uniformizar os códigos linguísticos levanta problemas porque


a capacidade linguística dos alunos é muito diversa e; os vocábulos utilizados
em História reenviam, muitas vezes, para significados que não são
forçosamente os que a linguagem corrente faz pensar.

2. Que passos o professor deve seguir ao introduzir vocábulos novos


durante o ensino de História?
 Começar por elaborar uma relação das palavras mais difíceis.
 Testar, oralmente ou por escrito, qual a compreensão que os alunos têm
dessas palavras.
 Elaborar explicações empregando essas palavras de forma gradual,
para assim possibilitar o alargamento dos conceitos que os alunos já
possuem.
 Explicar os termos abstractos por referências a termos concretos,
evitando sempre referências a outras abstracções.
 Nunca iniciar a explicação de um vocábulo pelo próprio vocábulo. Este
só deve aparecer no fim da explicação.

3. Apresente evidências para estabelecimento de uma boa comunicação


na sala de aula.

Para que a comunicação se estabeleça na aula, é indispensável que o


professor crie um clima favorável ao estabelecimento do código linguístico. É
necessário que o aluno se habitue a ouvir o outro e a emitir também a sua
opinião. O professor deve desenvolver atitudes favoráveis ao estabelecimento
de um bom clima de diálogo na aula.

4. Refira-se a quatro competências que o professor deve observar na


formulação de perguntas durante o ensino de história.

O professor deve: Formular perguntas em função do que é principal e


significativo; Suscitar processos mentais diferenciados, variando gradualmente
as modalidades de pergunta; Utilizar a pergunta como um recurso para integrar
o aluno no trabalho; Ajustar as perguntas ao nível de compreensão dos alunos;
Dar um tempo de reflexão após a formulação de pergunta; Solicitar o máximo
de alunos e; Designar os alunos pelos seus nomes próprios.

5. Refira-se a quatro aspectos que o professor não deve fazer durante a


formulação de perguntas durante o ensino de história.

O professor não deve: Transformar a aula num monólogo do professor; Fazer


perguntas exclusivamente dirigidas á memória, ou só relativas a questões já
tratadas; Solicitar apenas os alunos mais vivos e capazes; Formular perguntas
vagas e ambíguas; Dirigir perguntas com demasiada frequência; Substituir-se
ao aluno que começa a responder, ou reservar-lhe apenas a tarefa de
completar frases ou vocábulos; Expor ou explicar o que, através de estímulos
adequados e direcção conveniente, os alunos são capazes de descobrir por si
próprios.

Lição 10: OS locais de interesse histórico e suas potencialidades


didácticas

1. Quando é que podemos considerar um local como de interesse


histórico?

Quando guarda em si referencia à identidade, acção de diferentes grupos


sociais, ou seja, quando nesse local ocorreram acontecimentos dignos de
lembrança de um povo.

2. Quais são os objectivos da criação dos locais de interesse histórico?

Preservar a memória colectiva e da cultura material e espiritual de um povo de


modo a permitir uma investigação e comunicação.

3. Quais são as vantagens dos locais de interesse histórico?

Preservar a memória da história de um povo;

Facilitar na investigação, preservação e interpretação cientifica do valor


informativo do património cultural e natural e a sua comunicação através de
exposições documentadas do interesse da comunidade.
4. Quais são as perspectivas do professor ao levar os alunos aos
museus?

O professor ao levar os alunos aos museus pretende promover a interligação


entre a teoria e a pratica, sala e a realidade, facilitando a sociabilidade e
fornecer a aquisição de conhecimentos através de pesquisas.

5. Como é que podemos explorar os museus?

Podemos explorar os museus através de visitas de estudo onde a sua


exploração deve ser programada e contextualizada.

6. Os locais de interesse histórico são naturais ou criados?

Os locais de interesse histórico existem os naturais e também os criados. Os


naturais temos o exemplo de Monte Cabeça do Velho e os criados temos o
museu da moeda, museu da história natural, Monumento da praça da OMM,
Fortaleza de Maputo, etc.

7. Como explorar os locais históricos?

Através de visitas de estudo onde essa visita é previamente programada ou


planificada e contextualizada.

8. O que são monumentos?

Monumentos são obras construídas com finalidade de perpetuar a memória de


acontecimentos relevantes na história de uma comunidade ou nação.

Lição 11: Documentos não escritos na sala de aula


1. Explica por que é que as visitas aos museus merecem atenção do
professor.

Para que possam constituir uma situação pedagógica privilegiada com o


trabalho de análise da cultura material, em vista da compreensão da linguagem
plástica. Todo material como fonte de análise, de interpretação e de crítica por
parte dos alunos.
2. Refira-se às potencialidades de um trabalho com objectos
transformados em documentos.

Inversão de um olhar de curiosidade a respeito de peças em um olhar de


indagação, de informação que pode aumentar o conhecimento sobre os
homens e sobre sua história.

3. Que esclarecimento devem ser fornecidos aos alunos sobre os


museus?

O que é um museu; qual o seu papel na constituição da memória social; que


tipos de objectos são ali preservados e expostos. As explicações iniciam-se
pela trajectória do objecto do lugar onde foi encontrado ou adquirido ate como
chegou ao museu, tornando-se peça do museu. Esta actividade deve ser
realizada no início ou no fim de cada trabalho com os alunos.

4. Que conhecimento deve possuir um professor que pretende visitar um


museu?

Um conhecimento dos conceitos básicos sobre museu, lugar de memória, e de


seus objectos, entendidos como parte integrantes da cultura material, ou seja,
como fruto do trabalho humano.

5. Como preparar a visita ao museu?

Definir os objectivos da visita; Seleccionar o museu mais apropriado para o


tema a ser trabalhado; ou uma das exposições apresentadas, ou parte de uma
exposição, ou ainda um conjunto de museus; Visitar a instituição
antecipadamente e alcançar uma familiaridade com o espaço a ser trabalhado;
Verificar as actividades educativas oferecidas pelos museus e se elas se
adequam aos objectivos propostos e, nesse caso, adapta-los aos próprios
interesses; Preparar os alunos para a visita através de exercícios de
observação, estudo de conteúdos e conceitos; Coordenar a visita de acordo
com os objectivos propostos ou participar de visita monitorada, coordenada por
educadores do museu; Elaborar formas de dar continuidade a visita quando
voltar a sala de aula; Avaliar o processo educativo que envolveu a actividade a
fim de aperfeiçoar a planificação das novas visitas, em seus objectivos e
escolhas.
6. Descreve as etapas de análise dos objectos do museu?

Análise interna; Comparação dos objectos; Síntese (descrever de forma


detalhada).

Lição 12: HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE OU O PRESENTE COMO


HISTÓRIA

1. Explica o por quê da necessidade de domínio conceitual da história do


tempo presente.

Para o ensino da disciplina possa cumprir uma de suas finalidades: libertar o


aluno do tempo presente - algo paradoxal a primeira vista.

2. Identifique as exigências metodológicas e conceituais da história do


presente.

Situar essa história dentro do conceito de contemporâneo e situar esta


periodização. Com base no conceito de longa duração, pode-se perceber que a
história do presente tem outras escalas de tempo e espaço. No que se refere
ao tempo, a concepção de contemporâneo esta associada a uma
temporalidade de mudanças aceleradas, e, no que se refere ao espaço, trata-
se de pensar em uma história mundial.

3. O que significa modernidade?

A modernidade significa o rompimento com outro tempo - o tempo antigo e -


traz no seu âmago mudanças provocadas por revoluções. Por intermédio da
modernidade poderem-se pensar as relações presente - passado sob outra
óptica, inicialmente identificando o passado no presente e ainda entendendo e
abordando o presente como passado.

4. Dê exemplos de estudos a ser abordados pela história contemporânea.

Paixões políticas e seu contrário, a apatia política; a análise do capitalismo


administrado e seu corolário, a 'industria cultural.

5. Identifique os meios para o estudo da história contemporânea.

Fontes audiovisuais, sonoras, orais e material produzido pela imprensa diária.


6. Descreve os pecados que história ensinada por temas cuja
problematização se baseie na história presente pode cometer.

Ser anacrónica, ao apresentar uma trajectória que se inicia no presente e


depois retorna o tema em outras sociedades do passado de forma superficial,
cobrando dos agentes de outrora valores que são contemporâneos nossos.

Desconsiderar o contexto que fundamenta as diferenças e semelhanças,


contando com informações insuficientes para que se entendam as
permanências e as mudanças das sociedades estudadas e correndo o risco de
reforçar a ideia do presente como um momento histórico "evoluído" e a de
outros tempos como "atrasados.
UNIDADE III: O PROFESSOR DE HISTÓRIA COMO PESQUISADOR

Lição 13: A pesquisa histórica: métodos

1. O que entendes por método?

Método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior


segurança e economia, permite alcançar o objectivo, traçando o caminho a ser
seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

2. Mencione as etapas que um pesquisador deve cumprir para alcançar


objectivos de sua investigação.

Descobrimento do problema ou lacuna num conjunto de conhecimentos;


Colocação precisa do problema; Procura de conhecimentos ou instrumentos
relevantes ao problema; Tentativa de solução do problema com auxílio dos
meios identificados; Invenção de novas ideias; Obtenção de uma solução;
Investigação das consequências da solução obtida; Prova da solução:
confronto da solução com a totalidade das teorias e da informação empírica
pertinente. Se o resultado é satisfatório, a pesquisa é dada como concluída, até
novo aviso; Correcção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados
empregados na obtenção da solução incorrecta. Esse é, naturalmente, o
começo de um novo ciclo de investigação.

3. Em que consiste o método histórico?

O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e


instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje,
pois as instituições alcançaram sua forma actual através de alterações de suas
partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural
particular de cada época.

4. Refira-se à função da revisão da literatura na pesquisa.

Evitar repetições do conteúdo a pesquisar bem como, informar o pesquisador


sobre o estágio de abordagem da pesquisa do assunto a pesquisar.

Lição 14: História oral e o resgate da história pátria

1. O que entendes por história oral?

Trata-se da percepção do passado, como algo que tem continuidade hoje e


cujo processo histórico não está acabado. É UMA prática social geradora de
mudanças que transformam tanto o conteúdo quanto a finalidade da história.

2. Como obter os dados na história oral?

Os dados podem ser obtidos por meio de fontes vivas de informação: história
de vida, autobiografias, biografias, depoimentos pessoais e entrevista.

3. Mencione as categorias para a construção de uma história oral e diga


que acções a desenvolver.

Categorias - o entrevistador, o entrevistado e a aparelhagem de gravação.

Acções - a gravação, a confecção do documento escrito e análise.

4. Refira-se aos princípios básicos para elaboração de perguntas.

As perguntas devem ser simples e directas; linguagem comum; não a


perguntas complexas ou de duplo sentido; evite induzir a uma resposta, e
sempre que possível evite interromper uma narrativa.

5. Que importância tem a história oral?

Resgate da memória nacional, evidência dos factos colectivos, dá voz aos


pequenos do quotidiano, pode ser confrontada com outros tipos de documentos
e analisada não apenas como uma complementação dos documentos escritos
nos estudos históricos.
6. O que entendes por memória?

Construção sobre o passado, actualizada e renovada no tempo presente com


ajuda de factos presentes cuja narrativa dos outros confirmam essa
construção.

Lição 15: Ensino pela pesquisa

1. O que é pesquisa?

Pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem por objectivo


gerar novos conhecimentos ou refutá-los, constituindo-se num processo de
aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza, quanto da sociedade, na qual
esta se desenvolve.

2. Qual é a finalidade da pesquisa científica?

Permitir elaborar um conhecimento, ou um conjunto de conhecimentos, que


nos auxilie na compreensão desta realidade e nos orientes em nossas acções.

3. Mencione os tipos de Pesquisa e descreve dois a tua escolha.

Pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e pesquisa de laboratório.

4. Comente a afirmação: “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem


ensino”.

O educador deve respeitar os saberes dos educandos adquiridos em sua


história, estimulando-os a sua superação através do exercício da curiosidade
que os instiga à imaginação, observação, questionamentos, elaboração de
hipóteses e chega a uma explicação epistemológica. “Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção à sua
construção”. O professor deve estimular o ato de pesquisar para que o aluno
passe a ser sujeito e não apenas objecto da nossa história.

5. O que entendes por questionamento?

Questionamento trata-se de uma construção prática que possibilite aos sujeitos


da acção educativa a compreensão crítica e a participação activa na e da
realidade social na qual estão inseridos.

6. Qual a importância de trabalhar com projectos de pesquisa desde as


classes iniciais?
Evita situações que muitas vezes ocorrem ao final de cursos académicos de
especialização, ou mesmo de cursos regulares universitários, quando o
estudante se vê incapaz de realizar monografias, relatórios de estudos e outros
trabalhos e leva à reflexão sobre problemas da vida e investigação pela
observação.

7. Refira-se à relação entre ensino e pesquisa.

A investigação tutorizada e a docência baseada na investigação. A primeira


contempla as formas de ensino nas quais os estudantes em pequenos grupos,
sob a orientação de professores tutores, desenvolvem pesquisas e são
desafiados a elaborar artigos com os resultados de seus estudos. Na docência
baseada na investigação, os estudantes são também investigadores e, no
plano de ensino do professor, constam, principalmente, actividades baseadas
na indagação. Nessas duas abordagens, a docência está centrada nos
estudantes, e a fronteira entre o papel do professor e o do estudante é mínima,
ambos ensinam e aprendem, sob a coordenação do professor formador.

Unidade IV: Como ensinar História

Lição 16: As aulas de história

1. Descreve os factores que o professor deve tomar em consideração ao


planificar.

Ao planificar o professor deve ter em factores como: A correlação com o


currículo e o programa da disciplina; Utilizar acontecimentos do passado
adaptáveis às condições e possibilidades intelectuais do aluno; O ambiente
específico em que o aluno está inserido para o poder iniciar no conhecimento
histórico.

2. Mencione os aspectos a tomar em consideração ao preparar uma aula


de História.

Os aspectos a tomar em consideração ao preparar uma aula de História são: O


objectivo que se pretende atingir através dos conteúdos científicos de história,
A relação entre a estrutura didáctica da aula e o conjunto das atitudes em que
o professor deve jogar para dinamizar e dirigir o processo de
ensino/aprendizagem; Descriminações dos comportamentos sócio-afectivos do
professor que estimulam os alunos a garantem a eficácia do processo de
ensino/aprendizagem; Papeis que o professor deve desempenhar no processo
de ensino/aprendizagem; Controle e avaliação do processo
ensino/aprendizagem.

3. Sobre o desenvolvimento do assunto, seleccione os aspectos que lhe


permitem centrar a aula no aluno.

Os aspectos que permitem centrar a aula no aluno são: Interrogação;


perguntas de estimulação; perguntas fechadas ou abertas; direccionar as
perguntas; exploração da resposta dos alunos; reformulação das respostas dos
alunos; estimular a participação dos alunos; ser sensível às reacções dos
alunos; dinamizar e orientar a actividade do aluno; controlar e avaliar a
actividade dos alunos e; usar o manual, o mapa, as cronologias, os
documentos, os gráficos.

Lição 17: Organização e preparação das aulas de história: etapas da


organização do ensino e da aprendizagem numa orientação construtivista

1. Refira-se aos elementos que devemos ter em consideração ao


prepararmos as nossas aulas.

Mobilização dos conhecimentos prévios dos alunos; Contracto Didáctico;


Preparação do plano de trabalho; Realização do trabalho; Organização dos
dados recolhidos; Divulgação dos novos saberes.

2. A partir do tema – o tráfico de escravos em Moçambique – elabore um


contrato didáctico para esta aula.

Escolha do problema ou da situação: o tráfico de escravos em Moçambique

Negociação da forma de organização: grupos de 2 alunos.

Negociação dos objectivos (coloque você objectivos gerais e específicos).

Identificação dos recursos: Manual do aluno.

Calendarização: 1 semana.

Negociação dos critérios de avaliação: a nota será atribuída pelo desempenho


de cada membro do grupo.
Lição 18: Organização e preparação das aulas de história: a
aprendizagem cooperativa

1. Mencione os benefícios da aprendizagem cooperativa.

Melhoria das aprendizagens na escola; Melhoria das relações interpessoais;


Melhoria da auto-estima; Melhoria das competências no pensamento crítico;
Maior capacidade em aceitar as perspectivas dos outros; Maior motivação
intrínseca; Maior número de atitudes positivas para com as disciplinas
estudadas, a escola, professores e colegas; Menos problemas disciplinares,
dado existirem mais tentativas de resolver os problemas de conflitos pessoais;
Aquisição das competências necessárias para trabalhar com os outros; Menos
tendência para faltar à escola.

2. Refira-se aos aspectos que caracterizam a aprendizagem cooperativa.

Os aspectos que caracterizam a aprendizagem cooperativa são a


interdependência positiva; a interacção face-a-face; o uso apropriado de skills
interpessoais e de pequeno grupo; a avaliação individual/responsabilidade
pessoal pela aprendizagem e; a avaliação do processo do trabalho de grupo.

3. A sua escola, caracterize dois aspectos da aprendizagem cooperativa.

Faça a sua escolha e caracterize.

4. Que procedimentos o professor deve seguir para facilitar a avaliação


individual e a responsabilização pessoal a destacar.

Para facilitar a avaliação individual e a responsabilização pessoal a destacar é


necessário formar grupos pequenos; haver testes individuais; colocar questões
orais ou pedir, ao acaso, a demonstração de certas competências a elementos
do grupo; observar sistematicamente o trabalho dos grupos; existir, no grupo, o
papel de verificador da aprendizagem, o qual deve fazer perguntas para que
cada membro mostre se de facto compreendeu, se é capaz de explicar as
respostas, conclusões do grupo; os estudantes ensinarem uns aos outros o
que aprenderam, fazerem o que se designa por explicação simultânea.
5. Descreve as tipologias de skills.

Skills de formação consiste em movimentar-se nos grupos sem barulho


injustificado e sem aborrecer os outros; permanecer no grupo; falar em voz
baixa; encorajar cada um a participar.

Skills de funcionamento consiste em expressar apoio e aceitação pelas


ideias dos outros, verbalmente ou por gestos; solicitar auxílio ou clarificação
sobre o trabalho do grupo; oferecer-se para explicar; dar sugestões para
acabar mais depressa o trabalho.

Skills de formulação consiste em sumariar em voz alta o que se leu; procurar


estratégias inteligentes para lembrar factos ou ideias importantes.

Skills de estímulo consiste em gerar perguntas a partir de respostas; integrar


várias ideias numa única posição; perceber que quando há desacordo entre o
grupo se aprende.

Você também pode gostar