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CONSTITUIÇÃO DA PSICOLOGIA

COMO CIÊNCIA.

VALBER SAMPAIO.

BELÉM – PA
2022.1
PRINCÍPIOS BÁSICOS
 Psyqué = alma.
 Logos = ligado à razão.
 A alma era considerado como ponto chave
para pensar o campo da racionalidade,
sobretudo devido à ligação com a virtude
(Platão) e Deus.
 A alma seria responsável pelo pensamento,
sentimento, emoções, desejos, percepções.
 A alma, então, se encontraria na cabeça.
 A medula é o elo entre corpo e alma.
PRIMÓRDIOS

 Johannes Gutenberg (1450) – prensa tipográfica.


 Andreas Vesaluis (1543) – Livro de Anatomia.
 Galileu Galilei (1609) – Telescópio / Apoiou
Copérnico na crítica ao Geocentrismo.
 Antoni van Leewendhoek – microscópio e lentes
mais potentes para telescópio.
 Willian Harvey – coração como “bomba” do
sangue no corpo.
RÉNE DESCARTES – SÉC. XV E XVI

 Influência da escola de tradições escolásticas (sabedoria advinda da


autoridade da igreja, no uso rigoroso do campo da razão);
 Filho de um influente advogado, tinha alguns privilégios na escola, mesmo
aos 13 anos.
 Tinha um desejo pautado na convicção da “união do conhecimento” de
diversas áreas com base nas exatas.
 Racionalista (o caminho para a capacidade humana estava na verdade) –
“discurso sobre o método”
 Considerado por muitos/as autores/as como o primeiro dualista no
campo científico: mente (ou espírito) e corpo. Assim como, pioneiro da
Psicologia e Fisiologia.
 Corpos = ocupam espaço e movem-se através dele.
 Mente = Capacidade humana de raciocínio.
 Separa os seres humanos dos animais (máquinas incapazes de falar –
campo do raciocínio, portanto desprovidos de mente).
 Em “As paixões da Alma” tentou explicar o que chamamos hoje como
reflexos (reação automática de estímulo-reação).
CORRENTES EMPIRISTAS

 Corrente que se baseia na ideia de que nosso conhecimento de mundo é


construída na relação e experiências com o mesmo.
 Associações de ideias – associacionismo.
 Logo, “a experiência (relação com outros) cria o conhecimento e como
as regras de associação funcionam para organizar esse conhecimento”
(GOODWIN, 2012).
 Tem como fortes candidatos à precursores: John Locke, Francis Bacon e
Thomas Hobbes.
JOHN LOCKE

 Professor de Oxford, formação em medicina, filósofo e político


 Viveu algumas conjunturas, como: guerra civil inglesa, execução de um rei,
mudanças de territórios, exílio na Holanda por conta de aliança política, etc.
 Desenvolveu teorias na perspectiva de tolerância às dissensões, garantindo
a lógica de decisão da gestão da vida privadas dos sujeitos em sociedade.
 Apoiou a teoria hobbesiana acerca do contrato social (o governo deveria
comprometer-se em governar com sabedoria e proteção aos direitos; e
caso não assim cumprisse deveria ser interditado pelo seu povo e ser
substituído)
 Locke considerou a rejeição as ideias inatas.
 Para o autor, sem experiências não há conclusão (viver inúmeras
experiências extensivas em nossas vidas) de ideias.
 Ele alegou que antes mesmo das crianças experimentarem o campo da
linguagem já havia um grande números de experiências que beneficiavam
a lógica racional/ideias.
 Logo, adoto o que Aristóteles versou acerca do ser humano enquanto
uma tábua de cera, ao nascer.
 Argumentos que influenciaram fortemente o Behaviorismo.
 Para Locke, todas as ideias que temos derivam de dois
processos: a sensação e a reflexão.
A sensação refere-se a todas as informações apreendidas
do ambiente por nossos sentidos, e a reflexão refere-se
às atividades mentais exigidas ao processamento das
informações provenientes tanto dos sentidos quanto da
memória (GOODWIN, 2012, p. 56).
 IDEIAS SIMPLES = resultado de experiências de qualidade sensoriais
básicas, e de reflexões simples, como sentir calor, identificar uma cor e
realizar uma reflexão sobre isso.
 IDEIAS COMPLEXAS = combinações de ideias simples ou diversos
tipos de ideias complexas. Como tomar uma bebida fria em um dia
quente.
BERKELEY

 Nascido na Irlanda, estudou em Dublin, foi diácono da igreja anglicana.


 Foi importante para a Psicologia na teorização de um aspecto humano:
análise dos processos sensoriais.
 Partiu do suicídio de um estudante, ao qual presenciou.
 Era no campo das sensações desse enforcamento que ele iniciou seu
interesse pela temática.
 Iniciou as atividades acerca da percepção humana, em um momento que já
haviam diversos tipos de tecnologias como telescópios e microscópios.
 Analisava nossas percepções à distância frente a logica do tamanho e
local com o qual os objetos eram colocados.
DAVID HUME
 Nasceu na Escócia e entrou na universidade com 12 anos.
 Como um bom empirista, teorizou seu sistema de acúmulo de conhecimento pela via de
experiências.
 Absorveu toda a teoria de Locke acerca das ideias simples e complexas.
 Tentou descobrir elementos básicos da mente, como na física.
 Teorizou acerca das impressões humanas = sensações básicas, dados não processados
da experiência humana. Ex.: Sentir prazer em algo, identificar a cor de uma camisa, provar
uma fruta doce.
 Ideias = “cópias vagas” das impressões; as ideias não são vividas. Alguém falar perto de
você a palavra “trevo de quatro folhas”. Deduziremos: trevo = planta = verde + quatro
folhas. São associações simples “não vividas”.
DAVID HARTLEY

 Nasceu na Inglaterra; estudou em Cambridge e se preparou para ser


ministro religioso.
 Acabou exercendo a medicina e fundou o associacionismo britânico.
 Foi considerado por muitos/as como o segundo grande dualista, quando
abre um de seus livros, em 1971, com a frase “o ser humano consiste em
duas partes: corpo e mente”.
JAMES MILL

 Empirismo posto em prática com seu próprio filho


 Seu filho nunca foi a escola, mas aos 12 anos já possuía a capacidade
educacional de um aluno das universidades da época.
 Aprendeu Grego aos 3 anos, latim aos 8, e, aos 10 anos havia lido a maioria
dos textos clássicos dos gregos e romanos como “Os diálogos de Platão”.
Também dominava álgebra e geometria.
 James Mill era o instrutor do filho, adotando a autonomia como fonte do
conhecimento. Ou seja, fazia com que o jovem estudasse sozinho e
apresentasse resumos para o pai no dia seguinte.
JOHN STUART MILL

 Sempre foi citado pelo pai como exemplo de garoto prodígio;


 O jovem Mill não tinha sociabilidade com outras pessoas, tendo como
referência apenas o pai.
 Aos 15 anos se tornou um ativista de políticas sociais.
 Iniciou suas atividades profissionais como atendente, aos 17 anos.
Chegou ao cargo de executivo anos mais tarde.
 Aos 20 anos, Mill teve o que chamou de uma “crise mental” ou
“embotamento nervoso”
“Suponha que todos os seus objetivos de vida se tenham concretizado; que
todas suas mudanças que você tenha deseja nas instituições e nas opiniões se
realizarão neste exato momento: isso seria para você uma grande felicidade?
E uma autoconsciência irreprimível responde claramente: não! Com isso, meu
coração afundou dentro de mim. Toda a base que minha vida construiu ruiu. Era
como se eu não tivesse nada por que viver” (MILL, p. 112).
 Era empirista, logo, contribuiu com isso tematizando questões sobre a
educação.
 Teceu críticas ao sistema educacional inglês da época.
 Pensa na experiência como fonte da aprendizagem, defendendo a
universalização da educação.
 Casou-se com Harriet Taylor
 Após seu falecimento, desenvolveu continuidade nos seus estudos com a
enteada Helen Taylor, sobretudo do famoso livro:“A sujeição feminina”.
GOTTFRIED WILHELM LEIBNIZ

 Tinha interesse abrangentes, como: política, matemática, engenharia, alquimia e


filosofia.
 Grande seguidor de Locke, concordava na totalidade com o fato das
experiências serem essenciais na construção do conhecimento.
 Discordava da ideia aristotélica, onde o filósofo considerava o ser humano
como uma tabua rasa.
 Fazia comparação ao mármore: “Um escultor pode pegar o mármore e fazer
deste inúmeras formas, mas da forma como os vemos existe um limite no
número de formas possíveis” (GOODWIN, 2012, p. 72).
 Ou seja, a mente se constitui por propriedades que podem limitar as formas e
efeitos das experiências.
A FORMAÇÃO ALEMÃ

 Entre 1820 e 1920, a Alemanha foi considerada um dos


principais polos para universitários do mundo, sobretudo aos
norte-americanos (SAHAKIAN, 1975).
 Liberdade de ensino.
 Autonomia acadêmica.
 Ernst Weber: professor de anatomia – estudos sobre
sensações visuais e auditivas, e, sobretudo, a análise do tato /
“sentido muscular”.
 Gustav Fechner: fisiólogo, com interesses pelo “sentido
muscular” / “fenômeno da persistência visual” / teve depressão
e problemas somáticos / iniciou estudos acerca do que chamou
de “psicofísica”, fazendo uma relação entre mente e corpo.
WILHELM WUNDT

 Nunca teve um desempenho satisfatório na infância e juventude.


 Entrou na universidade por meio de contatos dos pais.
 Com o desenvolvimento da fisiologia e neurologia, muitos laboratórios estavam
se estruturando.
 Wundt utiliza o termo “Psicologia fisiológica” para caracterizar que a Psicologia
seria uma área científica.
 Wundt tinha o laboratório mais bem equipado da Alemanha, tendo uma ótima
reputação como orientador.
 Foi Professor em Leipzig, recebendo número grande de norte-americanos.
 Teve ambição pelo afastamento da Psicologia das demais áreas, como a Filosofia.
 Considerado o fundador da Psicologia “experimental”, fundou o primeiro laboratório de
Psicologia, demarcando um novo domínio na ciência.
 Seus primeiros estudos foi analisar os papéis desempenhados por diversos nervos
cranianos na respiração.
 Wundt também trabalho com a sensibilidade tátil em pacientes histéricos.
 Estudou o tempo de reação (emprego do uso do termo “fisiológico” de para diversos
estímulos.
 Desenvolveu a concepção do paralelismo psicofísico, que defendia que aos fenômenos
mentais correspondiam fenômenos orgânicos.
ESTUDO DAS EXPERIÊNCIAS IMEDIATAS

 Se, do lado de dentro de uma casa, observarmos um


termômetro (instrumento) que apresente a temperatura de 15º
C você não estará sentindo frio. Estará realizando uma possível
“experimentação” por meio mediado.
 No entanto, se formos para fora da casa, estaremos
experimentando o frio de forma direta, de forma consciente
imediata.
ESTUDOS DOS PROCESSOS MENTAIS SUPERIORES

 Seu interesse era pelas diversas forma de aprendizagem,


raciocino, linguagem (psicolinguística) e os efeitos de cultura no
indivíduo.
 Afirmava que alguns aspectos, por estarem muito enraizados
nos sujeitos, não poderiam ser controlados em laboratórios.
 Analisou o “tempo de reação” dos sujeitos: cronometria mental.
A PSICOLOGIA NORTE-AMERICANA

 Thomas Upham é apontado como o primeiro escritor de um


livro norte americano de Psicologia em 1827, com o qual teve
seu nome descrito como “elementos da filosofia intelectual”.
RECORTES DE GÊNERO E RAÇA

 As mulheres que desejavam realizar a graduação deparavam-se com


um sistema denominado “a esfera da mulher” (um grupo de
conceitos em torno da mulher que giravam em torno da ideia da
mulher enquanto esposa e mãe).
 Um dos professores de medicina de Harvard chegou a estimular as
mulheres a deixarem a faculdade quando atingissem a puberdade,
utilizando-se do discurso de que quando chegavam neste momento
da vida existia um excesso de atividade mental que poderia retardar
seus órgãos reprodutores (SCARBOROUGH; FURUMOTO, 1987).
MARY WHITON CALKINS

 Tinha um pai que apoiava as viagens da filha


para a Europa, considerando a educação
desta.
 Demonstrou interesse por lecionar filosofia,
impressionando seus superiores.
 Ganhou a oportunidade de criar um curso
de Psicologia nos moldes da filosofia.
 Trabalhou em pesquisa experimental de
associações (cores e números).
RECORTES DE GÊNERO E RAÇA

 A população norte-americana limitavam ainda mais o acesso às


universidades para descendentes de africanos/as.
 Mesmos os que conseguiam acesso à academia, certamente teriam
pouco acesso ao mercado de trabalho.
 Normalmente, retornavam para a academia que concentrava a
população negra, o que já configurava um processo segregatório.
 Nestes espaços, o que se encontrava eram diferenças absurdas de
acesso à pesquisas e laboratórios sucateados, comparados aos
demais. Assim como teriam uma carga horária mais extensa e com
reconhecimento financeiro inferior frente as demais.
FRANCIS SUMMER

 Nasceu em Arkansas.
 Recebia aula do pai, pois o mesmo não confiava nos
investimentos às escolas segregadas de Virginia.
 Se formou em 1915.
 Estudou o que foi chamado, na época, de Psicologia
das raças.
 Summer recebeu seu título de PhD em 1920,
tornando-se o primeiro norte-americano negro a
ter esse título.
 Ele realizou uma pesquisa crítica acerca da
Psicanálise Freudiana e Adleriana
WILLIAN JAMES E O FUNCIONALISMO
 Não fundou uma “escola” de Psicologia, não fez pesquisas
importantes e não deixou atrás de si em grupo de alunos
dedicados.
 Criado em uma família com qual o pai herdou finanças suficiente
para não trabalhar e dedicar-se ao desenvolvimento dos/as filhos/as.
 Não frequentou a escola formal até os 10 anos.
 Antes dos 21 já havia ido à Europa 3 vezes, dominando algumas
línguas.
WILLIAN JAMES

 Se casa aos 36 anos, e, durante sua lua de mel inicia os escritos denominados
“Princípios da Psicologia”, que ganhou fama em Harvard.
 A via de estudo da saúde mental seria pela introspecção (auto observação
cuidadosa); esse processo, então, depende da memória.
 Consciência: se opunha à abordagem de “consciência cortada em pedaços”
(JAMES, 1890, p. 239).
 Hábitos.
 Questionou a teoria das emoções (percepção-emoção-comportamento/reação =
experiência subjetiva da emoção).
 Ex.: coração dispara, antes do medo - “teorias das emoções de James-Lange”.
T. B. TITCHENER E O ESTRUTURALISMO

 Jovem professor nos Estados Unidos, que possuiu fama pelas teorias
bem definidas acerca da Psicologia Experimental, ao qual intitulou de
“Psicologia Estrutural”.
 Comparava “sua” Psicologia à anatomia, ao qual seu objetivo seria a
análise do corpo com base das estruturas que o compõem. A
Psicologia estrutural deveria analisar a mente humana com base
unidades elementares.
 Agiu rápido no campo das pesquisas, expandindo o laboratório e
produzindo junto aos seus alunos mais de 60 artigos em pouco
tempo.
T. B. TITCHENER E O ESTRUTURALISMO

 Foi membro fundador da Associação Americana de Psicologia;


 Fez experimentos com parâmetros de análise dos elementos
dos sentidos (como olfatômetro e aparelhos de métrica de
reações).
 Sensação e percepção predominavam as pesquisas.
 Meios introspectivos de descrição pela via da memória.
A PSICOLOGIA NORTE-AMERICANA E O FUNCIONALISMO

 Com o efeito da reconstrução social, diante do pós-guerra, com


construção de ferrovias, inovações tecnológicas, (telefone,
máquina de datilografia, etc), industrialização, dentre outros/as.
 Operários iniciaram diversas construções diante de larga carga
horária e condições precárias de trabalho, por salários ínfimos.
EDWARD THORNDIKE

 Pai era ministro da igreja metodista; logo, a família tinha


mudanças constantes.Thorndike era tímido.
 Diplomou-se com louvor em 1895.
 Encontrou vocação em seus estudos ao ler “Princípios da
Psicologia”, de Willian James.
 Contribuições para a educação e testagem psicológica
 Teve contribuições diretas ao behaviorismo, diante das
atividades de condicionamento.
EDWARD THORDIKE

 Contribuiu também com o funcionalismo, a medida em que tinha interesse em estudos


analíticos acerca da adaptação de indivíduos ao ambiente e como esse conhecimento
poderia ser aplicado à melhoria da condição humana.
 Estudou inicialmente instinto e inteligência em pintos, através de formação de labirintos
com livros colocados em pé.
EDWARD THORNDIKE

 Posteriormente iniciou
trabalhos com gatos (parecidos
com os do Pavlov),
prescrevendo atividades
comportamentais.
 Aprendizagem por
“tentativa/ensaio e erro”.
 Lei do efeito e lei do exercício -
associacionismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 GOODMAN, C. J. História da Psicologia Moderna. São


Paulo: Cultrix, 2012.

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