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Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


0000647-80.2022.5.10.0111
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Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 02/06/2022


Valor da causa: R$ 49.937,42

Partes:
RECLAMANTE: JAQUELINE DA SILVA
ADVOGADO: JOSE EVANDRO PEREIRA DA SILVA
ADVOGADO: MARCO ANTONIO ALVES DE OLIVEIRA
RECLAMADO: REIS & SILVA SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA

ADVOGADO: GERALDO RAFAEL DA SILVA JUNIOR


RECLAMADO: EGTM COMERCIO VAREJISTA ALIM LTDA
ADVOGADO: GERALDO RAFAEL DA SILVA JUNIOR
RECLAMADO: MGS COMERCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA
ADVOGADO: GERALDO RAFAEL DA SILVA JUNIOR
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VARA DO TRABALHO DO GAMA - DF

TERMO DE AUDIÊNCIA RELATIVO AO PROCESSO 0000647-80.2022.5.10.0111

Em 18 de agosto de 2022, na sala de sessões da VARA DO TRABALHO DO


GAMA - DF/DF, sob a direção do Exmo(a). Juiz ALCIR KENUPP CUNHA, realizou-se
audiência relativa a Ação Trabalhista - Rito Ordinário número 0000647-
80.2022.5.10.0111 ajuizada por JAQUELINE DA SILVA em face de REIS & SILVA
SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA.

Às 14h18min, aberta a audiência, foram, de ordem do Exmo(a). Juiz do


Trabalho, apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). JACKELINE


TELES LEMOS, OAB nº 70159/DF, prazo de 5 dias para substabelecimento.

Presente o preposto dos reclamados REIS & SILVA SERVICOS


ADMINISTRATIVOS LTDA, EGTM COMERCIO VAREJISTA ALIM LTDA e MGS COMERCIO
VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA, Sr(a). Marcos Antonio Pereira Leite, CPF 003.165.421-
56, acompanhado(a) do(a) advogado(a), Dr(a). GERALDO RAFAEL DA SILVA JUNIOR,
OAB nº 19305/DF.

Esta ata tem força de certidão de comparecimento para as partes e


testemunhas presentes.

CONCILIAÇÃO REJEITADA.

Defesa escrita, com documentos.

Vista ao reclamante por 5 dias (CPC, art. 372), a contar de 19/08/2022.

Depoimento pessoal do(a) reclamante: “que foi contratada como


operadora de caixa, mas também realizava o trabalho de reposição de mercadorias e
limpeza; que não Total haviam 4 repositores no mercado e três caixas pela manhã e
três caixas à tarde; que foi obrigada a pedir demissão; que foi coagida em razão de
uma falsa acusação de furto; que faria parte de uma quadrilha; afirma que já havia
uma acusação anterior e tomou conhecimento de que foram dois funcionários que
haviam sido designados para tomar conta da reclamante, em razão do
desaparecimento de duas tintas; que posteriormente essas duas tintas foram
localizadas, uma vez que havia sido um cliente que havia levado os produtos; que no
dia foi coagida pelo gerente supervisor e o fiscal que forçaram, que pedisse

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demissão; a autora informa que solicitou que fosse chamada a polícia, para que
houvesse esclarecimento dos fatos, uma vez que acusação era falsa; mas a empresa
não chamou a polícia e a autora disse que ia assinar a demissão; mas que buscaria
seus direitos na justiça; Que a revista da mochila ocorria na saída do trabalho e
ocorria com todos os funcionários; que tinha que mostrar o interior da mochila e o
da bolsa para o gerente ou segurança." Nada mais.

Depoimento pessoal do preposto do(s) reclamado(s)(s): “que a autora


trabalhava como operadora de caixa; que os operadores de caixa não fazem trabalho
de reposição; que não sabe o motivo porque a autora saiu da reclamada; que os
trabalhos em feriados há concessão de folga ou pagamento das horas respectivas;
que a reclamada fornece cesta básica; todo o dia 15 do mês.” Nada mais.

Primeira testemunha do reclamante: André Henrique Gonçalves dos


Santos. Advertida e compromissada. Depoimento: "“que trabalhou para reclamada
de 21 de fevereiro de 2021 até 19 de março de 2022, como açougueiro; que foi
chamado pelo Senhor Pedro e Sr. Rafael para conversar juntamente com outros dois
colegas do açougue e autora; e todos foram acusados que estavam passando carne
mais barata, para clientes e outros funcionários; que estariam recebendo pix; que as
alegações eram falsas; que não ocorreu o que foi alegado; que não foram
apresentadas as provas das alegações, mas foram coagidos a assinar o pedido de
demissão; que recebia cesta básica; que a função da autora era operar caixa;
questionado se ela tinha alguma outra atividade, respondeu que a função dela era
operar Caixa; que trabalhava em feriados; que havia pagamento de um valor
simbólico; que não havia concessão de folga; que não recebia ticket alimentação; que
já viu outros operadores de caixa exercendo função que não era de operador de
CAIXA, como limpeza e reposição; que a dona Jaqueline fazia essas atividades; então
quantas vezes que às vezes a via por 2 ou 3 vezes, fazendo isso por semana; que
onde trabalhava para ver ela trabalha onde eu trabalhava dava para ver o que ela
tava fazendo; que via a autora fazendo reposição de cereais e fazendo limpeza; que
via a autora fazendo essas atividades no horário de sua entrada meio-dia, quando a
loja estava com pouco movimento; que não sabe dizer como a autora fazia para
deixar o caixa com dinheiro e fazer as outras atividades; que não sabe dizer quanto
tempo a autora levava fazendo as atividades de reposição e de limpeza; pois não
ficava tomando conta da autora; que fez essas atividades durante todo o período em
que trabalhou junto com a autora; quanto ao pedido de demissão havia uma folha,
com o que deveria ser escrito e a folha a ser preenchida; que isso também ocorreu
com a autora; que os funcionários, por ocasião do pedido de demissão, foram
chamados individualmente, não em conjunto; que não sabe se o procedimento para
o pedido de demissão da autora foi idêntico ao que acabou de relatar, acredita que
foi .”Nada mais.

Segunda testemunha do reclamante: Gisleia de Jesus Magalhães. Advertida


e compromissada. Depoimento: "Testemunha contraditada ao fundamento de que
possui amizade íntima interesse na causa. Questionada, a testemunha respondeu
que conheceu a autora quando foi transferida para trabalhar na mesma loja, que
não frequenta a sua residência, que não se considera amiga da reclamante e não
tem interesse de que ela vença. Sem outras provas. Rejeito a contradita. Protestos da

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reclamada. Testemunha advertida e compromissada. “ que trabalhou para


reclamada de dezembro de 2020 até outubro de 2021; que depois de cerca de 8
meses de trabalho em outra unidade, foi transferida para a mesma loja em que
trabalhava a reclamante; que operadores de caixa era 4 no turno da manhã e quatro
no turno da tarde; que não se lembra a quantidade de repositores da loja; que além
das atividades de operar caixa também faziam trabalho de reposição, lavar
banheiros, varrer a frente da loja e atuar no setor de fatiados; que isso ocorria pela
manhã e à tarde; que o caixa não era fechado; que ficava aberto, uma vez que não
eram todos os caixas que iam para essas atividades; que eram 1 ou 2 caixas; que saiu
do caixa para realizar essas atividades cerca de 3 vezes por semana; que o mesmo
ocorria com as demais operadoras; que não havia fornecimento de ticket
alimentação ou de alimentação; que havia fornecimento de cesta básica; que nunca
presenciou qualquer superior acusar a autora de qualquer tipo de ato ilícito; que
todos os dias tinha que mostrar o conteúdo da mochila na saída da do mercado; que
quem verificava era feita pelo subgerente; quando havia trabalho em feriados era
concedida a uma folga compensatória; que havia uma faxineira que trabalhava o dia
todo até às 17 horas; questionada sobre a necessidade de funcionários para limpeza
do banheiro; que era dois banheiros na loja, respondeu que fizeram essa atividade
nas férias da faxineira; que durou 30 dias; que havia repositores, só não sabe a
quantidade; que diariamente as operadoras auxiliavam os repositores; que esse
trabalho de reposição levava até 2 horas, especialmente quando não havia clientes
na loja; que esse tempo era necessário tanto pela manhã, quanto no período da
tarde; que a autora também fez o trabalho de reposição; que do açougue não é
possível ver o trabalho de reposição de mercadorias.” Nada mais.

As partes declaram que não têm outras provas a produzir, pelo que
declaro encerrada a instrução processual.

Razões finais remissivas.

Rejeitada a segunda tentativa de conciliação.

Façam os autos conclusos para julgamento.

As partes serão intimadas da sentença.

Audiência encerrada às 15h09min.

Nada mais.

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ALCIR KENUPP CUNHA

Juiz do Trabalho

Ata redigida por Kátia Rodrigues Carneiro, Secretário(a) de Audiência.

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https://pje.trt10.jus.br/pjekz/validacao/22081817340404300000031911942?instancia=1
Número do processo: 0000647-80.2022.5.10.0111
Número do documento: 22081817340404300000031911942
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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10A REGIAO
VARA DO TRABALHO DO GAMA - DF
ATOrd 0000647-80.2022.5.10.0111
RECLAMANTE: JAQUELINE DA SILVA
RECLAMADO: REIS & SILVA SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA E OUTROS
(3)

SENTENÇA

I – RELATÓRIO

JAQUELINE DA SILVA propôs a presente reclamação trabalhista em face de REIS & SILVA
SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA, EGTM COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA e
MGS COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA (SUPERMERCADO TAVARES) pelos
fatos, fundamentos e pedidos expostos na petição inicial. Deu à causa o valor de R$
49.937,42. Juntou documentos. 

O Réu, regularmente citado, apresentou defesa com documentos. Conciliação


rejeitada. Reclamante impugnou. Audiência de instrução com depoimento das partes e
oitiva de testemunhas. Conciliação final recusada. Razões finais remissivas. Encerrada a
instrução processual.

II - FUNDAMENTAÇÃO

De início, esclareço que toda indicação referencial a "folhas/fls"


contida nesta sentença estará diretamente relacionada ao arquivo gerado pelo
download integral do processo eletrônico (formato PDF) até este momento processual.

1 – CONTRATO DE TRABALHO

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1.1 – ADMISSÃO

Não há controvérsia: admissão 24/02/2021.

1.2 – FUNÇÃO E REMUNERAÇÃO – ACÚMULO DE FUNÇÃO

Alegações da Autora:

Afirma a reclamante que foi contratada para exercer tão


somente a função de operadora de caixa, no entanto, foi registrada como repositora,
de modo que exercia ambas as funções cumulativa e habitualmente, organizando o
estoque, repondo produtos nas prateleiras, passando compras de clientes e recebendo
pagamentos, porém, sem o percebimento de contraprestação pecuniária para tal.
Existente, pois, o acúmulo de funções, de rigor a condenação da reclamada ao
pagamento de um adicional de 40% (quarenta por cento), da admissão até abril de
2021.

Alegações das Reclamadas:

Afirma que a reclamante foi contratada para exercer a função de


operadora de caixa, tendo laborado exclusivamente nessa atividade durante todo o
contrato de trabalho. Jamais houve o exercício de função diversa para o qual o obreiro
fora contratado, até porque, a empresa dispõe de funcionários específicos para

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laborarem como açougueiros e serviços gerais de carga e descarga, sendo estes


responsáveis pelo açougue e carga e descarga de caminhões respectivamente. Ocorre
que jamais existiu desvio e/ou acúmulo de função, sendo que o obreiro trabalhou
única e exclusivamente na função descrita alhures, exercendo as atribuições que lhe
competia. De pronto tal assertiva lançada na inicial é rechaçada, visto que na empresa
reclamada, tais cargos sempre foram ocupados por pessoas distintas. Ademais, o
desempenho de mais de uma tarefa pelo empregado encontra-se dentro do poder de
atribuir as atividades a serem desempenhadas no emprego do jus variandi. Isto
porque, se eventualmente, a reclamante, nos dias de menor movimento na loja se
dispunha a ajudar em outros setores próximos ao seu, frise-se, dentro de sua jornada
diária, não implica recebimento do referido adicional, muito menos de "plus" salarial,
pois, além de compatíveis com aquelas do cargo ocupado, sempre foram prestadas
dentro de sua jornada de trabalho e respeitadas suas condições pessoais. Não
conseguindo a Obreira demonstrar o pretendido acúmulo/desvio de função de forma
robusta e convincente, imperioso é o julgamento improcedente do pedido de
recebimento de plus salarial e reflexos, eis que referida pretensão não passa de ficção
e afirmações totalmente descabidas, infundadas e falsas. Requer a improcedência do
pedido.

Depoimentos e testemunhas:

Depoimento pessoal da reclamante: “que foi


contratada como operadora de caixa, mas também realizava o trabalho de
reposição de mercadorias e limpeza; que não (no) total haviam 4
repositores no mercado e três caixas pela manhã e três caixas à tarde; (...)

Depoimento pessoal do preposto dos reclamados:


“que a autora trabalhava como operadora de caixa; que os operadores de
caixa não fazem trabalho de reposição; (...)

Primeira testemunha da reclamante: André


Henrique Gonçalves dos Santos. Advertida e compromissada.

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Depoimento: "“que trabalhou para reclamada de 21 de fevereiro de 2021


até 19 de março de 2022, como açougueiro; (...) que a função da autora
era operar caixa; questionado se ela tinha alguma outra atividade,
respondeu que a função dela era operar Caixa; (...) que já viu outros
operadores de caixa exercendo função que não era de operador de CAIXA,
como limpeza e reposição; que a dona Jaqueline fazia essas atividades;
então quantas vezes que às vezes a via por 2 ou 3 vezes, fazendo isso por
semana; que onde trabalhava para ver ela trabalha onde eu trabalhava
dava para ver o que ela tava fazendo; que via a autora fazendo reposição
de cereais e fazendo limpeza; que via a autora fazendo essas atividades no
horário de sua entrada meio-dia, quando a loja estava com pouco
movimento; que não sabe dizer como a autora fazia para deixar o caixa
com dinheiro e fazer as outras atividades; que não sabe dizer quanto
tempo a autora levava fazendo as atividades de reposição e de limpeza;
pois não ficava tomando conta da autora; que fez essas atividades durante
todo o período em que trabalhou junto com a autora; (...)

Segunda testemunha da reclamante: Gisleia de


Jesus Magalhães. Advertida e compromissada. Depoimento: “que
trabalhou para reclamada de dezembro de 2020 até outubro de 2021; que
depois de cerca de 8 meses de trabalho em outra unidade, foi transferida
para a mesma loja em que trabalhava a reclamante; que operadores de
caixa era 4 no turno da manhã e quatro no turno da tarde; que não se
lembra a quantidade de repositores da loja; que além das atividades de
operar caixa também faziam trabalho de reposição, lavar banheiros, varrer
a frente da loja e atuar no setor de fatiados; que isso ocorria pela manhã e
à tarde; que o caixa não era fechado; que ficava aberto, uma vez que não
eram todos os caixas que iam para essas atividades; que eram 1 ou 2
caixas; que saiu do caixa para realizar essas atividades cerca de 3 vezes
por semana; que o mesmo ocorria com as demais operadoras; (...) que
havia uma faxineira que trabalhava o dia todo até às 17 horas;
questionada sobre a necessidade de funcionários para limpeza do
banheiro; que era dois banheiros na loja, respondeu que fizeram essa
atividade nas férias da faxineira; que durou 30 dias; que havia repositores,
só não sabe a quantidade; que diariamente as operadoras auxiliavam os
repositores; que esse trabalho de reposição levava até 2 horas,
especialmente quando não havia clientes na loja; que esse tempo era

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necessário tanto pela manhã, quanto no período da tarde; que a autora


também fez o trabalho de reposição; que do açougue não é possível ver o
trabalho de reposição de mercadorias.

As testemunhas da Autora foram contraditórias e não


convenceram o Juízo. A primeira testemunha afirmou que “não ficava tomando conta
da autora” e que de onde trabalhava (Açougue) conseguia ver a autora trabalhando,
sendo desmentido pela segunda testemunha, que afirmou que isso não é possível. Os
depoimentos não convenceram. Improcedente.

1.3 – TÉRMINO DO VÍNCULO – REVERSÃO DE PEDIDO DE


DEMISSÃO PARA SEM JUSTA CAUSA

Alegações da Autora:

Aponta a Reclamante que, no dia 19/03/2022, foi acusada de


passar certa quantidade de carne abaixo do preço correto em conluio com o
açougueiro André, quem foi demitido por justa causa pelo mesmo fato, no entanto,
sem quaisquer provas de que o fato realmente era verdadeiro. Em verdade, as
acusações foram embasadas unicamente na palavra do referido funcionário que, assim
como a obreira, foi compelido a “confessar” a culpa por um fato que nunca existiu.
Naquele dia, a reclamante foi mais uma vez acusada de furto e humilhada pelos
superiores que exigiram que ela pedisse demissão, caso contrário, “sairia do
estabelecimento algemada”. Por esse motivo, a reclamante redigiu sua carta de
demissão e deixou o estabelecimento, sem, contudo, assinar o TRCT. Ressalta-se que
em 28/03/2022 a reclamante percebeu o valor de R$951,40 a título de verbas
rescisórias. Ante o exposto, é medida que se impõe a declaração de invalidade do
pedido de demissão, tendo em vista a coação sofrida pela reclamante, bem como o
reconhecimento da demissão sem justa causa, ante a ausência de provas de que a
reclamante cometeu qualquer ato que justificasse a demissão, a fim de que a
reclamada proceda com a devida baixa na CTPS da autora, bem como faça a liberação
das guias para saque de FGTS e gozo do seguro desemprego e o integral pagamento

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das verbas rescisórias devidas diante da rescisão contratual pelo empregador. Ante o
exposto, configurada a demissão sem justa causa, deve a reclamada ser condenada ao
pagamento das seguintes verbas e obrigações de fazer, considerando como data da
rescisão o dia 19/04/2022, ante a projeção do aviso prévio: Saldo de salário (19 dias);
Aviso prévio indenizado (33 dias); 13° proporcional (4/12 avos), ante a projeção do aviso
prévio; Férias integrais, acrescidas do terço constitucional, referente ao período
aquisitivo 2021/2022; Férias proporcionais (2/12 avos), acrescidas do terço
constitucional, ante a projeção do aviso prévio; Regularização dos depósitos fundiários
durante todo o período laborado, ante a projeção de aviso prévio; Multa fundiária de
40% (quarenta por cento) sobre saldo atualizado da conta do FGTS, regularizado;
Liberação de guias para saque de FGTS e gozo do seguro desemprego, mediante a
entrega do instrumento apto à movimentação da conta, acompanhado de chave de
conectividade social (art. 20 da Lei 8.036/90), sob pena de convolação da obrigação de
fazer em de pagar; Baixa do vínculo na CTPS; Multas dos artigos 467 e 477 da CLT.

Alegações das Reclamadas:

A reclamante foi contratada em 24/02/2021 e laborou na função


de operadora de caixa, mediante salário de R$1.166,55, cumprindo jornada diária das
13h00min às 22h00min, com 2h de intervalo intrajornada e uma folga semanal, sendo
garantido pelo menos um domingo, sendo o contrato extinto pela reclamante em 19
/03 /2022, sem cumprimento do aviso prévio, conforme documento em anexo,
assinado de forma livre e consciente pela obreira. Cumpre ressaltar, que a obreira
formulou o pedido de demissão de forma livre e consciente, não tendo assinado
nenhum documento fabricado pela reclamada, conforme se verifica pelo termo de
demissão ora apresentado, além do que, não houve ameaça, muito menos elaboração
de documento ditado pelo gerente da reclamada. Assim, em razão da ruptura do
contrato, a empresa pagou no ato da rescisão, saldo de salário 19 dias no valor de
(R$714,98), , férias proporcionais 01/12 no valor de R$125,29, terço constitucional de
férias R$ 542,94, férias vencidas período aquisitivo 24/02/2021 à 23/02/2022 12/12 no
valor de R$ 1.503,52, 13º salário proporcional 3/12 no valor de R$375,88, gratificações
R$ 107,25, inseridas as deduções de previdência social (R$187,63), aviso prévio não
cumprido R$1.166,55, faltas injustificadas R$ 38,89, adiantamento salarial R$1.000,00,
previdência social 13º salário R$33,15, resta informar que a reclamante recebeu no ato
da rescisão o valor líquido de R$948,60, que deverá ser considerado por todos os
efeitos de cálculos. Indevido a entrega das guias para habilitação do seguro
desemprego e saque do FGTS e o respectivo depósito de 40%, pois a ruptura foi de

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iniciativa do reclamante. O valor devido a título de remuneração e que servirá de base


para o cálculo das verbas rescisórias é a quantia de R$1.166,55. Assim, requer seja
reconhecido o contrato de trabalho e o TRCT como indicado alhures, mantendo-se a
demissão a pedido do obreiro e a quitação das verbas rescisórias.

Depoimentos e testemunhas:

Depoimento pessoal da reclamante: (...) que foi


obrigada a pedir demissão; que foi coagida em razão de uma falsa
acusação de furto; que faria parte de uma quadrilha; afirma que já havia
uma acusação anterior e tomou conhecimento de que foram dois
funcionários que haviam sido designados para tomar conta da reclamante,
em razão do desaparecimento de duas tintas; que posteriormente essas
duas tintas foram localizadas, uma vez que havia sido um cliente que havia
levado os produtos; que no dia foi coagida pelo gerente supervisor e o
fiscal que forçaram, que pedisse demissão; a autora informa que solicitou
que fosse chamada a polícia, para que houvesse esclarecimento dos fatos,
uma vez que acusação era falsa; mas a empresa não chamou a polícia e a
autora disse que ia assinar a demissão; mas que buscaria seus direitos na
justiça;(...)

Depoimento pessoal do preposto dos reclamados:


(...) que não sabe o motivo porque a autora saiu da reclamada; (...)

Primeira testemunha da reclamante: André


Henrique Gonçalves dos Santos. Advertida e compromissada.
Depoimento: "“que trabalhou para reclamada de 21 de fevereiro de 2021
até 19 de março de 2022, como açougueiro; que foi chamado pelo Senhor
Pedro e Sr. Rafael para conversar juntamente com outros dois colegas do
açougue e autora; e todos foram acusados que estavam passando carne
mais barata, para clientes e outros funcionários; que estariam recebendo
pix; que as alegações eram falsas; que não ocorreu o que foi alegado; que

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não foram apresentadas as provas das alegações, mas foram coagidos a


assinar o pedido de demissão; (...) quanto ao pedido de demissão havia
uma folha, com o que deveria ser escrito e a folha a ser preenchida; que
isso também ocorreu com a autora; que os funcionários, por ocasião do
pedido de demissão, foram chamados individualmente, não em conjunto;
que não sabe se o procedimento para o pedido de demissão da autora foi
idêntico ao que acabou de relatar, acredita que foi .

Segunda testemunha da reclamante: Gisleia de


Jesus Magalhães. Advertida e compromissada. Depoimento: “que
trabalhou para reclamada de dezembro de 2020 até outubro de 2021; (...)

Em que pese a testemunha André não ter presenciado a coação


para demissão da Autora, convenceu o juízo de que esta ocorreu. A testemunha foi
chamada juntamente coma Reclamante e foram acusados em conjunto. A testemunha
afirma que foi coagida, relato idêntico ao da Autora. Estou convencido de que houve a
coação para a autora assinar pedido de demissão.

Ficou comprovada a acusação. A Reclamada preferiu não


enfrentar o ônus de uma justa causa e coagiu os empregados a assinar pedidos de
demissão.

Acolho o pedido de reversão do pedido de demissão para


demissão sem justa causa. Deve ser considerado como término do vínculo a data de 21
/04/2021 (projeção do aviso prévio de 33 dias), data que deverá ser anotada na CTPS.

Deve a Reclamada REIS & SILVA SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS


LTDA proceder à retificação/anotação da CTPS da parte Autora, após o trânsito em
julgado, no prazo de 10 dias, mediante intimação específica (após a entrega do

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documento pelo Autor), pena de multa diária de R$ 500,00, até o limite de R$ 5.000,00,
com a consequente anotação pela Secretaria desta Vara e remessa de ofício ao órgão
local do Ministério do Trabalho. DADOS PARA RETIFICAÇÃO/ ANOTAÇÃO NA CTPS:
dispensa 21/04/2022, já considerada a projeção do aviso prévio (Orientação
Jurisprudencial 82 da SBDI-1 do C. TST).

Ante o reconhecimento da dispensa sem justa causa, são


devidas as seguintes verbas: saldo de salário (19 dias); aviso prévio indenizado (33
dias); 13° proporcional (4/12 avos); férias integrais 2021/2022 + 1/3; férias
proporcionais (2/12 avos) + 1/3; FGTS de todo o contrato de trabalho; acréscimo de
40% sobre saldo atualizado da conta do FGTS. Também devida a indenização do seguro
desemprego, uma vez que já extrapolado o prazo para habilitação com guia SD. Devem
ser compensados os valores efetivamente pagos a igual título (TRCT fls. 163), bem
como os efetivamente depositados na conta vinculada do FGTS da Reclamante. 

Ante a controvérsia sobre a forma de rescisão, são indevidas as


multas dos artigos 467 e 477 da CLT. 

2 – JORNADA DE TRABALHO - FERIADOS

Alegações da Reclamante:

Afirma que laborava em escala 6x1, das 12h50 às 22h15. Para


tanto, usufruía de 2h de intervalo intrajornada, das 15h00 às 17h00, para alimentação e
repouso, e 4 folgas mensais, sendo que uma delas coincidia com o domingo. A
reclamante aponta que laborou nos seguintes feriados: Quarta-feira de cinzas (22/02
/2022); Paixão de Cristo (02/04/2021); Tiradentes (21/04/2021); Dia do trabalho (01/05
/2021); Corpus Christi (03/06/2021); Independência (07/09/2021); Padroeira do Brasil (12
/10/2021); Finados (02/11/2021); Proclamação da república (15/11/2021). Afirma que,

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nestas datas, trabalhou nos mesmos horários dos dias normais, sem que houvesse a
concessão de folga compensatória ou recebimento em dobro, pelo que, de rigor, a
condenação da reclamada ao pagamento em dobro da remuneração referente a tais
dias.

Alegações das Reclamadas:

Aponta que, em relação a jornada, por se tratar de empresa do


ramo varejista de produtos alimentícios, a mesma possui funcionamento todos os dias
na semana. De modo que a jornada dos funcionários é dividida por escala, e todos,
inclusive o reclamante, possuía no mínimo uma folga por mês aos domingos, além do
que, o trabalho aos feriados é facultado e foram todos pagos conforme contracheques
em anexo. Importante trazer à baila que não houve obrigatoriedade nos trabalhos aos
feriados, sendo certo que o reclamante durante todo seu vínculo empregatício sempre
gozou de uma folga semanal geralmente aos domingos o que pode ser confirmado
pelas folhas de ponto em anexo. No caso em tela, sempre foi garantido ao reclamante
no mínimo 2 (duas) folgas aos domingos, sendo que nos demais domingos
eventualmente trabalhados, o obreiro recebe a folga compensatória durante a semana,
sendo, deste modo, indevido o pagamento em dobro.Ademais, importante transcrever
a Súmula 146 do TST que sedimenta o entendimento de que se o repouso semanal
remunerado, não usufruído aos domingos for concedido ao empregado em outro dia
da semana, este não faz jus ao respectivo pagamento em dobro, como é o caso em
tela. Por todo o exposto, deverá ser julgado totalmente improcedente o pedido de
pagamento de domingos e feriados, posto que, conforme folhas de ponto a reclamante
sempre gozou de uma folga semanal geralmente aos domingos.

Depoimentos e testemunhas:

Depoimento pessoal do preposto dos reclamados:


(…) que os trabalhos em feriados há concessão de folga ou pagamento das
horas respectivas; (...)

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Primeira testemunha da reclamante: André


Henrique Gonçalves dos Santos. Advertida e compromissada.
Depoimento: (...) que trabalhava em feriados; que havia pagamento de um
valor simbólico; que não havia concessão de folga; (...)

Segunda testemunha da reclamante: Gisleia de


Jesus Magalhães. Advertida e compromissada. Depoimento: “que
trabalhou para reclamada de dezembro de 2020 até outubro de 2021; que
depois de cerca de 8 meses de trabalho em outra unidade, foi transferida
para a mesma loja em que trabalhava a reclamante; (...) quando havia
trabalho em feriados era concedida a uma folga compensatória; (...)

A primeira testemunha da Autora não convenceu e foi


desmentida pela segunda testemunha.

A testemunha da Autora confirmou a concessão de folgas


compensatórias. A Reclamada, por outro lado, demonstrou também pagamento de
feriados trabalhados, por exemplo, fls. 128. Improcedente.

3 – TICKET ALIMENTAÇÃO

Alegações da Autora:

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Afirma que, embora estipulado na CCT (2020/2021, cláusula


décima primeira) a obrigação da reclamada em fornecer à reclamante alimentação ela
não o fazia, no entanto, a norma convencional estipulava não só a obrigação da
reclamada em fornecer, como estabelecia o valor mínimo de R$13,50 por dia
laborados. Como a reclamada não o fizera conforme previsto nas CCT, deve ser
condenada ao pagamento do valor suprimido durante todo o pacto laboral.

Alegações das Reclamadas:

A Reclamada aponta que extrai-se do Acordo in totum Coletivo


(doc. Anexado) que o sindicato profissional transacionou o benefício do tíquete
alimentação, permutando o referido benefício por outros benefícios mais abrangentes,
incluindo cesta básica mensal, convênio médico e assistência odontológica, tudo isso
sem qualquer desconto ou contrapartida financeira dos empregados. Nos termos do
disposto no art. 620 da CLT, em vigor após o advento da Lei 13.467/17, "As condições
estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva de trabalho". Sobreleva registrar, ainda, que no caso
concreto, as disposições do acordo coletivo se mostram mais benéficas aos interesses
dos empregados, pois além do fornecimento da cesta básica mensal em valor
econômico até superior ao benefício do tíquete alimentação, sem qualquer desconto
ou contrapartida do empregado, as empresas se comprometeram, ainda, a repassar
recursos mensais para custeio mensal de convênio médico e assistência odontológica
por parte do sindicato, ampliando o leque de proteção à saúde do grupo de
trabalhadores beneficiados, que passou a ser alicerçada em alimentação mais saudável
associada à prevenção/reparação decorrente de assistência médica/odontológica
efetiva. Assentada a premissa da prevalência dos termos do acordo coletivo sobre a
previsão da convenção coletiva, resta, então, aferir se as Reclamadas de fato
cumpriram com as disposições acordadas, para afastar o direito da obreira ao
benefício do tíquete alimentação. Os contracheques juntados (doc. anexo) também
confirmam que as Reclamadas não efetuaram qualquer desconto em contracheque
pela concessão dos benefícios, o que demonstra o integral cumprimento dos termos
do acordo coletivo de trabalho, até porque nada em sentido contrário restou alegado e
provado nos autos. Cumpridas as disposições do ACT, a improcedência do pedido se
impõe.

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Fls.: 18

Depoimentos e testemunhas:

Depoimento pessoal do preposto dos reclamados:


(...) que a reclamada fornece cesta básica; todo o dia 15 do mês.

Primeira testemunha da reclamante: André


Henrique Gonçalves dos Santos. Advertida e compromissada.
Depoimento: (...) que recebia cesta básica; (...) que não recebia ticket
alimentação; 

Segunda testemunha da reclamante: Gisleia de


Jesus Magalhães. Advertida e compromissada. Depoimento: (...) que não
havia fornecimento de ticket alimentação ou de alimentação; que havia
fornecimento de cesta básica; (...)

A Reclamada juntou Acordo Coletivo de Trabalho (fls. 159) em


que se permitiu o fornecimento de cesta básica em substituição do benefício de ticket
alimentação previsto na CCT. Deve prevalecer o Acordo Coletivo. As testemunhas
comprovaram o recebimento da cesta básica. Improcedente.

4 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

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Fls.: 19

4.1 – DANO MORAL - DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES


CONTRATUAIS

Alegações da Autora:

Aponta que a Reclamada não efetuou corretamente os


recolhimentos de INSS e FGTS e que o pagamento de salários era feito com atraso.
Afirma, ainda, que havia acúmulo de funções sem a devida compensação. Afirma que
qualifica-se como grave a ausência de recolhimento de FGTS e INSS, após o
afastamento da reclamante em razão do seu estado gravídico, do qual emerge
manifesto dano ao patrimônio moral do ser humano que vive de sua força de trabalho,
em face do caráter absolutamente indispensável que a verba tem para atender
necessidades inerentes à própria dignidade da pessoa natural, direitos sociais
fundamentais na ordem jurídica do país (art. 6º, CF). Soma-se a isso o injustificado e
abusivo atraso no pagamento de salários, bem como o acúmulo de funções sem o
devido pagamento da compensação, restando, portanto, ferida a dignidade da
trabalhadora, sendo devida a indenização compensatória por dano moral. Insuperável,
assim, a ocorrência dos danos morais, já que a integridade psíquica da reclamante
restou injustificadamente afetada, ocasionando-lhe estresse, angústia, raiva, tristeza,
desespero etc. Necessário, assim, que, pedagogicamente, seja a reclamada condenada
ao pagamento, a título de compensação, de indenização pelos danos morais no
importe de R$10.000,00.

Alegações das Reclamadas:

Afirma a reclamada adimpliu com todas as obrigações durante o


pacto laboral, tais como o pagamento de salários em dia, pagou as horas extras
trabalhadas, deposito os FGTS, pagou o INSS e forneceu a reclamante cesta básica
conforme determina o acordo coletivo em anexo. Sabido é que, constitui objeto da
prova as alegações de fato e não os fatos alegados. A prova da existência do dano
moral incumbe à parte que fizer a alegação da ocorrência do dano, nos termos do

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artigo 818 da CLT, via de regra o empregado. Sendo fato constitutivo do direito da
autora, é seu o ônus de comprovar as alegações, consoante regra processual
incrustada nos artigos 818 da CLT e 373, I, do CPC. Ocorre que não foram colacionados
aos autos quaisquer indícios de provas de que a Reclamante sofreu qualquer dano
durante a vigência do contrato de trabalho objeto da inicial. Cabe ao empregado
demonstrar "efetiva repercussão" na sua esfera íntima e, não existindo, culminará na
improcedência do pedido. Na hipótese, pelo contexto fático-probatório, não é possível
se concluir que a Reclamante tivesse sido colocada em situação vexatória, indigna ou
vítima de ofensa à sua intimidade, à sua imagem. Por tais razões, entende-se que não
cabe a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos morais.
Requer a improcedência do pedido.

A Autora pleiteia indenização por danos morais decorrentes do


descumprimento de obrigações trabalhistas. Porém, o simples fato de ter não terem
sido observados os corretos recolhimentos previdenciários e de FGTS, atrasos salariais,
não é capaz de caracterizar dano moral, especialmente, quando a sentença restabelece
o cumprimento do regramento aplicável.

Não há qualquer prova de que o descumprimento das


obrigações tenha resultado em qualquer constrangimento ou prejuízo à Autora, que
justifique uma indenização por danos morais. Tanto a doutrina, como a jurisprudência,
aponta que os danos morais suportados por alguém não se confundem com os meros
transtornos ou aborrecimentos que a pessoa sofre no dia a dia. Da narrativa da Autora,
o que se conclui é a ocorrência de meros aborrecimentos, nada mais. Não há falar em
dano moral. Improcedente.

4.2 – DANO MORAL – PRESSÃO, OFENSAS E ACUSAÇÕES DE


SUPERIORES HIERÁRQUICOS

Alegações da Autora:

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Afirma a reclamante que sofria pressão e ofensas das fiscais Ana


e Taís, que sempre a tratava de forma ríspida e grosseira, fazendo cobranças
excessivas e acusando a reclamada de agir de má-fé e de realizar pequenos furtos
dentro da reclamada, fato este que, no entanto, nunca fora provado, vez que, embora a
reclamante sempre fosse revistada ao sair do estabelecimento, nada fora encontrado
com ela. Ademais, tais fiscais sempre afirmando que a obreira era “lerda”, que “não
sabia trabalhar” e que “não era de confiança”, exigindo que outros funcionários
mantivessem distância da obreira. Não obstante, as condições de trabalho eram
excessivamente exaustivas e desgastantes, vez que a reclamada devia permanecer o
dia todo em pé, de modo que somente podia sentar-se durante o horário de almoço.
Por fim, na data da rescisão de seu contrato de trabalho, a reclamante foi acusada, em
conluio com outro funcionário, o Açougueiro André, de passar carne com peso e preço
incorretos e abaixo do valor de mercado, no entanto, sem quaisquer provas. Tal fato foi
avaliado pelos supervisores Rafael e Pedro como uma tentativa de ludibriar o
estabelecimento e, por essa razão, a reclamante foi forçada a pedir demissão,sob a
ameaça de que, se não o fizesse, sairia do estabelecimento algemada.Dessa forma, a
reclamada deve ser condenada ao pagamento de indenização pelos danos morais
suportados no valor de R$10.000,00.

Alegações das Reclamadas:

As Reclamadas afirmam que não há qualquer prova de que o


reclamante sofrera tal assédio moral, até porque a reclamada sempre adotou conduta
digna, providenciou tudo para que a Reclamante tivesse um ambiente de trabalho
saudável, compatível com sua dignidade, tendo a empresa concedido emprego digno e
assistência humana a Obreira. A inicial não traz fundamentos e/ou mesmo indícios que
embasariam o pedido de dano moral. A reclamante sequer apontou qual seria o
suposto dano e os reflexos na sua vida funcional e/ou particular. Como tratado no
tópico anterior, falaciosa a afirmativa de que a reclamada tem responsabilidade/culpa
no suposto assédio sofrido pela reclamante, até porque, tal fato jamais ocorreu. Certo
é que jamais existiu qualquer dano moral enquanto trabalhou para a reclamada, sendo
as afirmativas fantasiosas, além do mais, a reclamante sequer apontou quais seriam os
supostos danos decorrentes, o que por si demonstra a inexistência de dano. Ora, se de

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fato tivesse existido o dito constrangimento moral, certamente que a autora teria
tomado alguma providencia, o que não aconteceu, e só demonstra a inveracidade dos
fatos elencados na inicial. Cabe ao empregado demonstrar "efetiva repercussão" na
sua esfera íntima e, não existindo, culminará na improcedência do pedido.

Depoimentos e testemunhas:

Depoimento pessoal da reclamante: (...) que foi


obrigada a pedir demissão; que foi coagida em razão de uma falsa
acusação de furto; que faria parte de uma quadrilha; afirma que já havia
uma acusação anterior e tomou conhecimento de que foram dois
funcionários que haviam sido designados para tomar conta da reclamante,
em razão do desaparecimento de duas tintas; que posteriormente essas
duas tintas foram localizadas, uma vez que havia sido um cliente que havia
levado os produtos; que no dia foi coagida pelo gerente supervisor e o
fiscal que forçaram, que pedisse demissão; a autora informa que solicitou
que fosse chamada a polícia, para que houvesse esclarecimento dos fatos,
uma vez que acusação era falsa; mas a empresa não chamou a polícia e a
autora disse que ia assinar a demissão; mas que buscaria seus direitos na
justiça; (...)

Depoimento pessoal do preposto dos reclamados:


(...) que não sabe o motivo porque a autora saiu da reclamada; (...)

Primeira testemunha da reclamante: André


Henrique Gonçalves dos Santos. Advertida e compromissada. Depoimento:
(...) que foi chamado pelo Senhor Pedro e Sr. Rafael para conversar
juntamente com outros dois colegas do açougue e autora; e todos foram
acusados que estavam passando carne mais barata, para clientes e outros
funcionários; que estariam recebendo pix; que as alegações eram falsas;
que não ocorreu o que foi alegado; que não foram apresentadas as provas
das alegações, mas foram coagidos a assinar o pedido de demissão; (...)

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quanto ao pedido de demissão havia uma folha, com o que deveria ser
escrito e a folha a ser preenchida; que isso também ocorreu com a autora;
que os funcionários, por ocasião do pedido de demissão, foram chamados
individualmente, não em conjunto; que não sabe se o procedimento para
o pedido de demissão da autora foi idêntico ao que acabou de relatar,
acredita que foi .

Das alegações da Autora, ficou comprovada a falsa acusação de


furto e a coação para assinar pedido de demissão.

A perda do emprego em momento sem motivação, com


acusação infundada e sem o devido pagamento dos haveres decorrentes da dispensa
injusta, causam dor e sensação de injustiça, causam abalo moral e sensação de
insegurança e perda. Deve ser indenizado o dano moral. Arbitro em R$ 5.000,00.

4.3 – DANOS MORAIS – REVISTA A PERTENCES PESSOAIS

Alegações da Autora:

Afirma que, no transcorrer do pacto, diariamente, a reclamante


era submetido a procedimento de revista em seus pertences pessoais, que sempre
ocorria na saída da empresa ao fim da jornada, momento no qual sua bolsa/mochila
era aberta e seus pertences eram remexidos por outros funcionários. Gize-se que tal
procedimento era feito na frente demais funcionários e, por vezes, diante de pessoas
sem vínculo com a reclamada, de modo que a reclamante sempre se sentiu
profundamente constrangido em tais ocasiões. A revista diária em bolsas e sacolas, por
se tratar de exposição contínua do empregado à situação constrangedora no ambiente
de trabalho, que limita sua liberdade e agride sua imagem, caracteriza, por si só, a
extrapolação daqueles limites impostos ao poder fiscalizatório empresarial, implica,

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outrossim, danos morais ao reclamante, pelo que a reclamada deve ser condenada a
compensá-los. Ante a patente ilegalidade de tal procedimento, pelo que de rigor a
condenação da reclamada ao pagamento de indenização, a título de compensação,
pelos danos morais suportados pelo reclamante no importe de R$5.000,00.

Alegações das Reclamadas:

A reclamante sequer apontou qual seria o suposto dano e os


reflexos na sua vida funcional e/ou particular. Como tratado no tópico anterior,
falaciosa a afirmativa de que a reclamada tem responsabilidade/culpa no suposto
assédio sofrido pela reclamante, até porque, tal fato jamais ocorreu. Certo é que jamais
existiu qualquer dano moral enquanto trabalhou para a reclamada, sendo as
afirmativas fantasiosas, além do mais, a reclamante sequer apontou quais seriam os
supostos danos decorrentes, o que por si demonstra a inexistência de dano. Ora, se de
fato tivesse existido o dito constrangimento moral, certamente que a autora teria
tomado alguma providencia, o que não aconteceu, e só demonstra a inveracidade dos
fatos elencados na inicial. Cabe ao empregado demonstrar "efetiva repercussão" na
sua esfera íntima e, não existindo, culminará na improcedência do pedido.

Depoimentos e testemunhas:

Depoimento pessoal da reclamante: (...) Que a


revista da mochila ocorria na saída do trabalho e ocorria com todos os
funcionários; que tinha que mostrar o interior da mochila e o da bolsa
para o gerente ou segurança.

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Segunda testemunha da reclamante: Gisleia de


Jesus Magalhães. Advertida e compromissada. Depoimento: (...) que todos
os dias tinha que mostrar o conteúdo da mochila na saída da do mercado;
que quem verificava era feita pelo subgerente; (...)

Da narrativa da Autor e de sua testemunha, não se vislumbra


qualquer constrangimento na verificação do conteúdo de bolsas ou mochilas

As revistas realizadas como forma de controle estão inseridas


no poder diretivo do empregador. Não há alegação de que as revistas se dessem com
contato físico. Se exigiu apenas o suficiente para controle de entrada e saída de
produtos da loja. A revista diária a bolsas e outros pertences transportados pelos
trabalhadores, está inserido nos limites do poder diretivo do empregador, de
resguardar seu patrimônio.

O Colendo TST vem decidindo nessa direção:

DANO MORAL. INEXISTÊNCIA. REVISTA ÍNTIMA


ALEATÓRIA. Restou delimitado no v. acórdão regional que a revista íntima
aos empregados se dava de forma aleatória sem exposição dos
empregados. Assim, a revista de bolsas e sacolas daqueles que adentram
no recinto empresarial não constitui, por si só, motivo a denotar
constrangimento nem violação da intimidade da pessoa, tampouco
discriminação, visto que revista era realizada de forma impessoal. Retrata,
na realidade, o exercício pela empresa de legítimo exercício regular do
direito à proteção de seu patrimônio, se ausente abuso desse direito,
quando procedida a revista moderadamente, não há se falar em
constrangimento ou em revista íntima e vexatória, a atacar a imagem ou a
dignidade do empregado, razão por que indevida a indenização por dano
moral.Recurso de Revista conhecido e provido no tema. (Processo: RR -
3725000-76.2007.5.09.0651; Data de Julgamento: 25/11/2009, Relator

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Fls.: 26

Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 04/12


/2009).

Acresce-se que, o só fato de, eventualmente, a visualização de


pertences ser feita por fiscais do sexo oposto, não é passível de causar
constrangimento.

Não havendo dano, não há falar em indenização. Improcedente.

5 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Nos termos do §3º do art. 791-A da CLT, são devidos honorários


de sucumbência recíproca em caso de procedência parcial na Justiça do Trabalho,
fixados conforme parâmetros do §2º do mesmo dispositivo legal, sendo vedada a
compensação de honorários.

Feitas tais considerações e considerando os parâmetros fixados


no §2º do art. 791-A da CLT, fixo os honorários advocatícios, devidos em prol do
advogado da parte reclamante, em 10% do valor líquido da condenação. De outra
parte, fixo os honorários advocatícios, devidos em prol do advogado da parte
reclamada, em 10% do valor das parcelas indeferidas (acúmulo de funções, ticket
alimentação, danos morais), o qual arbitro, para fins de cálculo dos honorários, em R$
30.000,00. Quanto à parte Autora, aplicar-se-á o disposto no § 4º do Art. 791-A, da CLT,
se lhe for concedida a gratuidade da justiça.

III – CONCLUSÃO

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Fls.: 27

Pelo exposto, decido, nesta ação proposta por JAQUELINE DA


SILVA, em face de REIS & SILVA SERVIÇOS ADMINISTRATIVOS LTDA, EGTM COMÉRCIO
VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA e MGS COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA
(SUPERMERCADO TAVARES):

a) julgar procedentes, em parte, os pedidos contidos na petição


inicial, para condenar os Reclamados, de forma solidária: 

a.1) a proceder (Reclamada REIS & SILVA SERVIÇOS


ADMINISTRATIVOS LTDA) à retificação/anotação da CTPS da parte Autora, após o
trânsito em julgado, no prazo de 10 dias, mediante intimação específica (após a entrega
do documento pelo Autor), pena de multa diária de R$ 500,00, até o limite de R$
5.000,00, com a consequente anotação pela Secretaria desta Vara e remessa de ofício
ao órgão local do Ministério do Trabalho. DADOS PARA RETIFICAÇÃO/ ANOTAÇÃO NA
CTPS: dispensa 21/04/2022, já considerada a projeção do aviso prévio (Orientação
Jurisprudencial 82 da SBDI-1 do C. TST);

a.2) a pagar, no prazo legal, as seguintes verbas: saldo de salário


(19 dias); aviso prévio indenizado (33 dias); 13° proporcional (4/12 avos); férias integrais
2021/2022 + 1/3; férias proporcionais (2/12 avos) + 1/3; FGTS de todo o contrato de
trabalho; acréscimo de 40% sobre saldo atualizado da conta do FGTS. Tambem devida
a indenização do seguro desemprego, uma vez que já extrapolado o prazo para
habilitação com guia SD. Devem ser compesnados os valores efetivamente pagos a
igual título (TRCT fls. 163), bem como os efetivamente depositados na conta vinculada
do FGTS da Reclamante;

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Fls.: 28

a.3) a pagar, no prazo legal, a indenização por danos morais


decorresntes de falsa acusação de furto e coação para pedido de demissão, no valor de
R$ 5.000,00;

a.4) a pagar, no prazo legal, os honorários advocatícios devidos


em prol do advogado da parte reclamante, no importe de 10% do sobre o valor que
resultar da liquidação da sentença.

b) julgar improcedentes os demais pedidos contidos na petição


inicial e condenar a parte Autora:

b.1) a pagar, no prazo legal, os honorários advocatícios devidos


em prol do advogado da parte reclamada, no importe de 10% do valor das parcelas
indeferidas, no valor de R$ 3.000,00. Aplica-se à Autora o disposto no § 4º do Art. 791-A,
da CLT, se lhe for concedida a gratuidade da justiça.

Independentemente do trânsito em julgado desta sentença,


expeça-se alvarás à Autora para levantamento de eventual saldo do FGTS. A Autora
deverá comprovar o valor levantado a título de FGTS, no prazo de 5 dias após o saque,
para fins de compensação na liquidação.

Tudo nos termos da fundamentação, que passa a fazer parte do


presente dispositivo. 

Liquidação da sentença por cálculos. Juros e correção monetária


serão apurados em liquidação após o trânsito em julgado, observado o decidido no

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Fls.: 29

julgamento da ADC 58 STF, de 18/12/2020: IPCA-E, na fase pré-judicial e, a partir da


citação, taxa Selic, ressalvada a possibilidade de aplicação de índices previstos em lei
posterior mais benéfica. “Os juros de mora incidem sobre a importância da
condenação já corrigida monetariamente (Súmula 200 do TST)”. “O pagamento dos
salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido não está sujeito à correção
monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária
do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º (CLT, art. 459;
Súmula 381 do TST)”.

Natureza das parcelas deferidas nos termos do art. 28 da Lei nº


8.212/91 (art. 832, § 3º, da CLT). Deverá o Reclamado comprovar nos autos os
recolhimentos previdenciários e fiscais no prazo legal, inclusive as devidas ao SAT -
Seguro de Acidente de Trabalho (Súmula 454 do TST). O cálculo, tanto dos
recolhimentos previdenciários, quanto do imposto de renda, deverá considerar as
alíquotas vigentes em cada competência e deve considerar os valores devidos mês a
mês, na forma da lei e do item III da Súmula 368 do TST. Para que possa surtir efeito no
cálculo de eventuais benefícios previdenciários a serem concedidos ao Autor, os
recolhimentos previdenciários deverão ser efetuados em guias específicas para cada
competência, sejam as decorrentes do período de vínculo, sejam as que se referirem às
parcelas deferidas.

Quanto ao recolhimento das contribuições previdenciárias sobre


os salários pagos no curso do contrato de trabalho, em face do reconhecimento, pela
jurisprudência do STF (RE n. 569056) e do TST (Súmula 368, I), não há competência da
Justiça do Trabalho para promover a execução. 

Quanto ao recolhimento das contribuições sociais devidas a


terceiros (entidades de serviço social e de formação profissional, vinculadas ao sistema
sindical), por não se enquadrarem nas hipóteses do art. 195 da Constituição Federal,
não há competência da Justiça do Trabalho para promover a execução. 

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Fls.: 30

Concedo à parte Reclamante os benefícios da gratuidade da


justiça, uma vez que percebe salário igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral da Previdência Social (art. 790, § 3º).

Custas, pela parte reclamante, no importe de R$ 600,00,


calculadas sobre o valor das parcelas indeferidas (R$ 30.000,00), dispensadas na forma
da lei.

Custas pelas Reclamadas no importe de R$ 400,00 calculadas


sobre o valor provisoriamente arbitrado à condenação, de R$ 20.000,00.

Intimem-se as partes.

BRASILIA/DF, 05 de dezembro de 2022.

ALCIR KENUPP CUNHA


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: ALCIR KENUPP CUNHA - Juntado em: 05/12/2022 19:27:05 - c0b227f
https://pje.trt10.jus.br/pjekz/validacao/22120519252622900000033298991?instancia=1
Número do processo: 0000647-80.2022.5.10.0111
Número do documento: 22120519252622900000033298991
Fls.: 31

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10A REGIAO
VARA DO TRABALHO DO GAMA - DF
ATOrd 0000647-80.2022.5.10.0111
RECLAMANTE: JAQUELINE DA SILVA
RECLAMADO: REIS & SILVA SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA E OUTROS
(3)

TERMO DE CONCLUSÃO

Conclusão ao(à) Exmo(a). Juiz(a) do Trabalho feita pelo(a)


servidora Luana Pâmela Rodrigues das Dores, em 7 fevereiro de 2023.

DECISÃO EM EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

I - RELATÓRIO

Tratam-se de embargos de declaração opostos pelas


REIS  &  SILVA  SERVIÇOS  ADMINISTRATIVOS  LTDA,  EGTM  COMÉRCIO VAREJISTA DE
ALIMENTOS LTDA E MGS COMÉRCIO VAREJISTA DE ALIMENTOS LTDA, alegando que a
sentença padece vícios que merecem ser sanados.

Os autos estão conclusos para julgamento.

DECIDO.

II - FUNDAMENTAÇÃO

Assinado eletronicamente por: ALCIR KENUPP CUNHA - Juntado em: 08/02/2023 11:20:32 - 3d7566b
Fls.: 32

1. ADMISSIBILIDADE

Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço dos


embargos declaratórios.

2. MÉRITO

2.1.  DA OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E DO JULGAMENTO

As embargantes apontaram, de forma genérica, vícios na


sentença. Inconformadas, alegaram que houve omissão em relação as alegações das
empresas reclamadas, quanto a modalidade e causa de rompimento contratual.

Ressaltaram que a dispensa se deu por culpa exclusiva do


reclamante, mediante documento escrito a punho e, consequentemente, improcedem
a condenação em pagar as verbas rescisórias por dispensa imotivada por parte da
empregadora, sendo que a iniciativa de se desligar foi da reclamante.

Destacam que o pedido de demissão assinado pela obreira é


válido, por não ter sido demonstrada a má fé das reclamadas na sua assinatura.

Requereram o acolhimento dos embargos declaratório para a


reanálise das provas e argumentos trazidos na contestação, destacando que a
reclamante não se desincumbiu do seu ônus probatório quanto a modalidade
rescisória, com intenção de reforma do julgado, para julgar válido o pedido de
demissão formulado pela autora e julgar improcedentes os pedidos relacionados às
verbas rescisórias devidas na dispensa imotivada. 

Pois tais razões, as embargantes alegam que a


reclamante  está  postulando  em  juízo  em absoluta  má-
fé,  alegando fatos inverídicos e  contraditórios que poderão levá-la ao enriquecimento
ilícito.

Pois bem.

Não há vício a ser sanado.

O juízo fundamentou sua decisão nos seguintes termos:

[...] Em que pese a testemunha André não


ter presenciado a coação para demissão da Autora, convenceu o

Assinado eletronicamente por: ALCIR KENUPP CUNHA - Juntado em: 08/02/2023 11:20:32 - 3d7566b
Fls.: 33

juízo de que esta ocorreu. A testemunha foi chamada juntamente


coma Reclamante e foram acusados em conjunto. A testemunha
afirma que foi coagida, relato idêntico ao da Autora. Estou
convencido de que houve a coação para a autora assinar pedido
de demissão.

Ficou comprovada a acusação. A Reclamada 
preferiu  não enfrentar o ônus de uma justa causa e coagiu os
empregados a assinar pedidos de demissão.

Acolho o pedido de reversão do pedido de


demissão para
demissão sem justa causa. Deve ser considerado como término do
vínculo a data de 21 /04/2021 (projeção do aviso prévio de 33 dias),
data que deverá ser anotada na CTPS. [...]

Os embargos declaratórios não se prestam para que a parte


manifeste o seu inconformismo com o julgado, deixando de apontar qualquer omissão,
contradição ou obscuridade propriamente dita. Suposto erro de apreciação e dos
efeitos jurídicos das provas produzidas nos autos,  error in judicando, sequer pode ser
apreciado em sede declaratórios, cabendo à parte perseguir a pretensa reforma da
sentença pelo caminho processual adequado.

No caso concreto, verifica-se que o juízo apreciou todas as


provas constantes dos autos, sopesando-as para a formação do seu livre
convencimento. A reapreciação do conjunto probatório apenas poderá ser efetuada
em grau de recurso, não sendo matéria para embargos declaratórios.

Ante o exposto, rejeito os embargos, no particular.

2.3. DA REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

As embargantes, inconformadas, alegaram que  o montante de


indenização por danos morais fixados se revela excessivo, desproporcional e não
razoável, em absoluto descompasso com os princípios e parâmetros acima referidos.
Requereram a redução do quantum indenizatório.

Assinado eletronicamente por: ALCIR KENUPP CUNHA - Juntado em: 08/02/2023 11:20:32 - 3d7566b
Fls.: 34

Pois bem.

Os embargos de declaração devem atacar as decisões que


contenham omissão, obscuridade ou contradição, não os fundamentos de mérito
utilizados pelo magistrado ou a própria conclusão em si, nem tampouco alegar a
existência de supostos vícios que não os previstos nos artigos 897-A da CLT c/c art.
1022 do CPC.

Os embargos declaratórios não se prestam para que a parte


manifeste o seu inconformismo com o julgado, deixando de apontar qualquer omissão,
contradição ou obscuridade propriamente dita. Suposto erro de apreciação das provas
produzidas nos autos,  error in judicando, sequer pode ser apreciado em sede de
aclaratórios, cabendo à parte perseguir a pretensa reforma da sentença pelo caminho
processual adequado.

Assim, este Juízo ratifica integralmente a sentença proferida,


posto que amparada nas provas trazidas à colação e no princípio do livre
convencimento fundamentado.

As alegações constantes dos embargos de declaração opostos


possuem a nítida intenção de reforma do julgado pela via inadequada. Desta sorte,
incumbem  às embargantes, perseguirem a pretensa reforma da sentença pelo
caminho processual adequado e não pela via estreita dos embargos de declaração.

Ante o exposto, rejeito os embargos, no particular.

Diante do exposto, REJEITO  os embargos declaratórios, nos


termos da fundamentação desta decisão, que integra o presente dispositivo.

Intimem-se as partes.

BRASILIA/DF, 08 de fevereiro de 2023.

ALCIR KENUPP CUNHA


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: ALCIR KENUPP CUNHA - Juntado em: 08/02/2023 11:20:32 - 3d7566b
https://pje.trt10.jus.br/pjekz/validacao/23020717143962600000033861700?instancia=1
Número do processo: 0000647-80.2022.5.10.0111
Número do documento: 23020717143962600000033861700
Fls.: 35

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10A REGIAO
VARA DO TRABALHO DO GAMA - DF
ATOrd 0000647-80.2022.5.10.0111
RECLAMANTE: JAQUELINE DA SILVA
RECLAMADO: REIS & SILVA SERVICOS ADMINISTRATIVOS LTDA E OUTROS
(3)

TERMO DE CONCLUSÃO

Conclusão ao(à) Exmo(a). Juiz(a) do Trabalho feita pelo(a) servidor(a)


ROBERTO PINHEIRO ROCHA, em 02 de março de 2023.

DECISÃO

Vistos, etc.

O Recurso Ordinário das partes Reclamadas   revela-se adequado,


tempestivo (conforme movimentação processual) e subscrito por advogado com
poderes nos autos, tendo sido as custas recolhidas e o depósito recursal efetivado.

Assim, preenchidos os pressupostos de admissibilidade, RECEBO o(s)


Recurso(s) Ordinário(s) interposto(s).

Assino à parte reclamante o prazo de 8 (oito) dias para, querendo,


contrarrazoar(em) o(s) recurso(s) interposto(s).

Intime(m)-se a(s) parte(s) recorrida(s).

Decorrido o prazo, subam os autos ao Egrégio Tribunal Regional do


Trabalho da Décima Região, observadas as formalidades regulamentares.

BRASILIA/DF, 02 de março de 2023.

CLAUDINEI DA SILVA CAMPOS


Juiz do Trabalho Substituto

Assinado eletronicamente por: CLAUDINEI DA SILVA CAMPOS - Juntado em: 02/03/2023 15:34:07 - 2e70be2
https://pje.trt10.jus.br/pjekz/validacao/23030214111667500000034185521?instancia=1
Número do processo: 0000647-80.2022.5.10.0111
Número do documento: 23030214111667500000034185521
SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

93ee551 18/08/2022 17:35 Ata da Audiência Ata da Audiência

c0b227f 05/12/2022 19:27 Sentença Sentença

3d7566b 08/02/2023 11:20 Sentença Sentença

2e70be2 02/03/2023 15:34 Recebimento de Recurso(s) Ordinário(s) Decisão

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