Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE DA INTEGRAÇÃO INTERNACIONAL DA LUSOFONIA

AFRO- BRASILEIRA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FARMÁCIA
ESTÁGIO EM ANÁLISES CLÍNICAS

JOSÉ WILSON COSME DE MESQUITA JÚNIOR

CASO CLÍNICO DE ESTÁGIO EM ANÁLISES CLÍNICAS

(ANEMIA FALCIFORME)

REDENÇÃO-CEARÁ
2023
DESCRIÇÃO GERAL

O presente caso clínico foi apresentado por meio do estudo em hematologia dentro do
Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas da UFC – LACT. O caso foi explicado por
meio da utilização de teoria aplicada a prática, principalmente no que concerne ao estudo de
visualização de lâminas em estudos microscópicos.

BREVE INTRODUÇÃO

A anemia falciforme é uma condição sanguínea hereditária caracterizada por uma


alteração genética no gene responsável pela produção da hemoglobina, uma proteína
encontrada nos glóbulos vermelhos que desempenha o papel de transportar oxigênio. Essa
mutação leva à formação de uma forma anômala de hemoglobina chamada hemoglobina S. A
presença da hemoglobina S provoca uma deformação dos glóbulos vermelhos em formato de
foice ou meia-lua quando estão sem oxigênio, o que resulta na obstrução dos vasos
sanguíneos e na diminuição do fluxo de sangue. Essa obstrução acarreta episódios de dor
intensa conhecidos como crises falciformes, que podem afetar diversas partes do corpo. Além
disso, os glóbulos vermelhos com formato alterado possuem uma vida útil reduzida, o que
resulta em uma anemia crônica (OLIVEIRA et al., 2019). A anemia falciforme é uma doença
genética recessiva, o que significa que é necessário herdar o gene defeituoso de ambos os pais
para desenvolver a doença. Indivíduos que herdam apenas um gene defeituoso são portadores
assintomáticos da anemia falciforme, mas têm a capacidade de transmitir o gene aos seus
descendentes. Embora a anemia falciforme seja mais comum em pessoas de ascendência
africana, ela também pode ocorrer em outras populações (FERREIRA; GOUVÊA, 2018). Os
sintomas podem variar de leves a graves e incluem fadiga, palidez, icterícia, dores nas
articulações e nos ossos, úlceras nas pernas, infecções frequentes e problemas de crescimento
em crianças.

DESCRIÇÃO DO PACIENTE

P.S.S, sexo masculino, 24 anos, negro, natural de Fortaleza - Ceará, apresenta dor em
membros inferiores há 4 dias. Ele relata que dores nas pernas e nas articulações apareceram de
forma repentina e que foi aumentando com o passar dos dias. As dores cessam com a
utilização de analgésicos (Dipirona). No entanto, apresentou piora no decorrer dos dias,
fazendo-o procurar uma unidade médica. Foi solicitado um hemograma. Abaixo enconta-se os
resultados do exame.
RESULTADOS DOS EXAMES

SÉRIE VERMELHA

ERITROGRAMA Valor Valor de


obtido referência
HE 1,78 uL 4,5 – 5,5 M

HB 6,4 g/dL 13,5 – 14,5

HT 19,5% 40 - 50

VCM 101,0 fL 82 - 92

HCM 30,2 pg 32 - 36

RDW 20% 12 – 17%

SÉRIE BRANCA

LEUCOGRAMA Valor Valor de


obtido referência
GLOBAL 16.000 4.000- 14.000

NEUTRÓFILOS 39% 30 – 60%

EOSINÓFILOS 3% 1 – 5%

BASÓFILOS 1% 0

LINFÓCITOS 41% 30 – 70%

MONÓCITOS 7% 2 – 10%

PLAQUETAS (103/uL)

Valor Valor de
PLAQUETOGRAMA obtido referência
CONT. 574.000 150.000 – 450.000
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Analisando o caso, podemos identificar primeiramente a hemoglobina baixa, que vai de


encontro com os sintomas apresentado pelo paciente, pois a hemoglobina é responsável por
carrear/transportar oxigênio para os tecidos. Então, as dores nas pernas e nas articulações
indicam justamente a falta de energia suficiente para que o organismo possa estar
fisiologicamente normal.
O RDW (Índice que avalia o tamanho das hemácias), apresenta resultado compatível
com variação no tamanho das hemácias dentro do caso clínico, principalmente visto em
lâmina, o que concerne em uma Anisocitose. Também é possível perceber um VCM ( Volume
Corpuscular Médio) que é um índice hematimétrico encontrado no hemograma e que indica o
tamanho médio das hemácias e, que nesse caso apresenta uma Macrocitose. Além disso, pode-
se perceber a morfologia de hemácias alteradas, com a presença de drepanócitos (hemácias
forma de foice, característica da anemia falciforme). Essas hemácias em formato de foice,
constribuem para que as dores aumentem, pois, elas ocluem os vasos gerando processo
inflamatório, o que justifica, por exemplo, o aumento dos Leucócitos que temos no
hemograma e isso também vai induzir a visualização do aspecto do aumento das plaquetas,
pois ocorre, no processo inflamatório, o aumento de algumas interleucionas, como por
exemplo, a interleceuina 6, que estimula a medula óssea a produzir leucócitos e, também irá
agir no fígado produzindo a trombopoetina, que irá agir na medula óssea fazendo a
estimulação de alto índice plaquetário.
É importante ressaltar que há outro teste que auxilia na confirmação da anemia
falciforme, que é o uso da Eletroforese de Hemoglobina. Esse exame é útil para distinguir
entre diferentes tipos de anemias, incluindo a falciforme. Ele possibilita a investigação em
famílias de indivíduos portadores de hemoglobinas anormais. Esse teste contribui para
estabelecer ou descartar a presença de hemoglobinopatias, representando um amplo
procedimento de diagnóstico. As variantes de hemoglobina e alterações nas concentrações de
hemoglobinas normais podem ser identificadas por meio deste exame.

REFERÊNCIAS
Brunetta DM, Clé DV, Haes TM, Roriz-Filho JS, Moriguti JC. Manejo das complicações
agudas da doença falciforme. Rev. Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(3):231-7.

FERREIRA, Reginaldo; GOUVÊA, Cibele Marli Cação Paiva. Recentes avanços no


tratamento da anemia falciforme. Revista Médica de Minas Gerais, v. 28, p. 1–6, 2018.

OLIVEIRA, Emanuel Almeida Moreira de et al. Evaluation of hydroxyurea


genotoxicity in patients with sickle cell disease. Einstein (São Paulo), v. 17, n. 4, 2019.

Você também pode gostar