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ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO

ESTEROIDAIS (AINES)

Profª MSC Marana Soares Martins


Marana.Martins@kroton.com.br
INFLAMAÇÃO

• É uma reação do organismo frente a um agente estranho, independente da natureza


do estímulo lesivo, por meio de 5 sinais:

• Calor: Aumento da vascularização e da temperatura local;


• Rubor: Vermelhidão e maior fluxo sanguíneo no local;
• Tumor (Edema): Vasodilatação
• Dor: Histamina, Bk, PGs, citocinas, que geram ou potencializam a dor
• Perda de função: comprometimento de um tecido
• DOR é sintoma comum de muitos quadros
clínicos e razão frequente da procura de auxílio
médico.
• 1/3 da população experimenta dor que requer
atenção médica e determina incapacitação total
INFLAMAÇÃO ou parcial.
E DOR • Sucesso da terapêutica – importante valorizar a
dor referida pelo paciente.
• Conceito: “Experiência sensorial e emocional
desagradável, relacionada com lesão tecidual real
ou potencial, ou descrita em termo deste tipo de
dano.” (International Association for the Study of
Pain)
Análise do perfil de automedicação em mulheres idosas brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva, 13(4):1219-1226, 2008
ESC ADA ANALGÉSIC A DA ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DE SAÚDE (OMS)

Opióides fracos + Opióides fortes +


Analgésicos e
Analgésicos e Analgésicos e
antiinflamatórios +
antiinflamatórios + antiinflamatórios +
drogas adjuvantes
drogas adjuvantes drogas adjuvantes

Tramadol, coideína Morfina, oxicodona, fentanil


Cascata do Ácido Araquidônico
CICLOOXIGENASES

A Cox 1 está presente em quase todos os Cox 2 está presente nos locais de
tecidos e é denominada de enzima inflamação, sendo denominada de
constitutiva. enzima indutiva.
Está associada à produção de Ela é expressa de maneira
prostaglandinas; constitutiva em tecidos, como
proteção gástrica, agregação plaquetária, cérebro, rins e ossos. Sua expressão
homeostase vascular e manutenção fluxo em outros locais aumenta durante os
sanguíneo renal. estados inflamatórios crônicos.
IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS
EICOSANOIDES DERIVADOS DE COX

• PGD2 (induzida por COX-1) – causam broncoconstrição, termorregulação,


vasodilatação renal, promove sono, evita a agregação plaquetária.

• PGE2 (induzida por COX-1) – causam broncoconstrição e/ou broncodilatação,


• aumento do tônus do músculo liso do TGI,
• vasodilatação sistémica (não inibe a agregação plaquetária), vasodilatação renal,
• inibição da secreção gástrica de HCl (células parietais),
• aumento da secreção de muco pela mucosa gástrica,
• inibição da lipólise,
• aumento da contractilidade do músculo liso uterino (indutor do parto).
IMPORTÂNCIA FISIOLÓGICA DOS
EICOSANOIDES DERIVADOS DE COX

• PGI2 (induzida por COX-1) – ativa receptores de prostaciclina para causar vasodilatação,
inibir proliferação celular e agregação plaquetária. Além do óxido nítrico (NO), os
prostanóides são importantes para o controle do tônus vascular.

• TXA2 (induzida por COX-1) – produzido por plaquetas ativadas, estimula a ativação de
outras plaquetas, aumentando a agregação plaquetária.

• PGE2 (induzida por COX-2) – estímulo inflamatório (vasodilatação – formação de


edema), hiperalgesia, aumento da produção de histamina e bradicinina.

• PGI2 (induzida por COX-2) – estímulo inflamatório (vasodilatação e aumento de óxido


nítrico – formação de edema).
ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES

• Os AINEs são um grupo de fármacos quimicamente


heterogêneo que se diferenciam na sua atividade
antipirética, analgésica e anti-inflamatória.
• Eles atuam principalmente inibindo as enzimas COX que
catalisam o primeiro estágio da biossíntese de
prostanoides.
• Isso leva à redução da síntese de prostaglandinas, com
efeitos desejados e indesejados.
EFEITO ANTIPIRÉTICO

Reação
macrófagos IL-1
inflamatória

PGE2 - ajuste
AINES termorregulador no
hipotálamo
EFEITO ANALGÉSICO

Sensibilização
Reação
PGE2 e PGI2 dos
inflamatória
nociceptores
AINES

• PGI (prostaciclinas) estimulam diretamente as terminações nervosas livres.


• AINES: são úteis em doenças associadas a um aumento da síntese de PGI
(artrite, bursite, dor de dente, dismenorréia), porém não evitam a progressão
da lesão patológica.
• Alívio de cefaléia: pode estar relacionada à abolição do efeito vasodilatador das
PGI sobre vasos cerebrais.
EFEITO ANTIINFLAMATÓRIO

• Redução dos produtos da ação da COX que atuam sobre


componentes da resposta inflamatória e imune (formação de
Prostaglandinas - PGE2; PGI2).
•  Vasodilatação -  calor + rubor
•  Edema
•  Dor
•  Impotência funcional
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO
ESTEROIDAIS - AINES

Mecanismo de ação
• Inibição periférica e/ou central da atividade da enzima ciclooxigenase
(COX) e diminuição da síntese e liberação de prostaglandinas.

• Vários AINEs apresentam possíveis mecanismos adicionais de ação,


incluindo a inibição da quimiotaxia, a infrarregulação da produção de (IL-1),
a produção diminuída de radicais livres e a interferência nos eventos
intracelulares mediados pelo cálcio.
ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO
ESTEROIDAIS - AINES

AÇÕES FARMACOLÓGICAS:

• Diminuem a sensibilidade dos vasos sanguíneos à


bradicinina e à histamina,
• Afetam a produção de linfocinas pelos linfócitos T,
• Revertem a vasodilatação da inflamação.
NOMES
COMERCIAIS
MAIS COMUNS
ÁCIDO ACETILSALICILICO

• Protótipo dos AINEs tradicionais e foi aprovado pelo


FDA em 1939.
• O TXA2 aumenta a aglutinação das plaquetas, e a CONTRA INDICAÇÕES:
prostaglandina E2 a reduz. Doses baixas (81 a 325mg ❑ Terapia anticoagulante
diários) de AAS podem inibir irreversivelmente a ❑ Pré-cirurgias
produção de tromboxano nas plaquetas ❑ Ulcera péptica
❑ Gastrite ou sangramento
gastrintestinal
INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA ❑ Gravidez / proximidade do
parto
• Em combinação com o varfarina → ↑ do risco de
sangramento
PROIBIDO O USO NOS EUA
DIPIRONA Para a FDA a dipirona causa choques anafiláticos com
mais frequência que seu concorrente (paracetamol).

Dose máxima
diária: 8 g

REAÇÕES ADVERSAS:
• Agranulocitose – 1 caso/milhão de usuários (rara),
independente de dose;
• Anafilaxia (prurido, ardor, rubor, urticária, edema);
• Síndrome de Stevens Johnson (reação alérgica grave,
envolvendo erupção cutânea na pele e mucosas);
• Síndrome de Lyell (síndrome bolhosa rara e grave, ocorre
necrose na pele. Aspecto de grande queimadura
PARACETAMOL

• Evita a sensibilização dos receptores de dor.


• Baixa atividade antiinflamatória - fraco inibidor da COX-2
• não altera o tempo sangramento ou irritante gástrico

• CONTRA-INDICAÇÕES: insuficiências hepática e renal Dose máxima diária:


• Álcool (uso crônico) - indutor enzimático: ↑ conversão 4g
de paracetamol em metabólito tóxico - ↑ risco de Dose fatal: 15g
hepatotoxicidade
DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO

• O ibuprofeno foi o primeiro fármaco dessa classe.


• Naproxeno, fenoprofeno, cetoprofeno, flurbiprofeno.
• Todos esses fármacos possuem atividade anti-inflamatória,
analgésica e antipirética;
• Eles podem alterar a função das plaquetas e prolongar o
tempo de sangramento.
Derivados do ácido acético
• Esse grupo inclui a indometacina, o sulnidaco e o etodolaco.

Fenamatos
• O ácido mefenâmico

Acidos heteroarila acético


• O diclofenaco
DERIVADOS DO OXICAM

• O piroxicam e o meloxicam
• são utilizados no tratamento da artrite reumatoide, da espondilite
anquilosante e da osteoartrite.
• apresentam meias-vidas longas.
• Distúrbios GI são encontrados em cerca de 20°/o dos pacientes tratados
com piroxicam.
• O meloxicam inibe a COX-1 e a COX-2, com ligação preferencial a COX-2
e, em doses baixas a moderadas, provoca menos irritação gastrintestinal do
que o piroxicam.
CELOCOXIBE

• Seletivo COX-2
• Menor taxa de eventos gastrintestinais
• não inibe a agregação plaquetária e não aumenta o tempo de
sangramento.
• Uso crônico está correlacionado a eventos cardiovasculares Dose diária
• Pacientes com comprometimento hepático moderado - ↓ 50 máxima: 400 mg
% da dose

Taxa de absorção lenta –


não é ideal para dor aguda
INDICAÇÕES CLÍNICAS

Ao inibirem a síntese de PG e tromboxano são úteis em:


• manifestações sintomáticas musculo esqueléticas,
• artrite reumatóide,
• lúpus eritematoso sistêmico,
• esclerose sistêmica progressiva,
• poliartritenodosa,
• espondilite anquilosante,
• Dismenorréia primária,
• mastocitose sistêmica,
• Serosites lúpicas (pleurite e pericardite),
• adjuvantes no tratamento da gota aguda e em osteoartrose, artroplastia e fibrose cística
CONTRA INDICAÇÕES

• Não devem ser empregados em situações em que a reação inflamatória não deva ser
inibida, como traumas e infecções.
• Em idosos, o uso de AINE deve ser considerado com cautela - aumento do risco de
sangramento gastrintestinal e perfurações, manifestações que podem ser fatais.
• Não são recomendados em gestantes.
• Restrição do uso em crianças pelo receio do aparecimento da síndrome de Reye.
• Pacientes com história de ulceração péptica ou em alto risco para o desenvolvimento de
efeitos adversos gastrintestinais
AÇÃO SOBRE OS RINS

• Os inibidores da COX impedem a síntese de PGE2 e PGl2 - prostaglandinas responsáveis pela


manutenção do fluxo sanguíneo renal.
• A diminuição da síntese de prostaglandinas pode resultar na retenção de sódio e água, podendo
causar edema e hiperpotassemia em alguns pacientes.
• Pode ocorrer nefrite intersticial com a utilização de todos os AINEs.
FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DE
OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES
GASTROINTESTINAIS

1. História prévia de úlcera péptica;


2. Idade maior ou igual a 65 anos;
3. Alta dose de AINEs;
4. Uso de dois ou mais AINEs simultaneamente;
5. Uso concomitante de antiagregantes, anticoagulantes, glicocorticoides ou
inibidores seletivos de recaptação de serotonina;
6. Infecção por Helicobacter pylori;
7. Comorbidade grave;
8. Tabagismo e consumo de álcool
FATORES QUE AUMENTAM O RISCO DE
OCORRÊNCIA DE COMPLICAÇÕES
CARDIOVASCULARES

1. Angina instável;
2. Infarto do miocárdio;
3. Cirurgia de revascularização recente;
4. Alta doses de AINEs;
5. Hipertensão;
6. Insuficiência cardíaca.
INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS

• Pacientes em tratamento anti-hipertensivo com diuréticos de alça, antagonistas de


receptores de angiotensina II, inibidores da enzima de conversão da angiotensina
(IECA) e betabloqueadores não devem receber concomitantemente AINE, por
interagirem entre si, revertendo o efeito dos anti-hipertensivos;

• O risco de sangramento gastrintestinal é aumentado quando AINE é administrado


com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina)
FARMACOLOGIA DOS
GLICOCORTICOIDES
CORTICÓIDES

• Os fármacos corticoides são miméticos dos hormônios


corticosteroides.
• Eles são produzidos pelo corpo no córtex da glândula suprarrenal,
sendo divididos em glicocorticoides e mineralocorticoides.
• Os receptores dos glicocorticoides estão distribuídos em diversos
tecidos do corpo, interferindo desde o metabolismo de carboidratos e
proteínas até a regulação de mecanismos de defesa do organismo.
• Os receptores dos mineralocorticoides estão presentes,
majoritariamente, nos órgãos excretores.
ACTH
Hormônio
Adreno
Corticotrópico
CORTISOL
NECESSÁRIO PARA A
MANUTENÇÃO DA
VIDA
Excesso de
cortisol
MECANISMO DE AÇÃO

Bloqueio duplo da cascata do ácido araquidônico, age inibindo a fosfolipase A2 e


consequentemente fazendo inibição das COXs.
CONTRA INDICAÇÕES

• Ulcera
• Diabetes
• Tuberculose
• Hipertensão
• Insuficiência renal
• Trombose
• Osteoporose
• Atrofia muscular
DESMAME
• Uso com fenobarbital, fenitoína, rifampicina ou efedrina
(indutores enzimáticos) pode aumentar o metabolismo
dos corticosteroides, reduzindo o efeito da terapia.
• A metabolização dos corticoides é feita pela enzima
CYP3A4, produtos que contenham cetoconazol,
itraconazol, claritromicina podem levar ao aumento da
INTERAÇÃO concentração plasmática dos corticosteroides, elevando o
MEDICAMENTOSA risco de efeitos adversos.
• O uso com diuréticos que reduzem a concentração de
potássio (espironolactona, amilorida) pode intensificar a
hipocalemia;
• O uso com glicosídeos cardíacos pode aumentar os
eventos arrítmicos e intoxicação digitálica associada a
hipocalemia.
• Os glicocorticoides associados a AINEs ou álcool podem
aumentar a incidência/gravidade de úlceras
gastrointestinais.
• Em diabéticos, o tratamento com glicocorticoides pode
INTERAÇÃO inibir a resposta à somatotropina (mobiliza a gordura e
MEDICAMENTOSA inibe a utilização da glicose), poderá ser preciso reajuste
nas doses dos fármacos hipoglicemiantes.
• Antiácidos: reduz a biodisponibilidade dos corticóides

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