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Problema 2 – Ginecologia e Obstetrícia – Miguel Ruiz – Tut Denise Galvêas Terra

SIFÍLIS NA GRAVIDEZ
LOCAL: USF Barramares  Peso na gravidez: 57 kg
ANAMNESE  Tax: 36,5ºC
 PA 120/86 mmHg
Identificação  FC: 85 bpm
Janaína, 21 anos, acompanhada do namorado,  FR 16 irpm
residente de Barramares, designer de sobrancelha,  TEC <2s
universitária (Direito), ateia.  Oximetria: 98%
QP  Ectoscopia:
o Corada, anictérica, acianótica e
Encaminhada pela triagem por apresentar hidratadas
alterações em exame do pré-natal.  BEG
HDA  Mucosas:
o Corada, anictérica, acianótica e
Gravidez de 10 semanas, não planejada. Relata hidratadas
inchaço das mamas sem outros queixas associadas. Exame
alterado: Teste rápido para sífilis reagente. Tórax

HPP  Inspeção sem alterações


 Palpação sem alterações
Nega comorbidades, cirurgias, transfusão
sanguínea, acidentes ou traumas. Fazia uso de Ciclo 21, mas  Percussão sem alterações
interrompeu antes da gravidez. Relata PNI atualizado, mas  Ausculta pulmonar: MVF SRA
não porta cartão de vacinas.  Ausculta cardíaca: RCR 2T BNF SS
 Palpação do ictus cordis normal
HF
Mamas
Histórico de HAS na família, mãe e pai.
HPS  Túrgidas
 Aréola primária hiper pigmentada
Alimentação saudável, se hidrata corretamente,  Sem descarga papilar
nega tabagismo, etilismo e uso de outras drogas. Prática
crossfit 3x na semana. Relata que havia terminado com seu Abdominal
atual parceiro, mas reataram recentemente. Durante o
período separados a paciente nega relações com terceiros,  Inspeção sem alterações
mas suspeita que seu parceiro possa ter se relacionado,  Ausculta: RHA
devido a conversas vistas em seu celular, parceiro nega que  Palpação sem alterações
tenha acontecido.  Percussão sem alterações
HG Geniturinário
Menarca aos 12 anos, Sexarca aos 15 anos,  Inspeção: lesão ulcerada única, indolor, com
Telarca aos 10, Pubarca 10 anos. Lubrificação e trofismo bordas endurecidas e de fundo liso e brilhante.
vaginal presentes, nega dispareunia. Nunca fez exame Pilificação normal. Glândulas de Bartollini
preventivo. Ciclo menstrual prévio regular com duração de normais. Odor Suis Generis.
5 dias e fluxo normal (4 absorventes/dia).
 Toque bidigital: colo do útero amolecido,
EXAME FÍSICO trofismo vaginal presente
 Exame especular: colo epitalizado, centralizado,
GERAL de tamanho médio, orifício puntiforme
 Altura: 1,65m
 Peso prévio: 57 kg

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LISTA DE PROBLEMAS

 Teste rápido de sífilis reagente


 Úlcera genital
 Sexo desprotegido
 Gravidez não planejada
DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO
Síndrome úlcero anogenital

QUADRO DE DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS – DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO


PRÓS CONTRAS DEVERIA TER PROBABILIDADE
SIFÍLIS PRIMÁRIA Lesão ulcerada Linfadenopatia regional ALTA
Local da lesão acompanha a lesão
Única lesão (exceto
em
imunossuprimidos)
Teste rápido
reagente
Sexo desprotegido
Lesão com base
endurecida e fundo
limpo

HSV 2 Lesão ulcerada Teste rápido Úlceras bilaterais (em espelho) e BAIXA
Sexo desprotegido reagente linfadenopatia dolorosa
Sintomas associados como: febre,
cefaleia e mialgia e disúria
Prurido
Ardor
Formigamento
Bordas irregulares
Lesões avermelhadas com
pequenas bolhas muito dolorosas
as quais evoluem para pequenas
úlceras arredondadas
CANCRO MOLE Localização da úlcera Teste rápido Lesões múltiplas (pode ser única) BAIXA
Lesão ulcerada reagente Dor na lesão
Sexo desprotegido Borda irregular
Fundo irregular recoberto por
exsudato necrótico amarelado
Odor fétido
Sangra com facilidade

LINFAGRANULOMA Indolor Local Localizada em vagina e colo BAIXA


VENÉREO Transitória Teste rápido uterino
Sexo desprotegido reagente Quando avançadas (estágio
terciário) as lesões são
progressivas, hipertróficas e
necróticas
Pele eritemato-edematosa e
descamativa
Presença de fístulas e abcessos
Sintomas associados como: febre,
mal-estar, cefaleia, artralgia,

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sudorese noturna, vômitos,
esplenomegalia
Estágio terciário: presença de
sangue, muco e pus nas fezes
acompanhada de tenesmo e
emagrecimento

DONOVANOSE Lesão ulcerada Crescimento lento Lesão granulomatosa BAIXA


Indolor Teste rápido Lesão SC múltipla (pode ser única)
Local da lesão reagente que erode em ulceração
Sexo desprotegido Sangra com facilidade
Fundo de lesão mole e cor de carne
Bordas irregulares, elevadas e
bem delimitadas
Lesões recentes possuem o fundo
sanguinolento e as antigas se
tornam granulosas
Presença de secreção
seropurulenta
Odor fétido

CANCRO MISTO DE Lesão ulcerada Lesões múltiplas (pode ser única) BAIXA
ROLLET Teste rápido Borda irregular com halo
(Multietiologia – reagente edemaciado e eritematoso
cancro duro e mole) Sexo desprotegido Fundo irregular com secreção
necrótica e amarelada
Odor fétido

SÍNDROME DE Lesão ulcerada Teste rápido Ausência de lesões na mucosa oral BAIXA
BEHÇET – ÚLCERA DE reagente Ausência de aftas
LIPSCHUTZ Condição muito Feridas ovais de 1 a 10cm de
(inflamação crônica rara (>15 diâmetro, superficiais ou
dos vasos) 000/ano BRASIL) profundas e têm centro amarelado
Permanência de 1 a 2 semanas
Dolorosa (na vulva, mas indolor na
vagina)
Presença de outros sintomas como
febre, Mal estado geral, uveíte,
bolhas cutâneas e espinhas, leve
artrite em grandes articulações,
aneurismas, vasculite,
hemorragias, hemoptise, cólica,
diarreia, cefaleia, confusão mental
e rigidez nucal.

CONDUTA Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI --------- 2 ampolas

 Solicitar VDRL  Administrar 2,4 milhões UI via IM, dose única de 1,2
 Instruir sobre a importância do uso do milhão UI em cada glúteo agora.
preservativo PERGUNTAS DE APRENDIZADO
 Tratar o parceiro
 Realizar notificação compulsória da paciente e  Conceitue Sífilis.
parceiro  Como é a epidemiologia da Sífilis?
 Instruir a testar VDRL mensalmente até o parto  Qual a etiologia da Sífilis?
(próximo retorno em 30 dias)  Qual a fisiopatologia da Sífilis?
 Realizar prescrição:  Quais são as fases da sífilis?

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 Como se faz o diagnóstico da sífilis?
 Como tratar cada fase da sífilis?
 Como realizar o tratamento da sífilis na
gestante?
 Como é o seguimento da gestante e não gestante
tratada?
 Como se interpreta o resultado laboratorial dos
testes: Rápido, VDRL, FTA-ABS?
 A titulação do VDRL define o tempo de
contaminação?
 Quando considerar uma cicatriz sorológica ou
uma recontaminação?
 Quais os critérios de retratamento? Em 2012 houve a disponibilização do teste rápido
 Diagnósticos diferenciais para a sífilis. para sífilis na APS para gestantes e seus parceiros, já em
 Fluxograma para úlceras genitais MS. 2023 passou a integrar os exames realizados regularmente
no pré-natal (1º e 3º trimestre), pelo MS.
(Boletim epidemiológico Sífilis 2022 – Secretária de
CONCEITO Vigilância em Saúde – MS)
Infecção bacteriana sistêmica, crônica, curável e (Portaria nº77, de 12 de janeiro de 2012 – MS – Ministro Dr.
exclusiva do ser humano. Quando não tratada, evolui para Alexandre Rocha Santos Padilha)
estágios de gravidade variados, podendo acometer
diversos órgãos e sistemas do corpo. TRANSMISSÃO
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022) A transmissão da sífilis é maior nos estágios
iniciais da doença (primária e secundária), diminuindo
ETIOLOGIA gradualmente com o passar do tempo. Essa maior
Seu agente etiológico, descoberto em 1905 é o transmissibilidade explica-se pela riqueza de treponemas
Treponema Pallidum, subespécie pallidum. Sua transmissão nas lesões, comuns na sífilis primária e secundária.
se da principalmente por contato sexual, contudo, a infecção As espiroquetas penetram diretamente nas
pode ser transmitida verticalmente. membranas mucosas ou entram por abrasões na pele.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022) As formas de transmissão são:
EPIDEMIOLOGIA
 Sexual – através do contato sexual com as
Em 2021 tivemos: lesões: cancro, placa mucosa, exantema
cutâneo e condilomas planos;
BRASIL Sudeste ES  Vertical – sífilis congênita;
Sífilis 167.523 79.046 4.395 o A taxa de transmissão vertical é de
adquirida até 80% intraútero, podendo ainda
Sífilis em 74.095 33.065 615
ocorrer durante o parto vaginal se a
gestantes
Sífilis 27.019 11.839 540 mãe apresentar alguma lesão
congênita sifilítica;
Óbitos por 192 85 2 o Tal acometimento fetal provoca de
sífilis 30% a 50% de morte in útero, parto
congênita pré-termo ou morte neonatal.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)

FISIOPATOLOGIA

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1. O T. pallidum penetra rapidamente as A lesão primária é acompanhada de
membranas mucosas intactas, ou abrasões linfadenopatia regional (que acomete linfonodos localizados
microscópicas na pele; próximos ao cancro duro).

2. Dentro de poucas horas, invade os vasos Sua duração costuma variar muito, em geral de
linfáticos e o sangue para assim gerar uma três a oito semanas, e seu desaparecimento independe de
infecção sistêmica e focos metastáticos, muito tratamento. Pode não ser notada ou não ser valorizada pelo
antes do aparecimento de uma lesão primária; paciente.

3. A lesão primária aparece no sítio da inoculação,


geralmente persiste por 4-6 semanas, e depois
cicatriza espontaneamente;

4. Em 6 a 8 semanas após as manifestações, lesões


parenquimatosas, constitucionais e
mucocutâneas generalizadas aparecem.

(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)


INCUBAÇÃO

 Período de incubação: 10 a 90 dias (média de 3


semanas);
 Inóculo médio de 500 a 1000 microrganismos
infecciosos.
Quanto menor o período de incubação, maior o inóculo.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
CLASSIFICAÇÃO
Sífilis recente

 Primária
 Secundária
 Latente recente
Sífilis tardia

 Latente tardia
 Terciária
Neurossífilis
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
SÍFILIS PRIMÁRIA
A primeira manifestação é caracterizada por uma
úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com
borda bem definida e regular, base endurecida e fundo
limpo, que surge no local de entrada da bactéria (pênis,
vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais do
tegumento), sendo denominada “cancro duro”.

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(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
SÍFILIS SECUNDÁRIA
Ocorre em média entre seis semanas e seis (Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
meses após a cicatrização do cancro, ainda que
manifestações iniciais, recorrentes ou subentrantes do SÍFILIS LATENTE RECENTE E TARDIA
secundarismo possam surgir em um período de até um ano.
Período em que não se observa nenhum sinal ou
Excepcionalmente, as lesões podem ocorrer em sintoma. O diagnóstico faz-se exclusivamente pela
concomitância com a manifestação primária. As reatividade dos testes treponêmicos e não treponêmicos.
manifestações são muito variáveis, mas tendem a seguir
uma cronologia própria. A sífilis latente recente é definida pelo período
de até um ano do início da infecção, já a sífilis latente tardia
Inicialmente, apresenta-se uma erupção macular é definida pelo período em que já se passou mais de um ano
eritematosa pouco visível (roséola), principalmente no do início da infecção.
tronco e raiz dos membros. Nessa fase, são comuns as
placas em mucosas, assim como lesões acinzentadas e Aproximadamente 25% dos pacientes não
pouco visíveis nas mucosas. tratados intercalam lesões de secundarismo com períodos
de latência.
As lesões cutâneas progridem para lesões mais
evidentes, papulosas e eritematoacastanhadas, que podem (Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
atingir todo o tegumento, sendo frequentes nos genitais. TERCIÁRIA
Habitualmente, acometem a região plantar e Ocorre em aproximadamente 15% a 25% das
palmar, com um colarinho de escamação característico, em infecções não tratadas, após um período variável de
geral não pruriginoso. Mais adiante, podem ser latência, podendo surgir entre 1 e 40 anos depois do início
identificados condilomas planos nas dobras mucosas, da infecção.
especialmente na área anogenital (Condiloma lata).
A inflamação causada pela sífilis nesse estágio
Linfonodos epitrocleares é sugestivo para o provoca destruição tecidual. É comum o acometimento dos
diagnóstico de sífilis secundária. sistemas nervoso e cardiovascular. Além disso, verifica-se
São comuns sintomas inespecíficos como febre a formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência
baixa, mal-estar, cefaleia, anorexia, dor de garganta e a liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. As
adinamia. A sintomatologia desaparece em algumas lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até
semanas, independentemente de tratamento, trazendo a morte.
falsa impressão de cura. Sífilis cardiovascular
O DNA de T. pallidum tem sido detectado por PCR
no tecido aórtico. O envolvimento cardiovascular resulta
em:

 Aortite não complicada;


 Insuficiência aórtica;
 Aneurisma sacular (principalmente na A. Aorta
ascendente);
 Estenose dos óstios coronarianos.
Sífilis gomosa
Condição muito rara, normalmente relatadas em
pacientes com HIV, podendo incluir em qualquer lugar, pele,
ossos e órgãos internos.
Caracterizada por úlceras ou lesões
granulomatosas amontoadas de forma arredondada,
irregular ou serpiginosa.

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 Sífilis meníngea (<1 ano – 10%);
 Meningovascular e parenquimatosa (10 anos –
10%);
 Paresia geral (20 anos – 10%);
 Tabes Dorsalis (25 a 30 anos – 1/3).
Pacientes que apresentam maior risco de desenvolver
neurossífilis:

 HIV+;
 CD4 baixo;
 Não realizaram tratamento;
 Tratamento não realizado corretamente;
 HSH;
 Carga viral detectável.
Sífilis meníngea sintomática
Principais sinais e sintomas:

 Cefaleia, náusea, vômitos, rigidez cervical, dor


nas costas, perda sensorial, incontinência,
fraqueza nas pernas, atrofia muscular,
convulsões e alterações do estado mental;
 Uveíte, vitreíte, retinite ou neuropatia óptica –
alteração da acuidade visual;
 Neuropatias cranianas: comprometimento dos N.
óptico, facial ou auditivo;
 Hidrocefalia, arterite de vasos pequenos, médios
ou grandes, levando a isquemia ou infarto do
cérebro ou da medula espinhal;
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)  Leptomeningite difusa ou a gomas sifilíticas,
Neurossífilis raramente podendo evoluir para meningomielite
ou paquimeningite hiperplásica com
Manifestação tardia da sífilis, que nas primeiras polirradiculopatia;
semanas ou meses de infecção pode acarretar meningite
e/ou uveíte, podendo passar meses a anos se Análise do LCR – Sífilis meníngea sintomática
desenvolvendo de forma assintomática.
 Linfócitos: 200 a 400 células/microL;
Neurossífilis assintomática  PTN: 100 a 200 mg/dL;
Pacientes assintomáticos, mas que tem  VDRL: reagente
anormalidades do LCR (1/3): Sífilis meningovascular
 Pleocitose mononuclear;  AVC – A. cerebral média;
 Aumenta de proteína;  Comprometimento da A. espinhal anterior;
 VDRL positivo no líquor.  Pleocitose linfocítica entre 10 a 100
Líquor está alterado em 40% dos casos de sífilis células/microL e concentração PTN de 100 a 200
recente e 25% dos casos de sífilis latente. mg/dL. VDRL reagente.

Neurossífilis sintomática Paresia

Principais categorias clínicas de neurossíflis Principais complicações:


sintomática compreendem:  Paralisia geral do insano;
 Neurossífilis parética;
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 Demência paralítica; sinais visíveis, a pessoa continua transmitindo a bactéria.
 Na era pré-penicilina, o paciente tinha apenas No caso de gestantes, o indicado é realizar o teste com
2,5 anos de expectativa de vida. frequência para diagnosticar a infecção em pelo menos em
3 momentos: no primeiro trimestre de gestação, no terceiro
As manifestações refletem lesão parenquimatosa trimestre de gestação, e no momento do parto ou em casos
disseminada tardia, e incluem: de aborto. É muito importante também testar e tratar a
parceria sexual da gestante.
P – personalidade;
(Sífilis – Secretária de estado de saúde MG - 2023)
A – afeto;
Diagnóstico
R – reflexos (hiperativos);
Os testes utilizados para o diagnóstico de sífilis
E – eye (pupilas de Argyll Robertson); são divididos em duas categorias:
S – sensório (ilusões, delirium, alucinações);
 Exames diretos;
I – intelecto (diminuição de memória recente,  Testes imunológicos.
orientação, raciocínio, julgamento e percepção);
Exames diretos para sífilis:
A – fala
Os exames diretos são aqueles em que se realiza
Tabes Dorsalis a pesquisa ou detecção do T. pallidum em amostras
coletadas diretamente das lesões.
É uma manifestação tardia da sífilis que se
apresente com sinais e sintomas de desmielinização das
colunas posteriores, raízes dorsais e gânglios da raiz
dorsal.
Sinais e sintomas:

 Marcha atáxica de base alargada e pé equino;


 Parestesias;
 Transtorno vesicais e impotência;
 Arreflexia e perda das sensações
proprioceptivas, dolorosas profundas e térmicas;
 Degeneração trófica de articulações (Juntas de
Charcot) e ulceração perfurante dos pés pode
resultar da perda de sensação dolorosa;
 A pupila de Argyll Robertson;
 Atrofia ótica.
Testes imunológicos:
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
Os testes imunológicos são, certamente, os mais
(Neurossífilis: uma breve revisão – Revista de patologia utilizados na prática clínica. Caracterizam-se pela realização
tropical 2014) de pesquisa de anticorpos em amostras de sangue total,
(Neurossífilis: Aspectos Clínico-Epidemiológicos de soro ou plasma. Esses testes são subdivididos em duas
Pacientes Atendidos em um Hospital Especializado no Estado classes:
de Goiás – Anais do XVI CICURV)  Treponêmicos;
(Neurossífilis: conheça os sintomas e saiba como  Não treponêmicos.
diagnosticar – Pebmed)
Treponêmicos
QUEM DEVE SE TESTAR PARA A SÍFILIS?
São testes que detectam anticorpos específicos
Recomenda-se que a população sexualmente produzidos contra os antígenos de T. pallidum. São os
ativa vá a um posto de saúde fazer o teste sempre que tiver primeiros a se tornarem reagentes, podendo ser utilizados
uma relação sexual desprotegida ou apresentar algum como primeiro teste ou teste complementar. Em 85% dos
sintoma da doença. Mesmo assintomática, quando não há casos, permanecem reagentes por toda vida, mesmo após o

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tratamento e, por isso, não são indicados para o
monitoramento da resposta ao tratamento.

 TPHA – teste de hemaglutinação T. pallidum;


 TPPA – teste de aglutinação de partículas T.
pallidum;
 MHA-TP – ensaios de micro-hemaglutinação;
 FTA-ABS – teste de imunofluorescência indireta;
 ELISA – enzymed-linked immunosorbent Assay;
 CMIA – Chemiluminescent Microparticle
Immunoassay.
Testes não treponêmicos
Esses testes detectam anticorpos anticardiolipina
não específicos para os antígenos do T. pallidum. Permitem
uma análise qualitativa e quantitativa.
Uma vez observada reatividade no teste, a
amostra deve ser diluída em um fator dois de diluição, até
a última diluição em que não haja mais reatividade no teste.
O resultado dos testes reagentes, portanto, deve
ser expresso em títulos (1:2, 1:4, 1:8 etc.). Os testes não
treponêmicos são utilizados para o diagnóstico (como
primeiro teste ou teste complementar) e para o
monitoramento da resposta ao tratamento e controle de
cura. A queda adequada dos títulos é o indicativo de sucesso
do tratamento.
Testes mais comuns utilizados no Brasil:

 VDRL – veneral disease research laboratory;


 RPR – rapid plasma reagin;
 USR – unheated-serum reagin.
Resultados falso-reagentes, ainda que raros, são
passíveis de ocorrer. Anticorpos anticardiolipinas podem
estar presentes em outras doenças. Por isso, é sempre
importante realizar testes treponêmicos e não
treponêmicos para a definição laboratorial do diagnóstico.
Os testes não treponêmicos tornam-se reagentes em
cerca de uma a três semanas após o aparecimento do cancro
duro. Se a infecção for detectada nas fases tardias da
doença, são esperados títulos baixos nesses testes. Títulos
baixos (≤ 1:4) podem persistir por meses ou anos. Pessoas
com títulos baixos em testes não treponêmicos, sem
registro de tratamento e sem data de infecção conhecida,
são consideradas como portadoras de sífilis latente tardia,
devendo ser tratadas.

(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)


TRATAMENTO

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procedimento e a cada 15 a 20 minutos, ao
longo do procedimento, até 1 hora após a
conclusão dele. Caso ocorra reações
anafiláticas durante o protocolo de DRM,
as mesmas devem ser tratadas da mesma
maneira que qualquer reação anafilática
 Em caso de não ser possível realizar a
dessensibilização, a gestante poderá ser tratada
no ambiente ambulatorial ou na APS com
CEFTRIAXONA 1G, EV ou IM em dose única diária
por 8 a 10 dias ou ERITROMICINA (ESTERATO)
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022) 500mg VO 6/6h por 15 dias para sífilis recente ou
30 dias para a sífilis tardia.
TRATAMENTO GESTANTES
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
Devido ao cenário epidemiológico atual,
recomenda-se tratamento imediato com benzilpenicilina (Qual a opção terapêutica para gestantes com sífilis e
benzatina após somente um teste reagente para sífilis alérgica a penicilina benzatina – 2018 BVS)
(teste treponêmico ou teste não treponêmico) nas seguintes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOLOGIA –
situações (independentemente da presença de sinais e Dessensibilização rápida a penicilina – 2023)
sintomas de sífilis):
REAÇÃO DE JARISCH-HERXEIMER
 Gestantes (Tratar parceiro);
 Vítimas de violência sexual; A reação de Jarisch-Herxheimer é um evento que
pode ocorrer durante as 24 horas após a primeira dose de
 Pessoa com chance de perda de seguimento;
penicilina, em especial nas fases primária ou secundária.
 Pessoas com sinais/sintomas de sífilis primária
ou secundária; Consiste na exacerbação das lesões cutâneas,
 Pessoa sem diagnóstico. mal-estar geral, febre, cefaleia e artralgia, que regridem
espontaneamente após 12 a 24 horas. Podendo ser
Tratamento controlada com o uso de analgésicos simples, conforme a
necessidade, sem ser preciso descontinuar o tratamento.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
SEGUIMENTO DA GRÁVIDA PÓS-TRATAMENTO
Teste não treponêmico mensal da gestante e na
hora do parto ou em caso de aborto, e teste trimestral para
o parceiro por 1 ano.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
SEGUIMENTO DA NÃO GRÁVIDA PÓS-TRATAMENTO
Sífilis recente (HIV -)

Em caso de alergia a Benzilpenicilina  VDRL – 3, 6 e 12 meses após tto


o Sinais clínicos persistem;
 Encaminhar paciente para serviço terciário, para o Títulos aumentam 4 vezes;
que seja dessensibilizada e posteriormente o Títulos não caem;
tratada com penicilina em ambiente hospitalar; o Títulos não negativam
o A dessensibilização consiste em um
protocolo clássico que envolve o aumento Sífilis recente (HIV +)
da dose, dobrando-as a cada 15 a 20
minutos ao longo de várias horas até a  VDRL – 3, 6, 9, 12 e 24 meses após tto
dose terapêutica ser alcançada. O paciente Sífilis terciária
deve ser examinado antes do início do

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 VDRL – 6, 12, 18, 24 meses após tto A TITULAÇÃO (VDRL) DEFINE O TEMPO DE
CONTAMINAÇÃO?
Neurossífilis
Na sífilis primária e secundária, os títulos
 VDRL – 3, 6, 9, 12 e 24 meses após tto geralmente declinam em torno de duas diluições em 3
o Contagem de células não diminui em meses (por exemplo, de 1:32 para 1:8), e de quatro diluições
6 meses. PTN no LCR não normalizam a partir de seis meses.
em 2 anos.
O monitoramento com frequência mensal nas
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022) gestantes e aos 3 e 9 meses na população em geral (além
das medidas aos 6 e 12 meses) não tem o intuito de avaliar
INTERPRETAÇÃO DE TESTES – FTA-ABS E VDRL queda da titulação, mas de descartar aumento da titulação
FTA-ABS em duas diluições, o que configura reinfecção/reativação e
necessidade de retratamento da pessoa e das parcerias
Reagente: sexuais.Não sendo um exame utilizado para definir o tempo
da contaminação.
 Paciente com sífilis;
 Paciente com sífilis curada; (Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
 Falso-positivo: (Quais exames solicitar após tratamento de um paciente
o Pneumonia pneumocócica; com sífilis adquirida? – UFRGS)
o Linfagranuloma venéreo;
o Endocardite infecciosa; CICATRIZ SOROLOGICA DA SÍFILIS
o Hanseníase;
o Tuberculose; A denominada cicatriz sorológica ou memória
sorológica caracteriza-se pela persistência de resultados
o HIV;
o Caxumba; reagentes nos testes treponêmicos e/ou nos testes não
o Mononucleose; treponêmicos com baixa titulação após o tratamento
o Hepatite viral; adequado para sífilis, afastada a possibilidade de
reinfecção.
o Gravidez;
o Medicamentos; A persistência de resultados reagentes em testes
o Idosos; não treponêmicos após o tratamento adequado e com queda
o Varicela; prévia da titulação em pelo menos duas diluições, quando
o Leptospirose; descartada nova exposição de risco durante o período
o Infecção por Mycoplasma. analisado, é chamada de “cicatriz sorológica” (serofast) e
não caracteriza falha terapêutica.
Não reagente: Paciente nunca teve contato com o agente
etiológico. (Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
VDRL RECONTAMICAÇÃO POR SÍFILIS
Não reagente: paciente sem doença ativa Quando se trata o paciente, sem fazer uma
abordagem mais ampla, sem tratar o parceiro, pode
Positivo: teste positivo quando o título é igual ou superior
acontecer recontaminação. O paciente faz o tratamento, se
1/16
cura, mas contrai a doença novamente.
Cicatriz sorológica: valores menores que ¼
A recontaminação é evidenciada pela volta de
sinais e sintomas e aumento da titulação nos exames de
monitorização VDRL.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
CRITÉRIOS DE RETRATAMENTO
(Revista Brasileira de Coloproctologia – Interpretação das Muitas vezes, é difícil distinguir entre reinfecção,
reações sorológicas para diagnóstico e seguimento pós- reativação e cicatriz sorológica, sendo fundamental a
terapêutico da sífilis) avaliação da presença de sinais e sintomas clínicos novos,
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022) da epidemiologia (reexposição), do histórico de tratamento
(duração, adesão e medicação utilizada) e dos exames

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laboratoriais prévios, para facilitar a elucidação
diagnóstica.
Critérios:

 Ausência de redução da titulação em duas


diluições no intervalo de seis meses (sífilis
recente, primária e secundária) ou 12 meses
(sífilis tardia) após o tratamento adequado (ex.:
de 1:32 para >1:8; ou de 1:128 para >1:32);

OU
Linfagranuloma venéreo – Chlamydia Trachomatis
 Aumento da titulação em duas diluições ou mais
(ex.: de 1:16 para 1:64; ou de 1:4 para 1:16);

OU

 Persistência ou recorrência de sinais e sintomas


clínicos.
(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAL DE SÍFILIS
Donovanose – Klebsiella Granulomatis

Cancro misto de Rollet – Haemophylus ducreyi e


Treponema pallidum

HSV2 – Herpes Simplex 2

Síndrome de Behçet – genética

Cancro mole – Haemophilus Ducreyi

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(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022) (Fluxograma para manejo de infecções que causam úlcera
genital. Fonte: DCCI/SVS/MS.)
FLUXOGRAMA SÍFILIS
CURSO DA SÍFILIS NÃO TRATADA

(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)


FIM.

(Atenção Integral as pessoas com IST – MS 2022)


(Prefeitura da cidade do RJ – Gerência de DST/AIDS e
hepatites virais)
FLUXOGRAMA ÚLCERAS GENITAIS

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