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Infecções Congênitas

¥ Infeções adquiridas intraútero ou § Quando positivo, é importante


durante o trabalho de parto. confirmar o resultado através da
realização de um teste treponêmico,
SToRCHZ apesar de que o diagnóstico de sífilis
Sífilis Citomegalovírus
pode ser dado apenas por um teste não
Toxoplasmose Herpes Simples
Rubéola Zika treponêmico.

SÍFILIS CONGÊNITA • Teste treponêmico (TPHA, Elisa, FTA-


¥ Notificação compulsória. ABS): detectam anticorpos específicos
¥ Etiologia: Treponema pallidum. contra o T. pallidum, possuem maior
custo e maior complexidade.
O risco de infecção secundária é maior em
casos de sífilis primária ou secundária, Não são indicados para monitorar
podendo chegar a 70 a 100% de chance de resposta ao tratamento.
infecção congênita

¥ Tratamento materno:
É rara a transmissão pelo contato com
lesão genital ou mamária, além de que
não há transmissão através do
aleitamento materno.

Na gestação:
¥ Diagnóstico:
• Teste não treponemico: VDRL: detecta • Os parceiros sexuais devem ser

anticorpos inespecíficos tratados.

anticardilipina. • O monitoramento deve ser através da


dosagem de VDRL mensalmente.

A cardiolipina é liberado pelas células § Sucesso: há queda dos títulos em 2

danificadas pelo treponema, que são diluições em 3 meses ou em 4

liberados quando há infecção. diluições em 6 meses.


§ Falha terapêutica: há ausência de
§ Pode ter falso positivo em casos de queda esperada, aumento em ≥
doenças autoimunes. diluições, persistência ou
§ Permite identificar o estágio clínico da recorrência dos sintomas.
doença e resposta terapêutica.
Para a gestante ser considerada como § Ósseo: fronte olímpica, nariz em
adequadamente tratada é necessário sela, tíbia em lâmina de sabre e
que: articulações de Clutton.
• Tratamento tenha sido realizado com § Tríade de Hutchinson: ceratite
penicilina benzatina com as doses de intersticial e lesão de VIII par.
acordo com o estágio clínico da
doença. ¥ Diagnóstico RN:
• O tratamento tenha se iniciado 30 ias • Hemograma.
antes do parto. • Função hepática.
• Documentação do sucesso terapêutico • Radiografia simples dos ossos longos.
confirmada através da redução dos • Teste sorológico - VDRL em sangue
níveis de VDRL. periférico, líquor.
• Avaliação oftalmológica e auditiva.
RN
¥ Quadro clínico RN: ¥ Tratamento RN:
Pode ser oligo ou assintomático em 60% • Penicilina benzatina em dose única
dos casos. com 50.000 UI/Kg IM, é indicado para
Sintomática pode ser considerada como: RN assintomáticos com exames
• Precoce > 2 anos. normais.
§ Redução do crescimento • Penicilina procaína, 50.000 UI/Kg dose
intrauterino. única IM, é indicado apenas se o líquor
§ Hepatoesplenomegalia. for normal.
§ Exantema maculoapular. • Penicilina procaína 50.000 UI/Kg dose
§ Pènfigo palmoplantar. IV, 12/12h nos primeiros 7 dias e após
§ Fissuras radiadas periorificiais. 8/8h por mais 7 dias. só é indicado
§ Rinite serossanguinolenta. para pacientes com neurossífilis.
§ Condiloma pano anogenital.
Paciente necessita de isolamento de
§ Lesões ósseas: periostite,
contato nas primeiras 24 horas de
osteocondrite, osteíte,
tratamento.
pseudoparalisia de Parrot.
§ Anemia e plaquetopenia. Neurosífilis congênita: acompanhamento
mensal até 6 mensal e bimestral até 18
• Tardia < 2 anos: meses, além de repetir VDRL com 1, 3, 6,
§ Neurológicas: surdez, retardo 12 e 18 meses.
mental e hidrocefalia.
Pode-se considerar sucesso do tratamento Os sintomas, quando presentes, são
após 2 testes VDRL negativos. É inespecíficos, podendo simular qualquer
necessário reinvestigar, caso elevação do outra infecção.
VDRL ou não investigação até os 18 meses § Natimortalidade e morte neonatal (5%).
de vida. § Formas subclínicas (70%).

Em casos de Neurossífilis, deve ser feita


§ Tríade clássica de sinais :coriorretinite,
coleta de líquor a cada 6 meses até
hidrocefalia e calcificações cerebrais
normalização.
(difusas, em “céu estrelado”).
• Formas leves (20%):
O paciente é aparentemente normal, com
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA
algum sintoma semanas ou meses depois.
Algumas vezes aparecem calcificações
¥ Etiologia: Toxoplasma gondii.
cerebrais e coriorretinite, sem
comprometimento do SNC;
Gestante com infecção não tratada
adquirida:
• Formas graves:
• 1º trimestre: 17% taxa de transmissão
§ Neurológica (encefalítica):
para feto.
coriorretinite, alteração do líquido
• 3º trimestre: 65%
cerebrospinal (LCE), anemia,
convulsões, calcificações cerebrais,
¥ Prevenção: durante a gestação
hidrocefalia, microcefalia;
consistem em evitar o contato com
animais infectados, principalmente
§ Generalizada (formas neurológica e
gatos, não consumir carnes cruas ou
visceral): icterícia,
malcozidas, lavar bem as mãos antes
hepatoesplenomegalia,
das refeições, higiene dos alimentos,
linfadenopatia, febre, alterações
evitar jardinagem e repetir a sorologia
liquóricas, coriorretinite, anemia,
a cada trimestre.
petéquias, eosinofilia,
trombocitopenia, surdez
¥ Quadro clínico:
neurossensorial. Suas sequelas
Na grande maioria das vezes, a doença é
incluem alterações da acuidade
subclínica, dificultando o diagnóstico.
visual.
A maioria das crianças acometidas são
assintomáticas ao nascimento.
§ Tétrade de Sabin: hidro ou
microcefalia, retinocoroidite
bilateral macular ou perimacular determinar o tempo de infecção e o
calcificações cerebrais teste deve ser repetido.
intraparenquimatosas grosseiras e § USG fetal: pode apresentar achados
retardo mental. como, hidrocefalia, calcificações
cerebrais e hepáticas ascite,
¥ Diagnóstico: cardiomegalia e alterações
Suspeita clínica deve ser feita com base placentárias.
nos antecedentes epidemiológicos, § PCR específica: amplificação do seu
obstétricos e sinais e sintomas sugestivos, DNA no líquido amniótico obtido
como: anemia, icterícia, hepatomegalia, por amniocentese.
baixo peso de nascimento.
¥ Tratamento:
• Testes sorológicos no RN: O tratamento materno deve ser iniciado
§ ELISA: com captura de IgA para o logo que há comprovação laboratorial da
diagnóstico de infecção recente, infecção por toxoplasmose na gestação. O
pois seus anticorpos desaparecem tratamento pós-natal de neonatos
de circulação mais rapidamente do infectados melhora o prognóstico em
que os da classe IgM. longo prazo. Todos devem ser tratados.
§ Reação em cadeia polimerase no • Sintomáticos:
líquido amniótico.
Sulfadiazina + pirimetamina + ácido
• Avaliação: oftalmológica, neurológica fólico durante 1 ano
e adutiva.
• USG transfontanela. § Sulfadiazina, 100 mg/kg/d VO, a
• Hemograma; cada 12 horas nos 6 primeiros
• Análise de LCE para avaliar o meses e, após esse período, 1 vez
comprometimento do paciente. ao dia;
§ Pirimetamina, 2 mg/kg/d VO, a
• Gestante: cada 12 horas, por 2 dias e,
§ Testes sorológicos; posteriormente, 1 mg/kg/d, por 6
§ Teste de Avidez: avaliar se a meses; após esse 3x/sem (às
infecção é recente ou antiga. Se IgG segundas, quartas e sextas-feiras).
≤ 30% indica infecção nos últimos 60 § Ácido fólico: para combater a ação
dias; ≥ 60%, infecção há mais de 60 antifólica da pirimetamina, com
dias; entre 31 e 59%, não se permite supressão medular, preconizam-se
5 a 10 mg, 3x/sem, mantendo-se
por 1 semana após a retirada da A mesma só eliminará o vírus até 1 ano
pirimetamina. após o nascimento, ressaltando que essa
§ Prednisona: quando a proteína no medida não é necessário caso as culturas
LCE é igual ou superior a 1 g/dL e na de nasofaringe e urina sejam
coriorretinite em atividade. A dose repetidamente negativas (pelo menos 2
preconizada é de 0,5 mg/kg VO, a resultados, com intervalo de 1 mês), após
cada 12 horas, por 4 semanas (SBP) 3 meses de vida.
ou até a melhora dos níveis de
proteína (< 1 g/dL) ou da ¥ Quadro clínico:
coriorretinite. Cerca de 70% têm manifestação ao nascer.
• Podem apresentar desde quadro
• Gestação: assintomático até SRC: catarata,
§ Espiramicina no 1º trimestre. cegueira, surdez neurossensorial,
§ Sulfadiazina + pirimetamina após o microcefalia, retardo mental e
1º trimestre. malformações cardíacas (persistência
do canal arterial, estenose da artéria
RUBÉOLA CONGÊNITA pulmonar e defeitos de septos atrial e
Síndrome da Rubéola Congênita (SRC): ventricular).
infecção fetal por via transplacentária
durante a viremia materna, diminuindo a A principal característica da rubéola
sua taxa de transmissão quando mais congênita é a sua cronicidade, e as
avançada a gestação. manifestações existentes podem progredir
As infecções placentária e fetal podem ou novas alterações aparecer ao longo da
ocasionar abortos, óbito fetal, anomalias vida.
congênitas, doença multissistemica e
restrição do crescimento intrauterino. • Manifestações tardias: dificuldade de
aprendizagem, distúrbios de
¥ Profilaxia: comportamento e autismo.
Vacinação para rubéola em mulheres em
período fértil – esperar 1 mês para ¥ Diagnóstico:
engravidar. • Testes sorológicos maternos ou fetais
Não pode ser aplicada em mulheres com aumento da titulação ou
grávidas. soroconversão.
• Isolamento viral no sangue, urina ou
OBS: A criança portadora deve ficar LCE.
isolada durante a fase aguda.
• Reação em cadeia da polimerase no § Hemorragias e vasculites em graus
sangue ou nas secreções da orofaringe. variados.

¥ Tratamento: ¥ Diagnóstico:
• Suporte clínico, pois não há tratamento • Pesquisa do vírus em secreções (urina,
específico. saliva, secreção respiratória, sangue).
• Fragmentos de órgãos com isolamento
nas primeiras 2 a 3 semanas indicam
CITOMEGALOVÍRUS infecção congênita.

¥ Quadro clínico: Em caso de positivação da pesquisa


• Forma subclínica ou assintomática anteriormente negativa, ocorrer após 2
(90%). semanas de vida, a infecção terá sido
• Citomegálica grave (10%): perinatal.
§ Hepatomegalia, esplenomegalia, O IgM positivo após 3 a 4 semanas de
icterícia, petéquias e púrpura (a nascimento sugere infecção pós-natal.
trombocitopenia pode persistir por
meses a anos). ¥ Tratamento:
§ Microcefalia (perímetro cefálico Nenhum tratamento materno é
abaixo do percentil 50), recomendável.
calcificações cerebrais (sobretudo • Quadro sistêmico: Ganciclovir e
periventriculares) e hidrocefalia. valganciclovir (usados no perídos
§ Defeitos oculares (coriorretinite, neonatal), cidofovir e foscarnete.
microftalmia e catarata). § Gangliociclovir (6 a 12mg/kg IV, a
§ Retardo do crescimento cada 12 horas, por 6 semanas).
intrauterino, prematuridade,
pneumonites, defeitos dentários,
§ Perda auditiva neurossensorial HERPES NEONATAL
(alteração mais comum causada
pelo CMV, que envolve 60% das Geralmente, por infecção genital
crianças sintomáticas e 5% das materna, e é mais comum sua
assintomáticas). transmissão durante o trabalho de parto
§ Coriorretinite apresenta-se com ou pós-natal (chega a 50% no parto
áreas de necrose retiniana branco- vaginal).
amareladas extensas. As mulheres com primoinfecção
geralmente são assintomáticas, enquanto
aquelas com infecção redicivante têm a § Na pele, as lesões podem se
transmissão intraparto diminuída (3 a 5%) apresentar na forma de vesículas
pela presença de anticorpos preexistentes. agrupadas.
§ A meningoencefalite herpética
• HSV-1 infecta a pele e a mucosa ocorre geralmente entre a segunda
acima da cintura. e a terceira semana de vida e é
• HSV-2 infecta a genitália materna e o caracterizada por instabilidade
neonato (transmissão perinatal). térmica, letargia, má aceitação
alimentar, irritabilidade, tremores,

¥ Quadro clínico: convulsões e fontanela anterior

• Período de incubação: varia entre 2 e ampla. Pode ou não ser

20 dias, com média de 16 dias. acompanhada das lesões

Portanto os RNs que apresentam lesões ao vesiculares nos olhos, pele e boca.

nascimento provavelmente foram


infectados antes do nascimento. ¥ Diagnóstico:

• As manifestações clínicas se • Cultura e exame citológico das lesões

apresentam em 3 categorias: e liquor.

§ Infecção de pele, olho e boca (de 5 • Testes sorologlógicos:

a 6 dias após o parto). § Teste de imunofluorescência para

§ Infecção do SNC (8 a 12 dias após o anticorpos IgG e IgM.

parto). § ELISA

§ Infecção disseminada (5 a 6 dias


após o parto). Em caso de meningoencefalite herpética,
o diagnóstico é feito por reação em

• Apresenta-se: cadeira da polimerase e análise do liquor

§ Lesões cerebrais que incluem (hemácias, pleocitose, aumento de

microcefalia, hidrocefalia e proteínas, sem alteração da glicose).

meningoencefalite;
§ Na região ocular, conjuntivite, § Eletroencefalograma.

ceratite, coriorretinite e cegueira. § Ressonância nuclear magnética

§ Outras sequelas incluem com lesões destrutivas no lobo

anencefalia, microcefalia, temporal (anormalidade clássica),

pneumonite, hepatomegalia, edema e hemorragia

anemia hemolítica, espasticidade e parenquimatosa.

retardo mental.
¥ Tratamento:
• Aciclovir (inibidor seletivo da Diagnóstico:
replicação viral): 60 mg/kg/d IV, a As seguintes recomendações para
cada 8 horas, por 14 dias, diagnóstico pré- natal devem ser
prolongando-se para 21 dias quando seguidas:
há o envolvimento do SNC. • Gestantes sintomáticas examinadas
• Gestantes com HSV genital, lesões em menos de 2 semanas após o
primárias ou recorrentes, deve-se início dos sintomas devem fazer RT-
optar por parto cesárea. PCR em sangue e urina;
• Gestantes examinadas de 2 a 12
semanas após o início dos sintomas
Zika Vírus devem ser testadas para anticorpo
O vírus da Zika uma infecção IgM de zica e dengue;
exantematosa que, acometendo • Gestantes assintomáticas
gestantes, pode provocar infecção fetal residentes em áreas com
com tropismo pelo SNC, levando a lesões transmissão ativa de zica,
cerebrais graves e microcefalia, além de examinadas em menos de 2
alterações auditivas, visuais e semanas após possível exposição,
neuropsicomotoras. devem ser testadas com RT-PCR e,
¥ Etiologia: Aedes aegypti. se o teste for negativo, no
¥ Transmissão: picada da fêmea, seguimento em 2 a 12 semanas
relação sexual com infectado ou após a exposição, deve ser
transfusão sanguínea. solicitado anticorpo IgM para zica;
• Mulheres assintomáticas que não
¥ Quadro Clínico: residem em área de transmissão
• Febre baixa, entre 37,8 e 38,5o C. ativa de zica e que forem
• Artralgia, mialgia, cefaleia retro- examinadas de 2 a 12 semanas
ocular, conjuntivite sem secreção. após possível exposição, devem
• Exantema com prurido, podendo afetar primeiramente ser testadas para
rosto, tronco e membros inferiores. anticorpo IgM do zica. Se IgM for
• Raramente: dor abdominal, diarreia, positivo ou duvidoso, deve ser
constipação, fotofobia e úlceras solicitado RT-PCR;
pequenas na mucosa oral. • No pré-natal de gestantes
• Complicações: microcefalia adquirida assintomáticas, mas com risco de
por transmissão vertical e a síndrome exposição ao zica, deve ser
de Guillain-Barré. solicitado anticorpo IgM do zica
durante o primeiro e o segundo
trimestres, com RT- PCR imediato
caso o IgM seja positivo ou
duvidoso.

Exames complementares:
• USG obstétrica.
• USG transforntanela.
• TC de crânio.
• PCR para Zika vírus.
• Sorologias para detecção de anticorpos
(IgM e IgG).

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