Você está na página 1de 11

REFS – v.9, n.14, jul./dez.

2018

S
19
A IMPORTÂNCIA DO
PSICOPEDAGOGO EM

Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia


PREVENIR DIFICULDADES DE
REF LINGUAGEM ORAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL

RESUMO
Crianças que apresentam dificuldades na linguagem
desencadeiam vários fatores negativos para o seu
desenvolvimento normal nos aspectos cognitivos, pessoal,
de estima e de relação social. Neste sentido, o presente
estudo apresenta reflexões sobre a linguagem oral na fase
da educação infantil: aquisição, o que é esperado de cada
idade, fatores impeditivos para o desenvolvimento da
mesma, assim como o papel do psicopedagogo nesse
processo como forma de contribuição para a ampliação
das capacidades de comunicação e expressão. Para
elucidar: quais as possibilidades de intervenção do
psicopedagogo em relação às dificuldades de aquisição de
linguagem oral nas crianças na etapa da educação
infantil?, questão-problema deste estudo, elencou-se
CORREA, Joana.
Pedagoga; Especialista em
como objetivo geral identificar as dificuldades encontradas
Psicopedagogia Institucional. na aprendizagem da linguagem oral, destacando o papel
(SINERGIA) do psicopedagogo em ajudar e desempenhar seu trabalho
jocorrea_470@hotmail.com para facilitar o desenvolvimento das crianças na Educação
Infantil neste aspecto. Trata-se de um estudo bibliográfico,
GONZAGA, Cláudia Maria com base nas obras de Castro e Gomes (2000);
Sedrez. Fiorenzano (2017); Lima (2000); Mousinho et al. (2008);
Pedagoga e Fonoaudióloga, Prates e Martins (2013); Zorzi e Hage (2004) que abordam
Mestre em Ciências Médicas. questões pertinentes ao tema. Como resultado, apresenta-
(SINERGIA)
se que o psicopedagogo deve compreender como a
claudia47fono@hotmail.com
http://buscatextual.cnpq.br/buscatext aquisição da linguagem ocorre, os fatores que impedem
ual/visualizacv.do?id=K4737721Y1 que a criança se devolva nesse processo e que este
profissional deve trabalhar em parceria com o professor e
FRAINER, Viviane. com a família, prevenindo e agindo para que esse
Pedagoga, Especialista em problema não se transforme em uma dificuldade de
Supervisão Escolar e em
aprendizagem que desencadeará ainda, na criança,
Orientação Escolar
(SINERGIA) problemas na vida pessoal e nas relações interpessoais.
vivianefrainer@hotmail.com
http://buscatextual.cnpq.br/buscatext Palavras-chave: Dificuldade de Aprendizagem.
ual/visualizacv.do?id=K4315019P3 Linguagem Oral. Psicopedagogo. Educação Infantil.

CORREA, Joana; GONZAGA,


Cláudia Maria Sedrez; FRAINER,
Viviane. A importância do INTRODUÇÃO
psicopedagogo em prevenir
dificuldades de linguagem oral na
educação infantil. REFS – Revista Quando as crianças apresentam dificuldades na
Eletrônica da Faculdade Sinergia, linguagem são desencadeados vários fatores negativos
Navegantes, v.9, n.14, p. 19-29,
jul./dez. 2018. para o seu desenvolvimento normal, como a frustração, o
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

20
sentimento de rejeição, problemas de baixa objetivos específicos: a) Identificar as etapas do
autoestima, tendo como resultado a adoção de desenvolvimento da linguagem oral nas
Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia

uma postura de isolamento e com dificuldades crianças da educação infantil; b) Considerar as


de comunicação; podendo também em alguns diferentes possibilidades de intervenção do
momentos, apresentar um comportamento psicopedagogo junto ao professor e à criança
agressivo, chegando ao ponto de não mais com dificuldade de linguagem; c) Analisar o
compreenderem as outras crianças, como papel do psicopedagogo em relação às
também os adultos. diferentes práticas que possibilitem o
Neste sentido, o presente estudo desenvolvimento da linguagem oral na
apresenta reflexões sobre a linguagem oral na educação infantil.
fase da educação infantil: aquisição, o que é Para elaboração do presente artigo, foi
esperado de cada idade, fatores impeditivos utilizada como metodologia a pesquisa
para o desenvolvimento da mesma, assim como bibliográfica a fim de elucidar, entre os autores:
o papel do psicopedagogo nesse processo, Castro e Gomes (2000); Fiorenzano (2017);
como forma de contribuição para a ampliação Lima (2000); Mousinho et al. (2008); Prates e
das capacidades de comunicação e expressão. Martins (2013); Zorzi e Hage (2004), bem como
A criança com dificuldades de linguagem, o Referencial Curricular Nacional para a
quando cedo diagnosticada, deve ser Educação Infantil (1998) e a Base Nacional
sensibilizada e trabalhada com auxílio de Comum Curricular (2018), questões pertinentes
metodologias e práticas que ampliem sua ao tema abordado.
capacidade expressiva, resgatando sua Como resultado, apresenta-se que o
autoestima e a motivação para a aprendizagem. psicopedagogo deve compreender como a
Para tanto, levantou-se a seguinte questão aquisição da linguagem ocorre, os fatores que
problema: quais as possibilidades de impedem que a criança se devolva nesse
intervenção do psicopedagogo em relação às processo e que este profissional deve trabalhar
dificuldades de aquisição de linguagem oral nas em parceria com o professor e com a família,
crianças na etapa da educação infantil? prevenindo e agindo para que esse problema
Como possibilidade para alcançar uma não se transforme em uma dificuldade de
resposta, elencou-se como objetivo geral aprendizagem que desencadeará, ainda, na
identificar as dificuldades encontradas na criança, problemas na vida pessoal e nas
aprendizagem da linguagem oral, destacando o relações interpessoais. Respeitar a
papel do psicopedagogo em ajudar e singularidade de cada aluno e promover a
desempenhar seu trabalho para facilitar o igualdade de oportunidade, considerando suas
desenvolvimento das crianças na Educação necessidades no desenvolvimento do
Infantil neste aspecto. Para vislumbrar o planejamento é de suma importância para o seu
percurso da pesquisa, foi estabelecido como desenvolvimento integral.

1 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

As crianças ampliam e enriquecem seu que o adulto dá a ele, assim, “o contato mãe-
vocabulário e demais recursos de expressão e criança por meio do olhar e melodia da fala são
de compreensão de forma progressiva, pré-requisitos para o desenvolvimento
“apropriando-se da língua materna – que se comunicativo”. (PRATES; MARTINS, 2013, p.
torna, pouco a pouco, seu veículo privilegiado de 55). A curiosidade em relação à linguagem
interação”. (BNCC, 2018, p. 40). Os escrita, de acordo com a BNCC (2018), se
comportamentos inatos tornam-se significativos manifesta desde cedo; quando a criança
para a criança e, posteriormente, são começa a ouvir e conviver com a leitura de
reproduzidos por elas, conforme a interpretação textos, “ao observar os muitos textos que
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

circulam no contexto familiar, comunitário e - Responder a comandos verbais sem


escolar, ela vai construindo sua concepção de pistas visuais. Ex: dar tchau, jogar beijo, 21
bater palmas quando alguém canta
língua escrita, reconhecendo diferentes usos 12 a parabéns.

Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia


sociais da escrita, dos gêneros, suportes e 18 - Começar dizer as primeiras palavras com
meses
portadores. (BNCC, 2018, p. 40). significado. Ex: mama, papa, dadá, teté.
- Olhar quando chamado pelo nome.
Para refletir sobre a aquisição da - Entender o “não”.
linguagem, faz-se necessário, primeiro, - Utilizar duas palavras. Ex: dá neném! Dá
descrever sobre a diferença entre os conceitos dedera! É meu!
fala e linguagem, conforme abordam Law et al. - Saber as partes do corpo e identificá-las.
Ex: cadê o cabelo? Cadê a barriga? Cadê
(2000), referenciados por Prates e Martins 18 a a boca?
(2013). Linguagem trata-se do sistema 24 - Responder “sim” e “não” e usar gestos
simbólico usado para representar os meses com a cabeça ou dedinho para responder
perguntas.
significados em uma cultura, abrangendo seis
- Brincar com os objetos da forma
componentes: fonologia, que são os sons da convencional. Ex: utilizar colher para
língua; prosódia, a entonação, sintaxe a comer, pente no cabelo, copo para beber.
organização das palavras na frase; morfologia, - Saber o nome dos objetos do dia-a-dia.
Ex: copo, boneca, cachorro (au-au), carro,
a formação e a classificação das palavras;
bola, etc. (fala aproximadamente 200 a
semântica, o vocabulário; e pragmática, o uso 300 palavras).
da linguagem. Já a fala refere-se ao canal que - Saber quem são as pessoas próximas.
realiza a expressão da linguagem e corresponde Ex: papai, mamãe, vovó, titia, o nome do
irmão, etc.
à realização motora da linguagem. Ou seja, a
- Saber a diferença entre grande e
linguagem significa receber e transmitir pequeno, muito e pouco.
informações de forma efetiva, enquanto que a - Utilizar “quem” e “onde” para fazer
fala se refere basicamente à maneira de articular 2a3 perguntas.
anos - Conhecer algumas cores básicas (mas
os sons na palavra, incluindo a produção vocal ainda não sabe falar). Ex: pegue o carro
e a fluência. (PRATES; MARTINS, 2013). vermelho!
Para que a fala e a linguagem se - Usar verbos para formar frases simples.
Ex: “eu estava brincando”, “papai está
constituam e se desenvolvam já na Educação dormindo”, “eu fui à escolinha”, “cadê o au-
Infantil, au?”, “que au-au grande!”.
- Gostar de “ajudar” os adultos nas
[...] é importante promover experiências nas atividades domésticas, brincar de faz de
quais as crianças possam falar e ouvir, conta, entender o que é permitido e
potencializando sua participação na cultura proibido.
oral, pois é na escuta de histórias, na
- Responder a perguntas com “quem”,
participação em conversas, nas descrições,
“onde” e “o que”.
nas narrativas elaboradas individualmente ou
- Ter noção de “frente” e “trás”.
em grupo e nas implicações com as múltiplas
- Conhecer as cores (vermelho, azul,
linguagens que a criança se constitui
amarelo, verde) e formas geométricas
ativamente como sujeito singular e
(círculo, quadrado, triângulo).
pertencente a um grupo social. (BNCC, 2018,
- Utilizar frases de 3 a 4 palavras. Ex:
p. 40).
3a4 “mamãe é linda!” “cadê a minha bola?”
Prates e Martins (2013), em relação à anos - Obedecer a ordens seguidas. Ex: “vai ao
aquisição e desenvolvimento de linguagem, quarto e pega o sapato e dá para a vovó”.
- Gostar de cantar e brincar com palavras
contribuem, com base em Prates, Melo e e sons.
Vasconcelos (2011), afirmando que, entre zero - Brincar com outras crianças e saber
a seis anos espera-se que as crianças sejam esperar a sua vez no jogo.
- Perguntar muito.
capazes de:
- Início do uso de discurso direto e indireto.
- Mostrar interesse pelas pessoas e - Falar todos os sons da língua, mas ainda
Zero objetos. pode ter dificuldades nos encontros
a 12 - Fazer contato de olhos. 4a5 consonantais. Ex: planta, prato, braço.
meses - Emitir sons, chorar, agarrar objetos com anos - Manter uma conversa.
a mão, reagir a sons e vozes familiares. - Conseguir lembrar situações passadas e
contar histórias simples, por exemplo, o
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

que fez na escola, o que comeu, quem [...] pensa-se bastante por meio da linguagem
22 encontrou na rua, etc. depois que desenvolvemos esta habilidade. A
- Gostar de brincar em grupo, de imitar memória, a atenção e a percepção podem ter
personagens e brincar de faz-de-conta. ganhos qualitativos com ela. Ela também ajuda
Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia

- Ser curioso e ansioso para mostrar o que na regulação do comportamento. Na infância,


aprendeu e o que sabe fazer. podemos observar o desenvolvimento da
- Conseguir contar histórias como linguagem como apoio à cognição a partir dos
narrador. dois anos, em média, principalmente por meio
- Ter noção temporal. Ex: amanhã, ontem, da forma como a criança brinca. (MOUSINHO
hoje, antes, depois, dias da semana, et al., 2008, p. 298).
manhã, tarde, noite, primeiro, segundo,
terceiro...
Já sobre a relação entre linguagem e
- Identificar letras do próprio nome. comunicação, Mousinho et al. (2008, p. 298-
5a6 - Conhecer os números. 299) afirmam que
anos - Manter uma conversa.
- Falar as palavras corretamente. [...] temos a intenção comunicativa, e podemos
- Gostar dos amigos e de brincar de faz de nos comunicar de diversas formas diferentes,
conta. Ex: super-herói. através de gestos, do olhar, de desenhos, da
- Interessar-se pela leitura e escrita. fala, entre outros. A estrutura da linguagem
- Contar histórias com mais detalhes. nos permite lançar mão de recursos mais
Quadro 1 - Desenvolvimento de linguagem sofisticados, a fim de aprimorar nossas
possibilidades da comunicação.
em crianças de zero a seis anos.
Fonte: Prates, Melo e Vasconcelos (2011) apud Para Zorzi e Hage (2004), a aquisição de
Prates e Martins (2013). linguagem implica no desenvolvimento da
criança e na aprendizagem dos conceitos e das
Fica evidente que esses primeiros anos de
categorias, como também, na inserção destas
vida da criança são a base, assim ela precisa de
ao meio social, oportunizando assumirem sua
auxílio da família e demais adultos com quem
própria identidade, pois é fato que a criança com
convive para que a linguagem se desenvolva da
dificuldades na linguagem corre o risco de ter
melhor forma possível, de forma adequada, pois
problemas nas diferentes áreas escolares e na
“A aquisição normal da linguagem é dependente
vida em geral, afetando o seu desenvolvimento
de uma série de fatores, como o contexto social,
cognitivo, social e afetivo como um todo, fato já
familiar e histórico pré, peri e pós-natal do
apontado também por Prates e Martins (2013).
indivíduo, suas experiências, capacidades
O grau de desenvolvimento da criança
cognitivas e orgânico-funcionais.” (PRATES;
determinará o tipo de resposta que ela mesma
MARTINS, 2013, p. 55). Além disto, segundo os
irá produzir, ou seja, quanto mais baixo for o
mesmos autores, outro fator aliado a este
nível de desenvolvimento, mais limitadas serão
processo de aquisição da fala é a integridade
as capacidades de respostas da criança,
auditiva uma vez que “É por meio da audição
especialmente do ponto de vista da
que a criança tem acesso à linguagem oral,
confiabilidade. O nível de desenvolvimento influi
sendo capaz de detectar, identificar, discriminar,
também no tipo de tarefa que será utilizado.
reconhecer os sons da fala para,
Distintas tarefas significam distintas exigências
posteriormente, compreendê-los e produzi-los.”,
para a criança.
ou seja, a integridade auditiva é pré-requisito
para a criança evoluir. (PRATES; MARTINS,
2013, p. 55-56). 1.1 FATORES IMPEDITIVOS PARA O
Para Mousinho et al. (2008), para que DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM
ORAL
ocorra a aquisição e o desenvolvimento da
linguagem oral, deve-se considerar dois Desde o nascimento a criança se
aspectos: a relação entre linguagem e cognição comunica através do choro, do olhar e dos
e entre a linguagem e a comunicação. Neste gestos. De acordo com Limongi (2003), o bebê
sentido, a relação existente entre linguagem e é capaz de distinguir vozes, diferenciar padrões
cognição, para os autores, ocorre, pois de entonação, gestos e movimentos corporais,
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

que são bases para o desenvolvimento uma constante motivação em comunicar e


comunicativo e de linguagem. interagir por parte da criança. Isto reforça que a
23
Segundo Lima (2000), os maiores escola tem grande responsabilidade e influência

Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia


avanços motores, cognitivos e sociais da sobre o desenvolvimento da linguagem e, por
criança, acontecem nos três primeiros anos de isso, precisa desempenhar bem seu papel para
vida, como também, a aquisição da linguagem, corresponder a essas expectativas que lhe são
um dos requisitos que são essenciais para o seu impostas.
desenvolvimento integral. Muitos são os Prates e Martins (2013), corroborados por
aspectos que podem auxiliar ou não o Schirmer, Fontoura e Nunes (2004), consideram
desenvolvimento normal da criança, entre eles, que a linguagem oral, por muitas vezes, é
os que estão ligados às condições do meio e a prejudicada por distúrbios de comunicação, os
culturas de onde a criança vive, o grau de quais podem ser ocasionados por fatores
estimulação através da relação familiar e a orgânicos, emocionais (estrutura familiar
alimentação da mesma. Para o autor relacional) e ainda intelectuais/cognitivos; e,
supracitado, quando algum desses aspectos inclusive, a interrelação entre esses elementos.
acima relacionados acaba por exercer influência Estes distúrbios de comunicação podem ser
negativa no desenvolvimento global da criança, conceituados
o risco de provocar atrasos e distúrbios no [...] como impedimentos na habilidade para
desenvolvimento infantil é muito grande, receber e/ou processar um sistema simbólico,
podendo vir a comprometer seriamente à observáveis em nível de audição
aquisição e o desenvolvimento da linguagem. (sensibilidade, função, processamento e
fisiologia); linguagem (forma, conteúdo e
Neste sentido, conforme aponta Lima função comunicativa); e processos de fala
(2000), o período crucial para o (articulação, voz e fluência). (AMERICAN
desenvolvimento linguístico se dá do 0 aos 3 SPEECH… apud PRATES; MARTINS, 2013,
p. 57).
anos, pois neles é que se verificam todas as
etapas do desenvolvimento da linguagem que Podem surgir espontaneamente ou de
vão permitir à criança apropriar-se das causa obscura ou desconhecida (idiopático)1,
competências necessárias e, a partir dos três sozinhos e podem se agravar por influência
anos e meio, ser capaz de dominar a estrutura cultural, do meio ou quando as crianças são
da língua alvo, para enfim ser capaz de falar ensinadas de forma errada (BONDIOLI;
inteligivelmente, sem grandes dificuldades. MANTOVANI, 1998; LIMA, 2000; PRATES;
Neste processo, as trocas de sons fazem parte MARTINS, 2013), isto é, estes distúrbios da fala
do processo de aquisição da fala e são e da linguagem, neste caso, não estão atrelados
esperadas até por volta dos quatro anos, a possíveis deficiências. Estes terão sua maior
quando a criança já está apta a produzir todos incidência dos 4 aos 6 anos, todavia começam
os sons. a se destacar a partir dos 3 anos, podendo se
estender até os 8 anos. (PRATES; MARTINS,
Bondioli e Mantovani (1998) também
2013).
apontam que é a posição interativa que coloca
em recíproca relação as qualidades inatas das Os principais distúrbios da fala são:
estruturas linguísticas de base, a influência do Transtorno fonológico que possui como
ambiente circundante, mas vão além, afirmam características “[...] um atraso na aquisição dos
que há contribuição da pessoa que educa a sons/fonemas da língua ou aquisição desviante.
criança, pois essa pessoa é responsável pela - Produção atípica dos sons da fala, omissões,
continuidade do desenvolvimento das substituições ou adições. - Histórico familiar”.
capacidades comunicativas da criança, (PRATES; MARTINS, 2013, p. 58); Gagueira de
continuidade que, partindo de uma fase pré- desenvolvimento, que, como características,
linguística, alcança a fase linguística através de surge “entre 2 e 3 anos. - Caracterizada por

1
[Medicina] Que ocorre de modo espontâneo, naturalmente ou
sem razão aparente; que não se forma a partir de outra doença.
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

rupturas (disfluências) na fala, como repetições socioemocionais, sintomatologia neurológica


24 de sons e sílabas, bloqueios e prolongamentos. manifestada. (PRATES; MARTINS, 2013, p.
58).
- Movimentos associados. - Histórico familiar”.
Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia

(PRATES; MARTINS, 2013, p. 58); Alteração no Independente dos fatores, os problemas


desenvolvimento da linguagem oral, quando as relacionados à comunicação podem ser
características se apresentam prevenidos (quando não relacionados a
situações de deficiência) ou reduzidos. A família,
- Sem causa aparente. - Podem-se observar
atraso ou distúrbio no desenvolvimento da
o professor, juntamente com profissionais
linguagem. - A alteração pode ser na adequados devem estar atentos e identificar, já
expressão e/ou recepção da linguagem. - na educação infantil, alterações na área da
Caracteriza-se por vocabulário pobre, linguagem e, assim, implementar metodologias
dificuldade na combinação de palavras para
formar frases, uso inadequado da linguagem, e práticas que promovam a aquisição da
sintaxe pouco estruturada, dificuldade de linguagem, para fomentar a produtividade do
compreensão, alterações gramaticais, fala aluno e do professor, para que as conquistas
ininteligível, dificuldade com conceitos posteriores sejam com qualidade, uma vez que,
abstratos e figurativos. - Histórico familiar para
alteração no desenvolvimento da linguagem para o aprendizado da escrita, a criança precisa
oral e/ou escrita. - Excluem-se perda auditiva, primeiro ter domínio da linguagem oral, da
impedimentos no desenvolvimento cognitivo e consciência fonológica. (PRATES; MARTINS,
no desenvolvimento motor da fala, distúrbios
2013).

2 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO – UM AUXÍLIO PARA O ENFRENTAMENTO DAS


DIFICULDADES DA LINGUAGEM ORAL

Conforme expõe Slama (1979), a língua é desenvolvimento da linguagem requer


um bem pessoal, na medida em que é um bem participação e motivação da família, pois a
coletivo. A linguagem oral está presente no dia linguagem se manifesta na criança já desde os
a dia das instituições de Educação Infantil; de primeiros dias de vida, desenvolve-se na relação
todas as linguagens é a mais usada, sendo com a mãe (LIMONGI, 2003) e evolui no seio da
assim, dificuldades em relação a ela podem família através de seus estímulos (LIMA, 2000),
causar forte impacto sobre a vida da criança e ainda motivação da escola, já que quando
pelos prejuízos que ocasiona em todas as áreas inserida no contexto escolar passa a receber
do desenvolvimento: cognitivo, pessoal, de mais estímulos pela interação com outros
autoaceitação, como de convivência social, adultos, que a educam. (BANDIOLI;
conforme já apontado por Zorzi e Hage (2004) e MANTOVANI, 1998). Exige também parceria
defendido por outros autores. À medida que entre a família e a escola e ainda demanda que
dificuldades de aprendizagem em relação à sejam criadas situações significativas todos os
linguagem se apresentam, podem ser dias.
desencadeados, consequentemente, vários Todavia, vale ressaltar que, ao mesmo
fatores negativos como a frustração, o tempo que são contributivos, família e escola
sentimento de rejeição, problemas de baixa podem se transformar no fator desencadeador
autoestima que irão interferir no de problemas de comunicação ou pelo menos
desenvolvimento normal das crianças. Por contribuir para que isto ocorra. (PRATES.
muitas vezes podem se isolar, terem MARTINS, 2013). No contexto escolar, nem
dificuldades de se comunicar, se tornarem sempre a linguagem oral é trabalhada com
agressivos e, até, a não mais compreenderem intencionalidade pelos profissionais, embora
as outras crianças, como também os adultos. tenham sido produzidas há muito anos,
Fica evidente que a linguagem tem grande orientações curriculares como os Parâmetros
importância para a criança, pessoalmente e Curriculares Nacionais de língua portuguesa
socialmente, para a construção da sua (PCNs) e o Referencial Curricular Nacional para
autoestima e para a sua socialização. O bom
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

a Educação Infantil (RCNEI), que exige o avaliação, diagnóstico para, a partir daí, apontar
trabalho com a linguagem oral em sala. caminhos que favoreçam o aprender em prol de
25
É fundamental conhecer as dificuldades avanços e melhorias nos processos e nos

Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia


encontradas pelas crianças e a relação com o resultados, sejam eles individuais ou grupais,
desenvolvimento humano, para permitir ao sempre levando em consideração as
educando um desenvolvimento pleno. Nesse particularidades de cada criança, por serem
sentido, únicos.

Alguns sinais de possíveis alterações podem


Castro e Gomes (2000), contribuem
ser detectados na criança ainda muito afirmando que a detecção precede problemas
pequena, como ausência de contato de olhos; linguísticos, o que permite a prevenção, assim,
não reação a sons como telefone e atividades de interação comunicativa e de
campainha; não reação quando chamada pelo
nome; volume de televisão muito alto; desenvolvimento linguístico, atividades de
ausência de fala ou fala incompreensível; consciência fonológica, são fundamentais para
vocabulário restrito; dificuldade de interação as crianças que apresentam dificuldades em
social e agressividade. (PRATES; MARTINS, nível da linguagem oral.
2013, p. 58).
Para intervir, nesse contexto, o
Ainda, como sinal de alerta de incoerência
psicopedagogo precisa primeiro se atentar para
da linguagem, é preocupante quando a criança
os processos cognitivos básicos da
até os 18 meses ainda não emitiu nenhuma
aprendizagem: atenção, memória, percepção,
palavra, aos 20 meses ainda não consegue
linguagem, imaginação, raciocínio lógico e
expressar duas palavras, quando com 2 anos
motricidade, pois ele tem o papel fundamental
ainda não atingiu a fase simbólica e de imitação,
na melhoria das condições de aprendizagem
quando aos 3 anos não elabora uma sentença
dos alunos, professores e de toda equipe
e, quando aos 3 anos não se expressa com
escolar e suas relações entre o ensinar e o
clareza. (ANEJA... apud PRATES; MARTINS,
aprender. (FIORENZANO, 2017). Assim sendo,
2013).
é imprescindível evidenciar que uma
O professor deve estar sempre atento, intervenção psicopedagógica em uma criança
solicitar ajuda, quando perceber que o que apresente algum tipo de problema na
desenvolvimento da criança não está ocorrendo linguagem, quando precocemente
como deveria, e o psicopedagogo, nesse diagnosticada e devidamente auxiliada, poderá
processo, deve ser seu aliado, pois a prevenir uma enorme dificuldade de
psicopedagogia abrange um vasto aprendizagem e de desenvolvimento, pois,
conhecimento sobre os diferentes processos de crianças com distúrbios específicos de
aprendizagem, permitindo, assim, que o desenvolvimento de linguagem também podem
psicopedagogo atue, auxiliando os sujeitos que apresentar dificuldades quanto ao
apresentam diferentes dificuldades. (MORIN; LE desenvolvimento social e emocional, como já
MOIGNE, 2000). apontado. (CASTRO; GOMES, 2000).
Sendo a tarefa principal do psicopedagogo Portanto, é necessário ensinar a criança a
a ação de prevenir, nas instituições escolares utilizar adequadamente a linguagem,
deve adotar uma postura crítica diante das começando pelas suas capacidades, fazendo o
dificuldades de aprendizagem que os alunos uso da língua oral de forma cada vez mais
apresentam, objetivando propor novas competente. Os Parâmetros Curriculares
alterações de ação voltadas para a melhoria da Nacionais (1997, p. 38) sobre a linguagem oral,
prática pedagógica nas escolas. (PORTO, 2009 seu uso e formas, relaciona o uso competente
apud FIORENZANO, 2017). Assim, deve da linguagem oral do aluno com as
auxiliar no desenvolvimento de ações competências da escola em oportunizar esse
significativas e eficazes de ensino da oralidade, espaço, quando alude que
muito mais de cunho preventivo, utilizando–se
[...] o desenvolvimento da capacidade de
de pressupostos de investigação, sondagem, expressão oral do aluno depende
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

consideravelmente de a escola constituir‐se organização do espaço utilizado: uso dos


26 num ambiente que respeite e acolha a vez e a brinquedos, o parque, discussões, etc.; fazer
voz, a diferença e a diversidade. Mas,
sobretudo, depende de a escola ensinar‐lhe os com que as crianças organizem oralmente
Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia

usos da língua adequados a diferentes etapas de tarefas a serem realizadas, etapas de


situações comunicativas. receitas diversas, regras do ambiente escolar;
Isso significa que, além de ensinar a falar conversar sobre todas as formas de expressão:
(quando pequenos), a escola deve ensinar a fotos, desenhos, comportamentos, dança, etc.;
falar correto, e muito mais, ensinar o uso estimular que façam descrição dos colegas,
adequado da fala e da linguagem no dia a dia, familiares, pessoas da escola, etc.; incentivar
com coerência, de forma argumentativa, como que expressem seus pontos de vista e opinem
apontam Law et al. (2000 apud PRATES; em relação a relatos de colegas, entre outros
MARTINS, 2013). Quando se tem o domínio da assuntos. (BNCC, 2018).
linguagem, o processo de interação pode ficar Nessa perspectiva, a roda de conversa é
mais fácil, proporcionando o saber ouvir, o uma atividade sólida, eficaz, por ser diária e
respeito à fala do outro, a organização de ideias permanente. É o momento de diálogo entre o
para que possam transmitir com clareza e professor e seus alunos, oportunidade para
segurança os seus pontos de vista. ampliar o vocabulário e valorizar as atividades
Neste contexto, criar situações naturais e em grupo, podendo acontecer em diversos
lúdicas permite ao profissional identificar os momentos. O psicopedagogo, no seu papel de
problemas existentes a este nível. Logo, o prevenir as dificuldades de aprendizagem deve
Psicopedagogo deve desenvolver um trabalho enfatizar para o professor a importância, dessa
que tenha objetivo de encorajar o uso da fala prática e propor diferentes instrumentos,
como forma de expressão, criando condições recursos e ações para que cada roda de
para a aprendizagem de palavras novas, conversa ocorra de forma diferenciada e, assim,
incentivando a compreensão e a produção de o encantamento e a dinamicidade desse
enunciados complexos, para que a criança momento supere a mesmice. Segundo Chaer e
consiga transmitir as informações efetivamente. Guimarães (2012), na roda de conversa,
consegue-se dispor de várias situações para
Para tanto, as técnicas mais usadas são a
trabalhar com a Educação Infantil, mas nem
modelação, em que o adulto serve de modelo
sempre tem a importância merecida nas práticas
linguístico para a criança, a reformulação e a
e planejamentos.
expansão, trabalhando enunciados pela própria
criança (MOUSINHO et al., 2008), Nas inúmeras interações com a linguagem oral
das crianças vão tentando descobrir as
principalmente as crianças pequenas, pois a regularidades que a constitui, usando todos os
linguagem é desenvolvida de forma processual. recursos de que se dispões: histórias que
Através da linguagem oral a criança tenta conhecem vocabulário familiar, etc. Assim
acabam criando formas verbais, expressões e
se comunicar, expressar desejos, ideias sobre o palavras, na tentativa de aproximar-se das
que acontece com ela, seus sentimentos e convenções da linguagem. (BRASIL,1998, p.
pensamentos. (BNCC, 2018). Por isso, os 126).
professores, tanto quanto os psicopedagogos A roda de conversa permite que todos
devem oportunizar na sua prática que a falem e ouçam, discutindo e expressando ideias
linguagem oral aconteça em todos os momentos e opiniões sobre a situação proposta ou tema,
na educação infantil, contribuindo para que a ampliando o conhecimento de uma forma mais
criança se expresse e aprimore a linguagem atraente e divertida, por isto, o psicopedagogo
para que possam ser entendidas. Nesse pode utilizar-se da mesma ferramenta para
contexto, os profissionais podem utilizar-se de trabalhos grupais, já que, conforme o RCNEI,
produções individuais e coletivas: seja um texto, A linguagem oral possibilita comunicar idéias,
uma escultura, uma coreografia, etc., para que pensamentos e intenções de diversas
as crianças façam uma descrição sobre; debater naturezas, influenciar o outro e estabelecer
relações interpessoais. Seu aprendizado
sobre situações-problema do dia a dia, como a
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

acontece dentro de um contexto. [...]. Quanto especialmente os das bochechas. O sopro


mais as crianças puderem falar em situações também melhora a pronúncia, ajudando a
27
diferentes, como contar o que lhes aconteceu
em casa, contar histórias, dar um recado, consolidar os fonemas, isso porque, para

Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia


explicar um jogo ou pedir uma informação, realizar o sopro, a criança precisa projetar os
mais poderão desenvolver suas capacidades lábios para fora, como se fosse dar um beijo, ou
comunicativas de maneira significativa. dizer ‘a’ vogal ‘u’. Precisa que a mandíbula se
(BRASIL, 1998, p. 120).
mantenha estável e que a língua se retraia para
A música, as cantigas de roda também que os lábios possam sustentar o sopro e não
podem ser utilizadas de várias formas, pois mordê-lo. As experiências podem ser feitas com
inclui a ação de cantar (linguagem oral), bolhas de sabão, assobiar, soprar uma bolinha
perpassando pela dança, gestos mímicos, etc. com ajuda de um canudo, entre outros. Outros
Como citado pelo RCNEI (1998), as atividades recursos podem ser utilizados pelos
que despertam, estimulam e desenvolvem o profissionais para apropriação, desenvolvimento
gosto pelas atividades musicais, como: ouvir ou aprimoramento da linguagem, como
música, brincar de roda, aprender canções gravadores, celulares, computadores,
novas, confecção de brinquedos rítmicos, dentre filmadoras, atribuindo às atividades sentido,
outros, vão muito além das esferas afetivas e significado. (BNCC, 2018).
cognitivas, pois auxiliam nas experiências,
Em suma, mostrar a importância do
percepção e reflexão, conduzindo para níveis
psicopedagogo frente às dificuldades de
cada vez mais avançados e proporcionam
linguagem na educação infantil, é expor parte da
segurança para o aluno.
vivência e da experiência junto às crianças na
A contação de história também é educação infantil. O psicopedagogo, assim
fundamental; a criança ouve a história e, em como o professor, resgata a linguagem corporal,
seguida, reconta a sua maneira, estimulando, musical, plástica, oral ou escrita e sua
assim, seu desenvolvimento integral: atenção, contribuição para que as crianças
memória, percepção, linguagem oral, compreendam melhor e também sejam
imaginação, raciocínio lógico, entre outros. compreendidas na expressão de suas ideias,
Ainda nessa etapa, o contato com vontades e sentimentos, ampliando, assim, sua
diversos instrumentos e suportes escritos capacidade expressiva e melhoria na
convidam a criança a fazer uso destes, como: construção do conhecimento e
literatura infantil, parlendas, jornais, poemas, as desenvolvimento. (MORIN; LE MOIGNE, 2000).
histórias com rimas, receitas culinárias, dentre Enfim, quando a criança apresenta algum
outras, e assim, começam a observar a tipo de deficiência grave, fica fácil a sua
importância da estrutura dos textos, identificação, mas os distúrbios de linguagem
contribuindo para o desenvolvimento da não são habitualmente diagnosticados antes
linguagem mais complexa. As crianças dos quatro anos de idade, e os distúrbios de
precisam ser imersas na cultura escrita para aprendizagem somente são identificados
compreenderem o significado e a importância da quando a criança ingressa na escola. É quando
linguagem e como esta trata-se de um essas dificuldades constantes de linguagem
instrumento eficaz para sua comunicação. tornam a criança vulnerável, podendo ter
(BNCC, 2018). problemas posteriores na aquisição de leitura e
Percebe-se que as ações pedagógicas da escrita e baixo rendimento escolar, deixando,
voltadas para o desenvolvimento e assim, de acompanhar o currículo. (MOUSINHO
aprimoramento da linguagem influem et al., 2008).
diretamente para o desenvolvimento das outras
áreas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O movimento do sopro, nesse cenário,
auxiliará no desenvolvimento da linguagem oral, A linguagem precisa de estimulação, por
pois exercita os músculos que intervêm na fala, isso deve ser trabalhada desde o início da vida
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

das crianças. Quando a criança é inserida no BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais:


28 ambiente escolar este trabalho torna-se língua portuguesa. Secretaria de Educação
fundamental, assim, os professores devem Fundamental. Brasília, 1997. 144p.
Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia

oportunizar a aquisição e o desenvolvimento da


______. Referencial Curricular Nacional para
linguagem, utilizando-se dos vários a Educação Infantil. Ministério da Educação e
instrumentos e recursos, criando situações do Desporto, Secretaria de Educação
significativas todos os dias, contemplando esta Fundamental. vol. 3. Brasília, MEC/SEF, 1998.
prática como fator primordial em sala e, nesse
processo, o psicopedagogo é o parceiro direto ______. Base Nacional Comum Curricular.
do professor, principalmente quando se trata de 2018. Versão impressa. Disponível em:
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-
ações para prevenir que dificuldades se
base>. Acesso em: 14 abr. 2018.
apresentem. Todavia, quando estas se
apresentarem, o psicopedagogo pode contribuir, CASTRO, S. L.; GOMES, I. Dificuldades de
intervindo, apresentando diferentes Aprendizagem da Língua Materna. Lisboa:
possibilidades para o desenvolvimento deste Universidade Aberta, 2000.
processo. Para tanto, o psicopedagogo deve
compreender como a aquisição da linguagem CHAER, M. R.; GUIMARÃES, E. G. M. A
importância da oralidade: educação infantil e
ocorre e os fatores que impedem que a criança
séries iniciais do Ensino Fundamental. 2012.
se devolva nesse processo. Disponível em:
O presente estudo demonstra a <http://pergaminho.unipam.edu.br/documents/4
importância das práticas pedagógicas que os 3440/43870/a-importancia.pdf>. Acesso em: 03
profissionais escolhem para utilizar em sala; out. 2017.
enfatiza o respeito à singularidade de cada
FIORENZANO, Giane. Introdução à
aluno e importância da linguagem na construção Psicopedagogia II e Psicopedagogia
do sujeito, seja na vida pessoal quanto nas Institucional: Avaliação e Intervenção
relações interpessoais. Tal compreensão Psicopedagógica. Apostila. Navegantes:
promoverá a igualdade de oportunidade aos Sinergia Sistema de Ensino, 2017.
alunos, considerando suas necessidades no
LAW, J. et al. Prevalence and natural history of
desenvolvimento do planejamento pedagógico
primary speech and language delay: findings
para todo o grupo. from a systematic review of the literature. Int J
Este trabalho não teve a pretensão de Lang Comm Dis. 2000; 35(2):165-88. In:
esgotar o tema, mas de mostrar e de provocar PRATES, L. P. C. S.; MARTINS, V. O. M.
nos professores e pais, uma reflexão sobre a Distúrbios da fala e da linguagem na infância.
observação e sobre suas práticas com seus Revista Médica de Minas Gerais. Vol.: 21. (4
Suppl.1). 2013. Disponível em:
filhos/alunos, para que avaliem as etapas de http://rmmg.org/artigo/detalhes/808>. Acesso
desenvolvimento da linguagem e atrasos e em: 10 out. 17.
fracassos sejam evitados, assim como, caso
constatem alguma irregularidade, procurem LIMA, R. A Linguagem Infantil – Da
auxílio especializado, que possa contribuir com Normalidade à Patologia. Braga: Edições
a criança no enfrentamento de suas APPACDM, Distrital de Braga, 2000.
dificuldades.
LIMONGI, S. O. Fonoaudiologia: informação
para a formação. Rio de Janeiro: Guanabara-
REFERÊNCIAS Koogan; 2003. p. 1-18.

BONDIOLI, A; MONTOVANI, S. Manual de MORIN, E.; LE MOIGNE, J. L. A inteligência


Educação Infantil, de 0 a 3 anos: uma da complexidade. 2. ed. São Paulo:
abordagem reflexiva. Tradução Rosana Petrópolis, 2000.
Severino Di Leone e Alba Olmi. 9. ed. Porto
Alegre: ArtMed, 1998. MOUSINHO, R. et al. Aquisição e
desenvolvimento da linguagem: dificuldades
REFS – v.9, n.14, jul./dez. 2018

que podem surgir neste percurso. Revista MARTINS, V. O. M. Distúrbios da fala e da


Psicopedagogia, v. 25, n. 78, São Paulo, linguagem na infância. Revista Médica de 29
2008. Minas Gerais. vol: 21. (4 Suppl.1). 2013.
Disponível em:

Revista Eletrônica da Faculdade Sinergia


PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional: <http://rmmg.org/artigo/detalhes/808>. Acesso
teoria, prática e assessoramento em: 10 Out. 17.
psicopedagógico. 3. ed. Rio de Janeiro: Wak,
2009. In: FIORENZANO, Giane. Introdução à SCHIRMER, C. R.; FONTOURA, D. R.;
Psicopedagogia II e Psicopedagogia NUNES, M. L. Distúrbios da aquisição da
Institucional: Avaliação e Intervenção linguagem e da aprendizagem. J Pediatr. 2004;
Psicopedagógica. Apostila. Navegantes: 80 (2-supl):S 95-S103. In: PRATES, L. P. C. S.;
Sinergia Sistema de Ensino, 2017. MARTINS, V. O. M. Distúrbios da fala e da
linguagem na infância. Revista Médica de
PRATES, L. P. C. S.; MARTINS, V. O. M. Minas Gerais. Vol.: 21. (4 Suppl.1). 2013.
Distúrbios da fala e da linguagem na infância. Disponível em:
Revista Médica de Minas Gerais. vol.: 21. (4 <http://rmmg.org/artigo/detalhes/808>. Acesso
Suppl.1). 2013. Disponível em: em: 10 Out. 17.
<http://rmmg.org/artigo/detalhes/808>. Acesso
em: 10 out. 17. SLAMA, T. C. Psicolinguística aplicada ao
ensino de línguas. São Paulo: Pioneira, 1979.
PRATES, L. P. C. S.; MELO, E. M. C.;
VASCONCELOS, M. M. A. Desenvolvimento de VYGOTSKY, Lev. Pensamento e linguagem:
linguagem em crianças até os seis anos - Martins Fontes,1991.
cartilha informativa. Projeto Creche das
Rosinhas. Belo Horizonte: Departamentos de ZORZI, J. L.; HAGE, S. R. V. Protocolo de
Pediatria e Fonoaudiologia da Faculdade de observação comportamental. São José dos
Medicina da Universidade Federal de Minas campos: Editora Pulso; 2004.
Gerais; 2011. In: PRATES, L. P. C. S.;

Você também pode gostar