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Universidade Save
Maxixe
2023
Mário José Nhatsoho
Universidade Save
Maxixe
2023
Índice
Capítulo I...............................................................................................................................................3
1. Introdução..........................................................................................................................................3
1.1. Objectivos.......................................................................................................................................3
Capítulo II..............................................................................................................................................6
2.1.1. Escola.....................................................................................................................................6
Capítulo III...........................................................................................................................................16
5. Conclusão.........................................................................................................................................16
6. Referências Bibliográficas................................................................................................................17
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Capítulo I
1. Introdução
Na estrutura legislativa sobre a Educação em Moçambique, o Diploma Ministerial nº 54/2003
de 28 de Maio, regulamenta as estratégias de gestão democrática da escola e impulsiona “a
gestão participativa e transparente” dos Pais e Encarregados de Educação para a melhoria da
qualidade do ensino e a busca de soluções para os problemas que afectam a escola.
O papel dos Pais e/Encarregados de Educação é visto como uma forma de partilha de poder e
de autoridade, no seio da organização escolar e como pressão para influenciar as decisões para
um funcionamento transparente da gestão escolar.
Ainda nesta linha de análise do papel dos Pais e Encarregados de Educação na gestão escolar,
REGEB (2003), postula que a democratização da escola e da respectiva gestão, tem-se
concentrado em três vectores, nomeadamente:
(i) a participação da comunidade escolar na selecção do gestor escolar;
(ii) (ii) a criação do Conselho de Escola;
(iii) (iii) a atribuição de recursos financeiros às escolas.
Esta pesquisa é relevante porque articula os diferentes aspectos da vida escolar através da
participação dos pais e/encarregados de educação e, portanto, esta pesquisa pode:
(i) Servir de referência para outros trabalhos de investigação na área da gestão
participativa da escola;
(ii) Dar ao MINEDH subsídios para o fortalecimento da relação pais e/encarregados
de educação na gestão da escola;
(iii) Revelar as dificuldades e limitações dos pais e/encarregados de educação para a
sua actuação activa na resolução dos problemas da escola.
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1.4. Problematização
Durante muitos anos, a responsabilidade da educação não era partilhada entre a família e a
escola, sendo que cada parte assumia, unilateralmente, o seu papel, num total alheamento uma
da outra e raramente, encontravam-se para o debate aceso sobre o funcionamento da escola e
sobre a gestão da aprendizagem dos alunos.
A escola, por sua vez, limitava-se a transmitir conhecimentos, a informar a família sobre os
resultados obtidos e sobre o comportamento dos alunos. Lentamente, esta situação tem vindo
a modificar-se e assiste-se a uma maior aproximação entre família e escola, apesar de muito
longe do nível desejado, uma vez que ainda hoje se culpabilizam mutuamente pela fraca
participação da família na vida da escola.
Na perspectiva de (Martins, 2007, p.23), na análise da relação família – escola nota-se “uma
crescente insatisfação dos pais e/ou encarregados de educação na melhoria da qualidade de
ensino que constitui um tema, meramente, polémico e controverso no campo de educação em
Moçambique”.
Martins (op.cit) aprofunda esta discussão da relação família – escola, explicando que
inquietação dos pais e encarregados de educação tem que ver com uma elevada taxa de
insucesso na aprendizagem dos alunos que se revela pela crescente incapacidade na
demonstração das habilidades básicas adquiridas durante a aprendizagem, os pais e
encarregados, sempre atribuíram a culpa à escola e ao conselho da escola pela falta de
pesquisa negociada das diversas visões da comunidade.
No teor da insatisfação dos pais e/encarregados de educação, o MINED (2003), reforçou os
mecanismos democráticos de participação dos pais e/encarregados de educação na gestão da
escola.
1.5. Hipóteses
Provavelmente, os Pais e/Encarregados de Educação participam na gestão democrática através
da criação da associação dos pais, dos conselhos de turma e do conselho de escola para a
gestão dos problemas de aprendizagem e da administração da escola;
Presume-se que os Pais e/Encarregados da Educação participam da gestão democrática pelo
acompanhamento da aprendizagem dos seus educandos.
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Capítulo II
2.1. Revisão da literatura
2.1.1. Escola
Para Libânio (1986, cit. por Ferreira & Aguiar 2004, p.132), “escola é uma instituição
orientada para a preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe
instrumentos por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação
organizada e activa na democratização da sociedade”
Num outro posicionamento, Gramsci (2000 cit. por Rumble 2003, p.65) “a escola é um
instrumento utilizado para formar intelectuais de diversos níveis (…) todas as pessoas que
exercem funções de organização em diferentes frentes, nomeadamente: na produção, na
cultura ou na administração pública”.
Nesse sentido, conciliando as duas posições, a escola, enquanto instituição detentora do saber,
precisa de compreender sua importância de formação dos cidadãos, que exerce na sociedade e
deve contribuir positivamente para que esse saber seja trabalhado de forma democrática, isto
é, a escola deve introduzir, no futuro gestor da escola, o espírito democrático.
2.1.2. Gestão Escolar
Na perspectiva de Rumble (2003, p.12), “a gestão escolar é o processo que deve permitir o
desenvolvimento de actividades com eficiência e eficácia, a tomada de decisões com respeito
às acções que se fizerem necessárias, a escolha e verificação da melhor forma de executá-las”.
Segundo Libânio (2008, p.35), “as concepções da organização e de gestão escolar podem
assumir diferentes formas em função da orientação que se tenha das finalidades sociais e
políticas da educação em relação à formação dos alunos. E nesse contexto destaca duas
concepções: a técnico-científica e a sociocrática”.
Na mesma direcção Gadotti et al. (2000, cit. por Oliveira 2000, p.34), afirma que “a gestão
escolar democrática como processo que rege o funcionamento da escola deve compreender a
tomada de decisões conjuntas, baseadas nos direitos e deveres de todos os envolvidos na
escola”.
E para o sucesso desta participação, a escola como órgão que gere a relação entre a escola e a
comunidade deve pautar por critérios claros no envolvimento dos membros. Segundo Lima
(2008) existem quatro critérios a observar, nomeadamente: (i) a democraticidade pela
participação directa e indirecta no processo de decisão; (ii) regulamentação, que é a base da
legitimação e reivindicação da intervenção dos actores e pode ser pela participação formal,
não-formal e informal; (iii) envolvimento pela participação activa e passiva; (iv) orientação
pela participação convergente divergente com os objectivos formalmente definidos.
Nos termos do mesmo Diploma, o Conselho de Escola é constituído por vários membros da
comunidade escolar, nomeadamente: (i) Director da Escola, (ii) representantes dos
professores, (iii) representantes do pessoal administrativo; (iv) representantes dos
pais/encarregados de educação; (v) representantes da comunidade e representantes dos alunos.
A composição do Conselho de Escola diferencia-se conforme o tipo de escola, a qual é
definido de acordo com o número de alunos matriculados na escola. Assim, o nº 2 do artigo
10 do Diploma Ministerial nº 46/2008 estabelece que, para escolas com mais de 1500 alunos,
o Conselho de Escola deve ser constituído por 19 membros, de 500 até 1500 alunos por 16 e
até 500 alunos por 13 membros.
Contudo, o mesmo diploma abre espaço para o Conselho de Escola funcionar abaixo do nº
estipulado, desde que seja respeitada a proporcionalidade dos membros, que devem ser eleitos
por voto secreto. Dos membros do Conselho de Escola, o director e o representante dos
alunos não podem ser eleitos presidente do conselho de escola.
O conselho de escola, na sua condição de órgão máximo, reúne-se pelo menos três vezes por
ano para entre vários assuntos: aprovar o plano estratégico da escola e garantir a sua
implementação; aprovar o plano anual da escola e garantir a sua implementação; aprovar o
regulamento interno da escola e garantir a sua aplicação; pronunciar-se sobre a proposta do
orçamento da escola; aprovar e garantir a execução de projectos de atendimento
psicopedagógico e material aos alunos, quando seja iniciativa da escola; elaborar e garantir a
execução de programas especiais visando a integração da Família-escola-comunidade;
pronunciar-se sobre o aproveitamento pedagógico da escola.
Segundo (Medeiros e Oliveira, 2008, p.16), “um Conselho de encarregados de educação que
tenha em seu quadro profissionais e representantes da comunidade sem preparação, do ponto
de vista teórico não possui conhecimentos, incluindo também pedagógicos para discutir seus
problemas e encaminhar soluções para suas dificuldades”.
Conforme o autor, a falta de preparação por parte dos pais e encarregados de educação,
reflecte-se na qualidade das actividades desenvolvidas com destaque para os assuntos que são
discutidos durante as reuniões que normalmente são de carácter geral, por exemplo, aspectos
físicos da escola.
Neste sentido, os reais problemas da escola como a baixa qualidade do ensino, a deficiência
na avaliação, a baixa qualificação de professores, a falta de envolvimento da comunidade etc.,
nunca são discutidos.
Neste debate, Gohn, (2001, p.76), observa que “a inoperância dos Conselhos de encarregados
de educação, no geral e daqueles que são criados por directrizes governamentais, em
particular, dá-se devido à falta de tradição participativa da sociedade civil, em canais de
gestão pública; a curta trajectória dos conselhos (…)”.
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Desse modo, pode considerar-se que as limitações dos encarregados de educação podem ser
fruto da fraca preparação dos seus membros, o que mostra o longo caminho que ainda há por
percorrer no sentido de incitar os cidadãos ao exercício da cidadania na sua forma plena.
Assim, a questão da capacitação dos encarregados de educação pode ser vista como crucial na
medida em que vai permitir qualificá-los, por exemplo na elaboração dos planos de
actividades, na monitoria e avaliação dos mesmos.
De realçar que a capacitação, por si, poderá não mudar a actuação dos encarregados de
educação, se os seus membros não tiverem acesso as informações inerentes ao seu
funcionamento, pois experiências existentes mostram que os representantes mais preparados e
informados desempenham melhor o seu papel na escola.
3. Metodologia
3.1. Tipo de pesquisa
Para a realização desta pesquisa, realizou-se uma pesquisa qualitativa que postula que uma
investigação educacional deve pautar pela sistematização, rigor científico e adequação ao
objecto de estudo.
Na perspectiva deste estudo, procurou-se investigar as acções, as estratégias e os mecanismos
de participação dos pais e/encarregados de educação na gestão participativa da escola, no caso
da Escola 24 de Julho para a melhoria da qualidade institucional e da aprendizagem.
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No percurso deste estudo, faz-se uma análise reflexiva de uma realidade concreta gestão da
escola: a articulação entre os pais e/encarregados de educação e a escola para a troca de
experiências na busca de soluções dos problemas que a escola enfrenta.
3.2. Método de Abordagem
No contexto desta pesquisa, empregou-se método de abordagem indutiva ou estudo de caso
único que se centra numa única unidade dentro do espaço e variáveis controláveis. Neste
contexto, faz-se uma análise aprofundada e contextualizada da gestão democrática
participativa da Escola Primária do 1º e 2º grau de Massalane, para evidenciar as diversas
situações das fragilidades dos pais e/encarregados de educação e da direcção da escola na
abertura do espaço para o debate conjunto dos problemas da escola.
Esta pesquisa aglutina as percepções dos professores, encarregados de educação e a direcção
da escola para a construção das conclusões gerais sobre o papel dos pais/encarregados de
educação na gestão democrática da escola.
3.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados
Para o presente trabalho aplicou-se a técnica de observação indirecta auxiliada por
questionários dirigidos aos pais e/encarregados de educação, professores e à direcção da
escola. Faz parte, das técnicas a análise documental (os documentos legislativos sobre a
participação dos pais na gestão democrática da escola).
3.3.1. Instrumentos de recolha de dados
3.3.1.1. Questionários
Nesta pesquisa, os dados foram recolhidos na seguinte ordem: (i) a administração do
questionário; (ii) Pesquisa documental. Antes de administração dos questionários, o
pesquisador apresentou-se à direcção da escola e aos outros informantes integrantes da
pesquisa. Os mesmos informantes visados receberam uma explicação sobre os objectivos, as
etapas de recolha de dados e a finalidade dos resultados pretendidos.
Na base disso, foram solicitados a colaborar com a pesquisadora em conformidade com a sua
disponibilidade. É de salientar que as informações recolhidas nestas observações foram
completadas e interpretadas na base dos dados obtidos na análise documental que consistiu na
revisão da literatura e na consulta dos documentos oficiais e regulamentares dos sistemas
educativos do ensino primário.
3.3.1.2. Análise documental
Neste estudo, fez-se a abordagem interpretativa e analítica do tema, os documentos servem
para fazer a análise de dados e analisou-se os seguintes documentos: o diploma ministerial
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sobre o conselho de escola, o manual de apoio à gestão das escolas, o regulamento das escolas
do ensino básico, as orientações de tarefas escolares obrigatórias.
O uso das abordagens qualitativas na pesquisa suscita uma série de questões éticas
decorrentes da interacção do pesquisador com os sujeitos pesquisados (Quivy &
Campenhoudt, 2008). Em relação ao anonimato, há dados relativos à identidade dos
inquiridos que foram pertinentes para a análise e compreensão dos dados recolhidos, pelo que
não foi possível preservar totalmente a identidade dos participantes na investigação, mas
sempre na medida do possível garantir o anonimato do entrevistado, bem como da instituição.
Para o efeito, usou-se a nomenclatura codificada para referir aos informantes: EC1, EC2 e
EC3 ocultando na medida do possível a identidade socioprofissional.
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Capítulo III
5. Conclusão
No percurso desta pesquisa, de acordo com os dados recolhidos, alcançou-se as seguintes
conclusões:
(i) o papel dos pais e/encarregados de educação na gestão democrática e participativa na
Escola Primária do 1º e do 2º Grau de Massalane, assenta-se no acompanhamento passivo do
processo pedagógico dos seus educandos, mediante a recepção da informação sobre os
problemas de aprendizagem que os professores constatam nos alunos.
6. Referências Bibliográficas