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O SEGUIMENTO DE INSTRUÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA

Profa. Nágila Guedes Geraldine

RESUMO

De acordo com Skinner (1966), uma instrução é um estímulo verbal que


funciona como estímulo discriminativo para o comportamento daquele que o
segue. Aquele que produz a instrução é definido como falante, e aquele cujo
comportamento é controlado pela instrução é considerado ouvinte.
A classe de operantes denominada a seguir instruções envolve a
compreensão da instrução e a execução do que foi especificado. Portanto, é
importante identificar as variáveis que afetam a ocorrência e a manutenção
desses dois comportamentos.
Sidman (1944), propôs que a compreensão das instruções pode ser
derivada da formação de classes de equivalência, o que permitiria descrever
como o ouvinte aprende a relacionar as palavras que compõem as instruções
com objetos, ações e eventos, ou seja, aprende relações de significado que
são estabelecidas pela classe de estímulos. Uma classe de estímulos
equivalentes é formada por estímulos que foram relacionados arbitrariamente,
e que se tornam substituíveis no controle de respostas do organismo. 
Seguir instruções pertence a área de Habilidades de Linguagem
Receptiva. Essa área abrange habilidades relacionadas à compreensão da fala
de outras pessoas. Sendo assim, para compreender o que foi dito, o indivíduo
deve relacionar aquilo que foi ouvido a outros estímulos do ambiente, bem
como as ações.
Portanto, seguir instruções envolve pelo menos dois componentes
importantes: compreender a instrução e, efetivamente, realizar a instrução
específica. Sendo assim, um ouvinte pode não compreender o que um falante
diz e, portanto, não realizar a ação instruída por falta de compreensão. Por
outro lado, o ouvinte compreende o que o falante diz, mas compreender não
garante seu engajamento na ação, uma vez que, o seguimento de uma
instrução depende, também, das consequências do comportamento.

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Por exemplo, distinguir entre o segmento mantido por consequências
sociais (o que conta é atender ao falante), e o rastreamento de instruções, em
que as consequências relevantes do seguir a instrução derivam do contato
direto do indivíduo com o ambiente. Portanto, cada um desses componentes, a
compreensão e o seguimento propriamente dito, pode ser a função de um
conjunto diferente de variáveis.
Para afirmarmos que um indivíduo apresenta um repertório de
seguimento de instruções, é necessário que o ouvinte seja capaz de executar
corretamente novas instruções em sua língua materna, além daquelas que
foram diretamente ensinadas. Tal comportamento indicaria generalização
recombinativa .
Algumas crianças, por exemplo, com autismo podem apresentar
dificuldades em relacionar aquilo que é ouvido a outros estímulos do ambiente
ou a ações. Isso dificulta tanto a compreensão da linguagem quanto a
interação social. Porém, é possível ensinar tais habilidades que envolvam esse
tipo de relação.
Nomeia-se instruções prescritivas, aquelas instruções que descrevem
uma relação de obrigação ou de dever, e que guiam o comportamento do
ouvinte. Elas aparecem, geralmente, na forma de comandos, leis e conselhos
que especificam o comportamento que o ouvinte deve apresentar.
As instruções fazem parte da organização social e da cultura, desde as
interações cotidianas entre duas crianças que brincam juntas, como por
exemplo: “dá mais comida para o cachorrinho porque ele está com fome”, até
as normas que guiam a vida social de um sistema de leis governamentais ou
religiosas. Considerando o dar e o seguir instruções, é importante ressaltar
que, desde pequena, a criança aprende a dar e seguir instruções.
Exemplificando: pais instruem seus filhos; filhos seguem instruções dos pais;
pais reforçam o comportamento de obediência de seus filhos através de
palavras de aprovação, agrado etc., de forma que o seguir instruções torna-se
muito bem estabelecido na espécie humana, passando a ser considerado uma
classe de resposta de ordem superior.
A brincadeira conjunta requer que partilhemos fontes de controle e que
ajustemos os desempenhos entre falantes e ouvintes. O brincar também
permite que o falante, ao apresentar instruções, altere o ambiente por

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intermédio do outro (ouvinte), por fim, conforme as crianças crescem, formas
mais complexas de brincar tornam-se possíveis e, com elas, surgem novas e
mais complexas instruções que permitem supor o desenvolvimento do
repertório instrucional destas crianças.
Então, as instruções são parte das aquisições infantis e podem ser
apreendidas nas situações mais frequentes do cotidiano de crianças pequenas.
Alguns estudos sobre comportamento governado por regras mencionam
que a criança aprende a dar instruções e que este comportamento é reforçado
quando o seu ouvinte segue estas instruções.
Dessa forma, o comportamento de seguir instruções pode ser refinado
ao longo do tempo, no sentido de as crianças passarem a seguir determinadas
instruções e a não seguir outras. Neste caso, as variáveis envolvidas no
refinamento do seguir instruções devem considerar condições antecedentes e
subsequentes ao seguir instruções que abarcariam a complexidade das
situações que vão além do contato imediato de falante e ouvinte.
Há diversos procedimentos de ensino para inserir essa habilidade no
repertório infantil. Pode-se desenvolver treinos que iniciam-se com o seguir
instruções de um passo (consiste em ensinar a criança a entender instruções
simples, por meio de ações motoras também simples). Como por exemplo:
‘’sente’’, “levante”. O ensino de seguir a instrução de dois passos (consiste em
ensinar a criança a atender instruções mais complexas, por meio de duas
ações motoras que devem ser realizadas na sequência). Como por exemplo:
“feche a porta e apague a luz’’, ‘’me dê um beijo e um abraço’’.
Os comportamentos de seguimento instrucional somente serão
considerados como efetivos quando o falante fornece o comando e a criança
realiza imediatamente na sequência.

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