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UFOPA – ICS – PCJ

Profª. Ms. Emanuele Nascimento de Oliveira Sacramento


Disciplina: Direito Civil II (Obrigações)
AVALIAÇÃO 2

ADRIANA PONTES DA SILVA


ALANA TOURINHO
ALINE GAMBOA DA COSTA SANTANA
SIGLIA DIANE DA CRUZ ALBARADO

1° QUESTÃO
Caso a) As fases da relação obrigacional podem variar de acordo com a teoria jurídica em
questão, mas em geral incluem: A formação do vínculo obrigacional, que ocorre com a
celebração do contrato entre as partes; o desenvolvimento da relação, que envolve a
execução das obrigações contratuais por ambas as partes; e o adimplemento da
obrigação, que ocorre quando as obrigação contratual é cumprida integralmente. Alguns
estudos também incluem a fase de inadimplência, que ocorre quando uma das partes não
cumpre sua obrigação contratual, e a fase de rescisão, que ocorre quando o contrato é
rompido por alguma das partes.
No caso descrito, as fases seriam a celebração do contrato particular de compra e venda
entre a Sra . Maria e o vendedor do lote em dezembro de 1989, seguida pela
transferência da posse do imóvel para a neta, Sra. Roberta, e a falta de regularização da
situação perante os órgãos competentes, não havendo registro na matrícula do imóvel.
Como não houve menção a eventual descumprimento de obrigações contratuais por
nenhuma das partes, não é possível apontar estágio de inadimplemento contratual ou
possibilidade de rescisão do contrato. Observa-se ainda que houve transferência de
posse do imóvel para a neta, Sra. Roberta, porém não houve lavratura de escritura
pública ou registro do imóvel, o que configura posse sem escritura pública. A relação
obrigacional como processo seria aplicada ao caso da Sra. Maria e sua neta, Sra.
Roberta, de forma a entender a relação jurídica que se estabeleceu entre elas a partir da
compra do lote em 1989. Nesse sentido, a relação obrigacional é vista não apenas como
um acordo entre as partes, mas como um processo em constante evolução, que inclui
ações e obrigações contínuas de ambas as partes envolvidas. Assim, seria necessário
analisar a conduta de ambas as partes ao longo dos anos e avaliar se houve algum
descumprimento de obrigações assumidas no contrato original, bem como entender como
se dá a transferência da posse e da propriedade em casos como esse. A relação
obrigacional como processo parte da ideia de que as relações jurídicas não se esgotam
na celebração do contrato, mas envolvem uma série de interações e responsabilidades
que podem se desdobrar ao longo do tempo.
O conceito de relação obrigacional como processo se aplica na análise da relação entre a
Sra. Maria e sua neta, Sra. Roberta, na compra de um lote em 1989 sem escritura pública
ou registro na matrícula do imóvel. Nesse caso, é necessário entender como se dá a
transferência da posse e da propriedade ao longo do tempo, avaliar se houve
cumprimento das obrigações assumidas no contrato original e analisar a conduta de
ambas as partes. A relação obrigacional como processo parte da ideia de que as relações
jurídicas não se esgotam na celebração do contrato, envolvendo uma série de interações
e responsabilidades que podem se desdobrar ao longo do tempo.

Caso b) No caso descrito, podemos identificar as seguintes fases da relação obrigacional:


Celebração do contrato de locação entre o Sr. José (locatário) e o Sr. André (locador),
ocorrência de um fato que motivou o locatário a rescindir o contrato de locação, por
considerar que o locador não estava cumprindo a sua obrigação de garantir a segurança
do local, notificação do locador sobre a intenção de rescisão do contrato por parte do
locatário, entrega das chaves ao locador e resolução do contrato com isenção de multa
contratual e solicitação de devolução de documentos pessoais por parte do locatário.
Nesta situação, o conceito de "relação obrigacional como processo" se aplica em todos os
estágios da relação entre o Sr. José (locatário) e o Sr. André (locador) no contrato de
locação que vige atualmente pelo prazo de 30 meses. Desde a formação da obrigação
(celebração do contrato de locação), passando pelo cumprimento da obrigação (ocupação
regular do imóvel e pagamento do aluguel), até a extinção da obrigação (rescisão do
contrato e devolução do imóvel e das cópias dos documentos pessoais do locatário ao
locador), a relação entre as partes é caracterizada como um processo contínuo e em
constante desenvolvimento. Nesse sentido, cada fase da relação obrigacional é
influenciada pelas ações e omissões das partes envolvidas, bem como pelos eventos
imprevistos que possam surgir ao longo do tempo. No caso em questão, a ocorrência de
um episódio de violência no local em que se encontra o imóvel alugado foi um fato que
influenciou na decisão do locatário de rescindir o contrato e exigir a devolução das cópias
dos seus documentos, pois a falta de segurança do local estava comprometendo o
cumprimento da obrigação de fornecer um ambiente seguro para o locatário. A relação
obrigacional, portanto, é vista como um processo dinâmico e sujeito a modificações ao
longo do tempo. No caso descrito, o conceito de boa-fé objetiva se aplica de diversas
maneiras. O sr. José cumpre com suas obrigações de informar ao locador sobre sua
intenção de deixar o imóvel devido à falta de segurança do local e dos vizinhos, agindo de
maneira cooperativa e leal. Além disso, ao solicitar a resolução do contrato sem o
pagamento de multa contratual, ele está justificado pelo comportamento impróprio dos
vizinhos e pela falta de ação do locador em relação à segurança do local, demonstrando
uma postura de boa-fé objetiva. Por fim, sua solicitação de devolução dos documentos
pessoais está em conformidade com a obrigação decorrente do fim do contrato,
evidenciando uma atitude de boa-fé objetiva.
2° QUESTÃO
O princípio da função social do contrato é uma das ideias fundamentais do atual Código
Civil brasileiro, e sua relevância tem sido amplamente discutida por autores como
Gustavo Tepedino e Judith Martins-Costa, especialmente no contexto da relação
obrigacional como processo.
O artigo 422 do Código Civil de 2002 trata da boa-fé contratual. Essa alteração
extraordinária significa que os contratantes devem, durante toda a fase contratual, pautar
suas condutas com a verdadeira intenção de não prejudicar a ninguém; exige-se uma
conduta de acordo com o homem probo, honesto, ou seja, diversa da mera exortação
ética que reinava na teoria contratual oitocentista. Para Gustavo Tepedino, a boa-fé
objetiva justifica-se imediatamente na confiança despertada pela declaração, encontrando
sua fundamentação mediata na função social da liberdade negocial, que rompe com a
lógica individualista e voluntarista da teoria contratual oitocentista, instrumentalizando a
atividade econômica privada aos princípios constitucionais que servem de fundamentos e
objetivos da República. A concepção moderna não aceita que um contratante se sinta
confortável eticamente se perceber que o contrato lhe promove um enriquecimento
exagerado em detrimento da outra parte levada à ruína e ao desespero. Esses deveres
jurídicos constituem poderosos instrumentos para se eliminar as desigualdades sociais e
atender em sua plenitude à dignidade do homem. A nova filosofia contratual calcada na
função social do contrato e na boa-fé objetiva significa o início de um novo tempo.
De acordo com Tepedino, a função social do contrato implica a necessidade de se levar
em consideração não apenas os interesses das partes envolvidas, mas também o
impacto da relação jurídica nos valores e interesses da sociedade em geral. Nesse
sentido, a função social do contrato pode ser vista como um dos principais pilares da
concepção da relação obrigacional como processo, que busca aproximar as partes e
garantir a justiça e a equidade na sua relação.
Gustavo Tepedino afirma que “a função social do contrato deve ser entendida como
princípio que, informado pelos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana
(art. 1º, III), do valor social da livre iniciativa (art. 1º, IV) – fundamentos da República – e
da igualdade substancial (art. 3º, III) e da solidariedade social (art. 3º, I) – objetivos da
República – impõe às partes o dever de perseguir, ao lado de seus interesses individuais,
a interesses extracontratuais socialmente relevantes, dignos de tutela jurídica, que se
relacionam com o contrato ou são por ele atingidos”.
Em sentido contrário, afirma Judith Martins-Costa que a função social dos contratos
exerce uma função limitadora à liberdade de contratar, que passa a ser uma liberdade
situada, “a liberdade que se exerce na vida comunitária, isto é, o lugar onde imperam as
leis civis. Daí a imediata referência, logo após a liberdade de contratar, à função social do
contrato; daí a razão pela qual liberdade e função social se acham entretecidos, gerando
uma nova ideia, a de autonomia (privada) solidária. É que, como ‘liberdade situada’, a
liberdade de contratar a que alude o art. 421 é elemento componente e manifestação da
autonomia privada, compreendida como ‘o processo de ordenação que faculta a livre
constituição e modelação das relações jurídicas pelos sujeitos que nela participam’”.
Martins-Costa, salienta que a função social do contrato implica uma mudança de
paradigma na forma como se encara a obrigação, na medida em que a relação entre as
partes deve ser vista como uma relação social, que envolve normas, valores e
expectativas. Ao levar em consideração a função social do contrato, é possível avaliar a
adequação das cláusulas contratuais aos interesses da sociedade, bem como a
necessidade de buscar formas de resolver os conflitos decorrentes da inadimplência de
forma justa e equitativa. O contrato cumpre sua função social quando há paridade entre
as partes e harmonia com a sociedade, ou seja, estabelece uma relação harmoniosa
entre os interesses dos contratantes e os interesses da sociedade.
Um exemplo prático da aplicação do princípio da função social do contrato acontece em
um acidente de veículo cuja causa tenha sido um defeito mecânico que provoca prejuízo
também a terceiro. Esse prejuízo é de consumo e não de trânsito e aplica-se o Código de
Defesa do Consumidor, arts. 12 e 17. O acidente de veículo "A" prejudica "B". E este, por
sua vez, pode exigir diretamente da seguradora de "A" a reparação.
Pelo princípio da função social, a seguradora tem que proteger o segurado e todas as
pessoas por ele prejudicadas. Sendo assim, o prejudicado executa a seguradora.
Outro exemplo pode ser visto nos contratos de trabalho, em que o princípio da função
social do contrato implica a necessidade de se garantir a proteção dos trabalhadores em
relação aos seus direitos e remuneração, bem como a sua dignidade e segurança no
ambiente de trabalho. Em ambos os casos, a função social do contrato é vista como um
elemento fundamental para a garantia da justiça e da equidade na relação entre as
partes, indicando a necessidade de se buscar soluções que levem em consideração não
apenas os interesses imediatos das partes, mas também os interesses da sociedade em
geral.
3° QUESTÃO
Tepedino entende a Concepção tradicional como limitada, pois afirma que a relação entre
devedor e credor é estática, determinada e imutável, com o objetivo do Direito de garantir
o cumprimento rigoroso do pacto.
Tanto a concepção tradicional quanto a concepção obrigacional deixam claro que o
princípio da boa fé tem uma importância capital e que para afastar danos há de se seguir
regras obrigacionais como cita. "a colocação das relações obrigacionais do plano de uma
normativa axiologicamente orientada constitui exigência da convivência social colocando
limites apesar a perversidade da globalização "
A obrigação pode ser decorrente de um contrato, de uma norma legal ou ainda de decisão
judicial. Em resumo, obrigação é uma relação jurídica que impõe deveres e
responsabilidades a uma ou mais partes envolvidas. A concepção tradicional de
obrigação era vista como um vínculo jurídico entre duas partes decorrente do
descumprimento de uma obrigação preexistente, gerando consequências apenas para o
futuro. Já a concepção da relação obrigacional como processo parte do princípio de que a
obrigação é uma relação em andamento, dinâmica e em constante desenvolvimento entre
as partes envolvidas no vínculo. As principais diferenças entre as duas concepções são
que, na concepção da relação obrigacional como processo, as partes devem agir de
maneira cooperativa e leal para cumprir com suas obrigações, buscando atingir o objetivo
social e coletivo do contrato, enquanto na concepção tradicional, o foco é apenas no
descumprimento de uma obrigação preexistente. A relação obrigacional, portanto, é vista
como um processo contínuo e sujeito a modificações ao longo do tempo na concepção da
relação obrigacional como processo.

REFERÊNCIAS
MARTINS-COSTA, Judith. Comentários ao Novo Código Civil: do Direito das Obrigações.
Do adimplemento e da extinção das obrigações. vol. V, tomo I, Rio de Janeiro: Forense,
2005, p. 1 – 109
TEPEDINO, Gustavo. Normas constitucionais e Direito Civil. In: Revista da Faculdade de
Direito de Campos. Ano IV, Nº 4 e Ano V, Nº 5 - 2003-2004, p. 167-175.
TEPEDINO, Gustavo. O Código Civil, os chamados microssistemas e Constituição:
premissas para uma reforma legislativa. In: Problemas de Direito Civil. Rio de Janeiro:
Renovar, 2001, p. 1 e ss.

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