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EXCELENTÍSSIMO/MERITÍSSIMO DR JUIZ DO TRIBUNAL JUDICIAL DA

PROVÍNCIA DA ZAMBEZIA 
Quelimane 
1ª Secção - Cível 

A empresa Praça da Alegria, Sarl, Ré, sita na Rua Menina Deixa-me Beber, Bairro das
Flores, C.P nº 63 R/C, representada pelo seu Sócio Gerente, o Sr. Mutho Wabure, nuit.
400076123, Telefone nº 258-09 8756438, nesta Cidade da Quelimane, e representada
neste foro pelo seu mandatário judicial, Dr. Dércio José Salato, Advogado com C.P.
n.º XXX, conforme respectiva Procuração (Doc. 1) em anexo, vem, ao abrigo do
disposto no n.º 1 do artigo 486º do Código do Processo Civil (CPC), deduzir a sua
ampla e necessária contestação quanto aos factos que lhe são imputados nos autos da
acção declarativa de condenação sob forma comum ordinária, movida pela empresa
Barracas da Zambézia, Lda., melhor identificada nos autos do processo em questão,
fazendo-o com supedâneo nos fundamentos de facto e de direito que a seguir se
ajuízam:

Por excepção peremptória:


1.º
A R. reconhece a celebração do contrato referido na Petição Inicial (P.I.) da A. e
reconhece igualmente a recepção da carta de 10 de Abril de 2008, exigindo o
pagamento do valor em dívida dentro de 10 dias, conforme descrito no articulado 5.º
da referida P.I.

2.º
Entretanto, escamoteado aquele prazo fixado pela A., a mesma não interpelou quer
judicial ou extrajudicialmente a R., tendo, estranhamente, volvidos 4 (quatro) anos,
submetido a presente acção nessa instância judicial, quando está consciente que os
prazos de prescrição de créditos impostos por lei se acham largamente esgotados,
conforme se extrai do disposto no artigo 316º, sem prejuízo das circunstâncias
previstas no artigo 317.º, ambos do Código Civil (CC).

3.º
Assim, deixa de ser exigível judicialmente o cumprimento das prestações em questão,
por prescrição, conforme supra demostrado, nos precisos termos do disposto na alínea
b) do artigo 496.º do CPC.

Por reconvenção:
Dos factos:
4.º
A R. reconhece ter celebrado um contrato para fornecimento de bebidas e espetadas
com a A., contrato que veio a ser cumprido até ao momento em que a R. passou por
uma crise financeira, na sequência de um rombo financeiro, o que foi pontualmente
comunicado à A., conforme atesta a carta de 30 de Janeiro de 2008 (Doc. 2 em anexo).

5.º
Mediante aquela comunicação e tendo visto que a R. nunca havia desonrado o acordo
firmado entre ambos, a A. continuou a fornecer as suas saborosas espetadas e bebidas,
interagindo verbalmente com a R. sobre a necessidade de liquidação da dívida, ao que
lhe era dito que aguardasse até que as condições financeiras fossem retratadas.

6.º
Sucede que, estranhamente, a 10 de Abril de 2008, a A. remeteu à R. uma carta,
impondo um prazo de 10 dias para liquidar a dívida, exigência que, como foi referido
na P.I. da A., não veio a ser cumprida pela R.

7.º
Findo aquele prazo, a A. e a R. convencionaram saldar a dívida em causa, de
337.995,00Mts, através da celebração de um novo contrato de compra e venda de uma
viatura de Marca Isuzu, Dupla Cabine, no valor de 500.000,00Mts, a ser vendida pela
R. à A., devendo esta última pagar somente a diferença de 162.005,00Mts (ver Doc.
3).

8.º
O local convencionado para a entrega da viatura foi o escritório da R., sito na Rua
Menina Deixa-me Beber, Bairro das Flores, C.P nº 63 R/C, na cidade de Quelimane.

9.º
No dia 30 de Abril de 2008, data marcada para a entrega da viatura, a A. fez-se
presente no escritório da R., tomou posse da viatura, retirou-a da garagem e
estacionou-a na rua de frente, junto a uma árvore, que minutos depois, quando a A.
entrou no escritório da R. para levar os documentos de compra e venda, a mesma caiu
por cima e danificou de forma irrecuperável a viatura.

10.º
A A. assumiu que o negócio não estava concluído porque acabava de retirar a viatura
da garagem da R. e não devia ser imputada a responsabilidade pelo ocorrido com a
viatura e quis desfazer o negócio.

Do direito:
11.º
O contrato que agora a A. exige o pagamento foi resolvido por convenção entre as
partes, assumindo a forma de um novo contrato de compra e venda de viatura, ficando
a A. responsável por pagar a diferença declarada na mesma convenção (ver Doc. 3),
nos precisos termos do disposto no n.º 1 do artigo 432.º do CC.

12.º
Ora, o bem em questão (viatura) fora entregue no local acordado, tendo inclusive a A.
conduzido a viatura até a rua adjacente ao escritório da R., local onde, por culpa não
imputável à R., a viatura foi danificada por uma árvore que já demonstrava sinais de
elevado grau de deterioração.
13.º
Enseja o disposto no n.º 1 do artigo 483.º do CC que a obrigação de repor o dano
causado recai sobre aquele que com dolo ou mera culpa viole ilicitamente o direito de
outrem. O facto é que, no caso em apreço, a posse da viatura estava com a A., não
podendo a R. ser responsabilizada pelos danos que ocorreram logo a seguir. Até
porque, em caso de culpa, deveria a A. provar que, ao menos, a árvore tenha caído por
facto imputável à R., conforme se extrai do disposto no n.º 1 do artigo 487.º do CC.

Do pedido:
Nestes termos, por ser justo e prudente, vem a R. requer ao
Meritíssimo Juiz a condenação a A., no pagamento de
162.005,00Mts, acrescidos de juros de mora de 5%, totalizando
170.105,25Mts, correspondente à diferença do negócio
celebrado entre ambos, na sequência da sua convenção (Doc.
3), que incluía a liquidação da divida referida na P.I. através da
celebração do contrato de compra e venda de uma viatura, e
absolva a R. dos factos que lhe são imputáveis pela A.

Valor da causa: 170.105,25Mts


Junta: 3 documentos legais, procuração e testemunhas.
Testemunhas: Alfredo Mau-sorte; Beleza Qualquer.

Quelimane, aos 28 de Agosto de 2023

O Mandatário

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C.P. n.º XXX

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