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UNIVERSIDADE SUPERIOR DE CIÊNCIAS E ENSINO A DISTANCIA

Unisced

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Contabilidade e Auditoria

Filomena Constância Nhamutucua Zone

AVALIAÇÃO III DE CONTABILIDADE PÚBLICA

Beira, Setembro de 2022

1
Índice
Introdução......................................................................................................................................2
PARTE I: GESTÃO DE DÉFICE ORÇAMENTAL DO ESTADO MOÇAMBICANO.....................................3
Conceitos e Factos..........................................................................................................................3
Défice Orçamental..........................................................................................................................3
saldo orçamental primário.....................................................................................................4
Indicadores orçamentais (% do PIB)...........................................................................................5
Financiamento do défice e evolução da dívida pública..........................................................6
Efeitos do Défice Orçamental.....................................................................................................9
Efeitos de uma política orçamental expansionista.................................................................9
O desafio da Segurança Social..............................................................................................10
Parte II..........................................................................................................................................10
Conclusão.....................................................................................................................................12
Bibliografia...................................................................................................................................13

2
Introdução
Este trabalho objectivou analisar a relevância do orçamento como instrumento da gestão
pública, demonstrando o impacto das informações contábeis, onde e quando se possibilita
o acréscimo de sua eficiência e a identificação imediata de distorções que podem gerar
problemas aos gestores públicos. Para maior correlação entre orçamento, informações
contábeis e administração pública que favoreça a comunidade, será apresentada uma
breve análise da importância das informações contábeis e da escrituração nas gestões
públicas, ressaltando entre outros aspectos o papel das informações nas modalidades de
gestão e as vantagens dessas informações para o orçamento público. Por fim, o orçamento
público é tratado como recurso democrático para que a comunidade possa participar da
administração pública valendo-se dos princípios orçamentários, os quais são concebidos
como premissas a serem observadas na concepção e execução das leis orçamentárias e,
desta forma, favorecendo a participação da sociedade na gestão da máquina pública

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PARTE I: GESTÃO DE DÉFICE ORÇAMENTAL DO ESTADO MOÇAMBICANO
Conceitos e Factos

Défice Orçamental
Conceitos e Factos Numa economia de mercado, o sector público tem a capacidade de
proporcionar melhorias do bem-estar social através da provisão de bens públicos, da
redistribuição da riqueza, da regulação dos mercados e da estabilização macroeconómica.

Um bem público tem como características principais: o facto de o consumo por parte de
uma pessoa não reduzir a disponibilidade do bem para as outras pessoas (não-rivalidade);
e o facto de não ser possível excluir determinadas pessoas da possibilidade de consumir o
bem (não-exclusão).

Exemplos de bens públicos (mais ou menos puros) são: os sistemas de defesa, segurança
e justiça; os faróis, semáforos e sinais de trânsito; a televisão e a rádio; os monumentos,
ruas e paisagens; a qualidade do ar e a saúde pública.

Para fornecer bens públicos, o sector público efectua, naturalmente, despesas em bens e
serviços, G. Estas incluem, por exemplo, a construção de infra-estruturas de
comunicação, os salários dos funcionários públicos, e as despesas em equipamento
hospitalar.

O sector público tem também gastos associados à redistribuição da riqueza


(transferências do sector público para o sector privado), como o subsídio de desemprego,
o rendimento mínimo de inserção e as pensões de reforma. Outras transferências, como
os subsídios às empresas, têm como objectivo o fomento da competitividade.

Numa economia de mercado, o sector público tem a capacidade de proporcionar


melhorias do bem-estar social através da provisão de bens públicos, da redistribuição da
riqueza, da regulação dos mercados e da estabilização macroeconómica.

Um bem público tem como características principais: o facto de o consumo por parte de
uma pessoa não reduzir a disponibilidade do bem para as outras pessoas (não-rivalidade);
e o facto de não ser possível excluir determinadas pessoas da possibilidade de consumir o
bem (não-exclusão).

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Exemplos de bens públicos (mais ou menos puros) são: os sistemas de defesa, segurança
e justiça; os faróis, semáforos e sinais de trânsito; a televisão e a rádio; os monumentos,
ruas e paisagens; a qualidade do ar e a saúde pública.

Para fornecer bens públicos, o sector público efectua, naturalmente, despesas em bens e
serviços, G. Estas incluem, por exemplo, a construção de infra-estruturas de
comunicação, os salários dos funcionários públicos, e as despesas em equipamento
hospitalar.
O sector público tem também gastos associados à redistribuição da riqueza
(transferências do sector público para o sector privado), como o subsídio de desemprego,
o rendimento mínimo de inserção e as pensões de reforma. Outras transferências, como
os subsídios às empresas, têm como objectivo o fomento da competitividade.

Para fornecer bens públicos e para oferecer subsídios aos mais desfavorecidos, o sector
público recebe transferências do sector privado, que incluem os impostos e as contribuições
para a segurança social.2 Os impostos são cobrados às empresas (IRC), aos trabalhadores
(IRS) e aos consumidores (IVA). Há ainda impostos que incidem sobre o consumo de
determinados produtos (imposto sobre produtos petrolíferos, imposto automóvel e
imposto sobre o tabaco).3
O sector público enfrenta uma restrição orçamental, que impõe um equilíbrio entre a
despesa em bens e serviços, G, e as transferências líquidas que recebe, T.
A diferença entre receitas e despesas, excluindo os juros da dívida pública, designa-se por
saldo orçamental primário.

SOPt  Tt  Gt

O saldo orçamental inclui ainda os encargos associados aos juros da dívida pública. Os
juros da dívida pública podem representar uma parcela importante do produto de uma
economia. Em Portugal, pelo facto de a dívida pública ser superior a 60% do produto
interno bruto, os encargos com juros da dívida pública ascendem actualmente a cerca de 3%
do produto interno bruto.

SOt  Tt  Gt  rg  Dt 1

Sendo a estabilização macroeconómica uma das funções do sector público, seria natural a

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observação de défices orçamentais em situações de conjuntura económica desfavorável.
Numa recessão, diminuem as receitas fiscais e aumentam os gastos com o subsídio de
desemprego.4 Podem aumentar, também, as despesas públicas em bens e serviços, caso o
governo opte por levar a cabo uma política orçamental expansionista.

Cada vez que o sector público incorre num défice orçamental, a dívida pública aumenta
na medida do défice orçamental.

Dt  Dt  Dt 1  SOt  Tt  Gt  rg  Dt 1

Por esta razão, o saldo orçamental é também designado por capacidade/necessidade de


financiamento do sector público. Pode dividir-se em três componentes: (1) o saldo
corrente primário, que corresponde à diferença entre receitas correntes e despesas
correntes, exceptuando os juros da dívida pública; (2) o saldo de capital, que é a diferença
entre as receitas de capital e as despesas de capital; e (3) os juros da dívida pública.

Existem incentivos que levam o sector público a adiar o cumprimento da sua restrição
orçamental, acumulando dívida pública. A existência de eleições periódicas faz com que os
governos tenham a tentação de apresentar “obra feita”, incorrendo em défices que limitarão
as possibilidades futuras do sector público.6
Este fenómeno ocorre porque os eleitores tendem a privilegiar os benefícios presentes em
detrimento dos custos futuros, que são incertos, e suportados, em parte, pelas gerações
futuras.

Para disciplinar o comportamento dos governos nacionais, e dadas as externalidades


negativas que uma dívida pública excessiva origina nos restantes países, os países da
zona euro definiram regras que ficaram conhecidas como o Pacto de Estabilidade e
Crescimento (PEC).

O PEC estabelece limites indicativos para o défice orçamental e para a dívida pública, em
percentagem do produto interno bruto. O défice orçamental não deverá ultrapassar os 3%
do PIB, enquanto que o limite para o valor da dívida pública foi fixado em 60% do PIB.

Indicadores orçamentais (% do PIB)


2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Saldo total -2,8 -4,4 -2,7 -2,9 -3,3 -6,1 -3,9 -2,6 -2,7 -9,3
Saldo primário -0,4 -1,2 0,3 -0,2 -0,7 -3,5 -1,2 0,2 0,2 -6,4

6
Dívida pública 53,3 55,9 58,5 56,9 58,2 63,6 64,7 63,6 66,3 77,2

Fontes: INE, Ministério das Finanças e Banco de Moçambique.

Financiamento do défice e evolução da dívida pública


Um défice orçamental (necessidade de financiamento) implica a obtenção de
financiamento. O sector público financia os seus défices orçamentais por duas vias:
emissão de títulos de dívida pública (obrigações do tesouro) que são adquiridos por
particulares e empresas; e emissão de moeda (obtenção de crédito junto do banco
central, ou venda de títulos de dívida pública ao banco central).

Pt  Gt  Tt   i g  Bt 1  Bt  H t 

 Gt
 T  ig 
Bt 1 Bt  Ht
 Pt
t
Pt Pt

Na ausência de financiamento monetário:

GT Bt  1   Bt 1 Bt 1 1  ig Bt B  1   B t 1
      t g
.
i r
t t g
P P Pt 1  Pt 1 Pt 1
t

t Pt

Obtém-se a seguinte expressão para a variação real da dívida pública:

G T
Bt  Bt 1  r  Bt 1  D P  DP  r  D P 
t t  t 1 g t 1
Pt 1
t t
g 1 t
P P
 D  SOP  r  D P
P

t t g t 1

7
Se o sector público for devedor, para que a dívida pública se mantenha estável em valor
absoluto (estabilização absoluta), o saldo orçamental primário deve ser positivo (na
medida do montante de juros que paga). Se o sector público for credor, pode apresentar
saldos orçamentais primários negativos (na medida do montante de juros que recebe) e,
ainda assim, manter constantes os seus créditos.

Na presença de crescimento do produto (à taxa constante, y) a evolução do rácio entre a


dívida pública e o produto é dado por:7
DP  DP DP
DP  G  T  r  D P D
P

t t t t 1
 t
 t
 t 1
 1 g 
t 1

 Yt  Yt Yt 1 Yt Yt 1
D P
G T r 1   D P
D
P
G T DP DP
  t   t t
 t
 1   y
 g t 1
t 1
 g
t 1 t 1

 r 
 t

1  Yt Yt 1 Yt 1 Yt 1
 Yt  Yt
y 1
Yt
D  P
G T D P

  t  
 y 
t t
 t 1

r g

 Yt  Yt Yt 1

Se o sector público pretender manter estável a dívida pública em percentagem do produto


(estabilização relativa), deverá apresentar um saldo orçamental primário, em
percentagem do produto, igual a:
DP  T G DP

 t   0 
 y 
t t
 t 1

r Y g

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 Yt  t
Yt 1

Se o saldo orçamental primário for nulo, então a evolução do rácio entre dívida pública e
produto é determinada pela diferença entre a taxa de juro real e a taxa de crescimento do
produto. Se rg > y, então a dívida vai crescendo ao longo do tempo (seriam necessários
saldos orçamentais primários positivos para estabilizar a dívida). Se rg < y, então a dívida
vai diminuindo ao longo do tempo (mesmo com défices orçamentais primários moderados,
a dívida pode ir diminuindo).

Se a taxa de juro real suportada pelo sector público for rg=2% e a taxa de crescimento do
produto for y=1%, então, para manter o rácio entre dívida pública e produto constante e
igual a 60%, o sector público deve apresentar um excedente orçamental primário igual a
0,6% do produto.

SOPt P
 rg  y SOPt  0,01 0,6  0,6%
Yt  1
t 
D Yt

Yt 1

Se rg=2% e y=3%, então o sector público pode incorrer num défice orçamental primário
igual a 0,7% do produto, e, ainda assim, manter constante o rácio entre dívida pública e
produto igual a 70%:

SOPt P
 rg  y SOPt  0,01 0,7  0,7%
Yt  1
t 
D Yt

Yt 1

9
Efeitos do Défice Orçamental
Efeitos de uma política orçamental expansionista

No curto prazo, um maior défice orçamental tem efeitos expansionistas no curto prazo (aumento
do produto e diminuição do desemprego). Se o objectivo do banco central for o controlo da
inflação, poderá reagir definindo uma política monetária contraccionista, que irá atenuar ou
mesmo inverter os efeitos expansionistas da política orçamental.
Num regime de câmbios flexíveis, o agravamento do défice orçamental pressiona no sentido do
aumento da taxa de juro, fazendo com que se aprecie a moeda nacional. Esta apreciação torna as
importações mais baratas e as exportações mais caras, conduzindo a um maior défice da balança
corrente externa. A contracção do sector exportador pode ter graves consequências, dado que este
é, normalmente, um dos sectores mais competitivos da economia nacional.
Na medida em que faz aumentar a taxa de juro, uma política orçamental expansionista afecta
negativamente o investimento (“crowding-out”) e, portanto, o crescimento económico no longo
prazo.
Um aumento do défice orçamental causado pela diminuição dos impostos sobre o rendimento faz
aumentar a oferta de trabalho (aumenta o salário líquido) e a propensão para a poupança
(aumenta o rendimento líquido proporcionado pela poupança). Estes efeitos secundários devem ser
tidos em conta.

O governo deve também ter em conta que o aumento das receitas fiscais que resulta de um
aumento da taxa de imposto vai sendo cada vez menor, à medida que a taxa de imposto aumenta.

Curva de Laffer

receitas fiscais

0 20 40 60 80 100%

taxa de imposto

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O desafio da Segurança Social
O sistema de pensões de reforma da Segurança Social procura garantir a qualidade de vida da
população reformada. Recolhe, para isso, contribuições da parte dos trabalhadores.
Podemos falar de duas categorias opostas de sistemas de Segurança Social: os sistemas do
tipo “pay-as-you-go” ou redistributivos, e os sistemas de capitalização.

Nos sistemas do tipo “pay-as-you-go”, as contribuições dos trabalhadores são entregues aos
reformados. As gerações em idade de trabalho sustentam, por assim dizer, as gerações já
reformadas. A sustentabilidade do sistema assenta na solidariedade intergeracional e no equilíbrio
entre a dimensão dos dois grupos. Uma diminuição da população activa ou um aumento da
esperança de vida pode pôr em causa o pagamento das pensões de reforma.
Recentemente, devido ao aumento da esperança de vida e à estagnação do crescimento
populacional, tem vindo a aumentar o rácio de dependência da terceira idade, que é a razão entre
a população com idade igual ou superior a 65 anos, e a população com idade compreendida entre os
15 e os 64 anos.9

Parte II
a) O bem classifica-se em Património Público constitui o conjunto de bens, valores, créditos
e obrigações de conteúdo económico em moeda que o Estado possui e utiliza na
consecução dos seus objectivos. (BEZERRA FILHO, 2005:127).

Património público por analogia compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações


avaliáveis em moeda corrente, das entidades que compõem a administração pública.
(KOHAMA, 2001:213-214).

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Dos dois últimos conceitos acima citados, pode chegar-se a conclusão que o património
público é um conjunto de valores sob responsabilidade das entidades públicas, com o
objectivo de satisfazer as necessidaes públicas.

Constitui despesa pública, o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito


público para o funcionamento dos serviços públicos. Nesse sentido, a despesa é a parte do
Orçamento, ou seja, é onde se encontram classificadas todas autorizações para gastos com
várias atribuições e funções governamentais. ﴾FORTES, 2002:139).

Segundo o nº 1 do artigo 30 da Lei nº 09/2002, de 12 de Fevereiro, a realização das despesas


compreende as três fases seguintes:

 Cabimento: acto administrativo de verificação, registo e cativo do valor do encargo a


assumir pelo Estado;
 Liquidação: apuramento do valor que efectivamente há a pagar e a emissão da
competente ordem de pagamento;
 Pagamento: entrega da importância em dinheiro ao titular do documento das
despesas.

Apesar das citações acima mostrarem número de fases diferentes, as fases da realização das
despesas públicas da primeira citação estão resumidas dentro das fases das duas últimas
citações.

Segundo a Lei nº 09/2002, de 12 de Fevereiro, as normas a observar para a realização das


despesas públicas são as seguintes:

a) Inscrever a despesa: a despesa tem que constar da relação de pagamentos e tem que
possuir uma origem;
b) Legalidade da despesa: a despesa tem que possuir um enquadramento legal, ou seja, é
autorizada pela lei;
c) Cabimento orçamental: a despesa tem que ter um orçamento para suportá-la;
d) Liquidez: devem existir fundos para pagar a despesa.

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Conclusão
Contabilidade Pública constitui uma das subdivisões da contabilidade, aplicada a diferentes tipos
de actividades e de entidades. Seu campo de actuação é, assim, o das pessoas jurídicas de direito
público, bem como o de algumas das suas entidades vinculadas, estas pelo menos quando
utilizam recurso a conta do orçamento público.

a Contabilidade pública é a disciplina que aplica, na administração pública, as técnicas de


registos e apuramentos contabilísticos em harmonia com as normas gerais do direito financeiro.
Com os conceitos acima citados pode afirmar-se que a Contabilidade pública é a parte da
contabilidade que controla e regista o património duma entidade pública. Finanças Públicas:
designam a actividade económica dum ente público tendente a afectar bens à satisfação de
necessidades que lhe estão confiadas.

O Orçamento é uma prévia autorização do poder legislativo para que se realizem receitas e
despesas dum ente público, obedecendo a um determinado período de tempo. Por meio do
orçamento podemos verificar a real situação económica do Estado, evidenciando os seus gastos
com a saúde, educação, saneamento, obras públicas, etc. Orçamento Público é um documento
directivo do Estado onde se define a politica da receita e despesa a prosseguir, num determinado
periodo.

Assim pode concluir-se que o Orçamento público define a previsão das receitas e a fixação das
despesas públicas.

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Bibliografia

ANDRADE, Nilton de Aquino.Contabilidade pública na gestão municipal.1ª edição. São Paulo:


Editora Atlas S.A, 2002.

ANGÉLICO, João. Contabilidade Pública.8ª edição.São Paulo: Atlas, 1994.

BEZERRA FILHO.Contabilidade Pública: Teoria, Técnica de elaboração de balanços e 300


questões. 1ª Edição.Rio de Janeiro.Eslevier.2005.

COSTA, Carlos B.; ALVES, Gabriel C.Contabilidade Financeira.4ª edição.Lisboa.Editora Rei


dos livros.2001.

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