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Wittwer F & Noro M. COMPÊNDIO DE PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA. Versão em Revisão. Tradução Miller, I.

Material divulgado com fim didático da disciplina de Patologia Clínica Veterinária, UNIPAMPA, 2º semestre 2014.
4.8. FUNÇÃO ENDÓCRINA aos valores inicias aos 120 e 180 minutos (fase
insulínica). Animais com síndrome da má absor-
4.8.1. Pâncreas Endócrino ção apresentam a fase de absorção diminuída. A
A função endócrina do pâncreas está associada a falta de retorno a valores basais aos 180 minutos
produção e liberação de insulina e glucagon, sugere intolerância a glicose que é observada na
hormônios hipo e hiperglicemiante, respectiva- diabetes, hiperadrenocorticismo, hipertiroidismo
mente, que atuam regulando o metabolismo dos e insuficiência hepática (Figura 4.8).
carboidratos. A insulina é um hormônio hipogli-
14
cemiante ao promover a captura, utilização e DM Saudável SMA
12
armazenamento da glicose pelos hepatócitos,

Glicemia (mmol/L)
miócitos e adipócitos. O glucagon é um hormônio 10

hiperglicemiante ao estimular a gliconeogênese e 8


a glicogenólise. 6
Em monogástricos em jejum a glicemia é mantida
4
pela gliconeogênese derivada do catabolismo de
2
proteínas e lipídeos. Em ruminantes a glicemia é 0 60 120 180
mantida pela gliconeogênese hepática a partir do Minutos após a administração de glicose (v.o.)

propionato produzido pela fermentação ruminal Figura 0.1. Curvas obtidas em um canino saúdavel,
e nos cavalos do propionato produzido no cólon. con diabetes mellitus (DM) e síndrome de má
A alteração mais frequente do pâncreas endócri- absorção (SMA) no teste de tolerância a admistração
oral de glicose (1,75 g/kg pv v.o).
no é a diabetes mellitus, que corresponde a um
grupo de alterações metabólicas resultantes de
Também é possível realizar esta prova retirando-
um defeito na secreção ou ação da insulina, ou
se a fase de absorção mediante a administração
de ambas, que são caracterizadas por uma inten-
endovenosa de glicose (0,5 g/kg p.v. de dextrose
sa hiperglicemia e glicosúria. Além disso, estão
50% em 30 segundos) e obtendo amostras de
presentes a poliúria, cetose e cetonúria, lipemia,
sangue as cinco, 15, 25, 35, 45 e 60 minutos, con-
acidose metabólica e hiperfructosaminemia. Po-
siderando como tempo zero os 15 segundos de
de-se dividir a diabetes em: em diabetes tipo I ou
iniciadas a infusão. Com esta técnica pode-se
insulino deficiente por lesão nas células β do
calcular o tempo médio, T1/2, corresponde ao
pâncreas e diabetes tipo II ou insulino resistente.
tempo necessário pelo animal para reduzir a me-
Para o diagnóstico da diabetes e outras altera-
tade a concentração de glicose no sangue, que
ções do metabolismo da glicose são empregadas
em um cão com diabetes mellitus é maior a 70
a determinação da glicemia (jejum mínimo de 12
minutos.
horas) e da fructosaminemia. Esta última permite
Em equinos utiliza-se o teste combinado de tole-
confirmar se a hiperglicemia é persistente, condi-
rância a glicose-insulina (TCTGI) por via endove-
ção em que se observa uma hiperfructosamine-
nosa, na qual se administra 150 mg/kg de p.v. de
mia. Maiores informações de ambos os analitos
dextrose a 50% e imediatamente 0,10 UI/kg de
são descritos em 3.2.1 e 3.2.2 do capítulo sobre
p.v. de insulina regular. Obtêm-se amostras de
Bioquímica Clínica.
sangue nos minutos -5, 0, 5, 15, 30, 60 e 90 desde
O teste de tolerância à glicose (TTG) é um apoio
a administração da insulina em que se determina
ao diagnóstico e estudo da evolução da diabetes.
a glicemia.
Baseia-se em obter amostras de sangue antes e
Os critérios empregados para diagnósticas diabe-
aos 30, 60, 120 e 180 minutos após a administra-
tes são:
ção oral de glicose (1,75 g/kg peso em solução a
• Glicemia maior a 11 mmol/L em cães, 14
20%). A glicemia inicial deve ser menor a 5,5
mmol/L em gatos e cavalos e 8,4 mmol/L em
mmol/L, podendo alcançar até 9,0 mmol/L aos 60
ruminantes.
minutos (fase de absorção), para logo retornar

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• Glicemia em jejum no cão ou gato maior a 7,1 Para o diagnóstico da disfunção da tireoide se
mmol/L. emprega a determinação das concentrações séri-
• Glicemia maior a 11 mmol/L as duas horas de cas de T4 total e em menor grau de T3 que tem
um TTG. escasso valor diagnóstico na rotina clínica veteri-
Para diferenciar o tipo de diabetes em cães se nária. Suas concentrações séricas refletem a
indica a prova de resposta insulínica a adminis- quantidade de hormônio que está sendo mobili-
tração de glicose. Para este propósito se deter- zado no momento, a qual é basicamente depen-
minam as concentrações de insulina nas amos- dente de sua síntese, e por tanto sinaliza a fun-
tras obtidas na TTG endovenosa. Um cão sadio ção da tireoide (ver em 3.8.2). Na avaliação da
apresenta um pico de insulina aos cinco minutos função da tireoide também se empregam a de-
retornando aos valores basais aos 60 minutos. terminação de T4 livre (fT4) e nas provas de res-
Cães com diabetes tipo I (insulino deficiente) posta ao TSH (uso muito limitado em cães) e de
apresentam valores persistentemente diminuídos resposta ao TRH em cães e gatos. No gato e cava-
de insulina, enquanto que os com o tipo II (insuli- lo descreve-se o uso da prova de supressão do T3.
no resistente) tem um valor basal normal ou ele- Nos casos de hipotiroidismo primário ou secun-
vado que não sobe após a infusão de glicose. dário por síntese inadequada na deficiência de
iodo ou na inclusão de substâncias bocígenas na
4.8.2. Função da Tireoide dieta de ruminantes, o valor do T4 está persisten-
A tireoide é uma glândula bilobulada, localizada temente diminuído, não sendo está uma resposta
no pescoço, constituída por células epiteliais que específica. Aproximadamente 20% dos cães euti-
constituem folículos que contém um colóide com róideos apresentam temporariamente valores
os hormônios tireoidais. A tetraiodotironina (T4), baixos de T3 e T4. Outras condições que também
também chamada tiroxina, é sintetizada na tire- diminuem sua concentração são doenças (qua-
oide como resposta a tireotropina (TSH); e a dros inflamatórios, hiperadrenocorticismo), dro-
triiodotironina (T3) produzida pela tireoide e ou- gas (corticoides, trimetropim, fenobarbital), die-
tros tecidos a partir da T4 mediante um processo tas (altas em energia, proteínas, cobre e zinco) e
de desionização. Ambos os hormônios são libera- o jejum prolongado. Para confirmar o hipotiroi-
dos ao sangue onde são transportados unidos a dismo requer-se estabelecer a diminuição dos
proteínas (99%) e em forma livre, predominando valores de T4. Pelo contrário, valores de T4 dentro
a quantidade de T4 (90%) sobre a de T3 (10%), dos limites de referência permite descartar o
sendo esta última à forma ativa, e a T4 atuando hipotiroidismo. Os animais com hipotiroidismo
como reserva ao ser precursora de T3. apresentam um aumento nas concentrações
A T3 atua ativando o metabolismo basal, promo- séricas de colesterol e triacilgliceróis, além de
vendo a geração de calor e o crescimento nos anemia não regenerativa leve a moderada.
animais jovens ao induzir a utilização celular de O diagnóstico de hipertiroidismo é realizado me-
glicose, mobilização de triglicerídeos, síntese de diante o aumento dos valores de T4, ainda que
proteínas associadas ao crescimento celular, e o sua sensibilidade seja baixa em casos leves da
transporte de eletrólitos através de membranas. doença que podem ser confirmados mediante o
Os transtornos da tireoide são o hipotiroidismo aumento da fT4. A maioria dos animais com hi-
primário e secundário a deficiência de iodo. O pertiroidismo cursam com eritrocitose, aumento
primeiro ocorre mais frequentemente em cães e da atividade sérica da ALP, hiperglicemia e hipo-
o último em ruminantes; também sendo visto em fructosaminemia.
equinos e iatrogenicamente em gatos devido ao
tratamento do hipertiroidismo. O hipertiroidismo 4.8.3. Função Adrenal
por adenoma ou adenocarcinoma da tireoide é Os glicocorticoides, cortisol, cortisona e corticos-
diagnosticado mais frequentemente em gatos e terona, são produzidos pelas células do córtex
raramente em caninos e equinos. adrenal em resposta ao ACTH hipofisário liberado

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frente ao estímulo do hormônio liberador, CRH administra 0,01 mg/kg de dexametasona p.v., e
do hipotálamo. Sua secreção é pulsátil e manifes- após quatro e oito horas se obtém a segunda e
ta um forte ciclo circadiano regulado mediante terceira amostras determinando a alteração nas
retroalimentação que inibe a secreção de CRH. concentrações de cortisol. Em animais sadios a
Os corticoides antagonizam o efeito da insulina dexametasona reduz a secreção de CRH e ACTH
diminuindo a captação da glicose pelos tecidos diminuindo a liberação adrenal de cortisol a valo-
sensíveis a insulina, promovem a glicogênese e a res menores a 50% dos iniciais (menor a 40
gliconeogênese por meio da lipólise. nmol/L), situação que não é observada em cães
O hiperadrenocorticismo e a insuficiência adre- com hiperadrenocorticismo. Quando sua origem
nal, ou hipoadrenocorticismo, são as duas doen- é adrenal o cortisol se mantém elevado às quatro
ças que afetam a função adrenal. São reconheci- e oito horas, enquanto que quando sua origem é
das três formas de hiperadrenocorticismo: pitui- hipofisária observa-se uma diminuição parcial às
tário-dependente ou síndrome de Cushing que é quatro horas (Figura 4.9).
forma mais frequente; adrenal-dependente; e a 160
iatrogênica. O hipoadrenocorticismo é produzido 140 HAC adrenal (Cushing)

Cortisol (mmol/LL)
120
principalmente por insuficiência adrenal, ou tam- 100 HAC pituitário
bém chamado Doença de Addison. 80
60
Para avaliar a funcionalidade adrenal utiliza-se a 40
Saudável
determinação da concentração sérica do cortisol 20
0
(ver em 3.8.3), as provas de inibição com dose 0 2 4 6 8
Horas desde administração de 0,01 mg/h de dexametasona

baixa e dose alta de dexametasona e a prova de


estimulação com ATCH. Figura 0.2. Resultados ao teste de inibição com dose
No hipoadrenocorticismo primário (Addison), baixa de dexametasona em cães sem alteração
adrenal, e com hiperadrenocorticismo (HAC) adrenal e
secundário a deficiência de ACTH ou por iatrogê- hipofisário.
nia (cetoconazol, após a terapia com corticoide)
ocorre hipocortisolemia. E de modo contrário, no
hiperadrenocorticismo pituitário ou síndrome de A PIDAD é empregada em cães e gatos com hipe-
Cushing, neoplasia adrenal (adenoma, adenocar- radrenocorticismo cuja origem não é possível de
cinoma), estresse e de origem iatrogênico por ser determinada com a PIDBD. Realiza-se de ma-
administração de ACTH se produz hipercortiso- neira igual a anterior, porém com uma dose de
lemia, observando-se um leucograma de estresse 0,1 mg/kg de dexametasona. Nos animais com
e um perfil bioquímico sanguíneo com aumento hiperadrenocorticismo hipofisário apresentam
da glicose, colesterol e triglicerídeos. inibição do cortisol as quatro e oito horas, não
A dificuldade de interpretar um valor basal de ocorrendo isso não de origem adrenal.
corticoide junto da necessidade de diferenciar a
origem de um hiperadrenocorticismo leva a utili-
zação de provas de inibição com dexametasona e 4.8.3.2. Prova de estimulação de cortisol com
de estimulação com ACTH, sendo a primeira mais ACTH
utilizada. Após a obtenção de uma amostra basal de san-
gue se administra ACTH (corticotropina, 5 µg/kg
4.8.3.1. Provas de inibição de cortisol a dose bai- ev) com o propósito de estimular a liberação de
xa de dexametasona (PIDBD) e dose alta cortisol e uma segunda amostra de sangue obtida
de dexametasona (PIDAD) uma hora após. Cães com atividade normal da
A PIDBD é utilizada para confirmar o diagnóstico adrenal respondem aumentando ao dobro ou
de hiperadrenocorticismo. Na sua execução são triplo o valor inicial de cortisol, enquanto que o
obtidas amostras de sangue em jejum e repouso, em animais com hipoadrenocorticismo iatrogêni-
determinando o valor basal e imediatamente se co apresentam uma resposta nula ou baixa. Ani-

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mais com hiperadrenocorticismo pituiário ou acordo com a espécie, o interesse do clínico e
adrenal apresentam uma resposta normal ou capacidade do laboratório.
exagerada. Um perfil bioquímico geral para cães considera a
determinação da glicose, proteínas, albumina,
4.9. PERFIL BIOQUÍMICO globulinas, ureia, creatinina, ALT e ALP, enquanto
O desenvolvimento tecnológico tem levado a que que para um cavalo considera a proteínas, albu-
os laboratórios de análises clínicas disponham de mina, globulina, fibrinogênio, ureia, AST, CK e
equipamentos automatizados que permitem a GGT (Anexo 7.10 e Anexo 7.11).
determinação de um número significativo de Os perfis podem estar orientados a avaliação de
analitos em um mínimo de tempo, com resulta- um sistema ou órgãos de um paciente, definindo-
dos altamente confiáveis, empregando um míni- se desta maneira perfis hepático, pancreático,
mo de reativos e consequentemente um custo renal, muscular, hidrosalino, ósseo, adrenal, etc.
reduzido. Esta situação tem permitido que o clí- Como exemplos mencionam-se os perfis:
nico obtenha maior informação da amostra ao • Cardíaco: AST, CK, troponina.
dispor simultaneamente de resultados de diver- • Gastrointestinal: sangue oculto em fezes, di-
sos analitos que lhe entregam uma visão ampla gestão de gorduras, absorção de D-xilose.
do estado de saúde do paciente, motivo pelo • Ruminal: exame físico-químico do líquido ru-
qual se denomina ”perfil”. minal.
• Hepático: AST, ALT, GMD, ALP, GGT, albumina,
4.9.1. Perfil Bioquímico Sanguíneo bilirrubina, ácidos biliares, colesterol.
Um perfil bioquímico constitui um conjunto de • Hidrosalino: Na, K, hematócrito, proteínas.
análises bioquímicas clínicas realizadas em uma • Muscular: lactato, CK, AST, LDH, etc. (ex.: mio-
amostra, de um indivíduo ou de um grupo repre- globinúria).
sentativo de indivíduos de um rebanho, com o • Ósseo: Ca, P, ALP.
propósito de caracterizá-los fisiopatologicamen- • Pancreático: glicose, fructosamina, amilase,
te. Sua utilização é dirigida na avaliação clínica da lipase, tripsina imuno reativa sérica (TLI), trip-
condição geral de saúde (perfil bioquímico geral), sina fecal.
de um sistema ou órgão de um paciente (perfil • Renal: ureia, creatinina, Ca, P, K, etc. (ex.:
hepático, pancreático, renal, muscular, hidrosali- exame de urina).
no, ósseo) ou sua condição metabólica (perfil
• Tireoide: T4, ALT, ALP, colesterol, etc. (ex.:
metabólico).
hemograma)
Um perfil bioquímico sanguíneo é um exame
• Adrenal: Cortisol (PIDBD), ALT, ALP, colesterol,
realizado em uma amostra de sangue em um
glicose, ureia, creatinina.
laboratório de análises clínicas, na qual são de-
Os analitos a ser incluídos variam de acordo com
terminados e processados os resultados de diver-
a espécie, como são exemplificados nos Anexos
sos analitos através dos quais se busca estabele-
7.10 a 7.14 que apresentam propostas orientado-
cer o grau de adequação de algumas funções
ras de perfis bioquímicos para caninos e felinos,
fisiológicas, necessárias para o correto funcio-
equinos, bovinos, aves e peixes.
nalmente do organismo. O número de analitos
incorporados em um perfil é variável de acordo
4.10. PERFIL METABÓLICO (PM)
com a espécie animal, o interesse e costumes do
A intensificação dos sistemas produtivos junto a
clínico, e as possibilidades analíticas dos labora-
seleção genética dos animais tem aumentado a
tórios. Habitualmente um perfil bioquímico geral
produção animal. Paralelamente, se tem imposto
analisa oito ou mais analitos como: glicose, ureia,
maiores exigências metabólicas aos animais pre-
creatinina, hemoglobina, proteína, albumina,
dispondo-os a desenvolver doenças da produção.
globulinas, cálcio, fósforo, magnésio, AST, ALT,
Estas que são produzidas devido a um desequilí-
GMD, ALP e CK, os quais são determinados de

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brio entre os ingressos, circulação e egressos de A aplicação dos PM tem dois enfoques: 1 definir o
um ou mais metabólitos no organismo, distanci- risco de doenças que apresentam os indivíduos
ando suas concentrações dos limites fisiológicos. de um rebanho; ou 2 estabelecer uma aproxima-
Nestas circunstâncias desenvolvem-se alterações ção diagnóstica do balanço metabólico-
bioquímicas e fisiológicas que culminam em nutricional que pode apresentar um rebanho. No
transtornos clínicos e inclusive na morte dos primeiro, determina-se o fator de risco que apre-
animais. Para previr estas doenças é fundamental senta o rebanho para doenças específicas, para o
manter o equilíbrio entre a quantidade que in- qual se estabelecem as concentrações sanguíneas
gressa, é absorvida, a que circula no sangue e é de alguns analitos em um grupo de animais, as
depositada nos compartimentos ou órgãos de que são comparadas com limites de referência ou
reserva, com a que egressa para a manutenção e limiares definidos, determinando-se a porcenta-
produção. gem de indivíduos que ultrapassam estes limites.
Os desequilíbrios de energia, proteínas e minerais Esta metodologia é muito utilizada para identifi-
geram significativas perdas econômicas na indús- car o risco de cetose e BEN em vacas leiteiras. Por
tria pecuária, já que limitam de forma importante exemplo: define-se que uma vaca com NEFA
a produtividade das vacas e originam doenças, maior a 0,6 mmol/L três a 21 dias pós-parto tem
constituindo um tema de preocupação associado cinco vezes mais probabilidade de adoecer que
ao bem-estar animal. Assim a determinação da uma com NEFA menor a 0,6 mmol/L; ou ainda
concentração sanguínea dos analitos, cujas con- que uma vaca com BHB maior a 0,9 mmol/L três a
centrações são influenciadas pelo estados meta- 14 dias pós-parto tem 3,5 vezes maior probabili-
bólico dos nutrientes no organismo, são realiza- dade de apresentar um deslocamento de aboma-
dos frequentemente em vacas leiteiras mediante so ou 2,8 vezes de cursar com cetose que uma
o emprego dos perfis metabólicos. Sua determi- vaca com BHB menor a 0,9 mmol/L.
nação permite avaliar a condição ou balanço me- A metodologia dos PM destinada a estabelecer
tabólico nutricional dos animais e identificar os uma aproximação diagnóstica corresponde ao
transtornos metabólicos que afetam clínica ou procedimento tradicional desta técnica, median-
subclinicamente os rebanhos. te a qual se avaliação múltiplos analitos em gru-
Um perfil metabólico (PM) é definido como uma pos selecionados de animais de um rebanho co-
série de provas analíticas específicas, executadas mo descrito abaixo.
em combinação e utilizadas como uma ferramen- A realização de um PM envolve os seguintes pas-
ta diagnóstica orientada a avaliar a saúde do re- sos:
banho. É um exame complementar utilizado na • Definir os objetivos para solicitar o exame.
avaliação e diagnóstico das “doenças da produ- • Obter os antecedentes clínicos da propriedade
ção” que determina, em grupos de animais re- e animais (manejo, alimentação, produção,
presentativos de um rebanho, a concentração ou fertilidade, sanidade, clínica).
atividade sanguínea de certos analitos indicado- • Definir o problema e grupo afetado, ou então
res do balanço metabólico. Os resultados obtidos se corresponde a um controle de rebanho.
são comparados com valores referenciais popula- • Selecionar animais para a obtenção de amos-
cionais, indicando o grau de adequação das prin- tras.
cipais vias metabólicas relacionadas com energia, • Definir os exames a solicitar e amostras a ob-
proteína e minerais, assim como a funcionalidade ter.
de órgãos vitais para a produção, como o fígado. • Executar as análises necessárias.
Sua maior utilidade é no estudo dos desequilí- • Obter os resultados.
brios metabólicos nutricionais presentes nas va- • Interpretar os resultados.
cas leiteiras durante os períodos de transição
(desde três semanas pré-parto a três semanas
pós-parto) e inicio da lactação.

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4.10.1. Objetivo • Diagnóstico ou avaliação de carências mine-
O perfil metabólico foi projetado com o propósito rais.
de monitorar a saúde metabólica do rebanho, • Investigação de problemas de fertilidade.
identificar vacas metabolicamente superiores e • Problemas no volume ou qualidade da produ-
contribuir mediante o diagnóstico de alterações ção de leite.
metabólicas, e doenças que afetam a produção. • Baixa na produção, baixo desenvolvimento a
O objetivo de um PM é “obter o quanto antes ganha de peso de animais de corte.
possível o parecer sobre um grupo de animais a • Adaptação a mudanças nutricionais em espé-
respeito de sua condição metabólico-nutricional”. cies de produção ou de osmolaridade da água
Baseado neste conceito teórico geral, um PM é em peixes.
indicado nos seguintes casos:
• Avaliar a condição metabólica nutricional de 4.10.2. Seleção de Animais e Amostras
um grupo de animais de acordo a seus ingres- A amostra deve ser obtida de indivíduos “repre-
sos (nutrição) e egressos (produção). sentativos” da população de animais. Quando o
• Diagnosticar a presença de transtornos meta- objetivo do PM é estabelecer sua condição meta-
bólicos em um rebanho. bólico-nutricional deve-se ter um enfoque de
• Manter um controle do balanço metabólico e rebanho, os animais devem estar clinicamente
condição sanitária do rebanho. sadios, evitando assim obter valores associados a
• Estabelecer a presença ou ausência de um doenças em um ou mais indivíduos. Por sua vez, é
fator associado a presença de doença em um fundamental agrupar os indivíduos em relação a
rebanho. fatores fisiológicos que podem afetar a concen-
• Servir de instrumento para avaliação metabó- tração dos elementos que serão analisados, mi-
lica em experiências em grupos de animais. nimizando a variação de origem não nutricional.
Deve-se destacar que um PM não é um exame de Nos rebanhos leiteiros a aplicação do PM é base-
avaliação da dieta, e sim como o nome indica, da ada na obtenção de amostras em um ou mais
avaliação do estado metabólico de um grupo de subgrupos de oito a 13 indivíduos, comumente
animais em um rebanho em resposta a uma di- oito, os quais devem ser representativos das dife-
eta. Por outro lado, deve-se considerar que sua rentes categorias animais do rebanho e estar
correta aplicação, determinada pela adequada livres de doenças além do motivo do estudo.
seleção dos animais e obtenção das amostras, Cada grupo é definido como um conjunto de
permite avaliar o estado nutricional do rebanho indivíduos em similar condição genética, fisiológi-
ou de um grupo de animais, detectar com ante- ca, de manejo e alimentação.
cedência condições patológicas, identificar riscos A seleção dos animais de acordo a fase da
potenciais para a presença de doenças e analisar lactação permite observar tendência, ao associar
suas possíveis causas. Contudo, é essencial inte- as concentrações dos componentes sanguíneos
grar os resultados do PM com a informação obti- com a produção e comparar grupos de indivíduos
da a partir da análise dos registros da proprieda- em distintos estados fisiológicos. Deste modo, o
de. PM avalia se as relações de manutenção e produ-
Considerando que o PM tem sido mais utilizado ção nas vacas leiteiras são adequadas. O momen-
em rebanhso bovinos, as informações fazem re- to mais apropriado para obter as amostras seria
ferência especialmente a este tipo de animais. quanto os mecanismos homeostáticos se encon-
Algumas condições em que se utilizam são: tram fisiologicamente desafiados e ineficientes,
• Controle do balanço metabólico de energia- sendo assim: é o período de transição das vacas
proteínas e mineral. leiteiras (três semanas antes e após o parto) o
• Suspeita da presença de um transtorno meta- com maior incidência de doenças da produção.
bólico.

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Considerando os aspectos indicados, os grupos
sugeridos a serem amostrados em um rebanho 4.10.3. Análises
leiteiro são: Nas amostras são realizadas as análises que per-
1. Vacas em transição pré-parto: três a 21 dias mitem avaliar o grau de adequação ou balanço
pré-parto, idealmente sete a 21 dias. metabólico de energia, proteínas e minerais,
2. Vacas em transição pós-parto: três a 30 dias incluindo-se rotineiramente alguns analitos que
de lactação, idealmente três a 21 dias. entregam informações sobre a condição geral de
3. Vacas no início da lactação: 45 a 100 dias de saúde do rebanho. Informações gerais sobre es-
lactação, idealmente 50 a 70 dias. tes analitos estão descritos no capítulo de Bio-
química Clínica. Sua eleição dependerá de cada
De cada grupo, independente do tamanho, se caso, dos requisitos diagnósticos, as possibilida-
selecionam “oito” indivíduos representativos dos des laboratoriais e de amostras, e os custos asso-
quais se obterão as amostras a analisar. Em tam- ciados. É assim que os analitos mais utilizados são
bos de grande tamanho recomenda-se sub dividir descritos abaixo:
os grupos ou ainda obter um número maior de
amostras por grupo. 4.10.3.1. Energia: BHB, NEFA, Glicemia, Co-
Por exemplo: com um lote de 200 vacas em lac- lesterolemia
tação pode-se dividir em dois subgrupos por pro- O BHB é um bom marcador da resposta rápida do
dução ou idade. grau de síntese de corpos cetônicos, em resposta
Quando o objetivo do PM é diagnosticar uma a mobilização de lipídios frente a um balanço
doença subclínica, os animais selecionados de- energético negativo (BEN). É um analito de alta
vem ser aqueles que têm risco de apresentar a sensibilidade, especialmente em vacas em lacta-
doença e ainda não apresenta sinais clínicos. Para ção, porém com limitada especificidade devido à
o diagnóstico das doenças em animais com sinais absorção do butirato ruminal.
clínicos é necessário selecionar indivíduos que O NEFA também é um marcador da resposta rá-
estejam cursando com a doença, podendo neste pida para situações de mobilização lipídica, sendo
caso ser apenas um ou dois animais. mais sensível em vacas pré-parto. A glicemia é
De cada animal selecionado obtém-se a ou as um marcador rápido do balanço energético, po-
amostras necessárias de acordo com os exames rém sua limitada sensibilidade desencoraja seu
solicitados. Usualmente corresponde a amostras emprego.
de sangue (± 5mL com heparina e 5 mL sem aditi- O colesterol nos ruminantes relaciona-se com a
vos para obter-se soro), as que devem ser obtidas ingestão de matéria seca, já que é sintetizado
idealmente após a ordenha da manhã. especialmente no tecido adiposo tendo como
Junto às amostras deve-se anexar uma folha de precursor o acetato ruminal.
solicitação de exame que necessita conter infor-
mações: Junto à obtenção da amostra recomenda-se de-
• Gerais: rebanho, proprietário, endereço, vete- terminar o escore da condição corporal (ECC) dos
rinário. animais, sendo assim este incluído em um PM
• Motivo do exame: controle ou tipo de pro- como analito de resposta lenta do balanço ener-
blema. gético.
• Grupo (s): categoria, descrição.
• Animais: produção, data do parto, condição 4.10.3.2. Proteínas: ureia e albuminas
corporal. A ureia é um marcador da resposta rápida e sen-
• Manejo e alimentação: volumosos, concen- sível da sincronia ruminal de proteína degradável
trados, minerais. no rúmen (PDR) com a energia disponível (PDR:
• Análises requeridas. Eº). Sua maior utilidade é no diagnóstico de as-
sincronias ruminais produzidas pela elevada in-

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gestão de PDR ou escassa em energia, situações ferro, cobre, cobalto), quadros tóxicos (excesso
em que aumenta a ureia sanguínea. de brassicas na dieta) ou alterações orgânicas
A albuminemia é um marcador da resposta lenta (hepatopatias, infecções crônicas).
(duas semanas) frente a uma diminuição na sín- A globulinemia é um indicador da presença de
tese hepática de albumina devido a carência na quadros infecciosos no rebanho, encontrando-se
dieta, secundária a disfunção hepática, ou a um aumentada em animais com mastite, metrite e
desgaste lactacional para manter altas produ- pododermatite, entre outras causas.
ções. Sua sensibilidade é limitada e sua especifi- As atividades sanguíneas das enzimas AST e GGT
cidade baixa já que outras alterações orgânicas são marcadores de sensibilidade moderada da
cursam com hipoalbuminemia. lesão hepática, devido sua limitada especificidade
a AST está sendo substituída pela GMD.
4.10.3.3. Minerais: Ca, P, Mg, Na, Cu, Zn,
Se 4.10.4. Informe dos Resultados
A calcemia é um analito de utilidade somente Os dados obtidos pelas análises das amostras
frente a quadros clínicos ou subclínicos de hipo- correspondentes a cada grupo de animais são
calcemia. Seu controle hormonal regula sua con- descritos em um quadro que inclui para cada
centração sanguínea de modo que sua sensibili- animal os resultados obtidos em cada um dos
dade para detectar desequilíbrios nutricionais é analitos avaliados com sua média (̅ ), mediana,
baixa. desvio padrão (DP), e porcentagens de animais
A fosfatemia é um marcador sensível e da respos- acima ou abaixo dos limites de referência. Além
ta rápida frente a situações de desequilíbrios disso, para cada analito, incluem-se os valores de
nutricionais de fósforo, ainda que sua especifici- referência (̅ e DP) utilizados para comparações.
dade seja limitada. Em amostras antigas ou man- Determina-se o valor do “DPx”, que representa a
tidas em altas temperaturas suas concentrações diferença entre o valor médio do grupo como a
plasmáticas aumentam. média de referência, expressos em uma mesma
A magnesemia é um marcador sensível, específi- escala de medida (DP). Isto é, indica a diferença
co e da resposta rápida do balanço metabólico entre a média do grupo em estudo com relação a
nutricional de magnésio. média de referência expressa em desvio padrões.
A natremia é um analito de utilidade somente ̅   − ̅   ê
 =
frente a desequilíbrios severos do sódio. Seu    ê
controle hormonal regula sua concentração san-
guínea sendo baixa sua sensibilidade para detec- Também para cada analito apresenta-se o coefi-
tar desequilíbrios nutricionais. ciente de variação “CV” que corresponde a com-
A cupremia e zinquemia são marcadores da res- parar a magnitude da variação dos valores do
posta lenta e de sensibilidade media frente a grupo com relação a variação a apresenta a po-
carência de cobre e zinco. pulação de referência
A determinação da atividade sanguínea de GPx é
um marcador sensível e de resposta lenta (um   
 =
mês) do balanço metabólico nutricional do selê-    ê
nio.
Na Tabela 4.11 encontra-se como exemplo um
4.10.3.4. Saúde: hemoglobina, globulinas, PM realizado a um grupo de sete vacas no qual
AST ou GMD, e GGT avaliaram-se somente dois analitos e a condição
A hemoglobinemia é um indicador sensível do corporal (CC).
estado geral de saúde dos animais, já que qua-
dros de anemia são observados em animais devi-
do carências nutricionais crônicas (proteínas,

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Tabela 0.1. Perfil metabólico de energía para grupo de ser menor a que a população de referência de
vacas Holandesas com 3 semanas de lactação. modo que o CV deve ser menor a um. Quando a
Nº Ident CC BHB URE
média das concentrações dos componentes san-
1-5 mmol/L mmol/L
1 240 2,8 0,30 6,50
guíneos se encontra fora do intervalor de refe-
2 255 3,5 0,50 6,00 rência, o resultado do perfil indica uma alteração
3 982 3,3 0,40 5,50 no estado funcional ou metabólico do grupo de
4 354 2,5 0,45 6,10 animais.
5 222 3,0 0,65 + 4,80
Baseado nisto considera-se que um grupo é dife-
6 152 3,0 0,45 5,00
7 543 3,0 0,40 5,50 rente da população quando:
8 956 2,8 0,35 4,90 • A média de uma variável supera duas varia-
Média 3,0 0,4 5,5 ções padrões da média populacional, valor de
Mediana 3,0 0,4 5,5 “DPx” superior a dois, positivo quando está
DP 0,3 0,1 0,6
aumentado ou negativo quando está diminuí-
Valores

DPx 0 0,9 0,7


Grupo

do.
CD 1,2 + 0,7 0,6
% abai- • A variação do grupo (CV) é maior que a de
xo LI 0,0 0,0 0,0 referência, indicando uma grande diferença
% Sobre
LS 0,0 12,5 0,0 entre os indivíduos do grupo.
Mínimo 2,5 0,06 2,6
Referência
Valores

Máximo 3,5 0,6 7,0 Qualquer alteração nos resultados do perfil me-
Média 3,0 0,3 4,8 tabólico deve ser analisada considerando a esta-
DP 0,3 0,15 1,1
+= Individuo sobre o limite sobre limite superior (LS); -= individuo
ção do ano, grupo de animais afetados e possível
abaixo limite inferior (LI) de referência. causas que podem provocar variações na concen-
tração sanguínea de um analito. O veterinário
4.1.5. Interpretação responsável deve julgar a importância que tem as
A interpretação do perfil metabólico é um dos alterações detectadas em função da magnitude
aspectos mais importante e difícil de ser realiza- da alteração, e o histórico do rebanho, principal-
do ao avaliar a condição metabólica e de saúde mente sanitário, nutricional, de produção e ma-
de um grupo de animais. As diversas fontes de nejo.
variação existentes e a falta de conhecimento As alterações nas concentrações sanguíneas de
acerca das concentrações dos analitos no orga- um metabolito são provocadas não apenas por
nismos podem conduzir a confusão, dificultando seu equilíbrio entre ingressos–egressos, mas
sua análise. Para a correta interpretação de um também pela de outros nutrientes, existindo uma
PM deve-se considerar o objetivo pelo qual foi relação entre os diferentes metabólitos. Por
solicitado, analisar primeiramente os resultados exemplo: o colesterol se associa a ingestão de
de cada grupo e logo relaciona-los uns aos ou- matéria seca; o BHB ao uso de reservas lipídicas e
tros. magnitude do balanço energético negativo; a
A interpretação é baseada na comparação dos ureia a ração PDR:energia no rúmen; e todos os
resultados médios, mediana e desvio padrão de três casos estão associados ao balanço energéti-
cada analito com relação ao intervalo de referên- co e mantém uma relação.
cia estabelecido a partir de uma população defi- Maiores informações de validade diagnóstica dos
nida de indivíduos clinicamente sadios. A média analitos utilizados no PM estão descritos no Capí-
de cada analito deve ser similar a usada como tulo 3 sobre Bioquímica Clínica e na Tabela 4.12
referência. Considera-se aceitável um valor de onde se encontra um resumo destes.
“DPx” entre 0 a ±2 e a dispersão dos dados deve

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Tabela 0.2. Variáveis usadas no PM de vacas leiteiras para avaliar equilibrios de energía, proteína, mineral e de saúde,
seus intervalos de referência e valoração diagnóstica.
Variável Intervalo de Referência Valoração

ENERGIA

Condição Corporal 2,5 a 4,0 pontos. Variável por estado ⇑ o ⇓ = acumulação ou mobilização de reservas lipídicas
fisiológico
ß-OH-butirato sérico Pré-parto: < 0,5 mmol/L ⇑ = aumento do uso de ácidos graxos procedentes de
Lactação: < 1,0 mmol/L lipídios de reserva como fonte de energia
NEFA sérico Pré-parto < 0,5 mmol/L ⇑ = aumento de mobilização lipídica por falta de energia
Lactação < 0,6 mmol/L
Colesterol sérico Pré-parto: 1,7 a 4,3 mmol/L ⇓ = carência de energia – fibra na dieta
Lactação: 2,7 a 5,3 mmol/L ⇑ = excesso de gordura na dieta, alta síntese de acetato
ruminal.
PROTEÍNAS

Albumina sérica 30 - 41 g/L ⇓ = Dieta de baixa qualidade ou insuficiente, síntese


hepática deficiente, desgaste lactacional
Ureia sérica ou no leite 2,5 a 7,0 mmol/L Asincronía ruminal RDP:Eº:
⇓ = Ingestão carente de RDP
⇑= Ingestão excessiva de RDP o carente de energia
ruminal
MINERAL

Cálcio sérico 2,0 – 2,6 mmol/L ⇓= Paresia hipocalcêmica, hipocalcemia subclínica

Fosfato sérico 1,1 – 2,3 mmol/L ⇓= Carência de P


⇑= Excesso de P na dieta ou amostras velhas
Magnésio sérico 0,7 - 1,1 mmol/L ⇓= Hipomagnesemia

Cobre plasmático 10 - 22 µmol/L ⇓ = Carência de Cu

Zinco sérico 8 - 24 µmol/L ⇓ = Carência de Zn

Selênio (GPx no sangre) > 60 U/g Hb ⇓= Carência de Se

SAÚDE

Globulinas séricas < 50 g/L ⇑ = Processo inflamatório inespecífico

Hemoglobina 9,0 -13,0 g/dL ⇓ = Anemia ¿nutricional?, consumo excessivo de brassi-


cas
GMD <30 U/L ⇑= Lesão hepatocelular

AST < 110 U/L ⇑ = Lesão hepatocelular

GGT < 39 U/L ⇑ = Lesão hepatocanalicular

A interpretação do PM apresentada na Tabela assim os valores de ureia dentro do intervalo


4.12 nos mostra que o grupo de vacas no início esperado.
da lactação mantém em um adequado balanço
metabólico de energia, sua condição corporal é O custo envolvido na execução de um PM repre-
adequada indicando que a perda de peso desde o senta um de seus principais limitantes. Frente a
parto tem sido dentro do esperado, o BHB sinali- isto tem sido proposto trabalhar com amostras
za que o uso atual das reservas de lipídeos não agrupadas em um “pool”, o que permite reduzir o
está gerando acetonemia, e que há uma sincronia custo da análise. Para tanto se obstem um pool
na razão PDR:energia no rúmen, já que a amônia de cada grupo (mistura de 1 mL de soro ou plas-
está sendo adequadamente utilizada, mantendo ma de cada animal do grupo) no qual se realizam
as análises correspondentes. Sua interpretação

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pode ser realizada de formar similar a tradicional, b) O cão está cursando com pancreatite necróti-
empregando a média do valor do pool no lugar ca e, secundariamente com desidratação e
da média do grupo para estabelecer um valor de comprometimento hepático.
DPx. Diz-se que é possível agrupar até 20 amos-
tras em um “pool”, obtendo-se deste um valor 4.11.1.2. Caso 15
equivalente à média do grupo. A probabilidade Você é consultado para interpretar o seguinte
de ter-se indivíduos com valores alterados no perfil adrenal de um cão Golden Retriever de 11
rebanho é menor a 10% se o valor do DPx calcu- anos de idade, castrado, que apresenta alopecia
lado é menor a 0,5. geral, descamação de pele, pioderma, polidipsia e
poliúria.
4.11. EXERCÍCIOS O eritrograma não evidencia alterações e o leu-
4.11.1.1. Caso 14 cograma revela leucocitose, neutrofilia sem des-
Você é consultado para interpretar o seguinte vio a esquerda, linfopenia e eosinopenia. Estes
perfil pancreático de um cão Cocker Spaniel de 12 resultados correspondem a um leucograma de
anos de idade, obeso, deprimido e com o abdô- estresse que pode ser associada ao hipercorticis-
men distendido e doloroso. Além disso, apresenta mo.
vômitos, poliúria e polidipsia. O perfil bioquímico sanguíneo apresenta os se-
O hemograma revelou uma eritrocitose por desi- guintes resultados:
dratação, leucograma de inflamação e estresse
(leucocitose leve, neutrofilia com leve desvio à Resultado
esquerda, linfopenia, eosinopenia e monocitose). Análise U Amostra IR DPx
Glicose mmol/L 8,5 3,0 a 5,0 9,0
O perfil bioquímico sanguíneo apresentou os se-
Colesterol mmol/L 8,0 2,8 a 7,0 3,0
guintes resultados Cortisol nmol/L 275 14 a 180 4,3
Resultado Proteínas g/L 60 55 a 75 -1,0
Análisis U Amostra IR DPx Albumina g/L 30 26 a 38 -0,7
Glicose mmol/L 10,2 3,0 a 5,0 12,4 PCR* mg/L 35 6 a 50 0,6
Fructosamina mmol/L 5,6 1,7 a 3,4 6,2 Ureia mmol/L 6,3 2,6 a 6,6 1,7
Creatinina µmol/L 70 35 a 115 -0,3
Amilase U/L 6.950 150 a 650 52,4
ALT U/L 482 < 85 28,5
Lipase U/L 999 14 a 200 19,2
ALP U/L 990 < 170 29,7
Proteínas g/L 89 55 a 75 4,8
Albumina g/L 40 26 a 38 2,7 * PCR = Proteína C reativa
Ureia mmol/L 31 2,6 a 6,6 26,4
ALT U/L 112 < 85 3,8 A prova de inibição do cortisol com dose baixa de
ALP U/L 616 < 170 17,2
dexametasona (PIDBD) apresentou valores de
cortisol de 275, 3 e 199 nmol/L as zero, quatro e
Perguntas:
oito horas, respectivamente.
a) Nomeie as principais alterações encontradas e
Pergunta-se:
interprete os resultados.
a) Nomeie as principais alterações encontradas e
b) Qual sua conclusão clínica?
interprete os resultados.
b) Qual sua conclusão clínica?
Respostas:
a) 1. Aumento da amilasemia e lipasemia por
Respostas:
necrose pancreática. 2. Azotemia pré-renal por
a) Não se evidencia lesão inflamatória (PCR
desidratação e possível dano renal. 3. Hipergli-
normal).
cemia e leve hiperfructosaminemia por hipoin-
- Adequada funcionalidade renal (ureia e creati-
sulinemia. 4. Aumento da ALT e ALP por lesão
nina normais).
hepatocelular e colestase secundária a lesão
- Indução enzimática por corticoides (aumento de
pancreática. 5. Hiperproteinemia e hiperalbu-
ALT e ALP).
minemia por desidratação.

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- Hipercortisolemia basal, hiperglicemia modera- - Proteínas no limite superior do intervalo de refe-
da e hipercolesterolemia leve associadas a hiper- rência, junto a eritrocitose, indicando desidrata-
corticismo. ção.
- PIDBD sinaliza inibição as quatro horas, indican- - Ureia e creatinina dentro do intervalo de refe-
do uma origem hipofisária. rência indicam adequada funcionalidade renal.
b) O cão está cursando com hiperadrenocorti- - Leve hipokalemia secundária a acidose metabó-
cismo de origem hipofisária. lica.
- AST e GMD aumentados sinalizam lipidose he-
4.11.1.3. Caso 16 pática.
Você é consultado para interpretar o seguinte b) O cavalo está cursando com um quadro de
perfil bioquímico de um cavalo Crioulo de dois hiperlipemia.
anos de idade que tinha uma elevada condição
corporal e apresentou a um mês um quadro de 4.11.1.4. Caso 17
diarreia parasitária. Atualmente encontra-se de- Você é consultado para interpretar o seguinte
pressivo, anoréxico e continua perdendo peso perfil bioquímico de uma vaca Holandesa de seis
com diarreia intermitente de mau odor, e como anos, com três meses de lactação e que diminui
consequência perdeu 80 kg de peso corporal. sua produção leiteira de 20 para 10 L/dia e sua CC
O eritrograma evidência eritrocitose e o leuco- de 3,0 a 1,5. A vaca apresenta diarreia crônica,
grama leucocitose leve com neutrofilia sem des- edema a palpação e mucosas levemente ictéricas.
vio a esquerda, linfopenia e eosinopenia, resulta- O eritrograma evidência anemia normocítica
dos que correspondem a um leucograma de es- normocrômica não regenerativa e o leucograma
tresse. Além disso, observou-se o plasma com apenas apresenta uma moderada eosinofilia.
uma cor levemente opalescente. O perfil bioquímico sanguíneo apresenta os se-
O perfil bioquímico sanguíneo apresentou os se- guintes resultados:
guintes resultados: Resultado
Resultado Análises U Amostra IR DPx
Análise U Amostra IR DPx Glicose mmol/L 2,4 2,5 a 4,1 -2,3
Glicose mmol/L 6,9 3,3 a 5,3 5,2 Proteínas g/L 60 66 a 90 -3
Colesterol mmol/L 8,0 1,8 a 4,6 6,9 Albumina g/L 19 29 a 37 -5
Triglicerídeos mmol/L 850 0,1 a 0,5 >99 Globulinas g/L 41 28 a 52 0,2
Proteínas g/L 84 68 a 84 2,0 Ureia mmol/L 2,8 2,6 a 7,0 -1,8
Albumina g/L 26 26 a 38 -2,0 GMD U/L 14 5 a 30 -0,7
Ureia mmol/L 6,2 3,6 a 8,8 0,0 AST U/L 90 30 a 110 1
Creatinina µmol/L 95 85 a 115 -0,7 GGT U/L 80 3 a 39 6,6
K mmol/L 2,6 3,1 a 5,5 -2,8 Bilirrubina µmol/L 7,5 0,2 7,8 1,84
GGT U/L 65 10 a 62 2,2
AST U/L 790 120 a 480 3,4
GMD U/L 75 2 a 30 8,4 Pergunta-se:
a) Nomeie as principais alterações encon-
Pergunta-se: tradas e interprete o resultado.
a) Nomeie as principais alterações encon- b) Qual é sua conclusão clínica?
tradas e interprete os resultados.
b) Qual é sua conclusão clínica? Respostas:

Respostas a) O aumento da GGT sinaliza lesão hepato-


a) Observa-se hiperglicemia por resistência canalicular, contudo sem dano hepatocelular
a insulina. (GMD e AST dentro do intervalo de referência).
- Intenso aumento de triglicerídeos associado a - Hipoalbuminemia, hipoproteinemia e leve hipo-
hipercolesterolemia, que sinalizam uma ativa glicemia por destruição e disfunção hepática.
mobilização de reservas de gorduras.

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- Ureia dentro do intervalo de referência indican-
do adequada funcionalidade renal. 4.11.1.5. Caso 18
b) A vaca está cursando com uma alteração Você é consultado para interpretar o seguinte
hepática que, de acordo com a história clínica e a perfil metabólico de um rebanho de vacas Angus
eosinofilia é compatível com fasciolose, a qual se ao inicio do período de parição de primavera e
confirmou pelo resultado de novos exames das que se encontram a pastoreio de pastagem de
fezes. azevem (MS 11%, PC 22%, EM 2,3 Mcal/kg, Ca
A atividade sérica da AST e GMD se encontram 0,55%, P 0,30%, Mg 0,19%, K 4,0%). Na última
dentro do intervalo de referência já que corres- semana encontraram-se três vacas mortas sem
pondem a uma quadro crônico no qual não há sinais prévios de enfermidades.
lesão aos hepatócitos. A bilirrubinemia manteve- O perfil metabólico de um grupo de oito vacas do
se dentro do intervalor de referência confirmando rebanho entregou os seguintes resultados:
a baixa sensibilidade deste analito para detectar
disfunção hepática em ruminantes.

Nº Ident CC BHB URE PRO ALB GLO Ca P Mg GPx


1-5 mmol/L mmol/L g/L g/L g/L mmol/L mmol/L mmol/L U/g Hb
1 125 4,0 + 0,57 5,60 75 30 45 2,20 1,80 0,35 - 56 -
2 459 3,5 0,40 7,50 + 80 38 42 2,50 1,60 0,40 - 45 -
3 895 3,0 0,60 6,80 68 32 36 2,10 2,00 0,30 - 38 -
4 555 3,5 0,70 + 6,50 70 36 34 2,20 2,10 0,39 - 55 -
5 635 4,0 + 0,50 6,00 65 - 30 35 2,40 1,70 0,25 - 95 -
6 887 3,5 0,60 6,70 75 35 40 2,30 2,00 0,28 - 68 -
7 567 3,0 0,60 8,20 + 70 33 37 2,20 1,60 0,22 - 54 -
8 678 3.5 + 0,60 6,00 72 30 42 2,00 1.62 + 0,26 - 61 -
Média 3,5 0,6 6,7 72 33 39 2,24 1,8 0,3 - 59 -
Mediana 3,5 0,6 6,6 71 33 39 2,2 1,8 0,3 - 56 -
DP 0,4 0,1 0,9 4,7 3,1 3,9 0,16 0,2 0,1 17
Valores

Grupo

DPx 2,0 1,8 1,7 -1,0 -0,7 -0,2 -0,4 0,4 -4,9 - -4,0 -
CV 1,6 + 0,6 0,8 0,8 1,0 + 0,7 1,07 + 0,7 0,6 0,5
% Abaixo LI 0,0 0,0 0,0 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 100 100
% Acima LS 42,9 12,5 25,0 0,0 0,0 0,0 0,0 14,3 0,0 0,0
Mínimo 2,5 0,06 2,6 66 29 28 2,0 1,1 0,66 130
Referência
Valores

Máximo 3,5 0,6 7,0 90 41 52 2,6 2,3 1,14 600


Média 3,0 0,3 4,8 78 35 40 2,3 1,7 0,9 200
DP 0,3 0,15 1,1 6,0 3,0 6,0 0,15 0,3 0,12 35
+= Individuo sobre o limite superior (LS); -= individuo abaixo do limite inferior (LI) de referencia.

Pergunta-se: - Existe uma marcada hipomagnesemina (DPx = -


a) Nomeie as principais alterações encon- 4,9) afetando todo o rebanho (CD = 0,6).
tradas e interprete os resultados. - A baixa atividade da GPx sinaliza uma carência
b) Qual sua conclusão? nutricional de selênio no rebanho.
Os valores de CV mostram que o rebanho é meta-
Respostas: bolicamente homogêneo.
a) O balanço energético sinaliza uma boa b) O rebanho está apresentando hipomag-
condição corporal (CC=3,5) com adequado balan- nesemia que é o fator desencadeante da apresen-
ço energético (BHB 0,6 mmol/L, DPx = 1,8). tação da tetania hipomagnesêmica que explicam
- A ureia sinaliza uma adequada sincronia ruminal os casos de morte sobreaguda.
de proteína:energia. A carência de selênio é uma alteração metabólica
crônica que o rebanho não está associada as

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mortes observadas, porém merece ser controla- vacas Holandesas, no inicio da lactação, a pasto-
da. reio e como quatro quilos de concentrado. O re-
banho está apresentando baixos índices reprodu-
4.11.1.6. Caso 19 tivos:
Você é consultado na primavera para interpretar
o seguinte perfil metabólico de um grupo de oito

Nº Iden Leite CC BHB URE PRO ALB GLO GMD P Mg GPx HEM
L 1-5 mmol/L mmol/L g/L g/L g/L U/L mmol/L mmol/L U/g Hb g/L
1 1 27 2,8 0,50 11,2 + 78 31 47 29 1,30 0,85 190 112
2 2 25 2,5 0,40 9,5 + 91 + 26 - 65 + 20 1,50 0,75 156 85 -
3 3 29 3,3 1,90 + 8,7 + 78 30 48 55 + 1,80 1,05 100 - 125 +
4 4 26 2,5 0,80 + 9,8 + 75 32 43 23 1,60 0,90 131 128 +
5 5 32 3,0 0,90 + 8,5 + 75 29 46 25 1,50 1,00 112 - 110
6 6 33 3,0 0,40 10,5 + 78 34 44 26 1,40 0,90 130 115
7 7 34 2,8 1,80 + 10,1 + 75 30 45 45 + 1,20 0,85 140 118
8 8 28 2,9 0,90 + 8,9 + 77 31 46 24 1,46 0,95 146 120
Média 29 2,9 1,0 + 9,7 + 78 30 48 31 + 1,5 0,9 138 114
Mediana 29 2,9 0,9 + 9,7 + 78 31 46 26 1,5 0,9 136 116
DP 3,4 0,3 0,6 0,9 5,3 2,3 7,1 12 0,2 0,1 28 13,3
Valores

Grupo

DPx 0,9 0,6 4,3 + 4,4 + 0,1 -1,5 1,3 2,1 + -0,8 0,1 -1,8 1,0
CV 0,7 1,1 + 4,0 + 0,9 0,9 0,8 1,2 + 1,6 + 0,6 0,8 0,8 1,7 +
% Abaixo LI 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 12,5 0,0 0,0 0,0 0,0 25,0 12,5
% Acima
LS 0,00 0,0 62,5 100 12,5 0,0 12,5 25,0 0,0 0,0 0,0 25,0
Mínimo 35 2,5 0,06 2,6 66 29 28 2,0 1,1 0,66 130 90
Referência
Valores

Máximo 15 3,5 0,6 7,0 90 41 52 30,0 2,3 1,14 600 122


Média 25 3,0 0,3 4,8 78 35 40 15,0 1,7 0,9 200 106
DP 5 0,3 0,15 1,1 6,0 3,0 6,0 7,5 0,3 0,12 35 8,0
+= Individuo sobre o limite superior (LS); -= individuo abaixo o limite inferior (LI) de referência.

Perguntas: b) O rebanho apresenta uma carência de


a) Nomeie as principais alterações encon- energia na dieta, situação que é associada a ce-
tradas e interprete o resultado. tose e baixa fertilidade ao período da monta. O
b) Qual sua conclusão? aporte de energia está abaixo do necessário em
função de um consumo limitado de concentrado e
Respostas: o aporte de forragem de primavera com baixo
a) O grupo homogêneo de vacas de boa conteúdo de matéria seca e excesso de proteínas.
produção de leite e como adequada condição O aumento do butirato sinaliza um maior risco de
corporal. doenças para as vacas de 3,1 vezes (3,5 vezes
- Balanço negativo de energia (BEN) (BHB= 1,0 para deslocamento de abomaso, 2,8 para cetose
mmol/L, DPx= 4,3) e inclusive com casos de ceto- e 1,5 vezes para metrite).
se subclínica (vacas três e sete com valores maio-
res a 1,4 mmol/L). Complementarmente observa-se que a vaca dois
- Assincronia ruminal de proteína:energia (ureia = está cursando com um quadro inflamatório ines-
9,7 mmol/L, DPx= 4,4), semelhante em todo o pecífico (hiperglobulinemia), provavelmente mas-
grupo (CD=0,9), pela carência de energia na di- tite ou claudicação, que é de caráter crônico (hi-
eta. poalbuminemia e anemia). Esta vaca não deveria
- Outros valores do DPx (menores a 2,0) indicam ter sido incluída no grupo por apresentar um pro-
um adequado balanço mineral e na condição blema individual que distorceu as médias e au-
geral da saúde. Duas vacas (três e sete) manifes- mentou a variação do grupo.
taram um aumento de GMD que é associada a
lesão hepático (lipidose?).

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