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Paciente masculino, 64 anos, relata dor abdominal na região periumbilical, evolui com
náuseas e dor na FID.
Você foi examinar e encontrou um DB+ na FID. A partir daqui, você já fez uma
hipótese diagnóstica de uma provável apendicite. No livro, a apendicite tem diagnóstico
clinico, mas no mundo real você vai fazer exame. E vai ter situações em que você vai
ficar na dúvida se é uma apendicite ou não.
Pode pedir uma TC. Estamos vendo o apêndice cecal (seta) e ele esta um pouco mais
grosso que o normal e tem duas coisas chamando atenção – tem uma calcificação dentro
dele (bolinha branca) e a gordura ao redor esta meio borrada, acinzentada. Compare
com a gordura normal na fossa ilíaca esquerda, ta bem hipoatenuante, bem a cor de
gordura mesmo. Isso significa que o apêndice esta inflamado e a inflamação se estende
pra gordura ao redor e ai aparece borrada no exame.
Quais os sinais tomográficos de apendicite?
Espessamento do apêndice (>6mm)
Aumento do realce de suas paredes
Densificação da gordura periapendicular
Apendicolito (calcificação dentro do apêndice)
Aula 6
18/08/21 Bruna Penteado Bernardelli
Complicações: Pneumoperitônio
Coleção
PÂNCREAS
Pancreatite
Fator de risco: Cálculos na VB
Álcool
Idiopático
Distúrbios metabólicos
QC: dor epigástrica com irradiação para as costas
LAB: aumento da lipase e amilase
3. Complicações: Pseudocisto
Abcessos
Trombose de v. esplênica e pseudoaneurismas
Primeiro, fechar o diagnóstico. Você já fez o diagnóstico clinicamente, paciente tem dor
epigástrica que irradia nas costas, febre, leucocitose, aumento de lipase e amilase, já
pensa em pancreatite. Mas pode pedir uma TC pra confirmar.
Na TC você vai avaliar se o pâncreas ta mais grosso e a gordura ao redor.
Segunda resposta que você espera que a TC te dê: o quão grave é essa pancreatite?
Porque uma coisa é uma pancreatite edematosa leve, outra coisa é uma pancreatite
necrohemorrágica que necrosou o pâncreas inteiro. É um prognóstico totalmente
diferente. Voce não chega pra esse paciente e diz que o caso dele é tranquilo e que vai
ser liberado em 2 dias. A TC junto com outros critérios que vocês vão estudar, ajuda a
ver se tem necrose e quanto de necrose tem.
A TC também ajuda a ver complicações da pancreatite. Formação de pseudocisto,
abcesso, trombose de v. esplênica ou formação de pseudoaneurisma. Porque forma
pseudoaneurisma? Quando o paciente tem pancreatite, as vezes pode extravasar
secreção pancreática dentro da cavidade e passar perto de uma artéria, formando os
pseudoaneurismas.
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Aqui a comparação de um pâncreas normal x pâncreas com pancreatite. Olhe como o
pâncreas do paciente normal a esquerda esta bem fininho e principalmente, a gordura ao
redor está bem escura. No paciente com pancreatite a direita, perceba como o pâncreas
esta grosso e com a gordura ao redor borrada, meio acinzentada. Normalmente quando
existe uma inflamação dentro da barriga, a gordura fica borrada, tanto na apendicite
quanto na pancreatite.
(zoom da segunda
imagem)
Uma comparação de um pâncreas com necrose (esquerda) e um pâncreas normal
(direita). Injetou contraste e vi que ta realçando só parte do pâncreas, o colo do pâncreas
não ta realçando (Setas), é uma necrose. E aqui na vesícula biliar, a provável causa da
pancreatite, que são pedras na vesícula ( do lado do ponteiro).
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Um exemplo de complicação,
que é a formação de pseudocisto,
em que a TC pode te ajudar a
enxergar isso.
INTESTINO
Paciente sexo feminino, 65 anos, relata dor em FIE há 2 dias com febre baixa. Você
foi fazer o exame físico, DB+ em FIE. Está parecendo uma apendicite mas do lado
esquerdo. Pensa assim, paciente idosa, com dor na fossa ilíaca esquerda, febre,
leucocitose, encontra DB+, você tem que pensar em diverticulite e ai você pode pedir
um exame de imagem para condução do paciente.
Temos o rim direito, rim
esquerdo, a aorta. Esse
negócio branco com
contraste no seu interior
que está chamando
atenção é o cólon,
lembrando vocês que a
gente pode pedir pro
paciente beber
contraste antes do exame e
quando o contraste chega
no cólon é desse jeito que
fica.
Na FIE, tenho um pedaço
do cólon que
esta com a parede bem grossa e eu sei disso porque olha como a luz da alça como esta
bem fininha. Esse branquinho é contraste passando dentro do cólon descendente. Olhe
como esta passando de forma filiforme, por que a parede esta inchada. Tem uma bolinha
do lado que é um divertículo e olha a gordura do
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lado do divertículo como esta borrada. O que confirma o diagnóstico de diverticulite.
Diverticulite
Obstrução do óstio de um divertículo, levando a inflamação
Dor na fossa ilíaca esquerda e sintomas infecciosos
Qual o papel da TC na avaliação de diverticulite?
1. Diagnosticar a diverticulite ( densificação da gordura adjacente ao
divertículo)
2. Investigar complicações: Pneumoperitônio
Coleções
A TC te ajuda a confirmar a diverticulite, porque pode ser outra coisa. O achado que
confirma é a densificação da gordura ao lado do divertículo. Além disso, te ajuda a ver
complicações, que é quando o divertículo esta inflamado há muito tempo e ai ele rompe.
Vai liberar gás dentro da cavidade, que é o pneumoperitônio e também acumulo de pus,
que formam as coleções. Se você encontrou um coleção dentro da cavidade, não é um
bom sinal, isso é um pouco mais difícil de tratar.
Um zoom da
diferença entre os
dois
divertículos.
O da esquerda,
parede normal, fina e gordura ao redor escura. Lembrando que paciente idoso tem muito
divertículo, então vocês vão encontrar muito isso. Já o outro divertículo, tem parede
grossa com gordura ao redor cinza, inflamada. Isso é importante saber porque o idoso
não vai ter um divertículo, vai ter vários e vocês precisam saber diferenciar o que está
inflamado e o que não está.
Paciente feminino, 60 anos, relata dor epigástrica aguda há 3 horas. Evoluiu com dor
abdominal difusa e febre há 1 hora.
Ao exame físico, percebeu uma irritação peritoneal difusa. Você achou super estranho,
pediu um RX de tórax para avaliar abdome, parece estranho mas isso pode ser feito
porque a gente precisa ver as cúpulas, os diafragmas, lembrar que tem manifestações
abdominais que repercutem no pulmão. Porque queremos ver isso? Vejam o diafragma
direito e esquerdo. Com essa história da paciente, você tem que pensar em perfuração,
alguma coisa dentro da cavidade abdominal, seja ulcera gástrica ou diverticulite
perfurada, perfurou e quando cai na cavidade não é bom. Seja conteúdo básico ou ácido,
irrita o peritônio. Imagina a perfuração de cólon na diverticulite, cai fezes cheia de
bactéria no peritônio.
O abdome agudo vascular é difícil de diagnosticar porque o exame físico não é gritante,
apesar da dor intensa do paciente. Além disso, no exame de imagem as alterações são
sutis. É uma artéria que não esta contrastando. É difícil até pra radiologista.
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A principal dica para não comer bola é: olhe a a.mesentérica superior em TODOS os
exames. Tem que estar branquinha com contraste em todo seu trajeto. Isso é importante
porque o quadro é drástico, de difícil suspeita clinica.
Abdome agudo vascular
Isquemia intestinal aguda é uma emergência com potencial de morte.
Oclusão da artéria mesentérica superior
FR: idade avançada, tabagismo, aumento da coagulabilidade
QC: -Dor abdominal de forte intensidade, manifestações ao exame físico
inicial
-Perfuração intestinal - peritonismo
Para confirmar, você tem que identificar a falha do enchimento da artéria; ela fez um
trajeto branquinha e de repente desapareceu o trajeto. Você tem que pensar “será que
não é um trombo ali dentro?” .
Em segundo lugar, a TC serve pra ver a gravidade. O que te indica a gravidade é sinal
de perfuração de intestino, porque a isquemia leva a necrose, que acaba rompendo e
caindo conteúdo na cavidade. Então se encontrou falha de enchimento na mesentérica e
o pneumoperitônio, o intestino já esta necrosando, é um quadro bem mais grave. O pior
sinal de todos é quando você encontra gás na veia porta, o prognóstico é bem ruim. Por
que isso acontece? A mucosa do intestino começou a necrosar e o ar de dentro do
intestino começa a entrar dentro da parede, caindo dentro da circulação porta, até chegar
na veia porta.
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Aqui um outro paciente. A
mesentérica superior não esta
contrastada. Vocês tem que seguir
imagem por imagem porque ela
isoladamente é difícil de ver.
Localiza a aorta e acompanha o
trajeto, primeiro é o tronco celíaco,
segundo ramo é a mesentérica
superior.
O gás no sistema porta é isso que
quero dizer (circulo). O paciente já
esta bem grave.
LESÕES TRAUMÁTICAS
Na aula de doppler eu disse pra vocês que ele era ruim pra ver sangramento ativo mas a
tomografia é boa. Se você tem dúvida de sangramento, peça uma TC.
Lesão esplênica
O paciente sofreu
trauma. Vocês estão
vendo que o baço esta
estranho. Vejo uma
laceração, por isso tem
uma imagem linear
hipoatenuante e junto
com isso, também tenho
uma imagem
hipoatenuante ao redor,
que é um acúmulo de
liquido, meio
branquinho, é um exemplo de hemoperitônio; um acúmulo de sangue ao redor do baço.
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Lesão hepática
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Lesão renal
Vamos ver numa fase excretora (segunda imagem), que é quando o contraste cai na
pelve renal e no ureter. O contraste começou a extravasar do rim e cair no acúmulo de
líquido que eu tinha falado. Esse paciente tem lesão de sistema coletor, da pelve e dos
cálices renais. Quando lesa pelve e cálices renais, é isso que vai acontecer – você vai ver
um acumulo de liquido nas fases precoces e numa fase mais tardia você vê um acumulo
de contraste, porque ao invés de ele sair pelo xixi, ele começa a se acumular na
cavidade.
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Outro paciente, sofreu um trauma e está com dor abdominal. Você pediu uma TC,
numa fase arterial – contraste na aorta e na cortical do rim – e o que esta chamando
atenção? O rim direito contrastou e o esquerdo não contrastou nada, esta escuro. Isso é
um exemplo de rim esquerdo avascularizado. Isso ocorreu porque provavelmente ele
teve uma lesão traumática da artéria renal esquerda. Você pede uma angiografia e
confirma o seu diagnóstico. Na angiografia você coloca um cateter dentro da aorta e
começa a jogar contraste dentro pra ver o que acontece. Você vê que o contraste entra
bonitinho na artéria renal direita e na artéria renal esquerda vai até certo ponto e para,
porque teve uma lesão traumática dessa artéria, que ocluiu a passagem de sangue e de
contraste.