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I - AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO POR IGUAÇU CELULOSE

PAPEL S.A. RECURSO DE REVISTA. LEI N. º 13.015/2014. AÇÃO CIVIL


PÚBLICA. TUTELA INIBITÓRIA. OBRIGAÇÃO DE FAZER.
CONTRATAÇÃO DE APRENDIZES. BASE DE CÁLCULO PARA FIXAÇÃO
DA COTA DE APRENDIZES. Na hipótese, extrai-se do acórdão
recorrido ser incontroverso que a ré não observa a CBO como base
de cálculo na contratação de aprendizes. Nesse aspecto, concluiu a
Corte de origem que a CBO deve ser utilizada como parâmetro geral
para incidência do percentual mínimo legal na contratação de
aprendizes. O art. 429 da CLT dispõe acerca do percentual de
aprendizes a serem contratados no estabelecimento: "Os
estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e
matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem
número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e
quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes em cada
estabelecimento, cujas funções demandem formação profissional."
Já o Decreto nº 5.598/2005, que regula a contratação de aprendizes,
em seu art. 10, dispõe que as funções que demandam formação
profissional são aquelas previstas na Classificação Brasileira de
Ocupações - CBO, elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego
- MTE. Com efeito, a jurisprudência desta Corte se orienta no
sentido de que a CBO é o critério a ser utilizado para a base de
cálculo do número de jovens aprendizes a serem contratados.
Incólumes os arts. 428 e 429 da CLT. Agravo de instrumento a que se
nega provimento. DANO MORAL COLETIVO. CARACTERIZAÇÃO.
AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DE APRENDIZES NA COTA
ESTABELECIDA POR MEIO DO ART. 429 DA CLT. Ficou reconhecida a
conduta antijurídica da empresa, que violou interesses coletivos
decorrentes de normas de trabalhistas ao não contratar a
quantidade mínima de aprendizes. A lesão à ordem jurídica, assim,
transcendeu a esfera subjetiva dos empregados prejudicados, de
modo a atingir objetivamente o patrimônio jurídico da coletividade
e gerar repercussão social. Dessa forma, resta caracterizado o dano
coletivo pelo descumprimento da função social da empresa no que
diz respeito à inserção dos jovens aprendizes no mercado de
trabalho, bem como o seu dever de indenizar nos termos dos arts.
186 e 927 do CCB. Agravo de instrumento a que se nega provimento
. II - AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO DO TRABALHO DA 9ª REGIÃO. RECURSO DE REVISTA. LEI N .
º 13.015/2014. AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO DE APRENDIZES NA
COTA ESTABELECIDA POR MEIO DO ART. 429 DA CLT. DANO MORAL
COLETIVO. VALOR DA INDENIZAÇÃO. A jurisprudência desta Corte
Superior, no tocante ao quantum indenizatório fixado pelas
instâncias ordinárias, vem consolidando entendimento de que a
revisão do valor da indenização somente é possível quando
excessiva ou irrisória a importância arbitrada a título de reparação
de dano moral, em flagrante violação dos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. No caso concreto, entendo
que a indenização por danos morais coletivos, arbitrada em R$
30.000,00 (trinta mil reais), ao considerar as circunstâncias do caso
com suas peculiaridades, o bem jurídico ofendido e a capacidade
financeira da empresa reclamada, está dentro dos padrões da
razoabilidade e da proporcionalidade. Pelo exposto, não se contata
violação direta e literal dos arts. 5º, V e X, da CF e 944 do CC. Agravo
de instrumento a que se nega provimento. ASTREINTES. VALOR
ARBITRADO. A multa cominatória visa a compelir a parte a cumprir a
obrigação na forma determinada, e sua incidência está condicionada
ao não cumprimento da obrigação de fazer e/ou de não fazer. Na
hipótese, o TRT deu provimento ao recurso do Ministério Público do
Trabalho para determinar que a obrigação de fazer seja cumprida,
sob pena de multa mensal de R$ 1.000,00, por aprendiz não
contratado nos termos da lei, limitada a multa ao valor de R$
100.000,00, a ser revertida ao Fundo dos Direitos da Criança e do
Adolescente - FIA. Nesse contexto, considera-se razoável e
proporcional o valor arbitrado . Pelo exposto, não se contata
violação direta e literal dos arts. 5º, LV, da CF; 461, §§ 4º e 5º, do
CPC/73 e 11 da Lei nº 7.347/85. Agravo de instrumento a que se
nega provimento.

(TST - AIRR: XXXXX20155090656, Relator: Maria Helena Mallmann,


Data de Julgamento: 28/04/2021, 2ª Turma, Data de Publicação:
30/04/2021)

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