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Universidade Federal de Alagoas - Campus Arapiraca

Complexo de Ciências Médicas e Enfermagem (CCME)


Bacharelado em Medicina - Clínica Médica I

Acromegalia
Ana Beatriz Monteiro, Daniel Rocha, Gabrielly Rocha, Gustavo
Peixoto, Isabella Zamuraym, João Paulo Oliveira, João Pedro
Ramalho, Mariana Ivo, Matheus Yuri Rolim, Thais Miranda
Sumário 01 Introdução
Conceito, epidemiologia
e fisiopatologia

Diagnóstico
02 Clínico, laboratorial
e radiológico

Tratamento
03 Cirúrgico, radioterapia
e farmacológico

Conclusão
04 Benefícios esperados, monitorização
e acompanhamento pós-tratamento
01
Introdução
Conceito
Doença crônica e insidiosa. Causada, em aproximadamente 98% dos casos,
por adenomas hipofisários secretores de GH – os somatotropinomas.

Nas crianças, a hipersecreção de GH leva a uma síndrome chamada


gigantismo, gerando um crescimento linear desproporcional ao seu alvo
genético

Nos adultos, quando já temos o fechamento das placas epifisárias,


surge a síndrome da acromegalia.
Epidemiologia
Doença incomum
Incidência de 3 casos por milhão de pessoas por ano em estudos conduzidos na Europa e nos EUA
Em estudos realizados na Europa, a prevalência varia de 40 a 70 casos por milhão de habitantes
Não foram encontrados levantamentos epidemiológicos no Brasil.

Pode ser esporádica ou familiar


Pico de incidência entre os 30 e 50 anos
Igual frequência em homens e mulheres
Pacientes mais jovens em geral exibem tumores mais agressivos.
Fisiologia

Fonte: Silverthorn- 7ª Edição - 2017


Fisiologia

Fonte: Silverthorn- 7ª Edição - 2017


Fisiologia

Fonte: Vilar - 7ª Edição - 2020


Fisiopatologia
Adenoma hipofisário Hipersecreção de GH

Aumento da secreção hepática e


extra-hepática de IGF-1

Manifestações clínicas da
acromegalia
Fisiologia

Fonte: Vilar - 7ª Edição - 2020


Etiologias
OUTRAS CAUSAS:

1. Adenomas mistos de células secretoras de GH e prolactina;


2. Adenomas hipofisários ectópicos secretores de GH;
3. Carcinoma de células somatotróficas;
4. Adenomas pluri-hormonais; síndrome de McCune Albright;
5. Secreção ectópica de GH (muito raro) por tumores
pancreáticos e linfomas;
6. Excesso de GHRH;
7. Iatrogenia (uso indevido do hormônio).
02
Diagnóstico
Clínico
Defeitos visuais, paralisia de nervos
Tumor hipofisário produtor de GH cranianos, cefaleia

Crescimento excessivo (macrognatia,


macroglossia, pés e mãos, etc)

Complicações musculoesqueléticas
Excesso de GH
(artralgias, sd. do túnel do carpo, etc)

Complicações sistêmicas (HAS, DM,


cardiopatia, hipertrofia de VE,, etc)
Clínico
Clínico

Dedos em salsicha e papilomas cutâneos Fáscies típica de paciente acromegálico


Fonte: Google Imagens Fonte: Semioclin
Clínico

Macroglossia / Crescimento exagerado da mandíbula Protusão da arcada dentária inferior →


separação dos dentes
Fonte: Vilar - 7ª Edição
Laboratorial
● Dosagem de IGF-1 + GH basal

● A dosagem dos níveis séricos de IGF-1 é o melhor teste inicial para o diagnóstico!

● A dosagem isolada de GH tem pouca utilidade diagnóstica → secreção pulsátil

Entretanto, um valor muito baixo de GH (abaixo


de 0,4 ng/mL) exclui o diagnóstico de
acromegalia, especialmente se associado a nível
sérico de IGF-1 normal!

● Em pacientes em que o diagnóstico não foi elucidado com os exames acima → GH após
sobrecarga de glicose (TOTG)

● Glicose de jejum, cortisol, TSH, T4 livre, prolactina, LH, FSH e testosterona total
Laboratorial

Fonte: Vilar - 7ª Edição - 2020


Laboratorial

● GH suprimido → < 0,4 ng/dL

● GH > 0,4 ng/dL = Acromegalia confirmada

Fonte: Forbes J, Jackson WF. Atlas colorido e texto de


clínica médica
Exames de Imagem:
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA:

❏ Permite determinar a origem do excesso de GH. Os pacientes com


❏ contraindicação a esse exame
❏ TODOS os pacientes devem ser submetidos a devem realizar tomografia
ressonância magnética (RM) de sela túrcica computadorizada de sela
❏ túrcica.

❏ Em suspeita de tumores ectópicos produtores de GH ou de GHRH


o paciente deve ser submetido a TC de tórax e de abdômen.
RM evidenciando macroadenoma
hipofisário com extensão suprasselar.
Outros exames
AVALIAR COMPLICAÇÕES:

● Ecocardiografia

● Avaliação de distúrbios do sono

● Colonoscopia

● Exame oftalmológico com realização de campimetria visual

● Palpação da tireóide
03
Tratamento
Tratamento
Todos os pacientes com diagnóstico de acromegalia confirmado OBRIGATORIAMENTE:

Clínica
+ Comprovação laboratorial de
IGF-1 e GH ↑

● RNM e TC → obrigatórios para identificar causa


Cirurgia transesfenoidal
TRATAMENTO PRIMÁRIO

Indicado para pacientes com

● microadenomas, Resolução bioquímica e melhora


● macroadenomas não invasivos das alterações clínicas
● tumores que provocam sintomas compressivos

Tumores com extensão para seio cavernoso ou outras características de


maior invasão, o tratamento cirúrgico não resultará em cura
Radioterapia
TRATAMENTO SECUNDÁRIO OU TERCIÁRIO

Indicação → pacientes com ausência de controle da doença após o tratamento cirúrgico e/ou
medicamentoso, contraindicação cirúrgica.

Tipos: Radioterapia convencional fracionada


Radiocirurgia estereotáxica
Radiocirurgia estereotáxica fracionada
Radioterapia
Radioterapia convencional fracionada

Controle da doença depende de uma longa exposição à radiação


● 50%-60% dos pacientes em 5-10 anos e
● 65%-87% dos pacientes em 15 anos

Controle do crescimento do tumor ocorre logo após o início do tratamento

Complicações: ● Hipopituitarismo (30-80%)


● Neuropatia óptica (0-5%)
● Neoplasia secundária (2%)
● Doença cerebrovascular
○ 4% dos pacientes após 5 anos
○ 21% depois de 20 anos
Radioterapia
Alta dose de radiação para um alvo
Radiocirurgia estereotáxica definido com uma dose acentuada na
Radiocirurgia estereotáxica fracionada margem do tumor

Controle da doença depende de uma menor exposição à radiação


● 40-60% dos pacientes aos 5 anos e
● 93-100% dos pacientes com 5-10 anos de seguimento

Controle do crescimento do tumor ocorre logo após o início do tratamento

Complicações: ● Hipopituitarismo (10- 50%)


● Neuropatia óptica (0-5%)
● Neoplasia secundária (0-1%)
Análogos de Somatostatina
Ligam-se aos receptores específicos
(Somatostatin Receptors — SSTR), assim
diminuem a secreção de GH e a
Lanreotida e Octreotida
proliferação dos somatotrofos
Principal classe de medicamento
usada

● Octreotida e lanreotida: disponíveis em formulações de curta e longa duração (mais


utilizada na prática clínica).
● O sucesso terapêutico: 55–60%

Efeitos colaterais
● Mais comuns: náuseas, desconforto abdominal, flatulência
● Outros: dor no local da aplicação, hipotireoidismo central, alopecia e colelitíase sintomática.
Análogos de Somatostatina
Tratamento Primário Tratamento Secundário (Pós-Cirurgia)
● Reservado para os pacientes com contraindicação ao ● Pacientes que não responderam ao
tratamento cirúrgico e sem sintomas compressivos tratamento cirúrgico.
secundários ao tumor
● Pacientes em que o tratamento
● Os resultados geralmente são inferiores se comparados
ao tratamento cirúrgico radioterápico ainda não controlou a
doença.

Tratamento Prévio À Cirurgia

● Objetiva reduzir a morbidade e melhorar as condições


clínicas do paciente.
Análogos de Dopamina
Atuam nos receptores D2, que também
são expressos nas células tumorais Bromocriptina e Cabergolina

Eram os únicos medicamentos disponíveis para


tratamento da acromegalia antes do
surgimentos dos Análogos da Somatostatina
Cabergolina:

● Apresenta melhores resultados que a bromocriptina


○ Ação mais prolongada.
○ Maior capacidade de ligação aos receptores D2

Efeitos colaterais
● Gastrointestinais (náuseas, vômitos, constipação), tonturas, vertigens, discinesias,
parestesias.
Análogos de Dopamina
Usos:

Monoterapia: eficácia muito limitada.

● Não tem ação tão eficaz para suprimir a secreção de IGF-1.


● Não é recomendado, exceto nos casos de intolerância aos análogos da somatostatina.

Terapia Aditiva: o uso é controverso.

● Nos pacientes sem resposta ao tratamento com análogos de somatostatina, esses


medicamentos podem ser adicionados.
Esquema de administração
Análogos da somatostatina de primeira geração
ESQUEMA A ● Octreotida (OCT-LAR) 20 mg, IM, 1x/mês
● Lanreotida 90 mg, SC, 1x/mês

Análogos da somatostatina de segunda geração


● Pasireotida 40 mg, IM, 1x/mês (com dose que pode variar entre 20-60
ESQUEMA B mg)

Agonistas dopaminérgicos
● Cabergolina (0,5 mg/cp), 1 cp, VO, 1x/semana aumentando 0,5
ESQUEMA C mg/semana até chegar a 1,5 mg/semana

Agonista do receptor de GH
● Pegvisomanto 10 mg, SC, 1x/dia (se necessário, aumentos de 5 mg a
ESQUEMA D cada ajuste são permitidos.
● Dose máxima: 30mg/dia
Duração do tratamento
A duração depende da resposta do paciente.

Quando suspender?

Critérios de controle da
doença
04
Conclusão
Benefícios esperados
• Controle da secreção de GH e IGF-1;

• Controle do tumor e dos sinais e sintomas relacionados;

• Melhora dos sintomas de excesso de GH e IGF-1;

• Diminuição da mortalidade.
Monitorização
Após 3-6 meses:
● Dosagem sérica de IGF-1
CIRURGIA ● Dosagem de GH após sobrecarga de glicose → se
diabético, não fazer sobrecarga de glicose
Após 6-12 meses:
● RM de sela túrcica

Dosagem de IGF-1 e de GH
● GH sem sobrecarga de glicose
MEDICAMENTOSO
Se não houver resposta ao tto ou recorrência clínica ou
aos exames laboratoriais, solicitar RM de sela túrcica
Monitorização
Dosagem de IGF-1 no nível normal para sexo e idade

CRITÉRIOS DE CONTROLE DA
ACROMEGALIA
Nível de GH após sobrecarga de glicose < 1 ng/mL
● Recomendado novo ponto de corte de 0,4 ng/mL*

Se controle, repetir exames trimestralmente no 1º ano. Após isso, repeti-los anualmente.

Pelo resto da vida →


RM de sela túrcica se 6–12 meses pós-cirurgia ou sinais possibilidade de
clínicos/laboratoriais de recorrência da acromegalia recidiva
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Acromegalia. Brasília: Ministério
da Saúde, 2020.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: Uma abordagem integrada. 7ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2017.

VILAR, L.; KATER, C. Endocrinologia Clínica. 7ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
Obrigado!

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