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Síndrome Complexa de Dor

Regional
Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia –
HC/EBSERH/UFG
Igor Matsuy Pacheco R2
Julho 2020
Definição

Doença dolorosa caracterizada por incapacidade da região afetada,


intensas alterações sensitivas, autonômicas, motoras e tróficas.

Causalgia - Atrofia de Sudeck – Distrofia simpática reflexa


Histórico

Mitchell, 1864: Dor em queimação em soldados feridos por PAF –


“Causalgia”;

Sudeck, 1900: Quadro inflamatório significativo na região acometida;


Atrofia de Sudeck

Evans, 1946: Distrofia simpático reflexa (DSR);

Merskey e Bogduk, 1994: Critérios diagnósticos de SCDR (IASP) 


SCDR Tipo I e II
Epidemiologia
Epidemiologia
Classificação

IASP: Síndrome complexa da dor regional


Tipo I: Lesão de nervo ausente
Tipo II: Lesão de nervo presente

Fases:
Aguda ou “quente”  maiores sinais inflamatórios
Crônica ou “fria”  > 6 meses, redução dos sinais
inflamatórios, persistência dos sintomas autonômicos
Etiologia
Traumatismos Afecções clínicas Medicamentos

Fraturas IAM Isoniazida


Queimaduras Afecções torácicas ou pélvicas IECA
Lesões corto contusas AVE Anticonvusivantes
Amputações traumáticas Sd Convulsivas
Entorses Tumores
***Imobilizações Lesões da medula espinhal
Procedimentos médicos Poliomielite
Processos degenerativos
Siringomielia
Lesões de nervos ou raízes
espinhais
Afecções do plexo braquial
DVS ou DVR
Fisiopatologia
Vários eventos fisiopatológicos em locais distintos
ocorrendo simultaneamente e/ou sequencialmente

Autoimunidad
e
Fisiopatologia
Fatores Disfunção Resposta Plasticidade
inflamatórios oxidativa neuroautoimune encefálica

Hipóxia Anormalidades Sensibilização Catecolaminas


do SNP do SNC e SNP circulantes

Alteração do Fatores Fatores etc...


SNNVS genéticos psicológicos
Sinais e sintomas
Auto
Desus
Do
Temperatura
nôm da pele
ica Cor o
Anormalidad

Sens
orial
e na
sudorese
Dor
Hiperalgesia
r
Alodínea
Edem Imobiliza
ção
Mot Tremor
a
ora Paresia
Distonia
Sinais e sintomas
Dor
Intensidade e duração desproporcionais
Pode haver distribuição regional
Padrão misto: nociceptivo + neuropático
Piora com a movimentação
Sd dolorosa miofascial com presença de pontos gatilhos
Edema
Mole e de pequena monta*
Sensação de edema
Processo inflamatório localizado: imobilidade ou vícios
posturais
Sinais e sintomas
Alterações motoras
Tremor fino, espasmos musculares, distonias, mioclonias
e déficit de força
Posturas antálgicas e protetoras
Síndrome de desuso
Perda de tônus, rigidez articular, anquilose, contraturas e
retrações, perda de propriocepção
Alterações de Sensibilidade
Alodínea (1/3), hiperalgesia, hiperpatia
Alterações em luva e bota
Dermátomos próximos até sd hemisensitiva
Sinais e sintomas
Alterações da temperatura e da cor da pele
SNNVS
Pele quente ou fria, pálida ou hiperemiada ou cianótica,
mosqueada ou com lívido reticulado
Modificações súbitas de aspecto a estímulos táteis ou
mecânicos, fatores emocionais e atividades físicas
Alterações de sudorese
Normal x Hiperidrose x hipohidrose
Alterações tróficas
Da pele aos ossos
Amiotrofia
Retrações tendíneas e artropatias  limitação de ADM
Sinais e sintomas
Alterações de humor
Intenso estresse psicológico 
transtornos de ansiedade,
depressão, TEPT, Pânico,
distúrbios do sono
Transtornos secundários à dor
persistente
Somatização
Comprometimento físico,
mental e social  perda da
qualidade de vida
Exames complementares
Não há testes específicos
Suporte à suspeita clínica e exclusão de outras causas
Radiografia simples e TC
Osteopenia, desmineralização óssea subcondral, alterações
degenerativas, destruição articular e proliferações ósseas.
Aspecto de queijo suíço (TC)
S: 36-73% e E: 57 a 94%
RMN
Alterações de partes moles
S: 75 a 100%; E: 6 a 87%
Exames complementares
Cintilografia óssea com Tc99m:
Precoce: diminuição da perfusão
tecidual após injeção do radiotraçador
6ª a 26ª semana: aumento da captação
do isótopo
S: 14 a 100%; E: 60 a 100%; VPN 88%
Termografia infravermelha:
Pode documentar em fases iniciais da
SCDR (instabilidade vasomotora
simpática)
Assimetria térmica em luva ou bota das
extremidades
Cold stress test
S: 93%; E: 89%
Exames complementares
Diagnóstico
Clínico
Diagnósticos diferenciais
Radiculopatias
compressivas cervicais
Tumor de Pancoast
Vasculites
Artrite reumatóide
Neuropatias periféricas
Trombose venosa
Fístulas arteriovenosas
Esclerose sistêmica
progressiva
Angioedema
Atrofia por imobilismo
Critérios de Budapeste,
2005
Critérios diagnósticos IASP 1994
Critério 1 não é
obrigatório
Presença dos critérios
2 a 4: diagnóstico
Critérios de Budapeste, 2005

4 categorias de
sintomas clínicos +
2/4 categorias de
sinais fisiológicos;
Melhor acurácia 
80% para SCDR e
90% para não SCDR
S: 70% e E94%
Tratamento

Reabilitação física e controle adequado da dor

Tratamento psiquiátrico e psicológico

Medicamentoso, terapias, acupuntura, bloqueios,

métodos cirúrgicos
Profilaxia
500 - 1000mg de Vit C oral por dia por 45 - 50 dias
a partir do trauma
Fraturas de punho, pé e tornozelo
Efeito antioxidante
Tratamento medicamentoso
Analgésicos simples;
AINEs
Corticóides sistêmicos
Opióides
Antidepressivos tricíclicos ou duais
Anticonvusivantes gabapentinóides e carbamazepina
Calcitonina
Bifosfonados
Lidocaína 5% emplastro
Capsaicina 5-10% tópica
Lidocaína intravenosa
Tadalafila
Dimetilsulfóxido
Relaxantes musculares
Toxina botulínica
Infliximab
Talidomida
Imunoglobulinas
Bloqueios
Dores intensas refratárias a tratamento conservador
Analgesia para possibilitar a reabilitação
Bloqueios simpáticos:
Rocha, 2014: BS torácico + tto farmacológico + FST: alivio
da dor, melhora da qualidade de vida, menos distúrbios de
humor no curto e longo prazo
Bloqueios somáticos:
Epidural, troncos nervosos somáticos ou plexos
Cateter implantado com bomba infusora
Tratamento não medicamentoso
Fisioterapia:
Essencial
Tratamento adjuvante imediatamente após
o diagnóstico clínico
Fisioterapia em espelho;
Terapia ocupacional:
Redução da limitação funcional / aumento
do nível de atividade do membro acometido
Dessensibilização + atividades específicas
Gradativo
Readaptação se não reabilitação
Tratamento não medicamentoso

Acupuntura
Relaxamento muscular, supressão da dor

Facilita realização de exercícios

Uso de pontos a distância ou contra-laterais


Procedimentos invasivos

Simpatectomia

Baclofeno intratecal

Clonidina peridural

Estimulação elétrica da medula


espinhal

Estimulação magnética transcraniana


repetida do córtex motor
Prognóstico

Ruim: 25 a 30% retornam às atividades habituais,


porém mantém sintomas após 1º ano do início da SCDR

Yeng, 1995: limitação funcional maior quanto maior a


duração da síndrome

Alívio total da dor e a recuperação da capacidade


funcional não é possível na maioria dos casos
Conclusão

Doença grave, limitante/incapacitante,


subdiagnosticada e/ou negligenciada

Prevenção é o ideal

Diagnóstico precoce e tratamento adequado e


individualizado são fundamentais
Obrigado!

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