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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
Sumário

02
META 2 – TERÇA FEIRA ...................................................................................................................................... 9

S TA
DIREITO PROCESSUAL PENAL: INQUÉRITO POLICIAL ........................................................................................ 9

CO
1. INQUÉRITO POLICIAL ................................................................................................................................... 10

DO
1.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 10

EN
1.1.1 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) .................................................................................................. 11

S
RO
1.1.2 Investigação Preliminar ................................................................................................................................... 11
1.2 Conceito Tradicional de Inquérito Policial .............................................................................................................. 12

CE
1.2 Natureza Jurídica .................................................................................................................................................... 14

NI
2. CARACTERÍSTICAS ........................................................................................................................................ 15

DE
3. INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL .................................................................................................................. 22

AU
0L
4. PROVIDÊNCIAS A SEREM TOMADAS PELA AUTORIDADE POLICIAL............................................................. 28

47
5. INDICIAMENTO ............................................................................................................................................ 29
50
5.1 Conceito ................................................................................................................................................................. 29
07
5.2 Fundamento Legal .................................................................................................................................................. 30
36

5.3 Sujeito Ativo e Passivo ............................................................................................................................................ 30


02

5.4 Consequências do Indiciamento ............................................................................................................................ 31


A

5.5 Momento do Indiciamento .................................................................................................................................... 32


ST

5.6 Espécies Indiciamento ............................................................................................................................................


41998 32
CO

5.7 Constituição de Defensor Quando o Investigado for Integrante da Segurança Pública ou Militar ........................ 36
O

6. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL................................................................................................. 39


ND

6.1 Arquivamento Determinado Por Juiz Incompetente .............................................................................................. 40


SE

6.2 Arquivamento e Recorribilidade ............................................................................................................................ 40


RO

6.3 Arquivamento da Ação Penal Privada .................................................................................................................... 42


6.4 Arquivamento Implícito .......................................................................................................................................... 42
CE

6.5 Arquivamento Indireto ........................................................................................................................................... 43


6.6 Coisa Julgada na Decisão de Arquivamento ........................................................................................................... 43
NI
DE

7. DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO E A PROPOSITURA DE AÇÃO PENAL ................................................ 47


AU

8. TRANCAMENTO (OU ENCERRAMENTO ANÔMALO) DO INQUÉRITO POLICIAL ........................................... 50


L
70

9. RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL ....................................................................................................... 50


04

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE RACISMO ............................................................................................. 53


5
07

1. RACISMO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ....................................................................................................... 53


36
02

2. O BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI Nº 7.716/89 .................................................................................... 54


A

3. CONCEITOS E ALCANCE DA LEI Nº 7.716/89................................................................................................


41998 54
ST
CO

4. DESDOBRAMENTOS DA ADOÇÃO DO CONCEITO SOCIOCULTURAL/AMPLIADO DE RACISMO ................... 57


5. CONSIDERAÇÕES INICIAIS GERAIS SOBRE OS CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 7.716/89 .............................. 57
O
ND

6. CRIMES EM ESPÉCIE..................................................................................................................................... 59
SE

Art. 2º-A – Injúria Racial – NOVIDADE LEGISLATIVA! ................................................................................................... 59


RO

6.1. Art. 3º - Acesso a cargo público ............................................................................................................................. 60


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6.2. Art. 4º - Emprego em empresa privada ................................................................................................................. 61

02
6.3. Art. 5º - Acesso a estabelecimento comercial41998 ....................................................................................................... 62

TA
6.4. Art. 6º - Ingresso em instituição de ensino ........................................................................................................... 62

S
6.5. Art. 7º - Acesso ou hospedagem em hotéis e similares ........................................................................................ 62

CO
6.6. Art. 8º - Acesso a restaurantes e similares ............................................................................................................ 63
6.7. Art. 9º - Acesso a locais de diversão ou clubes sociais .......................................................................................... 63

DO
6.8. Art. 10 – Acesso a salões de cabeleireiros ou similares ........................................................................................ 63

EN
6.9. Art. 11 – Acesso a entrada ou elevador social ...................................................................................................... 64
6.10. Art. 12 – Acesso ou uso de transportes públicos ................................................................................................ 64

S
RO
6.11. Art. 13 – Acesso ao serviço público militar.......................................................................................................... 64
6.12. Art. 14 – Casamento ou convívio familiar e social ............................................................................................... 65

CE
6.13. Art. 20. ................................................................................................................................................................. 65

NI
7. JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS .............................................................................................................. 68

DE
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI ANTITERRORISMO .................................................................................... 71

AU
0L
1. MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO .............................................................................................................. 71

47
2. CONCEITO E ATOS DE TERRORISMO............................................................................................................ 72
50
3. BEM JURÍDICO TUTELADO ........................................................................................................................... 73
07
36

3.1 Bem jurídico para a doutrina estrangeira ............................................................................................................... 73


02

3.2 Bem jurídico para a doutrina nacional ................................................................................................................... 73


A

4. SUJEITOS DO CRIME..................................................................................................................................... 73
ST

41998
5. TIPO SUBJETIVO ........................................................................................................................................... 74
CO

6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA....................................................................................................................... 77
O
ND

7. CRIME DO ART. 5º - ANTECIPAÇÃO DOS ATOS TERRORISTAS ..................................................................... 77


SE

8. CRIME DO ART. 6º - FINANCIAMENTO TERRORISTA ................................................................................... 78


RO

9. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ................................................................................................................. 79


CE

10. CLÁUSULA DE COMPETÊNCIA JUDICIAL E ATRIBUIÇÃO POLICIAL ............................................................. 80


NI
DE

11. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS ...................................................................................................................... 80


AU

12. COOPERAÇÃO JURISDICIONAL INTERNACIONAL. ...................................................................................... 81


L
70

META 3 – QUARTA-FEIRA ................................................................................................................................ 83


04

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I (CONCEITOS GERAIS – CLASSIFICAÇÕES – INÍCIO DOS
5
07

ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME) ........................................................................................................... 83


36

1. CONCEITO DE CRIME ................................................................................................................................... 83


02

1.1. Crime X Contravenção Penal ................................................................................................................................. 84


A
ST

1.2. Classificações dos Crimes ...................................................................................................................................... 86


CO

1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo .............................................................................................................. 86


1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal ................................................................................................................... 86
O

1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico ..................................................................... 87


ND

1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação............................................................................................................. 87


SE

1.2.5 Quanto ao Número de Agentes ....................................................................................................................... 88


RO

1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas ........................................................................................................................ 88


1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado ................................................................................................ 88
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1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios ......................................................................................................... 89

02
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada ........................................................................................... 89

TA
1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido ....................................................................................................... 89

S
1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos ............................................................................................................. 89

CO
1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime: .................................................................................................... 89
1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência ....................................................... 89

DO
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado .................................................................................................. 90

EN
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes .......................................................................................................... 90
1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal .................................................................... 90

S
RO
1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais ...................................................................................................... 90
1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo ....................................................................................................................... 90

CE
1.2.19 Quanto ao iter criminis .................................................................................................................................. 91

NI
1.2.20 Crimes de Impressão ..................................................................................................................................... 92

DE
1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul .............................................................................. 92
1.2.22 Outras Classificações ..................................................................................................................................... 92

AU
2. SUJEITOS DO CRIME..................................................................................................................................... 94

0L
3. OBJETO DO CRIME ....................................................................................................................................... 94

47
50
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME ........................................................................................................ 95
07
4.1 Fato Típico .............................................................................................................................................................. 95
36
02

4.1.1 Conduta ........................................................................................................................................................... 95


A

DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II (CONTINUAÇÃO DE “FATO TÍPICO” – TEORIA DO TIPO – ITER
ST

CRIMINIS – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA – DESISTÊNCIA 41998 VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E


CO

ARREPENDIMENTO POSTERIOR – CRIME IMPOSSÍVEL) ................................................................................ 103


O

1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO .................................................................................. 103


ND
SE

2. CONCAUSAS ............................................................................................................................................... 112


RO

3. TEORIA DO TIPO......................................................................................................................................... 118


41998
CE

3.1 Funções do Tipo Penal .......................................................................................................................................... 118


3.2 Estrutura do Tipo Penal ........................................................................................................................................ 118
NI

3.3 Classificações do Tipo Penal ................................................................................................................................. 119


DE

3.3.1 Tipo Normal X Anormal.................................................................................................................................. 119


AU

3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente ........................................................................................................... 119


L

3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto .............................................................................................................................. 119


70

3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto .......................................................................................................... 120


04

3.3.5 Tipo Preventivo .............................................................................................................................................. 120


5

3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso ................................................................................................. 120


07
36

4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA..................................................................................................................... 125


02

4.1 Consumação ......................................................................................................................................................... 125


A
ST

4.1.2 Iter Criminis .................................................................................................................................................... 126


CO

4.2. Tentativa (= conatus, crime imperfeito, crime incompleto)................................................................................ 129


5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ ......................................................................... 133
O
ND

6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR ................................................................................................................. 135


SE

7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC) ............................................................................................................ 137


RO

META 4 – QUINTA-FEIRA ............................................................................................................................... 141


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DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS ......................................................................................... 141

02
TA
1. DIREITOS POLÍTICOS .................................................................................................................................. 141

S
1.1 Direitos Políticos Positivos.................................................................................................................................... 142

CO
1.2 Direitos Eleitorais Negativos ................................................................................................................................ 144

DO
1.3 Privação de Direitos Políticos ............................................................................................................................... 147

EN
2. PARTIDOS POLÍTICOS ................................................................................................................................. 148

S
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE ......................................................................... 153

RO
1. NACIONALIDADE ........................................................................................................................................ 153

CE
1.1 Espécies de Nacionalidade ................................................................................................................................... 153

NI
1.2 Perda da Nacionalidade........................................................................................................................................ 155

DE
1.3 Brasileiros Natos x Naturalizados ......................................................................................................................... 157

AU
DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS .......................................................................... 159

0L
1. HABEAS CORPUS ........................................................................................................................................ 160

47
50
2. MANDADO DE SEGURANÇA ...................................................................................................................... 166
07
3. MANDADO DE INJUNÇÃO .......................................................................................................................... 178
36
02

4. HABEAS DATA ............................................................................................................................................ 187


A

5. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65) ............................................................................................................. 189


ST

41998
CO

6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/85) .......................................................................................................... 192


O

7. INQUÉRITO CIVIL........................................................................................................................................ 199


ND

META 5 – SEXTA-FEIRA .................................................................................................................................. 200


SE

DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO ........................................................................................... 200


RO

1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL .......................................................................................................................... 200


CE
NI

1.1. Classificação das Leis Penais ................................................................................................................................ 200


DE

1.1.1 Leis Penais em Branco ................................................................................................................................... 201


AU

1.2 Características da Lei Penal .................................................................................................................................. 202


L

2. LEI PENAL NO TEMPO ................................................................................................................................ 202


70
04

2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo .................................................................................................. 203


5

2.2. Abolitio Criminis ..................................................................................................................................................


41998 204
07

2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais ........................................................................ 206
36

2.4. Lei Excepcional e Temporária .............................................................................................................................. 208


02

2.5. Lei Intermediária ................................................................................................................................................. 209


A

3. LEI PENAL NO ESPAÇO ............................................................................................................................... 209


ST
CO

3.1. Princípios ............................................................................................................................................................. 210


3.2. Extraterritorialidade ............................................................................................................................................ 211
O

3.3. Lugar Do Crime .................................................................................................................................................... 213


ND

4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES) .......................................................... 214


SE

4.1 Introdução ............................................................................................................................................................ 214


RO

4.2 Imunidades Diplomáticas ..................................................................................................................................... 215


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4.3 Imunidades Parlamentares .................................................................................................................................. 217

02
4.3.1 Imunidade Parlamentar Absoluta / Material / Real / Substancial ou Inviolabilidade / Indenidade .............. 217

TA
4.3.2 Imunidade Parlamentar Relativa / Formal ..................................................................................................... 218

S
CO
4.3.3 Imunidade relativa ao processo ..................................................................................................................... 218
4.3.4 Imunidade relativa à condição de testemunha ............................................................................................. 219

DO
4.3.5 Imunidades dos Parlamentares dos Estados (Deputados Estaduais) ............................................................ 220
4.3.6 Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (Vereadores) ...................................................................... 220

EN
5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA .................................................................................................... 221

S
RO
41998
6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA .......................................................... 221

CE
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL ................................................................................................................. 222

NI
7.1 Espécies de Interpretação .................................................................................................................................... 222

DE
7.2. Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia .......................................................................... 223

AU
8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS ........................................................................................................... 225

0L
DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ........................................................................ 229

47
50
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 229
07
2. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO ........................................................................................ 230
36
02

2.1 Poder Vinculado/Regrado .................................................................................................................................... 230


2.2 Poder Discricionário ............................................................................................................................................. 231
A
ST

2.3 Limites da discricionariedade e controle judicial ................................................................................................. 232


41998
CO

3. PODERES EM ESPÉCIE ................................................................................................................................ 233


O

3.1 Poder Normativo (ou Regulamentar) ................................................................................................................... 234


ND

3.2 Poder Hierárquico ................................................................................................................................................ 237


SE

3.3 Poder Disciplinar .................................................................................................................................................. 239


3.4 Poder de Polícia .................................................................................................................................................... 241
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TA
S
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA SEMANA 02

CO
META DIA ASSUNTO

DO
1 SEG ANO NOVO

EN
DIREITO PROCESSUAL PENAL: Inquérito Policial

S
RO
2 TER LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Lei de Racismo
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: Lei Antiterrorismo

CE
3 QUA DIREITO PENAL: Teoria do Crime

NI
41998

DE
DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos Políticos

AU
4 QUI DIREITO CONSTITUCIONAL: Direitos da Nacionalidade

0L
DIREITO CONSTITUCIONAL: Remédios Constitucionais

47
DIREITO PENAL: A Lei Penal e sua Aplicação
5 SEX
50
DIREITO ADMINISTRATIVO: Poderes da Administração
07

REVISÃO SEMANAL (Anexo)


36

6 SÁB
02

LEITURA DO CADERNO DE JURISPRUDÊNCIA (Anexo)


A
ST

41998
CO

ATENÇÃO
O
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Gostou do nosso material?


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Lembre de postar nas suas redes sociais e marcar o @dedicacaodelta.


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Conte sempre conosco.


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Equipe DD
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5 04

Prezado(a) aluno(a),
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Caso possua alguma dúvida jurídica sobre o conteúdo disponibilizado no curso, pedimos que utilize a sua
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área do aluno. Há um campo específico para enviar dúvidas.


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META 2 – TERÇA FEIRA

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STA
DIREITO PROCESSUAL PENAL: INQUÉRITO POLICIAL

CO
DO
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

S EN
CF/88

RO
⦁ Art. 5º, LIV, LV e LVI

CE
⦁ Art. 5º, LVII

NI
DE
⦁ Art. 5º, LX a LVVII

AU
⦁ Art. 5º, LXVIII e LXIX da CF/88

0L
⦁ Art. 129, VIII

47
CPP: 50
07
⦁ Art. 3-A, CPP
36

⦁ Art. 3-B, CPP


02


A

Arts. 4º a 23, CPP


ST

⦁ Art. 28, CPP 41998


CO

⦁ Art. 39, §§3º, 4º e 5º, CPP


O

⦁ Art. 67, I, CPP


ND

⦁ Art. 107, CPP


SE

⦁ Art. 149, §1º, CPP


RO

⦁ Art. 155 e 158, CP


CE

⦁ Art. 304, §1º, CP


NI

⦁ Art. 311, CPP


DE

⦁ Art. 378, II, CPP


AU

⦁ Arts. 395 e 397 do CPP


L
70

⦁ Art. 405, §1º, CPP


04

⦁ Art. 549, CPP


5
07
36

OUTROS 41998
DIPLOMAS LEGAIS:
02

⦁ Lei 12.830/2013
A
ST

⦁ Lei 12.037/09 – art. 1º a 5º


CO

⦁ Arts. 3º, I, 8º e 9º da Lei 9296/96


O

⦁ Art. 1º, I da Lei 7960/899


ND

⦁ Arts. 9º ao Art. 28 do Código de Processo Penal Militar


SE

⦁ Art. 7º, XIV e XXI do Estatuto da OAB


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⦁ Art. 7º, §§10º e 11º do Estatuto da OAB

02

TA
Arts. 12, 30 e 32 da Lei de Abuso de Autoridade

S
⦁ Arts. 28 e 51 da Lei de Drogas

CO
⦁ Art. 301, CTB

DO
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

EN
⦁ Art. 5º, LX a LVVII da CF/88

S
RO
⦁ Art. 3º-B, inc.: IV, VIII, IX, X e XI, CPP

CE
⦁ Art. 5º, caput, §§2º , 4º e 5º, CPP

NI
⦁ Art. 6º, CPP

DE
⦁ Art. 10, CPP

AU
⦁ Arts. 13, 13-A e 13-B, CPP

0L
⦁ Arts. 14 e 14-A, CPP

47
⦁ Arts. 16, 17, 18 e 20 do CPP

50
Art. 28, CPP
07
36

⦁ Arts. 395 e 397 do CPP


02

⦁ Art. 7º, XIV e XXI do Estatuto da OAB


A

⦁ Lei 12.830/2013 inteira (importantíssima!)


ST

41998
CO

⦁ Art. 3º, IV da Lei 12.037/09


O
ND

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


SE

Súmula Vinculante 14-STF: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
RO

elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
CE

competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.


NI

Súmula 524-STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de
DE

Justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
AU

41998
L

1. INQUÉRITO POLICIAL
70
504
07

1.1 Conceito
36
02

Conforme a doutrina clássica, o inquérito constitui um procedimento administrativo preparatório


A
ST

para o oferecimento da denúncia que tem como objetivo a reunião dos elementos de convicção que
CO

habilitem o órgão de acusação para a propositura da ação penal (pública ou privada).


Não é um processo, pois não há contraditório, e possui natureza inquisitiva, pois decorre da reunião,
O
ND

em uma mesma pessoa, das funções de iniciar, presidir e decidir o procedimento.


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1.1.1 Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO)

02
S TA
É um procedimento investigativo substitutivo do inquérito para os casos que envolverem infrações

CO
penais de menor potencial ofensivo, abarcando todas as contravenções penais e crimes cuja pena máxima

DO
não ultrapasse 02 (dois) anos.

EN
Tem previsão expressa no art. 69 da Lei 9.099/95.

S
Exceções - hipóteses em que NÃO será possível lavrar termo circunstanciado de ocorrência:

RO
1) Infrações de menor potencial ofensivo com autoria ignorada → o IP será lavrado mediante portaria,

CE
e não TCO, uma vez que não é possível que o autor do crime (desconhecido) compareça ao JECRIM.

NI
2) Crimes que demandam complexidade na investigação → o IP será lavrado mediante portaria, e não

DE
TCO, uma vez que, nesses casos, não é possível observar os princípios que regem o Juizado Penal,

AU
quais sejam: simplicidade, celeridade e informalidade.

0L
47
3) Recusa a ser encaminhado para o JECRIM → na hipótese de o indivíduo se recusar a comparecer no
JECRIM, será lavrado APF, e não TCO. 50
07
36

Exceção da exceção: Crime de porte de drogas para uso pessoal (art. 28, Lei 11.343/06) → ainda que o autor
02

se recuse a comparecer no JECRIM, será lavrado TCO, uma vez que não é possível impor um título prisional
A
ST

àquele que pratica esse delito. 41998


CO
O

4) Nos crimes previstos no CTB, quando o autor não presta socorro imediato e integral à vítima →
ND

será lavrado APF, considerando uma interpretação a contrario sensu do art. 301.
SE

Diferentemente do Inquérito Policial, o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) não é atribuição


RO

exclusiva da autoridade policial, visto que NÃO possui natureza investigativa, conforme entendimento do
CE

STF, podendo ser lavrado por integrantes da polícia judiciária ou da polícia administrativa (Info 1083).
NI
DE
AU

CAIU EM PROVA:
L
70

(Delegado da PCAL 2023): O termo circunstanciado pode ser realizado por bombeiro militar, desde que lei
04

estadual especifique tal atribuição e que o procedimento seja homologado pela autoridade policial. (item
5

considerado incorreto).
07

41998
36

Conforme decidido pelo STF, no bojo da ADI 5637/MG, veiculada no informativo nº 1.046: “É constitucional
02

norma estadual que prevê a possibilidade da lavratura de termos circunstanciados pela Polícia Militar e pelo
A

Corpo de Bombeiro Militar”. Neste sentido, o procedimento prescinde de homologação por autoridade
ST

policial, em oposição ao que fora estabelecido pela alternativa.


CO
O

1.1.2 Investigação Preliminar


ND
SE

O Estado, ao tomar conhecimento de uma infração penal, no uso do seu jus puniendi, dá início à
RO

persecução penal. Assim, o que até então estava somente em um plano abstrato (normas), passa a existir no
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plano concreto, através da persecução penal, que pode ser compreendida como “conjunto de atividades

02
levadas adiante pelo Estado, objetivando a aplicação da norma penal ao infrator da lei”.

STA
Nessa esteira, temos que a persecução penal é composta por uma fase preliminar investigatória e

CO
por uma fase judicial.

DO
A fase preliminar, na maior parte das vezes, é marcada pela existência do Inquérito Policial. O

EN
inquérito policial figura como principal instrumento investigatório. Contudo, NÃO se trata do único meio,

S
existindo outras formas, por exemplo, as investigações feitas pelo MP, pelas CPIs e o TCO.

RO
41998

CE
1.2 Conceito Tradicional de Inquérito Policial

NI
DE
Segundo o autor Renato Brasileiro, o inquérito policial deve ser compreendido como sendo

AU
“procedimento administrativo inquisitório e preparatório, presidido pela autoridade policial, com o objetivo

0L
47
de identificar fontes de prova e colher elementos de informação quanto à autoria e materialidade da infração
50
penal, a fim de permitir que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”.
07
36

a) Presidido pela autoridade policial: referindo-se à “pessoa” do Delegado de Polícia. Nesse sentido, a
02

Lei nº 12.830/13 – art. 2º. “As funções de polícia judiciária e a apuração das infrações penais exercidas pelo
A
ST

Delegado de Polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado”.


41998
CO

Ademais, o §1º estipula “Ao Delegado de Polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a
O

condução da investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que
ND

tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais”.
SE

Diante dos diplomas legais acima apontados, resta claro que a autoridade policial a qual o CPP faz
RO

menção é a figura do “Delegado de Polícia”, sendo atribuição deste a presidência do Inquérito Policial.
CE
NI

b) Dupla função do inquérito policial:


DE

● Preservação: a preexistência de um inquérito evita a instauração de um processo penal temerário,


AU

resguardando os direitos do acusado injustamente e evitando custos desnecessários para o Estado.


L
70

● Preparação: fornece elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em
04

juízo, além disso, os elementos de informação são úteis para o MP formar sua opinio delicti e para decretar
5
07

as medidas cautelares no bojo da investigação.


36
02

c) Objetivo do inquérito policial: possui a finalidade de identificar fontes de prova e proceder com a
A
ST

colheita de elementos informativos acerca da materialidade e autoria da infração penal.


CO

Inicialmente, cumpre destacar que as expressões fontes de prova e elementos de informação não
O

possuem o mesmo sentido.


ND

Vamos esquematizar as diferenças peculiares entre elementos de informação e provas:


SE
RO
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36
02
Elementos informativos Provas

TA
Colhidos na fase investigatória (IP, PIC, etc.). Em regra, produzido na fase judicial sob o crivo

S
CO
do contraditório judicial.
É a regra, porque existem situações

DO
excepcionais em que a prova seria produzida

EN
sem ser na fase judicial.

S
RO
Não é obrigatória a observância do contraditório É obrigatória a observância do contraditório e da

CE
e da ampla defesa (mesmo com o advento da Lei ampla defesa.

NI
nº 13.245/2016).

DE
AU
O juiz deve intervir apenas quando necessário, e A prova deve ser produzida na presença do juiz.

0L
desde que seja provocado nesse sentido. A presença pode ser direta ou remota.

47
Em nosso ordenamento jurídico não se admite a
atuação de ofício do magistrado na fase 50
07
investigatória, visto que ele não é dotado de
36
02

iniciativa acusatória.
A

Finalidade: úteis para a decretação de medidas Finalidade: auxiliar na formação da convicção do


ST

41998
cautelares e auxiliam na formação da opinio juiz, conforme menção expressa no art. 155 →
CO

delicti (convicção do titular da ação penal). Sistema do livre convencimento motivado.


O
ND
SE

Desvalor probatório do inquérito policial:


RO

Ao longo dos anos, sempre prevaleceu nos Tribunais o entendimento de que, de modo isolado,
CE

elementos produzidos na fase investigatória não podem servir de fundamento para uma condenação, sob
NI

pena de violação da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa. No entanto, pela letra fria
DE

da lei (art. 155, caput do CPP), tais elementos poderiam ser usados de maneira subsidiária, complementando
AU

a prova produzida em juízo sob o crivo do contraditório.


L
70
04

Consequências do desvalor probatório do IP:


5

Ora, se os elementos colhidos em sede de investigação criminal não41998


podem embasar com
07
36

exclusividade uma sentença condenatória, no mesmo sentido eventuais vícios constantes do IP não têm o
02

condão, em regra, de contaminar o processo. Isso porque, as informações somente serão utilizadas como
A

obter dictum de uma decisão.


ST
CO

Logo, em regra, os vícios do inquérito policial não contaminam a ação penal subsequente. No
entanto, parte da doutrina (majoritária) afirma que, quando estivermos diante das chamadas provas ilícitas
O
ND

(ex.: acesso ao WhatsApp sem autorização judicial), haverá sim a contaminação do processo, já que tais vícios
SE

comprometem a justa causa, que é justamente o lastro probatório mínimo para dar ensejo à ação penal.
RO

Esse é o entendimento consolidado também na jurisprudência. Veja:


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02
Via de regra, eventuais irregularidades ocorridas no inquérito policial não

STA
contaminam a ação penal.

CO
Eventual nulidade na oitiva do acusado no curso da investigação preliminar não tem

DO
o condão de nulificar o recebimento da denúncia e a ação penal deflagrada, quando

EN
existam elementos autônomos que sustentam a decisão impugnada. Ademais, cabe

S
ressaltar que eventuais vícios na fase extrajudicial não contaminam o processo

RO
penal, dada a natureza meramente informativa do inquérito policial. STJ. 5ª Turma.

CE
AgRg no RHC 124.024/SP. Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/09/2020.

NI
DE
O inquérito policial constitui procedimento administrativo, de caráter informativo,

AU
cuja finalidade consiste em subsidiar eventual denúncia a ser apresentada pelo

0L
47
Ministério Público, razão pela qual irregularidades ocorridas não implicam, de
50
regra, nulidade de processo-crime. STF. 1ª Turma.HC 169.348/RS, Rel. Min. Marco
07
Aurélio, julgado em 17/12/2019.
36
02

Jurisprudência em Teses do STJ - EDIÇÃO N. 69: NULIDADES NO PROCESSO PENAL:


A
ST

"As nulidades surgidas no curso


41998 da investigação preliminar não atingem a ação
CO

penal dela decorrente".


O

Obs.: Declinada a competência do feito para a Justiça Estadual, não cabe à Polícia Federal prosseguir
ND

nas investigações. As circunstâncias descritas evidenciam a nulidade das investigações realizadas pela
SE

Polícia Federal a partir do declínio da competência da Justiça Federal para a Justiça Estadual. Assim,
RO

identifica-se flagrante ilegalidade na continuidade das investigações pela Polícia Federal, a despeito da
CE

decisão que declinou da competência para a Justiça estadual e determinou expressamente que o
NI

processamento do inquérito policial tivesse prosseguimento perante a Polícia Civil. STJ. HC 772.142-PE, Rel.
DE

41998

Ministro Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 23/3/2023, DJe 3/4/2023. (Info
AU

773).
L
70

1.2 Natureza Jurídica


5 04
07

É um mero procedimento administrativo, razão pela qual - conforme visto anteriormente - os vícios
36

constantes do inquérito não têm o condão de contaminar o processo penal subsequente, salvo nos casos de
02

provas ilícitas.
A
ST
CO

Lei nº. 12.830/2013 Art. 2º. As funções de polícia judiciária e a apuração de


O

infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são de natureza jurídica,


ND

essenciais e exclusivas de Estado.


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§1º. Ao delegado de polícia, cabe a condução da investigação criminal por meio de

02
inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo, a

S TA
apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

CO
DO
2. CARACTERÍSTICAS

S EN
a) Procedimento administrativo de caráter investigatório: Não existe um rito ou uma ordem

RO
determinada pela lei, razão pela qual não é possível o reconhecimento de nulidade procedimental.

CE
b) Preparatório e informativo: Busca apurar indícios de autoria e materialidade para a propositura de

NI
ação penal.

DE
c) Obrigatório: Sempre que tomar conhecimento da ocorrência de infração penal que caiba ação penal

AU
pública incondicionada deverá instaurar o inquérito.

0L
47
50
Pergunta-se: O Delegado de Polícia pode deixar de lavrar auto de prisão em flagrante, nas hipóteses
07
41998

em que é cabível? R.: Há divergência doutrinária sobre o tema.


36

Parte da doutrina afirma que NÃO. Isso porque, o delegado de polícia deve fazer um juízo apenas
02

quanto à tipicidade formal e punibilidade. Em outras palavras: a análise do delegado de polícia restringe-se
A
ST

tão somente à existência de autoria e materialidade 41998


típica e punível, não possuindo qualquer margem de
CO

atuação quanto às excludentes.


O

Por outro lado, a doutrina moderna vem entendendo que SIM. Conforme esse entendimento, o
ND

delegado de polícia possui margem de atuação para o controle de excludentes cabais da tipicidade, ilicitude
SE

e culpabilidade, de modo que pode deixar de lavrar o auto de prisão em flagrante quando se deparar com
RO

tais circunstâncias. Nessa hipótese, o delegado não lavra o APF, fazendo apenas o registro de ocorrência.
CE
NI

ATENÇÃO! A título de exemplo, a Polícia Civil dos Estados do Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo
DE

atuam no sentido da doutrina moderna, de modo que os delegados de polícia deixam de lavrar o APF quando
AU

há manifesta causa de excludente da tipicidade (formal ou material), ilicitude ou culpabilidade.


L
70
04

d) Indisponível para a autoridade policial: A indisponibilidade do IP está relacionada com a


5
07

impossibilidade de o Delegado de Polícia arquivá-lo, nos moldes do art. 17 do CPP.


36

e) Dispensável para a persecução penal: O inquérito é uma peça meramente informativa que tem a
02

finalidade de colher elementos de informação quanto à infração penal e sua autoria. Contudo, caso o titular
A
ST

da ação penal disponha desse substrato mínimo necessário para o oferecimento da peça acusatória, o
CO

inquérito será dispensável.


O
ND

Obs.1: Parte da doutrina entende que a dispensabilidade do inquérito policial é um dos fundamentos para a
SE

não contaminação do processo penal por eventuais vícios constantes do IP.


RO
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Obs.2: Nessa esteira, o STF já decidiu (Info 714), que é possível o oferecimento de ação penal com base em

02
provas colhidas no âmbito de inquérito civil conduzido por membro do Ministério Público.

STA
CO
f) Escrito: Vide art. 9º, CPP, segundo o qual, todas as peças do inquérito policial serão, num só processo,

DO
reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade;

EN
Modernamente diz-se que é um procedimento que deve ser documentado, e não escrito.

S
Documentado porque, hoje, em muitos Estados, o inquérito policial é digital. São tomados depoimentos,

RO
declarações, interrogatórios, tudo por áudio visual.

CE
Art. 9º. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a

NI
escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

DE
AU
Percebam que o dispositivo diz que ele deve ser escrito, datilografado e rubricado. Com o inquérito

0L
47
digital não há mais necessidade desses procedimentos, pois todas peças são digitais.
Pergunta-se: Mas há previsão legal para isso? 50
07
SIM. Vejam o teor do art. 405, §1º, CPP:
36
02

Art. 405, § 1º. Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado,
A
ST

41998 indiciado, ofendido e testemunhas


41998 será feito pelos meios ou recursos de gravação
CO

magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada


O

a obter maior fidelidade das informações.


ND
SE

Percebam que a lei se valeu da expressão investigado e indiciado, denominação técnica inerente ao
RO

inquérito policial.
CE
NI

g) Sigiloso: Vide art. 20, caput, CPP - É cediço que a CF, em seu art. 93, IX garante o direito à publicidade.
DE

Contudo, o princípio da publicidade é válido na fase judicial da persecução penal, e não na fase investigatória.
AU

Nas investigações, em regra, o inquérito policial deve ser conduzido de maneira sigilosa, até mesmo para se
L
70

garantir a eficácia das investigações.


04

O artigo 20, do CPP dispõe que a autoridade assegurará, no inquérito, o sigilo necessário à elucidação
5
07

do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.


36

Assim, se a autoridade policial verificar que a publicidade pode causar prejuízo à elucidação dos fatos,
02

pode decretar o sigilo do inquérito. No entanto, é direito do advogado ter acesso aos autos já documentados
A
ST

e desde que não frustre diligências em andamento.


CO

A doutrina afirma que o sigilo no inquérito policial possui uma dupla função:
O

1) Utilitarista: é importante para assegurar a eficácia das investigações. Ex.: não pode divulgar a
ND

decretação da interceptação telefônica, sob pena da prova ser prejudicada.


SE

2) Garantista: é importante para preservar os direitos dos investigados. Ex.: evitar a exposição midiática
RO

do investigado (presunção de inocência sob a perspectiva da regra de tratamento).


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02
Assim, temos:

STA
● Regra: a investigação preliminar deve tramitar de forma sigilosa, sob pena de frustrar a

CO
eficácia das medidas.

DO
● Exceção: publicidade. Ex.: Retrato Falado - chega a ser, inclusive, importante para o

EN
41998
desenvolvimento das investigações a publicidade nesta hipótese. Nesse caso, a publicidade

S
é de caráter importante para constatar outras pessoas que foram vítimas daquele criminoso.

RO
CE
Acesso do Advogado aos autos do Inquérito Policial:

NI
Pergunta-se: O advogado tem acesso aos autos do Inquérito Policial? Precisa de procuração?

DE
Precisa de autorização Judicial prévia? Qual o grau de acesso?

AU
Inicialmente, é preciso considerar que o sigilo pode ser:

0L
47
● Interno ou endógeno: não podendo ser oponível ao juiz, membro do MP e ao advogado do indiciado.
● Externo ou exógeno: se opõe a terceiros estranhos aos autos. 50
07
36

O sigilo do inquérito policial é um sigilo, em regra, externo. Ou seja: não é possível opor sigilo às
02

“partes”, como defensor, membro do MP e juiz. Vejamos:


A
ST

1) A CF/88 assegura, em seu art. 5º, LXIII, a assistência


41998 do advogado, de modo que o direito à defesa é
CO

uma garantia constitucional.


O

2) O Estatuto da OAB prevê que, em regra, o advogado não precisa de procuração para acessar os autos:
ND

Art. 7º, XIV: examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem
SE

procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento,


RO

ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou
CE

digital; §10º. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício
NI

dos direitos que trata o inciso XIV.


DE

3) A Súmula vinculante 14 prevê que o advogado tem o direito de acessar as informações que digam
AU

respeito ao direito de defesa, desde que já documentadas nos autos, para que não haja risco ao
L
70

comprometimento da eficácia das diligências em curso.


04

Atenção a jurisprudência sobre o tema:


5
07
36

É cabível o acesso aos elementos de prova já documentados nos autos de


02

inquérito policial aos familiares das vítimas, por meio de seus advogados ou
A
ST

defensores públicos, em observância aos limites estabelecidos pela Súmula


CO

Vinculante n. 14. Processo em segredo de justiça, Rel. Ministro Rogerio Schietti


O

Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 18/4/2023, DJe 3/5/2023.


ND
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O STF, em decisão veiculada no Info 964, entendeu que a negativa de acesso ao investigado a peças

02
que digam respeito a dados sigilosos de terceiros, que não possuem relação com seu direito de defesa, não

STA
ofende a Súmula Vinculante 14.

CO
DO
Mesmo que a investigação criminal tramite em segredo de justiça será possível que

EN
o investigado tenha acesso amplo autos, inclusive a eventual relatório de

S
inteligência financeira do COAF, sendo permitido, contudo, que se negue o acesso

RO
41998

a peças que digam respeito a dados de terceiros protegidos pelo segredo de

CE
justiça. Essa restrição parcial não viola a súmula vinculante 14. Isso porque é

NI
excessivo o acesso de um dos investigados a informações, de caráter privado de

DE
diversas pessoas, que não dizem respeito ao direito de defesa dele. STF. 1ª Turma.

AU
Rcl 25872 AgR-AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 17/12/2019 (Info 964).

0L
47
50
4) O Estatuto da OAB - Lei nº 8.906/94 (redação dada pela Lei nº 13.245/16) passou a prever a
07
possibilidade de o advogado acompanhar seus clientes durante a apuração das infrações.
36
02

Obs.: Isso não altera a natureza inquisitorial do IP. Ou seja: a participação do advogado não se torna
A
ST

obrigatória, mas apenas facultativa. Na hipótese de o advogado


41998 querer acompanhar seu cliente, o Delegado
CO

de polícia não poderá obstar sua participação.


O
ND

ATENÇÃO: Apesar de o advogado ter o direito de acessar aos autos do inquérito policial, a própria lei
SE

aponta exceções, como por exemplo, em crime nos quais seja decretado o segredo de justiça, em que não
RO

poderá outro advogado, senão o do investigado ter acesso aos autos.


CE

Os crimes contra a dignidade sexual tramitam em segredo de justiça (art. 234-B), sendo assim,
NI

somente o advogado do investigado pode ter acesso.


DE
AU

Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão
L
70

em segredo de justiça. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009).


04
5
07

No mesmo sentido, os crimes praticados por Organização Criminosa (Lei 12.850/2013):


36
02

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela autoridade judicial
A
ST

competente, para garantia da celeridade e da eficácia das diligências


CO

investigatórias, assegurando-se ao defensor, no interesse do representado, amplo


O

acesso aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de


ND

defesa, devidamente precedido de autorização judicial, ressalvados os referentes


SE

às diligências em andamento.
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Sobre o tema, ainda, destacamos a jurisprudência:

02
STA
Não é necessária, mesmo após a Lei 13.245/2016, a intimação prévia da defesa

CO
técnica do investigado para a tomada de depoimentos orais na fase de inquérito

DO
policial.

EN
Não é necessária a intimação prévia da defesa técnica do investigado para a tomada

S
de depoimentos orais na fase de inquérito policial. Não haverá nulidade dos atos

RO
processuais caso essa intimação não ocorra.

CE
O inquérito policial é um procedimento informativo, de natureza inquisitorial,

NI
destinado precipuamente à formação da opinio delicti do órgão acusatório.

DE
Logo, no inquérito há uma regular mitigação das garantias do contraditório e da

AU
ampla defesa.

0L
47
Esse entendimento justifica-se porque os elementos de informação colhidos no
50
inquérito não se prestam, por si sós, a fundamentar uma condenação criminal.
07
A Lei nº 13.245/2016 implicou um reforço das prerrogativas da defesa técnica, sem,
36

contudo, conferir ao advogado o direito subjetivo de intimação prévia e tempestiva


02

do calendário de inquirições a ser definido pela autoridade policial.


A
ST

STF. 2ª Turma. Pet 7612/DF,41998


Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 12/03/2019 (Info
CO

933). Fonte: Dizer O Direito.


O
ND

Ausência de contraditório (procedimento inquisitorial): Diferentemente do processo, que é


SE

acusatório e exige, para a sua validade, a observância dos princípios do contraditório e ampla defesa, no
RO

inquérito policial esses elementos são apenas acidentais, perfeitamente dispensáveis.


CE
NI

#DICA DD!
DE

Em provas objetivas: NÃO existe a ampla defesa e contraditório em sede de inquérito policial.
AU

Na realidade: PODE existir ampla defesa e contraditório em sede de inquérito policial, entretanto, se não
L
70

existir, o inquérito continua a ser válido, ao contrário do que ocorre no processo, que passa a ser inválido.
04

Um exemplo disso é o artigo 5°, inciso LXIII da CRFB de 1988, que afirma que o indiciado terá direito ao
5
07

silêncio e à assistência de um advogado. Assim, isso já mostra um direito defesa do indiciado.


36
02

h) Oficiosidade: Ao tomar conhecimento do crime, a autoridade policial age de41998


ofício, independente de
A
ST

provocação.
CO

Contudo, há de se ter em mente que, para que a Autoridade Policial haja de ofício, depende da
O

natureza da ação penal do crime em análise. O Delegado só pode atuar de ofício em crimes cuja ação penal
ND

seja pública incondicionada, porquanto, caso seja condicionada à representação ou de iniciativa privada,
SE

deve aguardar a referida representação ou requerimento para deflagrar o procedimento administrativo.


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
Considerando a oficiosidade do inquérito policial, o STJ decidiu, em 2019 (Info 652) que é possível

02
deflagrar investigação criminal com base em matéria jornalística.

STA
CO
i) Oficialidade: Somente os órgãos estatais podem presidir o inquérito policial.

DO
EN
A Presidência da Investigação é Privativa da Polícia Judiciária?

S
RO
A presidência de investigação criminal NÃO é privativa da polícia judiciária, pois outras autoridades podem

CE
presidir a INVESTIGAÇÃO. Vejamos:

NI
● TJ ou PGJ: Inquérito para apurar crime praticado por juiz ou promotor;

DE
● CPI: Inquérito parlamentar;

AU
0L
● Investigação por agentes da Administração;

47
● Inquérito do CADE;
● 50
Investigação pela comissão de inquérito do BACEN: Segundo o STF, o relatório dessa comissão,
07
encaminhado ao MP, constitui justa causa para o oferecimento de ação penal.
36

● Ministério Público: Embora o tema seja polêmico, a 2ª Turma do STF já admitiu que o MP
02

investigue, sem que isso implique usurpação de função da polícia civil (HC 91661). Outrossim,
A
ST

promotor que atue investigando na fase preliminar


41998 NÃO estará impedido de oferecer denúncia
CO

(Súmula 234 STJ).


O

● Forças Armadas: nos crimes militares da competência da Justiça Militar da União, as


ND

investigações serão realizadas pelas Forças Armadas através de um inquérito policial militar. Já
SE

nos crimes militares de competência da Justiça Militar Estadual será competente a Polícia Militar
RO

ou Corpo de Bombeiros.
CE
NI

41998
ATENÇÃO: A presidência da investigação pode não ser privativa da Autoridade Policial, mas a do INQUÉRITO
DE

POLICIAL é, vide Lei 12.830/13.


L AU
70

j) Procedimento discricionário: discricionariedade significa liberdade de atuação dentro dos


04

parâmetros legais.
5
07

Existe uma liberdade de atuação da Autoridade Policial nos limites traçados pela lei. Por exemplo, ao
36

teor dos arts. 6 e 7º do CPP, consta um rol exemplificativo de diligências que poderão ser realizadas pelo
02

Delegado de Polícia. Não há um rito procedimental rígido que deve ser observado pelo Delegado, trata-se de
A
ST

rol exemplificativo. Assim, a diligência será realizada ou não, a cargo da liberdade de atuação da autoridade.
CO

A discricionariedade não pode ser confundida com arbitrariedade.


O
ND
SE
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36
02
ATENÇÃO: A discricionariedade não é de caráter absoluto, de modo que existem diligências que são de

TA
realização obrigatória. Assim, quanto a estas, o delegado não poderia negar a sua realização, como na

S
hipótese do exame de corpo de delito, art. 158 do CPP.

CO
DO
O Delegado de Polícia só pode indeferir requerimentos quando se tratarem de diligências

EN
impertinentes e protelatórias, não podendo indeferir as relevantes, como, por exemplo, o exame de corpo

S
RO
de delito.

CE
l) Temporário: obviamente o IP tem prazo para finalizar. Doutrina moderna defende que a garantia da

NI
DE
razoável duração do processo também se aplica ao inquérito policial, evitando-se com isso inquéritos

AU
“eternos”.

0L
Ressalvados os prazos previstos em leis especiais, em regra, temos o seguinte cenário:

47
● Indiciado preso (inclusive preso provisório) - 10 dias (art. 10);
● Indiciado solto - 30 dias. 50
07
36
02

Prazo para concluir o inquérito policial:


A
ST

Indiciado41998
preso Indiciado solto
CO

Regra Geral (art. 10, CPP) 10 dias 30 dias


O

1
Prorrogável por até 15 dias
ND

Polícia Federal 15 dias 30 dias


SE
RO

Prorrogável por mais 15 dias


41998
Crimes contra a economia 10 dias 10 dias
CE

popular
NI
DE

Lei de drogas 30 dias 90 dias


AU

Prorrogável por mais 30 dias Prorrogável por mais 90 dias


L

Inquéritos Militares 20 dias 40 dias


70

Prorrogável por mais 20 dias


04
5
07

1
O Pacote Anticrime trouxe a possibilidade de o Juiz das Garantias prorrogar o inquérito policial na hipótese
36
02

de investigado preso – o que não era admitido pela doutrina majoritária. Assim, o juiz das garantias poderá
A

determinar a prorrogação do inquérito policial por até 15 dias, mediante representação da autoridade
ST

policial, ouvido o Ministério Público, possibilitando a conclusão das investigações.


CO
O
ND

Art. 3º, § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma
SE
RO
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47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
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36
única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda

02
assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.

STA
CO
No julgamento das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, o STF conferiu interpretação conforme ao

DO
dispositivo, reconhecendo a necessidade de novas prorrogações do inquérito, diante de elementos

EN
concretos e da complexidade da investigação e que a inobservância do prazo previsto em lei não implica

S
na revogação automática da prisão preventiva, devendo o juízo competente ser instado a avaliar os motivos

RO
que a ensejaram, nos termos da ADI 6.581.

CE
NI
m) Unidirecional: Em verdade, poucos processualistas adotam essa característica, relacionada a função

DE
da autoridade policial que seria única e exclusivamente a de apurar as infrações penais, descabendo qualquer

AU
juízo de valor, que deverá ser realizado apenas pelo representante do Ministério Público, para quem o

0L
47
inquérito é dirigido, uma vez que este é o titular privativo da ação penal (art. 129, I, CF 88). Nesse sentido, a
doutrina de Paulo Rangel: 50
07
36

“Não deve a autoridade policial emitir qualquer juízo de valor quando da


02

elaboração de seu relatório conclusivo. Há relatórios em inquéritos policiais que


A
ST

são verdadeiras denúncias e41998sentenças. É o ranço do inquisitorialismo no seio


CO

policial.”
O
ND

Contudo, a doutrina moderna vem abandonando tal característica, uma vez que ela limita a atividade
SE

policial. Nesse sentido, o autor André Nicolitt sustenta que o delegado possui a função de investigar e
RO

também de realizar uma análise técnico-jurídica. Para o doutrinador, quando a autoridade policial analisa
CE

um APF, estaria verificando todos os substratos do crime (fato típico, ilícito e culpável). Somado a isso,
NI

entende que a finalidade do procedimento preliminar não deve ser vislumbrada apenas na ótica da
DE

preparação do processo penal, mas também a serviço de impedir acusações infundadas, bem como, muitas
AU

das vezes, destinando-se ao exercício da própria defesa.


L
70

Assim, o delegado de polícia exerce uma função preparatória e garantidora de direitos fundamentais,
04

caracterizando a bilateralidade / bidirecionalidade do inquérito policial.


5
07
36

3. INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL


02
A
ST

É possível a instauração de ofício do inquérito através (art. 5, I, CPP):


CO

I. Portaria;
41998
O

II. Auto de Prisão em Flagrante - APF;


ND

III. Termo Circunstanciado de Ocorrência - TCO (JECRIM → nos casos de IMPO).


SE
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
a) De ofício pela autoridade policial, conforme art. 5º, I, CPP, por meio de notitia criminis, que se subdivide

02
em:

STA
CO
i. Notitia Criminis de Cognição Imediata (ou Espontânea): a autoridade policial toma conhecimento

DO
41998

de um fato delituoso por meio de suas atividades rotineiras;

EN
ii. Notitia Criminis de Cognição Mediata (ou Provocada): a autoridade policial toma conhecimento de

S
uma infração penal através de um expediente escrito feito por terceiro;

RO
iii. Notitia Criminis de Cognição Coercitiva: ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do

CE
fato delituoso por meio da apresentação do indivíduo preso em flagrante.

NI
DE
ATENÇÃO! A delatio criminis é a comunicação da prática de crime à autoridade policial. Nesse sentido, ela

AU
pode ser:

0L
47
● Delatio Criminis Simples: É a comunicação por qualquer do povo, à autoridade policial, sobre o
50
conhecimento da existência de infração penal (art. 5º, §3º, CPP);
07
● Delatio Criminis Postulatória: É a requerimento do ofendido ou seu representante legal,
36

manifestação pela qual a vítima ou seu representante legal solicitam a instauração do inquérito.
02
A
ST

Por sua vez, a Delação Anônima/Apócrifa 41998


(Notitia Criminis Inqualificada) é a popularmente
CO

conhecida “denúncia anônima”, ou seja, a comunicação do delito por alguém não identificado.
O

O STF entende que a delação apócrifa NÃO autoriza o início do inquérito, considerando a vedação ao
ND

anonimato (art. 5º, IV da CF/88) e, consequentemente, a ausência de elementos idôneos sobre a existência
SE

de infração penal. Porém, o Poder Público, uma vez provocado por delação anônima (“disque-denúncia”),
RO

pode adotar medidas informais destinadas a apurar, previamente, a possível ocorrência de eventual situação
CE

de ilicitude penal. Se constatada a infração penal, pode iniciar o inquérito, não pela mera delação apócrifa,
NI

mas pela investigação e constatação da prática de um crime.


DE

A jurisprudência do STF foi além da instauração de inquérito policial com base em notícia anônima:
AU
L
70

Não é possível decretar medida de busca e apreensão com base unicamente em


04

“denúncia anônima” (STF. 1ª Turma. HC 106152/MS, Rel. Min. Rosa Weber, julgado
5
07

em 29/3/2016. (Info 819)


36
02

Não é possível decretar interceptação telefônica com base unicamente em


A
ST

“denúncia anônima”. (STJ. 6ª Turma. HC 204.778/SP, Rel. Min. Og Fernandes,


CO

julgado em 04/10/2012).
O
ND

Diante de uma notícia anônima, o Delegado de Polícia deve instaurar uma VPI - Verificação da
SE

Procedência da Informação (art. 5, §3º, CPP), e, procedente a informação, instaurar o devido IP.
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração

02
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la

STA
41998
à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará

CO
instaurar inquérito.

DO
EN
Verificação da Procedência das Informações (VPI): Trata-se de um instrumento investigatório

S
simplificado para verificar a verossimilhança da notitia crimins e a viabilidade da investigação, e servir de

RO
impeditivo de instauração de inquéritos policiais infundados.

CE
Como sabemos o inquérito policial não pode ser arquivado pelo Delegado de Polícia (art. 17, CPP),

NI
então com o escopo de evitar a instauração de inquéritos sem base para a justa causa, o CPP trouxe esse

DE
instituto investigatório.

AU
A jurisprudência, igualmente, reconhece o instituto da VPI:

0L
47
50
A instauração de VPI (Verificação de Procedência das Informações) não constitui
07
constrangimento ilegal, eis que tem por escopo investigar a origem de delatio
36

criminis anônima, antes de dar causa à abertura de inquérito policial. (STJ, HC


02

103566 RJ).
A
ST

41998
CO

Destacou-se, de início, entendimento da Corte no sentido de que a denúncia


O

anônima, por si só, não serviria para fundamentar a instauração de inquérito


ND

policial, mas que, a partir dela, poderia a polícia realizar diligências preliminares
SE

para apurar a veracidade das informações obtidas anonimamente e, então,


RO

instaurar o procedimento investigatório propriamente dito. (STF, HC 95244/PE, Rel.


CE

Min. Dias Toffoli, 23.3.2010)


NI
DE

A simplicidade, celeridade e a informalidade são inerentes à VPI, não devendo conter expressões ou
AU

conteúdo do inquérito.
L
70

Basta uma ordem da autoridade policial para que algum policial (agente ou investigador) faça o
04

levantamento de vida pregressa do “noticiado anonimamente”, local do suposto crime e ao final da diligência
5
07

prévia confecciona um relatório policial opinando sobre o fato.


36

Se procedente a informação deve o delegado de polícia instaurar o inquérito policial imediatamente,


02

desde que o crime seja de ação penal pública incondicionada.


A
ST

As peças constantes da VPI devem acompanhar o inquérito policial ou outro procedimento


CO

investigatório.
O
ND

CAIU EM PROVA:
SE
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
(Delegado da PCES 2022): Diante de notitia criminis inqualificada, antes de determinar a abertura do

02
inquérito policial, o delegado de polícia deve promover a diligência de verificação de procedência das

TA
informações, a fim de evitar delação inescrupulosa - item considerado correto.

S
CO
O Delegado de Polícia pode arquivar VPI?

DO
Há divergência na doutrina sobre o tema.

S EN
RO
Segundo o professor André Luiz Nicolitt (Nicolitt, André, 5ª ed. pág.190): “Ocorre que seja qual for o nome

CE
que se dê, estaremos sempre diante de um procedimento investigatório e, por tal razão, submetido a

NI
controle do Ministério Público, não podendo ser arquivado em sede policial.”

DE
AU
Em sentido contrário, estabelecem Adriano Souza Costa e Henrique Hoffmann (Temas Avançados de Polícia

0L
Judiciária, 3ª ed., pág. 87): “A VPI pode ser arquivada diretamente pela autoridade policial a quem cabe o

47
controle, fiscalização, apreciação e decisão da VPI, mediante despacho fundamentado, constatada a
inocorrência de fato delituoso”.
50
07
36
02

b) Requisição do juiz ou MP, do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nas ações privadas
A

e nas ações públicas subsidiárias (art. 5º, II, 1ª parte).


ST

41998
CO

A instauração do inquérito nos casos de requisição judicial ou ministerial tem natureza jurídica de
um ato administrativo complexo.
O
ND

É plenamente constitucional o MP requisitar a instauração do inquérito, conforme artigo 129, VII da


SE

CF/88. Enquanto titular da ação penal pública e, portanto, destinatário final dos elementos de informação
RO

colhidos em sede de IPL, pode o MP requisitar ao delegado a realização de diligências imprescindíveis à


CE

formação de sua opinio delicti.


NI

A requisição é uma exigência para a realização de algo, com fundamento da lei, não podendo ser
DE

confundida com uma ordem haja vista não haver relação de hierarquia entre MP e Polícia. Se legal, o
AU

delegado de polícia tem o dever de realizá-la em apreço ao princípio da obrigatoriedade que impõe às
L

autoridades estatais, inclusive, um dever de agir de ofício diante da notícia de infração penal.
70
04

Atenção à jurisprudência:
5
07
36

É inconstitucional norma estadual que confere à Defensoria Pública o poder de


02

requisição para instaurar inquérito policial. ADI 4.346/MG, relator Ministro


A

Roberto Barroso, redator do acórdão Ministro Alexandre de Moraes, julgamento


ST

virtual finalizado em 10.3.2023 (Info 1086).


CO

41998
O
ND

Pergunta-se: Delegado de polícia pode recusar a requisição de instauração de IPL feita pelo MP ou
SE

juiz?
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
R.: SIM. O delegado pode recusar a requisição na hipótese de manifesta ilegalidade ou

02
arbitrariedade. Isso porque o delegado é agente da administração pública tendo compromisso com a

STA
legalidade. O que o delegado não pode é negar cumprimento a uma requisição de instauração porque mera

CO
discordância. (RE 205473, 1998 – STF) Ex.: requisição de instauração de IPL com base, exclusivamente, uma

DO
denúncia anônima seria um caso em que o delegado poderia recusar, de forma fundamentada, o sob o

EN
argumento da ilegalidade.

S
RO
A requisição não é causa de prevenção. Se a requisição partir do juiz, ele não se torna prevento por

CE
uma razão de principiológica, por ofensa a garantia do juiz natural. Ademais, não existe previsão legal para a

NI
DE
prevenção nessas hipóteses, como se pode extrair dos artigos 75 e 83 do CPP.

AU
0L
Pergunta-se: Qual é a autoridade coatora para eventual HC trancativo de inquérito? Se for um

47
habeas corpus trancativo de inquérito requisitado por juiz ou MP será encaminhado para onde?
R.: Há divergência. 50
07
1ª Posição majoritária / Tribunais Superiores - Como se trata de uma requisição (ordem), a autoridade
36
02

coatora é o requisitante de modo que o habeas corpus deverá ser endereçado para o TJ ou TRF
A

respectivo.
ST

2ª Posição minoritária - Entende-se o delegado41998


como autoridade coatora porque, embora pudesse
CO

recusar a requisição, a ela aderiu, concretizando no delegado, portanto, a ilegalidade. Assim,


O

eventual habeas corpus seria encaminhado à primeira instância, estando impedido o juiz, por
ND

ventura requisitante, de conhecê-lo por força do artigo 252, inciso IV do CPP, não sendo exagerado
SE

afirmar que a hipótese seria, inclusive, de incompatibilidade.


RO
CE

(In)Constitucionalidade da Requisição Judicial:


NI
DE

1ª Doutrina majoritária - Entende que a requisição judicial de instauração de inquérito não foi
AU

recepcionada pelo artigo 129, inciso I da CF/88, pois a instauração do inquérito se trata de atividade
L

persecutória do Estado, devendo, portanto, o magistrado se manter afastado em apreço ao sistema


70

acusatório.
04

41998
2ª Posição minoritária – A requisição judicial não viola a Constituição pois encerra uma valoração
5
07

precária e uma cognição sumária incapaz de comprometer a imparcialidade do juiz.


36
02

A (im) possibilidade de instauração de inquérito de ofício pela autoridade judiciária e o Inq. 4.781 do STF
A
ST

(Inquérito das Fake News).


CO

Ensina Renato Brasileiro que “(...) em um sistema acusatório como o nosso, onde há nítida separação
O

das funções de investigar (e acusar), defender e julgar (CPP, art. 3º-A, incluído pela Lei n. 13.964/19), não se
ND

pode permitir que o juiz instaure ou requisite a instauração de um inquérito policial. Logo, deparando-se com
SE

informações acerca da prática de ilícito penal, incumbe ao magistrado tão somente encaminhá-las ao órgão
RO

do Ministério Público, nos termos do art. 40 do CPP.”


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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
Nesse contexto, vale destacar a polêmica decisão do STF no bojo do Inq. 4.781 – chamado de

02
inquérito das Fake News – em que o Min. Dias Tofoli determinou de ofício a instauração de um inquérito

STA
“para apurar a existência de notícias fraudulentas (“Fake News”), denunciações caluniosas, ameaças e

CO
infrações revestidas de animus caluniandi, difamandi e injuriandi, que estariam supostamente atingindo a

DO
honorabilidade e a segurança daquela Corte, de seus membros e familiares” (Portaria GP n. 69, de

EN
14/03/2019 – Inq. 4.781), designando, para a condução do feito, o eminente Ministro Alexandre de Moraes.

S
RO
É constitucional a Portaria GP 69/2019, por meio da qual o Presidente do STF

CE
determinou a instauração do Inquérito 4781, com o intuito de apurar a existência

NI
de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e atos

DE
que podem configurar crimes contra a honra e atingir a honorabilidade e a

AU
segurança do STF, de seus membros e familiares. (Info 982)

0L
47
41998

Inquérito policial de autoridades com prerrogativa de foro: 50


07
É necessária AUTORIZAÇÃO do Tribunal para instauração do inquérito policial. Há tempos o STF vem
36

entendendo que as investigações contra autoridades com prerrogativa de foro perante o STF se submetem
02

ao prévio controle judicial. A necessidade de autorização, posteriormente, foi estendida às autoridades


A
ST

sujeitas ao foro nos demais tribunais. 41998


CO
O

Conforme jurisprudência desta Corte, as investigações contra autoridades com


ND

prerrogativa de foro perante o STF submetem-se ao prévio controle judicial,


SE

circunstância que inclui a autorização judicial para as investigações. Essa atividade


RO

de supervisão judicial deve ser constitucionalmente desempenhada durante toda a


CE

tramitação das investigações, desde a abertura dos procedimentos investigatórios


NI

até o eventual oferecimento da denúncia.


DE

Nesse contexto, e diante do caráter excepcional das hipóteses constitucionais de


AU

foro por prerrogativa de função, que possuem diferenciações em nível federal,


L
70

estadual e municipal, o mesmo entendimento também é aplicável às investigações


04

que envolvem autoridades com foro privilegiado nos tribunais de segundo grau,
5
07

motivo pelo qual é necessária a supervisão das investigações pelo órgão judicial
36

competente. STF. ADI 7.447 MC-Ref/PA, relator Ministro Alexandre de Moraes,


02

julgamento virtual finalizado em 29.9.2023. (Info 1110)


A
ST
CO

c) Requisição do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nas ações privadas e nas ações
O

públicas subsidiárias (art. 5º, II, 2ª parte).


ND

Se crime de ação privada, o inquérito só pode ser iniciado se houver requerimento.


SE

Do despacho que indefere requerimento cabe recurso para o Chefe de Polícia (art. 5º, § 2º, CPP).
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
d) Representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo nas ações penais públicas

02
condicionadas

S TA
Nos crimes de ação pública condicionada o IP só pode ser iniciado se houver representação.

CO
DO
4. PROVIDÊNCIAS A SEREM TOMADAS PELA AUTORIDADE POLICIAL

S EN
Rol NÃO taxativo:

RO
CE
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade

NI
policial deverá:

DE
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e

AU
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;

0L
47
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais; 50
07
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
36

circunstâncias;
02

IV - ouvir o ofendido;
A
ST

41998
V - ouvir o indiciado, com observância,
41998 no que for aplicável, do disposto no Capítulo
CO

III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas
O

testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura;


ND

VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;


SE

VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a


RO

quaisquer outras perícias;


CE

VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível,


NI

e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;


DE

IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar


AU

e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do
L
70

crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a


04

apreciação do seu temperamento e caráter.


5
07

X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem


36

alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados


02

dos filhos, indicado pela pessoa presa.


A
ST
CO

Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de


O

determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada


ND

dos fatos, desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
SE
RO

Sobre o tema, cabe analisar alguns entendimentos jurisprudenciais importantes:


E
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41998
(1) A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que

STA
em situação de alegada autodefesa (SUM 522 STJ).

CO
DO
(2) NÃO é possível a condução coercitiva por parte do investigado para interrogatório. O STF

EN
declarou que a expressão “para o interrogatório” prevista no art. 260 do CPP não foi recepcionada pela

S
Constituição Federal. Assim, não se pode fazer a condução coercitiva do investigado ou réu com o objetivo

RO
de submetê-lo ao interrogatório sobre os fatos. STF. Plenário. ADPF 395/DF e ADPF 444/DF, Rel. Min. Gilmar

CE
Mendes, julgados em 13 e 14/6/2018 (Info 906).

NI
Importante esclarecer que o julgado acima tratou apenas da condução coercitiva de investigados e

DE
réus à presença da autoridade policial ou judicial para serem interrogados. Assim, não foi analisada a

AU
condução de outras pessoas como testemunhas, ou mesmo de investigados ou réus para atos diversos do

0L
47
interrogatório, como o reconhecimento de pessoas ou coisas. Isso significa que, a princípio, essas outras
espécies de condução coercitiva continuam sendo permitidas. 50
07
Insta salientar que a Lei de Abuso de Autoridade (Lei 13.869/19), em seu art. 10, tipificou a conduta
36

de conduzir coercitivamente, tanto o investigado quanto a testemunha:


02
A
ST

Art. 10. Decretar a condução


41998 coercitiva de testemunha ou investigado
CO

manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo:


O

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.


ND
SE

Segundo o art. 16, o pedido de novas diligências deve ser feito diretamente entre MP e delegado,
RO

salvo nas hipóteses de necessidade de autorização judicial se precisar de autorização, a exemplo da


CE

interceptação telefônica.
NI
DE

Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito à


AU

autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao oferecimento


L
70

da denúncia.
04
5
07

5. INDICIAMENTO
36
02

5.1 Conceito
A
ST
CO

De acordo com o professor Francisco Sannini “é o ato formal, de atribuição exclusiva da autoridade
O

de Polícia Judiciária, que ao longo da investigação forma o seu livre convencimento no sentido de que há
ND

indícios suficientes de que um suspeito tenha praticado determinado crime”.


SE

● O Indiciamento deve ser, necessariamente, fundamentado em despacho;


RO

● Deve ser apontado pelo delegado a autoria, materialidade e circunstâncias fáticas do fato criminoso.
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02
5.2 Fundamento Legal

STA
CO
Por muito tempo não havia regramento acerca do ato de indiciamento no IP. Contudo, com o advento

DO
da Lei 12.830/2013, a imputação formal do investigado foi regulamentada. [Essa lei é de leitura obrigatória

EN
para o concurso].

S
O art. 2º, §6º, trouxe expressamente os pressupostos para indiciar alguém.

RO
CE
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas

NI
pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

DE
(...)

AU
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato

0L
47
fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a
50
autoria, materialidade e suas circunstâncias.
07
36

5.3 Sujeito Ativo e Passivo


02
A
ST

a) Sujeito Ativo: É ato privativo do delegado 41998


de polícia, como é o presidente do inquérito policial,
CO

obviamente é ele a autoridade com atribuição para o indiciamento.


O

É por meio do indiciamento que a autoridade policial aponta41998


determinada pessoa como a autora do
ND

ilícito em apuração. Por se tratar de medida ínsita à fase investigatória, por meio da qual o delegado de
SE

polícia externa o seu convencimento sobre a autoria dos fatos apurados, não se admite que seja requerida
RO

ou determinada pelo magistrado, já que tal procedimento obrigaria o presidente do inquérito à conclusão
CE

de que determinado indivíduo seria o responsável pela prática criminosa, em nítida violação ao sistema
NI

acusatório adotado pelo ordenamento jurídico pátrio.


DE

O magistrado não pode requisitar o indiciamento em investigação criminal. Isso porque o


AU

indiciamento constitui atribuição exclusiva da autoridade policial (Info 717).


L
70

Nesse mesmo sentido é a inteligência do art. 2º, § 6º, da Lei 12.830/2013, que afirma que o
04

indiciamento é ato inserto na esfera de atribuições da polícia judiciária. STJ. 5ª Turma. RHC 47.984-SP, Rel.
5
07

Min. Jorge Mussi, julgado em 4/11/2014 (Info 552)


36
02

b) Sujeito Passivo: Via de regra, qualquer pessoa pode ser indiciada. Entretanto, algumas
A
ST

autoridades estão afastadas por lei de tal ato, como por exemplo membros do MP e membros da
CO

magistratura.
O

O art. 41, II da Lei 8625/93, diz que se houver indícios de crime praticados por membros do MP, os
ND

autos do IP policial devem ser encaminhados ao Procurador Geral de Justiça a quem competir dar andamento
SE

às investigações. No mesmo sentido é a Lei Orgânica da magistratura, em seu art. 33, parágrafo único da LC
RO

nº 35/79, onde aos autos deverão ser remetidos ao TJ competente.


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TA
Atenção! A lei menciona expressamente que essas autoridades não poderão ser indiciadas no curso

S
da investigação, nada falando acerca do indiciamento em Auto de Prisão em Flagrante.

CO
DO
5.4 Consequências do Indiciamento

S EN
RO
A primeira consequência é de ordem prática, visto que o nome do indiciado irá constar do banco de
dados da polícia na condição de indiciado. Significa que, caso ele seja abordado e realizada alguma consulta,

CE
o policial verificará que ele foi o alvo central de determinada investigação.

NI
DE
A segunda consequência é no aspecto jurídico, pois as medidas cautelares pessoais dependem da

AU
prova da materialidade do crime e indícios mínimos de autoria, ou seja, dos mesmos elementos do

0L
indiciamento, e naturalmente, pode ser objeto de cautelares aflitivas no curso do inquérito policial. Indica

47
ainda que provavelmente o indiciado será submetido à fase da persecução penal.
50
E, por fim, sob o prisma social o ato de indiciamento coloca uma marca na pessoa do indiciado, que
07
o desqualifica perante a sociedade, refletindo na vida profissional, familiar e social.
36
02

41998
A

CAIU EM PROVA:
ST

41998
CO

(Delegado da PCES 2022 – Questão Discursiva): Conceitue indiciamento e discorra sobre suas características
e seus efeitos negativos à luz da jurisprudência do STF.
O
ND

A banca CEBRASPE trouxe como padrão de resposta a respeito dos “efeitos negativos à luz da jurisprudência
SE

do STF” o seguinte:
RO

“O indiciamento traz reflexos importantes na esfera jurídica de seu sujeito passivo. Além de haver grande
CE

prejuízo ao indiciado em sua dimensão moral, pois passa a figurar como pessoa formalmente investigada no
NI

âmbito criminal, o ato gera registros no instituto de identificação, conforme expressamente previsto no art.
DE

23 do CPP: “Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial oficiará ao
AU

Instituto de Identificação e Estatística, ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido
L

distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do indiciado.” Além disso, há previsão expressa
70

na Lei n.º 9.613/1998 do afastamento do servidor público indiciado por suposta prática do crime de lavagem
04

de capitais: “Art. 17-D: Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de
5

remuneração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão
07

fundamentada, o seu retorno”. Todavia esse dispositivo foi declarado inconstitucional pelo STF na ADI 4911:
36

“5. Sendo o indiciamento ato dispensável para o ajuizamento de ação penal, a norma que determina o
02

afastamento automático de servidores públicos, por força da opinio delicti da autoridade policial, quebra a
A
ST

isonomia entre acusados indiciados e não indiciados, ainda que denunciados nas mesmas circunstâncias.
Ressalte-se, ainda, a possibilidade de promoção de arquivamento do inquérito policial mesmo nas hipóteses
CO

de indiciamento do investigado. 6. Ação Direta julgada procedente”. (ADI 4911, Relator(a): EDSON FACHIN,
O

Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 23/11/2020, PROCESSO


ND

ELETRÔNICO DJe-285 DIVULG 02-12-2020 PUBLIC 03-12-2020) Por fim, destaque-se que a Lei n.º
SE

10.826/2003 estabelece que “Art. 4.º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá,
além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos: I – comprovação de idoneidade,
RO

com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal,
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Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que

02
poderão ser fornecidas por meios eletrônicos”, de forma que eventualmente um indiciado poderá ter a

TA
autorização negada em razão dos registros de inquérito contra si.”.

S
CO
41998
Obs.: Caso o indiciado não seja condenado ou o IP seja arquivado, o ato de indiciamento deve ser cancelado,

DO
com o escopo de assegurar a presunção de inocência e o princípio da dignidade da pessoa humana.

S EN
RO
Pergunta-se: Na hipótese de surgirem novos elementos informativos que indiquem que outra

CE
pessoa foi a autora do crime investigado, pode o delegado de polícia promover o desindiciamento?

NI
R.: SIM. Trata-se do ato de cassação ou revogação de anterior indiciamento. Em que pese haver

DE
divergência doutrinária, para as provas de delegado de polícia prevalece que sim. Os delegados de polícia

AU
são agentes da Administração Pública e possuem o poder de autotutela, estampado na Súmula 473 do STF,

0L
de modo que podem rever seus atos quando eivados de vício.

47
Nesse sentido, o desindiciamento pode ser feito, não apenas pelo Delegado, mas também pelo Poder
50
07
Judiciário, uma vez verificada a ilegalidade daquele indiciamento.
36

Em outras palavras: O indiciamento é privativo do Delegado, mas o desindiciamento pode ser feito
02

pelo próprio Delegado, mas também poderá ser feito pelo Poder Judiciário se reconhecido
A

constrangimento ilegal no julgamento de um HC.


ST

41998
CO

5.5 Momento do Indiciamento


O
ND
SE

Via de regra, o momento adequado para o ato de indiciamento ocorre quando a autoridade policial
RO

reúne os elementos de convicção, que indicam a autoria e materialidade do crime investigado.


CE

Não há, na lei, um momento específico para indiciar. Assim, o indiciamento pode ser feito no início
NI

do inquérito policial – nas hipóteses de flagrante delito, em que o indiciamento é automático, durante as
DE

investigações ou, ainda, ao final, dentro do relatório expedido pelo delegado de polícia.
AU

Parte da doutrina, como o professor Leonardo Marcondes, entende que o ato de indiciamento não
L

deveria ser ao final, devendo ocorrer no instante imediatamente anterior ao interrogatório.


70
04

Já outra corrente, defendida por Aury Lopes Jr, que afirma que o ato de indiciamento deve ocorrer
5

logo após o ato de interrogatório. Isso porque o ato de indiciamento tem um efeito negativo e não pode ser
07
36

um ato de surpresa de tal condição, que, caso feito ao final do inquérito policial, nada poderia fazer o
02

indiciado acerca do apontamento formal.


A

Independentemente do momento de indiciamento, o certo é que ele NÃO pode ser realizado após o
ST
CO

oferecimento da denúncia, sob pena de configurar abuso de autoridade e constrangimento ilegal.


O
ND

5.6 Espécies Indiciamento


SE
RO
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1) Indiciamento material: é um ato decisório do delegado de polícia, onde ele expõe um substrato

02
fáticos e jurídicos que justificam a imputação do crime ao investigado. Ou seja, nada mais é do que a

STA
fundamentação do ato do indiciamento. É a análise técnica-jurídica.

CO
2) Indiciamento formal: é constituído por peças essenciais para formar a convicção da autoridade

DO
para o indiciamento
41998 material. Peças como: 1) boletim de vida pregressa; b) auto de qualificação e

EN
interrogatório.

S
3) Indiciamento coercitivo: é aquele decorrente do APF, uma vez que os pressupostos do

RO
indiciamento são quase os mesmos da lavratura do auto de prisão em flagrante. Quem é preso em flagrante,

CE
inevitavelmente está indiciado. Pois, diante do flagrante, temos a prova da materialidade do crime, indícios

NI
de autoria e circunstâncias fáticas. Nesse momento não realizamos um juízo de certeza e sim de mera

DE
probabilidade.

AU
0L
47
DICA: Delegado de Polícia trabalha com indícios e não com provas, pois quem trabalha com prova é juiz e
MP. 50
07
36
02

4) Indiciamento indireto: é aquele realizado quando o investigado não é encontrado, estando em


A

local incerto e não sabido.


ST

5) Indiciamento direto: é aquele realizado quando


41998
o investigado é encontrado e está presente.
CO

6) Indiciamento complexo: trata-se de procedimento adotado em situações em que o investigado


O

dispõe por foro por prerrogativa de função.


ND

Logo, se a decisão sobre o ato de indiciamento não pode ser tomada de forma direta pelo delegado
SE

de polícia, dependendo de manifestação do judiciário, obviamente estamos diante de um ato complexo, em


RO

analogia com a classificação em relação aos atos administrativos.


CE
NI
DE

Efeito Prodrômico do Indiciamento


AU
L

Ainda com base nos ensinamentos dos administrativistas, o efeito preliminar do ato administrativo (efeito
70

indireto) é que a representação pelo indiciamento de alguém com foro por prerrogativa de função faz surgir
04

o dever da autoridade judicial se manifestar para que o ato se aperfeiçoe.


5
07
36
02

A representação constitui uma exposição dos fatos, seguida de uma sugestão jurídica fundamentada.
A
ST

Indiciamento envolvendo autoridades com foro por prerrogativa de função:


CO
O

Em regra, a autoridade com foro por prerrogativa de função pode ser indiciada.
ND

Existem duas exceções previstas em lei de autoridades que não podem ser
SE
RO

indiciadas:
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a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79);

02
b) Membros do Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/93 e art. 41,

STA
parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).

CO
DO
Excetuadas as hipóteses legais, é plenamente possível o indiciamento de

EN
autoridades com foro por prerrogativa de função (não há dispositivo legal que vede

S
expressamente o indiciamento). No entanto, para isso, é indispensável que a

RO
autoridade policial obtenha uma autorização do Tribunal competente para julgar

CE
esta autoridade. Ex.: em um inquérito criminal que tramita no STJ para apurar crime

NI
praticado por Governador de Estado, o Delegado de Polícia constata que já existem

DE
elementos suficientes para realizar o indiciamento do investigado. Diante disso, a

AU
autoridade policial deverá requerer ao Ministro Relator do inquérito no STJ

0L
47
autorização para realizar o indiciamento do referido Governador.
50
Chamo atenção para o fato de que não é o Ministro Relator quem irá fazer o
07
indiciamento. Este ato é privativo da autoridade policial. O Ministro Relator irá
36

apenas autorizar que o Delegado realize o indiciamento. STF. Decisão monocrática.


02

HC 133835 MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 18/04/2016 (Info 825).
A
ST

41998
CO

Aproveitando o tema acerca do foro por prerrogativa de função, vamos ver como ficam os reflexos
O

da decisão do STF na investigação criminal:


ND
SE

As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por


RO

prerrogativa de função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se


CE

apenas aos crimes que tenham sido praticados durante o exercício do cargo e em
NI

razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi praticado antes de o indivíduo ser
DE

diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência do STF, devendo


AU

ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal.
L
70

Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no
04

mandato, se o delito não apresentar relação direta com as funções exercidas,


5
07

também não haverá foro privilegiado.


36

Foi fixada, portanto, a seguinte tese:


02

(1) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
A

41998
ST

durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.


CO

STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.
O

(2) Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de


ND

intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e


SE

julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a
RO

ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
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STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

02
S TA
STF adotou uma interpretação restritiva do foro de prerrogativa de função previsto na CF para os

CO
parlamentares federais. O foro foi idealizado como instrumento destinado a garantir o livre exercício de

DO
certas funções públicas e não para acobertar pessoas ocupantes do cargo. Estendê-lo aos crimes cometidos

EN
antes da diplomação ou sem contexto funcional desnatura o instituto, transformando-o em instrumento

S
de privilégio pessoal, ferindo o princípio da igualdade. normas que estabelecem restrições ao princípio da

RO
igualdade devem ser interpretadas restritivamente.

CE
O STF fez uma redução teleológica – uma interpretação
41998
teleológica restritiva do art. 102, I, b e c da

NI
CF c/c art. 53, §1º.

DE
AU
0L
Redução teleológica ou técnica da “dissociação” consiste em reduzir o campo de aplicação de uma

47
disposição normativa a somente a uma ou a algumas das situações de fato que a interpretação literal prevê
para adequá-la à finalidade da norma. 50
07
36
02

Antes, diante da interpretação literal do foro, o STF entendia que toda a investigação de autoridade
A

com foro no STF deveria ser supervisionada pelo Ministro-relator, exigindo desde a autorização prévia para
ST

instaurar e autorização para promover o indiciamento.41998


CO

Agora, diante da redução teleológica, só subsistirá a supervisão judicial do Ministro se o crime for
O

depois da diplomação e com nexo funcional. Tratando-se de infração penal praticada antes da diplomação,
ND

ou durante o mandato, mas despida de nexo funcional, o STF não intervirá em nada, sendo a condução das
SE

investigações livre pela Polícia Civil ou Federal, sem necessidade de autorização para instauração, autorização
RO

para indiciar, etc.


CE
NI
DE

Investigações criminais envolvendo Deputados Federais e Senadores DEPOIS da AP 937 QO


AU

Situação Atribuição para investigar


L

Se o crime foi praticado antes da diplomação ● Polícia (Civil ou Federal) ou MP.


70
04

Se o crime foi praticado depois da diplomação ● Não há necessidade de autorização do


5

STF
07

(durante o exercício do cargo), mas o delito não


36

tem relação com as funções desempenhadas. ● Medidas cautelares são deferidas pelo
02

Ex.: homicídio culposo no trânsito. juízo de 1ª instância (ex.: quebra de sigilo)


A
ST

Se o crime foi praticado depois da diplomação ● Polícia Federal e Procuradoria Geral da


CO

(durante o exercício do cargo) e o delito está República, com supervisão judicial do


O

relacionado com as funções desempenhadas. STF.


ND

Ex.: corrupção passiva. ● Há necessidade de autorização do STF


SE

para o início das investigações.


RO

Fonte: Dizer o Direito


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02
STA
Indiciamento em crime de menor potencial ofensivo:

CO
DO
Como o indiciamento acarreta diversos efeitos deletérios ao suspeito, a sua consonância deve

EN
guardar conexão com o ordenamento jurídico.

S
Como os crimes de menor potencial ofensivo devem observância aos institutos despenalizadores,

RO
não é adequado o ato do indiciamento nesses crimes, haja vista que nem pode haver processo por força da

CE
transação penal, quiçá indiciamento. Nesses crimes, a prática é o ato de um simples apontamento, como nos

NI
casos de adolescentes em prática de ato infracional.

DE
AU
5.7 Constituição de Defensor Quando o Investigado for Integrante da Segurança Pública ou Militar

0L
47
50
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art.
07
144 da Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais,
36

inquéritos policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for


02

a investigação de fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício


A
ST

profissional, de forma consumada


41998 ou tentada, incluindo as situações dispostas no
CO

41998

art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o


O

indiciado poderá constituir defensor.


ND
SE

§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado
RO

da instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no


CE

prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação.


NI
DE

§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de


AU

defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá


L
70

intimar a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos


04

fatos, para que essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para
5
07

a representação do investigado.
36
02

§3º Havendo necessidade de indicação de defensor nos termos do §2º deste artigo,
A
ST

a defesa caberá preferencialmente à Defensoria Pública, e, nos locais em que ela


CO

não estiver instalada, a União ou a Unidade da Federação correspondente à


O

respectiva competência territorial do procedimento instaurado deverá


ND

disponibilizar profissional para acompanhamento e realização de todos os atos


SE

relacionados à defesa administrativa do investigado.


RO
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36
§4º A indicação do profissional a que se refere o §3º deste artigo deverá ser

02
precedida de manifestação de que não existe defensor público lotado na área

TA
S
territorial onde tramita o inquérito e com atribuição para nele atuar, hipótese em

CO
que poderá ser indicado profissional que não integre os quadros próprios da

DO
Administração.

S EN
§5º Na hipótese de não atuação da Defensoria Pública, os custos com o patrocínio

RO
dos interesses dos investigados nos procedimentos de que trata este artigo

CE
correrão por conta do orçamento próprio da instituição a que esteja vinculado à

NI
época da ocorrência dos fatos investigado.

DE
AU
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores militares

0L
47
vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição Federal, desde que
50
os fatos investigados digam respeito a missões para a Garantia da Lei e da Ordem.
07
36

A Lei 13.964/19 incorporou no Código de Processo Penal uma sistemática que já era prevista no
02

âmbito da União, que era a possibilidade da AGU realizar a defesa judicial de agentes públicos (MP872,
A
ST

transformada na lei ordinária 13.841/19). 41998


CO

Com a nova 41998


sistemática, a Autoridade Policial ao identificar que o suspeito é agente de segurança
O

pública ou militar e os fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, deverá
ND

citar o investigado (leia-se: intimar), para que o investigado constitua defensor em até 48h.
SE

Esgotado o prazo e não nomeado o defensor pelo investigado, a Autoridade Policial deverá intimar
RO

a instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo
CE

de 48h, indique defensor para a representação do investigado.


NI

Inicialmente, foram vetados os §§3º a 5º, no entanto o Congresso Nacional procedeu à derrubada
DE

do veto, de modo que tais parágrafos voltaram a produzir efeitos.


AU

Assim, operando-se o decurso do prazo de 48h a contar do recebimento da notificação, essa


L
70

atribuição recairá, preferencialmente, sobre a Defensoria Pública (art. 14-A, §3º). Na eventualidade de não
04

haver Defensor Público na área territorial onde tramita o procedimento investigatório e com atribuição para
5
07

nele atuar, deverá ser lavrada uma manifestação nesse sentido, quando, então, será possível a indicação de
36

um profissional da advocacia que não integra os quadros próprios da Administração para acompanhar e
02

realizar todos os atos relacionados à defesa administrativa do investigado (art. 14-A, §4º). Nesse caso, os
A
ST

custos com o patrocínio dos interesses dos investigados correrão por conta do orçamento próprio da
CO

instituição a que o servidor estivesse vinculado à época da ocorrência dos fatos investigados (art. 14-A,
O

§5º).
ND

O autor Renato Brasileiro destaca que:


SE

(1) O art. 14-A do CPP foi introduzido em um contexto crescente de proteção da ampla defesa no curso da
RO

investigação preliminar:
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▪ Constituição Federal;

02
▪ Art. 7º, XXI do Estatuto da OAB;

STA
▪ Art. 15, II da Lei 13.869/19 – considera crime de abuso de autoridade prosseguir com o

CO
interrogatório de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor

DO
público, sem a presença do seu patrono → Renato Brasileiro diz que desde a entrada em

EN
vigor desse crime (25.01.2020), se o investigado optar pela presença de um defensor, não

S
mais se poderá admitir a realização de nenhum interrogatório sem a presença deste;

RO
(2) A constituição de defensor pelo servidor não é condição sine qua non para o prosseguimento das

CE
investigações. Ainda que o investigado não tenha constituído advogado e ainda que a instituição a que

NI
o agente público estava vinculado à época dos fatos não indique defensor para a sua representação, isso

DE
jamais poderá funcionar como óbice ao prosseguimento das investigações.

AU
(3) Uma vez constituído o defensor, incide os termos na Súmula Vinculante 14.

0L
47
(4) Há uma impropriedade técnica no uso do termo “citação” – sabidamente conhecido como ato de
50
comunicação processual que dá ciência ao acusado acerca da instauração de um processo criminal –
07
contra a sua pessoa, chamando-o para se defender. O ideal é substituir o termo citado por notificado,
36

notificação esta que poderá ser feita por qualquer meio de comunicação.
02
A
ST

A regra é criticada por parte da doutrina em face


41998 das seguintes razões:
CO

i. Viola a cláusula constitucional isonômica, pois restringe a garantia anunciada aos agentes públicos
O

investigados por “fatos relacionados ao uso da força letal”, em evidente discriminação aos demais
ND

servidores da segurança pública investigados por ações diversas;


SE

ii. Dificulta a investigação de fatos graves, pois a falta de nomeação de defensor pelo investigado no
RO

início da apuração administrativa resulta na suspensão da persecução inquisitorial até o saneamento


CE

da exigência imposta pela lei;


NI

iii. Desvio de finalidade no campo41998


da assistência judiciária gratuita, assegurada, nos termos do art. 5°,
DE

inc. LXXIV, da CF/88, àqueles que comprovam a insuficiência de recursos para arcar com o pagamento
AU

dos honorários atinentes à prestação de serviços de defesa técnica por advogados particulares;
L
70

iv. Afronta a cláusula constitucional de prévia dotação orçamentária. As instituições militares


04

estaduais, tanto como as instituições civis de segurança pública, não contam com orçamento próprio.
5
07

A solução para o problema seria a implementação de assistência jurídica a seus integrantes; e, por
36

consequência, seriam necessárias a criação de um corpo jurídico de defensores e a consecutiva


02

contratação de pessoal, mediante lei, com respectiva previsão de recursos financeiros à criação de
A
ST

cargos e funções próprios para o exercício de defesa técnica ao efetivo militar e civil.
CO
O

CAIU EM PROVA:
ND
SE

(Delegado da PCAL 2023): É imprescindível a presença de defensor no interrogatório realizado em sede


RO

extrajudicial - item considerado incorreto.


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02
6. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

STA
CO
Pacote Anticrime:

DO
EN
CPP, Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer

S
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público

RO
comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos

CE
para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.

NI
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do

DE
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da

AU
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão

0L
47
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
50
07
O STF, por maioria, nas ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, atribuiu interpretação conforme ao caput do
36

art. 28 para assentar que, ao se manifestar pelo arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
02

elementos informativos de mesma natureza, o MP submeterá sua manifestação ao juiz competente e


A
ST

comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial,


41998 podendo encaminhar os autos ao Procurador-
CO

Geral ou para a instância de revisão ministerial, quando houver, para fins de homologação, na forma da lei.
O

Obs.: vencido, em41998


parte, o Ministro Alexandre de Moraes, que incluía a revisão automática em outras
ND

hipóteses.
SE

E, por unanimidade, atribuiu interpretação conforme ao §1º do art. 28 para assentar que, além da
RO

vítima ou de seu representante legal, a autoridade judicial competente também poderá submeter a matéria
CE

à revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade ou teratologia no
NI

ato do arquivamento.
DE

Como o CPP não trata as hipóteses de arquivamento, se aplica, por analogia, o tratamento da rejeição
AU

da denúncia/queixa a absolvição sumária (art. 395 e 397, CPP).


L
70
04

Vamos analisar os incisos dos dispositivos legais:


5
07

● Atipicidade formal ou material:


36

∘ Atipicidade Formal: juízo de adequação, que consiste em verificar se a conduta se adequa ao tipo
02

penal e ocorre quando conduta não se encaixa em nenhum tipo penal.


A
ST

∘ Atipicidade Material: incidência do princípio da insignificância ou bagatela.


CO

∘ Excludente da ilicitude ou da culpabilidade, SALVO inimputabilidade → no caso de inimputável,


O

deve ser denunciado, porém com pedido de absolvição imprópria para aplicação de medida de
ND

segurança.
SE
RO

● Causa extintiva da punibilidade:


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Merece destaque a situação da certidão de óbito falsa. Isso porque, caso o juiz venha a extinguir a

02
punibilidade com base em certidão de óbito, posteriormente identificada como sendo falsa, de acordo com

STA
o STF, uma vez que a decisão se baseou em um ATO INEXISTENTE, não será considerada válida, podendo

CO
então o indivíduo ser processado novamente.

DO
EN
● Ausência de elementos informativos quanto à autoria e materialidade:

S
Causa da maior parte dos arquivamentos. Ocorre quando as investigações não avançam no que tange

RO
a determinação da autoria e materialidade e, por isso, o MP promove o arquivamento.

CE
NI
6.1 Arquivamento Determinado Por Juiz Incompetente

DE
AU
Alguns doutrinadores entendem que não haveria a produção de coisa julgada formal ou material.

0L
47
No entanto, prevalece nos Tribunais que a decisão dada por juízo absolutamente incompetente não
50
é inexistente, mas, no máximo, nula. Caso a nulidade não tenha sido proclamada no momento oportuno, a
07
decisão terá o condão de produzir seus efeitos válidos.
36
02

6.2 Arquivamento e Recorribilidade


A
ST

41998
CO

ANTES DA REFORMA COM A LEI 13.964/19, contra a decisão que deferia o arquivamento NÃO cabia
O

41998
recurso, salvo exceções.
ND

Exceções:
SE

a) Crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública: previsão de reexame necessário,
RO

também chamado de recurso de ofício (duplo grau obrigatório) no art. 7º da Lei 1.521/51.
CE

Não se aplica ao tráfico de drogas, mesmo sendo um crime contra a saúde, em razão da
NI

especialidade.
DE
AU

b) Contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo: cabe RESE, conforme
L
70

art. 6º, §único da LCP (Lei 1.508/51).


5 04
07

O dispositivo deve ser interpretado na forma do Art. 28, §1º do CPP, devendo o recurso ser encaminhado ao
36

órgão ministerial de revisão.


02
A
ST

c) Juiz arquiva o inquérito de ofício sem iniciativa do MP: parte da doutrina sustentava o cabimento
CO

de correição parcial.
O
ND

Com a reforma, nos parece que faltaria interesse de agir, visto que a decisão poderá ser revista pelo órgão
SE

ministerial de revisão.
RO
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36
02
d) Arquivamento nas hipóteses de atribuição originária do PGJ:

STA
CO
Lei n. 8.625/93, art. 12: “O Colégio de Procuradores de Justiça é composto por todos

DO
os Procuradores de Justiça, competindo-lhe: (…) XI - rever, mediante requerimento

EN
de legítimo interessado, nos termos da Lei Orgânica, decisão de arquivamento de

S
inquérito policial ou peças de informações determinada pelo Procurador-Geral de

RO
Justiça, nos casos de sua atribuição originária”.

CE
NI
Por fim, destaca-se a excepcionalidade reconhecida pela jurisprudência em se tratando de violência

DE
doméstica e familiar contra a mulher:

AU
41998

0L
47
A decisão que homologa o arquivamento do inquérito que apura violência
50
doméstica e familiar contra a mulher deve observar a devida diligência na
07
investigação e a observância de aspectos básicos do Protocolo para Julgamento
36

com Perspectiva de Gênero do Conselho Nacional de Justiça, em especial quanto


02

à valoração da palavra da vítima, corroborada por outros indícios probatórios,


A
ST

que assume inquestionável importância.


41998
CO

Por ausência de previsão legal, a jurisprudência majoritária do STJ compreende que


O

a decisão do Juiz singular que, a pedido do Ministério Público, determina o


ND

arquivamento de inquérito policial, é irrecorrível. Todavia, em hipóteses


SE

excepcionalíssimas, nas quais há flagrante violação a direito líquido e certo da


RO

vítima, esta Corte Superior tem admitido o manejo do mandado de segurança para
CE

impugnar a decisão de arquivamento.


NI

A admissão do mandado de segurança na espécie encontra fundamento no dever


DE

de assegurar às vítimas de possíveis violações de direitos humanos, como ocorre


AU

nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, o direito de


L
70

participação em todas as fases da persecução criminal, inclusive na etapa


04

investigativa, conforme determinação da Corte Interamericana de Direitos


5
07

Humanos em condenação proferida contra o Estado brasileiro.


36

STJ. RMS 70.338-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade,
02

julgado em 22/8/2023. (Info 785)


A
ST
CO

COM A REFORMA A PARTIR DA LEI 13.964/19, a atribuição para a revisão sobre o arquivamento
O

passa a ser do ÓRGÃO MINISTERIAL DE REVISÃO (Art.28 do CPP).


ND

Assim, além das hipóteses de recursos que foram mantidas, a vítima ou seu representante legal
SE

poderão recorrer, no prazo de 30 dias do recebimento da comunicação, submetendo a matéria ao órgão


RO

de revisão ministerial (nova redação do art. 28 do CPP).


E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
02
6.3 Arquivamento da Ação Penal Privada

TA
S
CO
Ocorre por pedido expresso do querelante, que será considerado renúncia e acarretará a extinção

DO
da punibilidade, ou com o transcurso do prazo decadencial de 6 meses para exercício do direito de queixa

EN
(art. 38, CPP).

S
RO
6.4 Arquivamento Implícito

CE
NI
Segundo o autor Afrânio Silva Jardim, referência no assunto: “entende-se por arquivamento implícito

DE
o fenômeno de ordem processual decorrente de o titular da ação penal deixar de incluir na denúncia algum

AU
fato investigado ou algum dos indiciados, sem expressa manifestação ou justificação deste procedimento.

0L
47
Este arquivamento se consuma quando o juiz não se pronuncia na forma do art. 28 com relação ao que foi
omitido na peça acusatória”. 50
07
Frisa-se que tal conceito era extraído conforme à antiga redação do art. 28 do CPP.
36

Como se pode perceber, a doutrina que defende o arquivamento implícito parte da existência de
02

duas omissões: o promotor que deixa de incluir na denúncia algum fato investigado (arquivamento implícito
A
ST

objetivo) ou algum dos indiciados (arquivamento 41998


implícito subjetivo), sem justificação ou expressa
CO

manifestação deste procedimento e o magistrado que também se omite, deixando de aplicar a regra do art.
O

28 do CPP. É dessa conjugação de omissões que surge a defesa pela admissão do arquivamento implícito. E
ND

o argumento reside no princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Em apreço ao princípio da


SE

obrigatoriedade da ação penal pública, se o MP não inclui na denúncia todos os crimes e/ou indiciados é
RO

porque reconheceu implicitamente a falta de justa causa. E se o juiz recebe a denúncia sem ressalvas é
CE

porque implicitamente comungou da mesma orientação operando-se a partir do recebimento da denúncia


NI

o arquivamento implícito.
DE
AU

Pergunta-se: Quando se consuma o arquivamento implícito?


L
70

R.: De acordo com o professor Afrânio Silva Jardim, ocorre quando o juiz deixa de se manifestar na
41998
04

forma do art. 28, em relação ao que foi omitido na denúncia, ocorrendo o arquivamento tácito.
5
07
36

ATENÇÃO: A jurisprudência e doutrina majoritária NÃO admitem o arquivamento implícito, porque


02

a simples omissão não implica arquivamento e o pedido de arquivamento deve ser fundamentado. Todo
A
ST

arquivamento somente produz efeito se for um arquivamento explícito. Havendo omissão a respeito de um
CO

dado objetivo ou subjetivo do inquérito, deve-se presumir que as investigações, quanto a parte omissa,
O

continuam em aberto.
ND
SE

Uma grande questão é saber como deverá atuar o juiz em caso de omissão do Ministério Público, tendo em
RO

vista que o juiz não mais exerce o controle sobre o princípio da obrigatoriedade da ação penal pública e a
E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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sistemática do antigo art. 28 foi substituída pelo controle realizado pelo órgão ministerial de revisão. Diante

02
das mudanças, acreditamos que não mais há que se falar em arquivamento implícito no processo penal (que

TA
S
já não era aceito pelos Tribunais Superiores, de qualquer forma).

CO
DO
6.5 Arquivamento Indireto

SEN
Ocorria quando o magistrado não concordava com o pedido de declinação de atribuição formulado

RO
pelo órgão ministerial. O juiz recebe a manifestação como se fosse um pedido de arquivamento e aplica, por

CE
analogia, o art. 28 do CPP, leia-se, homologa ou não e, caso não homologue, remete os autos à PGJ.

NI
DE
AU
Diante do julgamento do mérito das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, ao nosso ver, não faz mais sentido

0L
falarmos em arquivamento indireto, visto que a providência de arquivamento passa a ser realizada

47
exclusivamente no âmbito do Ministério Público, de modo que o juiz não faz mais qualquer tipo de controle,
50
salvo na hipótese de patente ilegalidade ou teratologia no ato do arquivamento, conforme interpretação
07
conferida pela Suprema Corte ao §1º do art. 28.
36
02
A

6.6 Coisa Julgada na Decisão de Arquivamento


ST

41998
CO

A coisa julgada ocorre quando estamos


41998
diante de uma decisão judicial que não comporta mais
O

recurso, tornando-se imutável.


ND

∘ Coisa julgada formal: é a imutabilidade da decisão no processo em que foi proferida. Neste processo
SE
RO

não poderá ser modificada, mas em outro sim.


∘ Coisa julgada material: pressupõe a formal, é a imutabilidade da decisão fora do processo no qual
CE

aquela foi proferida.


NI
DE

A depender do fundamento utilizado na promoção de arquivamento irá ocorrer coisa julgada formal
AU

ou coisa julgada formal e material.


L

A seguir reproduzimos o quadro sobre as hipóteses de coisa julgada no arquivamento do IP:


70
5 04

Fundamento do arquivamento Espécie de coisa julgada


07
36

a) Ausência de pressupostos processuais ou de Coisa julgada formal


02

condições da ação
A
ST

b) Falta de justa causa Coisa julgada formal


CO

c) Excludente de ilicitude Divergência jurisprudencial


O
ND

STJ: Coisa julgada material


SE

STF: Coisa julgada formal


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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02
d) Excludente de culpabilidade Coisa julgada material (exceto inimputabilidade)

TA
e) Excludente de punibilidade Coisa julgada material (exceto no caso de certidão de

S
CO
óbito falsa)

DO
f) Atipicidade do fato Coisa julgada formal e material

S EN
O STF pode, de ofício, arquivar inquérito quando, mesmo esgotados os prazos

RO
para a conclusão das diligências, não foram reunidos indícios mínimos de autoria

CE
ou materialidade. (Info 912).

NI
DE
AU
A decisão de arquivamento de inquérito policial lastreada na atipicidade do fato

0L
toma força de coisa julgada material, sendo manifestamente incabível a

47
reabertura do feito por meio de correição parcial (HC 173594 AgR, Relator(a):
50
ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 03/05/2021, PROCESSO ELETRÔNICO
07
DJe-087 DIVULG 06-05-2021 PUBLIC 07-05-2021).
36

41998
02

Atenção! Existe doutrina minoritária que defende que a decisão de arquivamento nunca fará coisa
A
ST

julgada, seja formal, seja material. Como o arquivamento


41998 não é ato jurisdicional típico, desenvolvendo-se em
CO

uma etapa pré-processual, não haveria de se falar em coisa julgada. Nesse sentido, André Nicolitt e Afrânio
O

Silva Jardim.
ND

Inclusive, com a nova sistemática do arquivamento em vigor, a partir da decisão proferida nos autos
SE

das ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305, essa posição é reforçada, na medida em que o arquivamento, em regra,
RO

passa a ser ato que ocorre apenas no âmbito do órgão ministerial. Destaca-se que, a Corte Suprema conferiu
CE

interpretação conforme ao art. 28, permitindo que o juiz poderá atuar, encaminhando o arquivamento à
NI

revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade ou teratologia no
DE
AU

ato do arquivamento.
L
70

Para melhor fixação da matéria, vamos sintetizar a NOVA SISTEMÁTICA DO ARQUIVAMENTO DO


04

INQUÉRITO POLICIAL.
5
07

ANTES DA REFORMA APÓS A L.13964/19


36
02

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial
A

apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do ou de quaisquer elementos informativos da mesma


ST

inquérito policial ou de quaisquer peças de natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à


CO

informação, o juiz, no caso de considerar vítima, ao investigado e à autoridade policial e


O

improcedentes as razões invocadas, fará remessa do encaminhará os autos para a instância de revisão
ND

inquérito ou peças de informação ao procurador- ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
SE

geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar

02
TA
insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no

S
estará o juiz obrigado a atender. prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação,

CO
submeter a matéria à revisão da instância competente do

DO
órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei

EN
orgânica.

S
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em

RO
detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do

CE
arquivamento do inquérito policial poderá ser provocada

NI
pela chefia do órgão a quem couber a sua representação

DE
judicial. (NR)

AU
0L
47
O STF, por maioria, atribuiu interpretação conforme ao caput do art. 28 para assentar que, ao se
50
manifestar pelo arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos de mesma
07
natureza, o MP submeterá sua manifestação ao juiz competente e comunicará à vítima, ao investigado e à
36

autoridade policial, podendo encaminhar os autos ao Procurador-Geral ou para a instância de revisão


02

ministerial, quando houver, para fins de homologação, na forma da lei.


A
ST

41998
CO

ANTES DO PACOTE ANTICRIME:


O

O art. 28 representava um CONTROLE JUDICIAL sobre o arquivamento (Princípio da Devolução), que


ND

possuía 2 funções:
SE

1ª: controle judicial externo do Princípio da Obrigatoriedade (que rege as ações penais públicas);
RO

2ª: mecanismo de controle externo do próprio Ministério Público.


CE
NI

Nesse sentido, o Ministério Público promove o arquivamento, cabendo ao juiz duas opções:
DE

● Se o Juiz concordar, ele HOMOLOGA a decisão de arquivamento.


AU

● Se o juiz não concordar, ele ENCAMINHA para o Procurador Geral.


L
70
04

Então, surgiam as seguintes hipóteses que poderiam ser adotadas pelo Procurador Geral:
5
07

● Ratificar o arquivamento – hipótese em que o juiz é obrigado a aceitar e deferir;


36

● Oferecer denúncia;
02

● Designar para que outro promotor ofereça denúncia.


A
ST

Nessa última hipótese, existe divergência doutrinária se a designação do Procurador Geral vincula o
CO

novo promotor. Em outras palavras: O promotor designado é obrigado a oferecer denúncia?


O

1ª corrente (Claudio Fonteles, Nicolitt, Polastri): Possibilidade de recusa. Como se trata de


ND

41998

designação, o promotor não pode ser obrigado a subscrever como sua uma opinião delitiva com a
SE

qual discorda, o que ofenderia sua independência funcional


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
2ª posição (clássica e majoritária): Impossibilidade de recusa. Na realidade, como a denúncia é

02
atribuição do Procurador Geral, não se trata de designação, e sim delegação, atuando o promotor

STA
como longa manus do Procurador Geral, o que é suficiente para a preservação da sua independência

CO
funcional (o promotor designado estaria apenas veiculando a opinião delitiva do Procurador Geral).

DO
EN
Ocorre que, com o Pacote Anticrime, as mudanças na sistemática do arquivamento do inquérito

S
policial foram significativas. A partir de agora, não basta para o arquivamento de investigações criminais a

RO
promoção de arquivamento feita pelo Promotor natural do feito. Passa a ser necessária, também, a

CE
confirmação (homologação) dessa decisão de arquivamento por Órgão de revisão do MP.

NI
O arquivamento, portanto, será feito em duas etapas, assegurada a cientificação do investigado e

DE
da vítima. Ademais, institui-se a possibilidade de recurso em face dessa decisão de arquivamento.

AU
Com a mudança, volta à baila a discussão sobre a natureza jurídica da decisão de arquivamento.

0L
Para Afrânio Silva Jardim1, a decisão que determina o arquivamento do inquérito policial tem

47
50
natureza de decisão judicial, porque oriunda do Poder Judiciário, em outras palavras, de decisão
07
administrativa em sentido lato.
36

Já para Fernando da Costa Tourinho Filho2, a aludida decisão tem natureza de despacho judicial de
02

expediente (CPP, art. 800, III).


A
ST

Entretanto, diante das alterações, a posição mais


41998 coerente nos parece a do Professor Guilherme de
CO

Souza Nucci3:
O
ND

“Observa-se, entretanto, que o juiz pode, acolhendo parecer do Ministério Público,


SE

41998

no sentido de haver insuficiência de provas para o oferecimento da denúncia,


RO

determinar o arquivamento como providência meramente administrativa.”


CE
NI

Agora, passa a ser uma decisão de natureza administrativa e que não se submete ao crivo judicial,
DE

em respeito ao sistema acusatório, pois o arquivamento passa a ser realizado apenas no âmbito do MP.
AU

Inclusive, as mudanças trazidas pela L. 13964/19 vão ao encontro do que a doutrina já clamava, em
L
70

respeito ao princípio acusatório4.


04
5
07

“A imparcialidade do juiz, ao contrário, exige dele justamente que se afaste das


36

atividades preparatórias, para que mantenha seu espírito imune aos preconceitos
02

que a formulação antecipada de uma tese produz, alheia ao mecanismo do


A
ST

contraditório, de sorte a avaliar imparcialmente, por ocasião do exame da acusação


CO

formulada, com o oferecimento da denúncia ou queixa, se há justa causa para a


O
ND

1
(Jardim, 2000, pp. 166-167)
SE

2
(Filho, pp. 400-401)
RO

3
(Nucci, 2019)
4
(Prado, 1999, p. 153)
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36
41998
ação penal, isto é, se a acusação não se apresenta como violação ilegítima da

02
dignidade do acusado. [...] Neste plano, a manutenção do controle, pelo juiz, das

TA
S
diligências realizadas no inquérito ou peças de informação, e do atendimento,

CO
pelo promotor de justiça, ao princípio da obrigatoriedade da ação penal pública,

DO
naquelas hipóteses em que, ao invés de oferecer denúncia, o membro do

EN
Ministério Público requer o arquivamento dos autos da investigação, constitui

S
inequívoca afronta ao princípio acusatório. ”

RO
CE
Abaixo, vamos reestruturar o procedimento após as alterações:

NI
Decisão de arquivamento

DE
AU
O órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial.

0L
Após, o órgão do Ministério Público encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins

47
de homologação.
50
A vítima poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à
07
revisão na instância de revisão ministerial.
36
02

Crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito


A

policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
ST

41998
CO

A primeira observação importante, é que a lei conferiu apenas à vítima a possibilidade de provocar
O

a instância ministerial de revisão, deixando de fora o investigado e a Autoridade Policial.


ND

Entretanto, destaca-se que o STF, ao conferir interpretação conforme aos dispositivos que
SE

disciplinam o arquivamento (ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305) decidiu que a autoridade judicial competente
RO

também poderá submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique
CE

patente ilegalidade ou teratologia no ato do arquivamento.


NI
DE

Outro ponto é que a lei não mais trata da hipótese em que o juiz discordar do requerimento de
AU

arquivamento, pelo simples fato de que não cabe ao Juiz de Garantias discordar ou não da opinião do
L

membro do Ministério Público. A decisão de arquivamento fica adstrita ao âmbito do Ministério Público,
70

isto é, uma providência meramente administrativa, em observância ao sistema acusatório (Art.129, I, da


04

CRFB e Art. 3º-A do CPP).


5
07

Entretanto, destaca-se que o STF, ao conferir interpretação conforme aos dispositivos que
36

disciplinam o arquivamento (ADIs 6298, 6299, 6300 e 6305) decidiu que o MP submeterá sua manifestação
02

ao juiz competente.
A
ST
CO

7. DESARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO E A PROPOSITURA DE AÇÃO PENAL


O
ND

Conforme dispõe o art. 18 do CPP, o inquérito só pode ser desarquivado se a autoridade policial tiver
SE

obtido notícias de provas novas.


RO
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36
Cumpre destacar que a possibilidade de desarquivamento pressupõe que a decisão de arquivamento

02
tenha se pautado em hipótese que apenas formou coisa julgada formal (ex.: arquivamento por falta de lastro

STA
probatório) posto que pautada na cláusula rebus sic stantibus: mantidos os pressupostos fáticos que serviram

CO
de amparo ao arquivamento, esta decisão deve ser mantida; modificando-se o panorama probatório, nada

DO
impede o desarquivamento do inquérito policial.

SEN
ATENÇÃO: Para o delegado de polícia proceder a novas pesquisas, dando continuidade às investigações –

RO
basta que haja NOTÍCIAS de provas novas. Por outro lado, para o Ministério Público dar início a uma nova

CE
ação penal, não basta haver notícias de provas novas, é necessário que existam efetivamente PROVAS

NI
NOVAS. Esse é o entendimento cristalizado na Súmula 524 do STF:

DE
AU
Súmula 524 STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a

0L
47
requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem
novas provas. 50
07
36

Conforme ensina o autor Renato Brasileiro, desarquivamento não é a mesma coisa que oferecer a
02

denúncia.
A
ST

▪ Desarquivar: significa reabrir as investigações,41998


sendo suficiente para tal a notícia de provas novas.
CO

▪ Oferecer denúncia: propositura da ação penal, sujeita ao surgimento de provas novas.


O
ND

Pergunta-se: Quem é responsável pelo desarquivamento do inquérito policial?


SE

R.: Há doutrinadores que entendem que é a autoridade policial. De acordo com o art. 18 do CPP,
RO

depois de arquivado o inquérito por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a
CE

novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia. Por questões práticas, como os autos do inquérito policial
NI

ficam arquivados perante o Poder Judiciário – leia-se, juiz das garantias –, tão logo tome conhecimento da
DE

notícia de provas novas, deve a autoridade policial representar ao Ministério Público, solicitando o
AU

desarquivamento físico dos autos para que possa proceder a novas investigações.
L
70

Porém, a doutrina majoritária defende que o desarquivamento compete ao Ministério Público, titular
41998
04

da ação penal pública, e, por consequência, destinatário final das investigações policiais. Diante de notícia de
5
07

prova nova a ele encaminhada, seja pela autoridade policial, seja por terceiros, deve promover o
36

desarquivamento, solicitando à autoridade judiciária o desarquivamento físico dos autos. Caso haja
02

dificuldades no desarquivamento físico dos autos do inquérito policial, nada impede que o Ministério Público
A
ST

requisite a instauração de outra investigação policial.


CO
O

Pergunta-se: Qual seria o conceito de provas novas?


ND

R.: Conforme jurisprudência e doutrina majoritária, provas novas são aquelas provas capazes de
SE

alterar o contexto probatório dentro do qual foi proferida a decisão de arquivamento.


RO
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36
De acordo com a doutrina, há duas espécies de provas novas:

02
a) Prova formalmente nova: prova que já era conhecida, mas ganhou nova versão após o

S TA
arquivamento. Ex.: mudança no depoimento testemunhal.

CO
b) Prova materialmente/substancialmente nova: é a prova inédita, desconhecida, que estava oculta

DO
por ocasião do arquivamento.

S EN
Como já se pronunciou o STJ:

RO
CE
(...) três são os requisitos necessários à caracterização da prova autorizadora do

NI
desarquivamento de inquérito policial (artigo 18 do CPP): a) que seja formalmente

DE
nova, isto é, sejam apresentados novos fatos, anteriormente desconhecidos; b) que

AU
seja substancialmente nova, isto é, tenha idoneidade para alterar o juízo

0L
47
anteriormente proferido sobre a desnecessidade da persecução penal; c) seja apta
50
a produzir alteração no panorama probatório dentro do qual foi concebido e
07
acolhido o pedido de arquivamento. Preenchidos os requisitos – isto é, tida a nova
36

prova por pertinente aos motivos declarados para o arquivamento do inquérito


02

policial, colhidos novos depoimentos, ainda que de testemunha anteriormente


A
ST

ouvida, e diante da retificação


41998do testemunho anteriormente prestado –, é de se
CO

concluir pela ocorrência de novas provas, suficientes para o desarquivamento do


41998
O

inquérito policial e o consequente oferecimento da denúncia. (STJ, 6ª Turma, RHC


ND

18.561/ES, Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 11/04/2006).


SE
RO

Atenção! O STJ tem precedente afirmando que “mudança de entendimento jurisprudencial sobre aspectos
CE

jurídicos da situação fática apreciada no procedimento investigatório arquivado NÃO autoriza o


NI

desarquivamento do inquérito policial” (STJ, Corte Especial, Apn 311/RO, Rel. Min. Humberto Gomes de
DE

Barros, j. 02/08/2006).
AU
L
70

Pergunta-se: E qual é a natureza jurídica de “provas novas”?


04

R.: A descoberta de provas novas funciona como condição de procedibilidade para o exercício da
5
07

ação penal.
36

CAIU EM PROVA:
02
A

(Delegado da PCPB 2022): Em regra, é possível desarquivar o inquérito policial quando fundamentado na
ST

A) atipicidade do fato.
CO

B) falta de justa causa para a ação penal.


O

C) decadência do direito de representação do ofendido.


ND

D) comprovação de coação moral irresistível.


SE

E) menoridade do autor do fato.


RO

Gabarito: letra B.
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36
02
8. TRANCAMENTO (OU ENCERRAMENTO ANÔMALO) DO INQUÉRITO POLICIAL

STA
CO
O trancamento, por sua vez, é determinado pelo juiz (não há consenso) quando a mera tramitação

DO
do IP configura um constrangimento ilegal contra o paciente.

EN
Segundo o autor Renato Brasileiro, trata-se de medida de força que acarreta a extinção prematura

S
das investigações quando a mera tramitação do inquérito configurar constrangimento ilegal.

RO
O trancamento do IP é uma medida de natureza excepcional, somente sendo possível quando:

CE
a) Não houver qualquer dúvida sobre a atipicidade (formal/material) da conduta;

NI
b) Presença de causa extintiva da punibilidade;

DE
c) Ausência de justa causa.

AU
0L
47
Salienta-se que o instrumento adequado para o trancamento do IP será:
● 50
Habeas corpus – nos casos em que há risco à liberdade de locomoção; 41998
07
● Mandado de segurança – nos casos de pessoa jurídica, em que não há risco à liberdade de
36

locomoção.
02
A
ST

CF, art. 5º, LXVIII: conceder-se-á


41998 "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se
CO

achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por


O

ilegalidade ou abuso de pode”.


ND
SE

Súmula 693 STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de
RO

multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária
CE

seja a única cominada.


NI
DE

9. RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL


AU
L
70

Fundamento legal: art. 10 do CPP.


04

Cuida-se, o relatório, de peça elaborada pela autoridade policial (Delegado de Polícia), de conteúdo
5
07

eminentemente descritivo, onde deve ser feito um esboço das principais diligências realizadas na
36

investigação criminal.
02

A produção do relatório policial NÃO é condição sine qua non para o oferecimento da denúncia. Se
A
ST

nem mesmo o IP é indispensável para o oferecimento da ação penal, tampouco o relatório o será. Contudo,
CO

trata-se de um dever legal do Delegado, sob pena de ser responsabilizado disciplinarmente.


O

Entretanto, cabe destacar disposição legal específica no que se refere a Lei de Drogas (Lei
ND

11.343/06):
SE
RO
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36
Lei 11.343/06 - Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a

02
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo: I -

TA
S
relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões que a

CO
levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza da substância

DO
41998
ou do produto apreendido, o local e as condições em que se desenvolveu a ação

EN
criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os antecedentes

S
do agente (…)

RO
CE
Esquematizando para as provas objetivas:

NI
▪ Regra: O relatório é peça meramente descritiva, que aborda somente as diligências realizadas.

DE
▪ Exceção: Na Lei de Drogas, o delegado deve emitir um juízo de valor sobre as circunstâncias do crime.

AU
0L
47
Ocorre que esse raciocínio é ultrapassado. Dizia-se que o delegado de polícia faz apenas um juízo de
50
tipicidade. Contudo, o direito penal adota o conceito analítico de crime. Crime é fato típico, ilícito e
07
culpável. Portanto, para que haja adequação típica em sentido lato é necessário que todos os elementos
36

do fato estejam presentes.


02
A
ST

Pergunta-se: Para onde o delegado de polícia41998


deve enviar o relatório? O CPP prevê que o relatório
CO

deve ser enviado ao juiz competente (art. 10, §1º do CPP).


O

Tribunais Superiores: Asseveram a constitucionalidade do dispositivo, uma vez que o


ND

encaminhamento ao juiz é meramente administrativo. O magistrado redireciona automaticamente


SE

os autos ao MP. Isso, portanto, não tem o condão de comprometer o sistema acusatório do processo.
RO

Doutrina majoritária: Doutrina garantista sustenta que o envio do relatório final realizado pelo
CE

delegado ao juiz ofende o sistema acusatório. O certo seria encaminhá-lo diretamente ao MP, por
NI

ser ele o destinatário final do inquérito policial


DE
AU
L
70

Tramitação direta entre o Delegado de Polícia e o Ministério Público:


04

Embora se fale, ordinariamente, que o STF tem decisão (ADI 2886/RJ) no sentido de não admitir a
5
07

tramitação direta do inquérito policial com investigado solto entre a Polícia e o Ministério Público, na verdade
36

a decisão do STF não foi no sentido de INADMITIR A TRAMITAÇÃO DIRETA, mas sim declarar o artigo da Lei
02

Estadual (do MP/RJ) inconstitucional por contrariar previsão expressa em lei federal a qual dispõe acerca do
A
ST

envio direto dos autos ao juiz (CPP). Tanto é que o STJ já declarou a resolução/portaria do MPF, que prevê a
CO

tramitação direta, constitucional.


O

Ressalta-se, ainda, que há ação no STF que tramita com reconhecimento de repercussão geral (está
ND

atualmente 30/08/2023 com Remessa da Petição: 95989/2023 para o gabinete do Min. Alexandre de
SE

Moraes - RE 660.814) acerca de ato de provimento da Corregedoria-Geral de justiça.


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36
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito

02
policial entre a polícia e o Ministério Público. É CONSTITUCIONAL lei estadual que

TA
S
preveja a possibilidade de o MP requisitar informações quando o inquérito policial

CO
não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto. STF. Plenário. ADI

DO
2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014 (Info 741).

EN
S
O STJ, por sua vez, tem precedente no sentido de admitir a tramitação direta entre a Polícia Federal

RO
e o MPF, por atender à garantia da razoável duração do processo, economia processual e eficiência, sem

CE
afastar a cláusula de reserva de jurisdição (Informativo 574, 5ª T. STJ).

NI
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41998

LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI DE RACISMO

02
STA
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CO
Lei 7.716/89 – inteira

DO
EN
● CF/88

S
RO
⦁ Art. 3º, IV

CE
Art. 4º, VIII

NI
⦁ Art. 5º, XLII

DE
⦁ Art. 109, V

AU
0L
● OUTROS DIPLOMAS LEGAIS

47
⦁ Art. 140, §3º, CP
⦁ Art. 310, III, CPP 50
07
36

⦁ Art. 96, 100 e 15 da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso)


02

⦁ Art. 1º, parágrafo único, I, 12.288/10


A

⦁ Art. 8º, da Lei nº 7.853 e art. 88 da Lei 13.146.


ST

41998
⦁ Art. I, n°1 e art. IV, “a”, Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as Formas de
CO

Discriminação Racial (Promulgada pelo Decreto nº 65.810/69)


O
ND

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!


SE

⦁ Art. 5º, XLII, CF/88


RO

⦁ Art. 140, §3º, CP


CE

⦁ Art. 310, III, CPP


NI

⦁ Art. 4º, §2º, da Lei nº 7.716/89


DE

⦁ Art. 20, §§2º, 3º e 4º, da Lei nº 7.716/89


AU
L
70

CAIU EM PROVA:
5 04
07

(Delegado da PCPB 2022): No que concerne às disposições estabelecidas na Lei n.º 7.716/1989 e decisões do
36

STF acerca dos crimes nela previstos, assinale a opção correta. Admite-se a substituição da pena privativa de
02

liberdade por restritivas de direitos, se preenchidos os requisitos do Código Penal.


A
ST
CO

1. RACISMO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


O
ND
SE

É possível conceituar racismo como uma discriminação baseada em percepções sociais e diferenças
RO

biológicas, como ocorre no racismo negro, a partir da esteriotipização de um fenótipo, e sociais.


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36
Em virtude da aversão que tal conduta recebe do ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição

02
achou por bem colocar, tanto como um dos objetivos fundamentais da República, como em um de seus

S TA
princípios regentes das relações internacionais, o repúdio ao terrorismo e racismo e, ainda, um mandado de

CO
criminalização indicando o tratamento que deve ser dado para os crimes de racismo (art. 5°, XLI – a lei punirá

DO
qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdade fundamentais; XLII- a prática do racismo constitui

EN
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei).

S
RO
41998

Diante do exposto, podemos extrair as seguintes conclusões:

CE
O racismo deve ser criminalizado (mandado constitucional de criminalização), não podendo ser

NI
tratado como mera contravenção penal;

DE
O crime de racismo deve ser punido com pena de reclusão;

AU
O crime de racismo deve ser imprescritível;

0L
47
O crime de racismo deve ser insuscetível de liberdade provisória com fiança.
50
07
2. O BEM JURÍDICO TUTELADO PELA LEI Nº 7.716/89
36
02

O legislador, em respeito ao comando do constituinte, que impõe a necessidade de um mandado de


A
ST

criminalização, pretendeu proteger a dignidade da pessoa


41998 humana, bem como a igualdade dos indivíduos,
CO

de modo a punir as condutas que visem inviabilizar direitos em razão de discriminação ou preconceito de
O

raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.


ND
SE

3. CONCEITOS E ALCANCE DA LEI Nº 7.716/89


RO
CE

Art. 1º. Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação
NI

ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.


DE
AU

Primeiro, devemos diferenciar dois conceitos importantíssimos: discriminação e preconceito. Apesar


L
70

de estarem interligados, são expressões que não se confundem. Veja:


04
5
07

● PRECONCEITO: é um conceito ou sentimento (pré)concebido sem exame crítico ou razão. No


36

contexto da Lei 7716/89, são concepções (pré)criadas por alguém de modo a desqualificar pessoas
02

em razão de sua raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Ex.: A julga que B é menos
A
ST

inteligente e indigno de direitos por ser procedente de determinada região do país.


CO

● DISCRIMINAÇÃO [L.12.288/10 – Estatuto da Igualdade Racial –, art. 1º, parágrafo único, I]: toda
O

distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional
ND

ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em
SE

igualdade de condições, de Direitos Humanos e liberdades fundamentais nos campos político,


RO

econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada. Portanto, a
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
discriminação é uma atitude dinâmica, atitude de segregação. É a manifestação do preconceito que

02
reflete em efetiva diferenciação, sempre em razão dos motivos proibidos em lei. É o preconceito na

S TA
forma ativa.

CO
Assim, enquanto o preconceito é estático, sendo apenas um conceito pré-concebido sem um exame crítico,

DO
a discriminação é a própria materialização do preconceito.

EN
S
RO
a) Raça:

CE
● Historicamente: raça se traduz como um conceito atrelado às características físicas e biológicas,

NI
DE
como por exemplo, a conformação do crânio, tipo de cabelo, cor da pele etc., coincidentes entre os

AU
indivíduos, que serve para alocá-los em um ou outro grupo. Essa definição é antropológica-biológica

0L
ou restritiva.

47
● Hodiernamente: O Supremo decidiu que não existem várias raças, existe apenas uma raça, que é a
raça humana. 50
07
36
02

Em decorrência disso, foi necessário promover uma adequação terminológica pela jurisprudência,
A

pois, como existe apenas uma raça, é impossível praticar o crime mediante a raça (justamente porque todos
ST

pertencem à mesma raça: humana). No HC 82.424 do STF,


41998
julgado histórico que trata da publicação de livros
CO

41998
antissemitas, o STF adotou uma definição jurídica ampliativa do conceito de raça.
O

Já Convenção Interamericana de Combate ao Racismo, que possui status de emenda constitucional,


ND

se aproxima de uma concepção antropológico-biológica, portanto, restritiva. Contudo, hoje, o melhor


SE

encaminhamento em concursos é posicionar-se ao lado da compreensão ampliativa já adotada pelo STF.


RO

b) Etnia: coletividade de indivíduos que se diferencia por sua especificidade sociocultural,


CE

apresentando relativa homogeneidade cultural, linguística e nas maneiras de agir. Ex.: de grupo social que
NI
DE

apresenta homogeneidade cultural e linguística: comunidade indígena.


AU

c) Cor: expressão cromática da pele de um indivíduo. A presente lei pune a


L

discriminação/preconceito fundada na cor da pele. Ex: negros – brancos - amarelos (asiáticos).


70

d) Religião: crença em uma existência sobrenatural ou em uma existência divina que rege o universo
04

e/ou as ações humanas, do ponto de vista metafísico, com manifestação por meio de rituais ou cultos. Ex:
5
07

católico, protestante etc.


36
02

A discriminação baseada no ateísmo é abrangida pela L.7716?


A
ST

O entendimento majoritário na doutrina é que “ateísmo” não é religião, com isso, essa discriminação
CO

fundada na religião não está correta. Ou seja, o ateu pode ser sujeito ativo da discriminação fundada na
O

religião, mas não pode ser vítima dela. Entretanto, depois do posicionamento ampliativo do conceito de
ND

“racismo”, numa visão sociocultural, adotada pelo STF, é certo que o ateu está protegido pela Lei nº 7.716/89.
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e) Procedência nacional: exprime a discriminação e o preconceito em relação à origem nacional ou

02
regional. Logo, XENOFOBIA É RACISMO.

STA
● Formas que pode se manifestar:

CO
⋅ Contra nacionais de Estado-membro diverso, reconhecíveis pelo modo de falar, pela aparência física.

DO
Ex.: cariocas x paulistas x goianos x gaúchos x nordestinos;

EN
⋅ Contra pessoas de região diversa dentro do mesmo estado ou cidade, ainda que de mesma

S
naturalidade. Ex.: Dono de badalado restaurante na Zona Sul x cliente morador de comunidade.

RO
⋅ Em razão de nacionalidade. Ex.: brasileiro x paraguaio x argentino. Veja abaixo um caso emblemático:

CE
NI
Procedência nacional – 5ªT.STJ (RHC 19.166, DJ 20/11/2006)

DE
Caso: Voo NY para RJ > desentendimento: passageiro e 2 comissários em razão do

AU
assento. Já em solo nacional, o passageiro solicitou os nomes dos comissários, que

0L
47
não portavam crachá. Um dos comissários falou para a vítima: “Amanhã vou
50
acordar jovem, bonito, orgulhoso, rico e sendo um poderoso americano, e você vai
07
acordar como safado, depravado, repulsivo, canalha e miserável brasileiro”.
36
02

STJ: “[...] a intenção dos réus, em princípio, não era precisamente depreciar o
A
ST

passageiro (a vítima), mas salientar


41998 sua humilhante condição em virtude de ser
CO

brasileiro, i.e., a ideia foi exaltar a superioridade do povo americano em


O

contraposição à posição inferior do povo brasileiro, atentando-se, dessa maneira,


ND

contra a coletividade brasileira. Assim, suas condutas, em tese, subsumem-se ao


SE

tipo legal do art. 20, da Lei 7.716/86”.


RO
CE

f) Orientação Sexual: Se refere ao sentimento de atração de um indivíduo por outras pessoas,


NI

podendo ser do mesmo sexo, do sexo oposto, de ambos os sexos ou ainda sem referência ao sexo ou ao
DE

gênero.
AU
L
70

O STF estendeu a aplicação da Lei nº 7.716 às condutas homofóbicas e transfóbicas. A decisão é objeto de
04

forte crítica doutrinária de alguns, em razão da flexibilização do princípio da legalidade em virtude da


5
07

permissão de uma analogia “in malam partem” em direito penal, mas também recebe fortes elogios de
36

outros, em virtude da aplicação da41998


proporcionalidade em sua faceta de vedação a proteção ineficiente.
02
A
ST

Conclusão: Apesar de o legislador ter previsto a punição das condutas resultantes de preconceito de
CO

raça, cor, etnia, religião e procedência nacional, o STF estendeu o conceito de raça para realizar a tutela de
O

condutas perpetradas de forma preconceituosa contra homossexuais e transexuais.


ND
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g) Identidade de gênero: identificação dos indivíduos como homem, mulher ou alguma categoria

02
diferente do masculino e feminino (não binário). É como a pessoa se vê, é a identidade cultural daquele

S TA
indivíduo, pouco importando o seu sexo biológico.

CO
DO
4. DESDOBRAMENTOS DA ADOÇÃO DO CONCEITO SOCIOCULTURAL/AMPLIADO DE RACISMO

S EN
Art. 5º, CR. (...)

RO
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à

CE
pena de reclusão, nos termos da lei;

NI
DE
Para o STF é plenamente possível que a Constituição estabeleça que determinados crimes sejam

AU
imprescritíveis. Isso porque: (i) a CF prevê tal possibilidade no rol dos direitos e garantias individuais, e (ii)

0L
47
tendo em vista a tamanha a gravidade desse crime, não se pode deixar que fatos delituosos como estes
caíssem em esquecimento. Não se pode apagar da memória do povo. 50
07
Parte da doutrina defendia que a imprescritibilidade e a inafiançabilidade impostas pela CR somente
36

alcançariam o crime de racismo praticado em razão de raça, cor e, para alguns, de etnia. O STF, no julgamento
02

do HC 82.424/RS determinou que essa aplicabilidade recai sobre quaisquer das formas pelas quais o crime
A
ST

de racismo seja praticado (raça, cor, etnia, religião, procedência


41998 nacional, orientação sexual e identidade de
CO

gênero).
O

Importante recordar que, além do racismo, também é imprescritível a ação de grupos armados, civis
ND

ou militares contra a ordem constitucional e estados democráticos (art.5º LXIV da CF). Segundo a maioria da
SE

doutrina, são os crimes previstos na lei de segurança nacional, Lei nº 7.170/83.


RO
CE

● E os atos discriminatórios determinados pelas outras leis (pessoa com deficiência, idoso)?
NI

São imprescritíveis? Se essas condutas forem enquadradas no conceito de racismo, serão


DE

imprescritíveis e inafiançáveis. Não há decisão do STF


41998
nesse sentido, portanto, por ora, essas
AU

condutas não devem ser consideradas como racismo.


L
70
04

Em relação ao delito de racismo não é cabível a liberdade provisória com fiança. Se a pessoa foi presa
5
07

em flagrante, não cabe pagamento de fiança para a liberdade provisória. No entanto, prevalece o
36

entendimento de que é cabível a liberdade provisória sem fiança, cumulada ou não com as medidas
02

cautelares diversas da prisão. Deve-se aplicar o art. 310, III do CPP.


A
ST
CO

5. CONSIDERAÇÕES INICIAIS GERAIS SOBRE OS CRIMES PREVISTOS NA LEI Nº 7.716/89


O
ND

a) Condutas: Os verbos utilizados pelo legislador são: Obstar; Impedir; Negar; e Recusar
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OBSTAR/IMPEDIR NEGAR/RECUSAR

02
TA
Impedir é negar o acesso, proibir, obstruir. Negar é recusar-se a atender a pedido ou solicitação,

S
Obstar é criar obstáculos ou dificuldades, opor-se, ou ainda deixar de prestar serviço ou entregar bem.

CO
causar embaraço. Recusar, igualmente, consiste em deixar de fornecer

DO
serviço ou entregar bem.

EN
S
b) Elemento subjetivo: Todos os tipos penais da lei são dolosos. Ademais, todos os tipos penais

RO
possuem um especial fim de agir, consistente na discriminação de alguém em razão de raça, cor, etnia,

CE
religião, procedência nacional, além de orientação sexual e identidade de gênero, por força de orientação

NI
DE
jurisprudencial.

AU
Ausente o especial fim de agir, a conduta será atípica, como na hipótese de uma brincadeira feita

0L
entre amigos, em que não há a vontade específica de discriminar.

47
c) Bem Jurídico Tutelado: igualdade. 50
07
d) Consumação: Os delitos descritos nos arts. 3º a 14 são formais, ou seja, dispensam a ocorrência do
36

resultado naturalístico para fins de consumação. Em outras palavras: mesmo que a vítima não se sinta
02

ofendida o crime estará consumado.


A
ST

41998
CO

e) Ação penal: Todos os crimes da lei são de ação penal pública incondicionada.
41998
O
ND

f) Competência: Estadual ou federal, a depender do caso concreto.


SE

Será da Justiça Estadual nos casos dos delitos dos arts. 4º, 5º, 7º a 12 e 14, que se dão,
RO

necessariamente, no âmbito de relações privadas. Por outro lado, a competência será da Justiça Federal, por
CE

exemplo, nos casos adiante mencionados:


NI

∘ No caso do art. 3º (acesso a cargo público), quando o delito ocorrer em órgão federal da
DE

administração direta, bem como em autarquia ou empresa pública federal;


AU

∘ No caso do art. 6º (acesso a estabelecimento de ensino), se a instituição de ensino for federal;


L
70

∘ Nos casos do art. 13, que envolve as Forças Armadas;


04

∘ No caso de internacionalidade do delito (CF, art. 109, V), uma vez que se trata de crime que o Brasil
5
07

se obrigou a reprimir, nos termos do art. IV, “a”, da Convenção Internacional Sobre a Eliminação de
36

Todas as Formas de Discriminação Racial (Decreto n. 65.810/69);


02
A
ST

Info. 515-STJ – Conexão probatória (competência) - Em regra, a competência para


CO

processar e julgar o crime de racismo praticado pela internet é do local de onde


O

partiram as mensagens com base no art. 70 do CPP, tendo em vista que, quando o
ND

usuário da rede social posta a manifestação racista, ele, com esta conduta, já
SE

consuma o crime. Logo, se as condutas delitivas foram praticadas por diferentes


RO

pessoas a partir de localidades diversas, a princípio, a competência para julgar seria


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das Justiças localizadas nos locais de onde partiram as mensagens racistas. Todavia,

02
tais condutas contaram com o mesmo modus operandi, qual seja, troca e postagem

STA
de mensagens de cunho racista e discriminatório contra diversas minorias. Dessa

CO
forma, estando interligadas as condutas, constata-se a existência de conexão

DO
probatória a atrair a incidência dos arts. 76, III, e 78, II, do CPP. Será competente

EN
para julgar conjuntamente os fatos o juízo prevento, ou seja, aquele que primeiro

S
conheceu dos fatos.

RO
CE
g) Efeitos da condenação: Constituem efeitos NÃO AUTOMÁTICOS, da condenação por crimes da

NI
presente lei: Perda do cargo ou função pública, para o servidor público e a suspensão do funcionamento do

DE
estabelecimento particular por prazo não superior a três meses (art. 16).

AU
Os efeitos da Lei nº 7.716/89 não excluem a aplicação dos efeitos previstos no Código Penal, desde

0L
47
que compatíveis.
50
07
41998

OBS.1: Todos os crimes têm pena de reclusão até mesmo por mandamento constitucional (art. 5°, XLII - a
36

prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
02

lei), com a seguinte EXCEÇÃO: “Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de serviços à comunidade,
A
ST

incluindo atividades de promoção da igualdade racial,


41998quem, em anúncios ou qualquer outra forma de
CO

recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas
O

atividades não justifiquem essas exigências.”


ND
SE

OBS.2: Há quem defenda ser incabível a aplicação da suspensão condicional do processo, pois a motivação
RO

da conduta seria incompatível com o benefício. Da mesma forma, defende-se a impossibilidade de aplicação
CE

do acordo de não persecução penal, pois tal medida seria inadequada e insuficiente para a repressão e
NI

combate a esse tipo de criminalidade.


DE
AU

6. CRIMES EM ESPÉCIE
L
70
04

CAIU EM PROVA:
5
07
36

(Delegado da PCBA 2013): Considerando o que dispõe a legislação atual acerca de discriminação, julgue o
02

item que se segue.


A

Pratica crime o empregador que, por motivo de discriminação de raça ou cor, deixar de conceder
ST

equipamentos necessários ao empregado, em igualdade de condições com os demais trabalhadores.


CO

(CORRETA)
O
ND

Art. 2º-A – Injúria Racial – NOVIDADE LEGISLATIVA!


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36
02
Novo tipo penal Injúria Racial (deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal)

S TA
Foi alterado o antigo parágrafo 3° pela Lei n. 14.532/2023 que retira a injúria consistente na utilização

CO
41998

de elementos referente a raça, cor, etnia. Houve aplicação do princípio da continuidade normativo-

DO
típica que significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém com o deslocamento do conteúdo

EN
criminoso para outro tipo penal, ainda que topologicamente ou normativamente diverso do originário. A

S
RO
intenção é que a conduta permaneça criminosa. Logo, agora é tipificado como racismo a injúria racial,
estando prevista na Lei n. 7.716/89.

CE
Considerações:

NI
DE
● Alteração no quantum da pena: antes era 1 a 3 anos previsto no Código Penal, agora a pena é de

AU
reclusão 2 a 5 anos.

0L
● Trata-se de uma novatio legis in pejus. A Lei 14.532/23 é irretroativa, não alcançando fatos pretéritos,

47
em estrita obediência ao art. 1º do CP.
50
07
Não há mais dúvida, portanto, de que essa forma de injúria deve sofrer as mesmas
36
02

consequências do crime de racismo: imprescritibilidade, inafiançabilidade e incondicionalidade da ação


A

penal pública!!!
ST

41998
CO

Lei n. 14.532/23, Art. 2º-A Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o


O
ND

decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional. (Incluído pela Lei
SE

nº 14.532, de 2023)
RO

Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº


14.532, de 2023)
CE

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade se o crime for cometido


NI
DE

mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. (Incluído pela Lei nº 14.532, de


AU

2023)
L

Atente-se que a pena é AUMENTADA de METADE se o crime for cometido mediante concurso de 2
70

(duas) ou mais pessoas!


04
5
07

E a injúria praticada por homotransfobia? Onde se situa nesse contexto? De acordo com autores
36
02

e delegados Bruno Gilaberte e Francisco Sanini, apesar da ausência de previsão expressa, cuida-se de
A

situação atinente ao art. 2º-A, da Lei 7.716, conclusão é inexorável, face ao decidido pelo STF na ADO 26 e
ST

no MI 4.733.
CO
O
ND

6.1. Art. 3º - Acesso a cargo público


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36
No delito de “Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da

02
Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos” há um elemento

STA
normativo do tipo: pessoa devidamente habilitada. O juiz vai verificar se o sujeito estava habilitado e a recusa

CO
se deu por conta da discriminação.

DO
A lei menciona apenas em cargo, não mencionando emprego ou função pública. Nesse caso temos

EN
divergência possibilitando dois entendimentos.

S
41998

RO
⋅ 1ª corrente: (Victor Eduardo Rios Gonçalves + José Paulo Baltazar Jr. e Gabriel Habib): Essa corrente

CE
entende que emprego público não está abrangido pelo art. 3º, pois seria uma analogia in malam

NI
partem. Assim, permaneceria um crime subsidiário - art. 20, na modalidade praticar;

DE
⋅ 2ª corrente: (Nucci): Essa segunda posição defende que o dispositivo abrange o emprego público,

AU
far-se-á uma interpretação extensiva, porque o espírito da lei é o mesmo.

0L
47
6.2. Art. 4º - Emprego em empresa privada 50
07
36

Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada.


02
A
ST

a) Art. 4º, caput - Emprego em empresa privada: obstar


41998ou negar emprego, não abrangendo uma prestação
CO

de serviço eventual, empreitada etc., pois exige a relação de emprego. Por “empresa privada” entende-se
O

sociedade ou individual, comercial ou civil, ainda que irregular ou de fato. Inclui profissionais liberais. Não
ND

inclui: sindicatos, cooperativas, fundações, condomínios e serviços domésticos.


SE
RO

b) Art. 4º, §1º, I


CE

É crime próprio, (pessoa encarregada do fornecimento dos equipamentos indispensáveis, e que os


NI

dispensa por critérios “racistas”). O empregador negro que deixa de fornecer equipamento ao empregado
DE

branco, em razão de critérios de raça, cor, etnia, religião, etc, comete o delito.
AU
L
70

c) Art. 4º, §1º, II - um crime próprio, portanto será a pessoa que tem o poder de permitir ou não a ascensão.
5 04
07

d) Art. 4º, §1º, III - Não significa que é somente quanto ao salário, pode ser outro tipo de diferenciação.
36
02

e) Art. 4º, §2º - Anúncios e recrutamento


A
ST

Crime próprio (responsável pelo recrutamento).


CO

As penas previstas são multa e prestação de serviços à comunidade, incluindo atividades de


O

promoção da igualdade racial. Parte da doutrina sustenta que o §2º do art. 4º padece de
ND

inconstitucionalidade, pois violou o mandado constitucional de criminalização que impõe o apenamento


SE

obrigatório com pena de reclusão.


RO
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36
O art. 4º, §2º, da Lei nº 7.716/89 prevê penas restritivas de direitos autônomas (quebrando a tradição

02
de serem substitutivas das penas privativas de liberdade). Não conversibilidade em PPL (nem em caso de

STA
recalcitrância conversão em multa).

CO
DO
6.3. Art. 5º - Acesso a estabelecimento comercial

EN
S
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a

RO
servir, atender ou receber cliente ou comprador.

CE
É um tipo alternativo misto, pois há uma negativa de receber, servir. É um crime subsidiário em

NI
relação aos arts. 7º-10, pois ele não especifica quais são esses estabelecimentos.

DE
AU
0L
ATENÇÃO: A lei não dá preferência a grupos historicamente estigmatizados. Ela vale para todos. Logo,

47
também é crime impedir a entrada de um branco num estabelecimento por discriminação, por exemplo.
50
07
6.4. Art. 6º - Ingresso em instituição de ensino
36
02
A

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em


ST

estabelecimento de ensino público


41998
ou privado de qualquer grau.
CO
O

Com relação à elementar normativa, “estabelecimento público ou privado de ensino de qualquer


ND

grau” são aquelas instituições inseridas no sistema nacional de ensino (Lei nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e
SE

Bases da Educação), bem como as instituições que participem do processo de formação intelectual das
RO

pessoas, tais como cursos de idiomas, cursos preparatórios para concurso, dentre outros.
CE
NI
DE

6.5. Art. 7º - Acesso ou hospedagem em hotéis e similares


AU
L

Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou


70

qualquer estabelecimento similar.


504
07

Tipo alternativo misto. Ex.: A impede o acesso de B a determinado hotel. Após a resistência inicial, A
36

consente com o ingresso de B, mas recusa-lhe hospedagem.


02

Sujeitos: próprio (recusar41998


hospedagem - quem detém poder suficiente para recusar a hospedagem.
A
ST

Ex.: proprietário, gerente etc.) e comum (impedir hospedagem – pode ser praticado por qualquer pessoa).
CO

Crime formal: O mero impedimento de acesso ou a recusa de hospedagem em hotel já configura o


O

tipo.
ND

Qualquer estabelecimento similar: albergue, hostel, motel, pousada, pensionatos.


SE

E residências alugadas para temporada, por exemplo, por meio do Booking ou Airbnb? NÃO, porque
RO

NÃO têm as mesmas características, mas pode se enquadrar no dispositivo subsidiário (art. 20).
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02
6.6. Art. 8º - Acesso a restaurantes e similares

STA
CO
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares,

DO
confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público.

EN
Pena: reclusão de um a três anos.

S
RO
É um tipo alternativo misto. Ex.: A impede o acesso de B a determinado bar. Após a resistência inicial,

CE
A consente com o ingresso de B, mas recusa-lhe atendimento.

NI
Interpretação analógica [ex.: cafeteria, sorveteria]. Aplicável para serviços de “delivery”, “takeaway”

DE
e “drive thru”, pois a expressão “atendimento” tem acepção mais ampla.

AU
0L
47
6.7. Art. 9º - Acesso a locais de diversão ou clubes sociais
50
07
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos,
36

casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público.


02

Pena: reclusão de um a três anos.


A
ST

41998
CO

Tipo alternativo misto.


O

Obs.: clubes sociais abertos ao público são os de livre acesso de qualquer pessoa, mediante
ND

pagamento de ingresso.
SE
RO

Cuidado, pois esse crime não abrange os clubes mantidos por associações. [Ex: Associação Goiana do MP]
CE

ou clubes sociais privados, pois a frequência somente pode ser feita por sócios previamente selecionados
NI

(ex.: só ingressa quem for indicado por outro sócio. A seleção que pode levar em conta múltiplos critérios,
DE

mas jamais fatores de raça, cor, etnia, religião, procedência nacional. (RHC 12.809/MG, Rel. Min. Hamilton
AU

Carvalhido, 6ªT. STJ, DJ 11/04/2005).


L
70
04

OBS.1: “Face control” e “dress code”: A princípio não é crime, salvo se esse controle estiver vinculado a
5
07

algum elemento racial.


36
02

41998

6.8. Art. 10 – Acesso a salões de cabeleireiros ou similares


A
ST
CO

Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros,


O

barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas


ND

finalidades.
SE

Pena: reclusão de um a três anos.


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36
6.9. Art. 11 – Acesso a entrada ou elevador social

02
STA
Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e

CO
elevadores ou escada de acesso aos mesmos:

DO
Pena: reclusão de um a três anos.

S EN
Cuidado 1: O art. 11 não é aplicado ao fato de uma placa ser colocada elevador social com os dizeres:

RO
“empregadas domésticas, apenas no elevador de serviço”, pois não há ofensa à raça, cor, etnia, religião,

CE
procedência nacional. Isso ocorre porque
41998
a lei não criminaliza o preconceito de classe social ou preconceito

NI
profissional.

DE
Cuidado 2: “negros, apenas no elevador de serviço”. Nesse caso temos uma segregação coletiva, de

AU
modo que se aplica o art. 11 da Lei.

0L
47
Não há crime:
50
✔ Restrição de acesso às entradas sociais ou uso do elevador social, com base em outros
07
critérios [mudanças; carrinhos de compras; animais; trajes de banho];
36

✔ Se for em relação a edifícios comerciais, aplica-se o art. 20.


02
A
ST

6.10. Art. 12 – Acesso ou uso de transportes públicos41998


CO
O

Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios
ND

barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte


SE

concedido.
RO

Pena: reclusão de um a três anos.


CE
NI

OBS.1: No caso de Táxi? Haverá o crime? Sim, pois dada a autorização do poder público: “qualquer
DE
AU

outro meio de transporte concedido”.


L

OBS.2: Não incide esse crime quanto ao transporte privado, por exemplo Uber (nesse caso, aplica-se
70

o art. 20). Também não incide esse dispositivo quanto ao impedimento de acesso ao meio de transporte
04

público em razão de lotação ou de ausência de dinheiro para pagar a passagem.


5
07
36

6.11. Art. 13 – Acesso ao serviço público militar


02
A
ST

Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das
CO

Forças Armadas.
O

Pena: reclusão de dois a quatro anos.


ND
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Sujeito ativo: é um crime próprio, quem possua incumbência de admitir o ingresso de alguém ao

02
serviço militar. Pode ser tanto um funcionário subalterno, encarregado da seleção, como um alto dirigente

STA
das Forças Armadas.

CO
Esse tipo incriminador abrange as carreiras militares (polícia militar e bombeiros) estaduais?

DO
Sobre esse questionamento temos 2 correntes.

EN
⋅ 1ª corrente: Não, essa corrente se fundamenta na CF, no art. 142 dizendo que as Forças Armadas,

S
são constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, sendo que polícia militar e bombeiro

RO
não estão englobados. Sendo que para essas pessoas serão aplicados os art. 3º ou 20. Essa primeira

CE
corrente é majoritária.

NI
⋅ 2ª corrente: Sim, essa corrente se fundamenta na CF, art. 144, §6º, diz que as polícias militares e

DE
corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, portanto engloba bombeiros

AU
e a polícia militar.

0L
47
6.12. Art. 14 – Casamento ou convívio familiar e social 50
07
36

Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou


02

convivência familiar e social.


A
ST

Pena: reclusão de dois a quatro


41998 anos.
CO
O

∘ Por “Meio”: entende-se como o impedimento de frequência a casa ou a imposição de condições que
ND

impeçam o casamento. Como exemplo o não consentimento em razão de o sujeito ser negro.
SE

∘ “Forma”: entende-se a ação praticada mediante violência ou ameaça, coação, fraude e, mesmo,
RO

remoção física, como no caso em que a vítima é levada por familiares a outro país, de modo a impedir
CE

o casamento ou o convívio com pessoa de etnia diversa.


NI

∘ “Convivência familiar”: abrange a união estável - inclusive homoafetiva.


DE

∘ “Convivência social”: abrange qualquer forma de contato mais próximo, fora do âmbito familiar.
AU

Exemplo, a amizade.
L
70
04

6.13. Art. 20.


5
07
36

CAIU EM PROVA:
02

41998
A

(Delegado da PCGO 2017): Uma jovem de vinte e um anos de idade, moradora da região Sudeste,
ST

inconformada com o resultado das eleições presidenciais de 2014, proferiu, em redes sociais na Internet,
CO

diversas ofensas contra nordestinos. Alertada de que estava cometendo um crime, a jovem apagou as
O

mensagens e desculpou-se, tendo afirmado estar arrependida. Suas mensagens, porém, têm sido veiculadas
ND

por um sítio eletrônico que promove discurso de ódio contra nordestinos. No que se refere à situação
SE

hipotética precedente, assinale a opção correta, com base no disposto na Lei n.º 7.716/1989, que define os
RO

crimes resultantes de preconceito de raça e cor.


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O crime praticado pela jovem não se confunde com o de injúria racial.

02
STA
Atenção! Alteração no art. 20 da Lei com acréscimo da qualificadora para crimes cometidos por

CO
intermédio de publicação em redes sociais e da rede mundial de computadores e, ainda, no contexto de

DO
atividades esportivas, religiosas, artísticas ou culturais destinadas ao público.

SEN
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor,

RO
etnia, religião ou procedência nacional.

CE
Pena: reclusão de um a três anos e multa.

NI
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas,

DE
AU
ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada,

0L
para fins de divulgação do nazismo.

47
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
50
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos
07
meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza:
36

§ 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo for cometido por intermédio dos
02

meios de comunicação social, de publicação em redes sociais, da rede mundial de


A
ST

computadores ou de publicação
41998 de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº
CO

14.532, de 2023) (novidade legislativa!)


O

Pena: reclusão de41998


dois a cinco anos e multa.
ND

§ 2º-B Sem prejuízo da pena correspondente à violência, incorre nas mesmas penas
SE

previstas no caput deste artigo quem obstar, impedir ou empregar violência


RO

contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas. (Incluído pela Lei nº


CE

14.532, de 2023) (novidade legislativa!)


NI

§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério


DE

Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de


AU

desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)


L
70

§ 3º No caso do § 2º deste artigo, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério


04

Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de


5
07

desobediência: (Redação dada pela Lei nº 14.532, de 2023) (novidade


36

legislativa!)
02

I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material


A
ST

respectivo;
CO

II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou


O

da publicação por qualquer meio;


ND

III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede


SE

mundial de computadores.
RO
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36
§ 4º Na hipótese do §2º, constitui efeito da condenação, após o trânsito em julgado

02
da decisão, a destruição do material apreendido.

STA
CO
Alteração do parágrafo 2º 41998

DO
EN
Parágrafo 2° Parágrafo 2°

S
ANTES DA LEI DEPOIS DA LEI

RO
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é § 2º Se qualquer dos crimes previstos neste artigo

CE
cometido por intermédio dos meios de for cometido por intermédio dos meios de

NI
comunicação social ou publicação de qualquer comunicação social, de publicação em redes

DE
AU
natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de sociais, da rede mundial de computadores ou de

0L
15/05/97) publicação de qualquer natureza: (Redação dada

47
pela Lei nº 14.532, de 2023)
50
O § 2º do art. 20 já existia antes mesmo da Lei 14.532/2023. A partir da novidade legislativa da Lei
07
14.532/2023 o que houve foi um acréscimo de elementos na qualificadora (especificamente): “de publicação
36

em redes sociais, da rede mundial de computadores”.


02

Para uma parcela da doutrina esse artigo 20 é inócuo, motivo pelo qual ele fere o princípio da
A
ST

taxatividade. Apesar dessa crítica, esse dispositivo 41998


é majoritariamente aceito e aplicado com alguma
CO

frequência, pois é tido como um TIPO SUBSIDIÁRIO.


O

Ou seja: deve ser utilizado quando a conduta não se subsumir a nenhum dos tipos penais
ND

anteriores, mas ainda assim caracterizar crime de preconceito)


SE

Note que os verbos “induzir” e “incitar (instigar)” são crimes autônomos. Assim, se A induz B a
RO

impedir o acesso de alguém a ônibus público, em virtude da cor de sua pele (art. 12), A será autor do delito
CE

do art. 20, em vez de partícipe no crime de B.


NI
DE

Art. 20- A e Art.20-B: Novas de causas de aumento em contexto ou com intuito de descontração, diversão
AU

ou recreação ou praticados por funcionário público


L
70

NOVIDADE LEGISLATIVA!
04

Art. 20-A. Os crimes previstos nesta Lei terão as penas aumentadas de 1/3
5
07

(um terço) até a metade, quando ocorrerem em contexto ou com intuito de


36

descontração, diversão ou recreação. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)


02

Art. 20-B. Os crimes previstos nos arts. 2º-A e 20 desta Lei terão as penas
A
ST

aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade, quando praticados por funcionário
CO

público, conforme definição prevista no Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de


O

1940 (Código Penal), no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-


ND

las. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)


SE

Considerações:
RO
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36
● Nova causa de aumento do art. 20-A dispõe: “os crimes previstos nesta lei...”. Isso quer dizer

02
que inclusive na injúria racial tal causa de aumento pode ser aplicável. Não se trata de causa

STA
de aumento específica do art. 20, mas sim de toda Lei do Crime Racial (Lei 7.716/1989).

CO
● Os crimes previstos nos arts. 2º-A (injúria racial) e 20 (racismo – tipo genérico) desta Lei terão

DO
as penas aumentadas de 1/3 (um terço) até a metade (1/2), quando praticados por

EN
funcionário público, conforme definição prevista no Código Penal (ou seja, conforme o art.

S
327 do CP), no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las.

RO
CE
Atenção! Contexto ou intuito de brincadeira: Animus Jocandi está tipificado na Lei do Crime Racial

NI
DE
(Lei 7.716/1989)? SIM, inclusive com causa de aumento! Antes existia uma divergência.

AU
Art. 20-C e art. 20- D: Interpretação da lei e obrigatoriedade de advogado ou defensor público nos atos

0L
processuais cíveis e criminais para as vítimas de crimes de racismo

47
NOVIDADE LEGISLATIVA!
50
07
Art. 20-C. Na interpretação desta Lei, o juiz deve considerar como
36
02

discriminatória qualquer atitude ou tratamento dado à pessoa ou a grupos


A

minoritários que cause constrangimento, humilhação, vergonha, medo ou


ST

exposição indevida, e que usualmente


41998
não se dispensaria a outros grupos em razão
CO

da cor, etnia, religião ou procedência. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)


O

Art. 20-D. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a vítima dos crimes
ND

de racismo deverá estar acompanhada de advogado ou defensor


SE

41998

público. (Incluído pela Lei nº 14.532, de 2023)


RO

Por fim, a Lei nº 14.532 que modificou a lei 7.716 entra em vigor na data de sua publicação, qual
CE

seja, 11.01.2023.
NI
DE
AU

7. JURISPRUDÊNCIAS SELECIONADAS
L
70

Em reiteradas questões de concursos policiais foi feita a cobrança de alguns casos específicos, em
04

virtude de sua relevância política e fática, de modo que é importante o entendimento dos seguintes julgados:
5
07
36

A lei nº 7.716/89 pode ser aplicada para punir as condutas homofóbicas e


02

transfóbicas. Até que sobrevenha lei emanada do Congresso Nacional destinada a


A
ST

implementar os mandados de criminalização definidos nos incisos XLI e XLII do art.


CO

5º da Constituição da República, as condutas homofóbicas e transfóbicas, reais ou


O

supostas, que envolvem aversão odiosa à orientação sexual ou à identidade de


ND

gênero de alguém, por traduzirem expressões de racismo, compreendido este em


SE

sua dimensão social, ajustam-se, por identidade de razão e mediante adequação


RO

típica, aos preceitos primários de incriminação definidos na Lei nº 7.716, de


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36
08.01.1989, constituindo, também, na hipótese de homicídio doloso, circunstância

02
que o qualifica, por configurar motivo torpe (Código Penal, art. 121, § 2º, I, “in

STA
fine”). STF. Plenário. ADO 26/DF, Rel. Min. Celso de Mello; MI 4733/DF, Rel. Min.

CO
Edson Fachin, julgados em 13/6/2019. (Info 944)

DO
EN
O então Deputado Federal Jair Bolsonaro proferiu palestra no auditório de

S
determinado clube e ali fez críticas e comentários negativos a respeito dos

RO
quilombolas e também de povos estrangeiros. No trecho mais questionado de sua

CE
palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o

NI
afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que

DE
nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado

AU
com eles. Recebem cesta básica e mais material em implementos agrícolas. Você

0L
47
vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada, pá,
50
picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque
07
eles revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu
36

que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20 da Lei nº


02

7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão


A
ST

prevista no art. 5º, IV, da41998


CF/88, além de também estarem cobertas pela
CO

imunidade parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de


O

repressão, dominação, supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos


ND

estrangeiros. O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de


SE

demarcação e proveito econômico das terras e configuram manifestação política


RO

que não extrapola os limites da liberdade de expressão. Além disso, as


CE

manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de


NI

parlamentar. Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do exercício do


DE

cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão geopolítica e econômica do País.
AU

Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra com os


L
70

pronunciamentos do parlamentar na Câmara dos Deputados, de sorte que incide a


04

imunidade parlamentar. STF. 1ª Turma. Inq 4694/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
5
07

julgado em 11/9/2018 (Info 915).


36
02

STF – Um dos aspectos da liberdade religiosa é o direito que o indivíduo possui de


A
ST

não apenas escolher qual religião irá seguir, mas também o de fazer proselitismo
CO

religioso, desse modo, ainda que sendo realizada comparação entre religiões,
O

atribuindo a uma superioridade sobre a outra, não se caracteriza, por si41998


só, crime
ND

de racismo. (RHC 134682/BA, 29/11/2016)


SE
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36
STF – A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus

02
seguidores não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade

STA
de expressão. Assim, é possível, a depender do caso concreto que um líder religioso

CO
seja condenado pelo crime de racismo (art. 20, parágrafo segundo, da lei 7.716/89)

DO
por ter proferido discursos de ódio público contra outras denominações religiosas

EN
e seus seguidores (RHC 146303/RJ 6/03/2018)

S
RO
CE
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A
ST

41998
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36
LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL: LEI ANTITERRORISMO

02
STA
1. MANDADOS DE CRIMINALIZAÇÃO

CO
DO
Segundo ensina o professor Renato Brasileiro, os mandados de criminalização são normas

EN
constitucionais que criam, para o legislador infraconstitucional, a obrigação de criminalizar lesões a

S
determinados bens jurídicos. Esse dever busca reforçar o princípio da proporcionalidade, sobretudo na

RO
vertente acerca da proibição da proteção deficiente.

CE
Dentre o rol de mandados de criminalização exigidos pela Constituição Federal, encontra-se a

NI
criminalização do terrorismo como crime equiparado a hediondo. Ressalta-se, inclusive, que este foi o último

DE
mandado de criminalização a ser concretizado pelo legislador ordinário, haja vista que a Lei Antiterrorismo

AU
somente foi elaborada em 2016.

0L
47
Atualmente, o terrorismo é tratado na Lei 13.260/16, que teve a sua vigência no mesmo dia da
publicação (18/03/2016). 50
07
36

Lei n. 13.260/16: Art. 1o Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º
02

da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições


A
ST

investigatórias e processuais41998
e reformulando o conceito de organização terrorista.
CO
O

CF/88. art. 5°, XLIII: a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça
ND

ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o


SE

terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os


RO

mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem


CE
NI
DE

Pergunta-se: Antes do advento da Lei 13.260/2016, havia o crime de terrorismo no Ordenamento


AU

Jurídico Brasileiro?
L
70

R.: Havia grande divergência doutrinária sobre o tema:


04
5
07

● 1ª C (minoritária): A primeira corrente entendia que o crime de terrorismo estaria definido no


36

ordenamento jurídico brasileiro, dentro da antiga Lei de segurança nacional (art. 20, da lei
02

7.170/83). Como adeptos dessa corrente temos o Professor Antônio Scarance Fernandes;
A
ST

Professor José Paulo Baltazar Júnior.


CO

● 2ª C: (majoritária): Para os adeptos desse entendimento, o crime de terrorismo (antes da Lei


41998
O

13.260/16), não estava definido na legislação pátria (Brasil). Isso porque o art. 20 não era
ND

suficiente para definir terrorismo, sob pena de configurar violação ao princípio da taxatividade.
SE

Essa era uma corrente defendida pelo Professor Alberto Silva Franco, que estava sendo aceita,
RO

chegando até ao STF.


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36
02
2. CONCEITO E ATOS DE TERRORISMO

STA
CO
A lei n. 13.260 conceitua, para fins de tipificação penal, terrorismo como:

DO
EN
Art. 2º O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos

S
previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de

RO
raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror

CE
social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a

NI
incolumidade pública.

DE
AU
§ 1º São atos de terrorismo:

0L
47
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos,
50
gases tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios
07
capazes de causar danos ou promover destruição em massa;
36

II – (VETADO);
02

41998

III - (VETADO);
A
ST

IV - sabotar o funcionamento
41998 ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a
CO

pessoa ou servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial,


O

ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de


ND

portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde,


SE

escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços


RO

públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações


CE

militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e


NI

instituições bancárias e sua rede de atendimento;


DE

V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:


AU

Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça
L
70

ou à violência.
04
5
07

Note que os atos de terrorismo elencados no §1º, são na realidade, meios de execução da prática
36

de terrorismo. Nesse sentido, o crime de terrorismo está previsto no caput do art. 2º, enquanto o §1º
02

somente dispõe sobre os meios de execução do terrorismo.


A
ST

Há, ainda, a possibilidade de utilizar a interpretação analógica, visto que o legislador utilizou a
CO

expressão “outros meios capazes de causar danos ou promover destruição em massa”.


O

Trata-se de tipo penal misto alternativo, pois caso o agente pratique mais de uma das condutas
ND

descritas no tipo, em qualquer dos seus incisos, responderá por um único delito.
SE

Simultaneamente à definição de atos terroristas, o legislador incluiu, no §2º, uma cláusula de


RO

atipicidade relacionada à determinadas condutas, caso realizadas em manifestações políticas críticas.


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36
Entretanto, como se depreende do final do artigo em análise, a cláusula de atipicidade não é absoluta, de

02
modo que o agente poderá ser responsabilizado penalmente caso incorra em outro tipo penal.

STA
CO
3. BEM JURÍDICO TUTELADO

DO
EN
O bem jurídico tutelado na lei antiterrorismo varia de acordo com a doutrina nacional ou estrangeira.

S
RO
3.1 Bem jurídico para a doutrina estrangeira

CE
NI
A doutrina estrangeira afirma que o crime de terrorismo tutela três bens jurídicos diversos, quais sejam:

DE
∘ 1º BJ – seria o mesmo bem jurídico tutelado pelo ato terrorista;

AU
∘ 2ª BJ - seria a paz pública (trabalhada em seu ponto de vista subjetivo, enquanto um estado coletivo

0L
47
de tranquilidade).
∘ 3º BJ - seria a própria democracia. 50
07
36

3.2 Bem jurídico para a doutrina nacional


02
A
ST

Para a doutrina nacional, prevalece o entendimento


41998 de que o bem jurídico tutelado é somente a paz
CO

pública. Isso porque não se deve confundir o crime de terrorismo com os atos de terrorismo, que tratam de
O

meios de execução para o crime fim (crítica ao 1º bem jurídico).


ND

Ademais, no projeto do novo Código Penal, o crime de terrorismo está previsto no capítulo que versa
SE

sobre “os Crimes contra a Paz Pública”, motivo pelo qual seria este o bem jurídico 41998
tutelado, na sua
RO

perspectiva subjetiva.
CE

Nas palavras do professor Renato Brasileiro (2020): “Subjetivamente, a paz pública corresponde ao
NI

sentimento coletivo de confiança na ordem jurídica. É exatamente nesse segundo sentido, ou seja, em seu
DE

aspecto subjetivo, que a lei penal brasileira visa proteger a paz pública com o crime de terrorismo.”
AU
L
70

4. SUJEITOS DO CRIME
504
07

O crime de terrorismo é crime comum, não se exigindo especial condição do agente.


36

O sujeito passivo, por sua vez, é a coletividade, tratando-se de expressão do funcionalismo radical e
02

da espiritualização do direito penal.


A
ST
CO

Pergunta-se: O crime de terrorismo pode ser praticado por uma só pessoa ou a qualidade
O

organizacional é uma elementar do crime?


ND

● 1ª C: Para parte da doutrina estrangeira, a qualidade organizacional é elementar do crime de


SE

terrorismo, de modo que um único agente não pode praticar o crime. Para essa corrente, uma
RO
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36
pessoa agindo sozinha não seria suficiente para gerar o terror social ou generalizado exigido pela

02
lei. (Minoritária)

STA
● 2ª C: Prevalece o entendimento de que a qualidade organizacional não é elementar do crime de

CO
terrorismo, de modo que pode haver o chamado terrorismo individual. Inclusive, o próprio

DO
artigo 2º da Lei 13.260/2016 prevê expressamente a possibilidade de o crime ser praticado por

EN
um só agente (crime de concurso eventual ou unissubjetivo)

S
RO
Obs.1: Alguns doutrinadores se utilizam das expressões lobo solitário (lone wolf) e rato solitário (lone

CE
rate) – trata-se de alguém que organiza e executa atos de terrorismo sozinho sem estar conectado a uma

NI
estrutura de comando.

DE
Obs.2: Como fica a tipificação dos crimes?

AU
⦁ Terrorismo praticado por 1 só agente – responde pelo art. 2º;

0L

47
Terrorismo praticado por uma organização criminosa – resposta pelo art. 2º da Lei em concurso
de crimes com a Lei 12.850/2013; 50
07
⦁ Terrorismo praticado por uma organização terrorista – responde pelo art. 3º.
36
02

41998

Considerações sobre organização terrorista:


A
ST

Trata-se de um crime plurissubjetivo, ou seja,


41998 de concurso necessário, que exige, para sua
CO

configuração, os requisitos de estabilidade e permanência (exclui-se, do âmbito de atuação da norma, a


O

associação eventual).
ND

O sujeito passivo também é a coletividade e, caso a organização terrorista pratique um delito de


SE

terrorismo previsto nesta lei ou em qualquer outro diploma, haverá concurso material de crimes.
RO

É pertinente lembrar que o tipo penal do artigo 3º é especial em relação aos delitos de associação
CE

criminosa (art. 288 do Código Penal), associação para o tráfico (art. 35 da lei 13.343), e de promover ou
NI

integrar organização criminosa (art. 2º da lei 12.850).


DE

A doutrina sustenta que o termo “organização terrorista seria uma espécie do gênero “organização
AU

criminosa”. Nesse sentido, para a tipificação do crime do art. 3° é necessária a reunião de pelo menos 4
L
70

(quatro) pessoas.
04

Trata-se de crime permanente, ou seja, aquele cuja consumação, pela natureza do bem jurídico
5
07

ofendido, pode protrair -se no tempo, detendo o agente o poder de fazer cessar a prática delituosa a
36

qualquer momento. Lembre-se que, por ser um crime permanente é perfeitamente possível a prisão em
02

flagrante em qualquer momento enquanto não cessada a permanência.


A
ST
CO

5. TIPO SUBJETIVO
O
ND

Primeiramente, o tipo subjetivo é o dolo (vontade e consciência de praticar um dos atos de


SE

terrorismo). No entanto, o crime de terrorismo exige, além do dolo (elemento geral), dois elementos
RO

especiais, chamados pela doutrina de especial motivo de agir e especial fim de agir.
E
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36
Obs.: parte da doutrina considera que existe um duplo especial fim de agir, fique atento!

02
TA
S
a) Especial fim de agir: o crime de terrorismo deve ter a finalidade específica de provocar terror

CO
social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade

DO
pública.

EN
b) Especial motivo de agir: para fins de tipificação do crime de terrorismo, deve restar demonstrado

S
que os atos terroristas foram praticados em razão de motivos (razões de xenofobia,

RO
discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião).

CE
NI
∘ Xenofobia: é uma espécie de preconceito caracterizado pelo ódio aos estrangeiros.

DE
Conforme ensina o Professor Renato Brasileiro:

AU
0L
47
“Do grego, a expressão xenofobia é formada por dois termos: xénos (estrangeiro)
50
e phóbos (medo). Funciona, portanto, como uma espécie de preconceito
07
caracterizado pela aversão, hostilidade, repúdio ou ódio aos estrangeiros, que pode
36

estar fundamentado em diversos fatores históricos, culturais, religiosos, dentre


02

outros.
A
ST

A xenofobia, sentimento de 41998


aversão aos estrangeiros - ou, como prefere Emiliano
CO

borja Jiménez, "la negacion emocional o miedo ante personas ajenas, ante
O

extrafios, ante extranjeros . La xenofobia vendría a representar el miedo a lo


ND

desconocido em otros" - , no entanto, e como é frequente, pode estar


SE

acompanhada do racismo. Ou seja, a repulsa aos estrangeiros pode utilizar a


RO

plataforma do discurso racista -41998


a superioridade física e/ou cultural do grupo
CE

autóctone sobre o grupo imigrante . Neste caso, a discriminação relativa à


NI

procedência nacional mescla-se com o preconceito de raça, cor, etnia ou religião


DE

de forma inextrincável”.
AU
L
70

∘ Discriminação: O Brasil criminaliza apenas a discriminação negativa, que consiste em


04

promover um tratamento desigual entre pessoas que são semelhantes entre si.
5
07

De acordo com a doutrina do Professor Renato Brasileiro:


36
02

“De acordo com o art. 1 °, n. 1, da Convenção Internacional sobre a Eliminação de


A
ST

Todas as Formas de Discriminação Racial de 1965, discriminar significa promover


CO

qualquer tipo de distinção, exclusão, restrição ou preferência. Também discrimina


O

quem não reconhece as diferenças culturais das diversas etnias que compõem o
ND

tecido social, tencionando eliminá-las de forma antidemocrática.


SE
RO
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36
A ação discriminatória consiste , assim, na negação dos princípios da igualdade e do

02
pluralismo, mediante imposição de restrições ou exigências desarrazoadas, como

STA
também pelo não reconhecimento ou aniquilação das diferenças.

CO
A discriminação torna-se perceptível no momento da exteriorização objetiva de

DO
uma conduta no mundo exterior, estando geralmente ligada a um resultado

EN
concretamente verificável ou em vias de se concretizar. Em última análise, a ação

S
discriminatória dirige-se a outra pessoa no sentido de privá-la (ou dificultar ou

RO
limitar) do acesso ou gozo de determinado bem ou direito”.

CE
NI
Há que se mencionar, ainda, que a discriminação pode ser positiva, consistindo naquela

DE
expressada pelas ações afirmativas (ex.: cotas raciais para ingresso em instituição de ensino

AU
pública); ou negativa, que consiste na concretização do preconceito.

0L
47
∘ 50
Preconceito: Significa, “uma opinião formada antecipadamente”. O preconceito, por si só,
07
não é considerado crime, de modo que apenas se torna crime quando resultar em uma
36

discriminação.
02

Conforme esclarece o Professor Renato Brasileiro:


A
ST

41998
CO

“Diferencia-se da discriminação pelo fato de estar relacionado à esfera da


O

intimidade. Em outras palavras, enquanto a discriminação é posta como


ND

exteriorização objetiva, o preconceito refere-se a uma atitude interior. Funciona,


SE

portanto, como o móvel da ação discriminatória, integrando, ao lado do dolo, o


RO

aspecto subjetivo do juízo de tipicidade do crime de terrorismo. Exerce, assim, o


CE

papel de elemento motivador da prática discriminatória, deflagrando-a e saltando


NI

de um estado anímico para dar vazão ao injusto penal”.


DE
AU

∘ Raça: o conceito de raça está ligado à identificação de indivíduos segundo características


L
70

físicas ou biológicas constantes ou hereditárias.


504
07

∘ Cor: definição cromática que se refere à tonalidade epidérmica (tom da pele).


41998
“A cor da pele
36

geralmente é utilizada como um traço distintivo da raça, tratando-se de conceito menos


02

abrangente do que o último, havendo entre eles uma relação de espécie e gênero” (Renato
A
ST

Brasileiro).
CO
O

∘ Etnia: Quando se fala em etnia está-se falando de um grupo de pessoas unidos por laços
ND

culturais (vínculos intelectuais). Portanto, o conceito de etnia não comporta definição com
SE

base em características físicas.


RO
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36
∘ Religião: a palavra “religião” não é utilizada para indicar um modo exclusivo de manifestação

02
da fé (como prática coletiva e organizada do ponto de vista institucional e litúrgico), servindo

S TA
também para indicar toda sorte de crenças (ainda que individuais e não sistematizadas).

CO
De acordo com a lição do Professor Renato Brasileiro:

DO
“(...) parece-nos que o termo pode ser analisado sob pelo menos quatro ângulos

EN
distintos: a) como conceito: crença, aspecto intelectual, suporte de ideias acerca da

S
humanidade e do mundo; b) como cerimônia: aspecto ritualístico, culto, liturgia,

RO
regras de contato com o sagrado; c) como organização: aspecto normativo, regras

CE
impostas aos membros eclesiásticos e aos devotos; d) como experiência: aspecto

NI
da emotividade”.

DE
AU
Obs.1: o preconceito e a discriminação têm que estar ligados a um desses elementos (raça, cor, etnia,

0L
47
religião).
50
Obs.2: Com exceção da xenofobia, todos os demais elementos constam da lei do racismo (Lei
07
7.716/89).
36

Obs.3: Segundo o professor Renato Brasileiro, a finalidade pretendida pelos atentados terroristas
02

não precisa ter necessariamente natureza política, haja vista que o legislador não traz esse elemento no tipo
A
ST

penal. 41998
CO
O

6. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
ND
SE

O crime de terrorismo consuma-se no exato instante em que restar consumado um dos atos
RO

terroristas previstos nos incisos I, IV e V do §1


41998° do art. 2° da Lei n. 13.260/16.
CE

É crime formal, uma vez que não se exige a alteração da realidade natural para a sua consumação.
NI
DE

Ressalta-se, ainda, que se trata crime de perigo concreto, exigindo demonstração da


AU

exposição de perigo dos bens jurídicos tutelados.


L
70
04

7. CRIME DO ART. 5º - ANTECIPAÇÃO DOS ATOS TERRORISTAS


5
07
36

Art. 5º Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de


02

consumar tal delito:


A
ST

Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a


CO

metade.
O

§ lº incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de
ND

terrorismo:
SE

I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país


RO

distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou


E
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36
II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou

02
nacionalidade.

STA
CO
Aqui temos a presença marcante de uma antecipação da tutela penal, uma vez que há punição

DO
autônoma dos atos preparatórios**, como deixa claro o caput do artigo, atos estes que, em regra, não são

EN
passíveis de punição.

S
** O que seriam atos preparatórios de terrorismo para os fins do art. 5°, caput, da Lei n. 13.260/16?

RO
R.: O ato é considerado preparatório quando fornece ao indivíduo as condições necessárias para a

CE
execução do delito planejado, no caso, o delito de terrorismo, sem que tal ato ultrapasse a mera planificação

NI
interna do fato e sem que dê início à imediata execução típica da vontade criminal (hipótese em que já

DE
configuraria a tentativa do crime de terrorismo).

AU
Nesse sentido, é possível notar que o art. 5º funciona como verdadeiro soldado de reserva em relação

0L
47
ao crime de terrorismo, que restará caracterizado quando não houver sequer o ingresso em atos de execução
50
deste delito, ficando o agente circunscrito a meros atos preparatórios de terrorismo.
07
O §1º, por sua vez, prevê condutas que são legalmente equiparadas aos atos de terrorismo:
36
02

● Recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua
A
ST

residência ou nacionalidade; 41998


CO

- Exige-se o efetivo deslocamento de um país para outro, não sendo suficiente a mera
O

intenção de viajar.
ND

- Caso a pessoa não viaje para outro país, aplica-se a causa de diminuição de pena prevista
SE

no art. 5°, §2°.


RO

● Fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.


CE
NI

Obs.: “O simples fato de visitar sítios Web que contenham informações ou de receber comunicações que
DE

poderão ser utilizadas para o treinamento para o terrorismo - campo de treinamento virtual - não é suficiente
AU

para configurar tal delito. No entanto, daí não se pode concluir que tais formas de "autoditatismo" pela
L
70

internet em relação a práticas terroristas sejam consideradas atípicas. Isso porque, de acordo com o art. 5°,
04

§2°, da Lei n. 13.260/16, "nas hipóteses do §1 º, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para
5
07

país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado,
36

diminuída de metade até dois terços". De mais 41998


a mais, a figura delituosa do caput do art. 5° também subsiste
02

como soldado de reserva para a tipificação desses atos preparatórios de terrorismo.


A
ST
CO

8. CRIME DO ART. 6º - FINANCIAMENTO TERRORISTA


O
ND

Art. 6º Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar,


SE

investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens,


RO
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36
direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a

02
preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei:

TA
S
Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.

CO
DO
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver,

EN
guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir

S
para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar,

RO
total ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização

CE
criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter

NI
eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei.

DE
AU
Trata-se de um tipo penal misto alternativo orientado a punir o agente que promove auxílio material

0L
47
às condutas finalisticamente ligadas aos atos de terrorismo.
∘ Art., 6º, caput – financiamento do terrorismo 50
07
∘ Art. 6º, §único – financiamento das organizações terroristas
36
02

Ao prever o financiamento como delito autônomo, a Lei objetivou punir o agente que não tem
A
ST

participação direta na execução no terrorismo ou em


41998 organizações terroristas, limitando-se a fornecer
CO

dinheiro ou bens para subsidiar o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos na Lei
O

Antiterrorismo. Trata-se, portanto, de uma exceção à teoria monista.


ND

Pergunta-se: O autofinanciamento é punível? Ou seja: quando o mesmo agente, além de financiar


SE

o terrorismo, também pratica condutas típicas inerentes ao terrorismo por ele financiado.
RO

R.: Há divergência doutrinária:


CE

● 1ª C – Haverá crime de financiamento ao terrorismo (art. 6°) em concurso material com o delito
NI

de terrorismo praticado pelo agente (art. 2, caput, e §1 º, inciso I);


DE

● 2ªC - O agente responde apenas pelo crime de financiamento ao terrorismo (art. 6°)
AU

funcionando eventual terrorismo por ele praticado como mero post factum impunível. É a
L
70

41998
posição do professor Renato Brasileiro.
04
5
07

9. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA


36
02

Art. 7º Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime previsto nesta Lei,
A
ST

se de algum deles resultar lesão corporal grave, aumenta-se a pena de um terço,


CO

se resultar morte, aumenta-se a pena da metade.


O
ND

Aqui temos uma causa de aumento ligada à produção de um resultado específico, que só deverá
SE

prevalecer se não houver dolo para com a produção do resultado, caso contrário, os crimes devem ser
RO

imputados em concurso material.


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0L
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36
02
10. CLÁUSULA DE COMPETÊNCIA JUDICIAL E ATRIBUIÇÃO POLICIAL

STA
CO
Art. 11. Para todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei

DO
são praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a

EN
investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu

S
processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição

RO
Federal.

CE
Parágrafo único. (VETADO).

NI
DE
A Lei prevê expressamente que caberá à Justiça Federal processar e julgar os crimes de terrorismo,

AU
bem como à Polícia Federal a respectiva investigação criminal.

0L
47
Crítica da doutrina: Considerando que a própria Constituição
41998
delimitou a competência da Justiça
50
Federal nos incisos do art. 109, não seria possível um legislador infraconstitucional ampliar o referido rol por
07
meio de lei ordinária. Nesse sentido, parte da doutrina entende que o art. 11 da Lei n. 11.340/16 é
36

manifestamente inconstitucional no tocante à fixação da competência da Justiça Federal.


02
A
ST

11. MEDIDAS ASSECURATÓRIAS 41998


CO
O

Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante


ND

representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em vinte e


SE

quatro horas, havendo indícios suficientes de crime previsto nesta Lei, poderá
RO

decretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias de


CE

bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de


NI

interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes


DE

previstos nesta Lei.


AU

§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens


L
70

sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou


04

quando houver dificuldade para sua manutenção.


5
07

§ 2º O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos e valores


36

quando comprovada a licitude de sua origem e destinação, mantendo-se a


02

constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos


A
ST

danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da


CO

infração penal.
O

§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal


ND

do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo


SE

o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou


RO

valores, sem prejuízo do disposto no § 1º.


E
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36
02
§ 4º Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores

STA
para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista

CO
nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.

DO
EN
Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o Ministério

S
Público, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada para a administração dos

RO
bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de

CE
compromisso.

NI
DE
Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens:

AU
I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita

0L
47
preferencialmente com o produto dos bens objeto da administração;
50
II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas da situação dos
07
41998

bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre


36

investimentos e reinvestimentos realizados.


02

Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão levados ao


A
ST

conhecimento do Ministério 41998


Público, que requererá o que entender cabível.
CO
O

O art. 12 da Lei Antiterrorismo reproduz integralmente os dizeres do art. 4° da Lei n. 9.613/98


ND

(Lavagem de Capitais). E, à semelhança do art. 12, os arts. 13 e 14 da Lei n. 13.260/16 também reproduzem
SE

dispositivos 5º e 6º da Lei de Lavagem de Capitais (Lei n. 9.613/98).


RO
CE

12. COOPERAÇÃO JURISDICIONAL INTERNACIONAL.


NI
DE
AU

Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção


L
70

internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas


04

assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos nesta


5
07

Lei praticados no estrangeiro.


36

§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou


02

convenção internacional, quando houver reciprocidade do governo do país da


A
ST

autoridade solicitante.
CO

§ 2º Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores sujeitos a


O

medidas assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou


ND

os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado


SE

requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou


RO

de terceiro de boa-fé.
E
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36
02
Para que uma decisão brasileira produza efeitos no exterior, ou vice-versa, é preciso contar com a

STA
colaboração do Estado receptor para a realização dos atos necessários ao seu cumprimento.

CO
Esse fenômeno é denominado pelo Código de Processo Penal brasileiro de "relações jurisdicionais

DO
com autoridade estrangeira" (arts. 780 a 790), mas também costuma ser denominado como assistência

EN
judiciária internacional ou cooperação jurisdicional internacional.

S
A cooperação internacional pode ser:

RO
a. Cooperação internacional ativa - quando solicitada pela autoridade brasileira para que seja

CE
efetivada em outro país.

NI
b. Cooperação internacional passiva – quando a autoridade estrangeira solicitar a prática de

DE
determinado ato no território nacional.

AU
0L
47
50
07
36
02
A
ST

41998
CO
O
ND
SE
RO

41998
CE
NI
DE
LAU
70
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36
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A
ST
CO
O
ND
SE
RO
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36
META 3 – QUARTA-FEIRA

02
STA
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE I (CONCEITOS GERAIS – CLASSIFICAÇÕES – INÍCIO DOS

CO
ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME)

DO
EN
TODOS OS ARTIGOS

S
⦁ Art. 1, CP

RO
⦁ Art. 13 CP

CE
⦁ Art. 14, CP

NI
⦁ Arts. 15 a 19 C

DE

AU
Art. 20, § 1º CP

0L
Art. 75, CP

47
Arts. 1º a 10 da Lei de Contravenções Penais (DL 3688/41)`
⦁ Art. 33 do Código Penal41998
Militar 50
07
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
36

⦁ Art. 1º, CP
02


A

Art. 13 CP
ST

⦁ Art. 14 a 17, CP 41998


CO

⦁ Art. 75, CP
O
ND

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


SE
RO

Súmula 145-STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação.
CE
NI
DE

Amigos, entraremos no assunto é o CAMPEÃO de questões da matéria de direito penal.


AU

É cheio de teorias, divergências, decorebas, mas se for bem estudado e bem entendido, você vai
L

torcer para cair, porque dificilmente errará!


70

A nossa ideia aqui é passar as partes mais relevantes do conteúdo da forma mais didática e fluida
04
5

possível, mas caso não entendam algo – o que é absolutamente normal, não hesitem em buscar vídeos
07
36

gratuitos no Youtube, explicações em blogs jurídicos, livros, a nossa plataforma, ou o que quer que seja para
02

que efetivamente ENTENDAM e não apenas decorem, ok?


A

Combinado nosso: NÃO avancem o conteúdo sem entender qualquer parte! Uma coisa leva à outra
ST

e é tudo muito importante! Vamos lá!


CO
O
ND

1. CONCEITO DE CRIME
SE
RO
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0L
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36
A depender do critério adotado para a definição de crime, este conceito será diferente. Temos os

02
seguintes critérios:

S TA
I – Critério material/substancial: considera crime toda ação ou omissão humana (ou da pessoa jurídica nos

CO
crimes ambientais) que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos penalmente tutelados;

DO
II – Critério legal/formal: é o conceito dado pelo legislador. É o que a lei definiu. De acordo com o art. 1º da

EN
Lei de Introdução ao Código Penal, “considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão

S
ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa”;

RO
III – Critério analítico: define crime de acordo com os elementos que compõem sua estrutura. Pode ter como

CE
base uma posição quadripartida (crime é fato típico, ilícito, culpável e punível), tripartida (crime é fato típico,

NI
ilícito e culpável) ou bipartida (crime é fato típico e ilícito). Será aprofundado mais à frente.

DE
AU
0L
CONCEITO DE CRIME

47
CRITÉRIO MATERIAL Ação ou omissão humana (ou de PJ nos crimes ambientais) que
50
lesa ou expõe a perigo de lesão, bem jurídico protegido. Tem
07
como enfoque o fato ofensivo, desvalioso a bens jurídicos
36

relevantes. Realça o aspecto danoso (danosidade social). Crime,


02

portanto, seria fato humano lesivo ou ofensivo a um interesse


A
ST

relevante.41998
CO

CRITÉRIO LEGAL/FORMAL O que a lei define como tal. (Art. 1º CP)


O

Crime: A infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou


ND

41998
detenção, cumulativa ou alternativamente com pena de multa.
SE

Contravenção: é espécie de infração penal a que a lei comina a


RO

prisão simples e/ou multa.


CE

A diferença é meramente qualitativa (espécie de pena) e


NI

quantitativa (quantidade da pena).


DE

CRITÉRIO ANALÍTICO ● Quadripartida – fato típico, ilícito, culpável e punível


AU
L

(crítica: punibilidade não é elemento, mas consequência


70

do crime – não vingou);


04

● Tripartida – fato típico, ilícito e culpável (clássicos –


5
07

obrigatoriamente, e finalistas);
36

● Bipartida – fato típico e ilícito (finalistas).


02
A
ST

No mais, infração penal é gênero, podendo ser dividida em crime (ou delito) e contravenção penal.
CO

Vamos ver as diferenças:


O

1.1. Crime X Contravenção Penal


ND
SE

CRIME CONTRAVENÇÃO
RO
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36
Quanto à pena privativa de Infração penal que a lei comina Infração penal a que a lei comina,

02
TA
liberdade pena de reclusão ou de isoladamente, pena de prisão simples

S
detenção, quer isoladamente, (cumprida sem rigor penitenciário,

CO
quer alternativamente ou nos termos do art. 6º da LCP) ou de

DO
cumulativamente com a pena de multa, ou ambas, alternativa ou

EN
multa. cumulativamente.

S
Quanto à espécie de ação Pode ser ação penal pública Ação penal pública incondicionada,

RO
penal condicionada/incondicionada nos termos do art. 17 da LCP.

CE
ou privada. 41998

NI
DE
Quanto à admissibilidade da A tentativa é punível (em regra). Não é punível a tentativa, nos termos

AU
tentativa (punibilidade) do art. 4º da LCP.

0L
Quanto à extraterritorialidade Admite-se extraterritorialidade Não se admite extraterritorialidade,

47
da lei penal brasileira (art. 7º do CP). nos termos do art. 2º da LCP.
Quanto à competência para Pode ser competência da justiça 50 Somente competência da justiça
07
processar e julgar estadual ou federal. estadual.
36
02

* Exceção: foro por prerrogativa de


A

função.
ST

Quanto ao limite das penas Limite da pena privativa


41998
de A duração da pena de prisão simples
CO

liberdade é de 40 anos (artigo não pode, em caso algum, ser


O

75 do CP). superior a 05 anos (artigo 10 da LCP).


ND
SE
RO

#DICA DD! A pena máxima de 40 anos foi atualizada pelo Pacote Anticrime. Trata-se de uma mudança que
piora a situação do réu (novatio legis in pejus), motivo pelo qual só se aplica aos fatos ocorridos após sua
CE

entrada em vigor (23/01/2020).


NI
DE
AU

Diante dessa mudança, como fica a Súmula 715 do STF? Continua valendo? Sim. O limite de 40 anos
L

é para fins de cumprimento máximo da pena, entretanto para os benefícios penais, considera-se o total da
70

condenação.
04
5
07
36

● O Brasil adotou o sistema dualista ou binário: divide a infração penal (que é gênero) em crime
02

(sinônimo de delito) e contravenção penal (crime anão/delito liliputiano/crime vagabundo).


A

● As contravenções penais foram expressamente excluídas da competência da Justiça Federal (art. 109,
ST

IV, CF). O único caso em que a Justiça Federal terá competência para julgar as contravenções penais
CO

é quando o contraventor detém foro de prerrogativa de função federal, o qual será julgado pelo TRF
O
ND

respectivo.
SE

● E o artigo 28 da Lei de Drogas, que não tem nenhuma dessas penas, é o que? Há entendimento
RO

doutrinário de que não seria nem crime nem contravenção, e sim uma infração penal sui generis.
E
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36
Para o STF, no entanto, o artigo 28 é crime. De acordo com julgado da Suprema Corte, não houve

02
descriminalização da conduta pela nova lei de drogas, ocorrendo apenas a despenalização no

STA
tocante à pena privativa de liberdade (para mais detalhes consulte o material específico da Lei de

CO
Drogas).

DO
EN
1.2. Classificações dos Crimes

S
RO
1.2.1 Quanto à Qualidade do Sujeito Ativo

CE
I- Crimes comuns/gerais: podem ser praticados por qualquer pessoa;

NI
Obs.: Há também os crimes bicomuns, que podem ser cometidos por qualquer pessoa e contra qualquer

DE
pessoa. Sujeito ativo comum41998
e sujeito passivo comum – Crime bicomum. Ex.: homicídio.

AU
0L
47
II- Crimes próprios/especiais: o tipo penal exige uma condição (fática ou jurídica) especial do sujeito ativo.
50
Admitem coautoria e participação. Exemplo: peculato (somente pode ser praticado por funcionário público);
07
36

Obs.: Os crimes próprios podem ser puros e impuros. Nos crimes puros, a ausência da condição especial do
02

sujeito ativo leva à atipicidade do fato. Por sua vez, nos crimes impuros, a ausência dessa condição especial
A
ST

acarreta a desclassificação para outro delito. 41998


CO

Obs. 2: Há também os crimes bipróprios, que exigem uma condição peculiar do sujeito passivo e do sujeito
O

ativo, como no caso do infanticídio.


ND
SE

III- Crimes de mão própria ou de conduta infungível: crimes que somente podem ser praticados por pessoa
RO

expressamente indicada no tipo penal, como no caso de falso testemunho. O agente deve agir pessoalmente.
CE

Segundo a doutrina majoritária, não admitem coautoria, mas somente participação (ex.: se houve o
NI

envolvimento do advogado – há decisão do STF nesse sentido).


DE
AU

1.2.2 Quanto à Estrutura do Tipo Penal


L
70

I – Crimes simples: é aquele que o fato se amolda a um único tipo penal.


04

II – Crimes complexos: pode ser subdivido em:


5
07
36

a) Crime complexo em sentido estrito: resulta da união de dois ou mais tipos penais, como o crime
02

de roubo, que deriva da fusão entre furto + ameaça ou furto + lesão corporal.
A
ST
CO

Obs.: São crimes famulativos aqueles que compõem a estrutura unitária do crime complexo.
O
ND

b) Crime complexo em sentido amplo: deriva da fusão de um crime com um comportamento


SE

penalmente irrelevante, como o estupro = violência ou ameaça (conduta típica) + conjunção carnal (figura
RO

atípica).
E
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50
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36
c) Crime ultracomplexo: resta caracterizado quando crime complexo é acrescido de outro, que serve

02
como qualificadora ou majorante daquele. Ex.: roubo majorado pelo emprego de arma de fogo = roubo

STA
(crime complexo) + porte ilegal de arma de fogo (que vai servir como causa de aumento).

CO
DO
1.2.3 Quanto à Relação entre a Conduta e o Resultado Naturalístico

EN
I – Crimes materiais/causais: o tipo penal compreende uma conduta e um resultado naturalístico

S
indispensável para a consumação.

RO
II – Crimes formais/de consumação antecipada o tipo penal contém uma conduta e um resultado

CE
naturalístico, mas esse resultado é desnecessário para a consumação.

NI
III- Crimes de mera conduta/de simples atividade: o tipo penal se limita a descrever uma conduta, sem que

DE
haja um resultado naturalístico, como no caso de ato obsceno (art. 233 do CP).

AU
0L
47
1.2.4 Quanto ao Momento de Consumação
50
I – Crimes instantâneos/de estado: a consumação ocorre em um determinado momento, sem continuidade
07
no tempo.
36

II – Crimes permanentes: a consumação se prolonga no tempo por vontade do agente (afeta na prescrição e
02

no flagrante), podendo ser:


A
ST

41998
CO

a) necessariamente permanentes: são crimes cuja consumação depende da manutenção da situação


O

contrária ao Direito por um período juridicamente relevante, como no caso do sequestro.


ND

b) eventualmente permanentes: são crimes instantâneos, mas nos quais, no caso concreto, a
SE

situação de ilicitude pode ser prolongada, como no caso de furto de energia elétrica.
RO
CE

III – Crimes instantâneos de efeitos permanentes: os efeitos subsistem após a consumação,


NI

independentemente da vontade do agente. Ex.: bigamia. No 2º casamento o delito já se consumou, mas os


DE

efeitos permanecem.
AU

IV – Crimes instantâneos de continuidade habitual - Se consumam por meio de uma única conduta que
L
70

causa um resultado instantâneo, mas que exigem, em seguida, para a configuração do tipo, a reiteração da
04

conduta de forma habitual. – Ex.: Art. 228 do CP: Favorecimento à Prostituição. Deve haver a constatação
5
07

da prostituição com habitualidade, que é elemento intrínseco da atividade. Exige prova concreta da reiterada
36

conduta da vítima, uma vez que prostituição implica em habitualidade.


02

V – Crimes instantâneos de habitualidade preexistente – Se concretiza com uma única conduta, com
A
ST

resultado instantâneo, embora exija, para tanto, o desenvolvimento habitual de outro comportamento
CO

preexistente. – Ex.: Art. 334, § 1º, "c" do CP - Venda de mercadoria estrangeira,


41998 introduzida clandestinamente
O

no país, no exercício de atividade comercial - se não existir anteriormente a prática habitual da atividade
ND

empresarial, não se configura o delito.


SE

IV – Crimes a prazo: a consumação exige a fluência de determinado período de tempo. Ex.: apropriação de
RO

coisa achada.
E
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36
02
1.2.5 Quanto ao Número de Agentes

STA
I – Crimes unissubjetivos/unilaterais/de concurso eventual: podem ser praticados por um único agente,

CO
mas nada impede que sejam em concurso de pessoas;

DO
EN
II – Crimes plurissubjetivos/plurilateriais/de concurso necessário: são os que somente podem ser

S
praticados por uma pluralidade de agentes, que podem ser coautores ou partícipes, imputáveis ou não,

RO
conhecidos ou desconhecidos. São subdivididos em:

CE
a) Crimes de condutas paralelas: os agentes se auxiliam, mutuamente, para a produção do resultado,

NI
buscam um fim único. Ex.: associação criminosa.

DE
b) Convergentes: condutas diferentes que se completam, ainda que uma não seja culpável. Ex.:

AU
bigamia.

0L
47
c) Divergentes: dirigidas umas contra as outras. Ex.: rixa.
50
07
1.2.6 Quanto ao Número de Vítimas
36

I – Crimes de subjetividade passiva única: possuem uma única vítima;


02

II – Crimes de dupla subjetividade passiva: possuem duas ou mais vítimas.


A
ST

41998
CO

1.2.7 Quanto ao Grau de Intensidade do Resultado


O

I – Crimes de dano/de lesão: a consumação somente ocorre com a efetiva lesão do bem jurídico.
ND

II – Crimes de perigo: a consumação ocorre com a mera exposição do bem jurídico a uma situação de perigo,
SE

podendo ser subdivididos em:


RO

a) Crimes de perigo abstrato/presumido: a consumação ocorre automaticamente com a prática da


CE

conduta, sendo desnecessária a comprovação da situação de perigo. A presunção do perigo é


NI

absoluta;
DE

b) Crimes de perigo concreto: a consumação depende da efetiva comprovação da situação de perigo


AU

no caso concreto;
L
70

c) Crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um número de determinado de pessoas;


04

d) Crimes de perigo comum/coletivo: atingem um número indeterminado de pessoas;


5
07

e) Crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo;


36

f) Crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;


02

g) Crimes de perigo futuro: a situação de perigo derivada da conduta se projeta para o futuro.
A
ST
CO

ATENÇÃO: Constitucionalidade do crime de perigo abstrato:


O

1ª Corrente: LFG, Bittencourt, Damásio: O crime de perigo 41998


abstrato viola o princípio da lesividade ou
ND

ofensividade.
SE

2ª Corrente: O crime de perigo abstrato revela maior zelo do Estado em proteger adequadamente
RO

certos interesses. Essa corrente volta a ganhar força no STF.


E
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36
02
1.2.8 Quanto ao Número de Atos Executórios

STA
I – Crimes unissubsistentes: o crime depende de apenas um ato de execução, capaz, por si só, de produzir a

CO
consumação. Não admitem tentativa.

DO
II – Crimes plurissubsistentes: a conduta se exterioriza por meio de dois ou mais atos, que devem ser

EN
somados para produzir a consumação. Admitem tentativa.

S
RO
1.2.9 Quanto à Forma pela qual a Conduta é Praticada

CE
I – Crimes comissivos: são praticados mediante conduta positiva.

NI
II – Crimes omissivos: são praticados por meio de uma conduta negativa, uma inação, podendo ser:

DE
AU
a) Omissivos próprios/puros: a omissão está contida no tipo penal, de modo que41998
a descrição da

0L
47
conduta já prevê a realização do crime por meio de uma conduta negativa;
50
b) Omissivos impróprios/impuros/espúrios/comissivos por omissão: o tipo penal prevê em sua
07
descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão do agente acarreta a produção do resultado
36

naturalístico. São os casos de dever de agir previstos no art. 13, §2º, do CP.
02
A
ST

III – Crimes de conduta mista: o tipo penal é composto de duas fases distintas: uma inicial e positiva; outra
41998
CO

final e omissiva. Exemplo: crime de apropriação de coisa achada, no qual o agente encontra uma coisa
O

perdida e dela se apropria, deixando de restitui-la ou entregá-la à autoridade competente no prazo de 15


ND

dias.
SE
RO

1.2.10 Quanto ao Modo de Execução Admitido


CE

I – Crimes de forma livre: admite qualquer meio de execução.


NI

II – Crimes de forma vinculada: somente podem ser executados pelos meios indicados no tipo penal.
DE
AU

1.2.11 Quanto aos Bens Jurídicos Atingidos


L
70

I – Crimes mono-ofensivos: ofendem um único bem jurídico (furto).


04

II – Crimes pluriofensivos: ofendem dois ou mais bens jurídicos (latrocínio).


5
07
36

1.2.12 Quanto À Existência Autônoma Do Crime:


02

I – Crimes principais: possuem existência autônoma e independente de um crime anterior;


A
ST

II – Crimes acessórios/parasitários/de fusão: somente existem se houver a prática de um crime anterior,


CO

como a receptação.
O
ND

1.2.13 Quanto À Necessidade De Corpo De Delito Para A Prova Da Existência


SE

I – Crimes transeuntes/de fato transitório: não deixam vestígios materiais.


RO
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36
II – Crimes não transeuntes: deixam vestígios materiais. Nesses crimes, a ausência do exame de corpo de

02
delito leva à nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização.

TA
41998

S
CO
1.2.14 Quanto ao Local de Produção do Resultado

DO
I – Crimes à distância: a conduta e o resultado ocorrem em países diversos. O crime percorre territórios de

EN
dois Estados soberanos. Ex.: Brasil e Argentina.

S
II – Crimes plurilocais: a conduta e o resultado se desenvolvem em comarcas diversas, dentro do mesmo

RO
país. Ex.: comarcas de São Paulo, São Bernardo e Guarulhos.

CE
III – Crimes em trânsito: crime percorre territórios de mais de dois países soberanos. Somente parte da

NI
conduta ocorre em um país, sem causar lesão ou expor a situação de perigo bens jurídicos de pessoas que

DE
nele vivem, tendo país diverso como foco de produção do resultado. Ex.: Brasil, Argentina e Uruguai.

AU
0L
47
1.2.15 Quanto ao Vínculo com outros Crimes
I – Crimes independentes: não estão ligados a outros delitos; 50
07
II – Crimes conexos: são crimes que estão interligados. Essa ligação pode ser penal ou processual penal. A
36

conexão penal pode ser:


02

a) Teleológica/ideológica: um crime é praticado para assegurar a execução de outro delito;


A
ST

b) Consequencial/causal: um crime é cometido na sequência de outro, com o propósito de ocultá-lo ou


41998
CO

assegurar a vantagem ou a impunidade;


O

c) Ocasional: um crime é praticado como consequência da oportunidade proporcionada por outro


ND

delito. Ex.: estupro praticado após o roubo. Trata-se de criação doutrinária, sem amparo legal.
SE
RO

1.2.16 Quanto à Liberdade ou não para o Início da Persecução Penal


CE

I – Crimes condicionados: a persecução penal depende de uma condição objetiva de procedibilidade. Essa
NI

condição deve estar prevista expressamente na norma penal.


DE

II – Crimes incondicionados: a persecução penal pode ocorrer livremente, sem necessidade de autorização.
LAU
70

1.2.17 Quanto à Violação de Valores Universais


04

I – Crimes naturais: infringem valores éticos absolutos e universais, violando bens jurídicos indispensáveis à
5
07

convivência harmônica em sociedade.


36

II – Crimes plásticos: não ofendem valores universais, apesar de previstos em leis penais. São aqueles que,
02

em razão do momento histórico e social, passa-se a sentir a necessidade de tipificação, como, por exemplo,
A
ST

os crimes cibernéticos.
CO

III – Crimes vazios: são delitos plásticos que não protegem qualquer bem jurídico. Nem toda a doutrina
O

concorda com a existência dessa espécie.


ND
SE

1.2.18 Quanto ao Potencial Ofensivo


RO

I – Crimes de mínimo potencial ofensivo: não comportam pena privativa de liberdade.


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36
II – Crimes de menor potencial ofensivo: a pena privativa de liberdade em abstrato não ultrapassa dois anos,

02
cumulada ou não com multa – segue o rito do Jecrim (Lei 9.099/95).

S TA
III – Crimes de médio potencial ofensivo: a pena mínima não ultrapassa um ano, independentemente do

CO
máximo da pena privativa de liberdade cominada. São os que cabem a suspensão condicional do processo.

DO
IV – Crimes de elevado potencial ofensivo: apresentam pena mínima superior a um ano, não sendo cabível

EN
a suspensão condicional do processo. Aplica-se na totalidade os institutos do Código Penal.

S
V – Crimes de máximo potencial ofensivo: recebem tratamento diferenciado pela Constituição Federal. São

RO
os crimes hediondos, o tráfico de drogas, a tortura, o terrorismo, o racismo e a ação de grupos armados

CE
contra a ordem constitucional.

NI
DE
1.2.19 Quanto ao iter criminis

AU
0L
47
Por iter criminis entende-se o itinerário, o caminho do crime, isto é, todas as etapas da infração penal,
50
desde o momento em que ela é uma ideia na mente do agente até sua consumação.
07
Diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (CP,
36

art. 14, I). O crime consumado também é chamado de crime perfeito. Diz-se tentado quando, iniciada a
02

execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP, art. 14, II). Também é
A
ST

chamado de crime imperfeito. 41998


CO
O

A tentativa pode ser branca/incruenta ou vermelha/cruenta:


ND

● Considera-se branca/incruenta quando o objeto material (pessoa ou coisa sobre a qual recai a
SE

conduta não é atingido). Não há efetiva lesão ao bem jurídico. Ex.: Quando alguém lança uma pedra
RO

contra outra porém não consegue acertá-la, que se livrou sem ter sua incolumidade física afetada.
CE

● Considera-se vermelha/cruenta quando o objeto material é atingido. Neste caso, há efetiva lesão ao
NI

bem jurídico. Ex.: Um agente com a intenção de matar começa a golpear a vítima, deixando-a ferida,
DE

mas não prova sua morte em razão das chegadas dos policiais. (Para ajudar na memorização, pense
AU

no sangue da vítima: atingido o bem jurídico, a tentativa é vermelha).


L
70
04
5

41998
Branca/incruenta Vermelha/cruenta
07
36
02

Não há efetiva lesão ao bem jurídico Há efetiva lesão ao bem jurídico


A
ST
CO

Crime falho: é sinônimo de tentativa perfeita, tentativa acabada. O sujeito praticou todos os atos da
O
ND

execução, mas não conseguiu consumar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade.
SE

Quase-crime: não há crime, o que há é um crime impossível, por ineficácia absoluta do meio ou por
RO

absoluta impropriedade do objeto. (CUIDADO PARA NÃO CONFUNDIR!)


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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
Crime exaurido: é uma expressão utilizada sempre que, depois da consumação, o bem jurídico sofre

02
novo ataque ou findam-se as suas consequências. Assim, no crime de extorsão mediante sequestro (art. 159,

TA
S
CP), a privação da liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante é suficiente para a consumação do

CO
crime. Se os sequestradores receberem a vantagem indevida, exigida como condição ou preço do resgate,

DO
diz-se que o crime está exaurido.

S EN
O exaurimento não influencia na tipicidade, mas poderá servir como circunstância judicial

RO
desfavorável (art. 59, caput, CP), atuar como qualificadora (art. 329, §1º, CP) ou caracterizar causa de

CE
aumento de pena. Eventualmente, poderá configurar crime autônomo (Ex.: Após consumação do crime de

NI
DE
sequestro, o agente decide estuprar a vítima).

AU
0L
1.2.20 Crimes de Impressão

47
São aqueles que provocam determinado estado de ânimo, de
41998impressão na vítima. Subdividem-se

em: 50
07
a) crimes de inteligência: praticados mediante o engano;
36
02

b) crimes de vontade: recaem na vontade da vítima quanto à sua autodeterminação;


A

c) crimes de sentimento: incidem nas faculdades emocionais da vítima.


ST

41998
CO

1.2.21 Crimes de Colarinho Branco e Crimes de Colarinho Azul


O

I – Crimes de colarinho branco: são os crimes cometidos na órbita econômica, como a lavagem de dinheiro,
ND

praticado por quem, normalmente, teria condições de viver adequadamente sem o cometimento de crimes,
SE

que gozam da elevada condição financeira e do poder dela decorrente. Geram as chamadas “cifras douradas”
RO

da criminalidade, vez que raramente são apurados e punidos.


CE

II – Crime de rua ou crime de colarinho azul: de modo oposto aos crimes de colarinho branco, são aqueles
NI
DE

praticados por pessoas economicamente menos favorecidas, em situações de vulnerabilidade. O nome se dá


AU

pelo fato de que essa é uma alusão aos operários norte-americanos no final do século XX, denominado e
L

“blue collars”. Quando não integram o conhecimento do Poder Público, constituem as “cifras negras” da
70

criminalidade – ponto a ser melhor estudado em criminologia.


04
5
07

1.2.22 Outras Classificações


36

● Crime gratuito: é o crime praticado sem motivo conhecido. Não se confunde com motivo fútil, pois
02

neste há motivação, porém, desproporcional ao crime praticado.


A
ST

● Crime de ímpeto: é o cometido sem premeditação, decorrente de reação emocional repentina.


CO

● Crime de circulação: é o praticado em veículo automotor, a título de dolo ou culpa.


O

● Crime de atentado ou empreendimento: É aquele em que a lei pune de forma idêntica o crime
ND

consumado e a forma tentada. Ou seja: não há diminuição da pena em face da tentativa. Ex.: crime
SE

de Evasão mediante violência contra a pessoa.


RO
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DE
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
● Crime de opinião ou de palavra: cometido com excesso abusivo na manifestação do pensamento,

02
seja pela forma escrita ou verbal.

STA
● Crime multitudinário: é aquele praticado pela multidão, em tumulto. A lei não define o que seria

CO
multidão, assim, analisa-se o caso concreto. No direito canônico, exigia-se, no mínimo, 40 pessoas.

DO
● Crime internacional: aquele que o Brasil, por tratado ou convenção devidamente incorporado ao

EN
ordenamento jurídico pátrio, se obrigou a reprimir. Ex.: art. 231 do CP - tráfico de pessoas.

S
● Crime de mera suspeita, sem ação ou mera posição: o agente não realiza a conduta, mas é punido

RO
pela suspeita despertada em seu modo de agir. Sem reforço doutrinário. Não pode existir no

CE
ordenamento pátrio. Ex.: contravenção penal do art. 25 (posse de instrumento usual na prática de

NI
furto) – e, por isso, o STF a declarou não recepcionada pela Constituição.

DE
● Crime inominado: é aquele que ofende regra ética ou cultural consagrada pelo Direito Penal, embora

AU
não definido como infração penal. Não é aceito por ferir o princípio da reserva legal.

0L
47
● Crime profissional: é o crime habitual cometido com finalidade lucrativa. Ex.: art. 230 do CP
(rufianismo). 50
07
● Crime hediondo: é todo delito que se enquadra no art. 1º da Lei 8.072/1990, na forma consumada
36

ou tentada. Adoção do critério legal.


02

● Crime de expressão: é o que se caracteriza pela existência de um processo intelectivo interno do


A
ST

autor. Ex.: CP, art. 342 – falso testemunho. 41998


CO

● Crime de ação violenta: é o cometido mediante o emprego de violência ou grave ameaça. Ex.: roubo.
O

● Crime de ação astuciosa: é o praticado por meio de fraude, engodo. Ex.: estelionato.
ND

● Crime putativo, imaginário ou erroneamente suposto: aquele onde o agente acredita ter realmente
SE

praticado um crime, mas na verdade, houve um indiferente penal. Trata-se de um não-crime por erro
RO

41998

de tipo, erro de proibição ou por obra de agente provocador.


CE

● Crime remetido: é o que se verifica quando o tipo penal faz referência a outro crime, que passa a
NI

integrá-lo. Ex.: art. 304 do CP (uso de documento falso).


DE

● Crimes de responsabilidade: dividem-se em próprios (crimes comuns ou especiais) e impróprios


AU

(infrações administrativas), que redundam em sanções políticas.


L
70

● Crime de acumulação - Visam proteger interesses supraindividuais. Analisando-se isoladamente


04

cada conduta, a aplicação da repressão penal pode parecer desproporcional. No entanto, sua prática
5
07

reiterada é lesiva e pode causar sérios prejuízos. Ex.: crimes contra o meio ambiente. Se alguém for
36

encontrado pescando 1 peixe em local proibido, parece irrelevante para que seja considerado crime.
02

Todavia, se diversas pessoas começarem a pescar por lá, haverá um desequilíbrio ambiental
A
ST

significativo da região. Com isso, o delito de acumulação traz ao intérprete a necessidade de analisar
CO

o fato sob esse aspecto, impedindo a aplicação do princípio da insignificância, via de regra.
O

● Crimes parcelares: são os crimes da mesma espécie que compõem a série da continuidade delitiva,
ND

desde que preenchidos os requisitos exigidos pelo art. 71, caput, do Código Penal. Adota-se no Brasil
SE

a teoria da ficção jurídica – na qual os delitos parcelares são considerados, para fins de aplicação da
RO

pena, como um único crime.


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36
● Crime de catálogo (LEMBRAR DE LISTA TELEFÔNICA) diz respeito aos delitos compatíveis com a

02
interceptação telefônica, disciplinada pela Lei 9.296/1996, como meio de investigação ou de

STA
produção de provas durante a instrução em juízo.

CO
● Crime obstáculo: é aquele que revela a tipificação de atos preparatórios, que, normalmente, não são

DO
punidos. A associação criminosa
41998é um exemplo porque se pune a simples reunião de agentes para o

EN
fim de cometer crimes, independentemente de tais crimes virem a ocorrer.

S
RO
2. SUJEITOS DO CRIME

CE
NI
a) Sujeito ativo: é a pessoa que pratica a infração penal. Qualquer pessoa física e capaz e com 18

DE
anos completos pode ser sujeito ativo de crime.

AU
0L
47
* ATENÇÃO: Pessoa jurídica pode ser sujeito ativo de crimes?
50
A pessoa jurídica é um ente autônomo e distinto dos seus membros, dotado de vontade própria. Pode
07
cometer crimes ambientais e sofrer pena. A CF/88 autorizou a responsabilidade penal do ente coletivo,
36

objetiva ou não. Deve haver adaptação do juízo de culpabilidade para adequá-lo às características da pessoa
02

jurídica criminosa. O fato de a teoria tradicional do delito não se amoldar à pessoa jurídica, não significa
A
ST

negar sua responsabilização penal, demandando novos


41998 critérios normativos. É certo, porém, que sua
CO

responsabilização está associada à atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio
O

(dolo ou culpa).
ND
SE

É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente


RO

da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. A jurisprudência não mais adota
CE

a chamada teoria da "dupla imputação”.


NI
DE
AU

b) Sujeito passivo: É pessoa ou ente que sofre as consequências da infração penal. Pode figurar no
L

sujeito passivo qualquer pessoa física ou jurídica, ou mesmo ente indeterminado, a exemplo da coletividade
70

e da família.
5 04
07

3. OBJETO DO CRIME
36
02

Subdivide-se em objeto jurídico e objeto material:


A
ST

a) objeto jurídico: é o bem ou o interesse tutelado pela norma. Exemplos: no crime de aborto é a
CO

vida; no crime de roubo é o patrimônio; no crime de estupro é a liberdade/dignidade sexual.


O

b) objeto material: é a pessoa ou a coisa que foi atingida pela conduta criminosa. Exemplos:
ND

homicídio – a pessoa; furto – coisa subtraída. É possível que haja crime sem objeto material (ex.: falso
SE

testemunho).
RO
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36
4. ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CRIME

02
STA
Vimos o conceito analítico de crime, que pode variar de acordo com o sistema adotado. Aqui, no

CO
41998

entanto, vamos destrinchar esse conceito, abordando cada um dos elementos que podem compor o delito.

DO
E lembre-se: atenção máxima, sem deixar dúvidas para trás, pois é o tema mais cobrado em provas!

S EN
4.1 Fato Típico

RO
CE
Conceito: “o fato humano (ou também o fato praticado por pessoa jurídica, em relação aos crimes

NI
ambientais) que se enquadra com perfeição aos elementos descritos no tipo penal” (Masson, 2017, p. 243).

DE
Ou seja, é a ação ou omissão humana que se amolda à conduta prevista na norma como infração

AU
penal.

0L
47
- Elementos (via de regra, são 4): Conduta, Resultado, Nexo causal e Tipicidade.
50
07
4.1.1 Conduta
36
02

Como tudo no Direito, há aqui uma diversificação de sistemas/teorias, sendo que, para cada um
A
ST

deles, há um conceito diferente de conduta, bem41998


como há diversificações acerca da localização de
CO

determinados elementos na composição da estrutura do crime.


O

A culpabilidade, terceiro elemento do crime, também varia bastante de acordo com as teorias a
ND

seguir, de modo intimamente ligado à definição de conduta, razão pela qual optamos por explicá-las
SE

integralmente aqui.
RO
CE

A) TEORIAS
NI
DE

I - Teoria causalista/mecanicista/naturalista/clássica/causal: (Franz Von Liszt, Belling e Radbruch) Crime é


AU

fato típico, ilícito e culpável, e a conduta seria elemento do fato típico.


L
70
04

● Conduta: movimento humano voluntário que produz alteração no mundo exterior; (conduta sem
5
07

finalidade).
36

É considerado um MODELO AVALORADO, só permite elementos objetivos e subjetivos, de modo que


02

não permite elementos normativos (que exigem juízo de valor pelo intérprete).
A
ST

Ademais, teve influência no método científico/positivismo.


CO
O

Teoria do tipo avalorado ou acromático: Não há qualquer relação prévia entre o fato típico e
ND

antijuridicidade. A teoria do tipo avalorado, expõe em relação entre a tipicidade e a antijuridicidade, nas
SE

lições de Zaffaroni: “Quanto à relação entre tipicidade e antijuridicidade. A teoria conhecida como teoria do
RO

tipo avalorado ou neutro ou acromático, afirma que a tipicidade nada indica em relação à antijuridicidade.
E
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36
A finalidade do tipo penal é apenas descrever uma conduta criminosa de forma mais objetiva possível,

02
ignorando outros elementos como a ilicitude e culpabilidade. Nas palavras de Cezar Roberto Bittencourt:

STA
“O tipo na concepção de Beling, esgota-se na descrição da imagem externa de uma ação determinada”.

CO
CUIDADO: Não confunda com DOLO acromático, pois aqui se refere a relação entre fato típico a

DO
antijuridicidade. O dolo acromático é do finalismo.

S EN
ATENÇÃO! Para a teoria causalista, a ação seria o mero processo causal que a vontade desencadeia no mundo

RO
exterior. Nessa concepção, a ação humana não possui conteúdo de vontade ou finalidade. A conduta é

CE
analisada por si só, sem elemento subjetivo. Desse modo, se alguém atropela um pedestre e lhe causa lesões

NI
que o levam à morte, praticou a conduta prevista no art. 121 CP, ou seja, praticou o fato típico de homicídio.

DE
A questão da intenção ou não de matar, por exemplo, só é analisada na culpabilidade. O fato típico possui

AU
uma análise estritamente objetiva, descritiva.

0L
47
● 50 41998
Nesse sistema clássico o dolo é normativo (vontade + consciência + consciência atual da ilicitude).
07
Não basta o agente querer ou aceitar o resultado / ele reclama o conhecimento que o
36

comportamento é contrário ao direito. (o dolo está na culpabilidade)


02

Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo normativo, pelo fato de existir
A
ST

no dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos,


41998 considerados psicológicos, um elemento de
CO

natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato).


O

Caiu na prova Delegado Federal – Segundo a teoria causal, o dolo causalista é conhecido como dolo
ND

normativo, pelo fato de existir, nesse dolo, juntamente com os elementos volitivos e cognitivos, considerados
SE

psicológicos, elemento de natureza normativa (real ou potencial consciência sobre a ilicitude do fato). (item
RO

correto).
CE

● Culpabilidade: TEORIA PSICOLÓGICA – composta por:


NI
DE

A CULPABILIDADE seria o VÍNCULO PSICOLÓGICO entre o sujeito e o fato típico e ilícito. Esse vínculo
AU

pode ser representado tanto pelo dolo como pela culpa (que eram ESPÉCIES DA CULPABILIDADE).
L

a) imputabilidade (pressuposto)
70

b) dolo normativo ou culpa (espécies).


504
07

DOLO NORMATIVO: é aquele que traz em seu interior a consciência atual/real da ilicitude, ou seja, o agente
36
02

pratica um comportamento sabendo que aquilo é contrário ao Direito.


A
ST

A IMPUTABILIDADE, por sua vez, consiste na capacidade do ser humano de entender o caráter ilícito
CO

da conduta e de determinar-se de acordo com esse entendimento.


O
ND
SE

IMPORTANTE: a imputabilidade era um PRESSUPOSTO para a culpabilidade. (não era um elemento, pois
RO

estava fora da culpabilidade).


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36
02
● Dolo e culpa aqui são espécies de culpabilidade, pois permitem avaliar o vínculo psicológico entre o

S TA
autor e a conduta – ou seja, não são analisados de pronto, na verificação do fato típico (dentro de

CO
“conduta”), mas tão somente no terceiro substrato do crime – a culpabilidade.

DO
● Problemas:

EN
a) não explica os crimes omissivos (há necessidade de “movimento”, ou seja, ação), tampouco

S
os crimes formais e de mera conduta (vez que dependia de produção de resultado naturalístico);

RO
b) só faz a análise da finalidade do agente na culpabilidade, terceiro elemento do crime,

CE
inviabilizando que esta seja analisada desde logo (assim, para esse sistema, caso alguém

NI
pratique atos criminosos durante um episódio de sonambulismo, por exemplo, estes seriam

DE
considerados fatos típicos);

AU
c) é equivocado separar a conduta da relação psíquica do agente, não analisando sua vontade.

0L
47
● Quem é clássico, é obrigatoriamente “tripartida” (falado anteriormente). Não pode ser “bipartida”,
50
já que dolo e culpa aqui só são analisados na culpabilidade, de modo que esta deverá então ser
07
considerada elemento do crime, sob pena de haver responsabilidade penal objetiva.
36

● Foi abandonada com o tempo.


02
A
ST

FATO TÍPICO ILICITUDE


41998 CULPABILIDADE
CO

(Teoria psicológica)
O

Conduta (movimento humano Relação de contrariedade Imputabilidade


ND

voluntário que produz alteração entre o fato e o Direito (pressuposto)


SE

no mundo exterior)
RO

Resultado naturalístico Dolo normativo (vontade + consciência +


CE

consciência atual da ilicitude) ou culpa.


NI

(espécies)
DE

Nexo causal
AU
L

Tipicidade
70
04

II – Teoria Neokantista/Neoclássica/Teoria Causal-valorativa (base causalista): (Reinhart Frank) (Edmund


5
07

Mezger)
36

O sistema neoclássico surgiu na Alemanha, no ano de 1907, pelos estudos de Reinhart Frank, que
02

desenvolveu a teoria da normalidade das circunstâncias concomitantes (teoria da “evitabilidade”). Por essa
A

41998
ST

teoria, só existe culpabilidade quando o agente imputável pratica o fato típico e ilícito em uma situação de
CO

normalidade, ou seja, quando lhe era exigível uma conduta diversa.


O
ND

● Conduta: “COMPORTAMENTO humano voluntário causador de modificação no mundo exterior”. –


SE

aqui conduta não é ação, mas comportamento, o que abrange tanto a ação quanto a omissão.
RO
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36
● Dolo e culpa: Permanecem na culpabilidade, mas deixam de ser ESPÉCIES e se tornam ELEMENTOS

02
DA CULPABILIDADE.

STA
● O dolo continua sendo normativo (híbrido/colorido), pois traz em seu interior a consciência

CO
atual/real da ilicitude.

DO
● Como o modelo neoclássico é um modelo claramente valorativo, pois começa a fazer um juízo de

EN
valor nos elementos do crime, começam a surgir teorias que passam a reconhecer uma relação entre

S
o fato típico e a antijuridicidade (a absoluta autonomia entre elas cai por terra – teoria do tipo

RO
avalorado). Nesse sentido, a antijuridicidade também ganha um aspecto normativo, que é a

CE
41998

danosidade social do fato (o fato, além de ser ilícito, precisa ser danoso).

NI
DE
Surgem duas teorias principais para explicar a relação do fato típico com a ilicitude: o principal ponto

AU
em comum dessas teorias é: juntar/unir os substratos do fato típico e ilicitude em um único substrato (para

0L
47
que haja só um momento de análise).
❖ TEORIA DA RATIO ESSENDI: 50
07
De acordo com a Teoria da Ratio Essendi, o fato típico é a RAZÃO DE SER da ilicitude.
36

Crime não é fato típico, ilícito e culpável. Ele adota um conceito bipartido: o crime é um fato
02

tipicamente ilícito e culpável. Ou seja: crime é formado por fato típico e culpabilidade.
A
ST

41998
CO

❖ TEORIA DOS ELEMENTOS NEGATIVOS DO TIPO:


O

Apesar de parecida com a teoria da ratio essendi, com ela não se confunde.
ND

Temos o TIPO TOTAL DO INJUSTO, em que o crime é composto pelo tipo total + culpabilidade. E
SE

esse tipo total é dotado de duas faces, uma positiva e uma negativa:
RO

(a) Face positiva – é chamada de tipicidade provisória (é o que nós conhecemos como tipicidade).
CE

(b) Face negativa – é a ausência dos elementos negativos do tipo (o que nós conhecemos como causas
NI

excludentes da ilicitude – estado de necessidade legítima defesa, etc.).


DE
AU
L

Conclusão: Para essa teoria, os elementos negativos do tipo não podem estar no tipo penal, uma vez
70

que a presença deles excluiria a própria tipicidade, pois compõem a face negativa do próprio tipo.
04
5
07

● A alteração se encontra na culpabilidade, que passa a contar com um terceiro elemento: A


36

EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.


02
A
ST

● Culpabilidade: TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA – composta por três elementos:


CO

a) imputabilidade
O

b) dolo normativo ou culpa


ND

c) exigibilidade de conduta diversa. (foi acrescentada!)


SE
RO
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36
FATO TÍPICO ILICITUDE CULPABILIDADE

02
TA
(Teoria psicológico-normativa)

S
Conduta (comportamento Relação de contrariedade entre o Imputabilidade

CO
humano voluntário que produz fato e o Direito (elemento)

DO
alteração no mundo exterior)

EN
Resultado naturalístico Dolo normativo (vontade +

S
consciência + consciência atual da

RO
ilicitude) ou culpa.

CE
(elementos)

NI
DE
Nexo causal Exigibilidade de conduta diversa

AU
(elemento)

0L
Tipicidade

47
50
III – Teoria Finalista (prevalece): (Hans Wetzel – 1930, livro “O novo sistema jurídico penal”). A conduta
07
também está no fato típico.
36
02
A

● Conduta: comportamento humano voluntário, psiquicamente dirigido a um fim.


ST

● Dolo e culpa: Migram da culpabilidade para o41998


fato típico (dentro do elemento “conduta” – ou seja,
CO

estruturalmente, não mudaram os elementos do fato típico).


O

● O dolo deixa de ser normativo e passa a ser natural: Retirou-se de sua análise o elemento normativo
ND

(“consciência atual da ilicitude”), constituindo este um elemento similar autônomo da culpabilidade:


SE

“potencial consciência da ilicitude” (ou seja, a consciência da ilicitude deixou de ser atual para se
RO

tornar potencial. Permanece em sua análise apenas a vontade (elemento volitivo) e a consciência
CE

(elemento cognitivo).
NI
DE

Obs.: Dolo natural também pode ser chamado de neutro, sem cor, acromático.
AU

● O potencial conhecimento da ilicitude não integra o dolo, mas sim a culpabilidade.


L
70

Nesse modelo, temos a Teoria da RATIO41998COGNOSCENDI ou TEORIA DA INDICIARIEDADE para


04

explicar a relação entre o fato típico e a ilicitude:


5
07

Essa teoria diz que o fato típico é a RAZÃO DE CONHECER da ilicitude (na ratio essendi era razão de
36

SER). Ou seja: fato típico é INDÍCIO/PRESUNÇÃO da ilicitude


02

Essa presunção é relativa, podendo ser afastada pela prova em contrário de causa excludente da
A
ST

ilicitude (presunção iuris tantum).


CO
O

● Culpabilidade: TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE. Agora não há mais elementos


ND

psicológicos na culpabilidade (dolo e culpa), mas apenas normativos. A isto a doutrina deu o nome
SE

de “CULPABILIDADE VAZIA”, pois foi esvaziada em relação aos elementos psicológicos.


RO

A culpabilidade passa a ser formada por:


E
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36
1) Imputabilidade;

02
2) Potencial Consciência da ilicitude;

STA
3) Exigibilidade de Conduta diversa.

CO
DO
A “retirada” do dolo da culpabilidade
41998
fez com que esta passasse a ser restrita a elementos

EN
exclusivamente normativos: a imputabilidade, a potencial consciência da ilicitude (retirada do dolo,

S
que se torna natural e não mais híbrido) e a exigibilidade de conduta diversa – eis a teoria normativa

RO
pura da culpabilidade.

CE
NI
DE
IV – TEORIA FINALISTA DISSIDENTE: É a bipartite, em que a culpabilidade seria pressuposto de aplicação da

AU
pena. Logo, crime seria fato típico + ilícito, apenas.

0L
47
☞ Outras teorias que tratam da conduta / ação:
50
07
V – TEORIA SOCIAL DA AÇÃO: É tripartite, estando a conduta no fato típico. A conduta seria comportamento
36
02

humano voluntário dirigido a um fim socialmente relevante.


A

Ou seja: Essa teoria explicava a ação, não com base na finalidade e nem em relações de causa e efeito
ST

(explicações física-naturalística), mas com base na RELEVÂNCIA


41998
SOCIAL DA CONDUTA.
CO

Crítica: não há definição clara do que seria “socialmente relevante”.


O
ND

VI – CONCEITO PESSOAL DE AÇÃO (ROXIN)


SE
RO

Para Roxin, o conceito de ação é a MANIFESTAÇÃO DA PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO. Abrange todo


acontecimento atribuível ao centro de ação psíquico-espiritual do homem
CE

CRÍTICA: Há uma generalização sobre o que efetivamente venha a ser manifestação da


NI
DE

personalidade.
AU
L

VI – TEORIA FUNCIONALISTA (FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO): (Roxin) A conduta seria comportamento


70

humano voluntário, orientada pelo princípio da intervenção mínima, causadora de relevante e intolerável
04

lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Adota-se a Teoria personalista da ação: base metodológica,
5
07

influência do pensamento de Claus Roxin. Ou seja, proteção dos bens jurídicos relevantes.
36
02
A

VII – FUNCIONALISMO SISTÊMICO OU RADICAL: (Jakobs) É tripartite. A conduta seria comportamento


ST

humano voluntário causador de resultado evitável, violando o sistema, frustrando as expectativas


CO

normativas. Adota a Teoria da evitabilidade individual: base metodológica, influência do pensamento de


O

Jakobs. Ou seja, garantia da vigência da norma.


ND

● Dolo e culpa: Permanecem no fato típico.


SE

● Serve de base para o DIREITO PENAL DO INIMIGO.


RO
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36
02
B) CARACTERÍSTICAS DA CONDUTA

TA
S
● Não há crime sem conduta (o ordenamento jurídico brasileiro não admite os crimes de mera

CO
suspeita).

DO
● Consequência prática: Foi decidido pelo Plenário do STF (RE 583.523), que o art. 25 da Lei das

EN
Contravenções Penais não foi recepcionado pela Constituição.

S
● Apenas o ser humano pode praticar condutas penalmente relevantes (salvo pessoas jurídicas

RO
em crimes ambientais.

CE
● Apenas a conduta voluntária interessa ao Direito Penal (vontade é elemento do dolo, que é

NI
elemento da conduta no finalismo).

DE
● Apenas os atos exteriorizados no mundo ingressam no conceito de conduta (a mera cogitação

AU
não é punível). Segundo Nelson Hungria, o direito penal só pode agir quando a intenção

0L
47
criminosa sai do claustro psíquico do agente e se projeta no mundo.
50
07
C) FORMAS DE CONDUTA: AÇÃO X OMISSÃO
36
02

I. Crime comissivo (ação): É movimento corporal exterior, postura positiva. O agente infringe um tipo
A
ST

proibitivo, realizando a conduta vedada. 41998


CO

41998
II. Crime omissivo: Conduta de não fazer o que poderia ser feito, postura negativa. O agente deixa de agir de
O

acordo com o determinado por lei.


ND
SE

Obs.: Temos ainda os Crimes de conduta mista, que vimos nas classificações, que é aquele que
RO

possui uma parte inicial praticada por ação e uma parte final praticada por omissão (ex.: apropriação de
CE

coisa achada, art. 169, parágrafo único, II, CP).


NI
DE
AU

● TEORIAS SOBRE A OMISSÃO:



L

Naturalística: A omissão é fenômeno causal, sendo verdadeira espécie de ação. Quem se


70

omite, FAZ efetivamente alguma coisa, por produzir resultado no mundo dos fatos.
04

∘ Normativa (Adotada no CP): A omissão é determinada pela lei. Só será relevante ao direito
5
07

penal a omissão quando a lei impunha uma ação diante da inércia do agente.
36
02

ESPÉCIES DE CRIMES OMISSIVOS:


A
ST

OMISSIVOS IMPRÓPRIOS (ESPÚRIOS /


CO

OMISSIVOS PRÓPRIOS (PUROS)


COMISSIVOS POR OMISSÃO)
O

Dever genérico de agir (recai sobre todos Dever específico de evitar o resultado (recai sobre
ND

indistintamente) – crimes comuns. as pessoas do art. 13, §2º, CP – os “garantes”) –


SE

crimes próprios.
RO
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AU
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
Subsunção direta entre fato e norma. Omissão Subsunção indireta entre fato e norma.

02
TA
descrita no próprio tipo penal. O tipo descreve uma ação, mas a inércia do agente,

S
descumprindo seu dever de agir (art. 13, §2º, CP),

CO
leva à produção do resultado naturalístico.

DO
NÃO admitem tentativa, são unissubsistentes. Admitem tentativa, são plurissubsistentes.

EN
Via de regra, são de mera conduta, mas o STF tem

S
decisão dizendo que excepcionalmente podem ser Via de regra, são crimes materiais.

RO
materiais.

CE
Ex.: salva-vidas que, podendo, deixa de impedir um

NI
Ex.: Omissão de socorro (art. 135, CP).

DE
afogamento e a pessoa morre.

AU
0L
Crimes de "olvido" (ou de esquecimento) é o nome dado aos crimes omissivos impróprios culposos, ou seja,

47
nos casos em que a omissão do garantidor ocorrer por culpa. Aproveitando o exemplo do afogamento, o
50
salva-vidas não impediu aqui por estar beijando a namorada, por exemplo.
07
36
02

D) CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CONDUTA


A
ST

41998
● Caso fortuito (ação humana) e força maior (natureza) são acontecimentos imprevisíveis e
CO

inevitáveis, que escapam ao controle da vontade. Sem vontade não há conduta. Obs.: A depender
O

41998
ND

da corrente adotada, esses conceitos podem ser encontrados invertidos – caso fortuito como ação
SE

da natureza etc.
RO

● Movimentos reflexos: Reações corporais automáticas, as quais independem da vontade do ser


humano. São reações fisiológicas, que decorrem da provocação dos sentidos. Não se confundem
CE

com:
NI
DE

∘ Ações em curto circuito, que derivam de uma explosão emocional repentina (há conduta e
AU

crime).
L

∘ Atos habituais: realizados pela pessoa repetidamente, mesmo que contrários ao


70

ordenamento jurídico – há vontade. Lembrando que hábito e costume são diferentes, vez
5 04

que o hábito (dirigir falando ao celular) se faz por repetição por vontade do agente e o
07

costume, embora também haja repetição, é porque se acredita na obrigatoriedade.


36
02

● Coação física irresistível (vis absoluta) – O agente é fisicamente controlado pelo coator, de modo
A

que não há vontade. Exclui o dolo e, por conseguinte, a tipicidade. Ex.: Thiago aperta o dedo de Ana
ST

contra o gatilho para matar alguém. Mas atenção: aqui a coação deve ser física. Se for moral
CO

irresistível (vis compulsiva) a situação é de inexigibilidade de conduta diversa. Há vontade, vez que o
O

agente decide se obedece ou não, mas é uma vontade viciada. Exclui a culpabilidade.
ND

● Sonambulismo e hipnose: os atos são praticados em estado de inconsciência, de modo que se não
SE

há consciência, não há dolo e, consequentemente, não há conduta.


RO
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● Embriaguez letárgica

02
∘ Santiago Mir Puir e Grande parte da doutrina - hipótese de ausência da conduta.

TA

S
Bittencourt - é um transtorno mental transitório que, como tal, deveria ser tratado. Dessa

CO
forma, deveria ser analisado como uma hipótese de exclusão da imputabilidade, e não como

DO
ausência de conduta.

S EN
DIREITO PENAL: TEORIA DO CRIME – PARTE II (CONTINUAÇÃO DE “FATO TÍPICO” – TEORIA DO TIPO – ITER

RO
CRIMINIS – CONSUMAÇÃO E TENTATIVA – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E

CE
ARREPENDIMENTO POSTERIOR – CRIME IMPOSSÍVEL)

NI
DE
1. CONTINUAÇÃO DOS ELEMENTOS DO FATO TÍPICO

AU
0L
47
Vimos anteriormente que o fato típico é composto por 4 elementos: conduta, resultado, nexo causal
e tipicidade, sendo que “conduta” já estudamos. Vamos ao restante: 50
07
36

I – CONDUTA
02

Visto na parte anterior.


A
ST

41998
CO

II – RESULTADO: 41998
O

Resultado é o que a conduta do agente produz. É o efeito ou consequência da ação ou omissão do


ND

sujeito ativo.
SE

● Naturalístico/Material: Alteração física no mundo exterior. Se o delito é de homicídio, a morte da


RO

vítima é o resultado material.


CE

o Presente apenas nos crimes materiais consumados.


NI

o Nos crimes formais, a ocorrência do resultado naturalístico é possível, mas é dispensável


DE

para a sua consumação.


AU

o Já os de mera conduta, jamais terão resultado naturalístico.


L
70
04

#DICA DD! Alguns autores afirmam que o tipo penal nos crimes formais é incongruente, assim chamados por
5
07

prever que o agente visa a um resultado que não é essencial para a definição dos limites entre o delito
36

consumado e o delito tentado. Ou seja, o agente deve perseguir determinado resultado, mas sua ocorrência
02

é desnecessária para a consumação do delito.


A
ST
CO

● Jurídico/Normativo: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. É a transgressão da lei penal.
O

Presente em todos os crimes.


ND
SE

III – NEXO CAUSAL


RO
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36
Nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta e o resultado material do delito.

02
Em outras palavras: É o vínculo entre conduta e resultado.

TA
S
O estudo da causalidade busca concluir se o resultado naturalístico, como um fato, decorreu da ação

CO
e se pode ser atribuído objetivamente ao sujeito passivo, motivo pelo qual só tem relevância nos crimes

DO
materiais. Nos crimes de mera conduta não há resultado naturalístico. Nos crimes formais, o resultado é

EN
irrelevante para a consumação, por se tratar de mero exaurimento do crime, nos crimes omissivos, prevalece

S
que o nexo causal é normativo, realizado por meio de uma norma que que liga o resultado a conduta do

RO
agente, aquela que prevê o dever jurídico de agir.

CE
O CP utilizou a expressão “relação de causalidade” (art. 13).

NI
DE
TEORIAS QUE BUSCAM EXPLICAR A RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE A CONDUTA E O RESULTADO:

AU
0L
47
1) TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES CAUSAIS / DA CAUSALIDADE SIMPLES / DA
CONDITIO SINE QUA NON: 50
07
36

☞ Esta foi a teoria adotada pelo art. 13, caput do CP.


02

Segundo essa teoria, causa é toda e qualquer ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
A
ST

ocorrido (há aqui uma generalização, em que todas as41998


causas teriam igual valor);
CO

Para identificar se algo foi causa, utiliza-se o método de eliminação hipotética de Thyrén. Deve o
O

aplicador do direito eliminar hipoteticamente a conduta e analisar se o resultado desaparece ou subsiste.


ND
SE

41998

O processo de eliminação hipotética se baseia na conceituação de que causa é todo fato que, que se for
RO

eliminado no campo da suposição, leva à exclusão do resultado.


CE
NI
DE

Caso o resultado desapareça com a eliminação da conduta, esta será considerada como causa.
AU

Assim, para considerarmos que determinado fato realmente deu causa ao resultado, é preciso que
L

façamos um exercício mental de eliminação hipotética dos antecedentes causais:


70

1 - Devemos determinar o fato que influenciou o resultado;


04

2 - Devemos SUPRIMIR mentalmente esse fato da cadeia causal;


5
07

3 - Se, como consequência dessa supressão mental, o resultado vier a se modificar, significa que o fato
36
02

suprimido deve ser considerado como causa desse resultado.


A
ST

Ex.: João, intencionalmente, ateia fogo na casa de Maria com ela dentro, de modo que esta venha a
CO

óbito. Se eliminarmos a conduta de João a morte de Maria teria ocorrido? Então a conduta dele foi
O

causa.
ND
SE
RO
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36
Ex.: A tem ideia para cometer um crime. Fala com B e B o instiga. C empresta a arma sabendo que

02
era para matar D (auxílio material). A acaba matando B com as próprias mãos (sem o uso da arma de fogo

STA
emprestada).

CO
⦁ A → quer matar

DO
⦁ B → instiga para ele matar mesmo

EN
⦁ C → empresta a arma de fogo

S
RO
Na investigação da relação de causalidade, temos que eliminar hipoteticamente cada uma das

CE
condutas para saber qual delas deu causa ao resultado.

NI
DE
⦁ Se eliminar a conduta de A → D não morre

AU
⦁ Se eliminar a conduta de B → D também não morre pois, pelo contexto, a instigação foi essencial

0L

47
Se eliminar a conduta de C → D morre de qualquer forma. Sem o auxílio de C, a conduta mesmo
50
assim teria ocorrido, de modo que a conduta de C não foi causa do resultado típico. Mesmo que C
07
tenha feito conduta de emprestar a arma, essa conduta não deu causa ao resultado.
36
02

Crítica: A teoria dos antecedentes causais gera um grande inconveniente apontado pela Doutrina:
A
ST

Permite o regresso “ad infinitum”. 41998


CO

Se formos regressando cada vez mais no tempo e eliminando condutas que geraram outras, por
O

exemplo, chegaríamos ao ponto de que se a mãe de João não tivesse dado à luz a ele, ele não teria existido
ND

e nem causado a morte de Maria. Assim, essa conduta teria sido causa, o que é bizarro. Então esse regresso
SE

deve ser feito somente até onde há relevância, analisando não só a causalidade física, como a causalidade
RO

psíquica/subjetiva, verificando dolo/culpa.


CE
NI

2) TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA: A Teoria da causalidade Adequada veio para limitar o nexo
DE

causal nos desdobramentos causais extraordinários produzidos pelas concausas relativamente


AU

independentes. Ou seja: veio limitar esse regresso ao infinito promovido pela Teoria da Equivalência dos
L
70

Antecedentes Causais
04

☞ Adotada como exceção, no §1º, para concausa relativamente independente que por si só
5
07

produziu o resultado.
36

Por essa teoria, são consideradas apenas as circunstâncias indispensáveis/idôneas/eficazes à


02

produção do resultado, capazes de causá-lo quando e como ele ocorreu;


A
ST

Aqui, utiliza-se para a análise um juízo de probabilidade/estatístico, avaliando aquilo que


CO

normalmente acontece como desdobramento natural de uma conduta, e excluindo os fatos inidôneos e
O

41998
improváveis.
ND

Ex.: A atira em B e B morre por causa de uma infecção hospitalar no ferimento:


SE

⦁ Pela Teoria dos Antecedentes Causais → se retirarmos o disparo ela não morre, logo disparo
RO

é causa do resultado.
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36
⦁ Pela Teoria da Causalidade adequada → tem que analisar a conduta e perceber quais são

02
seus desdobramentos estatísticos prováveis, e verificar se eles estão compatíveis com o

STA
resultado. Quem atira em alguém, acaba produzindo estatisticamente uma morte por

CO
infecção hospitalar no ferimento.

DO
⦁ Entretanto, se ele morre porque está em uma ambulância que bate em um carro, o disparo

EN
de arma de fogo não causa o risco estatístico de morte por acidente de ambulância. Por isso,

S
41998
a causa disparo de arma de fogo não é adequada ao resultado morte por acidente de

RO
trânsito.

CE
NI
Segundo o autor Claus Roxin, só é causa uma conduta que possui uma tendência geral a produzir o

DE
resultado típico, enquanto as condições que, por mera causalidade houverem provocado o resultado são

AU
juridicamente irrelevantes. Essa teoria elimina resultados extravagantes, como o citado acima da morte por

0L
47
acidente de trânsito. Ademais, apresenta como vantagem a eliminação do regresso ao infinito.
50
07
3) TEORIA DA IMPUTAÇÃO OBJETIVA: Ao contrário do que o nome sugere, esta teoria não defende a
36

aplicação de responsabilidade objetiva. Trata, na verdade, de delimitar, objetivamente, como será feita a
02

imputação (atribuição) do resultado ao agente.


A
ST

A Teoria da Imputação Objetiva busca impedir


41998 o regresso ao infinito decorrente da teoria da
CO

equivalência dos antecedentes causais. Não substitui a citada teoria, mas a complementa, inserindo, além
O

da análise do nexo físico (relação entre a conduta e o resultado – que é o que está presente na causalidade
ND

simples), o nexo normativo, para a análise objetiva da relação de causalidade.


SE

Para que se evite o regresso infinito nesta análise, dentro da teoria da conditio sine qua non (adotada
RO

pelo CP), faz-se necessário analisar a causalidade psíquica/subjetiva, ou seja, os elementos subjetivos (dolo
CE

ou culpa do agente) – o que seria, na verdade, a imputação subjetiva do resultado. Isso seria um problema,
NI

por exemplo, para os causalistas e neokantistas, já que dolo e culpa estão apenas na culpabilidade.
DE

Já na teoria da imputação objetiva, analisa-se nexo físico + nexo normativo, que analisa
AU

objetivamente a finalidade do agente, definindo a relação de causalidade de forma objetiva, dispensando,


L
70

neste primeiro momento, a análise dos elementos subjetivos (dolo e culpa) – que formaria a imputação
04

subjetiva, o que só ocorrerá em momento seguinte.


5
07
36

A IMPUTAÇÃO OBJETIVA se insere na TIPICIDADE OBJETIVA → vai verificar se vai imputar aquele
02

comportamento ou resultado (a depender da teoria adotada), antes mesmo de analisar o dolo e culpa.
A
ST
CO

Ou seja: o caminho é: praticou uma conduta → 1º deve-se verificar se há nexo pela conditio sine qua
O

non? → SE SIM → AGORA SIM VAMOS VERIFICAR A IMPUTAÇÃO OBJETIVA.


ND
SE

1- Prática da conduta (analisa se houve conduta)


RO

2- Verificar se houve nexo pela Teoria da Conditio Sine Que non


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36
3- Analisa a tipicidade objetiva (o fato de adequa à alguma norma?)

02
4- Analisa a imputação objetiva (que está inserida na tipicidade objetiva)

STA
5- Analisa a tipicidade subjetiva (ver se há dolo ou culpa)

CO
DO
A teoria da imputação objetiva requer que a conduta do agente represente um risco proibido ao bem

EN
jurídico tutelado, risco esse que deve ter sido produtor do resultado.

S
RO
IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE ROXIN:

CE
Considerações importantes:

NI
DE
(1) A imputação objetiva de ROXIN é imputação do RESULTADO

AU
(2) O ponto central da imputação objetiva de Roxin é a ideia do risco - TEORIA DO RISCO

0L
Ele se apropria da ideia de sociedade de risco da sociologia. E ele constata que, em sociedades

47
complexas, o risco é inerente à sociedade. Acabamos assimilando que determinadas condutas
50
de risco são fundamentais ao funcionamento da sociedade.
07
36
02

A solução encontrada pelo finalismo para evitar o regresso ao infinito gerado pela causalidade simples foi
A

delimitá-la por intermédio do dolo e da culpa (causalidade subjetiva). Já para Claus Roxin: os problemas de
ST

imputação não devem ser resolvidos nos tipos subjetivos,


41998
dolo ou culpa, mas dentro do tipo objetivo (por
CO

isso a imputação é objetiva). Em outras palavras, para a teoria da imputação objetiva a solução para a
O

causalidade deve decorrer


41998 no tipo objetivo sem perquirir o tipo subjetivo dolo ou culpa. O autor acrescenta
ND

ao nexo físico, a causalidade normativa, isto é, nexo normativo. Portanto a análise deve seguir as seguintes
SE

etapas: 1-teoria da equivalência dos antecedentes conjugada com a eliminação hipotética de Thyrén
RO

(causalidade objetiva) 2-imputação objetiva. 3-dolo ou culpa (causalidade subjetiva).


CE
NI
DE

Roxin traz os seguintes elementos para analisar o nexo normativo:


AU

(1) CRIAÇÃO OU INCREMENTO DE UM RISCO PROIBIDO OU NÃO PERMITIDO


L

Atividades de risco desenvolvidas cotidianamente, ainda que possam estar relacionadas com
70

resultados lesivos ao bem jurídico, não podem acarretar responsabilidade penal, pois são riscos socialmente
5 04

aceitos/adequados. Ou seja: são riscos toleráveis pela sociedade


07

Ex.: Andar de avião. É arriscado, mas é permitido.


36
02

→ Caso concreto citado por Roxin e Jakobs: João deseja a morte de seu tio, Pedro. Para isso, ele
A
ST

convence Pedro a andar de avião frequentemente, rezando para que o avião caia. Nesse caso,
CO

embora ele queira a morte da pessoa (ele tem o dolo, porque ele quer), ele não responde por
O

homicídio, caso o avião caia e Pedro morra, porque não há a criação ou incremento de um risco
ND

não permitido.
SE
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36
→ Dirigir com velocidade muito acima do permitido é um risco proibido que dá causa à imputação do

02
resultado.

TA
S
CO
(2) REALIZAÇÃO DO RISCO NO RESULTADO

DO
Embora tenha criado ou aumentado um risco não permitido, se esse risco não se realizar no

EN
resultado, não haverá imputação pelo crime.

S
Ex.: Se ele atropelar alguém em razão do excesso de velocidade, haverá imputação do resultado

RO
morte. No entanto, se constatar que mesmo trafegando na velocidade permitida o atropelamento teria

CE
41998

ocorrido, significa que o risco incrementado (excesso de velocidade) não eliminou o resultado morte advindo

NI
do atropelamento, pois o acidente ocorreria da mesma maneira.

DE
AU
(3) RESULTADO DENTRO DA LINHA DE DESDOBRAMENTO CAUSAL NORMAL DA CONDUTA

0L
47
Somente haverá responsabilização penal se A CONDUTA DO INDIVÍDUO AFRONTAR A FINALIDADE
50
PROTETIVA DA NORMA. Ou seja: se o resultado estiver fora da esfera de proteção da norma, não haverá
07
imputação objetiva.
36

Assim, se, embora o indivíduo tenha criado ou aumentado um risco não permitido, e embora esse
02

risco tenha gerado um resultado, se esse resultado não violar o objeto de proteção da norma, não haverá
A
ST

imputação objetiva. 41998


CO

Em outras palavras: não é qualquer ação/omissão do agente que será considerada causa do
O

resultado, mas tão somente as que criaram ou aumentaram um risco proibido, com realização desse risco no
ND

resultado e o resultado estando dentro da linha de desdobramento normal da conduta.


SE

Ex.: A atropela negligentemente alguém e lhe causa a morte. A mãe da vítima, ao receber a notícia
RO

do acidente, começa a chorar e sofrer um ataque nervoso, vindo a falecer. O resultado morte da mãe da
CE

vítima não poderá ser imputado ao atropelador A, pois as normas de trânsito que A descumpriu buscam
NI

regulamentar o tráfego e não a saúde mental das pessoas. Ou seja: a finalidade protetiva das normas de
DE

trânsito não é tutelar a saúde da mãe das vítimas, logo não é possível imputar o resultado.
AU

Ex.: um dependente químico, em decorrência de abuso do uso de substância entorpecente vem a


L
70

óbito. Esse resultado morte pode ser imputado a quem lhe vendeu a droga? A resposta é não. O agente gerou
04

um risco proibido e praticou tráfico, porém, o resultado morte não está dentro da linha de desdobramento
5
07

normal do tráfico, não é o que o tipo penal busca proteger!


36

Há 2 categorias que são estudadas dentro desse 3º requisito: Essas categorias estão na análise do
02

alcance do tipo penal. Isso porque, ainda que haja a criação de um risco proibido, e que esse risco se realize
A
ST

em um resultado, não haverá imputação objetiva se esse resultado não esteja dentro do âmbito de proteção
CO

da norma.
O
ND

1ª. AUTOCOLOCAÇÃO EM PERIGO: A autocolocação em perigo responsável ou próprio ocorre quando a


SE

própria vítima, voluntariamente, se coloca em situação de perigo GERADA/PRODUZIDA POR ELA


RO
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MESMA. No entanto, há a figura de um terceiro que INDUZ OU INSTIGA a vítima a se colocar nessa

02
situação de perigo. Nesse caso, ele seria responsabilizado pelo resultado gerado?

STA
o Regra: Terceiro não responde

CO
o Exceção: Terceiro responderá se a participação for dolosa e ele tiver mais conhecimento do

DO
que a própria vítima.

S EN
2ª. HETEROCOLOCAÇÃO EM PERIGO CONSENTIDA: Ocorre quando a pessoa se coloca em RISCO

RO
PRODUZIDO POR OUTRA PESSOA. Nesse caso, o terceiro deverá ser responsabilizado?

CE
o Regra: Terceiro responde

NI
o Exceção: Não responderá se a vítima tiver o mesmo conhecimento do risco que ele e plena

DE
autonomia para fazer cessar risco produzido.

AU
o Claus Roxin examina fatos em que o ofendido autoriza, de modo livre e consciente, a que

0L
47
alguém o coloque em situação perigosa, como ocorre no exemplo do passageiro que solicita
50
carona a um motorista visivelmente embriagado, vindo a ferir-se num acidente
07
automobilístico.
36
02

* Obs.: Em ambos a vítima se coloca no perigo, a diferença é quem gera o risco/quem tem o domínio sobre
A
ST

o risco/quem realiza efetivamente a situação arriscada.


41998
CO
O

IMPUTAÇÃO OBJETIVA DE JAKOBS: Günther Jakobs também tem sua vertente da imputação objetiva,
ND

porém, menos discutida na doutrina.


SE

Considerações importantes:
RO

(1) A Imputação objetiva de Jakobs é DO COMPORTAMENTO (E não do resultado)


CE

(2) A ideia central é a ideia de PAPÉIS SOCIAIS/EXPECTATIVAS – Em uma sociedade complexa, cada
NI
DE

pessoa tem seu papel na sociedade.


AU

→ O comportamento social do homem será vinculado a um feixe de expectativas que a


L
70

41998
sociedade deposita no indivíduo como um instrumento redutor de complexidade, e que
04

Jakobs chama de papéis (ou competências) papel social


5
07
36

Requisitos para a exclusão da imputação (se presente algum deles, não há imputação):
02
A
ST

(1) RISCO PERMITIDO


CO

Mesma ideia de ROXIN, mas trabalhada com a ideia de feixe de expectativas. Assim, o risco
O

permitido está dentro do feixe de expectativas esperadas pela sociedade e diz respeito aos papéis sociais
ND

que, embora perigosos por um aspecto, são necessários e aceitos pela sociedade.
SE
RO
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Ou seja, são riscos inerentes às configurações sociais que devem ser tolerados como rico permitido.

02
Logo, se o risco é permitido, significa que o agente está se comportando de acordo com o seu papel na

STA
sociedade, e não há crime

CO
Ex.: Todos na sociedade têm um papel social. Se o indivíduo tem o papel social de ser um piloto de

DO
aeronave, ele gera um risco, mas é um risco permitido porque está dentro do feixe de expectativas do que a

EN
sociedade espera dele. A sociedade espera que haja um piloto no avião.

S
RO
(2) PRINCÍPIO DA CONFIANÇA

CE
Como vivemos numa sociedade complexa, as pessoas numa mesma sociedade devem confiar umas

NI
nas outras no sentido de que cada pessoa irá cumprir o seu respectivo papel social. (“cada um cuida da sua

DE
vida, não precisa fiscalizar para saber se cada um cumpriu seu papel”).

AU
Assim, se eu atuo dentro do meu papel social, dentro do feixe de expectativas que a sociedade

0L
47
depositou para mim, não posso responder
41998 pelo comportamento criminoso se um outro indivíduo violar o seu
respectivo social. 50
07
Ex.: Num ato cirúrgico, tido como um dos mais complexos, o médico confia que a pessoa encarregada
36

de esterilizar o bisturi o tenha feito. O médico tem que cumprir seu papel social de operar. Ele não precisa
02

ficar fiscalizando para ver se o instrumentalista esterilizou os instrumentos, pois esse é o papel social do
A
ST

instrumentalista. 41998
CO
O

JAKOBS: “Não se imputarão objetivamente os resultados produzidos por quem


ND

obrou confiando em que outros se manterão dentro dos limites de perigo


SE

permitido”.
RO
CE

(3) PROIBIÇÃO DE REGRESSO (autoexplicativo – e traz a mesma ideia, só tem relevância regressar
NI

até onde há violação do papel social)


DE

Se determinada pessoa atuar de acordo com limites de seu papel social, sua conduta, mesmo que
AU

contribuindo para o sucesso da infração penal levada a efeito pelo agente, não lhe poderá ser imputada.
L
70

Ex.: O autor compra uma peça de pão para envenená-lo e matar alguém. Mesmo que o padeiro
04

soubesse da finalidade ilícita do agente ao comprar o pão, não poderia responder pela infração penal, pois
5
07

a atividade de vender pães, seja qual for a sua utilização, consiste no papel social de padeiro. Dessa forma,
36

como o padeiro estava atuando dentro do limite do seu papel social, não lhe pode ser imputado o
02

comportamento criminoso de outrem.


A
ST
CO

(4) CAPACIDADE DA VÍTIMA


O

Nesse último requisito entram hipóteses residuais que atribuiriam à vítima a violação do seu papel
ND

(ao se colocar em uma situação de risco), não podendo responsabilizar outro indivíduo, que não a própria
SE

vítima.
RO

Assim, se a vítima se autocoloca em perigo, resta afastada a responsabilidade do agente.


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36
No exemplo dado acima sobre a morte do usuário de drogas, podemos acrescentar como

02
fundamentação para a não responsabilização do traficante por esse resultado, a autocolocação em perigo,

STA
vez que o falecido se expôs conscientemente ao risco.

CO
DO
CONCLUSÃO: Ambas as vertentes (Imputação de Roxin e de Jakobs) buscam a mesma coisa: definir

EN
objetivamente a relação de causalidade. A “diferença”, é o sentido que cada um deu à sua teoria. E aqui,

S
lembremos do que estudamos sobre o funcionalismo de cada um. Enquanto para Roxin não haverá nexo

RO
causal se não foi violado ou ameaçado aquilo que o ordenamento jurídico buscava proteger (para ele a função

CE
do DP é proteger bens jurídicos), para Jakobs não existirá o nexo causal e não será crime se o agente não

NI
DE
tiver violado seu papel na sociedade (para ele a função do DP é assegurar o império da norma). Tema

AU
bastante interessante para uma discursiva!

0L
47
Vamos de tabelinha?
50
07

NEXO CAUSAL / RELAÇÃO DE CAUSALIDADE


36
02

Teoria da equivalência dos 41998


A

antecedentes ou conditio ● Causa é todo e qualquer acontecimento provocado


ST

41998
CO

sine qua non. pelo agente, sem o qual o resultado não teria
(nexo físico + elementos ocorrido como e quando ocorreu.
O
ND

subjetivos) ● Método de eliminação hipotética


SE

Art. 13, caput, CP.


RO


CE

Causa é todo e qualquer comportamento humano


NI

adequado/idôneo/eficaz/capaz de produzir o
DE

Teoria da causalidade
resultado como ele ocorreu.
AU

adequada
● Mais restrita que a primeira.
L

§1º do artigo 13 do CP

70

Juízo de probabilidade/estatístico – aquilo que


04

normalmente acontece.
5
07
36

Imputação objetiva
02

(Claus Roxin) ● Adiciona ao nexo de causalidade a criação de um


A
ST

Não tem previsão legal risco proibido ou o aumento de um já existente, a


CO

STJ já aplicou realização desse risco no resultado, exigindo que o


O

(Nexo físico + resultado esteja na linha de desdobramento causal


ND

nexo normativo + e só depois NORMAL da conduta, ao que se dá o nome de nexo


SE

elementos subjetivos) normativo.


RO
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36

02
Só se aplica aos crimes materiais, pois precisa haver

TA
resultado.

S
● Lembrar que Jakobs aponta outros critérios.

CO
DO
Juris relevante: É inepta denúncia que impute a prática de homicídio na forma omissiva imprópria quando

EN
não há descrição clara e precisa de como a acusada – médica cirurgiã de sobreaviso – poderia ter impedido

S
RO
o resultado morte, sendo insuficiente a simples menção do não comparecimento da denunciada à unidade
hospitalar, quando lhe foi solicitada a presença para prestar imediato atendimento a paciente que foi a óbito.

CE
De igual modo, é também inepta a denúncia que, ao descrever a conduta da acusada como sendo dolosa, o

NI
DE
faz de forma genérica, a ponto de ser possível enquadrá-la tanto como culpa consciente quanto como dolo

AU
eventual. STJ. 6a Turma. RHC 39.627-RJ, Rel. Min. Rogerio
41998
Schietti Cruz, julgado em 8/4/2014.

0L
47
Quando se imputa a alguém CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO (art. 13, § 2o, “b”, do CP), é necessário que
50
se demonstre o NEXO NORMATIVO (também chamado de NEXO DE EVITAÇÃO) entre a conduta omissiva
07

e o resultado normativo, porque só se tem por constituída a relação de causalidade se, baseado em
36
02

elementos empíricos, for possível concluir, com alto grau de probabilidade, que o resultado não ocorreria se
A

a ação devida fosse efetivamente realizada. Na hipótese em foco, a denúncia não descreveu com a clareza
ST

41998
necessária qual foi a conduta omitida pela denunciada que teria impedido o resultado morte, com
CO

probabilidade próxima da certeza. (Via Dizer o Direito)


O
ND
SE

2. CONCAUSAS
RO

O resultado, não raras vezes, é feito de pluralidade de comportamentos, associação de fatores, entre
CE

os quais a conduta do agente aparece como seu principal (mas não único) elemento desencadeante.
NI
DE

Nesse sentido, concausas consiste na pluralidade de causas concorrendo para o mesmo evento.
AU

As concausas podem ser:


L
70

o Dependentes: Não são capazes de produzir, por si só, o resultado. Precisam da conduta do agente e,
504

por isso, não excluem a relação de causalidade;


07

o Independentes: Capazes de produzir, por si só, o resultado, ou seja, não dependem da conduta do
36
02

agente. Podem ser absolutas ou relativas, como veremos à frente.


A
ST

▪ Concausa absolutamente independente: Ocorre quando há uma concausa capaz de produzir por si
CO

só o resultado e que NÃO se origina da conduta do agente. É totalmente desvinculada, motivo pelo
O
ND

qual ocorre a EXCLUSÃO DA IMPUTAÇÃO DAQUELE RESULTADO (deixa de ser causa, exclui o nexo e
SE

responde por tentativa.


RO
E
IC

112
EN
UD
LA
N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Pode ser: Absolutamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. A

02
alveja B com disparo de arma de fogo, mas B morre em razão do veneno ministrado a ele anteriormente por

STA
C e não em razão do tiro.

CO
DO
⦁ O veneno é causa pré-existente – por ser anterior ao disparo de arma de fogo.

EN
⦁ Absolutamente independente – pois a vítima não bebeu o veneno em razão do disparo de

S
arma de fogo. Não há qualquer relação entre o disparo e o veneno: se retirar o disparo, ainda

RO
41998
assim, a vítima irá ingerir o veneno.

CE
⦁ Que exclui a imputação do resultado morte – Pois não foi o disparo de arma de fogo que

NI
causou a morte. Retirando o disparo de arma de fogo do processo causal, a morte ocorreria

DE
como ela ocorreu? SIM! A vítima morreria do mesmo jeito: envenenada.

AU
0L
47
Aqui, “A” responderia por tentativa de homicídio e “C” por homicídio consumado
50
07
(a) Absolutamente independente concomitante: é aquela que ocorre ao mesmo tempo que a conduta
36
02

do agente – Seguindo o exemplo anterior, ‘A’ alveja ‘B’ com disparo de arma de fogo, mas ‘B’ morre
A

em razão de traumatismo craniano por um tijolo de um prédio que ao mesmo tempo da conduta de
ST

A caiu e atingiu a sua cabeça. 41998


CO

⦁ Causas absolutamente independentes → pois um disparo não tem nada a ver com o
O

traumatismo craniano.
ND

⦁ Como o resultado foi causado pelo traumatismo, exclui-se o resultado morte de ‘A’, que
SE

responde por homicídio tentado.


RO
CE

“A” também responderá por tentativa de homicídio.


NI
DE
AU

(b) Absolutamente independente superveniente: ‘A’ causa efetiva é posterior à conduta do agente.
L

Ex.: ‘A’ coloca veneno na comida de ‘B’. Antes que o veneno cause a morte de ‘B’, ‘C’ entra na casa
70

dele e o mata com um tiro.


5 04

⦁ O tiro é uma causa absolutamente independente → mesmo sem o envenenamento, ele teria
07

morrido de qualquer jeito pelo disparo efetuado por ‘C’.


36
02

⦁ ‘A’ só responde pela tentativa de homicídio, justamente porque, por causas alheias à sua
A

vontade, ‘B’ morreu pelo disparo de tiro, e não pelo veneno como ele queria.
ST
CO

‘A’ responderá por tentativa de homicídio e ‘C’ por homicídio consumado.


O
ND
SE
RO
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113
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DE
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0L
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
A concausa absolutamente independente, por produzir por si só o resultado, rompe o nexo causal

02
entre o resultado e a conduta do agente, fazendo com que este responda apenas pelo crime na modalidade

S TA
TENTADA. Adotou-se aqui a regra geral do artigo 13 do CP, teoria da conditio sine qua non.

CO
DO
▪ Concausa Relativamente independentes: A causa concorrente se origina direta ou indiretamente da

EN
conduta do agente, ou seja, ambas, em conjunto, levarão ao resultado final. Assim, ao contrário das

S
absolutamente independentes, estas NÃO EXCLUEM A IMPUTAÇÃO DO RESULTADO.

RO
CE
Podem ser:

NI
DE
(a) Relativamente independente preexistente: Anterior à conduta concorrente do agente. O típico

AU
exemplo do hemofílico. ‘A’, querendo matar ‘B’ e sabendo ser ele hemofílico, desfere contra ele uma

0L
facada na perna que, sozinha, não causaria a sua morte, mas que por esta condição, a morte ocorreu.

47
A doença era anterior à facada, agindo as duas em conjunto, de modo que o agente responde pelo
crime consumado. 50
07
⦁ O fato de ele ser hemofílico, por si só, não levaria ele à morte.
36

⦁ A facada, por si só, também não o levaria à morte (por ter sido deferida em lugar não letal)
02

⦁ A hemofilia e a facada são dependentes uma da outra para ocorrer o resultado. Ou seja: é a
A
ST

soma das causas que leva ao resultado morte.


41998
CO
O

41998

Causas relativamente independentes não excluem a imputação. Logo, o indivíduo que desferiu as facadas
ND

deve responder pelo resultado morte.


SE
RO

Sobre o tema, destaca-se a jurisprudência:


CE
NI
DE

A existência de doença cardíaca de que padecia a vítima configura-se como


AU

concausa preexistente relativamente independente, não sendo possível afastar o


L

resultado mais grave (morte) e, por consequência, a imputação de latrocínio. HC


70

704.718-SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em
04

16/5/2023, DJe 23/5/2023. (Info 777 STJ)


5
07
36
02

Verificado que a lesão é o resultado das agressões sofridas, a existência de


A

concausa anterior relativamente independente não impede a condenação pelo


ST

crime de lesão corporal grave. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.882.609-MS, Rel. Min.
CO

Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 13/3/2023. (Info 770).


O
ND

(b) Relativamente independente concomitante: ocorre ao mesmo tempo que a conduta do agente. Ex.:
SE

‘A’, objetivando matar ‘B’, efetua disparo de arma de fogo contra a vítima, não vindo, contudo, a
RO
E
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114
EN
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
atingi-la. ‘B’, em decorrência do susto causado pelo disparo, sofre um infarto e falece. A morte se

02
deu pelo conjunto das causas, de modo que ‘A’ responde pelo delito consumado;

STA
⦁ O disparo, por si só, não levaria ele à morte. Assim como o colapso cardíaco, por si só,

CO
também não o levaria à morte.

DO
⦁ O que levou à morte foi a conjunção dos dois resultados: uma causa depende da doutra.

EN
(causa efetiva= colapso e causa concorrente= disparo).

S
RO
Se uma causa depende da outra, não haverá a exclusão do resultado morte, e ‘A’ deve responder pelo

CE
homicídio.

NI
DE
AU
(c) Relativamente independente superveniente: É posterior à conduta do agente.
41998

0L
⦁ Regra: Em regra, as concausas relativamente independentes NÃO excluem a imputação.

47
⦁ Exceção: Art. 13, §1º - Eventualmente, as concausas relativamente independentes podem
50
excluir a imputação, fugindo à regra geral, quando, por si só, produzirem o resultado.
07
36
02

Atenção!!! Esta vai se subdividir em duas hipóteses:


A

i. Que por si só produz o resultado: ‘A’ atira em ‘B’ e este é socorrido. Estando no hospital,
ST

com vida, o teto desaba e ele vem a falecer


41998
em decorrência do desabamento. Qual seria a
CO

responsabilidade de ‘A’? Sabemos que se não fosse o tiro, ele não estaria no hospital, é
O

verdade. Mas aqui, é a EXCEÇÃO em que o CP adotou a teoria da causalidade adequada (§1º
ND

do art. 13), mais restrita, em que há um juízo de probabilidade do que normalmente acontece
SE

(todas as demais hipóteses de concausas são analisadas com base na conditio sine qua non).
RO

Tendo em vista que o desabamento de um teto não está dentro do resultado esperado
CE

advindo de um tiro, houve o rompimento do nexo causal, de modo que o agente responde
NI
DE

apenas por tentativa. (situação imprevisível, que seja apto a produzir o resultado, exclui a
AU

imputação e só responde por tentativa).


L
70

Caiu na Prova Delegado PC-ES/2022 - Em relação a conceitos e previsões presentes na Parte Geral do Código
04

Penal, assinale a opção correta: Se o agente ferir alguém com uma faca no pescoço, com nítida intenção de
5
07

matar, mas a vítima for socorrida e levada ao hospital e, durante a internação, morrer em decorrência de
36

uma explosão acidental no hospital, o agente responderá por tentativa de homicídio. (item correto). Aqui
02

trata-se de um exemplo como acima mencionado, causa relativamente independente que por si só produz o
resultado.
A
ST
CO

ii. Por si só não produz o resultado: Aqui, com base no mesmo exemplo anterior, suponhamos
O

que ‘B’ morre em razão de infecção nos ferimentos decorrentes do tiro. Tendo em vista que
ND

não fosse o tiro não haveria a infecção e que esta infecção é uma possibilidade normal, que
SE

se encontra dentro das consequências esperadas de um tiro, o agente responde pelo delito
RO

consumado.
E
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115
EN
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
Se liga na tabela para revisar:

S TA
CO
CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES

DO
ESPÉCIE EXEMPLO RESPONSABILIZAÇÃO

EN
Preexistente Vítima hemofílica.

S
Vítima, apesar de não ter sido Não há rompimento do nexo de

RO
Concomitante atingida, se assusta e sofre um causalidade e o agente responde

CE
infarto. pelo resultado causado. Aplica-

NI
DE
Modalidade “não por si só se o art. 13, caput, do CP (teoria

AU
produz o resultado”: Morte da conditio sine qua non).

0L
por infecção hospitalar.

47
Há rompimento do nexo de
Superveniente* Modalidade “por si só produz 50 causalidade e o agente responde
07
o resultado”: Morte pelo pelo seu dolo, apenas os atos
36
02

desabamento do teto do praticados (tentativa) e não pelo


A

hospital. resultado. Aplica-se o art. 13,


ST

41998
§1º, do CP.
CO
O

IV – TIPICIDADE
ND

É o elemento do fato típico presente em todo e qualquer crime. Conforme a doutrina moderna, a
SE

tipicidade penal é formada por:


RO


Tipicidade Formal: Juízo de subsunção do fato à norma;
CE


Tipicidade Material: Lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
NI
DE
AU

Há ainda a TIPICIDADE CONGLOBANTE, preconizada por Zaffaroni, que é formada pela tipicidade
L

material + antinormatividade.
70

41998
504

A antinormatividade é a relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento jurídico como um


07

todo. Para ele, não se pode considerar ilícita uma conduta que é determinada ou fomentada pelo Estado.
36
02

Assim, para o autor, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular do direito, que para a doutrina
A

majoritária e para o CP constituem causas excludentes de ilicitude, seriam, na verdade, causas de exclusão
ST

da tipicidade, tornando, por consequência, a conduta atípica, justamente por achar absurdo que alguém que
CO

esteja cumprindo seu dever legal ou esteja exercendo uma atividade fomentada pelo direito tenha estas
O
ND

ações consideradas como fatos típicos.


SE
RO
E
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116
EN
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DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Um exemplo é do oficial de justiça que promove penhora de bens em razão de cumprimento de mandado

02
(ele está nada menos que subtraindo coisa alheia móvel), que só ficará isento de responsabilidade na análise

STA
do segundo elemento do crime, enquanto não deveria sequer haver tipicidade penal.

CO
Já legítima defesa e estado de necessidade continuariam como excludentes de ilicitude, segundo esta teoria,

DO
vez que não são fomentadas e nem determinadas pelo Estado, mas tão somente toleradas.

EN
O STJ já adotou a tipicidade conglobante (AP 638).

S
RO
“(...) TIPICIDADE X ANTINORMATIVIDADE. TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE

CE
(...) 3. A tipicidade conglobante surge quando comprovado, no caso concreto, que

NI
DE
a conduta praticada pelo agente é considerada antinormativa, isto é, contrária à

AU
norma penal, e não imposta ou fomentada por ela, bem como ofensiva a bens de

0L
relevo para o Direito Penal (tipicidade material). Na lição de Zaffaroni e Pierangeli,
41998

47
não é possível que no ordenamento jurídico, que se entende como perfeito, uma
50
norma proíba tudo aquilo que outra imponha ou fomente. (...). Portanto, a
07
antinomia existente deverá ser solucionada pelo próprio ordenamento jurídico”
36

(GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: Parte Geral, 20ª ed. Niterói/RJ. Impetus,
02

2018, p. 261/262. (...) (Embargos Declaratórios no Agravo Regimental nos


A
ST

Embargos Declaratórios no Agravo


41998 em Recurso Especial nº 1.421.747/SC, STJ, 5ª T.,
CO

unânime, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, j. 10/03/2020, DJ 19/05/2020).


O
ND

O nome conglobante decorre da necessidade de que a conduta seja contrária ao ordenamento jurídico em
SE

geral. Para a teoria da tipicidade conglobante:


RO

· Tipicidade Penal = Tipicidade formal + tipicidade conglobante


CE

· Tipicidade Conglobante = Tipicidade material + antinormatividade


NI

· Tipicidade Formal = adequação do fato ao tipo penal incriminador


DE

· Antinormatividade = conduta não exigida ou não fomentada pelo Estado


AU
L
70

V. ADEQUAÇÃO TÍPICA
04
5
07

É a tipicidade formal na prática. Há duas espécies de tipicidade formal:


36
02

(1) Subsunção direta ou adequação típica imediata: não há dependência de qualquer dispositivo
A
ST

complementar para adequar o fato à norma. Ex.: ‘A’ subtrai o celular de ‘B’. Neste caso, o fato de subtrair
CO

coisa alheia móvel se enquadra diretamente ao art. 155 do CP.


O

(2) Subsunção indireta ou adequação típica mediata: há uma conjugação do tipo penal com a NORMA DE
ND

EXTENSÃO, também denominada de norma de adequação típica mediata. No nosso Código Penal temos
SE

3 hipóteses:
RO
E
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117
EN
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N
DE
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
A. Norma de extensão temporal: Tentativa (art. 14, II do CP). Os tipos penais não possuem definição

02
direta de tentativa em cada um deles. Há essa norma geral que será combinada com o tipo penal não

TA
S
consumado. Ex.: ‘A’ tenta matar ‘B’. Este fato não há subsunção direta ao art. 121. Neste caso,

CO
devemos utilizar do art. 121 do CP, cumulado com o art. 14, II, do CP.

DO
B. Norma de extensão pessoal e espacial: Participação, artigo 29 do CP (esse artigo trata de todo o

EN
concurso de pessoas, mas o que tem relevância aqui é a figura do partícipe). Quem espera do lado

S
de fora da casa enquanto o comparsa subtrai a televisão da vítima, embora não tenha subtraído coisa

RO
alheia móvel, como manda o tipo, responderá pelo furto qualificado pelo concurso de pessoas em

CE
razão da norma de extensão prevista no art. 29 do CP.

NI
C. Norma de extensão da conduta: Crimes comissivos por omissão (em que há um garantidor): a

DE
conduta que só podia ser praticada por ação passa a ser praticada por omissão, quando o garante

AU
devia e podia agir para evitar o resultado. Art. 13, §2º, CP.

0L
47
3. TEORIA DO TIPO 50
07
36

O tipo penal é aquele que descreve as condutas proibidas ou permitidas pelo direito penal de modo
02

genérico e abstrato, ou seja, condutas criminosas ou as hipóteses em que a prática destas é tolerada (já vimos
A
ST

sobre isso nas classificações da lei penal). 41998


CO
O

3.1 Funções do Tipo Penal


ND
SE

✔ De garantia (reserva legal, garantia do indivíduo, só a lei cria)


RO

41998

✔ Fundamentadora (fundamenta o direito de punir do estado)


CE

✔ Indiciária da ilicitude (o fato típico é presumidamente ilícito – presunção relativa, que acarreta na
NI
DE

inversão do ônus da prova quanto às excludentes)


✔ Diferenciadora do Erro (para que o agente seja responsabilizado por pela prática de um crime
AU
L

doloso, seu dolo deve alcançar todas as elementares do tipo. Caso ignore alguma delas, incorrerá em
70

erro de tipo, afastando o dolo, nos termos do artigo 20 do CP. Por outro lado, estando delimitado o
504

tipo penal e havendo dolo em relação a ele, não há que se falar em erro).
07

✔ Seletiva (seleciona as condutas proibidas (crimes comissivos) ou ordenadas (crimes omissivos) pelo
36
02

direito penal.
A
ST

3.2 Estrutura do Tipo Penal


CO
O
ND

Todos possuem núcleo e elementos, que formam o tipo fundamental. Quando há privilégios ou
SE

qualificadoras, acrescentam-se circunstâncias, formando os tipos derivados.


RO

O núcleo é o verbo do tipo – Ex.: “subtrair”, “matar”. É o ponto de partida.


E
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118
EN
UD
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N
DE
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0L
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Os elementos/elementares se dividem em:

02
STA
A. Objetivos/descritivos: trazem um juízo de certeza. Podem ser compreendidos por qualquer pessoa.

CO
Ex.: “coisa alheia móvel” no furto, “alguém” no homicídio etc.

DO
B. Subjetivos: Se relacionam com o animus do agente, sua especial finalidade de agir, suas intenções.

EN
Ex.: “para si ou para outrem” no furto. Não basta a subtração de coisa alheia móvel, faz-se necessário

S
o “animus rem sibi habendi”, dolo de assenhoramento definitivo.

RO
C. Normativos: Demandam um juízo de valor por parte do aplicador do direito. Ex.: “obsceno”,

CE
“indevidamente”, “cruel”, “honesto”, “pudor”, “decoro” etc. Termos não definidos, que demandam

NI
uma interpretação caso a caso.

DE
AU
3.3 Classificações do Tipo Penal

0L
47
3.3.1 Tipo Normal X Anormal 50
07
▪ Tipo normal / neutro / acromático / avalorado: é o que, além do núcleo, contém somente
36

elementos objetivos/descritivos (ex.: matar alguém).


02


A

Tipo anormal: é aquele que, além de núcleo e elementos objetivos, contém também elementos
ST

subjetivos e/ou normativos (no finalismo TODOS


41998 os tipos são anormais, vez que dolo e culpa estão
CO

no fato típico, como elemento da conduta e são essenciais a qualquer tipo).


O
ND

3.3.2 Tipo Congruente X Tipo Incongruente


SE

▪ Tipo congruente (simétrico) é aquele em que há perfeita congruência entre a vontade do agente e
RO

o fato tipificado (exemplo: crimes dolosos consumados).


CE

▪ Tipo incongruente (assimétrico) é aquele em que não há congruência entre a vontade do agente e
NI
DE

o fato por ele praticado (exemplo: os crimes tentados, os crimes culposos, preterdolosos). Se ‘A’ quer
AU

matar ‘B’, mas apenas o lesiona, há uma assimetria entre os elementos objetivos e subjetivos.
L
70

3.3.3 Tipo Simples X Tipo Misto


04


5

Tipo simples: o tipo penal contém apenas um núcleo. Ex.: matar.


07


36

Tipo misto (de conduta mista ou de conteúdo


41998
variado): há mais de um núcleo (verbo) no tipo penal.
02

Ex.: tráfico de drogas (guardar, vender, ter em depósito etc.)


A
ST

Pode ser subdividido em:


CO

(1) Tipo misto alternativo: mesmo com a prática de mais de um núcleo do tipo haverá crime único,
O
ND

desde que no mesmo contexto fático. (Ex.: prática de conjunção carnal e de outros atos libidinosos
SE

diversos, sob violência ou grave ameaça, no mesmo contexto fático – caracteriza crime único – STJ)
RO
E
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119
EN
UD
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DE
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RETA FINAL

0L
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
(2) Tipo misto cumulativo: são os que a pratica de mais de um núcleo do tipo, configurando concurso

02
material de crimes (ex.: art. 244, CP – Abandono material).

STA
CO
3.3.4 Tipo Fechado (Cerrado) X Tipo Aberto

DO
▪ Tipo fechado: possui descrição minuciosa da conduta.

EN
▪ Tipo aberto: não possui uma descrição completa e deve ser complementado por um juízo de valor,

S
RO
realizado pelo aplicador da lei no caso concreto. Exemplos:
⦁ Crimes culposos

CE
⦁ Crimes omissivos impróprios

NI
DE
⦁ Quando há elemento normativo no tipo

AU
0L
* Diferença entre tipo aberto e norma penal em branco: esta última é complementada por lei ou ato

47
administrativo, enquanto o primeiro é complementado por um juízo de valor.
50
07

3.3.5 Tipo Preventivo


36
02

Trata-se dos crimes-obstáculo. São as figuras em que o legislador incrimina de forma autônoma um
A

fato que seria apenas um ato preparatório de outro crime, antecipando a tutela penal.
ST

41998
CO

3.3.6 Tipo Penal Doloso X Culposo X Preterdoloso


O
ND

A) DOLO
SE

Vontade livre e consciente, dirigida a realizar ou aceitar realizar a conduta prevista no tipo penal
RO

incriminador.
CE

ELEMENTOS DO DOLO:
NI
DE

1) Intelectivo/Cognitivo: Consciência do agente quanto a sua ação ou omissão, ou seja, o conhecimento


AU

acerca da forma como ele próprio age e o mundo que o cerca. É o saber.
L

2) Volitivo: Vontade, é o querer do agente em relação a uma conduta por ele praticada.
70
04


5

TEORIAS SOBRE O DOLO (se dividem em cognitivas/intelectivas ou volitivas):


07

41998
36
02

1. Teoria da vontade: Teoria volitiva.


A

∘ O fundamento central dessa teoria é a VONTADE. Ou seja: há dolo quando há vontade


ST

consciente de produzir o resultado. Logo, pela Teoria da Vontade, dolo é a vontade consciente
CO

de querer praticar a infração penal, não basta só prever.


O


ND

Adotada pelo CP no que se refere ao dolo direto de 1º grau


SE
RO

2. Teoria da representação (ou da possibilidade): Teoria cognitiva/ intelectiva.


E
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120
EN
UD
LA
N
DE
AU
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
∘ haverá dolo quando o sujeito realizar sua ação ou omissão prevendo o resultado como

02
certo ou provável (ainda que não o deseje) (Von Liszt e Frank).

TA

S
Não faz distinção entre dolo eventual e culpa consciente

CO
DO
41998
3. Teoria do assentimento/ consentimento / aprovação: Teoria volitiva.

EN
∘ No dolo eventual, além de prever o resultado, conforma-se com a sua realização ou aceita a

S
sua produção. O agente, mesmo prevendo determinado resultado, decide prosseguir com a

RO
sua conduta, assumindo o risco de produzi-lo. Nesse caso, o indivíduo consente com a

CE
produção do resultado.

NI
∘ Adotada pelo CP para o dolo eventual.

DE
AU
0L
ATENÇÃO: O Brasil adotou:

47
- Teoria da vontade: Dolo direto
- Teoria do assentimento: Dolo eventual 50
07
36
02

ALGUMAS ESPÉCIES DE DOLO:


o
A

Dolo natural X dolo normativo: Estudado no material anterior. Vamos fazer uma rápida retomada?
ST

⮚ Dolo natural ou acromático - o elemento


41998
cognitivo do dolo não abrange o conhecimento da
CO

ilicitude. Não possui a consciência da ilicitude (adotado no modelo Finalista).


O

⮚ Dolo normativo - além dos elementos objetivos ou descritivos, exige o conhecimento acerca
ND
SE

do potencial conhecimento da ilicitude (adotado no modelo Neoclássico).


RO

o Dolo direto X Dolo indireto:


CE

a) DOLO DIRETO – O agente, com sua conduta, prevendo determinado resultado, sai em busca de
NI
DE

realizá-lo. Pode ser:


AU

⮚ De primeiro grau: resultado certo e determinado buscado pelo agente


L

⮚ De segundo grau: também conhecido por “dolo de consequências necessárias”. O agente


70
04

danifica os freios do carro de ‘A’ durante a noite para causar um acidente e matá-lo,
5

sabendo que todo dia pela manhã ele sai de carro. Porém, os filhos sempre vão junto e o
07
36

agente sabe que a morte deles será inevitável e pratica a conduta mesmo assim, para
02

alcançar seu objetivo principal.


A

⮚ De terceiro grau: Consequência da consequência. O agente, objetivando matar seu inimigo


ST
CO

político, coloca uma bomba no jatinho dele, sabendo que sua próxima viagem será com sua
esposa, que está grávida. A morte do inimigo político seria o dolo de primeiro grau. A da
O
ND

esposa, de segundo. O aborto, de terceiro. É criticada e tida como desnecessária por parte
SE

da doutrina, vez que qualquer consequência estaria abarcada no dolo de segundo grau
RO
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02
Atenção!! Não se pode confundir o dolo direito de segundo grau com o dolo eventual. No dolo de segundo

TA
grau as consequências secundárias são inerentes aos meios escolhidos

S
CO
b) DOLO INDIRETO: O agente, com sua conduta, não busca realizar um determinado resultado:

DO
⮚ Dolo alternativo: O agente prevê pluralidade de resultados, dirigindo sua conduta na

EN
realização de qualquer deles, com igual intensidade a produzir um ou outro resultado.

S
⮚ Dolo eventual: Embora o agente não deseje o resultado, assume o risco de produzi-lo. Age

RO
com indiferença.

CE
NI
DE
TEORIA POSITIVA DO CONHECIMENTO: Reinhard Frank. “Seja como for, dê no que dê, eu não deixarei de

AU
agir”.

0L
47
o Dolo cumulativo: O agente pretende alcançar dois ou mais resultados típicos em sequência (progressão
criminosa);
50
07
36

o Dolo geral (erro sucessivo): Ocorre quando o agente, supondo já ter alcançado um resultado por ele
02

visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca. Ex.: para matar seu inimigo, alguém o golpeia
A

fortemente, de modo que a vítima desmaia, fazendo o agente pensar equivocadamente que ela faleceu;
ST

41998
CO

em seguida, com a finalidade de simular um suicídio, deixa o ofendido suspenso em uma corda amarrada
ao seu pescoço, asfixiando-o.
O
ND

o Dolo de propósito (refletido): resulta da reflexão do agente. Ocorre nos crimes premeditados.
SE

o Dolo de ímpeto (repentino): resulta de uma explosão emocional. Ocorre nos crimes passionais.
RO
CE

B) CULPA
NI
DE

41998
Como já vimos, é elemento da conduta, que compõe o fato típico.
AU

Consiste em uma conduta voluntária que realiza um fato ilícito não querido pelo agente, mas que foi
L

por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era imprevisível (culpa inconsciente) e poderia ter sido evitado se
70
04

o agente atuasse com cuidado.


5

Rogério Greco diz que “a conduta, nos delitos de natureza culposa, é o ato humano voluntário
07
36

dirigido, em geral, à realização de um fim lícito, mas que, por imprudência, imperícia ou negligência, isto é,
02

por não ter o agente observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, nem mesmo
A

assumido, tipificado previamente na lei penal”.


ST

Via de regra é tipo penal aberto, ou seja, a conduta não é descrita de modo detalhado (geralmente
CO

vem “se tal crime é culposo – pena tal”), demandando um juízo de valor pelo aplicador do direito. Mas há
O
ND

crime culposo com tipo fechado, como o art. 180, §3º do CP.
SE
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36
O fundamento da punibilidade de crimes culposos está no interesse público da proteção de bens

02
jurídicos indispensáveis ao indivíduo e à sociedade. O homem vive em sociedade, então é responsável pelo

STA
que causa nela.

CO
Porém, as penas são menores, vez que o desvalor da conduta é menor que nos crimes dolosos.

DO
EN
Em suma, para se saber se houve culpa ou não será sempre necessário proceder-se a um juízo de

S
valor, comparando a conduta do agente no caso concreto com aquela que uma pessoa medianamente

RO
prudente teria na mesma situação. Isso faz com que a culpa seja qualificada como um elemento normativo

CE
da conduta (necessita de um juízo prévio de valor).

NI
DE
AU
* ATENÇÃO: as hipóteses de crimes culposos devem vir expressamente previstas em lei, desse modo, a regra

0L
é o dolo, enquanto a culpa é exceção.

47
ELEMENTOS DA CULPA: 50
07
36

1) Conduta humana voluntária


02

2) Violação de um dever de cuidado objetivo (imprudência, negligência ou imperícia)


A

3) Resultado involuntário
ST

41998
4) Nexo de causalidade
CO

5) Previsibilidade Objetiva
O
ND

6) Tipicidade
SE
RO

ESPÉCIES DE CULPA:
CE

1) Culpa consciente: É a culpa com previsão. O agente prevê o resultado, mas não espera que ele ocorra.
NI
DE

2) Culpa inconsciente: O agente não prevê o resultado, mas ele era objetivamente previsível. (essa
AU

possibilidade nem sequer passa pela cabeça do agente).


L

3) Culpa própria: o agente não quer o resultado nem assume o risco de produzi-lo.
70

4) Culpa imprópria (culpa equiparada ou por assimilação): O agente, por erro evitável, fantasia certa
5 04

situação de fato que não existe, supondo estar acobertado por excludente de ilicitude (descriminante
07

putativa) e, em razão disso, provoca intencionalmente o resultado ilícito. Embora a conduta seja dolosa,
36
02

41998
o agente responde por culpa, por razões de política criminal (art. 20, §1º, CP).
A

Ex.: ‘A’ vê um vulto dentro de casa e dispara, pensando ser um bandido, mas na verdade era seu
ST

genro que estava indo embora de lá de madrugada sem ele saber. Neste caso, ‘A’ matou porque quis, mas
CO

achou que estaria em legítima defesa. Por essa situação, responderá por culpa.
O

5) Culpa mediata ou indireta: é aquela em que o resultado naturalístico é produzido indiretamente a título
ND

de culpa. É importante ressaltar que, para a configuração dessa modalidade de culpa, será
SE
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36
imprescindível que o resultado esteja na linha de desdobramento causal da conduta, ou seja, no âmbito

02
do risco provável, e, além disso, que possa ser atribuído ao autor mediante culpa.

S TA
6) Culpa presumida (“in re ipsa”): Sendo uma forma de responsabilidade objetiva, não é admitida no Brasil,

CO
pois a culpa precisa ser provada.

DO
EN
EXCLUSÃO DA CULPA:

S
1) Caso fortuito e força maior;

RO
2) Princípio da confiança;

CE
3) Erro profissional;

NI
4) Risco tolerado;

DE
5) Risco praticado por outrem.

AU
0L
47
Existe compensação de culpas no direito penal?
50
NÃO existe no Direito Penal a compensação de culpas, mas a culpa concorrente da vítima pode
07
atenuar a do agente, sendo possível levar em consideração na dosimetria da pena, ex.: comportamento da
36

vítima é uma circunstância judicial (art. 59, CP). Ps: Se a culpa é exclusiva da vítima, o agente não responde.
02

No caso de concorrência de culpas, cada um dos agentes responde na medida de sua culpabilidade,
A
ST

ex.: dois motoristas ultrapassam a preferencial de matam


41998 o mesmo pedestre, não tem concurso de pessoas,
CO

mas os dois devem responder pelo resultado.


O
ND

Crimes culposos admitem coautoria e participação?


SE

o 1ª Corrente (MAJORITÁRIA): Admitem a coautoria, MAS NÃO ADMITEM PARTICIPAÇÃO, de modo


RO

que não é possível haver participação dolosa em crime culposo. Assim, qualquer causa culposa
CE

importa em violação do dever objetivo de cuidado, fazendo do agente autor e não partícipe. (Foi
NI

questão da 2ª Fase de Delegado de Polícia de Minas Gerais em 2018!)


DE

o 2ª Corrente (LFG): Não admite nem coautoria e nem participação nos crimes culposos, em razão da
AU

ausência de vínculo subjetivo entre os envolvidos.


L
70

41998
o 3ª Corrente (Fernando Capez): Ambos são possíveis, sendo autor aquele que realiza o núcleo do tipo
04

e partícipe o que concorre para o crime, sem, no entanto, cometer o núcleo verbal da ação.
5
07
36

#DICA DD: Para os partidários da teoria do domínio do fato, não há como sustentar o concurso de agentes
02

no crime culposo, pois neste o agente não quer o resultado e, portanto, não há como sustentar que ele
A
ST

detenha o controle final sobre algo que ele não deseja. Por isso, adotam a posição no sentido da inviabilidade
CO

da participação no crime culposo.


O
ND

A. CRIME PRETERDOLOSO
SE

É uma espécie de crime agravado pelo resultado, constituindo de dolo no antecedente e culpa no
RO

consequente (art. 19, CP).


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36
Elementos:

02
✔ Conduta dolosa visando a determinado resultado;
41998

STA
✔ Provocação culposa de resultado mais grave do que o desejado;

CO
✔ Nexo causal entre conduta e resultado;

DO
✔ Tipicidade.

S EN
RO
Observações importantes para fins de prova:

CE
O preterdoloso serve para configurar reincidência em crime doloso, vez que apenas o resultado mais

NI
grave foi praticado por culpa, havendo dolo no crime menos grave.

DE
● Todo crime preterdoloso (dolo + culpa) é um crime agravado pelo resultado, mas a recíproca não é

AU
verdadeira. Há outras formas de crimes agravados pelo resultado que não se enquadram como

0L
preterdolosos, como dolo + dolo (latrocínio – a morte pode ser dolosa ou culposa, desde que seja em

47
razão da subtração); culpa + culpa (art. 258, parte final do CP – incêndio culposo com morte culposa)
50
e culpa + dolo (lesão culposa de trânsito, qualificada por omissão de socorro dolosa – art. 303, § único
07
36

do CTB).
02

● O resultado deve ser culposo – Se o resultado mais grave advém de caso fortuito ou força maior,
A

não pode ser imputado ao agente (sob pena de responsabilidade objetiva).


ST

41998
CO

4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
O
ND
SE

4.1 Consumação
RO
CE

Conceito: É aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal.
NI

Ex.: o crime de furto se consuma no momento em que o agente subtrai, para si ou para outrem, coisa alheia
DE

móvel, ou seja, no exato instante em que o bem sai da esfera de disponibilidade da vítima que, então,
AU

precisará agora retomá-lo. nesse caso todas as elementares do tipo do furto foram inteiramente realizadas.
L
70
04

A consumação nas várias espécies de crimes:


5

a) Materiais: com a produção do resultado naturalístico;


07
36

b) culposos: com a produção do resultado naturalístico;


02

c) de mera conduta: com a ação ou omissão delituosa;


A

d) formais: com a simples atividade, independente do resultado;


ST
CO

e) permanentes: o momento consumativo se protrai no tempo;


f) omissivos próprios: com a abstenção do comportamento devido;
O
ND

g) omissivos impróprios: com a produção do resultado naturalístico;


SE

h) qualificados pelo resultado: com a produção do resultado agravador;


RO

i) complexos: quando os crimes componentes estejam integralmente realizados;


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0L
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36
j) habituais: com a reiteração de atos, pois cada um deles, isoladamente, é um indiferente penal. O momento

02
consumativo é incerto, pois não se sabe quando a conduta se tornou um hábito.

STA
CO
4.1.2 Iter Criminis

DO
EN
Caminho do crime. Conjuntos de fases que se sucedem cronologicamente no delito. Composto por

S
fases interna e externa. Portanto, o iter criminis constitui-se do estudo das fases de cogitação, dos atos

RO
preparatórios, dos atos executórios e da consumação, além de eventual exaurimento do crime.

CE
NI
DE
*Só haverá iter criminis nos crimes dolosos! Já que, nos crimes culposos, o resultado ilícito não é querido,

AU
ele provém da violação de um dever objetivo de cuidado.

0L
47
I. FASE INTERNA:
50
1) COGITAÇÃO: O agente apenas mentaliza, idealiza, prevê, planeja, deseja. Nessa fase o crime é
07
impunível.
36
02

Abarca:
A

⦁ Idealização – quando surge a ideia da prática do delito;


ST

⦁ Deliberação –41998
o agente faz a análise de41998
prós e contras da empreitada criminosa;
CO

⦁ Resolução – o agente decide praticar o crime.


O
ND
SE

ATENÇÃO! A simples ideia de crime NÃO pode ser punida, em razão do princípio da materialização,
RO

exteriorização do fato (princípio da transcendência). “Direito à perversão”. “Claustro psíquico”. O Direito


Penal não se ocupa de convicções pessoais, pensamentos ou desejos íntimos.
CE
NI
DE

II. FASE EXTERNA:


AU
L

1) PREPARAÇÃO: A doutrina denomina essa fase de conatus remotus


70

Os atos preparatórios representam o início da fase externa da ação. Isso porque o indivíduo
5 04

exterioriza o projeto criminoso que ele havia elaborado mentalmente.


07

Ou seja: A preparação corresponde aos atos indispensáveis à prática da infração penal.


36
02
A

Obs.: Há quem entenda que compõe a fase interna, a exemplo de Rogério Sanches, mas não prevalece.
ST
CO

o Regra: Impunível, vez que o CP busca punir o crime a partir dos atos executórios, pois o bem jurídico
O
ND

ainda não foi exposto à agressão nem colocado em risco.


SE

o Exceção – Atos preparatórios podem gerar crimes autônomos chamados de crimes obstáculo criados
RO

pelo legislador.
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0L
47
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36
⦁ Fabricar, fornecer, adquirir e portar explosivos;

02
⦁ Incitação ao crime;

STA
⦁ Petrechos de falsificação de moeda;

CO
⦁ Associação criminosa.

DO
EN
ENTENDA: Trata-se do fenômeno chamado antecipação da tutela penal. É o fenômeno pelo qual o legislador

S
criminaliza condutas que seriam atos preparatórios de outros crimes, mas que constituem crimes

RO
autônomos. Essa ampliação está atrelada ao próprio papel do Estado, como provedor de determinados

CE
direitos.

NI
DE
AU
2) EXECUÇÃO:

0L
Inicia a agressão ao bem jurídico, ou seja, começo da realização da conduta típica. Deve ser:

47
● Ato idôneo: Com capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente tutelado;
● Ato inequívoco: Direcionado ao ataque do bem jurídico.50
07
36
02

ATENÇÃO!!! Transição dos atos preparatórios para os atos executórios:


A

Da série: parece simples, mas não é. Em qual momento um ato deixa de ser preparatório e passa a ser
ST

41998
considerado como executório?
CO
O
ND

Algumas teorias tratam do assunto:


SE

● Teoria subjetiva: O início da execução é a partir do elemento subjetivo ativo, verificando-se se foi
RO

iniciada com a fase do elemento intelectivo e volitivo do autor (plano interno do autor). Não há
CE

distinção entre o ato preparatório e o executório. Considera-se o dolo do agente, que está presente a
NI

todo momento – não é admitida no Brasil.


DE

● Teorias objetivas:
AU

41998

a) Teoria da hostilidade ao bem jurídico: o ato de execução é aquele em que o agente ataca o bem
L

jurídico (expõe o bem jurídico a perigo), enquanto o ato preparatório não altera o seu “estado de
70
04

paz”. No momento que cria um risco proibido ao bem jurídico tutelado pela normal penal, a
5

conduta do agente é considerada início dos atos de execução, e logo, punível na esfera penal.
07
36

(Nelson Hungria, Max Ernst Mayer)


02

b) Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: é a teoria majoritária no Brasil. Caracteriza ato de


A

execução como aquele em que o agente começa a praticar o verbo (o núcleo do tipo) da conduta
ST
CO

criminosa, enquanto os atos anteriores são preparatórios. Portanto, é a realização do núcleo do


tipo (verbo nuclear que descreve a conduta no tipo penal) que configura o marco de início da
O
ND

execução e, por conseguinte, do marco a partir do qual a conduta passa a ser punível. (Franz Von
SE

Liszt)
RO
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0L
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36
02
Atenção à jurisprudência que relata a teoria adotada pelos tribunais superiores.

TA
O agente que pretendia praticar roubo e foi surpreendido após romper o cadeado e destruir a fechadura da

S
porta da casa da vítima; não se pode falar em tentativa de roubo.

CO
Adotando-se a teoria objetivo-formal, o rompimento de cadeado e destruição de fechadura da porta da

DO
casa da vítima, com o intuito de, mediante uso de arma de fogo, efetuar subtração patrimonial da

EN
residência, configuram meros atos preparatórios que impedem a condenação por tentativa de roubo

S
circunstanciado (Info 711, STJ).

RO
CE
c) Teoria objetivo-individual ou objetivo-subjetiva: Adotada excepcionalmente. Atos executórios são

NI
41998

DE
aqueles em que o agente inicia a realização do núcleo do tipo e também os atos que lhe são

AU
imediatamente anteriores, DE ACORDO COM O PLANO CONCRETO DO AGENTE. (Welzel, Zaffaroni).

0L
Ex: “A”, segurando uma faca, aguarda atrás de uma parede a passagem de “B”, seu inimigo,

47
para matá-lo na volta de seu trabalho, caminho fixo pelo qual a vítima passa, já tendo feito por
50
diversas vezes esta ameaça. Quando este se encontra a 100m de distância, “A” fica de pé e segura
07
firme a faca, aguardando em posição de ataque. Surge um policial e o aborda. Para esta teoria,
36
02

poderia haver a prisão em flagrante, em face da caracterização da tentativa de homicídio, o que não
A

se daria na teoria objetivo-formal.


ST

d) Teoria objetivo-material: Os atos de execução são aqueles em que o agente inicia a realização do
41998
CO

núcleo do tipo e também os atos que lhe são imediatamente anteriores, NA VISÃO DO TERCEIRO
O

OBSERVADOR. É o que diferencia da lógico-individual / objetivo-subjetiva. O juiz deve avaliar os atos


ND

a partir de uma visão externa da situação (não necessariamente de uma terceira pessoa presente no
SE

local do crime – é uma figura hipotética). (Reinhart Frank).


RO

e) Teoria da impressão: Se considera iniciada a conduta capaz de produzir na comunidade a impressão


CE

de agressão ao bem jurídico, prejudicando a segurança.


NI
DE

f) Teoria negativa: entende não ser possível limitar, em uma regra geral, o que seriam atos
AU

preparatórios ou executórios, devendo tal definição ficar a cargo do julgador no momento da análise
L

de cada caso.
70
04

Resumo principais teorias do iter criminis:


5
07

Teoria objetivo-formal ou Teoria objetivo-individual ou Teoria objetivo-material


36

lógico-formal (adotada CP) objetivo-subjetiva


02
A

Ato de execução como aquele Atos executórios são aqueles atos de execução são aqueles
ST

em que o agente começa a em que o agente inicia a em que o agente inicia a


CO

praticar o verbo (o núcleo do realização do núcleo do tipo e realização do núcleo do tipo e


O

tipo) da conduta criminosa também os atos que lhe são também os atos que lhe são
ND

imediatamente anteriores, DE imediatamente anteriores, NA


SE
RO
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0L
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36
ACORDO COM O PLANO VISÃO DO TERCEIRO

02
TA
CONCRETO DO AGENTE OBSERVADOR

S
CO
3) CONSUMAÇÃO:

DO
Há a configuração ou realização pela da conduta tipificada em lei. O agente pratica a conduta

EN
prevista no tipo penal necessária para a consumação. Tipicidade formal + tipicidade material. Com

S
a consumação, o crime passa a ser punido com a sanção penal prevista no preceito secundário, de

RO
forma integral.

CE
NI
⦁ Crimes de perigo concreto = a consumação se dá com a efetiva exposição do bem jurídico a uma

DE
AU
probabilidade de dano

0L
Crimes de perigo abstrato = a consumação se dá com a mera prática da conduta definida pela

47
lei como perigosa (porte de arma).
50
07
Obs1.: Não é necessário que se alcance essa fase para que a conduta do agente seja punível, pois, como
36
02

vimos, o ingresso na fase dos atos executórios já torna a conduta penalmente relevante. Se não atingida a
A

fase da consumação, a realização de atos executórios é punível em regra, pela tentativa.


ST

41998
CO

Obs2.: Há crimes que preveem um resultado naturalístico cuja ocorrência não é necessária para a
O

consumação. Denomina-se delitos de consumação antecipada, ou, ainda, crimes formais. A consumação
ND

ocorre com a pratica da conduta e independe de resultado naturalístico previsto na norma penal, e se acaso
SE

ocorrer, será mero exaurimento do crime.


RO
CE

* ATENÇÃO: EXAURIMENTO: Também chamado de “crime exaurido ou de crime esgotado”. Trata-se do


NI
DE

conjunto de efeitos posteriores à consumação do delito.


AU

Tem relevância, tecnicamente, apenas aos delitos formais, em que o resultado naturalístico é dispensável e
L

quando este ocorre, fala-se em exaurimento. É o que Zaffaroni chamou de consumação material.
70

Porém, para a doutrina majoritária, ele NÃO integra o iter criminis. No entanto, não é irrelevante. Interfere
5 04

na dosimetria da pena, seja como circunstância judicial desfavorável, ou então como qualificadora ou causa
07

de aumento de pena.
36
02

41998
A
ST

4.2. Tentativa (= conatus, crime imperfeito, crime incompleto)


CO
O
ND

Crime tentado é aquele que, após o início da sua execução, não se consumou por circunstâncias
SE

alheias à vontade do agente. De acordo com o autor Zaffaroni, temos uma tipicidade subjetiva completa e
RO

um aspecto objetivo incompleto.


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SEMANA 02/09

36
02
41998

a) Fundamento Legal: art. 14, CP

STA
b) Conceito: É o início da execução de um crime que somente não se consuma por circunstâncias alheias à

CO
vontade do agente. Também é chamada de “crime manco, truncado”, vez que o tipo subjetivo está

DO
perfeito (vontade/voluntariedade), mas o tipo objetivo, a figura criminosa, não se realiza integralmente.

S EN
c) Natureza Jurídica: (importante!!)

RO
● Trata-se de norma de extensão temporal da figura típica causadora de adequação típica mediata

CE
ou indireta.

NI

DE
Sob o enfoque da PENA - trata-se de causa geral obrigatória de diminuição de pena.

AU
0L
d) Elementos:

47
● Início da execução (questão de lógica: se tentativa é justamente a execução interrompida por
50
circunstâncias alheias à vontade do agente, é imprescindível o seu início);
07

● Ausência de consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente;


36
02

● Dolo de consumação (o dolo é o mesmo do delito consumado);


A

● Resultado possível (se o resultado não ocorreu por ser impossível, será crime impossível).
ST

41998
CO

e) Teorias sobre a punibilidade da tentativa


O
ND

quatro teorias principais buscam fundamentar a punibilidade da tentativa:


SE
RO

● Teoria subjetiva/voluntarista/monista: o sujeito é punido por sua intenção, pois o que importa é o
CE

desvalor da ação, sendo irrelevante o desvalor do resultado, de modo que deveria suportar a mesma
NI

pena. O fundamento da punibilidade é a vontade contrário ao direito posta em ação.


DE

→ Assim, se ele tem a intenção de matar, a tentativa de homicídio deve ser punida da mesma
AU

forma que o homicídio. Ou seja: ele deve ser punido pela pena da consumação tangente à
L

sua vontade.
70

→ Consequências de adotar a teoria subjetiva:


04
5

1. É a punição da tentativa inidônea ou crime impossível


07
36

2. Equiparação do crime consumado ao crime tentado (o crime tentado é punido com a


02

mesma pena do crime consumado, uma vez que a intenção, o animus, o dolo era de
A

consumar a conduta).
ST


CO

Teoria sintomática: sustenta a punição em razão da periculosidade subjetiva, ou seja, do perigo


revelado pelo agente. Para esta teoria, o Estado deveria aplicar uma medida de segurança;
O
ND

● Teoria objetiva/realística/dualista: a tentativa é punida por causa do perigo proporcionado ao bem


SE

jurídico tutelado pela lei penal. Por isso, a pena de tentativa deve ser menor que a pena da
RO
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36
consumação e proporcional ao risco de lesão causado. Analisa o que o agente efetivamente fez,

02
com base na fase do iter criminis à qual ele chegou.

TA
S
- REGRA: A Teoria Objetiva é a teoria adotada pelo nosso CP! (Art. 14, §único, 2ª parte).

CO
- EXCEÇÃO: Essa teoria foi adotada com ressalvas, em razão da primeira parte do §único do

DO
art. 14, que é considerada pela doutrina como um resquício da Teoria Subjetiva.

S EN
Para a doutrina, o “salvo em disposição em contrário” seria a possibilidade de adotar,

RO
excepcionalmente, a teoria subjetiva. Ex.: art. 352, CP → pois a pena da tentativa é a mesma que a pena da

CE
consumação.

NI
→ A doutrina chama esses crimes de CRIMES DE ATENTADO OU MERO EMPREENDIMENTO → são

DE
os crimes que não admitem tentativa pois a própria tentativa já é a consumação desse crime. A

AU
tentativa é punida com a mesma pena da consumação.

0L
41998

→ Logo, os crimes de atentado ou de mero empreendimento são exceções à Teoria Objetiva. Por

47
50
isso, parte da doutrina (Rogério Greco) afirma que adotou a Teoria Objetiva Mitigada.
07
36

CONCLUSÃO: Em regra, a teoria adotada pelo Código Penal é a Teoria Objetiva. No entanto,
02

excepcionalmente, adotou a Teoria Subjetiva nas hipóteses de crimes de atentado ou de mero


A
ST

empreendimento, hipóteses em que a tentativa é punida


41998 com a mesma pena da consumação.
CO
O

● Teoria da impressão/objetivo-subjetiva: admite a punição da tentativa quando a atuação da


ND

vontade ilícita do agente for adequada para comover a confiança na vigência do ordenamento e o
SE
RO

sentimento de segurança jurídica dos que tenham conhecimento da conduta criminosa. Essa teoria
considera que o decisivo para a tentativa não é risco ao bem jurídico, mas o injusto da ação (conduta
CE

típica e ilícita) por meio da exteriorização do dolo do agente. Essa teoria seria mais restritiva que a
NI
DE

subjetiva, por não aceitar tentativa no caso de absoluta inidoneidade (crime impossível). Para o autor
AU

Guilherme Nucci é representado pela junção da avaliação da vontade criminosa com um princípio de
L

risco ao bem jurídico protegido. Como se leva em consideração a vontade criminosa e o abalo que a
70

sua manifestação pode causar à sociedade, é faculdade do juiz reduzir a pena.


04
5
07

Obs.: Rogério Sanches e Masson tratam a teoria objetivo-subjetivo e da impressão como sinônimas,
36
02

entretanto outros doutrinadores diferenciam as teorias.


A
ST

- Consequências da tentativa: É causa obrigatória de diminuição de pena.


CO

o Reduz a pena de 1/3 a 2/3;


O

o
ND

Incide na 3ª fase na aplicação da pena privativa de liberdade;


o
SE

Parâmetro de aplicação: iter criminis (proximidade da consumação).


RO
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02
A doutrina e a jurisprudência apontam que o critério deve ser a proximidade do agente de atingir a

TA
consumação do delito, de modo que, quanto mais próximo ele chegar, menor deve ser a fração de diminuição

S
de pena e vice-versa.

CO
DO
f) Espécies:

EN
● Tentativa branca ou incruenta: O objeto material NÃO é atingido pela conduta criminosa;

S

RO
Tentativa vermelha ou cruenta: O objeto é atingido;
41998

CE
Tentativa perfeita ou crime falho: O agente esgota todos os meios executórios que estavam à

NI
disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por circunstâncias alheias à sua vontade.

DE
☞ Apenas é compatível com os crimes materiais, tendo em vista que nos formais e de mera

AU
conduta, esgotando-se os atos executórios, teremos crime consumado, não tentado;

0L
☞ Atenção à nomenclatura! Não confunda crime falho com crime impossível (quase-crime,

47
crime oco, tentativa inidônea e tentativa impossível).
50

07
Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita: O agente inicia a execução sem
36

utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por circunstâncias alheias
02

à sua vontade.
A


ST

Tentativa simples: É a tentativa propriamente 41998


dita. O resultado não ocorre por circunstâncias alheias
CO

à vontade do agente.

O

Tentativa qualificada/abandonada: Embora carregue o termo “tentativa”, de tentativa só tem o


ND

nome, pois, na verdade, não é. É o termo utilizado como gênero, do qual são espécies a desistência
SE

voluntária e o arrependimento eficaz (que veremos mais à frente).


RO
CE

g) Admissibilidade e inadmissibilidade da tentativa


NI

● Regra geral: os crimes dolosos admitem tentativa


DE

● Exceções: (cai muito em prova!!!)


AU

o Crimes culposos: são incompatíveis com a tentativa, em razão do resultado ser involuntário.
L
70

Na culpa imprópria admite-se a tentativa;


04

o Crimes de atentado ou empreendimento: aquele já prevê no seu tipo a equiparação entre a


5
07

forma tentada e a consumada, dessa forma não é possível configurar tentativa;


36

o Crimes preterdolosos: a tentativa é inadmissível na parte culposa;


02

o Crimes unissubsistentes: são aqueles em que a conduta é composta por um único ato, sendo
A
ST

impossível fracionar o "iter criminis”, motivo pela qual a tentativa é inadmissível (exemplo:
CO

injúria verbal);
O

o Crimes omissivos próprios e de perigo abstrato: são unissubsistentes, razão pela qual a
ND

tentativa é inadmissível;
SE

o Contravenções penais: a tentativa de contravenção é penalmente irrelevante por previsão


RO

legal (art. 4°, LCP);


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36
o Crime obstáculo: vez que a preparação já está sendo punida de forma autônoma;

02
o Crime habitual: exige reiteração de atos, motivo pelo qual a tentativa não seria cabível.

S TA
Doutrina minoritária entende que sim, ex.: falso médico aluga local e faz anúncio da futura

CO
abertura de sua clínica, antes de chegar a atender alguém.

DO
EN
☞ Quanto ao dolo eventual, é possível a punição a título de tentativa? Apesar da divergência

S
doutrinária, parte da doutrina entende ser possível, pois o CP equiparou o dolo eventual ao dolo

RO
direto. O STJ também entende compatíveis o dolo eventual e a tentativa.

CE
NI
DE
5. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ

AU
0L
a) Conceito: Os dois institutos constituem aquilo que a doutrina chamou de "tentativa abandonada" ou

47
"tentativa qualificada", em que o crime não se consuma pela própria vontade do agente. – NÃO
50
CONFUNDIR com a "tentativa", propriamente dita (em que o crime não se consuma por circunstâncias
07
alheias à vontade do agente).
36

São chamados também de "ponte de ouro" - pela oportunidade que o agente tem de "corrigir o seu
02

percurso", voltando à esfera da licitude.


A
ST

41998
CO

▪ Desistência voluntária: O agente inicia os atos executórios, mas por vontade própria, interrompe este
O

processo, abandonando a prática dos demais atos necessários e que estavam à sua disposição para
ND

a consumação. Em regra, conduta negativa.


SE

☞ Um terceiro pode influenciar, pedir, mas não pode ter havido coação. Exige-se, portanto, a
41998
RO

vontade livre do agente, mas não precisa ser espontânea (surgir da cabeça dele).
CE

☞ É incabível nos crimes unissubsistentes, que são realizados por apenas 1 (um) ato.
NI
DE
AU

▪ Arrependimento eficaz ou resipiscência (olho no nome!): Depois de já praticados todos os atos


L

executórios suficientes à consumação do crime, o agente adota providências aptas a impedir a


70

produção do resultado. Sendo assim, é cabível somente em crimes materiais. Em regra, conduta
04
5

positiva.
07
36
02

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade (doutrina majoritária). Em sentido contrário, para
A

Nelson Hungria, trata-se de extinção da punibilidade.


ST

Há debate na doutrina sobre o assunto, sendo pertinente destacar que, para a corrente que entende
CO

se tratar de causa de exclusão da tipicidade, a desistência do autor irá beneficiar o partícipe, mas a desistência
O
ND

do partícipe não irá beneficiar o autor. Para a corrente que entende se tratar de causa de extinção da
SE

punibilidade, a desistência do autor não repercute sobre os partícipes (e vice-versa).


RO
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36
Por fim, trata-se de uma causa de exclusão tipicidade. O sujeito dá início à execução de um crime,

02
o qual não se consuma. A forma tentada, entretanto, torna-se atípica com a atitude do agente, o qual, por

TA
S
vontade própria, evita a produção do resultado.

CO
DO
c) Elementos da tentativa abandonada:

EN
a) início da execução

S
b) não consumação

RO
c) interferência da vontade do próprio agente

CE
NI
41998

d) Requisitos:

DE
o Voluntariedade – vontade livre (é diferente de espontaneidade, que não é requisito);

AU
o Eficácia - Para que se apliquem esses institutos, a conduta do agente deve ter sido eficaz para

0L
47
impedir a consumação. Se ele apenas tentou, mas não conseguiu evitar, será cabível somente
50
uma atenuante genérica (Art. 65, III, b, primeira parte, do Código Penal).
07
36

e) Características da desistência voluntário e do arrependimento eficaz:


02

● Os motivos que levaram o agente a optar pela desistência voluntária ou arrependimento eficaz são
A
ST

irrelevantes! 41998
CO

● Incompatíveis com os crimes culposos.


O

● Incompatíveis com crimes formais e crimes de mera conduta! Isso porque, se o crime é formal ou
ND

de mera conduta, a simples realização da conduta já implica na automática consumação do delito,


SE

de modo a não cumprir a elementar “impede que o resultado se produza”. Só é possível, portanto,
RO

nos crimes materiais, nos quais o resultado naturalístico é imprescindível para a consumação.
CE
NI
DE

Esses institutos se comunicam aos partícipes?


AU

R.: Trata-se de tema divergente, mas prevalece a corrente que o arrependimento eficaz e a
L

desistência voluntária COMUNICAM-SE ao partícipe, pois a sua conduta é ACESSÓRIA, não podendo ser
70

punido se não houver crime.


04
5
07

Quais as consequências da desistência voluntária e do arrependimento eficaz?


36

R.: O agente NÃO responde pela forma tentada do crime inicialmente desejado, mas apenas pelos
02
A

atos já praticados.
ST

Em outras palavras: a desistência voluntária e arrependimento eficaz ELIMINAM a tentativa – vez


CO

que para a tentativa a não consumação é por circunstâncias alheias à vontade do agente (sim, falamos pela
O

terceira vez que é para gravar!).


ND

Como lembra Nélson Hungria, segundo Frank, a desistência é voluntária quando o agente pode dizer:
SE

‘não quero prosseguir, embora pudesse fazê-lo’, e é involuntária quando tem de dizer: ‘não posso prosseguir,
RO

ainda que o quisesse’.


E
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36
02
Caiu na Prova Delegado PC-AL/2023! - No que diz respeito ao direito penal, julgue os itens a seguir. Nos

TA
casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz, o agente não responde por crime tentado, mas

S
apenas pelos atos delitivos já praticados. (Item correto).

CO
DO
6. ARREPENDIMENTO POSTERIOR

S EN
Ocorre quando o responsável pelo crime praticado sem violência à pessoa ou grave ameaça,

RO
voluntariamente e até o recebimento da denúncia ou queixa, restitui a coisa ou repara o dano provocado

CE
por sua conduta.

NI
DE
AU
a) Natureza jurídica: É causa pessoal e obrigatória de diminuição da pena.

0L
47
b) Extensão do benefício: Conforme a doutrina majoritária, alcança qualquer crime que com ele seja
50
compatível, e não apenas delitos contra o patrimônio, vez que o CP não limita a eles.
07
No entanto, o STJ tem jurisprudência que os crimes praticados sejam patrimoniais ou possuam
36

efeitos patrimoniais. Já nos crimes contra a fé pública, assim como nos demais crimes não patrimoniais em
02

geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de
A
ST

haver reparação do dano causado ou a restituição da coisa


41998 subtraída” (REsp 1.242.294/PR, j. 18/11/2014).
CO
O

c) Fundamentos:
ND

● Proteção à vítima;
SE


RO

Fomento ao arrependimento do agente.


CE

d) Requisitos (cumulativos):
NI
DE
LAU
70
04
5
07

41998
36
02
A
ST
CO
O
ND
SE
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36
(1) Natureza do crime: crime praticado sem violência ou grave ameaça à pessoa (a violência à coisa não obsta

02
o reconhecimento do instituto).

STA
CO
Cabe arrependimento posterior nos casos em que há violência imprópria? Ex.: quando se utiliza um

DO
sonífero para diminuir a capacidade de resistência da vítima.

EN
R.: Há divergência doutrinária: Parte da doutrina entende que o arrependimento posterior é uma das

S
poucas hipóteses em que o legislador se preocupa com a vítima, se preocupa com a forma de diminuir os

RO
danos causados à vítima. Assim, como esse instituto é direcionado à vítima, sempre que puder incentivar o

CE
autor a reparar o dano ou restituir a coisa, reduzindo os prejuízos da vítima, admitiria a aplicação do

NI
arrependimento posterior. No entanto, a jurisprudência é muito reticente em aplicar.

DE
AU
Cabe arrependimento posterior em caso de violência culposa?

0L
41998

47
R.: SIM! Segundo a doutrina, em caso de violência culposa, é cabível o arrependimento posterior.
50
Isso porque, nesse caso, não houve violência na conduta, mas sim no resultado. É o que se dá, por exemplo,
07
na lesão corporal culposa, crime de ação penal pública condicionada em que a reparação do dano pode,
36

inclusive, acarretar na renúncia ao direito de representação se celebrada a composição civil, na forma do


02

art. 74 e parágrafo único da Lei 9.099/1995.


A
ST

41998
CO

(2) Reparação do dano ou restituição da coisa:


O

o Voluntária
ND

o Pessoal, salvo comprovada impossibilidade


SE

o Integral.
RO
CE

A aplicação do art. 16 do Código Penal exige a comprovação da integral reparação


NI

do dano ou da restituição da coisa até o recebimento da denúncia, devendo o ato


DE

ser voluntário. Na espécie, os mencionados requisitos não foram comprovados (HC


AU

n. 438.562/RR, Ministra Laurita Vaz, Sexta Turma, DJe 30/5/2019).


L
70
04

STF (Info 608): Já admitiu reparação parcial do dano, sopesando o percentual da


5
07

reparação da pena.
36
02

(3) Até o recebimento da denúncia


A
ST

A reparação do dano ou restituição da coisa deve ser feita ATÉ O RECEBIMENTO da denúncia, ainda
CO

que pague os juros ou correção monetária posteriormente. Veja a jurisprudência do STF nesse sentido.
O
ND

É possível o reconhecimento da causa de diminuição de pena prevista no art. 16


SE

do Código Penal (arrependimento posterior) para o caso em que o agente fez o


RO

ressarcimento da dívida principal (efetuou a reparação da parte principal do


E
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36
dano) antes do recebimento da denúncia, mas somente pagou os valores

02
referentes aos juros e correção monetária durante a tramitação da ação penal.

S TA
Nas exatas palavras do STF: “É suficiente que ocorra arrependimento, uma vez

CO
reparada parte principal do dano, até o recebimento da inicial acusatória, sendo

DO
inviável potencializar a amplitude da restituição.” STF. 1ª Turma. HC 165312/SP,

EN
Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/4/2020. (Info 973)

S
RO
E se o agente restituir a coisa ou reparar o dano após o recebimento da denúncia?

CE
R.: Nesse caso, ele não será beneficiado pelo arrependimento posterior, mas é uma circunstância

NI
41998

atenuante (art. 65, III, “b”, CP).

DE
AU
(4) Voluntariedade (diferente de espontaneidade).

0L
47
Redução da pena de 1/3 a 2/3, a depender da celeridade e voluntariedade.
50
07
e) Algumas características:
36

● A reparação do dano ou restituição da coisa tem natureza objetiva, razão pela qual comunica-se aos
02

demais coautores e partícipes do crime (majoritário).


A
ST

● A recusa do ofendido NÃO impede a redução da


41998pena.
CO

● Em algumas situações, não se aplicará pelo fato de existir norma específica mais favorável para o
O

caso de haver reparação do dano, como por exemplo, extinção da punibilidade, ex.: apropriação
ND

indébita, crimes de menor potencial ofensivo, peculato culposo etc.


SE
RO

7. CRIME IMPOSSÍVEL (ART. 17, CPC)


CE
NI
DE

a) Conceito: Verifica-se da impossibilidade de ocorrer a consumação, seja pela ineficácia absoluta do meio,
AU

ou por absoluta impropriedade do objeto. Também conhecido por “tentativa inidônea, tentativa
L

inadequada, tentativa impossível ou quase crime”.


70

b) Natureza jurídica: Causa de exclusão da tipicidade.


04

c) Espécies de crime impossível:


5
07
36


02

Por ineficácia absoluta do meio de execução: O meio empregado ou o instrumento utilizado para a
A

execução do crime jamais levarão a consumação, pois não possui potencialidade lesiva alguma. Ex:
ST

Um palito de dente para matar um adulto é incapaz de produzir o resultado. A idoneidade deve ser
CO

analisada no caso concreto.


O
ND

Obs.: A ineficácia do meio, quando relativa, leva à tentativa e não ao crime impossível. Ex.: um palito é meio
SE

relativamente independente eficaz para matar um recém-nascido, perfurando-lhe a moleira.


RO
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02

TA
Por impropriedade absoluta do objeto: A pessoa ou coisa sobre que recai a conduta é

S
absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo, o objeto material do crime é

CO
absolutamente impróprio. Ex.: Caso de uma mulher grávida, ingere substância com efeito abortivo,

DO
mas na verdade não era gestante. Também é tentativa inidônea atirar contra alguém já morto,

EN
pensando que está viva para prática de homicídio.

S
Obs.: de acordo com o autor Fernando Capez, a impropriedade não pode ser relativa, pois nesse caso

RO
haverá tentativa. Ex.: o punguista enfia a mão no bolso errado. Houve circunstância meramente

CE
acidental que não torna impossível o crime. No caso, responde por tentativa. Por outro lado, se a

NI
DE
vítima não tivesse nada em nenhum dos seus bolsos, a impropriedade seria absoluta, inviabilizando

AU
totalmente a consumação do delito e tornando-o impossível.

0L
41998

47
Critério para aferição da idoneidade: a aferição da idoneidade deve ser feita no momento em que se realiza
a ação ou omissão delituosa: 50
07
a) se concretamente os meios ou o objeto eram inidôneos para a consecução do resultado já antes
36

de se iniciar a ação executória, o crime é impossível.


02

b) se os meios ou o objeto tornam-se inidôneos concomitantemente ou após o início da execução,


A
ST

tipifica-se uma tentativa de crime que se pretendia cometer,


41998 porque, no momento em que o agente praticou
CO

o crime, este tinha possibilidade de consumar-se. Um exemplo dado pelo autor Fernando Capez, em que o
O

agente envenena a vítima, que já tinha sido envenenada antes por outra pessoa. Vindo ela, posteriormente,
ND

a falecer em decorrência do veneno anterior, não se poderá falar em crime impossível no tocante ao agente,
SE

que, assim, responderá por tentativa, pois a vítima ainda estava viva quando ele a envenenou, sendo esse
RO

objeto material idôneo para sofrer a agressão homicida. O resultado só não ocorreu em decorrência de
CE

conduta anterior, que produziu sozinha o resultado morte.


NI
DE

Súmula 145, STF: “não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia
AU

torna impossível a sua consumação”. Segundo Greco, “por intermédio da Súmula


L
70

n° 145 do STF foi pacificado o entendimento daquela Corte no sentido de que, em


04

determinadas situações, se a polícia preparar o flagrante de modo a tornar


5
07

impossível a consumação do delito, tal situação importará em crime impossível,


36

não havendo, por conseguinte, qualquer conduta que esteja a merecer a


02

reprimenda do Estado”.
A
ST
CO

A atuação ao agente provocador pode impedir a caracterização do crime, quando se cria um cenário em que
O

o crime não pode ocorrer. Será uma hipótese de flagrante provocado ou de crime de ensaio. No caso há uma
ND

indução de um terceiro para a prática criminosa, e assim, provocar uma responsabilização. Teríamos nesse
SE

caso, um controle de um terceiro na situação que provocou a conduta agente, simulando por exemplo uma
RO

transação ilícita para o flagrante, tornando o crime impossível (crime de ensaio).


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02
TA
ATENÇÃO!!! O PACOTE ANTICRIME INSERIU, NA LEI DE DROGAS E NO ESTATUTO DO DESARMAMENTO, A

S
FIGURA DO “POLICIAL DISFARÇADO”, COM O INTUITO EXATAMENTE DE EVITAR QUE OCORRA O CRIME

CO
IMPOSSÍVEL EM RAZÃO DO FLAGRANTE PREPARADO QUANDO HOUVER INDÍCIOS PROBATÓRIOS DE

DO
CONDUTA CRIMINOSA PREEXISTENTE!

S EN
RO
Súmula 567 - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não

CE
torna impossível a configuração do crime de furto.

NI
DE
AU
d) Teorias sobre o crime impossível:

0L
1) Subjetiva: O crime impossível deve receber a mesma punição que o crime consumado, pois o agente

47
tem uma vontade ilícita e essa vontade deve ser punida.
50
2) Sintomática: o crime impossível revela a periculosidade do agente, portanto, o agente deve suportar
07
uma medida de segurança.
36
02

3) Objetiva – essa teoria leva em conta a potencialidade da conduta para ofender o bem jurídico.
A

Quando a conduta não tem potencialidade, surge a chamada inidoneidade. A teoria objetiva se divide
ST

41998
em duas: 41998
CO

- Teoria objetiva pura: havendo inidoneidade, não importa se absoluta ou relativa, será caso
O

de crime impossível – não admite a tentativa, pois sempre que o agente não conseguir
ND

consumar o crime será caso de crime impossível;


SE

- Teoria objetiva temperada ou intermediária: se a idoneidade for absoluta o crime é


RO

impossível, se a inidoneidade for relativa, será hipótese de tentativa. Adotada pelo CP.
CE
NI
DE

e) Crime putativo x crime impossível:



AU

Crime impossível: O autor, com intenção de cometer o delito, NÃO consegue, pela inidoneidade do
L

meio ou do objeto material.


70

● Crime putativo: O agente, embora acredite praticar fato típico, realiza um indiferente
04
5

penal. (Ex.: Agente que comete adultério e pensa ser um ilícito penal). No delito putativo por erro de
07

tipo, o sujeito quer praticar um crime, mas, devido ao desconhecimento da situação de fato, comete
36
02

um irrelevante penal. Também chamado de crime de alucinação.


A
ST

Delito putativo por obra do agente provocador, crime de flagrante preparado, delito de ensaio ou
CO

experiência: A polícia ou terceiro (agente provocador) prepara uma situação, na qual induz o agente a
O
ND

cometer o delito (ex.: delegada grávida pede para o médico fazer aborto ilegal e depois que o prende em
SE

flagrante). Nessa situação o autor é protagonista de uma farsa que, desde o início, não tem a menor chance
RO
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de dar certo. Por essa razão a jurisprudência considera a encenação do flagrante preparado uma espécie de

02
crime impossível entendendo não haver delito, ante a atipicidade do fato.

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META 4 – QUINTA-FEIRA

02
STA
DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS POLÍTICOS

CO
DO
TODOS OS ARTIGOS

EN
CF/88

S
RO
⦁ Art. 14 a 17
⦁ Art. 37, §4º

CE
⦁ Art. 55, IV

NI
DE
⦁ Art. 62, §1º, “a”

AU
⦁ Art. 68, §1º, II

0L
⦁ Art. 85, III

47
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER
50
07
CF/88
36

41998
⦁ Art. 14 e 15 (leitura completa! Importantíssimo!)
02

⦁ Art. 37, §4º


A
ST

41998
CO

SÚMULAS RELACIONADAS AO TEMA


O

Súmula vinculante 18-STF: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não
ND

afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.


SE
RO

1. DIREITOS POLÍTICOS
CE
NI
DE

Conforme o professor Pedro Lenza, os direitos políticos nada mais são que instrumentos por meio
AU

dos quais a CF garante o exercício da soberania popular, atribuindo poderes aos cidadãos para interferirem
L

na condução da coisa pública, seja direta, seja indiretamente.


70

Podem ser divididos:


04
5

● DIREITOS POLÍTICOS POSITIVOS: segundo José Afonso da Silva, consistem no “conjunto de normas
07

que asseguram o direito subjetivo de participação no processo político e nos órgãos


36
02

governamentais”.
A

● DIREITOS POLÍTICOS NEGATIVOS: decorrem das normas que privam o cidadão, definitiva ou
ST

temporariamente, dos direitos políticos positivos, especialmente do direito de votar e de ser votado.
CO
O

De modo geral podemos classificar os regimes democráticos em três espécies: a) democracia direta,
ND

em que o povo exerce por si o poder, sem intermediários, sem representantes; b) democracia representativa,
SE

na qual o povo, soberano, elege representantes, outorgando-lhes poderes, para que, em nome deles e para
RO
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o povo, governem o país; e c) democracia semidireta ou participativa, um “sistema híbrido”, uma democracia

02
representativa, com peculiaridades e atributos da democracia direta (LENZA, 2022).

TA
S
CO
1.1 Direitos Políticos Positivos

DO
EN
As formas de exercício da soberania popular são o direito de sufrágio ativo (direito de votar) e passivo

S
(direito de ser votado), a iniciativa popular, a ação popular e a organização e participação em partidos

RO
políticos.

CE
NI
A) INSTRUMENTOS DE PARTICIPAÇÃO DIRETA:

DE
AU
● PLEBISCITO: é consulta PRÉVIA formulada ao cidadão para que manifeste sua

0L
47
concordância/discordância em relação a um tema contido em ato administrativo ou legislativo. Além
50
disso, conforme art. 49, XV, CRFB, o CN convoca plebiscito. Exemplo: plebiscito para a escolha entre
07
a forma (república ou monarquia constitucional) e sistema de governo (presidencialismo ou
36

parlamentarismo) (1993).
02

● REFERENDO: é uma consulta realizada POSTERIORMENTE à edição do ato legislativo ou


A
ST

administrativo, com o intuito de ratificá-lo ou41998


rejeitá-lo. Além disso, conforme art. 49, XV, CRFB, o
CO

CN autoriza o referendo. Exemplos: referendo para manutenção ou não do regime parlamentarista


O

(1963); referendo para a manifestação do eleitorado sobre a manutenção ou rejeição da proibição


ND

da comercialização de armas de fogo e munição em todo o território nacional (2005).


SE

A autorização de referendo e a convocação de plebiscito são da competência exclusiva do Congresso


RO

Nacional (CF, art. 49, XV). Por fim, a competência para autorizar referendo e convocar plebiscito, de acordo
CE

com o art. 49, XV, da CF/88, é exclusiva do Congresso Nacional, materializada, como visto, por decreto
NI

legislativo.
DE

41998
AU

● INICIATIVA POPULAR: consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito
L
70

por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com
04

não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
5
07
36

B) SUFRÁGIO: É o direito de participar votando e sendo votado em eleições. É o direito de votar e ser votado.
02
A
ST

C) ALISTABILIDADE: É a capacidade eleitoral ativa, direito de votar. Características do voto no Brasil:


CO

● LIVRE: a escolha pode dar-se entre os candidatos, ou ainda anular ou votar em branco. Em
O

contraposição à ideia do famoso voto de cabresto;


ND

● DIRETO: os representantes são escolhidos diretamente pelo povo, com exceção do art. 81, § 1º da
SE

CF. O cidadão vota diretamente no candidato, sem intermediário. Excepcionalmente, porém, existe
RO

uma única hipótese de eleição indireta no Brasil, já estudada no capítulo sobre o Poder Executivo
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(art. 81, § 1.º), qual seja, quando vagarem os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República

02
nos últimos 2 anos do mandato. Nessa situação excepcional, a eleição para ambos os cargos será

STA
feita pelo Congresso Nacional, na forma da lei (LENZA, 2022);

CO
● SECRETO: Aqui vale 41998
esclarecer que é diferente do voto parlamentar já que as deliberações

DO
parlamentares devem pautar-se pelo princípio da publicidade, a traduzir dogma do regime

EN
constitucional democrático. A votação pública e ostensiva nas Casas Legislativas constitui um dos

S
instrumentos mais significativos de controle do poder estatal pela sociedade civil. (ADI 1.057-MC,

RO
Rel. Min. Celso de Mello, j. 20.04.94, DJ de 06.04.2001)

CE
● UNIVERSAL: seu exercício não está ligado a nenhuma condição discriminatória;

NI
● PERIÓDICO: característica da República, pois a Democracia exige mandatos por prazo

DE
determinado;

AU
● LIVRE;

0L
47
● PERSONALÍSSIMO: é vetada a votação por procurador;
● COM VALOR IGUAL PARA TODOS. 50
07
36
02

IMPORTANTE: O voto é obrigatório para os que têm entre 18 e 70 anos, e facultativo para aqueles que
A

têm entre 16 e 18 anos e para os maiores de 70 anos e analfabetos.


ST

O constituinte originário, elevando à categoria de


41998
cláusulas pétreas, inadmitiu qualquer proposta de
CO

emenda à Constituição tendente a abolir o voto direto, secreto, universal e periódico (art. 60, § 4.º, II).
O

Muito embora haja previsão constitucional do voto obrigatório nas hipóteses previstas na Constituição,
ND

a obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea, podendo ser aprovada emenda constitucional
SE

tornando-o facultativo.
RO
CE

INALISTÁVEIS (ART. 14, §2º, CF/88):


NI
DE

● Estrangeiros, salvo os portugueses equiparados (“quase nacionais”);


AU

● Conscritos (aqueles em serviço militar obrigatório). O conceito de conscrito não é estendido somente
L

às pessoas que têm 17 e 18 anos, mas também aos médicos, dentistas, farmacêuticos, e veterinários
70

que estejam em serviço militar obrigatório conforme art. 4° da Lei 5.292/67.


04
5
07

D) ELEGIBILIDADE: É a capacidade eleitoral passiva, ou seja, o direito de ser votado. O direito de ser votado,
36
02

no entanto, só se torna absoluto se o eventual candidato preencher todas as condições de elegibilidade para
A

o cargo ao qual se candidata e, ainda, não incidir em nenhum dos impedimentos constitucionalmente
ST

previstos, quais sejam, os direitos políticos negativos: A nacionalidade brasileira; O pleno exercício dos
CO

direitos políticos; O alistamento eleitoral; O domicílio eleitoral na circunscrição; e a filiação partidária;


O

A idade mínima de:


ND

a) Trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;


SE

b) Trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;


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c) Vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz

02
de paz;

S TA
d) Dezoito anos para Vereador.

CO
IMPORTANTE

DO
O domicílio eleitoral não se confunde com o domicílio civil, razão pela qual a circunstância de o eleitor

EN
residir em determinado Município não o impede de se candidatar por outra localidade onde é inscrito e

S
RO
com a qual mantém vínculos negociais, patrimoniais, profissionais, afetivos ou políticos. 41998

CE
NI
1.2 Direitos Eleitorais Negativos

DE
AU
Conforme o doutrinador Pedro Lenza, ao contrário dos direitos políticos positivos, os direitos

0L
políticos negativos individualizam-se ao definirem formulações constitucionais restritivas e impeditivas das

47
atividades político partidárias, privando o cidadão do exercício de seus direitos políticos, bem como
50
impedindo-o de eleger um candidato (capacidade eleitoral ativa) ou de ser eleito (capacidade eleitoral
07
36

passiva). São hipóteses:


02
A

A. INELEGIBILIDADES: É a falta de capacidade eleitoral passiva (art. 14, §§ 4.º a 8.º, CRFB). Podem ser:
ST

41998
CO

● INELEGIBILIDADES ABSOLUTAS: impedem o exercício da capacidade eleitoral passiva para qualquer


O
ND

cargo eletivo. Previstos no art. 14, § 4º, da CF:


SE

∘ INALISTÁVEIS: estrangeiros e conscritos;


RO

∘ ANALFABETOS: embora possam votar facultativamente, em nenhuma hipótese poderão ser


votados.
CE

● INELEGIBILIDADES RELATIVAS: impedem o exercício da capacidade eleitoral passiva para


NI
DE

determinados cargos ou em relação a determinado período. A inelegibilidade nesses casos dá-se,


AU

conforme as regras constitucionais, em decorrência da função exercida, de parentesco, ou se o


L

candidato for militar, bem como em virtude das situações previstas em lei complementar (art. 14, §
70

9.º).
04
5
07
36

Da função exercida - art. 14, §§ 5º e 6º:


02
A

Art. 14. (...)


ST

§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal,


CO

os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos


O
ND

poderão ser reeleitos para um único período subsequente.


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§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores

02
de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos

TA
S
mandatos até seis meses antes do pleito.

CO
DO
Veja a questão interessante indagando se os vices podem ser candidatos à sucessão do titular

EN
reeleito, uma vez que este não pode mais ser candidato a um terceiro mandato sucessivo. O STF no

S
julgamento da RE 366.488, Rel. Carlos Velloso (04.10.2005), decidiu nos seguintes termos: “Possibilidade de

RO
reeleger-se ao cargo de governador, porque o exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou

CE
por sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a exercer o seu primeiro mandato como titular

NI
do cargo”.

DE
AU
0L
IMPORTANTE

47
PREFEITO ITINERANTE ou PREFEITO PROFISSIONAL: caracteriza-se pela alteração do domicílio eleitoral
50
com finalidade de burlar a regra que tolera apenas uma reeleição. O sujeito não pode se eleger por mais de
07
36

um mandato no Município A e então muda seu domicílio eleitoral para o Município B, vizinho de A, onde
02

tentará eleger-se prefeito. O STF entendeu tal conduta incompatível com o princípio republicano, em
A

respeito à temporariedade e à alternância no exercício do poder, pois visa à perpetuação no poder.


ST

41998
CO

O art. 14, § 6.º, estabelece que, para concorrer a outros cargos, o Presidente da República, os
O
ND

Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até
SE

6 meses antes do pleito. Por fim, frisa-se que a desincompatibilização deve dar-se somente para a
RO

candidatura a outros cargos, diversos, diferentes. Para a reeleição, os Chefes do Executivo não precisam,
portanto, renunciar 6 meses antes do pleito. Finalmente, em relação aos vices, a mencionada regra da
CE

desincompatibilização não incide, na medida em que não são mencionados no art. 14, § 6.º, a não ser que
NI
DE

tenham, nos 6 meses anteriores ao pleito, sucedido ou substituído os titulares.


AU

Cabe asseverar apenas que a renúncia afasta a presente inelegibilidade, ou seja, se o Chefe do
L

Executivo renunciar, é possível que sua família se candidate a qualquer cargo no território de jurisdição do
70

titular. Tal renúncia deve se dar em até seis meses antes do pleito. É a chamada
04
5

heterodesincompatibilização, pois o sujeito se desincompatibiliza para terceiro poder concorrer a outros


07
36

cargos.
02

A exceção se dá no caso em que a renúncia se dá no segundo mandato. Nesse caso o membro da


A

família não poderá concorrer ao terceiro mandato, eis que, conforme entendimento da Justiça Eleitoral, é
ST

vedado que uma mesma família ocupe determinado cargo por três mandatos consecutivos, conforme já
CO

decidiu o TSE no caso “Garotinho” (ex-governador do Rio de Janeiro).


O

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Obs. Em caso de desmembramento, o STF entende que a família do titular do executivo, ente

TA
desmembrado, não pode se candidatar
41998 a cargos eletivos no novo ente criado. Ex.: Município A dá origem

S
ao Município B -> a família do Prefeito do Município A não pode concorrer a cargos eletivos no Município B.

CO
DO
● INELEGIBILIDADE REFLEXA – ART. 14, §7º: a inelegibilidade em razão do parentesco torna inelegíveis

EN
no território de jurisdição do Chefe do Poder Executivo o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou

S
RO
afins, até o segundo grau ou por adoção, salvo quando estes já forem detentores de mandato eletivo
e candidatos à reeleição.

CE
NI
DE
STF: A inelegibilidade reflexa abrange uniões homoafetivas. Também abrange o

AU
cunhado/ cunhada (RE 171061)

0L
47
Súmula Vinculante nº 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no
50
curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da
07
Constituição Federal.
36
02
A

Em caso de morte, vale destacar que o que orientou a edição da Súmula Vinculante 18 e os
ST

precedentes do STF foi a preocupação de inibir que 41998


a dissolução fraudulenta ou simulada de sociedade
CO

conjugal seja utilizada como mecanismo de burla à norma da inelegibilidade reflexa prevista no § 7º do
O

art. 14 da Constituição. Portanto, não atrai a aplicação do entendimento constante da referida súmula a
ND

extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges. (RE 758461);


SE
RO

TESE DE REPERCUSSÃO GERAL 678: A Súmula Vinculante 18 do STF (“A dissolução


CE

da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a


NI
DE

inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal”) não se aplica


AU

aos casos de extinção do vínculo conjugal pela morte de um dos cônjuges.”


L
70

Há também a possibilidade de inelegibilidade em razão de outras hipóteses (LEGAL), pois, segundo o


04

art. 14, §9° da CF, lei complementar pode estabelecer, ainda, outras hipóteses como no caso da LC 64/90,
5
07

alterada pela Lei da Ficha Limpa (LC 135/10), esta declarada constitucional pelo STF.
36

O objetivo é a fim de que sejam protegidos os preceitos da: probidade administrativa; moralidade
02

para o exercício de mandato, considerada a vida pregressa do candidato; normalidade e legitimidade das
A
ST

eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na
CO

administração direta ou indireta.


O

Veja, ainda, STF: É possível aplicar o prazo de 8 anos de inelegibilidade, introduzido pela LC 135/2010
ND

(Lei da Ficha Limpa), às condenações por abuso de poder, mesmo nos casos em que o processo já tinha
SE

transitado em julgado quando a Lei da Ficha Limpa entrou em vigor (Plenário. ARE 1180658 AgR/RN, rel. orig.
RO

Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgado em 10/9/2019 - Info 951).
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Por fim, no tocante ao militar, art. 14, §8°, CRBF, destaca-se que o militar alistável é elegível,

02
atendidas as seguintes condições:

TA
S
I. Se contar menor de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade; e

CO
II. Se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito,

DO
passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade.

EN
41998

S
1.3 Privação de Direitos Políticos

RO
CE
A) CASSAÇÃO: É vedada. O art. 15 da CF veda a retirada arbitrária de direitos políticos, pois a restrição dos

NI
direitos políticos será sempre provisória, ou seja, sem caráter perpétuo, e ocorrerá nos casos de suspensão

DE
e perda;

AU
0L
47
B) PERDA: Configura privação definitiva, sendo necessária atividade específica do interessado para a
reaquisição. Hipóteses: 50
07
36

1. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado (art. 15, I): ação que tramita na
02

justiça federal, na qual o naturalizado volta a ser considerado estrangeiro;


A
ST

2. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta41998


ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII
CO

(art. 15, IV). Enquanto não houver edição de lei regulamentando a prestação alternativa, não há
O

possibilidade de perder os direitos políticos;


ND

3. Perda da nacionalidade brasileira em virtude de aquisição de outra (art. 12, § 4º, II). A aquisição de
SE

outra nacionalidade acarretava, em regra, a perda da nacionalidade brasileira, salvo nos casos de
RO

reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira e imposição de naturalização pela


CE

norma estrangeira. Com a mudança promovida pela Emenda Constitucional 131/2023, o cidadão
NI

apenas perderá (não confunda perda com cancelamento!) a nacionalidade brasileira se fizer um
DE

pedido expresso (§4º, II), e mesmo assim poderá readquiri-la (§5º).


AU
L
70

Perdido o direito político, na hipótese de cancelamento da naturalização por sentença transitada


04

em julgado, a reaquisição só se dará por meio de ação rescisória. Se a hipótese for a perda por recusa de
5
07

cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, a reaquisição dar-se-á quando o indivíduo, a
36

qualquer tempo, cumprir a obrigação devida.


02
A
ST

C) SUSPENSÃO: Possui caráter temporário, e a reaquisição decorre automaticamente após determinado


CO

período ou o implemento de determinada condição. Hipóteses:


O

⮚ INCAPACIDADE CIVIL ABSOLUTA;


ND

⮚ CONDENAÇÃO CRIMINAL TRANSITADA EM JULGADO, ENQUANTO DURAREM SEUS EFEITOS.


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02
Obs.1 Aplica-se no caso de substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos (RE n.

TA
601.182, tema 370 da repercussão geral, Pleno, j. 08.05.2019, DJE de 02.10.2019).

S
Obs.2 A suspensão de direitos políticos prevista no art. 15, III, da CF, aplica-se tanto para condenados a

CO
penas privativas de liberdade como também a penas restritivas de direitos (RE 601182/MG, Rel. Min. Marco

DO
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/5/2019. -Info 939)

SEN
⮚ IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, NOS TERMOS DO ART. 37, § 4º, CF. Segundo José Afonso da Silva,

RO
“a improbidade diz respeito à prática de ato que gere prejuízo ao erário público em proveito do agente.

CE
Cuida-se de uma imoralidade administrativa qualificada pelo dano ao erário e correspondente vantagem ao

NI
DE
ímprobo. O ímprobo administrativo é o devasso da Administração pública”.

AU
0L
OUTRAS HIPÓTESES:

47
➢ exercício assegurado pela cláusula de reciprocidade (art. 12, § 1.º): na dicção do art. 17.3 do Decreto
50
n. 3.927/2001 (Promulga o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta, entre a República Federativa
07

do Brasil e a República Portuguesa, celebrado em Porto Seguro em 22 de abril de 2000), “o gozo de


36

41998
02

direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do exercício dos mesmos direitos no
A

Estado da nacionalidade”. Assim, o gozo dos direitos políticos em Portugal (por brasileiro) importará
ST

41998
na suspensão do exercício dos mesmos direitos no Brasil;
CO

➢ art. 55, II e § 1.º, c/c o art. 1.º, I, “b”, da LC n. 64/90: procedimento do Deputado ou Senador
O
ND

declarado incompatível com o decoro parlamentar — inelegibilidade por 8 anos (art. 1.º, I, “b”, da
SE

LC n. 64/90.
RO

2. PARTIDOS POLÍTICOS
CE
NI
DE

Partido político pode ser conceituado, conforme o autor Pedro Lenza, como uma “... organização de
AU

pessoas reunidas em torno de um mesmo programa político com a finalidade de assumir o poder e de mantê-
L

lo ou, ao menos, de influenciar na gestão da coisa pública através de críticas e oposição”.


70

Dentre os fundamentos da República Federativa do Brasil está o pluralismo político (art. 1.º, V). De
04
5

acordo com o art. 17, caput, consagra-se a liberdade de organização partidária, visto ser livre a criação, a
07

fusão, a incorporação e a extinção dos partidos políticos.


36
02
A

A) REGISTRO: Devem se registrar tanto no Cartório de Registro Civil quanto no TSE:


ST

● REGISTRO CIVIL: É requerimento do registro do partido junto ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas
CO

da Capital Federal e é o meio pelo qual há a aquisição da personalidade jurídica.


O
ND

● REGISTRO ELEITORAL: Efetivado perante o Tribunal Superior Eleitoral, e tem como finalidade o gozo
SE

de prerrogativas de participar do processo eleitoral, receber recursos do fundo partidário e ter


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acesso à rádio e à televisão para difusão de suas ideias e programas, conforme art. 7º, §2º, da Lei

02
9.096/95.

S TA
CO
Não existe no Brasil a candidatura avulsa, de modo que o candidato deve estar filiado a algum partido

DO
político. Candidaturas avulsas são aquelas de pessoas não filiadas a partido político. A Constituição de 1988

EN
não as admite, porque exige filiação partidária, como condição de elegibilidade (art. 14, § 3.º, inciso V).

S
RO
Caiu na prova Delegado AL/2023! Conforme a compreensão atual dos direitos políticos previstos na

CE
Constituição Federal, não se admitem candidaturas avulsas, isto é, aquelas para as quais não se exige que o
candidato seja afiliado a partido político. (ITEM CORRETO)

NI
DE
E, também, não existe no Brasil a candidatura nata, ou seja, o direito de o titular do mandato eletivo

AU
ser, obrigatoriamente, escolhido e registrado pelo partido como candidato à reeleição. O instituto da

0L
“candidatura nata” é incompatível com a Constituição Federal de 1988, tanto por violar a isonomia entre os

47
41998
postulantes a cargos eletivos como, sobretudo, por atingir a autonomia partidária (art. 5º, “caput”, e art. 17
50
07
da CF/88). STF. Plenário. ADI 2530/DF, Rel. Min. Nunes Marques, julgado em 18/8/2021 (Info 1026).
36
02

B) PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DE ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA:


A
ST

41998
CO

1. LIBERDADE PARTIDÁRIA: é livre a criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos. No
entanto, deve obedecer ao disposto na Constituição:
O
ND

● Caráter nacional;
SE

● Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidades ou governos estrangeiros ou de


RO

subordinação a estes;
CE

● Prestação de contas à Justiça Eleitoral;


NI

● Funcionamento parlamentar de acordo com a lei.


DE
AU

2. AUTONOMIA PARTIDÁRIA: autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento,
L

devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias (art. 17, § 1º).
70
04
5
07

3. VEDAÇÃO A PARTIDOS COMO ORGANIZAÇÃO PARAMILITAR (ART. 14, § 4º): é vedado ao partido político
36

ministrar instrução militar ou paramilitar bem como utilizar-se de organização da mesma natureza e adotar
02

uniforme para seus membros.


A
ST
CO

C) SISTEMAS ELEITORAIS:
O
ND

● MAJORITÁRIO: o mandato eletivo fica com o candidato ou partido político que obteve a maioria dos
SE

votos, independente dos votos do seu partido. Adotado para eleições de Presidente, Senador,
RO

Governador e Prefeito;
E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

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● PROPORCIONAL: é obtido mediante alguns cálculos. Inicialmente, divide o número total de votos

02
válidos pelos cargos em disputa (quociente eleitoral). Em seguida, pega os votos de cada partido ou

STA
coligação e divide pelo quociente eleitoral, anteriormente obtido (quociente partidário). Os

CO
candidatos mais bem votados desse partido 41998
irão ocupar tais vagas. Adotado para eleições de

DO
Deputado Federal, Estadual e Vereador.

EN
● MISTO: mescla regras do majoritário e proporcional, com votos distritais e votos gerais. É o sistema

S
adotado na Alemanha. No Brasil, não é adotado, embora seja ponto de discussão da reforma

RO
política.

CE
NI
DE
FIDELIDADE PARTIDÁRIA: Se o titular do mandato eletivo, sem justa causa, sair do partido político no qual

AU
foi eleito, ele perderá o cargo que ocupa? (INF 787 STF)

0L
● Sistema majoritário: não se aplica, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas

47
pelo eleitor, já que o candidato escolhido é aquele que obteve mais votos, não importando o quociente
eleitoral nem o quociente partidário. 50
07
● Sistema proporcional: O mandato parlamentar pertence ao partido político, razão pela qual, em caso
36

de mudança de partido político pelo parlamentar eleito, ele sofrerá um processo na Justiça Eleitoral que
02

poderá resultar na perda do seu mandato. O assunto está disciplinado na Resolução nº 22.610/2007 do TSE,
A
ST

que elenca, inclusive, as hipóteses consideradas como41998


“justa causa” para a perda do mandato. Em relação
CO

ao sistema proporcional (eleição de deputados federais, estaduais, distritais e vereadores), o STF, em 03 e


O

04.10.2007, julgando os MS 26.602, 26.603 e 26.604, resolveu a matéria e estabeleceu que a fidelidade
ND

partidária deve ser respeitada pelos candidatos eleitos.


SE
RO

O tema partidos políticos foi objeto de diversas alterações por emendas constitucionais. A EC 52/06
CE

trouxe a desverticalização, de modo que as coligações partidárias não precisam ser as mesmas em âmbito
NI
DE

nacional, estadual e municipal, ou seja, não há obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em


AU

âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal. Mais adiante, a EC 97/17 veiculou a vedação de celebração
L

de coligações em eleições proporcionais a partir de 2020. Por fim, vale mencionar que a EC 97/17
70

estabeleceu alguns requisitos para os partidos terem acesso ao fundo partidário.


5 04
07

Nas palavras do autor Marcelo Novelino cuida-se da chamada cláusula de desempenho, cláusula de
36

barreira, patamar eleitoral, barreira constitucional ou cláusula de exclusão consistente em uma norma
02

impeditiva ou restritiva da atuação parlamentar de partidos políticos que não conseguiram alcançar
A
ST

determinado percentual de votos e/ou eleger determinado número de parlamentares.


CO

Essas regras, contudo, deverão ser observadas somente a partir das eleições de 2030 (art. 3.º da
O

emenda), tendo sido estabelecidos requisitos gradativos a serem observados na forma do parágrafo único
ND

do art. 3.º da emenda. A nova janela partidária constitucional está descrita no art. 17, § 5.º, nos termos
SE

acima transcritos.
RO

Por fim, veja ainda:


E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
Os Estados possuem autonomia relativa na solução normativa do problema da

02
dupla vacância da Chefia do Poder Executivo, não estando vinculados ao modelo

STA
e ao procedimento federal (art. 81, CF), mas tampouco pode desviar-se dos

CO
princípios constitucionais que norteiam a matéria, por força do art. 25 da

DO
Constituição Federal devendo observar: (i) a necessidade de registro e votação

EN
dos candidatos a Governador e Vice-Governador por meio de chapa única; (ii) a

S
observância das condições constitucionais de elegibilidade e das hipóteses de

RO
inelegibilidade previstas no art. 14 da Constituição Federal e na Lei Complementar

CE
a que se refere o § 9º do art. 14; e (iii) que a filiação partidária não pressupõe a

NI
escolha em convenção partidária nem o registro da candidatura pelo partido

DE
político; (iv) a regra da maioria, enquanto critério de averiguação do candidato

AU
vencedor, não se mostra afetada a qualquer preceito constitucional que vincule

0L
47
os Estados e o Distrito Federal. STF. ADPF 969/AL, relator Ministro Gilmar
50
Mendes, julgamento virtual finalizado em 14.8.2023. (Info 1104)
07
O STF, no julgamento dos MS 30.260 e 30.272, em 27.04.2011, por 10 x 1, entendeu
36

que a vaga decorrente do licenciamento de titulares de mandato parlamentar, no


02

caso para assumirem cargos de secretarias de Estado, deverá ser ocupada pelos
A
ST

suplentes das coligações, e não


41998dos partidos. Pode-se afirmar, então, que, se houve
CO

formação de coligação, o que é opcional e encontra fundamento na Constituição


O

(art. 17, § 1.º), a vaga de suplência pertente a esta, e não ao partido político.
ND
SE

ADI 4.650 - STF, em 17.09.2015, por maioria e nos termos do voto do Ministro
RO

Relator, julgou procedente em parte o pedido formulado na ADI em referência para


CE

declarar a inconstitucionalidade dos dispositivos legais que autorizavam as


NI

contribuições de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais. Decidiu que “o exercício


DE

de direitos políticos é incompatível com as contribuições políticas de pessoas


AU

jurídicas.”
L
70
04

De acordo com o STF, é inconstitucional proibir que emissoras de rádios e TVs


5
07

difundam áudios ou vídeos que ridicularizem candidato ou partido político durante


36

o período eleitoral.
02
A
ST

AÇÕES AFIRMATIVAS: De acordo com o art. 2.º da EC n. 111/2021, para fins de distribuição entre os partidos
CO

políticos dos recursos do fundo partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), os
O

votos dados a candidatas mulheres 41998


ou a candidatos negros para a Câmara dos Deputados nas eleições
ND

realizadas de 2022 a 2030 serão contados em dobro. Essa contagem em dobro de votos somente se aplica
SE

uma única vez, ou seja, se uma candidata negra mulher receber votos, estes serão contados, nesse caso, em
RO

dobro. Na prática, apesar da regra legal que já impulsionava o número de candidatas mulheres em 30% (art.
E
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36
10, § 3.º, da Lei n. 9.504/97 — Lei das Eleições), busca-se, através de incentivo financeiro, estimular a maior

02
participação de candidatas mulheres e candidatos negros.

STA
CO
DO
S EN
RO
CE
NI
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41998

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ST

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DIREITO CONSTITUCIONAL: DIREITOS DA NACIONALIDADE

02
TA
S
TODOS OS ARTIGOS

CO
CF/88

DO
⦁ Art. 12 (leitura completa)

EN
⦁ Art. 13 (leitura completa)

S
RO
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER

CE
CF/88

NI
⦁ Art. 12, I e II

DE
⦁ Art. 12, §3º, §4º

AU
0L
47
1. NACIONALIDADE
50
07 41998
36

É o vínculo político-jurídico que liga o indivíduo ao Estado, fazendo-o componente do seu povo e
02

sujeitando-o aos direitos e obrigações desta relação. O art. 20 do Pacto de São José da Costa Rica dispõe que
A

o direito à nacionalidade é direito fundamental do indivíduo. E o art. 15 da Declaração Universal dos Direitos
ST

41998
Humanos prevê que todo homem tem direito a uma nacionalidade.
CO
O
ND

1.1 Espécies de Nacionalidade


SE
RO

A) ORIGINÁRIA/PRIMÁRIA (involuntária): É imposta, de maneira unilateral, independente da vontade do


indivíduo. Decorre de fato natural ou voluntário, adotada por cada Estado no exercício da sua soberania, e
CE

está prevista no art. 12, I, da CF/88:


NI
DE

● CRITÉRIO TERRITORIAL (JUS SOLI OU “DIREITO DO SOLO”): é nacional quem nasce no território do
AU

país;
L

● CRITÉRIO SANGUÍNEO (JUS SANGUINIS OU “DIREITO DO SANGUE”): o indivíduo adquire a


70

nacionalidade de seus ascendentes, independentemente de ter nascido no território de outro país.


04
5

● Brasil: Como regra, adota o critério do jus soli, embora existam hipóteses em que o critério
07

sanguíneo é aceito (art. 12, I, CF):


36
02

∘ É brasileiro nato o indivíduo nascido no estrangeiro, filho de pai brasileiro ou mãe brasileira
A

a serviço da República Federativa do Brasil (jus sanguinis + critério funcional) (CF, art. 12, I,
ST

b).
CO

∘ Aos nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam
O
ND

registrados em repartição brasileira competente (jus sanguinis + registro) (CF, art. 12, I, c,
SE

primeira parte).
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
∘ Filhos de brasileiros nascidos no estrangeiro e que não tenham sido registrados na repartição

02
41998

brasileira competente. Nesta hipótese, caso venha a residir no Brasil, o indivíduo poderá

S TA
optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira

CO
(jus sanguinis + critério residencial + opção confirmativa) (CF, art. 12, I, c, segunda parte).

DO
∘ O ius soli, em regra, é um critério oriundo dos países de imigração. O ius sanguinis é oriundo

EN
de países de emigração, com “E”.

S
RO
B) SECUNDÁRIA: É aquela decorrente de um ato voluntário da pessoa, a naturalização. É a que se adquire

CE
por vontade própria, depois do nascimento, normalmente pela naturalização, que poderá ser requerida tanto

NI
pelos estrangeiros como pelos heimatlos (apátridas), ou seja, aqueles indivíduos que não têm pátria alguma.

DE
A Lei de Migração (Lei n. 13.445/2017) define o apátrida como a “pessoa que não seja considerada como

AU
nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos

0L
47
Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto n. 4.246/2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro”
(art. 1.º, § 1.º, VI). 50
07
Obs. O estrangeiro, dependendo das regras de seu país, poderá ser enquadrado na categoria de
36

polipátrida (multinacionalidade — ex.: filhos de italiano — critério do sangue — nascidos no Brasil — critério
02

da territorialidade).
A
ST

41998
CO

● NACIONALIDADE SECUNDÁRIA EXPRESSA:


O

∘ EXTRAORDINÁRIA (ou quinzenária): cria direito público subjetivo, sendo o ato de concessão
ND

vinculado. Previsto, no art. 12, II, “b”, da CF, exige a residência por 15 anos ininterruptos no
SE

país, sem condenação criminal. Obs. A naturalização extraordinária é “intransferível”, vale


RO

dizer, só a adquire aquele que preencher os requisitos constitucionais.


CE

∘ ORDINÁRIA: a sua concessão é ato discricionário. Art. 12, II, “a”, da CF/88. A regulamentação
NI

desse dispositivo se deu nos termos do art. 65 da Lei de Migração — Lei n. 13.445/2017 —,
DE

que prevê as seguintes condições: ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; ter residência
AU

em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 anos; comunicar-se em língua portuguesa,


L
70

consideradas as condições do naturalizando; e não possuir condenação penal ou estar


04

reabilitado, nos termos da lei.


5
07
36

Conforme o autor Pedro Lenza, o pedido de naturalização será apresentado e processado na forma
02

prevista pelo órgão competente do Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso de denegação. A
A
ST

naturalização produzirá efeitos após a publicação no Diário Oficial do ato de naturalização. No prazo de até
CO

1 ano após a concessão da naturalização, deverá o naturalizado comparecer perante a Justiça Eleitoral para
O

o devido cadastramento.
ND

Obs. O art. 109, X, CF/88 estabelece ser competência dos juízes federais processar e julgar os crimes
SE

de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva

02
opção, e à naturalização.

STA
CO
QUASE NACIONALIDADE

DO
É aplicável aos portugueses, conforme art. 12, § 1º da CF, desde que haja reciprocidade em favor dos

EN
brasileiros. O português, sem precisar passar pelo processo de naturalização, pode exercer os direitos

S
inerentes aos brasileiros naturalizados, desde que resida permanente no país. Basta ter residência por um

RO
ano ininterrupto e idoneidade moral.

CE
NI
1.2 Perda da Nacionalidade

DE
41998

AU
0L
As hipóteses são enumeradas taxativamente pela CF/88 (incisos I e II do § 4.º do art. 12), não sendo

47
admitidos acréscimos ou supressões por lei infraconstitucional, até a promulgação da EC 131/2023 NÃO se
admitia a renúncia à nacionalidade brasileira. 50
07
A Emenda Constitucional 131/2023 alterou o art. 12 da Constituição Federal para suprimir a perda
36

da nacionalidade brasileira em razão da mera aquisição de outra nacionalidade, incluir a exceção para
02

situações de apatridia e acrescentar a possibilidade de a pessoa requerer a perda da própria nacionalidade.


A
ST

41998
CO

● CANCELAMENTO DA NATURALIZAÇÃO, POR SENTENÇA JUDICIAL, EM VIRTUDE DE FRAUDE


O

RELACIONADA AO PROCESSO DE NATURALIZAÇÃO OU DE ATENTADO CONTRA A ORDEM


ND

CONSTITUCIONAL E O ESTADO DEMOCRÁTICO (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131,


SE

de 2023) (art. 12, § 4.º, I): é a denominada “perda-punição”. Ocorre por processo judicial assegurado
RO

o contraditório e a ampla defesa, a ação de cancelamento de naturalização pode ser deflagrada por
CE

representação do Ministro da Justiça, por solicitação de qualquer pessoa ou por provocação do


NI

Ministério Público Federal. A competência para processar e julgar as causas referentes à


DE

nacionalidade é da Justiça Federal (CF, art. 109, X). Possui efeitos ex-nunc, ou seja, havendo a perda
AU

da nacionalidade por esse motivo, somente é possível a reaquisição por ação rescisória. Desse modo,
L
70

não é permitido a obtenção por meio de novo procedimento de naturalização.


04

OBS.: Cancelada a naturalização por sentença judicial, em virtude de fraude relacionada ao processo
5
07

de naturalização ou de atentado contra a ordem constitucional e o Estado Democrático, seria possível


36

readquiri-la? Não poderá readquiri-la, a não ser mediante ação rescisória, nunca por meio de um novo
02

processo de naturalização, sob pena de contrariedade ao texto constitucional. Lembre-se que o processo de
A
ST

cancelamento da naturalização atingirá somente o brasileiro naturalizado, e não o nato, que só poderá
CO

perder a nacionalidade na hipótese de renúncia.


O
ND

Segundo Alexandre de Moraes: "ressalta-se que uma vez perdida a nacionalidade somente será
SE

possível readquiri-la por meio de ação rescisória e nunca por novo procedimento de naturalização, pois
RO

estaria-se burlando a previsão constitucional".


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41998

02
● NATURALIZAÇÃO VOLUNTÁRIA: é a chamada “perda-mudança”. A aquisição de outra nacionalidade

S TA
acarretava, em regra, a perda da nacionalidade brasileira, salvo nos casos de reconhecimento de

CO
nacionalidade originária pela lei estrangeira e imposição de naturalização pela norma estrangeira.

DO
Veja a redação do texto constitucional ANTES da promulgação da EC 131/2023:

SEN
CF, Art. 12. (...)

RO
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

CE
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: (Redação dada pela Emenda

NI
Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

DE
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

AU
(Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

0L
47
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente
50
em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para
07
o exercício de direitos civis; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão
36

nº 3, de 1994)
02
A
ST

Com a mudança promovida pela Emenda Constitucional


41998 131/2023, o cidadão apenas perderá (não
CO

confunda perda com cancelamento!) a nacionalidade brasileira se fizer um pedido expresso (§4º, II), e mesmo
O

assim poderá readquiri-la (§5º). Vejamos a redação ATUALIZADA da Constituição Federal:


ND
SE

CF, Art. 12. (...)


RO

§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:


CE

(...)
NI

II - fizer pedido expresso de perda da nacionalidade brasileira perante autoridade


DE

brasileira competente, ressalvadas situações que acarretem apatridia.


AU

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)


L
70

a) revogada; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)


04

b) revogada. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)


5
07

§ 5º A renúncia da nacionalidade, nos termos do inciso II do § 4º deste artigo, não


36

impede o interessado de readquirir sua nacionalidade brasileira originária, nos


02

termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 131, de 2023)


A
ST
CO

● Obs.: o STF já decidiu que o brasileiro nato que vem a perder sua nacionalidade em razão da
O

aquisição de outra pode ser extraditado. No caso, uma brasileira, que já tinha o Green card, optou
ND

por naturalizar-se americana. Entendeu o STF que a naturalização não era necessária para o regular
SE

exercício de seus direitos civis, pois o Green card já lhe autorizava a permanecer licitamente em
RO
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território americano. Foi a partir desse julgado que se originou a PEC 6/2018, atual EC 131/23,

02
acarretando mudanças no art. 12, §4º, II, da CF.

STA
CO
1.3 Brasileiros Natos x Naturalizados

DO
EN
Embora a CF/88 vede que a lei diferencie brasileiros natos de naturalizados, existem algumas

S
exceções:

RO
CE
A. EXTRADIÇÃO: De acordo com o art. 81 da Lei n. 13.445/2017, a extradição é a medida de cooperação

NI
internacional entre o Estado brasileiro e outro Estado pela qual se concede ou solicita a entrega de pessoa

DE
sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em curso.

AU
41998
Somente o naturalizado pode ser extraditado, nas seguintes hipóteses: Prática de crime comum

0L
47
antes da naturalização e envolvimento comprovado em tráfico ilícito de entorpecentes em qualquer
momento (“na forma da lei”). 50
07
36

Súmula 421 do STF: Não impede a extradição a circunstância de ser o extraditado


02

casado com brasileira ou ter filho brasileiro.


A
ST

Caiu em prova Delegado GO/2018! É possível, segundo


41998 a Constituição (CRFB) e o Supremo Tribunal
CO

Federal (STF), a extradição de brasileiro naturalizado em caso de crime comum, praticado antes da
naturalização, mas o brasileiro nato nunca poderá ser entregue pelo Brasil a outro país. (item
O
ND

correto).
SE
RO

De acordo com o professor Pedro Lenza:


■ extradição ativa: “ocorre quando o Estado brasileiro requer ao Estado Estrangeiro a entrega de
CE

pessoa sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins de instrução de processo penal em
NI
DE

curso” (art. 278, caput, do Decreto n. 9.199/2017);


AU

■ extradição passiva: “ocorre quando o Estado estrangeiro solicita ao Estado brasileiro a entrega de
L

pessoa que se encontre no território nacional sobre quem recaia condenação criminal definitiva ou para fins
70

de instrução de processo penal em curso” (art. 266, caput, do Decreto n. 9.199/2017).


504
07

B. CARGOS PRIVATIVOS: São privativos de brasileiro nato os cargos:


36
02

● De Presidente e Vice-Presidente da República;


A

● De Presidente da Câmara dos Deputados;


ST

● De Presidente do Senado Federal;


CO

● De Ministro do Supremo Tribunal Federal;


O

● Da Carreira Diplomática;
ND

● De Oficial das Forças Armadas; e


SE

● De Ministro de Estado da Defesa.


RO
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36
02
C. CONSELHO DA REPÚBLICA: Participam do Conselho da República, além de outros membros, seis cidadãos

TA
S
brasileiros natos, segundo o art. 89 da CF/88.

CO
DO
D. PERDA DA CONDIÇÃO DE NACIONAL: Somente o brasileiro naturalizado (nunca o nato) pode perder a

EN
condição de nacional, em virtude da prática de atividade nociva ao interesse nacional.

S
RO
E. EMPRESA JORNALÍSTICA E DE RADIODIFUSÃO (ART. 222, CAPUT, E §2º, DA CF): O brasileiro naturalizado

CE
não pode ser proprietário e nem responsável editorial de seleção e direção da programação de empresa de

NI
41998
radiodifusão, salvo após 10 anos da naturalização.

DE
AU
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36
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A
ST

41998
CO
O
ND
SE
RO
CE
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A
ST
CO
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SE
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DIREITO CONSTITUCIONAL: REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS

02
STA
TODOS OS ARTIGOS

CO
CF/88

DO
⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII,

EN
⦁ Art. 5, inc. LXXVII,

S
⦁ Art. 102, inc. I, “d”, “i” e “q”

RO
⦁ Art. 102, inc. II, “a”

CE
⦁ Art. 105, inc. I, “b”, “c” e “h”

NI
⦁ Art. 105, inc. II, “a”

DE
41998

AU
Art. 108, inc. I, “c” e “d”

0L
Art. 121, §3º e §4º, inc. V

47
⦁ Art. 142, §2º
50
07
CPP
36

⦁ Art. 3-B, inc. XII


02

⦁ Art. 574, I
A
ST

⦁ Art. 581, X 41998


CO

⦁ Art. 612
O

⦁ Arts. 647 a 667


ND
SE

OUTROS DIPLOMAS LEGAIS:


RO

⦁ Lei 9507/97 (habeas data)


CE

⦁ Lei 12.016/2009 (mandado de segurança)


NI

⦁ Lei 13.300/2016 (mandado de injunção)


DE

⦁ Lei 4717/65 (ação popular)


AU

⦁ Art. 23, 24, 30, 32 e 41-A, Lei 8038/90


L
70
04

ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO PODEM DEIXAR DE LER!


5
07

CF/88
36

⦁ Art. 5º, inc. LXVIII a LXXIII


02

⦁ Art. 5, inc. LXXVII


A
ST
CO

CPP
O

⦁ Art. 3º-B, inc. XXII


ND

⦁ Arts. 647, 648, 651


SE

⦁ Art. 654, caput.


RO
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36
⦁ Art. 655 e 656

02

TA
Art. 660, §§ 1º e 4º

S
CO
LEI 9507/97 (HABEAS DATA)

DO
⦁ Art. 4º

EN
⦁ Art. 7º

S
⦁ Art. 8º, §único

RO
⦁ Art. 19

CE
NI
LEI 12.016/2009 (MANDADO DE SEGURANÇA)

DE
⦁ Art. 1º e 3º

AU

0L
Art. 6º, caput

47
Art. 7º, inc. I e §4º
⦁ Art. 8º a 10º 50
07
⦁ Arts. 14 e 20
36

⦁ Arts. 21 a 23
02

⦁ Art. 26
A
ST

41998
CO

LEI 13.300/2016 (MANDADO DE INJUNÇÃO)


O

⦁ Arts. 2º e 3º
ND

⦁ Art. 8º e 9º
SE

⦁ Arts. 11 a 13
RO
CE

Remédios Constitucionais: são garantias que consubstanciam meios colocados à disposição do


NI

indivíduo para salvaguardar os seus direitos diante de ilegalidade ou abuso de poder cometido pelo Poder
DE

Público.
LAU
70

1. HABEAS CORPUS
5 04
07

a) Previsão normativa: art. 5º, LXVIII, CF/88 e arts. 647 e seguintes do CPP.
36

b) Introdução: Típico de direito de primeira geração, o HC visa a garantir o direito individual de locomoção,
02

41998

Historicamente o HC foi a primeira garantia de direitos fundamentais concedida por “João Sem Terra” -
A
ST

Magna Carta de 1215 e formalizada posteriormente pelo Habeas Corpus Act, em 1679. No direito
CO

brasileiro, surgiu pela 1ª vez na Constituição Federal de 1891, permanecendo nas demais constituições
O

subsequentes.
ND
SE

c) Características do HC:
RO
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47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
∘ O HC possui natureza dúplice: Ação de natureza penal não condenatória e remédio

02
constitucional

TA

S
Possui autonomia própria

CO
∘ Pode ser impetrado sem que exista processo

DO
∘ Isento de custas

EN
∘ Não exige capacidade postulatória

S
∘ Admite concessão de pedido liminar

RO
∘ Exige violência ou coação + ilegalidade ou abuso de poder

CE
NI
d) Modalidades - O HC pode ser:

DE
● Repressivo (liberatório): Quando o indivíduo já tiver desrespeitado o seu direito de locomoção;

AU
● Preventivo (salvo-conduto): Quando há apenas ameaça ao seu direito de locomoção.

0L
47
e) Legitimidade ativa: Universal. Qualquer pessoa pode impetrar HC. 50
07
Obs.1: Exceção ao princípio da inércia jurisdicional: O Juiz de direito, o Desembargador, Ministros, Turma
36

Recursal e o Tribunal poderão conceder habeas corpus de ofício, no exercício da função jurisdicional.
02

41998
Obs.2: Não exige capacidade postulatória do impetrante, de modo que a ação pode ser formulada sem
A
ST

advogado. 41998
CO
O

Conforme ensina o professor Pedro Lenza, o autor da ação constitucional de habeas corpus recebe o nome
ND

de impetrante; o indivíduo em favor do qual se impetra, paciente (podendo ser o próprio impetrante), e a
SE

autoridade que pratica a ilegalidade ou abuso de poder, autoridade coatora ou impetrado.


RO
CE

STF: A pessoa jurídica NÃO pode figurar como paciente de HC, pois jamais estará
NI
DE

em jogo a liberdade de locomoção, ainda que se trate da possibilidade de apenação


AU

da pessoa jurídica por crimes ambientais.


L

Caiu na prova Delegado AL/2023! Conquanto seja mais frequente o ajuizamento de habeas corpus contra
70

ato de autoridade, admite-se sua impetração contra ato praticado por particular em respeito à previsão
04

constitucional da proteção da liberdade de locomoção. (ITEM CORRETO)


5
07

f) Legitimidade passiva: autoridade ou mesmo um particular, desde que o constrangimento seja decorrente
36
02

da função por ele exercida (ex: agente de hospital que ilegalmente impede a saída do paciente).
A
ST

g) HC e ofensa indireta: STF- Será cabível o HC não só contra ofensa direta, mas também contra ofensa
CO

indireta, reflexa ou potencial ou direito de locomoção, a exemplo do uso do HC para atacar a quebra de
O

sigilo bancário em procedimento que possa resultar prisão => Se a quebra de sigilo for determinada por
ND

autoridade fiscal, no curso de procedimento administrativo tributário, é incabível HC, pois em processo
SE
RO

administrativo NÃO implica ofensa ao direito de locomoção.


E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
02
h) Pressupostos ou condições para a concessão de HC: Uma vez conhecido o habeas corpus somente

STA
deverá ser concedido em caso de réu preso ou na iminência de sê-lo, presentes as seguintes condições

CO
(STF. 1ª Turma. AgRg no HC 200.055, Rel. Min. Roberto Barroso):

DO
(1) Violação à jurisprudência consolidada do STF;

EN
(2) Violação clara à Constituição; ou

S
(3) Teratologia na decisão impugnada, caracterizadora de absurdo jurídico.

RO
CE
i) Hipóteses em que NÃO é possível o cabimento de HC:

NI
● Impugnar decisões de plenário de qualquer das turmas do STF;

DE
● Impugnar determinação e suspensão dos direitos políticos;

AU
● Impugnar penalidade administrativa de caráter disciplinar;

0L
47
● Impugnar decisão condenatória à pena de multa, ou relativa a processo em curso por infração penal
50
a que a pena pecuniária seja a única cominada (Súmula 693 STF);
07
● Não se conhece de recurso de "habeas corpus" cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por
36

não estar mais em causa a liberdade de locomoção (Súmula n° 395 STF);


02

● Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do
A
ST

relator que, em habeas corpus requerido a tribunal


41998 superior, indefere a liminar (Súmula n° 691 STF);
CO

● Impugnar a determinação de quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal, se desta medida não
O

puder resultar condenação à pena privativa de liberdade;


ND

● Discutir o mérito das punições disciplinares militares -> STF: NÃO cabe a discussão do mérito, mas
SE

cabe HC para se analisar os pressupostos de legalidade da medida;


RO

● Para discutir processo criminal envolvendo o art. 28 da Lei de Drogas (STJ, Info 758);
CE

● Questionar afastamento ou perda de cargos públicos;


NI

● Dirimir controvérsia sobre a guarda de filhos menores;


DE

● Discutir matéria objeto de processo de extradição;


AU

● Questionamento de condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade;


L
70

● Impedir o cumprimento de decisão que determina o sequestro de bens imóveis;


04

● Discutir condenação imposta em processo de impeachment;


5
07

● Impugnar o mero indiciamento em inquérito policial, desde que presentes indícios de autoria de fato
36

que configure crime em tese;


02

● Impugnar omissão de relator na extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não
A
ST

constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito (SÚMULA 692 STF);
41998
CO

● Tutelar o direito à visita em presídio;


O

● Impugnar decisões monocráticas proferidas por Ministro do Supremo Tribunal Federal (Info 985);
ND

● Contra ato de Ministro ou outro órgão fracionário da Corte;


SE

● Reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ;


RO

● Não cabe HC de ofício no bojo de embargos de divergência;


E
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
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SEMANA 02/09

36
● Não cabe HC em ação que apura improbidade administrativa;

02
● Em regra, não cabe habeas corpus contra decisão transitada em julgado (posição majoritária na

TA
S
jurisprudência – Inf. 892);

CO
● Não cabe HC para impugnar ato normativo que fixa medidas restritivas para prevenir a disseminação

DO
da covid-19;

EN
● Não cabe habeas corpus para discutir se foi correta ou não a fixação da competência e se existe

S
conexão entre os crimes (STF, Info 959);

RO
● Não cabe habeas corpus para impugnar decisão judicial que determinou a suspensão de CNH. A

CE
suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não configura ameaça ao direito de ir e vir do

NI
titular. STJ. 4ª Turma. RHC 97876-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 05/06/2018 (Info

DE
631).

AU
0L
47
Compete à Terceira Seção do STJ processar e julgar habeas corpus impetrado com fundamento em
50
problemas estruturais das delegacias e do sistema prisional do Estado. Nota: Fixou-se a 3ª Seção
07
porque o pedido final é de natureza penal. (Info 644)
36
02
A

Questões importantes:
ST

41998
CO

É possível a impetração de habeas corpus e a interposição de recurso de forma concomitante? O


O

habeas corpus, quando impetrado de forma concomitante com o recurso cabível contra o ato
ND

impugnado, será admissível apenas se:


SE
RO

a) For destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou


b) Se traduzir pedido diverso do objeto do recurso próprio e que reflita imediatamente na liberdade do
CE

paciente.
NI
DE

Nas demais hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o exame das questões idênticas deve
AU

ser reservado ao recurso previsto para a hipótese, ainda que a matéria discutida resvale, por via transversa,
L

na liberdade individual.
70
04

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca
5
07

o trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente
36
02

fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim?


A
ST

Esquematizando:
CO

41998
O

STF. 2ª Turma (HC 176785/DF): STJ. 6ª Turma (Info 657):


ND
SE
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
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SEMANA 02/09
41998

36
A aceitação do acordo de transação penal A concessão do benefício da transação penal

02
TA
NÃO impede o exame de habeas corpus para impede a impetração de habeas corpus em

S
questionar a legitimidade da persecução que se busca o trancamento da ação penal

CO
penal.

DO
EN
💣 ATENÇÃO PARA A SÚMULA 648 DO STJ: A superveniência da sentença condenatória prejudica o pedido

S
RO
de trancamento da ação penal por falta de justa causa feito em habeas corpus.

CE
Atenção: Ainda em 2021, poucos meses depois do enunciado ser aprovado, o STJ proferiu a

NI
DE
seguinte decisão que pode ser encarada como se fosse uma exceção à Súmula 648:

AU
0L
Se o habeas corpus discutia a quebra na cadeia de custódia da prova da

47
materialidade, o que teria ocorrido no momento do flagrante, a superveniência da
50
sentença condenatória não faz com que esse habeas corpus perca o objeto
07

A superveniência de sentença condenatória não tem o condão de prejudicar habeas


36
02

corpus que analisa tese defensiva de que teria havido quebra da cadeia de custódia
A

da prova, ocorrida ainda na fase inquisitorial e empregada como justa causa para a
ST

41998
própria ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 653.515-RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, Rel. Acd.
CO

Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 23/11/2021 (Info 720).


O
ND
SE

j) Competência
RO

Competência do STF, quando: art. 102, CF/88.


a. O paciente for: Presidente da República, Vice-Presidente da República, membros do Congresso
CE

Nacional, Ministros do STF e Procurador Geral da República (art. 102, I, “b”);


NI
DE

b. O paciente for: Ministros de Estado, Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, membros dos
AU

Tribunais Superiores, do TCU e chefes de missão diplomática de caráter permanente (art. 102, I, “c”);
L

c. O coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou paciente for autoridade ou funcionário cujos
70

atos estejam diretamente sujeitos à jurisdição do STF, ou se trate de crime sujeito à única instância
504

(STF) – art. 102, I, “i”;


07

d. O HC for decidido em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão (Nesse
36
02

caso o STF julga em recurso ordinário) – art. 102, II, “a”.


A
ST

Competência do STJ, quando: art. 105, CF/88.


CO

a. O coator ou paciente forem os mencionados na alínea “a”: Governador dos Estados e DF/
O

Desembargadores dos TJs dos Estados e DF/ Membros do Tribunal de Contas dos Estados e DF/
ND

membros do TRF/ membros do TRE/ membros do TRT/ membros dos Conselhos ou Tribunal de
SE

Contas do Município/ membros do MPU que oficiem perante tribunais (art. 105, I, “c”);
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
b. O coator for tribunal sujeito à jurisdição do STJ ou for Ministro de Estado, Comandante da Marinha,

02
do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral (art. 105, I, “c”);

STA
c. O HC for decidido em única ou última instância pelos TRF’s ou pelos Tribunais de Justiça dos Estados,

CO
DF ou Territórios, quando a decisão for denegatória. (Nesse caso o STJ julga em recurso ordinário) –

DO
art. 105, II, “a”.

S EN
CUIDADO! Ministros de Estado e comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica:

RO
- Quando forem pacientes – competência do STF

CE
- Quando forem autoridades coatoras – competência do STJ

NI
DE
AU
Competência dos TRFs, quando: art. 108, CF/88.

0L
a. A autoridade coatora for juiz federal (art. 108, I, “d”);

47
b. Julgam, em grau de recurso, causas decididas pelos juízes federais ou estaduais no exercício da
competência federal da área de jurisdição (art. 108, II). 50
07
41998
36
02

Competência dos juízes federais, quando:


A

a. O HC for de matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de


ST

autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição (art. 109, VII).
41998
CO
O

Obs.1: O HC impetrado contra decisão de Turma Recursal dos Juizados Especiais será julgado pelo Tribunal
ND

de Justiça Estadual. O STF superou a Súmula 690!


SE

Obs.2: Relator pode determinar, de forma discricionária, que HC seja julgado pelo Plenário do STF (e não pela
RO

Turma)
CE
NI
DE

k) HC coletivo
LAU

O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar
70

a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo
04

determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo.
5
07

A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de
36

conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de
02

não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que,
A
ST

indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580,
CO

ambos do CPP.
O

Em 20.02.2018, a 2.ª Turma do STF, no julgamento do HC 143.641, por votação unânime, entendeu
ND

cabível a impetração coletiva de habeas corpus e, por maioria, concedeu a ordem para determinar a
SE

substituição da prisão preventiva pela domiciliar — sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas
RO

alternativas previstas no art. 319 do CPP — de todas as mulheres presas, gestantes, puérperas ou mães de
E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
crianças e deficientes sob sua guarda, nos termos do art. 2.º do ECA e da Convenção sobre Direitos das

02
Pessoas com Deficiência (Decreto Legislativo n. 186/2008 e Lei n. 13.146/2015), relacionadas no processo

TA
S
pelo DEPEN e outras autoridades estaduais, enquanto perdurar tal condição, excetuados os casos de crimes

CO
praticados por elas mediante violência ou grave ameaça, contra seus descendentes ou, ainda, em situações

DO
excepcionalíssimas, as quais deverão ser devidamente fundamentadas pelos juízes que denegarem o

EN
benefício (a Lei n. 13.769/2018 positivou esse entendimento ao acrescentar o art. 318-A do CPP.

S
Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art.

RO
12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo.

CE
Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo:

NI
1) o Ministério Público;

DE
2) o partido político com representação no Congresso Nacional;

AU
3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em

0L
47
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano;
50
4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
07
20/2/2018. (Info 891)
36
02

2. MANDADO DE SEGURANÇA
A
ST

41998
CO

CRFB, Art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
O

líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o
ND

responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente


SE

de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;


RO
CE

Dessa forma, excluindo a proteção de direitos inerentes à liberdade de locomoção e ao acesso ou


NI

retificação de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de


DE

entidades governamentais ou de caráter público, através do mandado de segurança busca-se a invalidação


AU

de atos de autoridade ou a supressão dos efeitos da omissão administrativa, geradores de lesão a direito
L
70

líquido e certo, por ilegalidade ou abuso de poder.


04

41998
5
07

a) Previsão legal: Art. 5º, LXIX da CF/88 e Lei 12.016/09.


36
02

b) Natureza Jurídica: Ação judicial de natureza residual, subsidiária, civil, cabível quando o direito líquido e
A
ST

certo protegido não for amparado por outros remédios constitucionais.


CO
O

c) Cabimento: Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD, sempre que, ilegalmente ou
ND

com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la
SE

por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça.
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
d) NÃO cabe MS:

02
● De ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independente de caução => Se o MS

S TA
for impetrado contra omissão ilegal, descabe a aplicação da restrição deste inciso.

CO
41998
● Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

DO
● Decisão judicial transitada em julgado. Contudo, se a impetração do mandado de segurança for anterior

EN
ao trânsito em julgado da decisão questionada, mesmo que venha a acontecer, posteriormente, o

S
mérito do MS deverá ser julgado, não podendo ser invocado o seu não cabimento ou a perda de objeto.

RO
STJ. Corte Especial. EDcl no MS 22.157-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 14/03/2019 (Info

CE
650);

NI
● Contra lei em tese (Súmula 266-STF), salvo se produtora de efeitos concretos;

DE
● Contra atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, sociedades de

AU
economia mista e concessionárias de serviço público, (art. 1º, §2º da Lei 12. 016/09). O STF reafirmou a

0L
47
constitucionalidade deste dispositivo (Info 1021);
● 50
O mandado de segurança não se presta ao reexame de fatos e provas analisados pelo CNJ no processo
07
disciplinar (Info 933);
36

● O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto
02

pelo Ministério Público (Súmula 604 STJ);


A
ST

● Para convalidar a compensação tributária realizada pelo contribuinte (súmula 460 do STJ).
41998
CO
O

Súmula 460-STJ: É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada
ND

pelo contribuinte.
SE

Súmula 213-STJ: O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à
RO

compensação tributária.
CE
NI
DE

- STJ: É inadequado o manejo de mandado de segurança com vistas à defesa do


AU

direito de candidato em concurso público a continuar concorrendo às vagas


L

reservadas às pessoas pretas ou pardas, quando a comissão examinadora de


70

heteroidentificação não confirma a sua autodeclaração (Info 745).


04

- STJ: É incabível mandado de segurança que tem como pedido autônomo a


5
07

declaração de inconstitucionalidade de norma, por se caracterizar mandado de


36

segurança contra lei em tese.


02

- STJ: O mandado de segurança não pode ser utilizado com o intuito de obter
A
ST

provimento genérico aplicável a todos os casos futuros de mesma espécie.


CO

- STF: Não cabe mandado de segurança contra ato de deliberação negativa do


O

Conselho Nacional de Justiça, por não se tratar de ato que importe a substituição
ND

ou a revisão do ato praticado por outro órgão do Judiciário. (Info 840)


SE
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
02
MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA DECISÃO JUDICIAL

TA
Para ser cabível, deve comprovar dois requisitos:

S
1) Inexistência de recurso adequado à impugnação da decisão judicial;

CO
2) Demonstração de que a decisão é teratológica, por abuso de poder ou ilegalidade.

DO
EN
d) Direito Líquido e Certo: NÃO cabe dilação probatória no MS.

S
RO
IMPORTANTE lembrar a correção feita pela doutrina em relação à terminologia empregada pela

CE
Constituição, na medida em que todo direito, se existente, já é líquido e certo. Os fatos é que deverão

NI
41998

DE
ser líquidos e certos para o cabimento do writ.

AU
0L
Súmula 625 – STF - Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de

47
mandado de segurança.
50
07
36

Jurisprudência em Teses n. 85: A verificação da existência de direito líquido e certo,


02

em sede de mandado de segurança, não tem sido admitida em recurso especial,


A

pois é exigido o reexame da matéria fático-probatória, o que é vedado em razão da


ST

41998
súmula n. 7/STJ.
CO
O
ND

e) Legitimidade Ativa
SE

● Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, domiciliadas ou não no Brasil;


RO

● Universalidades reconhecidas por lei;


● Órgãos públicos de grau superior, na defesa de suas prerrogativas e atribuições;
CE

● Agentes políticos na defesa de suas atribuições e prerrogativas;


NI
DE

● O STF admite a legitimidade do parlamentar – e somente do parlamentar – para impetrar mandado


AU

de segurança com a finalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emenda
L

constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo;


70

● MP, quando o ato emanar de juiz de primeiro grau de jurisdição.


504
07

Em mandado de segurança, a legitimidade para recorrer é da pessoa jurídica de


36
02

direito público, sendo dispensável a intimação da autoridade coatora para fins de


A

início da contagem do prazo recursal. STJ. AgInt no AREsp 1.430.628-BA, Rel. Min.
ST

Francisco Falcão, Segunda Turma, por maioria, julgado em 18/08/2022. (Inf 747)
CO
O
ND

STF (Info 848): O Tribunal de Justiça, mesmo não possuindo personalidade jurídica
SE

própria, detém legitimidade autônoma para ajuizar mandado de segurança contra


RO

ato do Governador do Estado em defesa de sua autonomia institucional. Ex.:


E
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168
EN
UD
LA
N
DE
AU
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
mandado de segurança contra ato do Governador que está atrasando o repasse dos

02
duodécimos devidos ao Poder Judiciário.

S TA
CO
Ministério Público do Tribunal de Contas
41998 não possui legitimidade para

DO
impetrar mandado de segurança mesmo que para defender suas prerrogativas

EN
institucionais. STF. Plenário virtual. RE 1178617 RG, Rel. Min. Alexandre de Moraes,

S
julgado em 25/04/2019 (repercussão geral).

RO
CE
Ilegitimidade ativa do MP para impetrar MS questionando decisão administrativa

NI
que reconheceu a prescrição em processo administrativo. STF. 2ª Turma. MS

DE
33736/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 21/6/2016. (Info 831)

AU
0L
47
Substituição Processual (legitimação extraordinária): O titular de direito líquido e certo decorrente
50
de direito, em condições idênticas, de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito
07
originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.
36
02

Ingresso de litisconsorte ativo: pode ocorrer até o despacho da petição inicial (art. 10, §2º, da Lei nº
A
ST

12.016/09). 41998
CO
O

Falecimento do impetrante: É pacífico, no STF e no STJ, o entendimento de que o falecimento do


ND

impetrante pessoa natural tem o condão de extinguir o mandado de segurança, sendo incabível na via
SE

mandamental a sucessão e partes em razão da natureza personalíssima da ação. Nesse caso, ainda será
RO

possível o acesso às vias ordinárias.


CE
NI

f) Legitimação Passiva: É a pessoa jurídica a qual pertence a autoridade coatora, responsável pela
DE

ilegalidade ou abuso de poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
AU

do Poder Público.
L
70

● Autoridades públicas de quaisquer poderes da União, Estados, DF e Municípios;


04

● Representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas;


5
07

● Dirigentes de pessoas jurídicas de direito privado, desde que no exercício de atribuições do Poder
36

Público.
02

Em se tratando de atribuição delegada, a autoridade coatora será o agente delegado e não a


A
ST

autoridade delegante -> VIDE SÚMULA 510 STF: Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência
CO

delegada, contra ela cabe MS ou medida judicial.


O

STJ: As autarquias possuem autonomia administrativa, financeira e personalidade


ND

jurídica própria, distinta da entidade política à qual estão vinculadas, razão pela
SE

qual seus dirigentes têm legitimidade passiva para figurar como autoridades
RO

coatoras em ação mandamental.


E
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
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SEMANA 02/09

36
02
TA
TEORIA DA ENCAMPAÇÃO NO MANDADO DE SEGURANÇA

S
Quando há indicação errônea da autoridade coatora, é possível aplicar a Teoria da encampação para sanar

CO
tal vício, desde que observados alguns requisitos:

DO
a) Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou as informações e a que ordenou a prática

EN
do ato impugnado;

S
b) Ausência de modificação de competência estabelecida na CF/88;

RO
c) Defesa do mérito do litígio nas informações prestadas.

CE
41998

NI
DE
g) Liminar em mandado de segurança:

AU
● Da decisão que concede/nega liminar – cabe agravo de instrumento

0L
● Perempção e caducidade da liminar ocorre em 2 hipóteses:

47
(1) Quando o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo
50
(2) Quando o impetrante deixa de promover atos e diligências por mais de 3 dias úteis.
07
36
02

● Possibilidade de exigir fiança, caução ou depósito:


A
ST

Art. 7º Ao despachar a inicial,41998


o juiz ordenará:
CO

III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento
O

relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja


ND

finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou


SE

depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.


RO
CE

Esse dispositivo trata sobre a possibilidade de se conceder medida liminar em mandado de


NI
DE

segurança. No exercício do seu poder geral de cautela, o magistrado pode analisar se determinado caso
AU

específico exige caução, fiança ou depósito. A caução, fiança ou depósito, previstos no art. 7º, III, da Lei nº
L

12.016/2019, configuram mera faculdade, que pode ser exercida se o magistrado entender ser necessária
70

para assegurar o ressarcimento a pessoa jurídica. Não se trata, portanto, de um obstáculo ao poder geral de
04

cautela, mas uma faculdade que vai ao encontro do art. 300, § 1º, do CPC.
5
07
36

● Vedação à concessão de liminar


02
A
ST

Art. 7o § 2o Não será concedida medida liminar que tenha por objeto a compensação
CO

de créditos tributários, a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior, a


O

reclassificação ou equiparação de servidores públicos e a concessão de aumento ou a


ND

extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza.


SE
RO
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Antigamente, entendia-se que não era possível conceder liminar em mandado de segurança para a

02
compensação de créditos tributários, entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior. No entanto,

STA
em 2021, o STF considerou inconstitucional impedir ou condicionar a concessão de medida liminar, o que

CO
caracteriza verdadeiro obstáculo à efetiva prestação jurisdicional e à defesa do direito líquido e certo do

DO
impetrante (Info 1021).mEm virtude dessa decisão do STF, fica SUPERADA a Súmula 212 do STJ: A

EN
compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar cautelar

S
ou antecipatória.

RO
CE
h) Emenda da petição inicial: A possibilidade de correção do polo passivo do mandado de segurança gera

NI
divergências doutrinárias e jurisprudenciais. Para o STJ, em regra, a indicação errônea da autoridade coatora

DE
deve acarretar a extinção do processo sem resolução de mérito, sendo vedado emendar a petição inicial.

AU
Entretanto, há decisões também do STJ que permitem a emenda da petição inicial do mandado de segurança,

0L
47
desde que seja possível a identificação da verdadeira autoridade coatora pela simples leitura da petição e da
documentação anexada. 50
07
36

Jurisprudência em Teses n. 43 do STJ: A indicação equivocada da autoridade


02

coatora não implica ilegitimidade passiva nos casos em que o equívoco é facilmente
A
ST

perceptível e aquela erroneamente


41998 apontada pertence à mesma pessoa jurídica de
CO

direito público.
O

Jurisprudência em Teses n. 86 do STJ: Admite-se a emenda à petição inicial de


ND

mandado de segurança para a correção de equívoco na indicação da autoridade


SE

coatora, desde que a retificação do polo passivo não implique alterar a


RO

competência judiciária e que a autoridade erroneamente indicada pertença à


CE

mesma pessoa jurídica da autoridade de fato coatora.


NI
DE

i) Apresentação de informações: Nos termos do art. 7º, I, da Lei nº 12.016/09, ao despachar a inicial, o juiz
AU

ordenará que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada
L
70

com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações.
04

Natureza jurídica: segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, em razão da adoção do entendimento
5
07

de que a autoridade coatora não é propriamente ré no mandado de segurança, suas informações não têm a
36

natureza jurídica de contestação.


02
A
ST

STJ: A intempestividade das informações prestadas pela autoridade apontada


CO

41998
como coatora no mandado de segurança não induz à revelia, uma vez que ao
O

impetrante incumbe demonstrar, mediante prova pré-constituída dos fatos que


ND

embasam a impetração, a ocorrência do direito líquido e certo.


SE
RO
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171
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
No entendimento de Leonardo Carneiro da Cunha, não apresentadas as informações, não se

02
presumem verdadeiros os fatos alegados pelo impetrante. Isso porque há presunção de legitimidade em

TA
S
relação ao ato administrativo eventualmente questionado, que caberá ao impetrante afastar. Dessa forma,

CO
essa presunção não será desfeita com a simples ausência de informações.

DO
EN
j) Prazo para impetração: 120 dias, a contar, em regra, da data em que o interessado tiver conhecimento

S
oficial do ato a ser impugnado.

RO
CE
A data do último ato administrativo reputado ilegal é o termo inicial do prazo

NI
decadencial para impetração de Mandado de Segurança com objetivo de

DE
reclassificação em concurso público em virtude de anulação de questões por

AU
decisão judicial após o encerramento do prazo de validade do certame. STJ. RMS

0L
47
64.025-BA, Rel. Min. Assusete Magalhães, Segunda Turma, por unanimidade,
50
julgado em 04/10/2022, DJe 10/10/2022. (Info 752).
07
36

Obs. Ultrapassado este período, o interessado continua com o direito de questionar o ato, mas
02

deverá fazer isso mediante ação ordinária.


A
ST

Obs. 2. Caso a decisão que negar a segurança41998


não tiver apreciado o mérito, será possível impetrar
CO

um novo mandado de segurança, desde que não ultrapassado o período de 120 dias.
O

Obs. 3. O prazo decadencial NÃO se suspende ou interrompe. Nem mesmo o pedido de


ND

reconsideração administrativo interrompe a contagem desse prazo.


SE
RO

Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o


CE

prazo para o mandado de segurança.


NI
DE

Súmula 632-STF: É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a


AU

impetração de mandado de segurança.


L
70
04

Se o ato impugnado
41998 é de trato sucessivo, o prazo de 120 dias renova-se a cada ato.
5
07

Mandado de segurança preventivo: NÃO se pode falar em prazo decadencial para a sua impetração,
36

pois NÃO há ato coator a marcar a contagem.


02
A
ST

k) Competência: A competência no MS é definida pela categoria da autoridade coatora e pela sua sede
CO

funcional.
O
ND

STJ: A competência para o mandado de segurança é absoluta. No caso dos


SE

tribunais, é funcional; no caso do juízo de primeiro grau, é territorial e absoluta


RO

ou em razão da pessoa.
E
IC

172
EN
UD
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DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
● Competência originária do STF: MS contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos

TA
S
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do

CO
próprio Supremo Tribunal Federal.

DO
● Competência recursal do STF: recurso ordinário contra decisão denegatória de mandado de segurança

EN
proferida em única instância pelos Tribunais Superiores.

S
● Competência originária do STJ: MS contra atos de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do

RO
Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal.

CE
● Competência recursal do STJ: recurso ordinário contra decisão denegatória de mandado de segurança

NI
proferida em única instância por TJ ou TRF.

DE
● Competência originária de TRF: MS contra ato do próprio tribunal ou de juiz federal.

AU
● Competência da justiça federal de 1º grau: MS contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de

0L
47
competência dos tribunais federais.
● 50
Competência da justiça do trabalho: MS contra ato que envolva matéria sujeita à sua jurisdição.
07
36

TABELA DE COMPETÊNCIA DO MANDADO DE SEGURANÇA


02

contra atos
A
ST

a) do41998
Presidente da República,
CO

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO b) das Mesas da Câmara dos Deputados e do


O

STF Senado Federal,


ND

c) do Tribunal de Contas da União,


SE

d) do Procurador-Geral da República e
RO

e) do próprio Supremo Tribunal Federal.


CE

COMPETÊNCIA RECURSAL DO Recurso ordinário contra decisão denegatória de


NI

STF: mandado de segurança proferida em única instância


DE

pelos Tribunais Superiores


AU

COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO
L

Contra atos
70

STJ: a) do próprio Tribunal


04

b) de Ministro de Estado,
5
07

c) dos Comandantes da Marinha,


36

d) do Exército e
02

e) da Aeronáutica ou
A
ST

f) do próprio Tribunal
CO

41998
O

COMPETÊNCIA RECURSAL DO Recurso ordinário contra decisão denegatória de


ND

STJ: mandado de segurança proferida em única instância por


SE

TJ ou TRF
RO
E
IC

173
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Contra ato

02
TA
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DE a) do próprio tribunal

S
TRF: b) de juiz federal

CO
DO
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA Contra ato

EN
FEDERAL DE 1º GRAU: a) de autoridade federal, excetuados os casos de

S
competência dos tribunais federais

RO
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO Contra ato

CE
TRABALHO: a) que envolva matéria sujeita à sua jurisdição.

NI
DE
AU
l) Amicus Curiae em mandado de segurança: Amicus curiae é alguém que, mesmo sem ser parte, é chamado

0L
ou se oferece para intervir em processo relevante, em razão de sua representatividade, com o objetivo de

47
apresentar ao Tribunal a sua opinião sobre o debate que está sendo travado nos autos, fazendo com que a
50
discussão seja amplificada e o órgão julgador possa ter mais elementos para decidir de forma legítima.
07
36
02

Amicus curiae, em uma tradução literal do latim, significa “amigo da corte” ou “amigo do tribunal”.
A

Obs.: amici curiae é o plural de amicus curiae.


ST

41998
CO

É possível a intervenção de amicus curiae em um processo de mandado de segurança? Trata-se de


O
ND

tema polêmico.
∘ 1ª corrente: NÃO. No processo de mandado de segurança não é admitida a intervenção de terceiros
SE
RO

nem mesmo no caso de assistência simples. Se fosse admitida a intervenção do amicus curiae, isso
poderia comprometer a celeridade do mandado de segurança (STF. 1ª Turma. MS 29192/DF, rel.
CE

Min. Dias Toffoli, julgado em 19/8/2014. (Info 755)


NI
DE
AU

∘ 2ª corrente: SIM. A doutrina defende que, com o novo CPC, é possível a intervenção de amicus
L

curiae em processo de mandado de segurança (Enunciado nº 249 do Fórum Permanente de


70

Processualistas Civis).
04
5
07

m) Reexame necessário:
36
02
A

Art. 14, §1º, da Lei n. 12.016/09: Concedida a segurança, a sentença estará sujeita
ST

obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.


CO
O

STJ: As hipóteses de dispensa de remessa necessária previstas no art. 496 do CPC NÃO se aplicam ao
ND

mandado de segurança, em razão da especialidade da norma contida na Lei n. 12.016/09. Obs.: O


41998
SE

entendimento exposto acima foi firmado em relação ao CPC/73 e em relação à Lei n. 1.533/51, que regia o
RO
E
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174
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DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
41998
MS. Contudo, segundo Daniel Amorim Assumpção Neves, a doutrina majoritária considera que o

02
entendimento se manterá inalterado em face do novo CPC e da Lei n. 12.016/09.

STA
CO
n) Recursos

DO
● Agravo de instrumento: cabível da decisão que conceder ou denegar a liminar;

EN
● Apelação: Indeferimento da inicial pelo juiz, e da sentença que concede ou denega o

S
mandado.

RO
CE
Art. 14, §2º, da Lei n. 12.016/09: Estende-se à autoridade coatora o direito de

NI
recorrer.

DE
AU
0L
OBS: O MS admite desistência em qualquer tempo e grau de jurisdição, independentemente do

47
consentimento do impetrado, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado.
50
07
O entendimento acima parecia consolidado. Ocorre que, em um caso concreto
36
02

noticiado no Informativo 781, o STF afirmou que não é cabível a desistência de


A

mandado de segurança, nas hipóteses em que se discute a exigibilidade de


ST

concurso público para delegação


41998
de serventias extrajudiciais, quando na espécie já
CO

houver sido proferida decisão de mérito, objeto de sucessivos recursos. No caso


O

concreto, o pedido de desistência do MS foi formulado após o impetrante ter


ND

interposto vários recursos sucessivos (embargos de declaração e agravos


SE

regimentais), todos eles julgados improvidos. Dessa forma, o Ministro Relator


RO

entendeu que tudo levaria a crer que o objetivo do impetrante ao desistir seria o
CE

de evitar o fim da discussão com a constituição de coisa julgada. Com isso, ele
NI
DE

poderia propor uma ação ordinária em 1ª instância e, assim, perpetuar a


AU

controvérsia, ganhando tempo antes do desfecho definitivo contrário. Assim, com


L

base nessas peculiaridades, a 2ª Turma do STF indeferiu o pedido de desistência.


70

(Info 781).
04
5
07

o) MS COLETIVO - Art. 5º, LXX da CF e art. 21 da Lei 12.016/09


36
02

Com o mandado de segurança coletivo, visa-se a proteção de direito líquido e certo, não amparado
A
ST

por habeas corpus ou habeas data (campo residual), contra atos ou omissões ilegais ou com abuso de poder
CO

de autoridade, buscando a preservação (preventivo) ou reparação (repressivo) de interesses transindividuais,


O

sejam os individuais homogêneos, sejam coletivos.


ND
SE

Art. 5º, LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
RO

a) partido político com representação no Congresso Nacional;


E
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175
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e

02
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus

TA
S
membros ou associados;

CO
DO
Art. 21. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por partido político

EN
com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses legítimos

S
relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária, ou por organização sindical,

RO
entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há,

CE
pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou

NI
de parte, dos seus membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde

DE
que pertinentes às suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial.

AU
0L
47
Pode ser impetrado:
50
07
● Partido político com representação no CN, na defesa de seus interesses legítimos relativos a seus
36

integrantes ou à finalidade partidária.


02

Obs.1: Basta 1 único representante na CD ou SF, filiado ao partido.


A
ST

Obs.2: STJ vem entendendo que PP somente41998


poderá impetrar MS coletivo para a defesa de seus
CO

41998

filiados e em questões políticas, ou seja, criou uma pertinência temática. Contudo, frisa-se que parte da
O

doutrina (por todos o autor Pedro Lenza), discorda, pois burla o objetivo maior de defesa da sociedade, já
ND

que o constituinte originário não previu outra limitação à atuação dos partidos políticos a não ser a
SE

representação no Congresso Nacional. Conforme estabelece o art. 21 da Lei n. 12.016/2009 o mandado de


RO

segurança coletivo pode ser impetrado por partido político com representação no Congresso Nacional na
CE

defesa de seus interesses legítimos relativos a seus integrantes; ou à finalidade partidária.


NI
DE

● Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento


AU

há, pelo menos, 01 ano, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus
L
70

membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes às suas finalidades,
04

dispensadas, para tanto, autorização especial.


5
07

A legitimidade é extraordinária, sendo o caso de substituição processual, razão pela qual NÃO se
36

exige autorização expressa dos titulares do direito - Súmula 629/STF.


02
A
ST

Súmula 630/STF - A entidade de classe tem legitimação para o mandado de


CO

segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da


O

respectiva categoria.
ND
SE

Não se aplica às associações genéricas — que não representam qualquer categoria


RO

econômica ou profissional específica — a tese firmada no Tema 1.119 da


E
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176
EN
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DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
sistemática da repercussão geral, sendo insuficiente a mera regularidade registral

02
da entidade para sua atuação em sede de mandado de segurança coletivo, pois

S TA
passível de causar prejuízo aos interesses dos beneficiários supostamente

CO
defendidos (Info 1082, STF).

DO
EN
Os direitos protegidos pelo MS podem ser: Coletivos e individuais homogêneos.

S
RO
art. 21, § único da Lei de MS.

CE
Parágrafo único. Os direitos protegidos pelo mandado de segurança coletivo

NI
podem ser:

DE
AU
I - COLETIVOS, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de

0L
47
natureza indivisível, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre
50
si ou com a parte contrária por uma relação jurídica básica;
07
36

II - INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS, assim entendidos, para efeito desta Lei, os


02

decorrentes de origem comum e da atividade ou situação específica da totalidade


A
ST

ou de parte dos associados ou membros do impetrante.


41998
CO
O

Os direitos defendidos por organização sindical NÃO precisam ser o mesmo direito para todos os
ND

seus membros, podendo ser um direito de apenas parte dos membros da entidade.
SE
RO

➔ ATENÇÃO! MUDANÇA DE ENTENDIMENTO!


CE

Antigamente, no mandado de segurança coletivo impetrado contra autoridade vinculada à pessoa


NI

jurídica de direito público, a liminar só poderá ser concedida após audiência do representante judicial da
DE

pessoa jurídica, que deveria se pronunciar no prazo de 72 horas. 41998


AU

No entanto, em 2021, o STF julgou inconstitucional a exigência de oitiva prévia do representante da


L
70

pessoa jurídica de direito público como condição para a concessão de liminar em mandado de segurança
04

coletivo, por considerar que a disposição restringe o poder geral de cautela do magistrado.
5
07
36

p) Considerações gerais sobre MS:


02

∘ Prazo decadencial: 120 dias


A
ST

∘ Não há dilação probatória


CO

∘ Há reexame necessário
O

∘ Tanto a autoridade coatora como a pessoa jurídica devem ser indicadas na petição inicial
ND

∘ Do indeferimento da petição inicial – cabe apelação


SE

∘ Da decisão que concede/nega MS – cabe apelação


RO

∘ Da decisão que concede/nega liminar – cabe agravo de instrumento


E
IC

177
EN
UD
LA
N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
∘ Não cabe intervenção de terceiros no MS

02
∘ Não cabe embargos infringentes no MS

TA

S
Não cabe pagamento de honorários advocatícios no MS (salvo comprovada a má-fé)

CO
∘ Não cabe ingresso de litisconsórcio ativo após o despacho da petição inicial

DO
∘ Oitiva do MP em 10 dias

EN
∘ Tem prioridade na tramitação, salvo HC.

S
RO
Súmulas importantes sobre mandado de segurança:

CE
NI
Súmula 271 – STF - Concessão de mandado de segurança não produz efeitos

DE
patrimoniais em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados

AU
administrativamente ou pela via judicial própria.

0L
47
Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação
50
promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.
07
Súmula 429-STF: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não
36

impede o uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.


02

Súmula 474-STF: Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de


A
ST

segurança, quando se escuda


41998 em lei cujos efeitos foram anulados por outra,
CO

declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal.


O

Súmula 604-STJ: O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito


ND

suspensivo a recurso criminal interposto pelo Ministério Público.


SE

Súmula 626-STF: A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo


RO

determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em


CE

julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até


NI

a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar
DE

deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração.


AU

Súmula 631-STF: Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante


L
70

não promove, no prazo assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.


04
5
07

3. MANDADO DE INJUNÇÃO5
36
02

a) Introdução: Trata-se de remédio constitucional, assim como o mandado de segurança coletivo e o


A
ST

habeas data, introduzido pelo Poder Constituinte Originário de 1988. A Lei nº 13.300/16 disciplina o processo
CO

e julgamento do mandado de injunção individual e coletivo.


O
ND

41998
SE

5
Para aprofundamento, sugerimos: http://www.dizerodireito.com.br/2016/06/primeiros-comentarios-lei-133002016-
RO

lei.html
E
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178
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Art. 5º, LXXI, CF/88 - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de

02
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades

STA
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à

CO
41998
cidadania;

DO
EN
Art. 2º, Lei 13.300/2016 - Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta

S
total ou parcial de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e

RO
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à

CE
soberania e à cidadania.

NI
DE
Remédio à disposição de qualquer um que se sinta prejudicado pela falta de norma regulamentadora,

AU
sem a qual resulte inviabilizado o exercício dos direitos, liberdades e garantias constitucionais. => Caso de

0L
47
inércia governamental (“violação negativa do texto constitucional”).
Ensina Dirley da Cunha Jr.: 50
07
O objetivo do PCO ao criar o MI e a ADO foi introduzir mecanismos capazes de
36

combater a inefetividade de normas constitucionais, impedindo que a inação dos


02

órgãos incumbidos do dever de normativização venha a obstar o auferimento dos


A
ST

direitos pelos destinatários da


41998norma constitucional. Enquanto o MI é uma ação
CO

constitucional de garantia individual concebido como instrumento de controle


O

concreto de constitucionalidade da omissão voltado à defesa de direitos subjetivos,


ND

a ADO é uma ação constitucional de garantia da Constituição, um instrumento de


SE

controle abstrato de constitucionalidade da omissão, empenhado na defesa


RO

objetiva da CF.
CE
NI

Assim, conclui-se:
DE
AU

(1) Trata-se de instrumento para combater a Síndrome de Inefetividade das Normas Constitucionais. Ao
L
70

lado da ADO, atacam a inefetividade das normas constitucionais de eficácia limitada, ante a ausência de
04

lei infraconstitucional integrativa para propiciar à norma constitucional a produção de todos os seus
5
07

efeitos.
36
02

IMPORTANTE ! Conforme ensina o professor Pedro Lenza, trata-se, portanto, de normas


A
ST

constitucionais de eficácia limitada, aplicabilidade mediata e reduzida, dividindo-se em dois grupos: a)


CO

normas de eficácia limitada, declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: normalmente criam


O

órgãos (arts. 91, 125, § 3.º, 131...); b) normas declaratórias de princípios programáticos: veiculam programas
ND

a serem implementados pelo Estado (ex.: arts. 196, 215, 218, caput...).
SE
RO
E
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EN
UD
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DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
(2) Trata-se de instrumento de controle concreto/incidental das inconstitucionalidades por omissão, sendo

02
voltado, portanto, para a tutela dos direitos subjetivos, garantia individual.

TA
S
CO
(3) Pressuposto: inviabilização dos exercícios de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas

DO
inerentes à nacionalidade, soberania e cidadania, pela ausência da norma regulamentadora.

S EN
Vamos esquematizar?

RO
Mandado de Injunção ADO

CE
Intentado por qualquer Legitimação restrita aos

NI
DE
pessoa física ou jurídica, que entes do art. 103 CF.

AU
Legitimação se veja impossibilitada de

0L
exercer determinado direito

47
constitucional.
50
41998

Busca-se solução para o caso O controle da omissão é


07
concreto, individualmente realizado em tese, sem a
36
02

Objeto considerado, diante da necessidade de estar


A

inércia do legislador. configurada uma


ST

- ação constitucional
41998
de violação concreta a um
CO

garantia individual. direito individual.


O

- ação constitucional de
ND

garantia da
SE

Constituição.
RO

Julgamento STF, STJ, TSE, etc. (controle STF (controle


CE

difuso) concentrado)
NI
DE
AU
L

IMPORTANTE ! Dirley da Cunha Júnior observa que “o mandado de injunção foi concebido como
70

instrumento de controle concreto ou incidental de constitucionalidade da omissão, voltado à tutela de


504

direitos subjetivos. Já a ação direta de inconstitucionalidade por omissão foi ideada como instrumento de
07
36

controle abstrato ou principal de constitucionalidade da omissão, empenhado na defesa objetiva da


02

Constituição. Isso significa que o mandado de injunção é uma ação constitucional de garantia individual,
A

enquanto a ação direta de inconstitucionalidade por omissão é uma ação constitucional de garantia da
ST

Constituição”.
CO
O
ND

b) Cabimento: Partindo do texto constitucional, o art. 2.º da Lei n. 13.300/2016 estabelece que será
SE

concedido mandado de injunção sempre que a falta total ou parcial de norma regulamentadora torne
RO

inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade,
E
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180
EN
UD
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DE
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
à soberania e à cidadania. A omissão é total quando a inércia é absoluta, ou seja, o preceito constitucional

02
de eficácia limitada não foi disciplinado. Por sua vez, considera-se parcial a regulamentação quando forem

STA
insuficientes as normas editadas pelo órgão legislador competente.

CO
DO
Exemplos:

EN
Omissão Total Omissão Parcial

S
- art. 37, VII, da CF/88, que - art. 7.º, IV, que

RO
assegura o direito de greve assegura o direito ao

CE
ao servidor público, a ser salário mínimo.

NI
DE
exercido nos termos e nos

AU
limites definidos em lei

0L
específica.

47
50
Obs.: as normas constitucionais definidoras de princípios institutivos ou organizativos de natureza
07
facultativa, por outorgarem mera faculdade ao legislador, NÃO autorizam o ajuizamento do MI.
36
02
A

c) Descabimento
ST

● Diante de falta de norma regulamentadora de direito previsto em normas infraconstitucionais => o


41998
CO

MI se destina a falta de
41998normas regulamentadoras na CF;
O

● Diante da falta de regulamentação dos efeitos de MP não convertida em lei pelo CN;
ND

● Se a CF outorga mera faculdade do legislador para regulamentar direito previsto em algum de seus
SE

dispositivos.
RO
CE

d) Considerações importantes sobre o MI


NI


DE

Instrumento de controle difuso/incidental



AU

Introduzido na CF/88

L

Exige a falta de norma de eficácia limitada e caráter impositivo


70

∘ A omissão combatida pode ser total ou parcial


04

∘ Não é gratuito
5
07

∘ Exige advogado
36

∘ O indeferimento por ausência de provas não impede novo MI lastreado em novas provas
02

∘ A edição da norma regulamentadora objeto do MI acarreta a perda do objeto do MI


A
ST

∘ A petição inicial será desde logo indeferida quando a impetração for manifestamente incabível ou
CO

manifestamente improcedente
O

∘ Da decisão de relator que indeferir a petição inicial, prescreve a lei, caberá agravo, em 5 dias, para o
ND

órgão colegiado competente para o julgamento da impetração


SE

∘ Não admite medida liminar **


RO
E
IC

181
EN
UD
LA
N
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
** STF: É incabível a concessão de medida liminar em MI, uma vez que esse instituto

02
se destina à verificação da ocorrência, ou não, de mora da autoridade ou do Poder

STA
de que depende a elaboração da norma regulamentadora do texto constitucional.

CO
DO
e) Legitimação para o MI individual

EN
● Polo Ativo: Qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, que se veja impossibilitada

S
de exercer o seu direito.

RO
● Polo Passivo: Órgãos ou autoridades públicas que têm obrigação de legislar, mas estejam omissos

CE
quanto à elaboração de norma regulamentadora, inclusive o Presidente da República, no tocante

NI
às competências exclusivas do art. 61, CF/88).

DE
AU
Obs.1: Para o conhecimento do MI, o impetrante deve comprovar a titularidade direta do direito

0L
47
constitucional em questão.
50
Obs.2: Em caso de normas de iniciativa reservada, o MI deverá ser impetrado também em face do
07
titular da referida iniciativa reservada (ex. iniciativa reservada do Presidente da República), pois é ele quem
36

41998
deverá deflagrar o processo legislativo, não podendo o CN atuar sem a sua provocação.
02

Obs.3: Para o STF, os particulares – ainda que estejam se beneficiando pela falta da norma
A
ST

regulamentadora, NÃO se revestem de legitimidade passiva


41998 ad causam para o processo em MI, pois somente
CO

ao Poder Público é imputável o dever constitucional de produção legislativa para dar efetividade aos direitos,
O

liberdades e prerrogativas constitucionais.


ND
SE

E pessoa jurídica de direito público, pode impetrar o MI?


RO

Conforme o autor Pedro Lenza, nesta hipótese da pergunta, a pessoa jurídica de direito público impetraria
CE

o MI em seu próprio nome e tendo por fundamento a falta de norma da Constituição que inviabilize, para
NI

a entidade de direito público, o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas inerentes à nacionalidade,


DE

à soberania e à cidadania. Embora exista decisão não admitindo a legitimação ativa da pessoa jurídica de
AU

direito público para a impetração do MI (MI 537/SC, DJ de 11.09.2001), o STF parece ter superado esse
L
70

entendimento anterior, nos termos do MI 725.


5 04
07

e) Competência: As regras de competência para impetrar o mandado de injunção são disciplinadas na própria
36

Constituição Federal e variam de acordo com o órgão ou a autoridade responsável pela edição da norma
02

regulamentadora. Confira:
A
ST
CO

COMPETÊNCIA Quando a atribuição para elaborar a norma (poder de iniciativa) for


O

do(a)
ND

STF • Presidente da República


SE

(ART. 102, I, "Q") • Congresso Nacional


RO
E
IC

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EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
• Câmara dos Deputados

TA
• Senado Federal

S
• Mesas da Câmara ou do Senado

CO
• Tribunal de Contas da União

DO
• Tribunais Superiores

EN
• Supremo Tribunal Federal.

S
órgão, entidade ou autoridade federal, excetuados os casos de

RO
STJ
competência do STF e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça

CE
(ART. 105, I, "H")
Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal.

NI
DE
JUÍZES E TRIBUNAIS DA JUSTIÇA órgão,
41998 entidade ou autoridade federal nos assuntos de sua

AU
MILITAR, JUSTIÇA ELEITORAL, competência.

0L
JUSTIÇA DO TRABALHO

47
órgão, entidade ou autoridade federal, se não for assunto das
50
demais "Justiças" e desde que não seja autoridade sujeita à
07
competência do STJ.
36

JUÍZES FEDERAIS E TRFS


02

Ex.: compete à Justiça Federal julgar MI em que se alega omissão do


A

Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) na edição de norma de


ST

trânsito que seria


41998
de sua atribuição (STJ MI 193/DF).
CO

órgão, entidade ou autoridade estadual, na forma como


O

JUÍZES ESTADUAIS E TJS


ND

disciplinada pelas Constituições estaduais.


SE
RO

f) Efeitos da decisão do Judiciário em MI:


CE

Antes da edição da Lei 13.300/06, havia muita controvérsia na doutrina e jurisprudência a respeito
NI
DE

dos efeitos da decisão em sede de mandado de injunção. De forma bem sucinta:


AU
L

a) Corrente não concretista – a decisão em MI apenas podia declarar em mora o legislador, não
70

podendo concretizar o direito cujo gozo encontrava-se impedido em apreço a separação de poderes.
04
5

(STF já adotou essa posição há muitos anos, até 2007).


07

b) Corrente concretista – a decisão em MI deve ir além da declaração em mora do legislador, sob pena
36
02

de tornar o remédio constitucional inócuo. A decisão em MI deve concretizar o direito discutido na


A

ação, através da edição de norma aplicável ao caso. (Posição da doutrina majoritária e o STF desde
ST

2007 até os dias atuais).


CO
O

A doutrina defende que a Lei 13.300/2016 optou por adotar uma posição concretista intermediária,
ND

isto é: ao julgar procedente o mandado de injunção, o Judiciário, antes de viabilizar o direito, deverá dar uma
SE
RO

oportunidade ao órgão omisso para que este possa elaborar a norma regulamentadora. Assim, a decisão
E
IC

183
EN
UD
LA
N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
judicial fixa um prazo para que o Poder, órgão, entidade ou autoridade edite a norma que está faltando. Caso

02
esta determinação não seja cumprida no prazo estipulado, aí sim o Poder Judiciário poderá viabilizar o direito,

STA
liberdade ou prerrogativa.

CO
➢ Assim, como regra, pela posição concretista intermediária, individual ou coletiva, autorizando a lei a

DO
adoção da posição concretista intermediária geral.

EN
Mas não pode esquecer o § único do art. 8º! A lei dispensa a exigência de prévia fixação de prazo

S
razoável para a edição da norma regulamentadora nos casos em que ficar comprovado que o impetrado

RO
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da norma. Essa

CE
exceção se filia à tese concretista direta:

NI
DE
*

AU
Corrente concretista direta: o Judiciário deverá implementar uma solução para

0L
viabilizar o direito do autor e isso deverá ocorrer imediatamente (diretamente), não

47
sendo necessária nenhuma outra providência, a não ser a publicação do dispositivo
da decisão. 50
07
36

CORRENTE CONCRETISTA INTERMEDIÁRIA CORRENTE CONCRETISTA DIRETA


02
A

O judiciário, ao julgar procedente o mandado O Judiciário deverá implementar uma solução


ST

de injunção, antes de viabilizar o direito, 41998


para viabilizar o direito do autor e isso deverá
CO

deverá dar uma oportunidade ao órgão ocorrer imediatamente (diretamente), não


O

omisso para que este possa elaborar a norma sendo necessária nenhuma outra
ND

regulamentadora. providência, a não ser a publicação do


SE

dispositivo da decisão.
RO
CE

É aplicada como regra É aplicada excepcionalmente


NI
DE
AU
L

Por fim, o art. 9º da Lei disciplina os efeitos subjetivos da decisão que concede o mandado de injunção.
70

41998
Como regra geral, a eficácia subjetiva da decisão está limitada às partes (inter partes) e somente
5 04

produzirá efeitos até o advento da norma regulamentadora. É o que a doutrina denomina de eficácia
07
36

individual.
02

Excepcionalmente, a eficácia subjetiva da decisão poderá ser ultra partes ou erga omnes, quando for
A

inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. A


ST

doutrina chama de eficácia geral.


CO
O
ND

CORRENTE CONCRETISTA GERAL CORRENTE CONCRETISTA INDIVIDUAL


SE

Determina a aplicação analógica de outro O tribunal edita a norma do caso concreto,


RO

diploma legislativo a todas as situações determinando a aplicação de um parâmetro


E
IC

184
EN
UD
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N
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AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
omissas até que o órgão omisso legal exclusivamente para aquele caso

02
TA
regulamente a situação. Ex.: Em face da submetido a juízo, com efeitos inter partes.

S
inexistência de regra regulamentando o Ex.: Quanto à aposentadoria especial do

CO
exercício do direito de greve pelos servidor que trabalha em atividade de risco,

DO
servidores públicos, o STF determinou a em face da ausência de lei regulamentadora,

EN
aplicação analógica da lei de greves da o STF tem determinado a aplicação, em cada

S
iniciativa privada com efeitos erga omnes. caso concreto, da lei geral de benefícios da

RO
previdência social.

CE
NI
Vamos esquematizar?

DE
AU
0L
CONTEÚDO DA DECISÃO EFEITOS SUBJETIVOS DA DECISÃO

47
Adoção da tese concretista intermediária Adoção da tese da eficácia individual
50
07
1. O órgão julgador determina prazo
36

razoável para que o ente em mora supra a A eficácia subjetiva da decisão está
02

falta normativa. limitada às partes (inter partes) e


A

2. Se ultrapassado prazo estabelecido sem a somente produzirá efeitos até o advento


ST

41998
CO

edição da norma regulamentadora, o da norma regulamentadora.


órgão julgador irá suprir a falta normativa
O
ND

REGRA estabelecendo “as condições em que se


SE

dará o exercício dos direitos, das


RO

liberdades ou das prerrogativas


CE

reclamados ou, se for o caso, as condições


NI

em que poderá o interessado promover


DE

ação própria visando a exercê-los


AU

Adoção da tese concretista direta (art. 8º, § Adoção da41998


tese da eficácia geral
L

único) A eficácia subjetiva da decisão poderá


70
04

O Judiciário deverá implementar uma solução ser ultra partes ou erga omnes, quando
5

para viabilizar o direito do autor e isso deverá for inerente ou indispensável ao


07
36

EXCEÇÃO ocorrer imediatamente (diretamente), não exercício do direito, da liberdade ou da


02

sendo necessária nenhuma outra providência, prerrogativa objeto da impetração.


A

a não ser a publicação do dispositivo da


ST
CO

decisão.
O
ND

g) MI coletivo
SE

Embora não haja previsão na CF, cabe o MI coletivo, nos mesmos termos do MS coletivo. Inclusive, a
RO

própria Lei 13.300/2016 regula os termos do MI coletivo a partir do artigo 12 e seguintes. No MI coletivo, os
E
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EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
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SEMANA 02/09

36
direitos, liberdades e prerrogativas protegidos são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade

02
indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.

STA
Dessa forma, deve ser proposto por legitimados previstos na Lei, em nome próprio, mas defendendo

CO
interesses alheios. São legitimados para impetrar MI coletivo:

DO
41998

EN
Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

S
I - pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, quando a tutela requerida for especialmente

RO
relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses

CE
sociais ou individuais indisponíveis;

NI
II - por PARTIDO POLÍTICO COM REPRESENTAÇÃO NO CONGRESSO NACIONAL,

DE
para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus

AU
integrantes ou relacionados com a finalidade partidária;

0L
47
III - por ORGANIZAÇÃO SINDICAL, ENTIDADE DE CLASSE ou ASSOCIAÇÃO
50
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para
07
assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade
36

ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde


02

que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;


A
ST

IV - pela DEFENSORIA PÚBLICA,


41998 quando a tutela requerida for especialmente
CO

relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais
O

e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição


ND

Federal .
SE
RO

Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por


CE

mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma


NI

coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou


DE

categoria.
LAU
70

Observa-se, portanto, que a LMI (art. 12, I a IV) amplia a previsão dos legitimados ativos para a
04

promoção do mandado de injunção coletivo em comparação à legislação que disciplina o mandado de


5
07

segurança coletivo (art. 21 da Lei n. 12.016/2009), em relação ao Ministério Público e à Defensoria Pública.
36

Obs.1: Conforme entendimento do STF, não cabe a impetração de mandado de injunção coletivo
02

para proceder à revisão geral anual dos vencimentos dos servidores públicos.
A
ST

Obs.2: A coisa julgada gerará efeitos apenas em relação aos substituídos pelo legitimado coletivo.
CO

Contudo, também é possível a concessão de efeitos erga omnes na mesma situação tratada acima, ou seja,
O

desde que seja inerente ou indispensável ao exercício do direito ou liberdade.


ND

Obs.3: O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os
SE

efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda individual
RO

no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva.


E
IC

186
EN
UD
LA
N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
4. HABEAS DATA

STA
CO
a) Previsão normativa: Art. 5º, LXXII e Lei 9507/97.

DO
EN
b) Hipóteses de concessão do habeas data: O HD poderá ser impetrado:

S
1) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de

RO
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

CE
2) Para retificação desses dados, quando não se prefira fazer por meio sigiloso, judicial ou administrativo;

NI
3) Para anotação nos assentamentos do interessado de contestação ou explicação sobre dado

DE
verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

AU
0L
47
STJ: Só pode pedir a retificação de dados o sujeito que tem conhecimento desses
50
dados. Portanto, não cabe cumular pedidos de prestação de informações e
07
correções de dados.
36
02

STF: O HD NÃO é instrumento jurídico adequado para pleitear o acesso a autos de


A
ST

processos administrativos. Neste


41998 caso, utiliza-se o mandado de segurança em caso
CO

de evidente direito líquido e certo. STF - HD: 90 DF, Relator: ELLEN GRACIE, Data
O

de Julgamento: 25/05/2009, Data de Publicação: DJe-100 DIVULG 29/05/2009


ND

PUBLIC 01/06/2009.
SE
RO

41998

Obs.1:Possibilidade de se obter dados do contribuinte que constem dos sistemas dos órgãos
CE

fazendários. (Info 790)


NI

Obs.2:Cuidado para não confundir o habeas data com o direito geral de informação, protegido por
DE

mandado de segurança e previsto no inc. XXXIII da CF/88. Veja:


LAU
70

DIREITO GERAL DE INFORMAÇÃO REQUERIMENTO PARA ACESSO À INFORMAÇÕES


04

RELATIVAS À PESSOA DO IMPETRANTE


5
07

XXXIII - todos têm direito a receber dos LXXII - conceder-se-á habeas data:
36
02

órgãos públicos informações de seu a) para assegurar o conhecimento de informações


A

interesse particular, ou de interesse relativas à pessoa do impetrante, constantes de


ST

coletivo ou geral, que serão prestadas no registros ou bancos de dados de entidades


CO

prazo da lei, sob pena de responsabilidade, governamentais ou de caráter público;


O

ressalvadas aquelas cujo sigilo seja


ND

imprescindível à segurança da sociedade e


SE

do Estado
RO
E
IC

187
EN
UD
LA
N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
#Dica DD: Aqui, não são informações de interesse

02
TA
da pessoa impetrante, mas sim relativas ao

S
impetrante!

CO
DO
S EN
Protegido por mandado de segurança Protegido por habeas data

RO
CE
Obs.3: “O habeas data também não pode ser confundido com o direito à obtenção de certidões em

NI
repartições públicas. Ao pleitear certidão, o solicitante deve demonstrar que o faz para defesa de direitos e

DE
esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5.º, XXXIV, ‘b’). No habeas data basta o simples desejo

AU
de conhecer as informações relativas à sua pessoa, independentemente da demonstração de que elas se

0L
prestarão à defesa de direitos”.

47
50
07
c) Legitimidade ativa: Pode ser ajuizado por qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem
36

como por pessoa jurídica e órgãos despersonalizados. Trata-se de uma ação personalíssima, que só pode ser
02

ajuizada pelo titular do direito, salvo se houver a morte do agente, hipótese em que poderá ser impetrado,
A
ST

excepcionalmente, pelo cônjuge e herdeiros. 41998


CO
O

d) Legitimidade passiva: Depende da natureza jurídica do registro ou do banco de dados.


ND

● Registro ou banco de dados de entidade governamental: PJ integrante da administração pública.


SE

● Registro ou banco de dados de entidade de caráter público: é entidade privada.


RO
CE

e) Jurisdição condicionada
NI

41998
O HD é um processo de jurisdição condicionada. Isso porque, para impetrá-lo, deve ter ocorrido o
DE

prévio requerimento administrativo e a negativa ou omissão pela autoridade administrativa. (Trata-se de


AU

uma “exceção” ao princípio da inafastabilidade da jurisdição) - Súmula 2-STJ.


L
70
04

f) Características gerais do HD
5
07

✔ Procedimento gratuito e não há ônus de sucumbência, mas se exige advogado para impetrar HD.
36

✔ Tem prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto HC e MS.


02

✔ NÃO se sujeita a prazo prescricional ou decadencial.


A
ST

✔ O pedido do HC pode ser renovado caso a decisão denegatória não tenha apreciado o mérito.
CO

✔ A lei não fala em medida liminar, mas a doutrina vem entendendo pela admissibilidade.
O

✔ Não cabe reexame necessário.


ND

✔ Não admite atividade probatória.


SE
RO
E
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188
EN
UD
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
g) Prazos na lei:

02
∘ Requerimento: art. 2º

TA
41998

S
· 48 h para decidir o requerimento;

CO
· 24h para comunicar a decisão ao requerente;

DO
EN
∘ Haverá omissão da autoridade quando não se manifestar: art. 8º, §único

S
· Pedido de acesso aos dados: 10 dias

RO
· Pedido de retificação de dados: 15 dias.

CE
· Pedido de complementação de dados: 15 dias.

NI
DE
∘ Após despachar a inicial: art. 9º e 12º

AU
· Juiz comunica à autoridade coatora para apresentar informações que julgue necessárias em

0L
47
10 dias
· 50
Transcorridos esses 10 dias, o juiz deverá ouvir o MP em 5 dias
07
· Juiz deve decidir em 5 dias
36
02

h) Recursos
A
ST

∘ Do despacho que indeferir liminarmente a petição


41998 inicial – apelação
CO

∘ Da decisão que conceder ou negar o HD – apelação


O
ND

i) Competência:
SE

● Art. 102, I, d: STF possui competência originária para processar e julgar HD contra atos do Presidente
RO

da República, das Mesas da CD e do SF, do TCU, do PGR e do próprio STF.


CE

● Art. 102, II, a: STF julga em recurso ordinário o HD decidido em única instância pelos Tribunais
NI

Superiores, se denegatória a decisão.


DE

● Art. 105, I, b: STJ processa e julga originariamente habeas data contra ato do Ministro de Estado,
AU

Comandantes das Forças Armadas ou do próprio tribunal.


L
70

● Art. 108, I, c: TRFs processam e julgam habeas data contra ato do próprio tribunal e ou dos juízes
04

federais.
5
07

● Art. 109, VIII: juízes federais processam e julgam habeas data contra ato de autoridade federal.
36

● Art. 121, §4º, V: TSE processa e julga em grau de recurso habeas data denegado pelo TRE.
02

● Art. 125, §1º: no plano estadual, a competência será definida pela Constituição Estadual.
A
ST

Caiu na prova Delegado/RO 2022! O habeas data não pode ser utilizado para obtenção de cópia de processo
CO

administrativo. (ITEM CORRETO)


O
ND

5. AÇÃO POPULAR (LEI Nº 4.717/65)


SE
RO
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189
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Pode-se extrair os seguintes requisitos: Deve haver lesividade aos direitos difusos específicos

02
elencados:

S TA
1. Ato lesivo ao patrimônio público;

CO
2. Ato lesivo ao patrimônio de entidade de que o Estado participe;

DO
3. Ato lesivo à moralidade administrativa;

EN
4. Ato lesivo ao meio ambiente;

S
5. Ato lesivo ao patrimônio histórico e cultural.

RO
CE
NÃO é destinada à defesa de interesse subjetivo individual, mas de natureza coletiva, para anular ato lesivo

NI
DE
ao patrimônio público, moralidade administrativa, meio ambiente e patrimônio histórico e cultural.

AU
0L
Considerações importantes:

47
∘ Pode ser utilizada de modo preventivo ou repressivo: O mandado de segurança pode ser repressivo
50
de ilegalidade ou abuso de poder já praticados, ou preventivo, quando estivermos diante de ameaça
07
a violação de direito líquido e certo do impetrante. Muitas vezes, para evitar o perecimento do objeto,
36
02

o impetrante poderá solicitar concessão de liminar.



A

A CF isenta o autor da ação popular de custas e ônus da sucumbência, SALVO comprovada má-fé.
ST

∘ A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os41998


réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas
CO

havidas pelo autor da ação.


O
ND

a) Legitimidade ativa:
SE

● Somente o cidadão pode propor ação popular.


RO

● Exige-se capacidade postulatória: o cidadão que não tiver, deverá constituir advogado.
CE

● Súmula 365/STF: Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.
NI
DE

● Há decisões do STJ que estendem ao MP a legitimidade ativa para a ação popular (AREsp 746.846).
AU
L

NÃO POSSUEM LEGITIMIDADE ATIVA: Estrangeiros; Apátridas; Pessoa jurídica – Súmula


70

365, STF; e Brasileiros com seus direitos políticos perdidos ou suspensos.


04
5
07

A doutrina majoritária entende que a legitimidade ativa do cidadão para propor ação popular é
36
02

extraordinária, uma vez que defende direito difuso, cujo titular é a coletividade. (NEVES, 2017, p. 307)
A

Segundo o STJ (Resp 1.242.800), a condição de eleitor não é condição de legitimidade, e o título de
ST

eleitor é utilizado apenas como prova documental da cidadania. Dessa forma, é 41998
irrelevante o domicílio
CO

eleitoral do autor, que poderá litigar contra ato praticado em local diverso de onde exerce seu direito de
O

voto.
ND
SE
RO

OBS.: ISENÇÃO DE CUSTAS:


E
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190
EN
UD
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
A CF/88 isenta o autor da ação popular de custas e ônus da sucumbência, SALVO comprovada má-

02
fé. A gratuidade beneficia o autor da ação, mas os réus, se condenados, deverão ressarcir as despesas havidas

STA
pelo autor da ação.

CO
DO
b) Legitimidade passiva: Há litisconsórcio passivo necessário entre:

EN
1) a pessoa jurídica pública ou privada,

S
2) as autoridades responsáveis pelo ato e

RO
3) os beneficiários diretos dele.

CE
NI
A Lei da Ação Popular prevê que "qualquer pessoa, beneficiada ou responsável pelo ato impugnado,

DE
cuja existência ou identidade se torne conhecida no curso do processo e antes de proferida a sentença final

AU
de primeira instância, deverá ser citada para a integração do contraditório, sendo-lhe restituído o prazo para

0L
41998

47
contestação e produção de provas" (inciso III do art. 7º da Lei 4.717/65).
50
A autorização legal da ampliação posterior do polo passivo da ação popular, no curso do processo e
07
antes da sentença, tem o objetivo de abarcar todas as pessoas físicas e/ou jurídicas que supostamente foram
36

beneficiadas ou são responsáveis pelo ato impugnado pelo autor popular. Assim, os réus poderão exercer o
02

contraditório pleno e, por conseguinte, irão se sujeitar aos efeitos da coisa julgada material.
A
ST

Legitimação Bifronte: O art. 6º, §3º, da Lei n. 4.717/64


41998 prevê que a pessoa jurídica de direito público
CO

ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá
O

atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante
ND

legal ou dirigente. Dessa forma, a pessoa jurídica poderá passar a atuar ao lado do autor, criando uma espécie
SE

sui generis de litisconsórcio ativo ulterior (NEVES, 2017, p. 317). Legitimação bifronte significa que a pessoa
RO

jurídica de direito público ou privado possui legitimidade para atuar em ambos os polos da demanda, de
CE

acordo com o interesse público.


NI
DE
AU

c) Atuação do Ministério Público:


L
70
04

STJ (AgRg no Resp 1.333.168): O Ministério Público como fiscal da ordem jurídica
5
07

detém legitimidade para a juntada de documentos e para formular pedidos de


36

produção de provas que entender necessárias.


02
A
ST

Legitimidade ativa superveniente (art. 9º da Lei n. 4.717/65): Se o autor desistir da ação ou der
CO

motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso
O

II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do
ND

prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.


SE

d) Objeto: A sentença possui natureza cível, e se julgada improcedente, se sujeita ao duplo grau de jurisdição.
RO
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191
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N
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
O cabimento da ação popular NÃO exige a comprovação de efetivo dano material, pecuniário.

02
Entende o STF que a lesividade decorre da ilegalidade, e a ilegalidade do comportamento, por si só, causa

STA
dano.

CO
41998
Além da motivação dos atos lesivos, o próprio mérito do ato pode ser objeto de análise em sede de

DO
ação popular, já que a discricionariedade não permite a contrariedade ao ordenamento jurídico, tampouco

EN
o desatendimento ao interesse público específico do ato praticado (NEVES, 2017, p. 301).

S
RO
e) Competência: Definida pela origem do ato a ser anulado. Ex.: patrimônio lesado da União – competência

CE
da Justiça Federal.

NI
▪ Regra: A competência do juízo de 1º grau para processar e julgar ação popular contra ato de qualquer

DE
autoridade, inclusive presidente da república.

AU
▪ Exceção: competência originária do STF disposta no art. 102, I, “f” e “n” da CF.

0L
47
50
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal,
07
ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta
36

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente


02

interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem


A
ST

estejam impedidos ou sejam41998


direta ou indiretamente interessados;
CO
O

O juízo da Ação Popular é universal, impondo-se a reunião de todas as ações conexas, com
ND

fundamentos jurídicos iguais ou assemelhados.


SE

STF: O foro especial por prerrogativa de função NÃO alcança ações populares ajuizadas contra
RO

autoridades detentoras dessa prerrogativa.


CE
NI
DE

l) Contestação: Art. 7º, IV, da Lei n. 4.717/65- O prazo de contestação é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis
AU

por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, se particularmente difícil a produção de prova


L

documental, e será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido,
70

ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital.


04
5
07

m) Reexame necessário inverso: Na ação popular, haverá reexame no caso de a sentença concluir pela
36

carência ou pela improcedência do pedido, mesmo que parcial (art. 19 da Lei n. 4.717/65). Dessa forma,
02

haverá o reexame ainda que a Fazenda Pública seja vitoriosa na demanda, no caso de permanecer na posição
A
ST

originária de réu.
CO
O
ND

6. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI 7.347/85)


SE
RO
E
IC

192
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
a) Conceito: A ação civil pública consiste em uma garantia constitucional prevista em lei própria (lei nº

02
7.347/85), que busca proteger direitos de 3ª geração. A ACP tutela, portanto, direitos difusos e coletivos,

STA
bem como direitos individuais indisponíveis.

CO
DO
ATENÇÃO: A ACP NÃO pode substituir a ADI, embora a inconstitucionalidade possa ser questão

EN
prejudicial. Logo, a ACP é cabível apenas como meio de controle difuso.

S
RO
b) Objeto: Tem por objeto a tutela preventiva ou ressarcitória dos seguintes bens ou direitos

CE
metaindividuais:

NI
DE
● Meio-ambiente;

AU
● Consumidor;

0L
● Bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

47
● Qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
● Infração da ordem econômica; 50
07
● Ordem urbanística;
36
02

● Honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos;


A

● Patrimônio público e social.


ST

41998
CO

NÃO cabe ACP para veicular pretensões que envolvam:


O

● Tributos;
ND

● Contribuições previdenciárias;
SE

● FGTS**;
RO

● Outros fundos de natureza institucional.


CE
NI
DE

** Em relação ao FGTS, tenha cuidado com o julgado do STF: O Ministério Público possui legitimidade para
AU

propor ACP em defesa de direitos sociais relacionados com o FGTS


L
70

O Ministério Público tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em


04

defesa de direitos sociais relacionados ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço


5
07

(FGTS). STF. Plenário. RE 643978/SE, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em


36

9/10/2019 (repercussão geral – Tema 850) (Info 955). Em provas, tenha cuidado
02

com a redação do art. 1º, parágrafo único, da Lei nº 7.347/85: Art. 1º (...)
A
ST

41998
Parágrafo único. Não será cabível ação civil pública para veicular pretensões que
CO

envolvam tributos, contribuições previdenciárias, o Fundo de Garantia do Tempo


O

de Serviço - FGTS ou outros fundos de natureza institucional cujos beneficiários


ND

podem ser individualmente determinados.


SE
RO
E
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193
EN
UD
LA
N
DE
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RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
CUIDADO: Se for cobrada a mera transcrição literal deste dispositivo em uma

TA
prova objetiva, provavelmente, esta será a alternativa correta.

S
CO
c) Legitimidade Ativa

DO
EN
Art. 5o Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

S
RO
I - o Ministério Público;
41998
II - a Defensoria Pública;

CE
III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

NI
DE
IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

AU
V - a associação que, concomitantemente:

0L
a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;

47
b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e
50
social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência,
07
aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico,
36
02

estético, histórico, turístico e paisagístico.


A
ST

Trata-se de legitimidade: 41998


CO

✔ AUTÔNOMA: NÃO depende de participação ou autorização do titular do direito material;


O

✔ CONCORRENTE: Há mais de um legitimado;


ND

✔ DISJUNTIVA: Um legitimado NÃO depende de autorização do outro para ajuizar a ação.


SE
RO

MINISTÉRIO PÚBLICO:
CE

O Ministério Público, se não intervier no processo como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal
NI
DE

da lei. Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério
AU

Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.


L
70

DEFENSORIA PÚBLICA:
5 04

Existem dois entendimentos doutrinários quanto à legitimidade da Defensoria Pública:


07

● 1ª CORRENTE (RESTRITIVA): a atuação só ocorre nos casos de hipossuficiência econômica;


36
02

● 2ª CORRENTE (AMPLIATIVA): ocorre nos casos de hipossuficiência econômica e técnica ou


A

organizacional.
ST
CO

A Defensoria Pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pública em


O
ND

ordem a promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de que sejam


SE

titulares, em tese, as pessoas necessitadas. STF. Plenário. RE 733433/MG, Rel. Min.


RO

Dias Toffoli, julgado em 4/11/2015 (repercussão geral) (Info 806).


E
IC

194
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
ENTES POLÍTICOS: Podem ajuizar ACP:

STA
● União

CO
● Estados

DO
● DF

EN
● Municípios

S
RO
No caso de ação civil pública proposta por ente político, a pertinência temática ou

CE
representatividade adequada são presumidas. Isso porque não há dúvidas de que os entes políticos

NI
possuem, dentre suas finalidades institucionais, a defesa coletiva dos consumidores. Trata-se, inclusive, de

DE
um comando constitucional:

AU
0L
47
41998
Art. 5º, XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor.
50
07
Município tem legitimidade ad causam para ajuizar ação civil pública em defesa
36

de direitos consumeristas questionando a cobrança de tarifas bancárias. Em


02

relação ao Ministério Público e aos entes políticos, que têm como finalidades
A
ST

institucionais a proteção de41998


valores fundamentais, como a defesa coletiva dos
CO

consumidores, não se exige pertinência temática e representatividade adequada.


O

STJ. 3ª Turma. REsp 1509586-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018
ND

(Info 626).
SE
RO

ASSOCIAÇÃO: As associações possuem legitimidade para defesa dos direitos e dos interesses coletivos ou
CE

individuais homogêneos, independentemente de autorização expressa dos associados. Isso porque, no


NI

caso, estamos diante de um regime de substituição processual, em que a autorização para a defesa do
DE

interesse coletivo em sentido amplo é estabelecida na definição dos objetivos institucionais, no próprio ato
AU

de criação da associação, sendo, portanto, desnecessária, nova autorização ou deliberação assemblear.


L
70

Apesar de não exigir a autorização expressa dos associados, para ajuizar ACP, as associações devem
04

preencher os seguintes requisitos:


5
07

1) Deve estar constituída há pelo menos 01 (um) ano;


36

2) Pertinência temática.
02
A
ST

A necessidade de a associação estar constituída há pelo menos 1 ano é flexibilizada pela própria lei,
CO

que dispensa tal requisito em caso de manifesto interesse social ou diante da relevância do bem jurídico
O

protegido.
ND
SE
RO
E
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195
EN
UD
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N
DE
AU
RETA FINAL

0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
§ 4.° O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja

02
manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou

STA
pela relevância do bem jurídico a ser protegido

CO
DO
Mesmo sem 1 ano de constituição, associação poderá ajuizar ACP para que

EN
fornecedor preste informações ao consumidor sobre produtos com glúten. Como

S
exemplo da situação descrita no § 4º do art. 5º, o STJ decidiu que: É dispensável o

RO
requisito temporal (pré-constituição há mais de um ano) para associação ajuizar

CE
ação civil pública quando o bem jurídico tutelado for a prestação de informações

NI
ao consumidor sobre a existência de glúten em alimentos. STJ. 2ª Turma. REsp

DE
1600172-GO, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/9/2016 (Info 591).

AU
0L
47
Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério
50
Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. E, segundo o STJ, em caso de dissolução da
07
associação que ajuizou ação civil pública, é possível sua substituição no polo ativo por outra associação que
36

possua a mesma finalidade temática. Confira:


02
A
ST

Caso ocorra dissolução da associação


41998 que ajuizou ação civil pública, é possível sua
CO

substituição no polo ativo por outra associação que possua a mesma finalidade
O

temática. O microssistema de defesa dos interesses coletivos privilegia o


ND

aproveitamento do processo coletivo, possibilitando a sucessão da parte autora


SE

41998
pelo Ministério Público ou por algum outro colegitimado (ex: associação),
RO

mormente em decorrência da importância dos interesses envolvidos em demandas


CE

coletivas. STJ. 3ª Turma. EDcl no REsp 1405697-MG, Rel. Min. Marco Aurélio
NI

Bellizze, julgado em 10/09/2019 (Info 665).


DE
AU

Segundo o STJ, pode uma associação defender interesses transindividuais que ultrapassem os de seus
L
70

próprios associados, ainda que estes interesses sejam individuais homogêneos.


04
5
07

d) Legitimidade Passiva: A Lei de Ação Popular é omissa quanto à legitimidade passiva, razão pela qual o STJ
36

e a doutrina entendem pela aplicação do regramento geral do CPC.


02
A
ST

e) Competência
CO
O

● Critério Funcional - NÃO há prerrogativa de foro na Ação Civil Pública, razão pela qual o julgamento
ND

é sempre em primeira instância.


SE
RO

● Critério Material:
E
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196
EN
UD
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DE
AU
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
⦁ Justiça eleitoral: É competente para questões relacionadas à sufrágio e questões político-

02
partidárias;

STA
⦁ Justiça do trabalho: relação de trabalho;direito sindical;proteção ao meio ambiente do trabalho.

CO
⦁ Justiça comum: Pode ser ajuizada na Justiça Federal, se presente uma das hipóteses do art. 109,

DO
I, da CF/88.

S EN
⇨ É possível o incidente de deslocamento de competência em ACP.

RO
⇨ NÃO cabe ACP em juizados cíveis, federais e da Fazenda.

CE
NI
● Critério Territorial: Em relação às ações civis públicas cujo objeto seja de âmbito local, deve-se

DE
aplicar o art. 2º da Lei nº 7.347/85, que prevê o foro do local onde tiver ocorrido o dano:

AU
0L
47
Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde ocorrer
50
o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e julgar a causa.
07
36

Em relação às ações civis públicas cujo objeto seja de âmbito nacional ou regional, a lei é omissa,
02

motivo pelo qual deve-se recorrer ao art. 93, II, do CDC, com base na noção de microssistema processual (art.
A
ST

21 da LACP). 41998
CO
O

Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente para a causa a


ND

justiça local:
SE

II - no foro da Capital
41998 do Estado ou no do Distrito Federal, para os danos de âmbito
RO

nacional ou regional, aplicando-se as regras do Código de Processo Civil aos casos


CE

de competência concorrente.
NI
DE

Portanto, em se tratando de ação civil pública com abrangência nacional ou regional, sua propositura
AU

deve ocorrer no foro, ou na circunscrição judiciária, de capital de Estado ou no Distrito Federal. E, uma vez
L
70

fixada essa competência, o primeiro que conhecer da matéria, entre os competentes, ficará prevento. (Info
04

1012)
5
07

Vamos esquematizar?
36
02

DANO LOCAL: Ajuizamento da ACP no local do dano (art. 2º)


A
ST
CO

DANO REGIONAL Ajuizamento da ACP na capital do estado;


O
ND

DANO NACIONAL Ajuizamento da ACP no DF ou capital dos estados


SE

envolvidos
RO
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36
f) Considerações processuais importantes:

02
STA
● ÓRGÃOS PÚBLICOS LEGITIMADOS E ASSOCIAÇÕES PRIVADAS PODEM TRANSACIONAR EM SEDE DE

CO
ACP CONFORME ART. 5º, §6º.

DO
● EFEITO SUSPENSIVO DA APELAÇÃO: Quem define que efeito terá a apelação é o próprio juiz da causa

EN
(art. 14 LACP).

S
● REEXAME NECESSÁRIO: Somente ocorre quando a ação é julgada improcedente ou extinta sem

RO
julgamento do mérito.

CE
● ABRANGÊNCIA DA SENTENÇA:

NI
DE
AU
💣 MUITA ATENÇÃO AQUI! DECISÃO SOBRE O TEMA!

0L
47
O art. 16 da Lei de Ação Civil Pública (Lei nº 7.347/85), com redação dada pela Lei nº 9.494/97,
estabelece o seguinte: 50
07
36

Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da competência
02

territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado improcedente por


A
ST

insuficiência de provas, hipótese


41998 em que qualquer legitimado poderá intentar outra
CO

ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.


O
ND

Esse artigo foi alterado pela Lei nº 9.494/97 com o objetivo de restringir a eficácia subjetiva da coisa
SE

julgada, ou seja, ele determinou que a coisa julgada na ACP deveria produzir efeitos apenas dentro
RO

dos limites territoriais do juízo que prolatou a sentença.


CE

Em outras palavras, o que o art. 16 quis dizer foi o seguinte: a decisão do juiz na ação civil pública
NI

não produz efeitos no Brasil todo. Ela irá produzir efeitos apenas na comarca (se for Justiça Estadual) ou na
DE

seção ou subseção judiciária (se for Justiça Federal) do juiz prolator.


AU

A doutrina criticou bastante essa alteração promovida no art. 16 e afirmou que a regra ali prevista
L
70

não deveria ser aplicada por ser inconstitucional, impertinente e ineficaz. Como ficou então a posição da
04

jurisprudência?
5
07
36

● STJ –“A eficácia das decisões proferidas em ações civis públicas coletivas NÃO deve ficar limitada
02

ao território da competência do órgão jurisdicional que prolatou a decisão”. STJ. Corte Especial.
A
ST

EREsp 1134957/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/10/2016.


CO
O

● STF –“É INCONSTITUCIONAL a delimitação dos efeitos da sentença proferida em sede de ação civil
ND

pública aos limites da competência territorial de seu órgão prolator. STF. Plenário. RE 1101937/SP,
SE

Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 7/4/2021 (Repercussão Geral – Tema 1075) (Info 1012).
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

50
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36
7. INQUÉRITO CIVIL

02
TA
S
É uma investigação administrativa a cargo do MP, destinada a colher elementos para eventual

CO
propositura de ACP, podendo servir de base para o oferecimento de denúncia criminal.

DO
a) Características 41998

EN
● Procedimento preparatório;

S
● Procedimento meramente administrativo;

RO
● Procedimento informativo;

CE
● Não obrigatório;

NI
● É público;

DE
● Privativo do MP;

AU
● Inquisitorial (não há contraditório).

0L
47
b) Fases do Inquérito Civil
50
I) INSTAURAÇÃO: Ocorre através de portaria, que deve indicar o objeto da investigação. A portaria pode ser
07
baixada das seguintes formas:
36

● De ofício;
02

● Por representação;
A
ST

● Por requisição do procurador geral. 41998


CO

Obs.1: O fato de o promotor ter presidido o inquérito civil NÃO gera a suspeição para o ajuizamento de ACP;
O

Obs. 2: Doutrina majoritária entende não ser possível a instauração de inquérito civil por denúncia anônima.
ND

II) INSTRUÇÃO:
SE

● Abrange o poder de vistoria e inspeção em qualquer órgão público;


RO

● Poder de intimação de qualquer pessoa para depoimento, sob pena de condução coercitiva;
CE

● Poder de requisição de documentos e informações a qualquer entidade pública ou privada.


NI

III) CONCLUSÃO: A LACP NÃO estipula prazo para a conclusão do inquérito civil. Ao final, o promotor tem
DE

duas opções:
AU

● Promover a ACP;
L
70

● Promover o arquivamento fundamentado: ao propor o arquivamento, o promotor encaminha ao


04

órgão superior do MP, no prazo de 3 dias, sob pena de responsabilidade penal. Os órgãos superiores
5
07

designam uma sessão de julgamento, e podem ser tomadas as seguintes providências:


36

∘ Homologação do arquivamento;
02

∘ Conversão do julgamento em diligência;


A
ST

∘ Rejeição da promoção do arquivamento, hipótese em que será nomeado outro promotor


CO

para a propositura da ACP.


O
ND
SE
RO
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36
META 5 – SEXTA-FEIRA

02
STA
DIREITO PENAL: A LEI PENAL E SUA APLICAÇÃO

CO
DO
1. APLICAÇÃO DA LEI PENAL

S EN
A lei penal é fonte formal imediata do direito penal e detém o monopólio para a criação de infrações

RO
penais e cominação de penas.

CE
No tocante à lei penal incriminadora, ela é formada por duas partes:

NI
● Preceito primário: descrição da conduta típica (ex.: “matar alguém”);

DE
● Preceito secundário: cominação da pena em abstrato (“reclusão de 6 a 20 anos”).

AU
0L
47
O Brasil optou pelo sistema da proibição indireta, criado por Binding, segundo o qual a lei penal é
50
descritiva e não proibitiva. A lei não diz “não matar”, “não furtar”, ela apenas descreve as condutas proibidas.
07
O autor diferencia lei de norma. Veja:
36

A norma apresenta um comando, mandamental ou proibitivo. A exemplo, enquanto a lei descreve


02

como crime “matar alguém”, a norma que se extrai dela é “não matar”. Assim, quando o agente mata alguém,
A
ST

ele realiza a lei e viola a norma. Logo, a lei é a forma de41998


exteriorização da norma, como ela se apresenta para
CO

a sociedade, e a norma precede à lei.


O
ND

1.1. Classificação das Leis Penais


SE
RO

De acordo com a doutrina, as leis penais podem ser classificadas da seguinte maneira:
CE
NI

A) INCRIMINADORAS: Criam crimes e cominam penas. Estão na Parte Especial do Código Penal e na
DE

Legislação Penal Especial.


AU
L
70

B) NÃO INCRIMINADORAS: Não criam


41998
crimes nem cominam penas, podendo ser subdividas em:
04

b.1) Justificantes: Autorizam a prática de condutas típicas em determinadas hipóteses, excluindo a


5
07

ilicitude. Em regra, estão previstas na Parte Geral do Código Penal (art. 23), mas algumas estão na
36

Parte Especial (art. 128 do CP) ou na Legislação Extravagante.


02

b.2) Exculpantes: Afastam a culpabilidade do agente ou estabelecem a impunidade de determinados


A
ST

delitos. São exemplos: doença mental, menoridade, prescrição e perdão judicial.


CO
O

OBS.: Parte da doutrina (Rogério Greco) classifica como normas permissivas as normas que afastam
ND

a ilicitude (justificantes) e as que afastam a culpabilidade (exculpantes). Por sua vez, outra parte da
SE

doutrina (Fernando Capez, Luiz Flávio Gomes) inclui nas normas permissivas apenas aquelas que
RO

afastam a ilicitude do ato.


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36
02
b.3) Interpretativas: São normas que esclarecem o conteúdo e o significado de outras normas penais.

S TA
É o caso, por exemplo, do conceito de funcionário público para fins penais, previsto no art. 327 do

CO
CP.

DO
b.4) Finais (Complementares): Delimitam o campo de validade das leis incriminadoras, como os art.

EN
2º e 5º do CP.

S
b.5) Diretivas: Estabelecem princípios, como o art. 1º do CP, que trata da reserva legal.

RO
b.6) Integrativas (de Extensão): Complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal em crimes

CE
omissivos impróprios, à tentativa e à participação (arts. 13, §2º, 14, II e 29, caput, do CP,

NI
respectivamente).

DE
AU
c) COMPLETAS / PERFEITAS: Apresentam todos os elementos da conduta criminosa.

0L
41998

47
50
d) INCOMPLETAS / IMPERFEITAS: São normas que reservam a complementação da definição da conduta
07
criminosa a uma outra lei, a um ato da Administração Pública ou a análise do julgador. São leis penais em
36

branco, nos dois primeiros casos, e tipos penais abertos, no último.


02
A
ST

1.1.1 Leis Penais em Branco 41998


CO
O

“A lei penal em branco é também denominada de cega ou aberta, e pode ser


ND

definida como a espécie de lei penal cuja definição da conduta criminosa reclama
SE

complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração Pública. O seu
RO

preceito secundário é completo, o que não se verifica no tocante ao primário,


CE

carente de implementação” (MASSON, 2017, p. 127).


NI
DE

Franz Von Liszt diz que “são corpos errantes em busca de alma”.
AU
L
70

ESPÉCIES DE LEI PENAL EM BRANCO:


04
5
07

I – Lei penal em branco EM SENTIDO LATO / HOMOGÊNEA / IMPRÓPRIA: O complemento tem a mesma
36

natureza jurídica e deriva do mesmo órgão que elaborou a lei incriminadora, ou seja, é outra lei. Ex.: art. 169,
02

§ único, I, do Código Penal, complementado pelo art. 1.264 do Código Civil. Podem ser de duas espécies:
A
ST
CO

a) Lei penal em branco em sentido lato HOMOVITELINA: A lei incriminadora e o complemento


O

estão no mesmo diploma legislativo. Ex.: Art. 304 do CP - Fazer uso de qualquer dos papéis
ND

falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302.


SE

b) Lei penal em branco em sentido lato HETEROVITELINA: A lei incriminadora e o complemento


RO

estão em diplomas normativos diversos. Ex.: art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro
E
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36
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior.

02
É complementado pelo CC.

STA
CO
II – Lei penal em branco EM SENTIDO ESTRITO / HETEROGÊNEA / FRAGMENTÁRIA / PRÓPRIA: O

DO
complemento tem natureza jurídica diversa e emana de órgão distinto do que elaborou a norma

EN
incriminadora. Ex.: Lei de drogas e Portaria 344/98.

S
RO
III – Lei penal em branco INVERSA ou AO AVESSO: O preceito primário é completo, mas o preceito

CE
secundário (pena) depende de complementação. O complemento, nesse caso, deve ser uma lei, tendo em

NI
vista o princípio da reserva legal. Ex.: genocídio.

DE
AU
IV – Lei penal em branco DE FUNDO CONSTITUCIONAL: O complemento do preceito primário é uma norma

0L
47
constitucional. É o caso, de acordo com Cleber Masson (2017, p. 128), do crime de abandono intelectual,
50
definido no art. 246 do CP, uma vez que o conceito de “instrução primária” está previsto no art. 208, I, da CF.
07
36

V – Lei penal em branco AO QUADRADO: É a norma cujo complemento também depende de


02

complementação. Ex.: art. 38 da Lei 9.605/98, que pune as condutas de destruir ou danificar florestas de
A
ST

preservação permanente. O conceito de "floresta de preservação


41998 permanente" é dado pelo Código Florestal,
CO

que, dentre várias hipóteses, previu um caso em que a área de preservação permanente será assim
O

considerada após declaração de interesse social por parte do Chefe do Poder Executivo.
ND

41998
SE

1.2 Características da Lei Penal


RO
CE

a) Exclusividade: Somente a lei pode criar delitos e as penas correspondentes (art. 5º, XXXIX, da CF).
NI

b) Imperatividade: Caso seja descumprida haverá a imposição de sanção (pena ou de uma medida).
DE

c) Generalidade: Direciona-se a todas as pessoas, indistintamente, até mesmo aos inimputáveis.


AU

d) Impessoalidade: Seus efeitos são projetados a fatos futuros, incidindo sobre qualquer pessoa que venha
L
70

a praticá-los, ressalvadas duas exceções: as leis de anistia e a abolitio criminis, as quais alcançam fatos
04

concretos.
5
07

e) Anterioridade: Somente pode ser aplicada se estava em vigor no momento da prática da infração penal,
36

ressalvado o caso da retroatividade benéfica.


02
A
ST

2. LEI PENAL NO TEMPO


CO
O

Em decorrência do princípio da legalidade, aplica-se, em regra, a lei penal vigente ao tempo da


ND

realização do fato criminoso (tempus regit actum).


SE

Excepcionalmente, será permitida a retroatividade da lei penal para alcançar os fatos passados,
RO

desde que benéfica ao réu, de modo que NÃO há, no direito penal, irretroatividade maléfica ao réu.
E
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DE
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36
Nesse contexto, a lei benéfica poderá retroagir mesmo que já tenha havido o trânsito em julgado da

02
sentença penal condenatória.

STA
Essa sistemática se aplica a norma que tenha caráter material (direito penal) ou misto (direito penal

CO
e processual penal). Apenas as normas de natureza processual (puras) NÃO se submetem à retroatividade

DO
benéfica.

EN
Ressalta-se que NÃO se pode dizer o mesmo acerca da jurisprudência, tendo em vista que, de acordo

S
com o entendimento dos Tribunais Superiores, é possível a aplicação de novo entendimento jurisprudencial

RO
para fatos ocorridos antes da mudança. Em outras palavras: a irretroatividade maléfica da norma não se

CE
aplica aos entendimentos jurisprudenciais. STF. 1ª Turma. HC 161452 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em

NI
6/3/2020. STJ. 5ª Turma. AgRg nos EDcl no AREsp 1361814/RJ, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado

DE
em 19/05/2020.

AU
0L
47
2.1. Teorias sobre a Eficácia da Lei Penal no Tempo
50
07
● Teoria da Atividade: Considera-se praticado o crime no momento da conduta, ou seja, no momento
36

da ação ou da omissão.
02


A

Teoria do Resultado (do Evento): Considera-se praticado o crime no momento do resultado.


ST

● Teoria da Ubiquidade (Mista): Considera-se 41998


praticado o crime no momento da conduta OU do
CO

resultado.
O
ND

ATENÇÃO: O CP adotou a TEORIA DA ATIVIDADE, conforme artigo 4º, CP: Considera-se


SE

praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
RO

resultado.
CE
NI
DE

Essa definição só tem relevância em relação aos delitos materiais/causais, que demandam a
AU

produção de resultado naturalístico, uma vez que, somente nestes, a consumação pode se dar em momento
L

diferente do da prática da conduta, qual seja, com a produção do resultado. Nos crimes formais e de mera
70

conduta, a consumação ocorre conjuntamente com a prática da ação ou omissão, não importando o
04

momento do resultado, por isso dispensa essa teoria.


5
07
36

41998
Consequências da adoção da Teoria da Atividade:
02


A

Aplica-se a lei penal que estava em vigor no momento da conduta, salvo se a lei penal posterior for
ST

mais favorável (irretroatividade maléfica ou retroatividade benéfica);


CO

● A imputabilidade do agente deve ser analisada no tempo da conduta.


O
ND
SE
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36
ATENÇÃO! Quanto ao termo inicial da prescrição da pretensão punitiva, o Código Penal adota a

02
TEORIA DO RESULTADO (art. 111, I, CP): A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa

STA
a correr: I - do dia em que o crime se consumou.

CO
DO
Dica DD: Mnemônico LUTA

EN
Lugar do crime = Ubiquidade

S
Tempo do crime = Atividade

RO
CE
2.2. Abolitio Criminis

NI
DE
É a supressão da figura criminosa, abolir do ordenamento a figura de um tipo penal incriminador,

AU
aplicando-se a retroatividade benéfica. Assim, prevê o art. 2º, do CP:

0L
47
50
Art. 2º, CP - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
07
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
36

condenatória (ou seja, permanecem apenas os efeitos extrapenais – como civis,


02

administrativos, eleitorais, etc).


A
ST

41998
41998
CO

a) Natureza jurídica
O
ND

Causa de extinção da punibilidade. Parece ter sido a adotada pelo CP, conforme art. 107, III, CP.
SE

Prevalece na doutrina.
RO
CE

Extinção da punibilidade
NI

Art. 107, CP - Extingue-se a punibilidade:


DE

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
AU
L
70

O que é abolitio criminis temporária?


04
5
07

Com o Estatuto do Desarmamento, foi previsto um prazo para que proprietários de arma de fogo
36

entregassem ou regularizassem o registro da arma. Durante esse prazo, não incidiu o tipo penal respectivo,
02

o crime de posse irregular de arma de fogo ficaria “suspenso” por algum tempo. Esse prazo foi chamado de
A
ST

“abolitio criminis temporária”.


CO

Sobre o tema: Súmula 513 STJ: "A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao
O

crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
ND

identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005."


SE
RO
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SEMANA 02/09

36
Essa abolitio criminis temporária se aplica a fatos praticados entre 23/12/2003 a 23/10/2005 para os crimes

02
de posse de arma de uso permitido e restrito, bem como as condutas equiparadas. Porém, a partir de

STA
23/10/2005 a 31/12/2009, passou a incidir somente sobre a conduta de posse de uso permitido.

CO
DO
b) Abolitio Criminis X Princípio da continuidade normativo-típica

S EN
Na abolitio criminis há supressão da figura criminosa, pois a intenção do legislador é não mais

RO
considerar o fato criminoso. Já no princípio da continuidade normativo-típica há a migração do conteúdo

CE
criminoso para outro tipo penal incriminador, pois a intenção é manter a natureza criminosa do fato. O STF

NI
também já utilizou o termo transmudação geográfica do tipo penal.

DE
AU
0L
ABOLITIO CRIMINIS PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA

47
Supressão formal e material da figura criminosa. Supressão formal do tipo.
50
07
O fato deixa de ser criminoso. A intenção do legislador é manter a natureza
36

criminosa do fato, mas com outra roupagem, em


02

outro tipo penal.


A
ST

A intenção é não mais considerar o fato criminoso Migração do conteúdo criminoso para outro tipo
41998
CO

penal incriminador.
O

Ex.: art. 240 – Adultério. Houve supressão tanto Ex.: art. 214 - Atentado violento ao pudor. O que
ND

material, quanto formal da conduta do campo de antes era este crime, agora é estupro. Não houve
SE

41998
incidência do direito penal, deixando de ser crime. abolitio.
RO
CE

Outros exemplos que sofreram a continuidade típica normativa:


NI
DE
AU

1. Apropriação indébita previdenciária - Desde a lei 9.983/00, essa conduta está prevista no art. 168-
L

A do CP. Porém, antes de 2000, tínhamos o art. 95 da Lei 8.212/91. O STF entendeu que a lei
70

9.983/00, ao alterar essa figura típica de posição (da Lei 8212 para o art. 168-A), o fez com o intuito
04

de ter uma continuidade típico normativa, de modo que, a rigor, não há sucessão de leis no tempo,
5
07

mas sim o princípio da CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA.


36

2. Rapto violento era previsto no art. 219, 220, 221 e 222 no CP - Essa figura do rapto foi revogada pela
02

Lei 11.106/05. No entanto, essa mesma Lei inclui o inciso V no art. 148, §1º do CP – sequestro e
A
ST

cárcere qualificado se o crime for praticado com fins libidinosos. O STF decidiu que houve uma
CO

CONTINUIDADE NORMATIVO-TÍPICA.
O

3. Corrupção de menores prevista na Lei 2.252/54 (art. 1°) - Essa lei também foi revogada pela Lei
ND

12.015/08, incluindo no ECA o art. 224-B. STF e STJ entenderam que não houve abolitio criminis e
SE

consequente extinção da punibilidade. Pois essa conduta apenas migrou de tipo penal, havendo o
RO

princípio da CONTINUIDADE TÍPICO NORMATIVA.


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36
02
c) Abolitio Criminis x Novatio Legis in Mellius (“lex mitior”)

STA
CO
A novatio legis in mellius é a nova lei que de qualquer modo favoreça o agente (art. 2°, §único, CP):

DO
A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos

EN
por sentença condenatória transitada em julgado.

S
RO
Semelhanças entre abolitio criminis e novatio legis:

CE
● A retroatividade benéfica é automática, independente de cláusula expressa;

NI

DE
Pode ser aplicada de ofício pelo juiz ou, ainda, mediante provocação das partes;

AU
Alcança, inclusive, fatos já definitivamente julgados, visto que a coisa julgada não é oponível à

0L
retroatividade benéfica.

47
50
Juízo competente para a aplicação: Depende do momento em que se encontra a persecução penal.
07
a) Se estiver na fase do inquérito ou na ação penal de 1ª instância quem aplica é o juiz de 1ª grau.
36
02

b) Se estiver no Tribunal (recurso ou competência originária), será aplicada por ele.


A

c) Se a condenação já transitou em julgado, cabe ao juízo da execução, pouco importando a origem da


ST

condenação. 41998
CO
O

Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao


ND

41998

JUÍZO DAS EXECUÇÕES a aplicação da lei mais benigna.


SE
RO

ATENÇÃO! A lei penal benéfica possui ULTRATIVIDADE, ou seja, pode ser aplicada mesmo após a sua
CE

revogação, caso o fato tenha sido praticado durante a sua vigência.


NI
DE
AU

2.3. Crime continuado, Crime permanente, Sucessão de leis penais


L
70

● Crime continuado: Previsto no art. 71 do CP.


04
5
07

A título de exemplo, imagine que o agente pratica 03 furtos, nas mesmas circunstâncias de tempo,
36
02

local e modo de execução. Quando começou a cadeia criminosa, o furto era punido pela lei “A”, com pena
A

de 1 a 4 anos. No meio da cadeia criminosa, veio a lei “B”, que previa a pena de 1 a 5 anos. No crime
ST

continuado, por uma ficção jurídica, considera-se a ocorrência de um crime só.


CO
O


ND

Crime permanente: Trata-se de crime cuja consumação é prolongada no tempo pela vontade do
agente. Ex.: extorsão mediante sequestro - a consumação já se deu com a privação da liberdade, mas
SE
RO

enquanto a vítima não é libertada o crime continua se consumando.


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36
02
Nestes dois casos, considerando que o agente deu continuidade às condutas por opção, aplica-se

STA
sempre a última lei vigente, mesmo que mais grave, conforme entendimento sumulado.

CO
DO
Súmula 711, do STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao

EN
crime permanente se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da

S
permanência.

RO
41998

CE
CRIME PERMANENTE CRIME CONTINUADO

NI
É aquele cuja consumação se prolonga no É aquele em que o agente pratica, mediante mais

DE
AU
tempo, por vontade do agente. de uma ação ou omissão, dois ou mais delitos

0L
Ex.: art. 159, CP (extorsão mediante sequestro). da mesma espécie, e pelas condições de tempo,

47
O crime se consuma no momento em que o lugar, maneira de execução e outras
50
agente priva a liberdade da vítima, mas continua semelhantes, devem os subsequentes ser
07
se consumando até a libertação do ofendido. havidos como continuação do primeiro. Trata-
36

Se a vítima foi sequestrada enquanto estava em se de uma ficção jurídica.


02

vigor a lei menos gravosa, mas no período em Ex.: Caso o agente pratique cinco crimes, porém
A
ST

que ficou sob o poder do agente entrou em vigor 41998


os quatro primeiros estavam sob a regência da
CO

lei mais gravosa, aplica-se a última. lei menos gravosa, enquanto que o quinto é
O

praticado na vigência da lei mais gravosa, aplica-


ND

se a última.
SE
RO

É possível a combinação de leis penais para favorecer o réu (lex tertia)?


CE
NI

1ª Corrente: Não é possível, pois o juiz, assim agindo, transforma-se em legislador, criando uma terceira lei.
DE

(Nelson Hungria). Prevalece no STF e STJ. Nesse sentido, a Súmula 501, STJ: “É cabível a aplicação retroativa
AU

da lei n. 11.343/06, desde que o resultado da incidência de suas disposições, na íntegra, seja mais favorável
L
70

ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.360/76, sendo vedada a combinação de leis”.
5 04
07

2ª Corrente: É possível, visando atender os princípios constitucionais da ultratividade e retroatividade


36

benéfica. Não se trata de criação, mas combinação de leis (Luiz Flávio Gomes). Se o juiz pode aplicar o “todo”
02

de uma lei ou de outra para favorecer o agente, ele pode escolher “parte” de uma e de outra para o mesmo
A
ST

fim. (Basileu Garcia).


CO
O

Embora prevaleça a 1ª Corrente nas Cortes Superiores, não se pode ignorar que o próprio STJ tem
ND

precedentes combinando leis. É o caso do art. 273 do CP e art. 33, Lei 11.343/06. Com alicerce no princípio
SE

da proporcionalidade o STJ entendeu pela substituição do preceito secundário do art. 273, CP pelo do art.
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
33, Lei 11.343/06 (AgRg no REsp 1509051/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado

02
41998

em 03/09/2019, DJe 10/09/2019).

STA
CO
Em contraponto, julgado mais recente do STF vedou essa aplicação, conforme se verifica no Tema 1003 (RE

DO
979962), cuja tese aprovada foi: “É inconstitucional a aplicação do preceito secundário do art. 273 do Código

EN
Penal, com redação dada pela Lei nº 9.677/98 (reclusão, de 10 a 15 anos, e multa), à hipótese prevista no

S
seu § 1º-B, I, que versa sobre a importação de medicamento sem registro no órgão de vigilância sanitária.

RO
Para esta situação específica, fica repristinado o preceito secundário do art. 273, na redação originária

CE
(reclusão, de 1 a 3 anos, e multa).” (aprovada em 24/03/2021).

NI
DE
2.4. Lei Excepcional e Temporária

AU
0L

47
Lei temporária: É aquela que tem prefixado no seu texto o tempo de sua vigência. Logo, possui prazo
determinado na lei. Ex.: Lei 12.663/12 (Lei da FIFA). 50
07
● Lei excepcional: É a que atende a transitórias necessidades estatais, tais como guerra, epidemias,
36
02

calamidades. Perdura por todo o tempo excepcional, que não é preestabelecido na lei. É editada em
A

função de algum evento transitório, sendo que perdura enquanto persistir o estado de emergência.
ST

41998
CO

Art. 3º, CP: A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua
O

duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato


ND

praticado durante sua vigência.


SE
RO

Características:
CE

. Autorrevogabilidade: Consideram-se revogadas assim que encerrado o prazo fixado (lei


NI
DE

temporária) ou cessada a situação de anormalidade (lei excepcional).


.
AU

Ultratividade: Os fatos praticados durante sua vigência continuam sendo punidos ainda que
L

revogadas as leis temporária ou excepcional.


70
04

ATENÇÃO! Estas leis NÃO se sujeitam aos efeitos da abolitio criminis, salvo se lei posterior for
5
07

expressa nesse sentido.


36
02

A alteração de complemento de norma penal em branco, retroage?


A
ST
CO

Segundo o STF, depende. Em se tratando de norma penal em branco homogênea (imprópria), cujo
O

complemento será outra lei, deve retroagir para beneficiar o réu.


ND

Já nos casos de norma penal em branco heterogênea, cuja complementação normalmente é feita por ato
SE

administrativo, só retroagirá caso o ato não se dê em situação de excepcionalidade, ou seja, se for proferido
RO

em situação de normalidade. Assim, temos as seguintes hipóteses:


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36
- Ato não visa proteger situação excepcional, ou seja, proferido em situações de normalidade: Há

02
retroatividade da lei penal benéfica, a exemplo da retirada do cloreto de etila da lista da Portaria da Anvisa

STA
que complementa a Lei de Drogas.

CO
- Ato que visa proteger situação excepcional: Não retroage. Por exemplo, portarias que fazem tabelamento

DO
de preços, para reger, por exemplo, crimes contra a ordem econômica. Nestas hipóteses, se não foi

EN
41998
obedecido o tabelamento daquela data, mas posteriormente houve a correção da tabela para um patamar

S
superior, não haverá a retroatividade da lei penal, vez que o que se buscava era tutelar aquela situação de

RO
caráter excepcional.

CE
NI
2.5. Lei Intermediária

DE
AU
Vamos exemplificar para ficar mais fácil.

0L
47
Fulano praticou um delito durante a vigência da Lei 1, que cominou para tal conduta a pena de 6 anos
50
de reclusão. Durante o processo, entra em vigor a Lei 2, modificando a respectiva pena para 3 anos. Por fim,
07
quando da sentença, já está em vigor a Lei 3, que pune a mesma conduta com 4 anos de reclusão.
36

Assim, podemos facilmente verificar que a lei mais benéfica a ele é a 2ª, certo? Porém, ela não estava
02

em vigor nem na data do fato, nem na data da sentença, sendo uma lei intermediária. E aí, será que ela pode
A
ST

ser aplicada? 41998


CO

Tanto a doutrina, como o STF entendem que SIM, é possível aplicar a lei intermediária, desde que
O

seja a mais benéfica entre as 3 na sua integralidade. E esta é uma lei possui duplo-efeito: retroatividade -
ND

retroage para alcançar o fato; e ultratividade - possui força para alcançar a sentença ou o julgamento.
SE
RO

3. LEI PENAL NO ESPAÇO


CE
NI

Eventualmente, um fato criminoso pode atingir os interesses de dois ou mais Estados igualmente
DE

soberanos. Assim, o estudo da lei penal no espaço visa a delimitar qual é o âmbito territorial de aplicação da
AU

lei penal brasileira.


L
70

Vetores fundamentais para essa definição:


04

● Territorialidade (art. 5º, CP): Aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos no
5
07

território brasileiro. REGRA GERAL.


36

● Extraterritorialidade (art. 7º, CP): Aplicação da lei penal brasileira aos crimes cometidos do
02

exterior. EXCEÇÃO.
A
ST

● Intraterritorialidade: Aplicação da lei estrangeira a crimes cometidos no Brasil. EXCEÇÃO.


CO

Ex.: imunidades diplomáticas.


O
ND

No ordenamento jurídico brasileiro, portanto, aplica-se a regra da TERRITORIALIDADE MITIGADA


SE

(RELATIVIZADA / TEMPERADA).
RO

Cuidado: De forma diversa, no processo penal é adotado o princípio da territorialidade absoluta.


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36
02
3.1. Princípios

STA
CO
● Princípio da Nacionalidade / Personalidade Ativa: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do agente,

DO
não importando o local do crime, a nacionalidade da vítima ou dos bens jurídicos lesados. Ou seja, a

EN
lei brasileira é aplicada
41998 em razão da nacionalidade do sujeito ativo - art. 7º, II, b, CP.

S

RO
Princípio da Nacionalidade / Personalidade Passiva: Aplica-se a lei penal da nacionalidade do sujeito
passivo. Ou seja, a lei brasileira é aplicada ao crime praticado por estrangeiro contra brasileiro - art.

CE
7º, § 3º, CP.

NI

DE
Princípio da Defesa Real / da Proteção / Real: Aplica-se a lei da nacionalidade do bem jurídico

AU
violado, não importando o local ou nacionalidade do agente. Ou seja, a lei brasileira é aplicada ao

0L
crime cometido fora do Brasil, que afete interesse nacional - art. 7º, I, a, b, c, CP.

47
● Princípio da Justiça Universal / Universalidade / Justiça Cosmopolita: O agente fica sujeito à lei do
50
país em que for capturado, não importa o local do crime, nem a nacionalidade do agente ou da
07

vítima. Este princípio está normalmente presente nos tratados internacionais de cooperação de
36
02

repressão a determinados delitos de alcance transnacional. É pautado no direito de todos os países


A

em punir qualquer crime - art. 7º, I, d e II, a, CP (obs.: em relação ao inciso I, d, existem autores que
ST

41998
dizem que se trata do princípio do domicílio, mas a doutrina majoritária entende como justiça
CO

universal).
O


ND

Princípio da Representação / da Bandeira / Subsidiário: A lei brasileira será aplicada aos crimes
SE

cometidos no estrangeiro em aeronaves e embarcações privadas brasileiras, desde que não sejam
RO

julgados no local do crime - art. 7º, II, c, CP.


CE

O que é o território nacional para fins de limite de aplicação da lei?


NI
DE
AU

Território é o espaço que o país exerce sua soberania política. O território brasileiro abrange a
L

superfície terrestre (solo e subsolo), as águas interiores, o mar territorial (12 milhas marítimas a partir da
70

baixa-mar do litoral continental e insular - Lei n° 8.617/93, art. 1°) e o espaço aéreo correspondente (teoria
04
5

da soberania sobre a coluna atmosférica). No caso de território neutro, aplica-se a lei do país do agente.
07

O conceito de território nacional abrange não apenas o espaço físico, mas, também, um espaço
36
02

jurídico por ficção, equiparação ou extensão, previsto no art. 5º, § 1º, CP.
A

Para aeronaves e navios:


ST

⋅ Se públicos ou a serviço do Brasil: considera-se território brasileiro onde quer que se encontre;
CO

⋅ Se privada ou mercante: somente se tiver em alto-mar (aplica-se a bandeira).


O
ND
SE

EMBARCAÇÕES E AERONAVES SERÁ APLICADA A LEI BRASILEIRA


RO
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36
Públicas ou a serviço do governo brasileiro. Quer se encontre em território nacional ou

02
TA
estrangeiro.

S
Mercantes ou particulares brasileiras. Se estiverem em alto-mar ou no espaço aéreo

CO
correspondente.

DO
Estrangeiras. Apenas quando privadas em território nacional.

S EN
OBS.1: Princípio da reciprocidade

RO
As embarcações e aeronaves estrangeiras, de natureza pública ou a serviço do governo estrangeiro,

CE
são consideradas extensão do território estrangeiro, mesmo se estiverem em território brasileiro.

NI
DE
AU
OBS.2: Embaixada é território nacional. NÃO é extensão do território que representa. No entanto, é

0L
inviolável.

47
3.2. Extraterritorialidade 50
07
36
02

É a aplicação da lei brasileira ao CRIME praticado no estrangeiro.


A

41998
ATENÇÃO! Não se aplica a lei brasileira às CONTRAVENÇÕES PENAIS praticadas no exterior (art. 2°,
ST

41998
DL 3.688/41).
CO

A extraterritorialidade pode ser:


O
ND

A) INCONDICIONADA: A simples prática do crime no exterior já autoriza a incidência da lei brasileira,


SE
RO

independentemente de qualquer requisito. As hipóteses estão previstas no art. 7°, I, CP:


● Crimes praticados contra a vida ou a liberdade do Presidente da República (ATENÇÃO! NÃO é honra,
CE

ou patrimônio. É apenas vida ou liberdade do PR);


NI
DE

∘ Princípio da defesa real ou proteção.


AU

● Crimes contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território,


L

de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída


70

pelo Poder Público;


04
5

∘ Princípio da defesa real ou proteção.


07
36
02

Caiu em prova Delegado ES/2019! João Carlos, 30 anos, brasileiro, com residência transitória na Argentina,
A

aproveitando-se da aquisição de material descartado por uma indústria gráfica falida, passou a fabricar
ST

moeda brasileira em território argentino. Para garantir a diversidade da moeda falsificada, João imprimia
CO

notas de 50 e de 100 reais. Ao entrar em território brasileiro João foi revistado por policiais que encontraram
as notas falsificadas em meio a sua bagagem. João foi acusado da prática do crime previsto no artigo 289 do
O

Código Penal.
ND
SE

● Crimes praticados contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
RO
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36
∘ Princípio da defesa real ou proteção.

02

TA
Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil.

S
∘ Princípios: cosmopolita ou universalidade (genocídio), personalidade ativa (agente

CO
brasileiro), domicílio (domiciliado no Brasil).

DO
EN
A Lei de Tortura prevê mais uma hipótese de extraterritorialidade incondicionada: Art. 2°, Lei

S
9.455/97: (...) o disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido no território

RO
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

CE
NI
DE
B) CONDICIONADA: Admissível nos crimes previstos no art. 7°, II, CP. É preciso respeitar as condições

AU
cumulativas previstas no Código Penal.

0L
Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;

47
∘ Princípio da justiça universal.
● Crimes praticados por brasileiro; 50
07
∘ Princípio da personalidade / nacionalidade ativa.
36


02

Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade


A

privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.


ST

∘ Princípio da representação / bandeira 41998


/ pavilhão.
CO
O
ND

CONDIÇÕES (CUMULATIVAS):
SE

a) entrar o agente no território nacional;


RO

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (PRINCÍPIO DA DUPLA TIPICIDADE)
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
CE

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
NI
DE

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a
AU

punibilidade, segundo a lei mais favorável.


L
70

C) HIPERCONDICIONADA: Conforme previsão no art. 7°, §3°, CP, a lei brasileira aplica-se também ao
504

crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil - princípio da personalidade passiva -, se,
07

além de reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:


36
02

a) não tiver sido pedida ou foi negada a extradição;


A

b) ter havido requisição do Ministro da Justiça.


ST

Parte da doutrina chama esse parágrafo de territorialidade hipercondicionada, tendo em vista que
CO

além das condições previstas para a modalidade condicionada, precisa preencher uma dessas outras duas.
O
ND

41998

COMPETÊNCIA
SE
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
Via de regra, a competência para julgar o indivíduo que praticou o crime fora do território nacional,

02
mas que está sujeito à aplicação da lei brasileira, será da Justiça Estadual. Contudo, excepcionalmente, se

STA
estiver presente alguma das hipóteses do art. 109 da Constituição Federal, a competência será da Justiça

CO
Federal.

DO
Vale também a leitura do art. 88 do CPP, que determina que: No processo por crimes praticados fora

EN
do território brasileiro, será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último residido o

S
acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será competente o juízo da Capital da República.

RO
Ainda, conforme o art. 8º, do CP, a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil

CE
pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Sobre o tema, a jurisprudência:

NI
DE
O agente não pode responder a ação penal no Brasil se já foi processado

AU
criminalmente, pelos mesmos fatos, em um Estado estrangeiro

0L
47
O art. 5º do Código Penal afirma que a lei brasileira se aplica ao crime cometido no
50
território nacional, mas ressalva aquilo que for previsto em “convenções, tratados
07
e regras de direito internacional”. A Convenção Americana de Direitos Humanos
36

(CADH) e o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP) proíbem de


02

forma expressa a dupla persecução penal pelos mesmos fatos. Desse modo, o art.
A
ST

8º do CP deve ser lido em 41998


conformidade com os preceitos convencionais e a
CO

jurisprudência da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), vedando-se


O

a dupla persecução penal por idênticos fatos. Vale, por fim, fazer um importante
ND

alerta: a proibição de dupla persecução penal em âmbito internacional deve ser


SE

ponderada com a soberania dos Estados e com as obrigações processuais positivas


RO

impostas pela CIDH. Isso significa que, se ficar demonstrado que o Estado que
CE

“processou” o autor do fato violou os deveres de investigação e de persecução


NI

efetiva, o julgamento realizado no país estrangeiro pode ser considerado ilegítimo.


DE

Portanto, se houver a devida comprovação de que o julgamento em outro país


AU

sobre os mesmos fatos não se realizou de modo justo e legítimo, desrespeitando


L
70

obrigações processuais positivas, a vedação de dupla persecução pode ser


04

eventualmente ponderada para complementação em persecução interna. STF. 2ª


5
07

Turma. HC 171118/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 12/11/2019 (Info 959).
36
02

3.3. Lugar Do Crime


41998
A
ST
CO

Pelo art. 6º, CP, adota-se a teoria da ubiquidade ou mista:


O
ND

Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,


SE

no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o


RO

resultado. (Aplica-se a crimes à distância).


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36
02
OBS.1: Lugar do delito x Locus comissi delicti

STA
Cuidado para não confundir o lugar do delito para o Código Penal (teoria da ubiquidade) com locus

CO
comissi deliciti para o código de Processo Penal (teoria do resultado):

DO
● Lugar do delito: serve para os crimes à distância (crimes que perpassam mais de um país).

EN
. Tema de direito penal (art. 6º, CP);

S
. Adota a Teoria da Ubiquidade.

RO
● Locus comissi delicti: lugar onde se consuma o crime.

CE
. Tema de direito processual penal (art. 70, CPP);

NI
DE
. Adota a Teoria do Resultado.

AU
0L
OBS.2: Crime à distância x Crime plurilocal

47
● Crime à distância (espaço máximo): percorre territórios de dois Estados soberanos. Envolve
50
conflito internacional de jurisdição que se resolve com base no art. 6º, CP (teoria da
07

ubiquidade).
36
02

● Crime plurilocal: Percorre pluralidade de locais de um mesmo Estado Soberano. Aplica-se o


A

art. 70, do CPP (teoria do resultado).


ST

41998
CO

#DICA DD: De acordo com o CP, o crime cometido dentro do território nacional a bordo de navio que apenas
O
ND

passava pelo mar territorial brasileiro aplica-se a lei nacional, porque o crime tocou o nosso território.
SE

Atualmente, aplica-se a chamada PASSAGEM INOCENTE, dispondo que quando um navio passa no território
RO

nacional somente como passagem necessária para chegar ao seu destino, não há necessidade de autorização
do Governo Brasileiro para tanto, hipótese em que NÃO se aplica a lei brasileira. A passagem inocente
CE

somente se refere a navio, segundo Rogério Sanches os aviões não desfrutam da passagem inocente (art. 3º
NI
DE

da Lei nº 8.617/93).
AU
L

4. EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS (IMUNIDADES)


70
504

4.1 Introdução
07
36
02

Vejamos o artigo 5º, caput e inciso I, CF:


A
ST

Art. 5º, CF - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
CO

41998

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade


O
ND

do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos


seguintes:
SE
RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta

02
Constituição;

TA
S
CO
Imunidade diplomática/parlamentar x Artigo 5º, caput, e inciso I, da CF:

DO
Nesse ponto, deve-se analisar que a isonomia garantida constitucionalmente é substancial,

EN
permitindo tratar os desiguais de forma desigual, na medida de sua desigualdade. Além disso, a imunidade

S
leva em conta dados objetivos e não subjetivos do agente, haja vista que a imunidade é uma prerrogativa

RO
funcional, e não um privilégio da pessoa. Nesse sentido, é possível dizer que a lei penal se aplica a todos,

CE
nacionais ou estrangeiros, por igual, não existindo privilégios pessoais.

NI
Há, no entanto, pessoas que, em virtude de suas funções, ou em razão de regras internacionais,

DE
desfrutam de imunidades. Logo, longe de ser uma garantia pessoal, trata-se de necessária PRERROGATIVA

AU
FUNCIONAL, proteção ao cargo ou função desempenhada pelo seu titular. Por isso, a doutrina entende que

0L
47
NÃO se deve falar em “foro privilegiado”, mas sim em “foro por prerrogativa de função”.
50
07
PRIVILÉGIO PRERROGATIVA
36

É uma exceção da lei comum deduzida da É o conjunto de precauções que rodeiam a função.
02

41998

situação de superioridade das pessoas que a Servem para o exercício da função.


A
ST

desfrutam. O privilégio trabalha com a ideia de 41998


CO

que há pessoas superiores a outras.


O

É subjetivo e anterior à lei. É objetiva e deriva da lei.


ND

Tem uma essência pessoal. É um anexo à qualidade do órgão.


SE

É poder frente à lei. É conduto para que a lei se cumpra.


RO

É próprio da aristocracia das ordens sociais É próprio das aristocracias das instituições
CE

(nobreza, clero). governamentais.


NI
DE
AU

4.2 Imunidades Diplomáticas


L
70

São imunidades de direito público internacional de que desfrutam:


504
07

i. Chefes de governo ou de Estado estrangeiro, sua família e membros de sua comitiva;


36

ii. Embaixador e sua família;


02
A

iii. Funcionários do corpo diplomático e suas respectivas famílias;


ST

iv. Funcionários das organizações internacionais, quando em serviço (ex. funcionários da ONU).
CO
O

A imunidade diplomática garante o que? O diplomata deve obediência à nossa lei?


ND

Por força da característica da generalidade da lei penal, os agentes diplomáticos devem obediência
SE

ao preceito primário do país em que se encontram. Escapam, no entanto, da sua competência jurídica, ou
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36
seja, da punição (preceito secundário), permanecendo sob a eficácia da lei penal do Estado a que pertencem

02
(INTRATERRITORIALIDADE).

TA
S
Primeiramente, é importante observar que a lei penal é formada pelo preceito primário (que possui

CO
o conteúdo criminoso) e pelo preceito secundário (que traz a consequência jurídica, a sanção penal).

DO
Então, o diplomata que mata alguém comete crime sim. O que fica diferente é a consequência

EN
jurídica.

S
E se no país de origem da diplomata não houver punição? Haverá, então, um conflito de direito

RO
internacional, que, ao ser resolvido pelas imunidades, pode levar ao fato de o diplomata não ser punido.

CE
OBS.: Por disposição expressa, o agente diplomático NÃO poderá ser objeto de nenhuma forma de

NI
detenção ou prisão. Veja o art. 29 do Decreto 56.435: A pessoa do agente diplomático é inviolável. Não

DE
poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão. O Estado acreditado tratá-lo-á com o devido

AU
respeito e adotará todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade ou

0L
47
dignidade.
50
Note, ainda, que esta inviolabilidade a que estão sujeitos se estende à sua residência particular,
07
documentos, correspondências e bens (art. 30, Decreto 56.435).
36

OBS.: A imunidade diplomática NÃO impede a investigação policial!


02
A
ST

Qual a natureza jurídica da imunidade diplomática?


41998 Existem duas correntes discutindo esse assunto.
CO

1ª Corrente (majoritária): causa pessoal de isenção de pena.


O

2ª Corrente: causa impeditiva de punibilidade.


ND
SE

É possível renunciar à imunidade?


RO

O diplomata NÃO pode renunciar à sua imunidade, pois é uma prerrogativa do cargo. Contudo, o
CE

país de origem pode renunciar a imunidade do seu diplomata.


NI

Ex. caso nos EUA em que um diplomata da Geórgia dirigindo embriagado atropelou a brasileira. O
DE

país renunciou a imunidade do diplomata e ele respondeu de acordo com uma lei americana.
AU

Em resumo: A imunidade é irrenunciável. É vedado ao seu destinatário abdicar da prerrogativa (pois


L
70

esta é do cargo e não da pessoa). Poderá haver renúncia por parte do Estado de origem, ficando o diplomata
04

sujeito à lei do país em que ocorreu o crime (art. 32, Dec. 56.435/65).
5
07
36

Os agentes consulares desfrutam de imunidade?


02

O agente consular possui imunidade somente nos delitos praticados em razão da função, NÃO
A
ST

abrangendo os crimes praticados fora da função.


CO

41998
O

EMBAIXADOR AGENTE CONSULAR


ND
SE
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Possui imunidade: Possui imunidade somente nos delitos

02
TA
a) Nos crimes comuns; praticados em razão da função.

S
b) Nos crimes praticados em razão da

CO
função.

DO
EN
A embaixada é extensão do território que representa?

S
RO
Quanto à territorialidade das embaixadas, mesmo havendo divergências entre alguns doutrinadores,
decidiu o STF que as mesmas NÃO FAZEM parte do território do país que representam, tendo em vista que

CE
as sedes diplomáticas, de acordo com a Convenção de Viena, possuem apenas inviolabilidade. Então, a

NI
DE
embaixada não é extensão do território, mas é inviolável. Diante disso, para se cumprir a lei do país no

AU
interior da embaixada, deve primeiro se passar pelas regras de direito internacional, NÃO se podendo

0L
cumprir a lei do país nem mesmo se houver mandado judicial, ou flagrante delito.

47
4.3 Imunidades Parlamentares 50
07
36

41998
02

4.3.1 Imunidade Parlamentar Absoluta / Material / Real / Substancial ou Inviolabilidade / Indenidade


A
ST

Art. 53, caput, CF - Os


41998
Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
CO

penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.


O
ND

Há diversas correntes acerca da natureza jurídica da imunidade parlamentar absoluta:


SE
RO

1ª Corrente: É causa excludente de crime (Pontes de Miranda).


2ª Corrente: É causa que se opõe à formação do crime (Basileu Garcia).
CE

3ª Corrente: É causa pessoal de exclusão de pena (Aníbal Bruno).


NI
DE

4ª Corrente: É causa de irresponsabilidade (Magalhães Noronha).


AU

5ª Corrente: É incapacidade pessoal penal por razões políticas (Frederico Marques).


L

6ª Corrente: É causa de atipicidade (Luis Flávio Gomes e STF).


70
04

Súmula 245, STF: A imunidade parlamentar não se estende ao co-réu sem essa
5
07

prerrogativa.
36
02
A

ATENÇÃO! A súmula só se aplica no caso de imunidade parlamentar relativa (NÃO se aplica para a imunidade
ST

parlamentar absoluta).
CO
O
ND

A imunidade só se aplica quando verificado o nexo causal com o exercício da função parlamentar.
SE

OBS.: Segundo a jurisprudência dominante, nas dependências do parlamento, o nexo causal é


RO

presumido. Fora das dependências do parlamento, o nexo deve ser comprovado. Logo, os deputados e
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senadores não são imunes somente nas dependências do parlamento. São imunes dentro e fora do

02
parlamento. Ocorre que, dentro do parlamento, o nexo causal entre a prática do delito e o exercício da

STA
função é presumido (facilitando a incidência da imunidade) e fora do parlamento, esse nexo deve ser

CO
comprovado.

DO
Não obstante, há jurisprudência do STF na qual foi afastada a incidência da imunidade por fato

EN
ocorrido na Casa Legislativa. Isso porque a 1ª Turma salientou que o fato de o parlamentar estar na Casa

S
legislativa no momento em que proferiu as declarações não afasta a possibilidade de cometimento de crimes

RO
contra a honra, nos casos em que as ofensas são divulgadas pelo próprio parlamentar na Internet:

CE
NI
O Parlamento é o local por excelência para o livre mercado de ideias – não para o

DE
livre mercado de ofensas. A liberdade de expressão política dos parlamentares,

AU
ainda que vigorosa, deve se manter nos limites da civilidade. Ninguém pode se

0L
47
escudar na inviolabilidade parlamentar para, sem vinculação com a função, agredir
50
a dignidade alheia ou difundir discursos de ódio, violência e discriminação. PET
07
7174/DF, rel. Min. Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio,
36

julgamento em 10.3.2020. (PET-7174)


02
A
ST

4.3.2 Imunidade Parlamentar Relativa / Formal 41998


41998
CO
O

Art.53, §2º, CF - Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional


ND

não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os
SE

autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que,
RO

pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão. (Redação dada pela
CE

EC nº 35, de 2001)
NI
DE

O termo inicial dessa imunidade é desde a expedição do diploma e a garantia por ela prevista é a de
AU

que o parlamentar só pode ser preso em flagrante delito de crime inafiançável. Em todos os demais casos,
L
70

NÃO é cabível a prisão, pois incide a imunidade!


04

No caso de flagrante em crime inafiançável, a Casa Legislativa faz um juízo político da prisão. O juízo
5
07

NÃO é jurídico, mas político, ou seja, conforme a conveniência e oportunidade de se manter o parlamentar
36

preso.
02
A
ST

4.3.3 Imunidade relativa ao processo


CO
O

Art.53, CF, §3º - Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime
ND

ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa


SE

respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto
RO
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36
da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da

02
ação. (Redação pela EC nº 35, de 2001)

TA
S
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo

CO
improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.

DO
(Redação pela EC nº 35, de 2001)

EN
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.

S
(Redação pela EC nº 35, de 2001)

RO
CE
A garantia funcional consiste no fato de a Casa Legislativa respectiva (Câmara ou Senado) poder

NI
sustar o andamento do processo, o que também suspende a prescrição.

DE
Cuidado: A imunidade NÃO impede a instauração de Inquérito Policial e nem a realização de

AU
investigação penal (STF).

0L
47
4.3.4 Imunidade relativa à condição de testemunha 50
07
36

Art.53, §6º, CF - Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar


02

sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem


A

41998
ST

sobre as pessoas que lhes confiaram


41998 ou deles receberam informações. (Redação
CO

dada pela EC nº 35, de 2001)


O
ND

Os deputados e senadores, quando arrolados, são obrigados a servir como testemunha. Eles prestam
SE

o compromisso de dizer a verdade. Contudo, NÃO estão obrigados a testemunhar sobre as informações
RO

recebidas ou prestadas em razão do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam
CE

as informações.
NI

Ressalta-se que os Congressistas serão inquiridos em local, dia e hora previamente ajustados entre
DE

eles e o juiz, nos termos do art.221, do CPP.


LAU
70

Art. 221, CPP - O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e


04

deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de Estados e


5
07

Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito Federal e dos


36

Municípios, os deputados às Assembleias Legislativas Estaduais, os membros do


02

Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Tribunais de Contas da União, dos


A
ST

Estados, do Distrito Federal, bem como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos


CO

em local, dia e hora previamente ajustados entre eles e o juiz.


O
ND

OBS.1: O parlamentar indiciado (sujeito à investigação policial) NÃO tem a prerrogativa a que se
SE

refere o art. 221, do CPP. Essa prerrogativa é apenas para testemunha.


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
OBS.2: O STF, na AP 421, mitigou a prerrogativa do art.221, do CPP, pois utilizada para procrastinar

02
41998
intencionalmente o regular andamento e desfecho do processo (caso concreto: o parlamentar ficou

STA
marcando e desmarcando o horário e data da inquirição, então, o juiz designou dia e horário e determinou a

CO
inquirição no dia e horário e local por ele determinados).

DO
EN
4.3.5 Imunidades dos Parlamentares dos Estados (Deputados Estaduais)

S
RO
Art. 27, §1º, da CF: Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais,

CE
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,

NI
inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato, licença,

DE
impedimentos e incorporação às Forças Armadas.

AU
0L
47
Os parlamentares dos Estados possuem as mesmas imunidades dos deputados federais, em razão do
princípio da simetria. Vejamos o entendimento do STF sobre o tema: 50
07
36

Deputados Estaduais gozam das mesmas imunidades formais previstas para os


02

parlamentares federais no art. 53 da CF/88. A leitura da Constituição da República


A
ST

revela, sob os ângulos literal41998


e sistemático, que os Deputados Estaduais também
CO

têm direito às imunidades formal e material e à inviolabilidade que foram


O

conferidas pelo constituinte aos congressistas (membros do Congresso Nacional).


ND

Isso porque tais imunidades foram expressamente estendidas aos Deputados pelo
SE

§ 1º do art. 27 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5823 MC/RN, ADI 5824 MC/RJ e ADI
RO

5825 MC/MT, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgados
CE

em 8/5/2019 (Info 939).


NI
DE

4.3.6 Imunidades dos Parlamentares dos Municípios (Vereadores)


AU
L
70

Os vereadores só possuem imunidade material, limitada aos atos praticados no exercício do


04

mandato e dentro da circunscrição do município. Então, essa é uma imunidade material limitada. Os
5
07

vereadores NÃO possuem imunidade formal ou relativa.


36
02

Cabe prisão cível alimentícia contra Congressista devedor de alimentos?


A
ST
CO

Há três correntes:
O

1ª Corrente: A imunidade abarca qualquer ato de privação da liberdade (Gilmar Mendes).


ND

2ª Corrente: Há que se fazer distinção entre a natureza provisória dos alimentos e definitiva, cabendo a prisão
SE

somente para o último caso tendo em vista que, quanto aos provisórios, ainda não se exauriu a prova
RO

(Rogério Sanhes).
E
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36
41998

3ª Corrente: Cabível a prisão cível por dívida de alimentos independente da natureza observando o interesse

02
do alimentando (Novelino).

STA
CO
5. EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA

DO
EN
Dispõe o art. 9º, do CP: A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie

S
as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:

RO
CE
Obrigar o condenado à:

NI

DE
I- Reparação de danos civis; Depende de requerimento da parte interessada

AU
● Restituições;

0L
● Outros efeitos civis.

47
II - ● Sujeitar o condenado à medida Depende da existência de tratado de extradição entre o BR
de segurança.
50
e o país de origem OU requisição do MJ.
07
36

OBS.: Efeitos incondicionados


02

● Reincidência; INDEPENDEM de homologação.


A


ST

Detração.
41998
CO

Em regra, a sentença estrangeira NÃO precisa ser homologada no Brasil para gerar efeitos, bastando
O
ND

prova legal da existência de condenação. No entanto, a sentença estrangeira necessita ser homologada no
SE

Brasil pelo STJ (art. 105, I, “i”, da CF/88) para gerar:


RO

● Efeitos civis, a exemplo da reparação de danos, dependendo, ainda, de pedido da parte interessada;
CE

● Sujeição à medida de segurança:


NI

∘ Se existir tratado de extradição: mediante requisição do PGR;


DE

∘ Se inexistir tratado de extradição: mediante requisição do Ministro de Justiça.


LAU
70

ATENÇÃO! A súmula 420 do STF diz o seguinte: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro
04

sem prova do trânsito em julgado”. Porém, com a entrada em vigor do CPC/2015, que trouxe previsão dos
5
07

requisitos para a homologação da sentença estrangeira, foi tacitamente revogado o art. 216-D, III, do RISTJ,
36

que exigia o trânsito em julgado. Agora, basta apenas que ela seja eficaz em seu país de origem. (Info 626
02

do STJ).
A
ST
CO

6. CONTAGEM DO PRAZO E FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA


O
ND

Contagem de prazo
SE

Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os


RO

meses e os anos pelo calendário comum.


E
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
02
Ao contrário dos prazos processuais, os prazos penais são improrrogáveis e, na sua contagem, o dia

S TA
de início se inclui no cálculo.

CO
DO
Frações não computáveis da pena

EN
Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de

S
direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.

RO
CE
41998
7. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL

NI
DE
Interpretar é identificar a vontade da lei, definir seu conteúdo, seu significado, seu alcance.

AU
Na atividade interpretativa deve-se buscar sempre a mens legis, ou seja, a vontade da lei e não a

0L
47
mens legislatoris, que é a vontade do legislador.
É de cunho obrigatório, ainda que a lei pareça clara. 50
07
36

7.1 Espécies de Interpretação


02
A
ST

A) QUANTO AO SUJEITO (ORIGEM): 41998


CO
O

● Autêntica / Legislativa: Dada pela própria lei, ou seja, realizada pelo legislador, que edita uma lei
ND

com a finalidade de explicar o significado de outra norma. É de aplicação obrigatória e RETROAGE,


SE

mesmo que em prejuízo do réu, vez que não cria novo crime ou comina pena, apenas interpreta (só
RO

não se aplica fatos transitados em julgado). Ex.: art. 327 do CP - conceito de funcionário público.
CE

Divide-se em contextual (quando a norma interpretativa é editada no momento da norma


NI

interpretada) e posterior (quando é criada depois da norma interpretada).


DE


AU

Doutrinária / Científica: Dada pelos estudiosos, doutrinadores do direito penal. Ex.: exposição de
L

motivos do Código Penal, vez que dada pelos doutrinadores que elaboraram o projeto. (OBS.: a do
70

CPP é autêntica).
04

● Judicial / Jurisprudencial: Realizada pelos magistrados na decisão das causas que lhes são
5
07

submetidas ou fruto das decisões reiteradas dos tribunais, como regra não vinculantes. Exceção (são
36

vinculantes): sentença de caso concreto após o trânsito em julgado e súmulas vinculantes editadas
02
A

pelo STF.
ST
CO

B) QUANTO AO MODO ou MEIOS E MÉTODOS:


O

● Literal / Gramatical: Considera o sentido literal das palavras.


ND

● Teleológica: Considera à vontade ou intenção objetivada na lei, sua finalidade, utilizando-se de vários
SE
RO

elementos (é a sugerida pelo artigo 5º da LINDB).


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AU
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0L
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36

02
Histórica: Busca a origem da lei, o fundamento de sua criação.

TA
Sistemática: Conjunto da legislação e dos princípios gerais de direito, sistema em que a norma está

S
inserida como um todo.

CO
● Progressiva: A lei é interpretada de acordo com o progresso da ciência que está progredindo.

DO
EN
C) QUANTO AO RESULTADO:

S

RO
Declarativa: A letra da lei corresponde aquilo que o legislador quis dizer.
● Extensiva: Amplia o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto.

CE
NI
Corrige a lei tímida, visto que ela disse menos do que gostaria.

DE
● Restritiva: Reduz o alcance das palavras da lei para corresponder ao alcance/vontade do texto. A lei

AU
disse mais do que desejava.

0L
● Progressiva / Adaptativa / Evolutiva: Busca amoldar a lei à realidade atual, de acordo com os

47
progressos da cultura, da sociedade, da tecnologia, das ciências etc. O fundamento está no princípio
dinâmico.
50
07
36

OBS.: A interpretação progressiva decorre de um modelo mais recente de interpretação,


41998
02

desvinculado da Escola da Exegese, fundada em um raciocínio puramente silogista, mas valendo de uma
A

abertura do sistema jurídico e uso de recursos axiológicos.


ST

41998
CO

7.2. Interpretação Extensiva X Interpretação Analógica X Analogia


O
ND
SE

● Interpretação Extensiva: Existe norma para o caso concreto, mas amplia o alcance da norma,
RO

podendo ser feita até mesmo in malam partem.


CE

Ex.: antigo art. 157, §2º, II, CP, hoje revogado, que utilizava o termo “arma” e a interpretação era de
NI

que qualquer arma estaria abarcada.


DE
AU

ATENÇÃO! Esse entendimento, embora prevaleça em parte da doutrina, encontra precedente em


L

sentido contrário no STJ, entendendo pela proibição da interpretação extensiva in malam partem.
70
504

STJ entende que em direito penal, não é permitida a interpretação extensiva para
07
36

prejudicar o réu, impondo-se a integração da norma mediante a analogia in bonam


02

partem, devendo a lei penal ser interpretada restritivamente quando prejudicial ao


A

réu e extensivamente quando a ele favorável. (EDcl no AgRg no HC 651.765/SP, Rel.


ST
CO

Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUINTA TURMA, julgado em 07/12/2021,


DJe 14/12/2021).
O
ND
SE
RO
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36

02
Interpretação Analógica: Existe norma para o caso, mas o legislador previu uma fórmula casuística

TA
seguida de uma genérica, permitindo ao juiz encontrar outros casos similares. Também pode ser in

S
malam partem

CO
Ex.: art. 121, §2º, I, CP.

DO
“Paga, promessa de recompensa” – fórmula casuística

EN
“Ou outro motivo torpe” – fórmula genérica

S
As duas opções citadas acima, são FORMAS DE INTERPRETAÇÃO.

RO
CE
Analogia: NÃO existe norma para o caso concreto, e o juiz aplica a lei prevista para outro caso quando

NI
DE
verificada lacuna legislativa. Não é forma de interpretação, é FORMA DE INTEGRAÇÃO, de suprir

AU
lacunas. Só é possível em benefício do réu.

0L
47
Características:
∘ Não é forma de interpretação, mas de integração; 50
07
∘ Pressupõe lacuna;
36

∘ Parte-se do pressuposto de que não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo
02

pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar.
A
ST

41998
CO

Pressupostos para aplicar a analogia:


O

∘ Certeza de que sua aplicação é favorável ao réu (analogia in bonan partem);


ND

∘ Existência de uma efetiva lacuna legal a ser preenchida.


SE
RO

Para finalizar o assunto, vamos a uma tabelinha excelente para revisão, elaborada pelo professor
CE

Rogério Sanches.
NI
DE

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA ANALOGIA


LAU

É forma de interpretação É forma de interpretação É forma de integração do direito.


70

Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o caso
04

concreto. 41998
concreto. concreto.
5
07

Amplia-se o alcance da palavra Utilizam-se exemplos seguidos de Cria-se uma nova norma a partir de
36

(não importa no surgimento de uma forma genérica para alcançar outra (analogia legis) ou do todo do
02

uma nova norma). outras hipóteses. ordenamento jurídico (analogia iuris)


A
ST

Prevalece ser possível sua É possível sua aplicação no Direito É possível sua aplicação no Direito
CO

aplicação no Direito Penal in Penal in bonam ou in malam Penal somente in bonam partem.
O

bonam ou in malam partem. (STJ partem.


ND

já entendeu que não pode in


SE

malam partem)
RO
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0L
47
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36
Ex.: a antiga expressão “arma” no Ex.: Homicídio mediante paga ou Ex.: isenção de pena, prevista nos

02
TA
crime de roubo majorado (art. promessa de recompensa, ou por crimes contra o patrimônio, para

S
157, §2º, II, CP – hoje revogado). outro motivo torpe (art. 121, §2º, cônjuge e, analogicamente, para o

CO
I, III e IV do CP) companheiro (art. 181, I do CP).

DO
EN
8. CONFLITO APARENTE DE NORMAS

S
RO
Verifica-se quando há um só fato e, aparentemente, duas ou mais normas vigentes são aplicáveis a

CE
ele. ATENÇÃO! Trata-se de tema com alta incidência em provas.

NI
DE
AU
a) Requisitos:

0L
Unidade de fato (fato único);

47
● Pluralidade de normas;
● Vigência simultânea de todas elas. 50
07
36
02

Cuidado: Aqui NÃO se trata de sucessão de leis penais no tempo, mas de duas leis penais que estão em vigor
A

simultaneamente. Se NÃO estão vigentes, aí sim o assunto é o conflito de leis penais no tempo, que se
ST

resolverá, em regra, pela posterioridade; e, excepcionalmente,


41998
pela lei penal mais benéfica (art. 4º do CP).
CO
O
ND

b) Princípios Orientadores:
SE


RO

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE:
Como explica Cleber Masson, há subsidiariedade entre duas leis penais quando ambas tratam de
CE

estágios ou graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, de forma que a ofensa mais ampla e dotada
NI
DE

de maior gravidade, descrita pela lei primária, engloba a menos ampla, contida na subsidiária, ficando a
AU

aplicabilidade desta condicionada à não incidência da outra.


L

A norma subsidiária só se aplica quando não houver subsunção do fato à norma mais grave, que é a
70

norma principal, devendo então ser aplicada a norma subsidiária, que segundo Hungria funciona como
04
5

“soldado de reserva”.
07

A subsidiariedade pode ser:


36
02

∘ Expressa: Ocorre quando o próprio tipo penal traz a fórmula “se não houver crime mais
A

grave”, como por exemplo, temos o crime de dano qualificado, previsto no art. 163, p. único,
ST

II do CP (...) “se o crime é cometido com emprego de substância inflamável ou explosiva, se


CO

o fato não constitui crime mais grave”.


O

∘ Tácita: Ocorre quando o tipo penal não traz a fórmula, mas é possível perceber o caráter de
ND

subsidiariedade da norma. Ex.: roubo e furto, a depender de haver ou não a violência ou


SE
RO

grave ameaça.
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02
ATENÇÃO: No contexto da incidência do princípio da subsidiariedade o delito menos grave funcionará como

S TA
CRIME DE PASSAGEM ou TIPO PENAL DE PASSAGEM.

CO
DO
Crime de Passagem ou Ubi Major Mino Cessati: O delito de menor gravidade é subsidiário diante de um

EN
delito de maior gravidade. É o crime que eu pratico quando quero praticar um crime mais grave.

S
RO
Ex.: Crime de dano é subsidiário ao crime de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo. Ora, para o

CE
indivíduo praticar o furto pelo rompimento de obstáculo, ele necessariamente tem que praticar um dano.

NI
Assim, o dano é um elemento qualificador da figura típica do furto qualificado. Pelo princípio da

DE
subsidiariedade, o indivíduo responde apenas pelo furto qualificado. Se, eventualmente faltar uma

AU
elementar para o crime de furto, há o soldado de reserva: crime de dano.

0L
47
● PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE: 50
07
A lei especial derroga a lei geral. O princípio da especialidade é de utilização obrigatória e prevalece
36

sobre os demais. Destaque-se que se exclui a aplicação da lei geral no caso concreto, mas não há revogação.
02

É a soma dos elementos da lei geral com elementos especializantes. Pode estar no mesmo diploma
A
ST

legislativo ou diversos.
41998 Ex.: homicídio e infanticídio; omissão
41998 de socorro do CP e omissão de socorro de idoso
CO

e vários outros.
O
ND

ATENÇÃO! O princípio da especialidade é o único que se aplica sempre de maneira abstrata. Ou seja: a
SE

comparação entre a norma geral e a norma especial é feita no plano abstrato. Todos os outros princípios
RO

são aplicados em concreto (comparação em concreto)


CE
NI

● PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO:
DE
AU

Verifica-se quando o crime previsto por uma norma (consumida) não passa de uma fase de realização
L

do crime previsto em outra norma (consuntiva) ou é uma norma de transição para o último (crime
70

progressivo). A consunção pressupõe que esses crimes protejam o mesmo bem jurídico. Aplica-se às
04

seguintes hipóteses:
5
07

∘ Crime progressivo: Quando o agente, para alcançar um resultado ou crime mais grave,
36

precisa passar por um crime menos grave. Ex.: Para o homicídio, passa-se pela lesão corporal.
02

∘ Progressão criminosa: Há alteração do dolo. O agente pretende inicialmente produzir um


A
ST

resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia outra
CO

conduta, produzindo um evento mais grave. É uma nova vontade que surge na execução. O
O

fato inicial fica absorvido só respondendo pelo último.


ND

∘ Fato anterior impunível (ante factum impunível): São fatos anteriores que estão na linha de
SE

desdobramento da ofensa mais grave. A diferença é que no crime progressivo o crime


RO

anterior era obrigatório; aqui o crime anterior (meio) foi o escolhido dentre os possíveis. Ex.:
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36
Súmula 17, STJ: “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é

02
por este absorvido”. O agente pratica falsidade documental, visando cometer um

STA
estelionato. A falsidade foi um crime-meio para prática do estelionato, desse modo, é um

CO
ante factum impunível.

DO
∘ Fato simultâneo impunível: Também chamado de concomitante impunível, é aquele

EN
41998
praticado no mesmo momento em que é praticado o fato principal. Ex.: estupro em via

S
pública (o ato obsceno é um meio para prática do estupro).

RO
∘ Fato posterior impunível (post factum impunível): O fato posterior impunível retrata o

CE
exaurimento do crime principal praticado pelo agente, por ele não podendo ser punido. Aqui

NI
se absorve o crime praticado, após exaurido o crime querido. Ex.: falsificação de documento

DE
e uso de documento falso – quando praticados pelo mesmo agente, ele só responde pela

AU
falsificação.

0L
47
50
Hipóteses casuísticas de incidência do princípio da consunção ou absorção:
07
(1): O crime consumado (delito perfeito) absorve o crime tentado (delito imperfeito).
36

(2): O crime de dano absorve o crime de perigo.


02

(3): Porte ilegal de arma e receptação dolosa - NÃO SE APLICA a consunção (Info 433 STJ).
A
ST

A receptação e o porte ilegal de arma de fogo


41998 configuram crimes de natureza autônoma, com
CO

objetividade jurídica e momento consumativo diversos. Tribunais vêm afirmando que os crimes de porte
O

ilegal de arma e receptação dolosa possuem bens jurídicos distintos, vítimas distintas, momentos de
ND

consumação diferentes, motivo pelo qual NÃO há consunção entre eles.


SE

(4): Legítima defesa e uso de arma de fogo (Info 775 STF)


RO

Contexto fático: Indivíduo pratica um fato típico, mas não ilícito (amparado por uma excludente de
CE

ilicitude da legítima defesa). Ocorre que, o meio pelo qual ele utilizou para repelir a injusta agressão era uma
NI

arma de fogo com numeração raspada, do qual ele não tinha o devido registro.
DE

A discussão era: O delito de porte/posse de arma de fogo com numeração raspada resta absorvido
AU

pelo crime de homicídio? Se sim, como o homicídio fora praticado em legítima defesa, a excludente de
L
70

ilicitude atingiria também o crime de porte de arma de fogo com numeração raspada?
04

A jurisprudência do STJ e STF sempre tiveram a posição de que seria possível a absorção, pelo
5
07

homicídio, de eventual porte de arma, se aquela arma for usada exclusivamente para a prática do homicídio,
36

ou seja, se a potencialidade lesiva daquela arma se esgotasse no homicídio.


02

Nesse julgado específico, o STF entendeu que a consunção NÃO alcançaria a posse ilegal de arma de
A
ST

fogo com numeração raspada. Isso porque, nesse caso, o indivíduo efetivamente não teria “portado aquela
CO

arma de fogo exclusivamente para repelir a agressão”. A rigor, o indivíduo já portava a arma com a
O

numeração raspada, e então utilizou a arma para repelir a injusta agressão, de modo que a potencialidade
ND

lesiva da arma não se esgotou no ato de legítima defesa.


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02
Caiu em prova Delegado RO/2022! O cotejo se dá entre fatos concretos, de modo que o mais completo, o
inteiro, prevalece sobre a fração. Não há um único fato buscando se abrigar em uma ou outra lei penal

TA
caracterizada por notas especializantes, mas uma sucessão de fatos, todos penalmente tipificados, na qual o

S
CO
mais amplo consome o menos amplo, evitando-se que este seja duplamente punido, como parte de um todo
e como crime autônomo. Cleber Masson (com adaptações). No conflito aparente de normas, o trecho

DO
apresentado explica o princípio da consunção. (item correto)

EN
S
● PRINCÍPIO DA ALTERNATIVIDADE:

RO
a) Própria: Tem aplicação nos crimes plurinucleares, ou seja, crimes de ação múltipla ou conteúdo

CE
variado, que são crimes compostos de pluralidade de verbos nucleares (ações típicas). Nesse caso, o

NI
crime permanece único, não desnatura a unidade do crime. Ex.: art. 33 da Lei de Drogas. Ex.:

DE
importar, guardar, transportar e vender a droga.

AU
b) Imprópria: Quando duas ou mais normas penais disciplinam o mesmo fato.

0L
47
50
Este último princípio não é unânime, não sendo aceito por relevante parcela da doutrina. Na
07
alternatividade própria não haveria conflito, não havendo pluralidade de normas aplicáveis, vez que a
36

conduta está no mesmo tipo penal. Na imprópria, se há duas leis tratando do mesmo fato, haveria, na
02

verdade, um conflito de leis penais no tempo, em que a segunda revogou a primeira.


A
ST

41998
CO

DICA DD: Mnemônico SECA


O

S ubsidiariedade
ND

E specialidade
SE

C onsunção
RO

A lternatividade
CE
NI

Os 3 primeiros são unânimes na doutrina e o 4º não. Então na hora de marcar, fique atento ao
DE

comando da questão.
AU

O objetivo do instituto é evitar o bis in idem e manter a unidade lógica e a coerência do sistema
L
70

penal. Pode até haver conflitos entre normas, mas o sistema é único, perfeito e apresenta ele próprio meios
04

para solucioná-los.
5
07

41998
36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
02

- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;


A
ST

- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
CO

- Manual de Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Rogério Sanches Cunha.


O
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36
DIREITO ADMINISTRATIVO: PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

02
STA
TODOS OS ARTIGOS RELACIONADOS AO TEMA

CO
⦁ Art. 84, IV e VI, CF/88

DO
⦁ Art. 11 a 17, Lei 9784/99

EN
⦁ Art. 53 a 55, Lei 9784/99

S
RO
⦁ Art. 1°, §1° da Lei nº 9.873/99

CE
Art. 78, CTN

NI
DE
41998
ARTIGOS MAIS IMPORTANTES – NÃO DEIXE DE LER!

AU
CF/88

0L
⦁ Art. 84, IV, CF/88

47
⦁ Art. 12, 13 e 14, Lei 9784/99
⦁ Art. 78, CTN
50
07
36
02
A

1. INTRODUÇÃO
ST

41998
CO

Para o adequado cumprimento de suas competências constitucionais, a legislação confere à


O
ND

Administração Pública competências especiais. Sendo prerrogativas ligadas às obrigações, as competências


administrativas constituem verdadeiros poderes-deveres instrumentais para a defesa do interesse público.
SE
RO

De acordo com o autor Rafael Oliveira:


CE

“Os poderes administrativos são prerrogativas instrumentais conferidas aos


NI
DE

agentes públicos para que, no desempenho de suas atividades, alcancem o


AU

interesse público. Trata-se, em verdade, de poder-dever ou dever-poder, uma vez


L

que o seu exercício é irrenunciável e se preordena ao atendimento da finalidade


70

pública.” (OLIVEIRA, 2018, p. 311).


5 04
07

Dessa forma, contemplamos que os poderes da administração funcionam como poderes-deveres.


36
02

Assim, sempre que o Estado “pode” atuar para alcançar o interesse público, ele na verdade deve. Não são
A

faculdades, mas instrumentos conferidos a Administração para alcançar o interesse da coletividade.


ST

Diferença entre Poderes da Administração e Poderes do Estado (CARVALHO, 2017, p. 120):


CO
O

I- Poderes do Estado (poder orgânico): são centro de imputação do Poder estatal,


ND

que decorrem da tripartição dos poderes elaborada por Montesquieu (Executivo,


SE
RO
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0L
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36
Legislativo e Judiciário). Os poderes do Estado não são instrumentais, são poderes

02
estruturais que realizam a atividade pública.

STA
II- Poderes da Administração (poder funcional): são as prerrogativas instrumentais

CO
conferidas aos agentes públicos para a realização do interesse público.

DO
EN
Em face disto, os poderes da administração só serão legítimos enquanto busca alcançar o interesse

S
coletivo, de modo que, se extrapolar o caráter da instrumentalidade, ocorrerá o chamado ABUSO DE PODER.

RO
Segundo o professor Matheus Carvalho, “o abuso de poder pode decorrer de condutas comissivas –

CE
quando o ato administrativo é praticado fora dos limites legalmente impostos – ou de condutas omissivas –

NI
situações nas quais o agente público deixa de exercer uma atividade imposta a ele por lei, ou seja, quando

DE
se omite no exercício de seus deveres. Em ambos os casos, o abuso de poder configura ilicitude que atinge o

AU
ato dele decorrente.” (CARVALHO, 2017, p. 120)

0L
47
O abuso de poder se subdivide em: 50
07
● Excesso de Poder: A autoridade pública atua fora dos limites de sua competência - VÍCIO DE
36

41998
COMPETÊNCIA.
02

● Desvio de Poder: O agente público visa interesses individuais OU a autoridade busca o interesse
A
ST

público, mas NÃO respeita a finalidade da lei para


41998 determinado ato - VÍCIO NA FINALIDADE.
CO
O

Assim, seja em decorrência de excesso ou desvio de finalidade, o abuso de poder ensejará a nulidade
ND

do ato administrativo.
SE

Vamos esquematizar?
RO
CE

ABUSO DE PODER
NI
DE

EXCESSO DE PODER DESVIO DE PODER


AU

O excesso de poder é o extrapolamento da O desvio de poder se manifesta quando o


L
70

competência que foi atribuída ao Agente agente pratica o ato visando outra finalidade
04

Público, ou seja, a atuação deste vai além do que não aquela prevista pela lei. O agente
5
07

que lhe foi conferido busca fins diversos daquele previsto na regra
36

de competência.
02

Vício de competência Vício de finalidade


A
ST

Vício sanável Vício insanável


CO
O

2. PODER VINCULADO E PODER DISCRICIONÁRIO


ND

2.1 Poder Vinculado/Regrado


SE
RO
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36
Está presente quando a lei estabelece uma única solução possível diante de uma situação de fato,

02
fixando todos os requisitos e não deixando margem de apreciação subjetiva.

STA
Assim no Poder Vinculado, não há margem de escolha no caso concreto, pois todos os elementos do

CO
ato administrativo são vinculados.

DO
EN
Elementos sempre vinculados dos atos administrativos: COMPETÊNCIA, FINALIDADE e FORMA.

S
RO
2.2 Poder Discricionário

CE
NI
DE
Nesse caso, o administrador também está subordinado à lei, porém, há situações nas quais o próprio

AU
texto legal confere margem de opção/discricionariedade ao administrador, e esse tem o encargo de

0L
identificar a solução mais adequada para defender o interesse público.

47
Denota-se que existe uma margem de escolha, que deverá ocorrer dentro dos limites da lei, tendo
50
como parâmetro o mérito administrativo – a escolha será feita com base na oportunidade e conveniência.
07
Em outras palavras: essa margem de escolha conferida ao agente público é denominada de mérito
36
02

(conveniência e oportunidade). Deve atender ao princípio da razoabilidade e proporcionalidade.


A
ST

É possível verificar a atuação discricionária 41998


na aplicação de lei que utilize conceitos jurídicos
CO

indeterminados. Se, para a delimitação do conceito, houver necessidade de apreciação subjetiva/valoração,


O

segundo conceitos de valor, haverá discricionariedade. Por exemplo, a expressão “passeata tumultuosa” é
ND

um conceito jurídico vago. Deste modo, cada administrador no caso concreto deverá observar se aquela
SE

passeata é tumultuosa. Outro exemplo que podemos citar é o poder que a Administração Pública possui de
RO

fechar espetáculos pornográficos. Nessa esteira, o conceito de pornografia é indeterminado.


CE
NI
DE

Obs.1: A redação legal ultrapassada ou insatisfatória não enseja discricionariedade, mas mera interpretação
AU

(CARVALHO, 2017, p. 123).


L
70

Obs.2: Diferença entre poder discricionário e poder arbitrário: “discricionariedade é liberdade de ação
04

administrativa, dentro dos limites permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. Ato
5
07

discricionário, quando autorizado é legal e válido; ato arbitrário é sempre ilegítimo e inválido” (MEIRELLES,
36

2013, p. 127).
02
A
ST

Elementos dos atos administrativos que podem ser discricionários: MOTIVO e CONTEÚDO/OBJETO.
CO
O

Obs.3: A autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro considera que o elemento FORMA também pode ser
ND

41998

discricionário no caso de a lei prever mais de uma forma possível para praticar o mesmo ato. Além disso,
SE
RO

também considera que a FINALIDADE pode ser discricionária se considerada em sentido amplo
E
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36
(correspondendo ao interesse público), mas nunca se considerada em sentido restrito (resultado específico

02
do ato que decorre da lei) (PIETRO, 2018, p. 294).

S TA
CO
2.3 Limites da discricionariedade e controle judicial

DO
EN
O controle feito pelo Judiciário sob os atos administrativos limitar-se-á à análise da sua legitimidade,

S
ou seja, verificar se aquele ato foi praticado dentro dos limites da lei (controle de legalidade).

RO
Assim, em relação aos atos vinculados, o Poder Judiciário poderá examinar, em todos os seus

CE
aspectos, a conformidade do ato com a lei. Por outro lado, quanto aos atos discricionários, o controle judicial

NI
somente é possível quanto aos aspectos da legalidade, de modo que não pode haver interferência no

DE
mérito administrativo. Não pode adentrar na conveniência e oportunidade, mas somente verificar se está

AU
de acordo com a lei.

0L
47
50
Mérito Administrativo: É o aspecto do ato administrativo relativo à conveniência e
07
oportunidade; só existe nos atos discricionários. Seria um aspecto do ato
36

administrativo cuja apreciação é reservada à competência da Administração


02

Pública. Dessa forma, o poder Judiciário não pode examinar o mérito dos atos
A
ST

41998 administrativos (PIETRO, 2018,


41998 p. 297).
CO
O

STJ (RMS 20481): Em relação ao controle jurisdicional do processo administrativo,


ND

a atuação do Poder Judiciário circunscreve-se ao campo da regularidade do


SE

procedimento, bem como à legalidade do ato demissionário, sendo-lhe defesa


RO

qualquer incursão no mérito administrativo, a fim de aferir o grau de conveniência


CE

e oportunidade.
NI
DE

A doutrina moderna não aceita que o Poder Judiciário analise o mérito


AU

administrativo, mas permite a verificação da validade dos atos discricionários à luz


L
70

da legalidade, das normas e dos princípios constitucionais inspiradores da função


04

administrativa (CARVALHO, 2017, p. 143).


5
07
36

Obs.: No caso da discricionariedade proveniente dos conceitos jurídicos indeterminados, o limite do mérito
02

para fins de averiguação de sua legitimidade é o princípio da razoabilidade e proporcionalidade. Isto porque,
A
ST

o princípio da razoabilidade é princípio constitucional, e se ele viola o referido, ele é ilícito


CO

(ilicitude/ilegitimidade). Atente-te para o fato que, no exercício do controle, o Judiciário deverá restringir-se
O

à declaração da ilegalidade daquele ato, não devendo/podendo fazer substituir-se pela Administração.
ND
SE

Teorias elaboradas para fixar limites ao exercício do poder discricionário (PIETRO, 2018, p. 300):
RO
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36
(1) Teoria do desvio de poder: o desvio ocorre quando a autoridade usa do poder discricionário para

02
atingir fim diferente daquele que a lei fixou. Quando isso ocorre, fica o Judiciário autorizado a

STA
decretar a nulidade do ato;

CO
(2) Teoria dos motivos determinantes: quando a Administração indica os motivos que a levaram a

DO
praticar o ato, este somente será válido se os motivos forem verdadeiros. Para apreciar esse aspecto,

EN
o Judiciário terá que examinar os motivos, ou seja, os pressupostos de fato e as provas de sua

S
ocorrência.

RO
CE
CONTROLE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS DISCRICIONÁRIOS:

NI
DE
(1) O Administrador está livre para agir diante de competência discricionárias, mas nos devidos parâmetros

AU
do Direito, sem prejudicar ou desrespeitar os direitos dos Administrados.

0L
(2) A discricionariedade deve ser entendida de forma ampla, a abarcar não só a ideia de mérito

47
administrativo, mas de conceitos indeterminados e a sua compreensão a partir de princípios.
50
(3) O Poder Judiciário, quando chamado a emitir controle jurisdicional sobre atos administrativos, deve
07
inicialmente verificar se os atos são discricionários ou vinculados.
36

41998
. Se vinculado – o controle se efetiva tendo por base a LEGALIDADE;
02

. Se discricionário – Deve ser apreciada a correspondência da NORMA + MÉRITO.


A
ST

(4) Existe corrente doutrinária que entende que o Judiciário


41998 NÃO pode analisar os atos administrativos
CO

discricionários de forma ampla, pois são expedidos segundo juízo de discricionariedade e oportunidade do
O

administrador e se refere ao mérito administrativo. Por isso, outro poder que não o próprio que expediu o
ND

ato pode apreciá-lo, em face da separação dos poderes.


SE

(5) É pacífico o entendimento de que o Judiciário NÃO pode apreciar o mérito dos atos administrativos;
RO

(6) Cresce na doutrina e jurisprudência o entendimento de que é possível ao Judiciário a análise dos atos
CE

discricionários para se evitar arbitrariedades, desde que NÃO seja modificado o mérito administrativo.
NI

(7) Há possibilidade de o Judiciário verificar, à luz da legalidade, a validade dos atos administrativos
DE

discricionários.
AU
L
70

3. PODERES EM ESPÉCIE
504
07

PODER NORMATIVO PODER HIERÁRQUICO PODER DISCIPLINAR PODER DE POLÍCIA


36
02

Refere-se à faculdade É uma decorrência da Autoriza a Administração É destinado a disciplinar,


A

que tem o Chefe do forma como se organiza a Pública a aplicar penalidades restringir ou condicionar o
ST
CO

Poder Executivo de Administração Pública, aos servidores públicos e às exercício dos direitos
expedir decretos que, havendo agentes ou demais pessoas sujeitas à individuais em prol dos
O
ND

em regra, possuem órgãos cujas atuações se disciplina administrativa. interesses coletivos.


SE

apenas a finalidade de encontram subordinadas Dessa forma, somente está


RO

explicar a lei. sujeito ao poder disciplinar


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36
a outros agentes ou aquele que possui algum

02
TA
órgãos superiores. vínculo específico com a

S
Administração, seja funcional

CO
ou contratual.

DO
EN
3.1 Poder Normativo (ou Regulamentar)

S
RO
É a prerrogativa reconhecida à Administração Pública para editar atos administrativos gerais para a

CE
fiel execução das leis. Contudo, esse poder vai além da edição de regulamentos, pois abarca outros atos

NI
normativos, como deliberações, instruções, resoluções.

DE
AU
No exercício do poder regulamentar, o Estado não inova no Ordenamento Jurídico, criando direitos

0L
e obrigações, o que a Administração faz é expedir normas que irão assegurar a fiel execução da lei, sendo

47
esta última inferior.
50
Seu fundamento para a competência do Presidente encontra-se no art. 84, IV, da CF/88 estende-se,
07
por simetria, a Governadores e Prefeitos.
36

O Poder Normativo é uma consequência do caráter relativo do princípio da separação dos poderes
02

que, segundo a doutrina do checks and balances, permite a cada Poder o exercício de funções atípicas de
A
ST

forma a controlar o outro Poder. 41998


CO

São as duas as espécies de regulamento existentes no Ordenamento Jurídico brasileiro:


O

regulamentos executivos e os regulamentos autônomos:


ND
SE

a) Regulamentos Executivos:
RO

● O regulamento executivo é norma geral e abstrata. É geral porque não tem destinatários
CE

determinados ou determináveis, atingindo quaisquer pessoas que se ponham nas situações


NI

reguladas; é abstrata porque dispõe sobre hipóteses que, se e quando verificadas no mundo
DE

41998

concreto, gerarão as consequências abstratamente previstas;


AU

● São editados para fiel execução de lei;


L
70

● NÃO inovam no Ordenamento jurídico.


04
5
07

b) Regulamentos Autônomos:
36

● O regulamento executivo não se presta a detalhar a lei, mas sim substituem a Lei;
02

● Os regulamentos autônomos podem inovar no Ordenamento Jurídico;


A
ST

● São considerados atos normativos primários, pois retiram sua força diretamente da Constituição e
CO

não se submetem à intermediação legislativa.


O
ND

Os decretos autônomos se submetem ao controle de constitucionalidade direto. Assim, ao contrário


SE

do decreto meramente regulamentar (regulamento executivo), editado para detalhar a fiel execução da lei,
RO

o decreto autônomo (regulamento independente) está sujeito a controle de constitucionalidade.


E
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EN
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DE
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
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SEMANA 02/09

36
Para a doutrina majoritária, “os regulamentos autônomos vedados no ordenamento jurídico

02
brasileiro, a não ser pela exceção do art. 84, VI da CF”. Por outro lado, há doutrina trazendo como exemplos

STA
de regulamentos autônomos os artigos 103-B, §4º, I (CNJ) e art. 130-A, §2º, I (CNMP), ambos da Constituição

CO
41998

Federal. Por isso, fique atento ao enunciado da questão, pois ambos os entendimentos podem ser

DO
considerados corretos na prova.

EN
Ao lado dessas exceções supra, previstas expressamente na CF, Rafael Oliveira entende ser possível

S
admitir outros casos não expressos de poder normativo, a partir do princípio da juridicidade.

RO
CE
Vamos esquematizar?

NI
REGULAMENTOS EXECUTIVOS REGULAMENTOS AUTÔNOMOS

DE
AU
Explicita a lei para a sua fiel execução. Trata de questão ainda não prevista em lei.

0L
Art. 84, IV da CF. Art. 84,VI da CF – alterado com o advento da EC de 32.

47
Art. 84. Compete privativamente 50
ao Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da
07
Presidente da República: IV - sancionar, República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: a)
36

promulgar e fazer publicar as leis, bem como organização e funcionamento da administração federal,
02

expedir decretos e regulamentos para sua quando não implicar aumento de despesa nem criação
A
ST

fiel execução; ou extinção


41998 de órgãos públicos; b) extinção de funções
CO

ou cargos públicos, quando vagos.


O

NÃO inova na ordem jurídica. INOVA na ordem jurídica


ND

Ato normativo secundário. Ato normativo primário.


SE

Não Admite delegação. Admite delegação.


RO
CE

REGULAMENTOS AUTÔNOMOS – CONTROVÉRSIAS:


NI

(Aprofundamento para subjetivas)


DE
AU

● 1ª corrente: CONSTITUCIONALIDADE – Teoria dos Poderes implícitos: A


L

administração tem a prerrogativa de suprir as omissões do legislativo por meio


70

da edição de regulamentos que visem à concretização de seus deveres


04

constitucionais. Hely Lopes.


5
07

● 2ª corrente: INCONSTITUCIONALIDADE – Princípio da reserva de lei: A


36

Administração só possui legitimidade para atuar se expressamente autorizada


02

pelo legislador. Celso Antônio, Di Pietro, Carvalho Filho.


A
ST
CO

Por fim, destaca-se jurisprudência sobre o tema:


O
ND

É inconstitucional — por exorbitar os limites outorgados ao Presidente da


SE

República (CF/1988, art. 84, IV) e vulnerar políticas públicas de proteção a direitos
RO

fundamentais — norma de decreto presidencial, editado com base no poder


E
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36
regulamentar, que inova na ordem jurídica e fragiliza o programa normativo

02
estabelecido pela Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). ADI 6.119/DF,

TA
S
ADI 6.139/DF, ADI 6.466/DF, ADI 6.134 MC/DF, ADI 6.675 MC/DF, ADI 6.676 MC/DF,

CO
ADI 6.677 MC/DF, ADI 6.680 MC/DF, ADI 6.695 MC/DF, ADPF 581 MC/DF e ADPF

DO
586 MC/DF.

S EN
c) Regulamentos autorizados (delegados): Editados no exercício de função normativa delimitada em ato

RO
41998
legislativo.

CE
NI
É legítima — desde que observados os respectivos limites de controle externo, a

DE
precedência das disposições legais (princípio da legalidade) e as prerrogativas

AU
próprias conferidas aos órgãos do Poder Executivo — a edição de atos normativos

0L
47
por tribunais de contas estaduais com o objetivo de regulamentar
50
procedimentalmente o exercício de suas competências constitucionais. STF. ADI
07
4.872/PR, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão Ministro Gilmar
36

Mendes, julgamento finalizado em 15.2.2023 (Info 1083).


02
A
ST

d) Regulamentos de necessidade: Produzidos em situação


41998 de emergência.
CO
O

Obs.1: Cuidado para não confundir Poder Regulamentar com Poder Regulatório!
ND

PODER REGULAMENTAR PODER REGULATÓRIO


SE

Competência privativa do chefe do executivo; Competência atribuída às entidades


RO

administrativas, com destaque para as agências


CE

reguladoras;
NI
DE

Envolve a edição de normas gerais para fiel Engloba o exercício de atividades normativas,
AU

cumprimento da lei; executivas e judicantes;


L
70

Conteúdo político. Conteúdo técnico.


5 04
07
36

Atenção à jurisprudência:
02
A

O exercício da atividade regulatória da Agência Nacional de Transporte Terrestre


ST

(ANTT) — especialmente as disposições normativas que lhe conferem


CO

competência para definir infrações e impor sanções e medidas administrativas


O
ND

aplicáveis aos serviços de transportes — deve respeitar os limites para a sua


SE

atuação definidos no ato legislativo delegatório emanado pelo Congresso


RO
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
Nacional. STF. ADI 5.906/DF, relator Ministro Marco Aurélio, redator do acórdão

02
Ministro Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em 3.3.2023.

STA
CO
Deslegalização

DO
Consiste na possibilidade do Poder Legislativo, através de lei, transferir para a Administração Pública a

EN
competência para editar normas sobre assuntos cuja complexidade e velocidade de transformação exigem

S
uma nova dinâmica normativa, que possibilita inclusive, o exercício de discricionariedade técnica. A questão

RO
deixa de ser tratada pela lei e passa a ser tratada pelo ato administrativo.

CE
Com efeito, consiste a deslegalização “na retirada, pelo próprio legislador, de certas matérias, do domínio da

NI
DE
lei (domaine de la loi) passando-as ao domínio do regulamento (domaine de lordonnance)” (MOREIRA NETO,

AU
Diogo de Figueiredo. Agências reguladoras, In: Mutações do direito administrativo, Rio de Janeiro: Ed.

0L
Renovar, 2007, p. 218)

47
Considerações importantes: 50
07
● O STF admite, desde que ocorra dentro dos parâmetros estabelecidos na lei.
36
02

● A lei que promove a deslegalização deve definir os parâmetros dentro dos quais a administração
A

deve atuar.
ST

● A deslegalização surge como instrumento de atuação


41998
para as agências reguladoras.
CO
O

3.2 Poder Hierárquico


ND
SE

É poder de estruturação interna da atividade pública (dentro da mesma pessoa jurídica), de modo
RO

que NÃO existe manifestação de hierarquia externa. Não se pode falar41998


em hierarquia entre pessoas jurídicas
CE

de órgãos diferentes.
NI
DE

Trata-se, portanto, de relação de subordinação administrativa entre agentes públicos, que pressupõe
AU

o escalonamento vertical de funções no interior da organização administrativa. Ou seja, é o poder de


L

distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo
70

a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.


04

Verbos: ordenar, fiscalizar, orientar, avocar, delegar, anular, sustar.


5
07
36
02

Subordinação e vinculação
A

No âmbito da organização administrativa, existem relações de subordinação e de vinculação que não


ST

se confundem. A relação de subordinação decorre naturalmente da hierarquia existente no interior dos


CO

órgãos e das entidades administrativas, pois há hierarquia em toda e qualquer desconcentração


O

administrativa, seja entre órgãos da Administração Direta, seja no interior de determinada entidade da
ND

Administração Indireta. Portanto, a subordinação tem caráter interno, não havendo que falar em
SE

subordinação nas relações interadministrativas.


RO
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
Por outro lado, a relação de vinculação é encontrada entre entidades da Administração Indireta e os

02
respectivos entes federados. Entre pessoas jurídicas distintas, em razão da autonomia dessas entidades.

STA
Assim, não existe hierarquia, mas apenas os controles previstos expressamente a legislação (vinculação).

CO
Trata-se de relação externa, envolvendo pessoas jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria e

DO
autonomia.

EN
Em resumo: não existe hierarquia entre a Administração Direta e as entidades componentes da

S
Administração Indireta (existe controle ministerial/finalístico/tutela). O poder hierárquico também não é

RO
exercido sobre os órgãos consultivos.

CE
NI
DE
Os órgãos administrativos consultivos, embora incluídos na hierarquia administrativa para fins

AU
disciplinares, fogem à relação hierárquica.

0L
47
🡺 NÃO há hierarquia nas funções típicas jurisdicionais e legislativa.
50
07
O poder hierárquico confere uma série de prerrogativas aos agentes públicos hierarquicamente
36

superiores em relação aos seus respectivos subordinados, a saber:


02
A

● Ordens, a serem cumpridas por todos os subordinados;


ST

● Controle ou fiscalização; verificação do cumprimento


41998 por parte dos subordinados das ordens
CO

administrativas e das normas vigentes;


O

● Alteração de competências via delegação ou avocação;


ND

● Rever atos praticados pelos subordinados para anulá-los, quando ilegais, ou revogá-los por
SE

conveniência e oportunidade, nos termos da respectiva legislação;


RO

● Resolução de conflitos de atribuições: prerrogativa de resolver, na esfera administrativa, conflitos


CE

positivos ou negativos de atribuições dos órgãos e agentes subordinados;


NI

● Disciplinar: apurada eventual irregularidade na atuação funcional do subordinado, a autoridade


DE

superior, após o devido processo legal, garantindo a ampla defesa e o contraditório, deverá aplicar
AU
L

as sanções disciplinares tipificadas na legislação.


70
04

Delegação x Avocação: a hierarquia justifica as hipóteses de avocação e delegação de competência.


5
07
36

a) Delegação: A delegação de atribuições, uma das manifestações do poder hierárquico, é o ato de conferir
02

a outro servidor atribuições que, originalmente, eram de competência da autoridade delegante.


A

41998
ST

● Extensão de atribuições de um órgão a outro de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.


CO

● O ato de delegação de competência, revogável a qualquer tempo pela autoridade delegante, decorre
O

do poder hierárquico, mas não precisa ser hierarquicamente subordinado.


ND

● Cláusula de Reserva: O agente delegante NÃO perde a competência delegada.


SE

● MS: Autoridade competente → Agente que praticou (Súmula 510 STF).


RO
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0L
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DELEGADO PERNAMBUCO

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36
● Nos termos propostos pela Lei nº 9.784, é vedada a delegação e avocação:

02
✔ Casos de competência exclusiva definida em lei;

STA
✔ Para decisão de recurso administrativo;

CO
✔ Para edição de atos normativos.

DO
EN
Método para gravar: CE (competência exclusiva); NO (normativos) RA (recurso) → CENORA

S
RO
CE
b) Avocação: A avocação é fenômeno inverso ao da delegação e consiste na possibilidade de o superior

NI
hierárquico trazer para si temporariamente o exercício de competências legalmente estabelecidas para

DE
órgão ou agente hierarquicamente inferior. Destacamos que, ao contrário da delegação, não cabe avocação

AU
fora da linha hierárquica, uma vez que a utilização do instituto depende de um poder de vigilância e controle

0L
somente existente nas relações hierarquizadas.

47
● O chefe chama para si, de forma temporária, a competência que seria de agente subalterno.
● A avocação é medida excepcional. 50
07
36

● A excepcionalidade da avocação nos permite concluir que ela sempre deverá ser temporária.
02
A

É importante a leitura dos artigos 11 a 17 da Lei nº 9784/99, pois muitas vezes as provas cobram a
ST

41998
literalidade dos artigos!
CO
O
ND

3.3 Poder Disciplinar


SE
RO

“O Poder Disciplinar trata da atribuição pública de aplicação de sanções àqueles


que estejam sujeitos à disciplina do ente estatal interna. Com efeito, é o poder de
CE

aplicar sanções e penalidades, apurando infrações dos, como é o exemplo daqueles


NI
DE

particulares que celebraram contratos com servidores ou outros que são


AU

submetidos à disciplina da Administração, ou seja, a todos aqueles que tenham


L

vínculo de natureza especial com o Estado o Poder Público. A função deste poder
70

é sempre aprimorar a prestação do serviço público punindo a malversação do


04
5

dinheiro público ou a atuação em desconformidade com a lei.” (CARVALHO, 2017,


07

p. 130).
36
02
A

Dessa forma, o Poder Disciplinar consiste na possibilidade de a Administração aplicar punições àqueles que
ST

possuem algum vínculo específico com a Administração, seja de natureza funcional ou contratual.
CO
O
ND

Considerações importantes:
41998
SE

● As sanções NÃO podem ser aplicadas a particulares, devendo existir um vínculo de natureza especial.
RO
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0L
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DELEGADO PERNAMBUCO

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SEMANA 02/09

36
● É um poder interno, não permanente e discricionário. Na verdade, é vinculado quanto ao dever de

02
punir e discricionário quanto à seleção da pena aplicável.

TA
S
ATENÇÃO!!! Súmula 650-STJ: A autoridade
41998 administrativa não dispõe de discricionariedade para

CO
aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caracterizadas as hipóteses previstas no art.

DO
132 da Lei nº 8.112/90. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 22/09/2021.

EN
● A aplicação de qualquer uma dessas penalidades exige instauração de prévio processo administrativo

S
com garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de nulidade da punição.

RO
● O Poder Disciplinar pode decorrer do Poder Hierárquico, haja vista tratar-se a hierarquia de uma

CE
espécie de vinculação especial, mas também pode decorrer dos contratos celebrados pela

NI
Administração Pública, sejam regidos pelo direito público ou pelo direito privado.

DE
● É um poder interno, sancionatório, por meio do qual a administração pública pode aplicar sanção às

AU
pessoas a este vinculado.

0L
47
50
O poder disciplinar é um poder sancionatório, mas nem toda sanção configura poder disciplinar, visto que o
07
poder disciplinar decorre da existência de um vínculo especial entre o Estado e o sujeito que está sendo
36

punido, do contrário estará diante da manifestação do poder de polícia. Logo: Estado punindo pessoas
02

vinculadas a ele é manifestação do poder disciplinar, por outro lado, já o Estado punindo particulares não
A
ST

vinculados é manifestação do poder de polícia. 41998


CO

Ex. sanção aplicada ao servidor público (vínculo específico) → poder disciplinar.


O

Ex. aplicação de multa ao particular → (sem vínculo) manifestação do poder de polícia.


ND
SE

Engloba duas situações:


RO

● Relações funcionais travadas com agentes públicas, independentemente da natureza do vínculo –


CE

legal ou negocial.
NI
DE

● Particulares inseridos em relações jurídicas especiais com a administração, mas que não são
AU

considerados agentes públicos. Ex.: aplicação de multa contratual à empresa contratada pela
L

Administração, sanções aplicadas aos alunos de escola pública e aos usuários de biblioteca pública
70

etc.
04
5
07

STF: É impossível substituir o mérito administrativo pelo Poder Judiciário, estando o controle limitado à
36

legalidade das sanções aplicadas.


02
A
ST

ATENÇÃO: É lição comum na doutrina que o poder disciplinar é exercido de forma discricionária. A afirmação
CO

deve ser analisada com bastante cuidado no que concerne ao seu alcance. Caso o indivíduo sob disciplina
O

administrativa cometa infração, não restará qualquer opção ao gestor senão aplicar-lhe a penalidade
ND

legalmente prevista, ou seja, a aplicação da pena é ato vinculado. A discricionariedade, quando existente, é
SE

relativa à graduação da penalidade ou à escolha entre as sanções legalmente cabíveis, uma vez que no
RO
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AU
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36
direito administrativo não predomina o princípio da pena específica (que corresponde à necessidade de

02
prévia definição em lei da infração funcional e da exata sanção cabível).

STA
CO
Súmula 650 do STJ – A autoridade administrativa não dispõe de discricionariedade

DO
para aplicar ao servidor pena diversa de demissão quando caraterizadas as

EN
hipóteses previstas no artigo 132 da Lei 8.112/1990.

S
RO
3.4 Poder de Polícia

CE
NI
DE
a) Conceito: O poder de polícia consiste na prerrogativa que tem o Estado de restringir, frenar, limitar a

AU
atuação do particular em razão do interesse público. É fruto da compatibilização do interesse público em

0L
face do privado.

47
50
Tenha em mente que o poder de polícia não é um poder interno, decorre da supremacia do interesse
07
público, não dependendo para sua manifestação de nenhum vínculo especial (ao contrário do que exige o
36

poder disciplinar).
02

41998
A
ST

Definição: art. 78 CTN - Considera-se


41998 poder de polícia atividade da administração
CO

pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a


O

prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente


ND

à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do


SE

mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou


RO

autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à


CE

propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.


NI
DE

Caiu em prova Delegado ES/2022! No exercício do poder de polícia, o município poderá estabelecer os
AU

horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais situados em seu território – (item considerado
L

correto).
70
04

b) Natureza dos Atos: É poder negativo, mas em alguns casos também é positivo. Ex: Exigência para o
5
07

proprietário conferir função social à propriedade.


36
02
A

Pode-se citar alguns exemplos que demonstram a dimensão da multiplicidade de situações em que
ST

o poder de polícia é empregado:


CO

✔ Apreensão de mercadoria estragada em depósito alimentício;


O

✔ Suspensão de atividades lesivas ao meio ambiente;


ND

✔ Fiscalização exercida sobre pessoas físicas ou jurídicas pelos conselhos de fiscalização profissional;
SE
RO

✔ Apreensão de mercadoria ilegal na alfândega;


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0L
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07
SEMANA 02/09

36
✔ Interdição de um estabelecimento que viole normas sanitárias;

02
✔ Aplicação de uma multa a restaurante que infringiu normas ligadas à proteção da saúde pública;

TA
41998

S
✔ Lavratura de auto de infração contra empresa que violou normas relativas à vigilância sanitária;

CO
✔ Demolição de edifício particular que ameaçava ruir; i) Expedição de porte de arma de fogo.

DO
EN
c) Sentidos do Poder de Polícia:

S
RO
(1) Sentido amplo: compreende toda e qualquer atuação estatal restritiva à liberdade e propriedade;
(2) Sentido restrito: diretamente relacionada ao exercício da função administrativa.

CE
Pode ser:

NI
DE
● Preventiva. Ex.: quando trata de disposições genéricas e abstratas como, por exemplo, as

AU
portarias e regulamentos que se materializam nos atos que disciplinam horário para

0L
funcionamento de determinado estabelecimento, proíbem desmatar área de proteção

47
ambiental, soltar balões, entre outros.
● 50
Repressiva: ao praticar atos específicos observando sempre a obediência à lei e aos
07

regulamentos, como por exemplo, dissolver passeata tumultuosa, apreender revistas


36
02

pornográficas, aplicação de multa etc.


A

● Fiscalizadora: quando previne eventuais lesões, como, por exemplo, vistoria de veículos,
ST

41998
fiscalização de pesos e medidas entre outros.
CO
O
ND

A atuação pode ensejar obrigações negativas (não fazer) ou positivas (fazer).


SE
RO

d) Polícia Judiciária x Administrativa


● Judiciária – incide sobre as pessoas, infrações criminais.
CE

⋅ Não se exaure em si mesma;


NI
DE

⋅ Incide sobre os próprios indivíduos;


AU

⋅ Predominantemente repressiva.
L

● Administrativa – incide sobre bens e direitos, infrações administrativas e se manifesta na edição de


70

atos administrativos.
04
5

⋅ Exaure-se em si mesma;
07

⋅ Incide sobre bens e direitos;


36
02

⋅ Eminentemente preventiva.
A
ST

Vamos esquematizar?
CO

POLÍCIA JUDICIÁRIA X POLÍCIA ADMINISTRATIVA


O
ND

JUDICIÁRIA ● Não se exaure em si mesma;


SE

Incide sobre as pessoas, trata de infrações ● Incide sobre os próprios indivíduos;


RO

criminais. ● Predominantemente repressiva.


E
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SEMANA 02/09

36
ADMINISTRATIVA ● Exaure-se em si mesma;

02
TA
Incide sobre bens e direitos, trata de infrações ● Incide sobre bens e direitos;

S
administrativas e se manifesta na edição de ● Eminentemente preventiva.

CO
atos administrativos.

DO
EN
PODER DE POLÍCIA X PODER DAS POLÍCIAS (PODER POLICIAL)

S
(STJ, HC 830.530-SP, julgado em 27/9/2023)

RO
CE
Poder de Polícia Poder das Polícias ou Poder Policial

NI
“Conceito de direito administrativo previsto no art. “É típico dos órgãos policiais, é marcado pela

DE
78 do Código Tributário Nacional e explicado pela possibilidade de uso direto da força física para fazer

AU
doutrina como "atividade do Estado consistente em valer a autoridade estatal, o que não se verifica nas

0L
41998

limitar o exercício dos direitos individuais em demais formas de manifestação do poder de polícia,

47
50
benefício do interesse público". (PODER DE POLÍCIA que somente são legitimadas a se valer de
07
ADMINISTRATIVA). mecanismos indiretos de coerção, tais como multas
36

e restrições administrativas de direitos.” (PODER DE


02

POLÍCIA JUDICIÁRIA).
A
ST

41998
CO

PODER DE POLÍCIA X FUNÇÃO DE POLÍCIA


O

(Diogo de Figueiredo Moreira)


ND
SE

Poder de Polícia Função de Polícia


RO

Exercício pelo legislador e compreende a criação de Exercida pelo administrador, restringindo-se à


CE

limites e condições às liberdades e aos direitos; aplicação da lei.


NI
DE
AU
L

SUPREMACIA GERAL X SUPREMACIA ESPECIAL


70

. Supremacia Geral: O exercício do poder de polícia tem por destinatários todos os particulares que se
04
5

submetem à autoridade estatal.


07

. Supremacia Especial: Quando os administrados travam relações jurídicas específicas com o Estado.
36
02
A

* Inicialmente, entendia-se que essas relações de sujeição especial ficavam excluídas do Direito, sendo
ST

desnecessário observar o devido processo legal. A doutrina moderna entende que se aplica o princípio da
CO

legalidade a tais relações, mas de forma mais flexível, reconhecendo-se maior liberdade à atuação
O
ND

administrativa.
SE

* A distinção entre supremacia geral e especial é usada para definir poder de polícia (geral) e disciplinar
RO

(especial).
E
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243
EN
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AU
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0L
47
DELEGADO PERNAMBUCO

50
07
SEMANA 02/09

36
02
41998

e) Ciclos do Poder de Polícia x Delegação do Poder de Polícia

STA
O Poder de Polícia compreende 4 ciclos:

CO
(1) Ordem de Polícia

DO
(2) Consentimento de Polícia

EN
(3) Fiscalização de Polícia

S
(4) Sanção de Polícia

RO
CE
(1) ORDEM DE POLÍCIA: é o preceito legal básico que dá validade à limitação prevista, para que não se

NI
pratique ato que lesionará o interesse público ou para que não deixe de fazer algo que evitará a lesão

DE
ao interesse público. Ex: Código de Trânsito Brasileiro que contém normas genéricas e abstratas para

AU
a obtenção da Carteira Nacional de Habilitação.

0L
47
50
(2) CONSENTIMENTO DE POLÍCIA: é o ato administrativo que confere anuência ao exercício de atividade
07
ou ao uso de propriedade.
36

Pode ser:
02

⋅ Licença: ato vinculado;


A
ST

⋅ Autorização: ato discricionário. 41998


CO
O

Classificação das licenças ou autorizações:


ND

▪ Licença ou autorização por operação: O ato se esgota com a sua emissão, sem estabelecer relação
SE

jurídica permanente entre particular e Estado. Ex: Licença para construir edifício;
RO

▪ Licença ou autorização operativa (ou de funcionamento): estabelece relação jurídica especial e


CE

duradoura entre o particular e o Estado. Ex: Emissão da carteira corporifica a vontade o Poder
NI

Público.
DE
AU

(3) FISCALIZAÇÃO DE POLÍCIA: é a verificação se as ordens de polícia estão sendo cumpridas (se não
L
70

está sendo exercida uma atividade vedada ou se uma atividade consentida está sendo executada
04

dentro dos limites estabelecidos). Ex: Administração instala equipamentos eletrônicos para verificar
5
07

se há respeito à velocidade estabelecida em lei.


36
02

(4) SANÇÃO DE POLÍCIA: é a fase em que, verificada afronta à ordem de polícia, é aplicada a pena de
A
ST

polícia. Ex: aplicação das multas de trânsito.


CO
O

Obs.: LEGISLAÇÃO (ORDEM DE POLÍCIA) e FISCALIZAÇÃO são as únicas fases que sempre existirão num ciclo
ND

de polícia; O CONSENTIMENTO nem sempre estará presente, pois há atos que, embora sem consentimento,
SE

são aplicados por previsão legal.


RO
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Limites ao poder de polícia: princípio da legalidade; princípio da proporcionalidade (necessário,

02
adequado e proporcional em sentido estrito); núcleo essencial dos direitos individuais; o limite do limite

STA
(limitação de liberdades públicas)

CO
DO
O poder de polícia pode ser delegado?

S EN
O Poder de Polícia é considerado atividade típica de Estado e, portanto, somente pode ser exercido pelas

RO
pessoas jurídicas de direito público componentes da Administração Direta ou da Administração Indireta.

CE
Nesse sentido, para o STJ e doutrina amplamente majoritária, as atividades de ordem de polícia e de

NI
DE
aplicação de sanções derivam de indiscutível poder coercitivo do Estado e, justamente por isso, NÃO

AU
poderiam ser delegadas a pessoas jurídicas de direito privado. Por outro lado, as atividades de

0L
consentimento e fiscalização (2º e 3º ciclos do Poder de Polícia) seriam compatíveis com a natureza de uma

47
sociedade de economia mista, sendo, em tese, passíveis de delegação.
50
No entanto, embora a doutrina seja praticamente uníssona no sentido de que somente os ciclos de
07
fiscalização e consentimento do Poder de Polícia podem ser delegados às pessoas jurídicas de direito privado
36

integrantes da Administração Pública, em entendimento do Plenário do STF, no bojo (RE) 633782, com
02

repercussão geral reconhecida (Tema 532), a Corte fixou a seguinte tese: “É constitucional a delegação do
A
ST

poder de polícia, por meio de lei, à pessoas jurídicas


41998 de direito privado integrantes da Administração
CO

Pública indireta de capital social majoritariamente


41998
público que prestem exclusivamente serviço público de
O

atuação própria do Estado e em regime não concorrencial”.


ND
SE

Nesse sentido, para o STF, além da fiscalização e do consentimento, no âmbito do ciclo de polícia, a
RO

sanção também poderia ser delegada!


CE
NI
DE

● Poder de Legislar – Indelegável;


AU

● Fiscalização – Delegável;
L

● Atos de consentimento – Delegável;


70

● Aplicar sanções – Delegável (STF).


504
07

f) Atributos do Poder de Polícia:


36
02
A

1. DISCRICIONARIEDADE: Consiste na liberdade conferida pelo legislador ao administrador para


ST

escolher o melhor momento de atuação ou a sanção mais adequada. Porém, o poder de polícia
CO

também pode se manifestar por atos vinculados. Ex: Licenças para construir.
O
ND
SE

Tema relevante: discricionariedade dos atos administrativos e Doutrina Chenery → Por essa teoria, o
RO

Judiciário não pode anular um ato administrativo sob o argumento de que a AP não se valeu da melhor
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metodologia técnica. Surgiu do julgamento do caso SEC (CVM americana) x Chenery Corp. pela Suprema

02
Corte norte-americana. O fundamento para tanto é que em temas envolvendo questões técnicas e

STA
complexas, os Tribunais não possuem a qualificação necessária para concluir se os critérios adotados pela

CO
AP são corretos ou não. Somente a própria AP é que tem um corpo técnico competente para tanto. Tal

DO
doutrina foi recentemente usada pelo STJ para deferir pedido de suspensão de segurança contra decisão

EN
judicial que havia suspendido o reajuste de tarifas do transporte público (Ag. Int. na SLS 2.240/SP).

S
RO
Cuidado em uma prova discursiva!

CE
Para a doutrina tradicional, encampada por Hely Lopes Meirelles, uma das características do poder de polícia

NI
DE
é a discricionariedade. De fato, entende-se que a discricionariedade é a regra apresentada nos atos

AU
decorrentes do exercício do poder de polícia. Ou seja, a princípio, os atos de polícia são praticados pelo

0L
agente público, no exercício de competência discricionária, podendo definir a melhor atuação nos limites e

47
contornos autorizados pela lei. (Leve isso com você para a prova objetiva!)
50
No entanto, não se pode dizer que o poder de polícia é sempre discricionário, porque ele também pode se
07
manifestar por atos vinculados, como, por exemplo, as licenças para construção. Nesses casos, a lei
36
02

estabelece requisitos objetivos para a concessão da licença e, uma vez cumpridos os requisitos legais, o
A

particular terá direito subjetivo à concessão do alvará pleiteado, sem que o agente público tenha qualquer
ST

margem de escolha. Ante o exposto, contemplamos que o poder de polícia pode se manifestar tanto por atos
41998
CO

vinculados quanto por atos discricionários.


O

Nas palavras do professor Ricardo Alexandre: A discricionariedade consiste na liberdade de escolha da


ND

autoridade pública sobre a conveniência e oportunidade do exercício do poder de polícia. No entanto,


SE

embora a discricionariedade dos atos de polícia seja a regra, em algumas situações o exercício do poder de
RO

polícia é vinculado, não deixando margem para que a autoridade responsável possa fazer qualquer tipo de
CE

opção. A título de exemplo, comparemos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,


NI
DE

respectivamente. No caso do alvará de licença, o ato é vinculado, o que significa que a licença não poderá
41998
AU

ser negada quando o requerente preencher os requisitos legais para sua obtenção. (Direito Administrativo
L

Esquematizado).
70
04

2. AUTOEXECUTORIEDADE: Prerrogativa da administração de implementar seus atos sem a


5
07

participação do Judiciário. O contraditório é diferido, pois em caso excepcional, a Administração


36
02

pode praticar ato de polícia para impedir prejuízo à coletividade, conferindo direito de defesa após
A

a prática do ato.
ST
CO

Obs.: Alguns atos de polícia NÃO possuem o atributo, a exemplo da multa que não é adimplida e a respectiva
O

cobrança ocorre por execução fiscal.


ND
SE

EXECUTORIEDADE X EXIGIBILIDADE
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. Executoriedade (executoriedade propriamente dita ou direta): o Administrador utiliza meios diretos de

02
TA
coerção para implementar a vontade administrativa.

S
. Exigibilidade (executoriedade indireta): meios indiretos de coerção.

CO
DO
É necessário previsão legal expressa para reconhecer a autoexecutoriedade?

EN
▪ 1ª corrente: Depende de lei ou do caráter emergencial da medida. Di Pietro, Celso Antônio, José

S
dos Santos Carvalho Filho.

RO
▪ 2ª corrente: A executoriedade é regra e só pode ser afastada por expressa vedação legal. Hely

CE
Lopes, Diogo de Figueiredo.

NI
DE
A autoexecutoriedade NÃO significa arbitrariedade, pois a atuação administrativa sempre deverá

AU
0L
observar a juridicidade (regras e princípios no ordenamento jurídico).

47
50
3. COERCIBILIDADE (OU EXIGIBILIDADE): Impõem restrições ou condições a serem cumpridas pelos
07
particulares. Há atos que são despidos de coercibilidade, a exemplo da licença solicitada pelo
36

particular.
02
A
ST

g) Prazo para aplicar penalidades: 41998


CO
O

As sanções decorrentes do poder de polícia devem respeitar um prazo prescricional de 5 (cinco) anos.
ND

Neste sentido, a Lei nº 9.873/99, em seu art. 1°, define que:


SE

"Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e


RO

indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em


CE

vigor, contados da data da pratica do ato ou, no caso de infração permanente ou


NI

continuada, do dia em que tiver cessado".


DE
AU

Verifica-se, portanto, que o ente estatal deve respeitar o prazo quinquenal de prescrição para
L
70

aplicação de sanções de polícia, tendo início a contagem do prazo com a prática do ato lesivo pelo particular
04

ou da cessação da conduta continuada que configure infração de caráter permanente, ressalvadas a situação
5
07

de o fato objeto da ação punitiva da Administração também constituir crime, uma vez que, nestes casos, a
36

prescrição reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal.


02

Se não houver lei estadual ou municipal prevendo o prazo prescricional da sanção de polícia, este
A
ST

prazo será de 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/32.


CO
O

Obs.: Qual é o prazo para aplicação de sanções administrativas pelo Tribunal de Contas da União? De acordo
ND

com o STF, o prazo é quinquenal: 41998


SE
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36
Com exceção do ressarcimento de valores pleiteados pela via judicial decorrentes

02
da ilegalidade de despesa ou da irregularidade de contas, as sanções

S TA
administrativas aplicadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) são

CO
prescritíveis, aplicando-se os prazos da Lei 9.873/1999.

DO
Em regra, as ações de ressarcimento ao erário submetem-se à prescrição, salvo

EN
aquelas fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei 8.429/1992 (vide Tema

S
897 RG). Isso inclui todas as demandas que envolvam a pretensão estatal de ser

RO
ressarcido pela prática de qualquer ato ilícito, seja de natureza civil, administrativa

CE
41998

ou penal, ressalvadas as exceções constitucionais (CF/1988, art. 5º, XLII e XLIV) e,

NI
como dito, a prática de ato doloso de improbidade administrativa (excluindo-se os

DE
atos ímprobos culposos, que se submetem à regra prescricional).

AU
Nesse contexto, a jurisprudência desta Corte repele a imprescritibilidade de

0L
47
pretensões punitivas do TCU, de modo que a aplicabilidade de suas sanções
50
administrativas sofre os efeitos fulminantes da passagem de tempo, de acordo com
07
os prazos previstos em lei. No caso, é regulada integralmente pela Lei 9.873/1999,
36

que estabelece o prazo de cinco anos da ação punitiva da Administração Pública


02

federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar


A
ST

infração à legislação em vigor,


41998contados da data da prática do ato ou, no caso de
CO

infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. STF. MS 36.990


O

AgR/DF, relator Ministro Ricardo Lewandowski, julgamento em 28.3.2023.


ND
SE

h) Poder de polícia delegável e indelegável:


RO
CE

Nos dizeres dos autores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, a doutrina tem dividido os meios de
NI

atuação da polícia administrativa em dois grupos: Poder de Polícia Originário e Poder de Polícia Delegado.
DE

Conforme os autores:
AU

● Poder de Polícia Originário: É aquele exercido pelas pessoas políticas do Estado (União, Estados,
L
70

Distrito Federal e Municípios), alcançando os atos administrativos provenientes de tais pessoas;


04

● Poder de Polícia Delegado: É aquele executado pelas pessoas administrativas do Estado, integrantes
5
07

da chamada Administração Indireta. Diz-se delegado porque esse poder é recebido pela entidade
36

estatal a qual pertence.


02
A
ST

Obs.: Considerações sobre a multa de trânsito (sua aplicação decorre do exercício do Poder de Polícia)
CO

● Aplicação da multa: natureza autoexecutória, podendo a Administração impor penalidade


O

pecuniária ao administrado, sem a necessidade de recorrer ao Judiciário.


ND

● Cobrança da multa: Acaso NÃO paga no vencimento, a cobrança da multa NÃO é dotada de
SE

autoexecutoriedade, devendo a Administração valer-se de instrumentos próprios para viabilizar a


RO

cobrança.
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36
02
Veja a jurisprudência sobre o tema:

STA
CO
STF/2015: As guardas municipais podem realizar a fiscalização de trânsito?

DO
SIM. As guardas municipais, desde que autorizadas por lei municipal, têm

EN
competência para fiscalizar o trânsito, lavrar auto de infração de trânsito e impor

S
multas. O STF definiu a tese de que é constitucional a atribuição às guardas

RO
municipais do exercício do poder de polícia de trânsito, inclusive para a imposição

CE
de sanções administrativas legalmente previstas (ex: multas de trânsito). STF.

NI
Plenário.RE 658570/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.

DE
Roberto Barroso, julgado em 6/8/2015. (Info 793)

AU
0L
47
Atente-se às jurisprudências relevantes sobre o Poder de Polícia:
50
07
36

É legítimo o poder de polícia conferido à ANATEL para fiscalizar as atividades de


02

radiodifusão. STF. Plenário. ADI 4039/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento
A
ST

virtual finalizado em 24.6.2022.


41998 (Info 1060)
CO
O

A guarda municipal, por não estar entre os órgãos de segurança pública previstos
ND

no art. 144 da CF, não pode exercer atribuições das polícias civis e militares; a sua
SE

atuação deve se limitar à proteção de bens, serviços e instalações do município.


RO

As guardas municipais não possuem competência para patrulhar supostos pontos


CE

41998 de tráfico de drogas, realizar abordagens e revistas em indivíduos suspeitos da


NI

prática de tal crime ou ainda investigar denúncias anônimas relacionadas ao tráfico


DE

e outros delitos cuja prática não atinja de maneira clara, direta e imediata os bens,
AU

serviços e instalações municipais. A Constituição Federal de 1988 não atribui à


L
70

guarda municipal atividades ostensivas típicas de polícia militar ou investigativas de


04

polícia civil, como se fossem verdadeiras “polícias municipais”. O papel das guardas
5
07

municipais é tão somente o de proteção do patrimônio municipal, nele incluídos os


36

seus bens, serviços e instalações. STJ. 6ª Turma.REsp 1977119-SP, Rel. Min. Rogerio
02

Schietti Cruz, julgado em 16/08/2022. (Info 746)


A
ST
CO

A Lei não pode estipular um prazo para que o chefe do Poder Executivo faça a sua
O

regulamentação. Ofende os arts. 2º e 84, II, da Constituição Federal norma de


ND

legislação estadual que estabelece prazo para o chefe do Poder Executivo


SE

apresentar a regulamentação de disposições legais. Exemplo: Art. 9º O Chefe do


RO

Poder Executivo regulamentará a matéria no âmbito da Administração Pública


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Estadual no prazo de 90 dias. Essa previsão é inconstitucional. STF. Plenário. ADI

02
4728/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2021. (Info 1037)

STA
CO
Não é possível a manutenção de quiosques e trailers instalados sobre calçadas

DO
sem a regular aprovação estatal. STJ. 2ª Turma. REsp 1846075-DF, Rel. Min.

EN
Herman Benjamin, julgado em 03/03/2020. (Info 671)

S
RO
O termo “bombeiro civil” pode ser utilizado pelos profissionais de empresas

CE
privadas atuantes no ramo. STJ. 1ª Turma. REsp 1.549.433-DF, Rel. Min. Benedito

NI
Gonçalves, julgado em 09/04/2019. (Info 648)

DE
AU
A administração pública possui interesse de agir para tutelar em juízo atos em

0L
47
que ela poderia atuar com base em seu poder de polícia. Um dos atributos do
50
poder de polícia é a autoxecutoriedade. Isso significa que a Administração Pública
07
pode, com os seus próprios meios, executar seus atos e decisões, sem precisar de
36

prévia autorização judicial. A Administração, contudo, pode, em vez de executar o


02

próprio ato, ingressar com ação judicial pedindo que o Poder Judiciário determine
A
ST

essa providência ao particular.


41998 (...) A autoexecutoriedade não retira da
CO

Administração Pública a possibilidade de valer-se de decisão judicial que lhe


O

assegure a providência fática que almeja, pois nem sempre as medidas tomadas
ND

pelo Poder Público no exercício do poder de polícia são suficientes. STJ. 2ª Turma.
SE

REsp 1651622/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/03/2017.


RO
CE
NI

Referências Bibliográficas:
DE
AU

Rafael Carvalho Resende Oliveira. Curso de Direito Administrativo


L
70

Matheus Carvalho: Manual de Direito Administrativo


04

Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. Direito Administrativo descomplicado.


5

41998
07

Dizer o Direito. http://www.dizerodireito.com.br/


36
02
A
ST
CO
O
ND
SE
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