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Teoria Geral do Direito Civil I

2ª Turma Teórica
5 de janeiro de 2022

Grupo I
Dependendo da conceção de direito subjetivo que de partimos, assim será diferente o modo como
compreendemos o problema do abuso do direito. Comente a afirmação pretérita. (4 valores)

⎯ A origem histórica do direito subjetivo


⎯ A teoria da vontade de Savigny; enunciação e crítica
⎯ A teoria do interesse de Ihering; enunciação e crítica
⎯ A predicação individualista e o caráter jus-absoluto dos direitos subjetivos no período do
iluminismo
⎯ As teorias negatórias (Duguit, Kelsen, Larenz) – breve referência
⎯ A superação: o direito subjetivo como um poder de vontade radicado na pessoa e não no
indivíduo; os fatores de superação (filosóficos, metodológicos e dogmáticos)
⎯ As conceções de abuso do direito e a possibilidade de se conceptualizar o problema do
abuso se partirmos de uma visão axiológica que reconheça necessariamente limites ao
direito subjetivo [deveriam ser explicitadas as conceções de abuso do direito quer numa
perspetiva diacrónica, quer tendo em conta as posições doutrinárias que se debatem sobre
o tema]

Grupo II

António participou, quando tinha 15 anos, no concurso televisivo Sabichão. Tendo respondido
corretamente a toda as questões, recebeu como prémio 20.000 € e um computador.

1. Imagine que a sociedade comercial Sabe e Ganha, S.A., se recusa a pagar o prémio. Como
pode António reagir? (3 valores)
⎯ O problema da qualificação da obrigação que impende sobre a sociedade Sabe e
Ganha
⎯ O contrato de jogo e os diferentes regimes aplicáveis
⎯ As obrigações naturais
⎯ A divergência jurisprudencial quanto ao ponto
⎯ A insusceptibilidade de se exigir a prestação judicialmente se a obrigação for
qualificada como uma obrigação natural; a garantia das obrigações naturais
⎯ A possibilidade de se exigir judicialmente a prestação, se a obrigação for
qualificada como obrigação civil (o problema da menoridade e a insusceptibilidade
de a contraparte do menor invocar a anulabilidade, não obstando à
responsabilidade contratual)
2. Supondo que o prémio foi efetivamente pago e que, aos 17 anos, António usou aquele
dinheiro para adquirir um automóvel, pronuncie-se sobre o valor deste negócio. (2 valores)
⎯ O problema da incapacidade de exercício dos menores
⎯ As exceções à incapacidade de exercício dos menores; o artigo 127º CC
⎯ A exceção da alínea a) do artigo 127º: os requisitos
▪ Noção de trabalho
▪ Os 16 anos do menor, no momento da celebração do contrato e no momento da
participação no concurso
⎯ A anulabilidade do negócio e o regime de arguição da anulabilidade

3. Tendo-se esta tornado uma situação mediática, António passou a ser confrontado com o
constante assédio dos jornalistas. No dia 20-5-2020, foi publicada uma notícia sobre a
atitude da sociedade Sabe e Ganha, S.A., acompanhada de uma fotografia de António.
Poderá, hoje, António reagir por alguma via? (1 valor)
⎯ A tutela dos direitos de personalidade
⎯ O direito à imagem como um direito especial de personalidade; e a imagem como um dos
bens da personalidade integrado dentro do objeto de tutela do direito geral de
personalidade
⎯ O âmbito de proteção do direito à imagem
⎯ A possibilidade de reprodução e exposição da imagem nas hipóteses previstas no artigo
79º/2 CC
⎯ As finalidades de justiça e a correta interpretação da exceção
⎯ Os mecanismos de proteção: o artigo 70º/2 CC e a responsabilidade civil

Grupo III

A sociedade Riscos e Rabiscos, Lda., sociedade por quotas, declarou vender através do seu sócio
gerente, Afonso, um apartamento a Catarina, filha daquele. Esta venda pretendeu ocultar uma
doação.

1. Pronuncie-se sobre o valor dos negócios celebrados. (2 valores)


⎯ A venda como um negócio simulado
▪ Noção de simulação
▪ Requisitos da simulação
▪ O valor do negócio simulado: a nulidade
⎯ A simulação em causa como uma simulação relativa
▪ O valor do negócio dissimulado: tem o valor que teria se tivesse sido
concluído sem a simulação
▪ A questão da validade formal. Formulação do problema e posições
divergentes na doutrina.
▪ A questão da validade material: a capacidade de gozo das pessoas
singulares e a nulidade da doação celebrada com o filho de um gerente
2. Imagine que Duarte era arrendatário daquele apartamento.
2.1. Pronuncie-se sobre a validade do contrato de arrendamento. (2 valores)
⎯ Novamente a questão da capacidade de gozo das pessoas singulares
⎯ O critério da especialidade do fim
⎯ A crítica ao princípio da especialidade do fim e a correta interpretação
do artigo 160º CC
⎯ Fim e objeto
⎯ A validade do contrato
2.2. Poderá Duarte preferir? (3 valores)
⎯ O direito de preferência como um limite à possibilidade de escolha da
contraparte
⎯ A preferência em relação à compra e venda e à dação em cumprimento;
a impossibilidade de preferir em relação a negócios inválidos
⎯ A possibilidade de se invocar o artigo 243º CC para tutelar o preferente
e a resposta negativa à indagação (a ratio do preceito)
3. Imagine, agora, que Afonso era sócio único da referida sociedade e que tinha, para além de
Catarina, outro filho, Bernardo. Supondo que a venda não visava encobrir uma doação e que a
sociedade tinha sido constituída pouco tempo antes de ser celebrado o contrato de compra e
venda, pronuncie-se criticamente sobre esta hipótese. (3 valores)
⎯ O sentido da autonomia pessoal e patrimonial ínsita à personalidade coletiva
⎯ O levantamento da personalidade coletiva
⎯ As duas perspetivas sobre o problema
⎯ A venda de pais a filhos e o problema da extensão teleológica do 877º CC

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