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Cenário: Visita Domiciliar

Você chegou há 6 meses na unidade de saúde e foi convocado pela ACS Joana para realizar a
visita domiciliar do Sr. Arnoldo. Paciente antigo da unidade, mas que você irá conhecer pela
primeira vez hoje. Paciente 70 anos, negro, hipertenso e diabético de longa data, com redução
da acuidade visual, analfabeto e que faz uso irregular das medicações prescritas; última
consulta no posto há 06 meses.
Paciente deambula com dificuldade devido sequela de AVCi há 04 meses (hemiparesia à
direita). Exame físico focado: TA 150x90mmHg; FC 67 bpm; FR 14 irpm; IMC 34 Kg/m2;
circunferência abdominal 102 cm Ausculta respiratória: Murmúrios respiratórios bem
distribuídos, sem crepitações.
Ausculta Cardíaca: Ritmo Cardíaco regular, bulhas normofonéticas, sem sopros.
Extremidades: bem perfundidas, sem edemas; força muscular 3/5 MID

Quando você questiona sobre as medicações do paciente, ele informa que usa
Hidroclorotiazida à noite e que às vezes esquece de tomar a dose noturna de Losartana.
Apesar disso, refere que o cálcio "para os ossos" e o AAS para "afinar o sangue" não esquece
em hipótese alguma.
Segue a última receita do paciente:

Nome: Arnoldo Ferreira Lima


1) Losartana 50 mg -------------------- Uso contínuo
Tomar 1 comprimido de 12 em 12 horas
2) Hidroclorotiazida 25 mg ---------------- Uso contínuo
Tomar 1 comprimido ao dia
3) Metformina 850 mg ------------------ Uso Contínuo
Tomar 1 comprimido de 08 em 08 horas.
4) Sinvastatina (20 mg) ------------- Uso contínuo
Tomar 1 comprimido ao dia
5) Osteofix 1.250 mg + 400UI ------------------ 1 caixa
Tomar 1 comprimido de 12 em 12 horas

● Construa a avaliação desse paciente ao final da visita.


Paciente se apresenta com obesidade grau I segundo o IMC e sua circunferência
abdominal é limítrofe, o que indica risco para eventos cardiovasculares. Além disso,
como já teve um evento de AVCi já podemos enquadrá-lo como muito alto risco
cardiovascular, destacando-se a importância da prevenção secundária com AAS e
sinvastatina. Paciente tem um dos I’s da geriatria que seria a imobilidade por conta
hemiparesia, além disso pode apresentar fragilidade, que tem como indicativo
principal a redução da massa muscular, uma vez que ao exame físico a força estava
reduzida (⅗ em MID). Tendo em vista que se trata de um idoso frágil, a meta
terapêutica da HAS seria abaixo de 150-80 com limiar de 160-90, então o quadro não
estaria tão descompensado, podendo ser justificado pela não adesão terapêutica e
sendo possível estabilizar com tomada adequada dos medicamentos. Uma observação
é que o AAS não está nessa última receita, deveríamos perguntar ao paciente se ele
consegue referir o motivo para isso e atualizar a receita.

● Quais orientações para prevenção de quedas você faria para esse paciente?
Para prevenção de quedas eu orientaria retirar os tapetes de casa, evitar sandálias
abertas e preferir calçados que estabilizem e segurem o calcanhar, colocar barras de
apoio no banheiro caso haja condições, verificar se a iluminação da casa está
adequada, evitar fios atravessados pela casa, etc. Além disso, orientaria o paciente a
tomar a hidroclorotiazida pela manhã, mesmo que ele não apresentou queixa de
noctúria, pois o levantar à noite no escuro pode ser fator de risco para quedas.

● Quais exames de rotina solicitaria para ele?


Perfil lipídico (LDL, HDL, Colesterol total e Triglicerídeos), hemoglobina glicada,
cálcio sérico e dosagem de vitamina D (pensando que talvez esteja havendo uma
reposição desnecessária), sangue oculto nas fezes, encaminharia para avaliação com
oftalmologista, encaminharia para fisioterapia e tendo em vista o grau de risco do
paciente eu pediria um ecocardiograma.

● Você faria quais alterações ou orientações para esse paciente?


Orientaria ao paciente sobre a importância da adesão terapêutica para a normalização
da TA a fim de evitarmos o aumento de dose/introdução de um novo medicamento ou
novos eventos cardiovasculares. Além disso, o atentaria sobre a importância de uma
boa alimentação (baixo sódio, açúcares, processados e massas) para o controle da
diabetes, da HAS, da obesidade e da dislipidemia que também seriam fatores de risco
para doença cardiovascular e prejudicam a qualidade de vida por si só. Ademais, é
importante orientá-lo sobre os benefícios da atividade física, mesmo que sejam
limitadas por conta de sua mobilidade reduzida, pequenas caminhadas já podem ter
um impacto muito positivo na saúde.

● Em quanto tempo realizaria o retorno do mesmo?


Marcaria em uma semana, a fim de observar se a boa adesão terapêutica já tiveram
efeito na normalização da TA, se o paciente está seguindo as recomendações e para
tentar estabelecer um vínculo mais próximo do paciente com a unidade, uma vez que
ele estava a seis meses sem contato com o serviço - tempo longo por se tratar de um
idoso frágil, hipertenso e diabético.

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