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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL

DA COMARCA DE
AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO
COM PEDIDO DE AJG
E PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Nome e qualificaçã o da parte, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro no art.
269, I, do Có digo de Processo Civil, propor
AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO C/C REVISÃO E ANULAÇÃO DE QUESTÕES
DE PROVA EM CONCURSO PÚBLICO E RECÁLCULO DAS NOTAS FINAIS – VEDAÇÃO DE
NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS QUE NÃO COMPROVEM RESIDIR NO MUNICÍPIO COM
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA “IN LIMINE”
Em desfavor de
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE EMPRESA TECNOLOGICA E CIÊNCIA - FUNDATEC, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº 87.878.476/0001-08, podendo ser
citado na pessoa de seu representante legal, com sede na Rua Professor Cristiano Fischer,
n.2012, bairro Partenon, em Porto Alegre/RS, CEP: 91.410-000, E-mail:
crm@fundatec.com.br; pelos fundamentos fá ticos e jurídicos a seguir expostos:
1. DOS FATOS
Autora prestou o Concurso Público N. 01/2016 para provimento de vagas no cargo de
Agente Administrativo promovido pelo SEMAE - SERVIÇO MUNICIPAL DE ÁGUA E
ESGOTOS sob a coordenaçã o técnica e administrativa da FUNDATEC, conforme Edital de
Abertura N.01/2016 publicado em 27.09.2016 e Edital de Homologação Final
N.12/2016publicado em 29.12.2016.
Regularmente inscrita no certame sob a inscrição nº 41119702411-7, a Autora
obedecendo a todos os critérios elencados no edital do certame, realizou uma prova
objetiva, composta por 40 (quarenta) questõ es e valorada em 2,5 pontos para cada questã o,
aplicada em data de 20/11/2016, obtendo o nú mero de acertos 33 (trinta e três) pontos, e
Nota Final 82,50, tendo sido aprovada no concurso e classificada na posiçã o 58.
Quando da divulgaçã o do gabarito preliminar a Autora no prazo legal, interpô s recursos
administrativos junto a FUNDATEC com escopo de anular as questões 04 e 07 da prova
de português, contudo, tal pedido, restou indeferido pela banca examinadora do concurso.
Ocorre que o nú mero de vagas previsto no Edital para o cargo de Agente Administrativo é
de 10 (dez) mais Cadastro de Reserva. Embora a Autora tenha obtido aprovaçã o no
concurso, na sua atual posiçã o de classificaçã o 58, a possibilidade da Autora ser chamada
para o cargo é incerta e praticamente inexistente!
Assim, em havendo a anulaçã o das questõ es 04 e 07 da prova de português, a Autora
ficaria com pontuação 35 e sua Nota Final passaria para 87,50 e com essa nota a
Autora ficaria classificada entre os 10 (dez) primeiros colocados no concurso. E, neste caso,
seria absolutamente certa a sua convocaçã o e nomeaçã o para assumir o cargo de Agente
Administrativo, pois estaria dentro das 10 vagas previstas no Edital!
Dessa forma, a Autora apó s aná lise aprofundada das respostas exaradas nas questõ es 04 e
07 da prova de português - tendo inclusive consultado professor de português com amplo
conhecimento no assunto - constatou que realmente as mesmas sã o passíveis de anulaçã o,
mas que arbitrariamente nã o foram anuladas pela banca examinadora, razã o pela qual a
Autora interpô s a presente açã o explicitando e fundamentando o motivo do pedido de
anulação das questões 04 e 07 da prova de português, com respaldo em parecer técnico
emitido por profissional habilitado ora em anexo.
Excelência!
A Autora foi manifestamente prejudicada pela decisã o da banca, eis que apó s muito estudo
e dedicaçã o, a mesma nã o poupou esforços para se preparar para prova, abdicando de seu
descanso, lazer, festividades, convivência com amigos e familiares, sem contar com o
dispêndio financeiro em face da realizaçã o de curso preparató rio, tendo em vista que a
disputa pelas vagas era extremamente concorrida entre os candidatos, eis que haviam
5.712 candidatos inscritos para o cargo de Agente Administrativo o equivalente a
571,20 por vaga! Além disso, a Autora já está com 43 anos de idade e, justamente, por já
ter passado dos quarenta anos, vem encontrando muita dificuldade em inserir-se no
mercado de trabalho!
E, portanto, nã o é justo que a Autora nã o tenha sido classificada entre os 10 (dez) primeiros
colocados, devido a uma decisão equivocada e arbitrária da banca que se negou a
anular 02 questões da prova de português, as quais sã o sim passíveis de anulaçã o, como
bem restará comprovado através do laudo técnico ora acostado e realizaçã o de pericia
técnica.
Por fim, cumpre esclarecer que o Edital de abertura do Concurso Pú blico n. 01/2016,
estabelece como norma e requisito essencial para nomeaçã o no cargo pú blico, que os
candidatos classificados aos cargos que estã o sujeitos a plantõ es e sobreavisos deverã o
residir em Sã o Leopoldo e apresentar comprovante de residência no município (conta de
á gua, luz ou telefone fixo), conforme previsto no item 1.5 – PLANTÕ ES E SOBREAVISOS
(fl.06) e no tó pico final das atribuiçõ es típicas do Agente Administrativo (fls.32-33).
Assim sendo, deve ser vedada a nomeaçã o de candidato aprovado para o cargo de Agente
Administrativo que nã o comprove residir em Sã o Leopoldo. Sendo, portanto,
expressamente proibida a sua nomeaçã o caso nã o comprove atender a esse requisito, sob
pena de flagrante nulidade do ato administrativo de nomeação, o que desde já se
requer!
Pela Procedência da Açã o!
2. DO DIREITO
I. DA ANULAÇÃO DAS QUESTÕES 04 E 07 DA PROVA DE PORTUGUÊS
Excelência! A banca examinadora equivocadamente negou provimento aos recursos
administrativos interpostos pela Autora, com a seguinte justificativa:
Recurso da Autora à questão 04 de Português:
Justificativa: A questão 04 é passível de anulação, pois nenhuma assertiva está correta. A letra
D apontada pelo gabarito também está incorreta, pois o uso da água engarrafada não se
tornou popular em apenas “alguns locais”. Ao contrário, o texto demonstra de forma literal e
cabal que a moda da água mineral se espalhou pelo mundo, veja-se: (linhas 23 à 25)"Com o
passar do tempo, o costume ficou ainda mais popular “Chegamos ao ponto de ter algo como
260 bilhões de litros de água engarrafada em garrafas de plástico no ano passado.” Logo, ao
analisarmos o texto podemos inferir que o hábito se espalhou pelo mundo, pelo volume de
água engarrafada que foi de 260 bilhões de litros e NÃO apenas se tornou popular em “alguns
locais”. Devendo, portanto, a questão ser anulada
Resposta da FUNDATEC ao recurso da questão 04:
QUESTÃO: 04 - MANTIDA alternativa 'D'. A questão solicitava que fosse assinalada a
alternativa correta em relação ao que é dito no texto, portanto vamos às alternativas
separadamente:
a) Comoditização é quando a água começa a custar muito dinheiro. Incorreta, conforme o
seguinte trecho do texto: “Quando a água deixa de ser um recurso natural público, direito de
todos, e passa a ser um produto, acontece o que chamamos de ‘comoditização’.” (l. 02-04).
B) Com o intuito de arrecadar fundos para si, o Banco Mundial convenceu muitos países a
comercializar a água. Incorreta, de acordo com o texto “Naquela década, com o boom da
privatização, o Banco convenceu alguns países que privatizar a distribuição de água para a
população era uma boa forma de arrecadar fundos. (l.12-14).” Em nenhum momento é dito
que o lucro seria para o Banco Mundial.
C) Com a comoditização, o povo protestou porque o lucro só chegava aos bolsos das empresas.
Incorreta, não foi por isso que o povo protestou, e sim porque os preços da água subiram,
conforme o seguinte trecho do texto: “O problema disso era que, para ter lucro, as empresas
que dominavam o serviço subiram os preços da água que chegava às torneiras das pessoas. O
povo sentiu no bolso e protestou.” (l.18-19).
D) Em alguns locais, o costume do uso de água engarrafada se tornou popular. Correta, pois
de acordo com o texto: “Além do surgimento das parcerias públicoprivadas para a gestão da
água, os anos 1990 trouxeram __ moda da água mineral (nas décadas anteriores, água
engarrafada era luxo). Com o passar do tempo, o costume ficou ainda mais popular.
“Chegamos ao ponto de ter algo como 260 bilhões de litros de água engarrafada em
garrafas de plástico no ano passado. (Grifou-se). Há países que acham que não precisam
oferecer um serviço de água limpa para os cidadãos, porque as pessoas podem simplesmente
comprar água engarrafada, diz Barlow.” (l.22-27). A informação alguns locais, utilizada na
alternativa, não invalida a informação que é apresentada no texto por dois motivos, não é
possível depreender do texto que o mundo todo começou a utilizar água engarrafada, e, além
disso, há a informação de que “há países que acham que não precisam oferecer um serviço de
água limpa para os cidadãos...”, ou seja, alguns países acreditam nisso, e não todos.
E) Atualmente, é possível comprar água do país vizinho a qualquer momento. Incorreto, pois
isso está claramente expresso no seguinte trecho do texto: “Atualmente, somente em situações
de emergência – como as frequentes secas sofridas pelo sudeste dos EUA – a água é
transportada em caminhões pipa para o país vizinho.” (l.39-41).
Recurso da Autora à questão 07:
Justificativa: A questão 07 é passível de anulação, eis que na questão 07, apenas a 1ª assertiva
está incorreta, pois na palavra “ganhando” temos dígrafo consonantal “nh” e dígrafo vocálico
“an”, contrariando a afirmação de que há apenas dígrafo consonantal, pois também há o
dígrafo vocálico “an”. Sendo assim, o gabarito deve apontar como incorreta somente a
alternativa A. Cabendo, portanto, a anulação dessa questão.
Resposta da FUNDATEC ao recurso da questão 07:
QUESTÃO: 07 - MANTIDA alternativa 'C'. Vejamos as assertivas:
I. Em “ganhando” e “dinheiro”, há apenas dígrafo consonantal. Incorreta. Na palavra
“ganhando” há dígrafo vocálico também.
II. A palavra “internacional” tem 13 letras e 12 fonemas. Correta, pois há um dígrafo vocálico.
III. O vocábulo “comprassem” tem três dígrafos. Incorreta, pois há apenas dois dígrafos, -om e
SS, o –em não é dígrafo e sim um ditongo nasal, conforme Cegalla, “no fim das palavras, como
falam (fálãu), batem (bát~ei), -am e –em não são dígrafos, porque representam um ditongo
nasal, portanto, dois fonemas”.
Cumpre dizer Excelência, que a argumentaçã o utilizada pela banca para manter como
corretas à s alternativas nas referidas questõ es da prova de português, é manifestamente
equivocada, incoerente e desprovida de qualquer embasamento técnico. Aliá s, a banca
examinadora sequer fundamentou adequadamente a resposta de cada uma das questõ es!
Veja-se que a alegaçã o da banca em manter como correta a alternativa D da questão 04
da Prova de Português, é completamente incoerente ao aduzir que: “A informação alguns
locais, utilizada na alternativa, não invalida a informação que é apresentada no texto por
dois motivos, não é possível depreender do texto que o mundo todo começou a utilizar água
engarrafada, e, além disso, há a informação de que “há países que acham que não precisam
oferecer um serviço de água limpa para os cidadãos...”, ou seja, alguns países acreditam nisso,
e não todos...”
Ao contrá rio, do que foi alegado pela banca, a informaçã o constante no enunciado da
alternativa D - questão 04 da Prova de Português: - “EM ALGUNS LOCAIS”, o costume do
uso de água engarrafada se tornou popular...” - de que o referido enunciado nã o invalida a
informaçã o que é apresentada no texto. Pode-se dizer que invalida totalmente, pois
contraria frontalmente o sentido literal do texto!
E, portanto, faz toda a diferença, pois tal informaçã o restringe o uso da á gua engarrafada a
apenas a “Alguns Locais”, enquanto que o texto demonstra de forma literal e cabal que a
moda da á gua mineral se espalhou pelo mundo, veja-se:
"Com o passar do tempo, o costume ficou ainda mais popular “Chegamos ao ponto de ter algo como 260 bilhões
de litros de água engarrafada em garrafas de plástico no ano passado.” (linhas 23 à 25)

Logo, ao analisar o texto pode-se inferir que o há bito se tornou cada vez mais popular, ou
seja, espalhou-se pelo mundo.
Ora, Excelência, nã o é preciso ser nenhum expert no assunto, basta uma simples leitura do
texto, para que se possa perceber, considerando o volume de água engarrafada que foi
de 260 bilhões de litros de que alternativa D também está INCORRETA, pois pelo que de
fato se depreende do texto é que o costume do uso de á gua engarrafada se tornou popular
NÃ O apenas em “alguns locais”, em razã o destas duas informaçõ es encontradas no texto: de
que ”o volume de água engarrafada foi de 260 bilhões de litros e que “o hábito se tornou cada
vez mais popular”!
Além do que a alegaçã o da banca de que “não é possível depreender do texto que o mundo
todo começou a utilizar água engarrafada”..deve ser totalmente refutada, pois também nã o
há como se depreender do texto que apenas EM ALGUNS LOCAIS, o costume do uso de á gua
engarrafada se tornou popular!
Outrossim, há a informaçã o encontrada no texto de que -“há países que acham que não
precisam oferecer um serviço de água limpa para os cidadãos..- Não leva a depreenderde
que foram “alguns locais” que adotaram o uso de á gua engarrafada, pois tal assertiva leva
ú nica e tã o somente a conclusã o de que há países que entendem que nã o precisam oferecer
um serviço de á gua limpa ao cidadã os;
Ou seja refere-se exclusivamente a questã o do tratamento da á gua e não ao uso de água
engarrafada como a banca tentou fazer parecer!. Aliá s, a referida frase também nã o
significa nem leva a conclusã o de que os outros países aqueles que acham necessá rio
oferecer um serviço de á gua limpa aos cidadã os, também nã o tenham adotado o costume
do uso da á gua engarrafada, justamente porque, uma coisa nã o exclui a outra!
E, portanto, nã o cabe a banca querer imputar que o uso de á gua engarrafada foi em apenas
“alguns locais”, pois tal afirmaçã o contraria o que expressamente aduz o texto!
Deveras a questã o 04 da prova de português deve sim ser ANULADA, pois nenhuma
assertiva está correta. Restou claro evidente que a letra D apontada pelo gabarito como
correta também está incorreta, pois como bem se depreende pelo texto, o uso da á gua
engarrafada nã o se tornou popular em apenas “alguns locais”, ao contrá rio, se espalhou
pelo mundo!
Aliá s, a banca examinadora nã o fundamentou adequadamente a resposta de cada uma das
questõ es apontadas como NULAS pela Autora, pois nã o respondeu com suficiência e de
modo convincente; Bem como nã o rechaçou o flagrante equivoco existente no enunciado
da letra D (“EM ALGUNS LOCAIS”) da questão 04 da Prova de Português!
Com relaçã o a questão n.07, a mesma também deve ser anulada, eis porque na alternativa
C apenas a assertiva I é incorreta, pois conforme parecer técnico incluso, o a assertiva
III está correta, visto que as vogais orais e nasais da língua padrã o têm falares diferentes,
conforme as origens linguísticas de cada falante. Como exemplo, pode-se afirmar que a fala
das vogais finais, nasalizadas ou nã o é diferente nos falares da regiã o da fronteira com o
Uruguai e a Argentina, comparadas com os falares da regiã o metropolitana do estado do RS.
Dessa forma, a banca nã o pode afirmar que o “em comprassem” é ditongo nasal; pois ele
também pode ser considerá -lo como dígrafo, onde o m nasaliza a vogal e. E, para elucidar,
temos a interjeiçã o “hein”, onde há um ditongo nasal, e a palavra “tem”, onde temos um
dígrafo do e nasalizado pelo m, duas letras e um fonema. Portanto, a assertiva III está
correta, o que torna nula a questão 07, tendo em vista que a pergunta pede quais estã o
incorretas!
Ademais, os argumentos acima expostos os quais estã o devidamente embasados em
parecer técnico, atestam de forma inequívoca e cabal, que a Autora demonstrou que de fato
as questõ es em apreço, sã o passíveis de anulaçã o, com respaldo em parecer técnico emitido
por profissional gabaritado e competente com amplo conhecimento no assunto!
Pela Procedência da Açã o!
II. DO CERTAME E DA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO JUDICIÁRIO
Excelência! O entendimento já consubstanciado pelos nossos Tribunais é no sentido de que
pode-se aferir que à discricionariedade administrativa nã o pode servir de “escudo” para
obstar à aná lise judicial de atos administrativos viciados, eis que representaria indevida
ratificaçã o de atos arbitrá rios, prejudiciais aos cidadã os.
Desta forma, forçoso reconhecer à legitimidade do Poder Judiciá rio para revisar tais atos
que, apesar da conveniência e oportunidade que o revestem, mostram-se notadamente
ilegais. Sendo, portanto, o Poder Judiciá rio competente para apreciar questõ es de concurso
pú blico acometidas de erros materiais.
Logo, apesar da regra que veda ao Poder Judiciá rio examinar o mérito (natureza técnico-
científica) de questõ es que perfazem concursos pú blicos, admite-se, porém, a anulaçã o de
questõ es eivadas de vícios materiais!
Para bem corroborar com a argumentaçã o da Autora cita-se dentre outros entendimentos
no mesmo sentido (RMS 19.062/RS, REsp 174291/DF, RMS 14.202/RS, RMS 28.854/AC, etc)
destaca-se o RMS 28.204/MG, julgado pelo STJ em 18/02/2009, in verbis:
EMENTA: ADMINISTRATIVO – RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO
PÚBLICO – CONTROLE JURISDICIONAL – ANULAÇÃO DE QUESTÃO OBJETIVA –
POSSIBILIDADE – LIMITE – VÍCIO EVIDENTE – PRECEDENTES – PREVISÃO DA MATÉRIA
NO EDITAL DO CERTAME. 1. É possível a anulação judicial de questão objetiva de concurso
público, em caráter excepcional, quando o vício que a macula se manifesta de forma
evidente e insofismável, ou seja, quando se apresente primo ictu oculi. Precedentes.2.
Recurso ordinário não provido. (Grifou-se).
Veja-se que o decisum acima ilustrado permite asseverar que, em se tratando de questã o
eivada de vício grosseiro e perceptível de plano pelo juiz, pode o Poder Judiciá rio anular o
questã o viciada, sem que isso importe substituiçã o da Banca Examinadora pelo Poder
Judiciá rio.
Em suma, anular questã o de concurso pú blico eivado de vício material evidente não
significa intromissão do magistrado nos elementos técnico-científicos da questão,
isto porque nã o se discute os critérios de formulaçã o da questã o, suas bases científico-
doutriná rias, tampouco a correçã o ou nã o de uma linha de pensamento adotada pela Banca
Examinadora, mas, sim, “erros grosseiros” que a tornam viciada.

Neste ínterim vale consignar o brilhante entendimento doutrinário manifestado


por José dos Santos Carvalho Filho, que, por sua vez, reforça a possibilidade do
Judiciário intervir e anular questões de concurso público eivadas de vícios
materias, a seguir transcrito:
"A jurisprudência tem se orientado no sentido de que só são passíveis de re-exame no
Judiciário as questões cuja impugnação se funda na ilegalidade da avaliação ou dos graus
conferidos pelos examinadores.
O mais comum nesses casos é a chamada prova de múltipla escolha, nas quais apenas
uma alternativa é aceita pela banca.Se o interessado comprova que há mais de uma
alternativa, a questão é de legalidade, e o Judiciário deve anular a questão, atribuindo
ao candidato os pontos que perdeu em relação a ela." (Grifou-se)
Depreende-se, assim, que o Poder Judiciá rio é competente para examinar as questõ es cuja
impugnaçã o esteja fundada na legalidade da avaliaçã o aferida segundo as disposiçõ es do
edital e demais normas que regem o certame.
Quando, por exemplo, em prova de mú ltipla escolha, a banca aceita uma alternativa como
correta e o edital somente admite um quesito como correto, o candidato demonstra
haver mais de uma alternativa correta ou a inexistência de alternativa correta. Sendo
exatamente este o caso dos autos!
Excelência!
É ó bvio que a atual pontuaçã o obtida pela Autora nã o a classifica entre os 10 primeiros
colocados no concurso. No entanto, as questões nºs 04 e 07 da prova objetiva de
português na qual a Autora não pontuou o quanto realmente merecia, eis que
acertou 08 (OITO) das 10 (DEZ) questões da prova de português.
Todavia, DUAS questões da prova de português (04 e 07) deveriam ter sido
anuladaspela banca examinadora do concurso, justamente, por estarem eivadas de
vícios, contradições e erros em suas concepções e não foram, cujas fundamentações
passaram ao largo dos olhos e desejos das autoridades participantes da banca
examinadora, que atuaram em nome da Requerida, causando prejuízo imensurável
às pretensões da Autora em adentrar, legitimamente no serviço público, para ocupar
o cargo de Agente Administrativo do SEMAE, para o qual nã o mediu esforços, se
preparou e estudou tanto!
Até mesmo, por ser o concurso pú blico o meio mais legítimo, democrá tico, idô neo e
eficiente de investidura no serviço pú blico, ao empregar um critério objetivo, impessoal e
meritó rio, afasta os privilégios e favoritismos que, lamentavelmente, ainda contaminam
alguns setores da Administraçã o Pú blica.
Sobre o assunto vale citar a doutrina de José dos Santos Carvalho Filho:
"O concurso público é o instrumento que melhor representa o sistema do mérito, porque
traduz um certame de que todos podem participar nas mesmas condições, permitindo que
sejam escolhidos realmente os melhores candidatos. Baseia-se o concurso em três postulados
fundamentais. O primeiro é o princípio da igualdade, pelo qual se permite que todos os
interessados em ingressar no serviço público disputem a vaga em condições idênticas para
todos. Depois, o princípio da moralidade administrativa, indicativo de que o concurso veda
favorecimentos e perseguições pessoais, bem como situações de nepotismo, em ordem a
demonstrar que o real escopo da Administração é o de selecionar os melhores candidatos.
Por fim, o princípio da competição, que significa que os candidatos participam de um certame,
procurando alçar-se a classificação que os coloque em condições de ingressar no serviço
público.
“(Manual de Direito Administrativo. 17ª ed., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 541).
Sabido é que todo concurso pú blico deve pautar-se nos princípios norteadores de nossa
ordem constitucional vigente, entre eles os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade, transparência, razoabilidade e motivaçã o dos atos
administrativos, previstos no “Caput” do art. 37 da Carta Magna.
Portanto e nos termos dos fundamentos jurídicos, doutriná rios e jurisprudenciais abaixo
colacionados, impõe-se a intervenção do Judiciário diante da ilegalidade do ato
administrativo, a fim de que seja dado provimento aos pedidos da Autora, como medida de
direito e cautela, sendo-lhe assegurado o direito de obter a revisão e anulação das
questões 04 e 07 da prova de português através de perícia técnica, o que desde já se
requer!
É exatamente este o entendimento de nossos Tribunais, in verbis:
Número: 70060886157
Órgão Julgador: Terceira Câ mara Cível
Tipo de Processo:Apelação Cível
Comarca de Origem: Comarca de Porto Alegre
Tribunal:Tribunal de Justiça do RS
Seção: CIVEL
Classe CNJ:Apelação
Assunto CNJ: Concurso Pú blico / Edital
Relator:Nelson Antônio Monteiro Pacheco
Decisão: Acó rdã o
Ementa: CONCURSO PÚBLICO. COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE-D.
CARGO DE ENGENHEIRO ELETRICISTA. AÇÃO AJUIZADA CONTRA A FUNDAÇÃO
UNIVERSIDADE EMPRESA DE TECNOLOGIA E CIÊNCIA - FUNDATEC. PRETENSÃO DE
ANULAÇÃO DA QUESTÃONº 46 DA PROVA OBJETIVA. VÁRIAS ALTERNATIVASCORRETAS.
PERÍCIA REALIZADA. ANULAÇÃOMANTIDA. EM QUE PESE A IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO
DOS CRITÉRIO DA BANCA PELO PODER JUDICIÁRIO A TEOR DO JULGAMENTO PELO
SUPREMO TRIBUNAL DO TEMA ESPECÍFICO EM REPERCUSSÃO GERAL, NA HIPÓTESE
VERIFICA-SE A ILEGALIDADE NA QUESTÃOIMPUGNADA. SENTENÇA MANTIDA. Em que pese
a impossibilidade de o Poder Judiciário rever os critérios de banca de concurso públicoa teor
da interpretação do julgamento do RE nº 632.853-CE, na forma do art. 543-B, do CPC, a
questãonº 46 da prova objetiva do concurso públicoaberto pelo edital nº 01/08 da CEEE-D
para o cargo de Engenheiro Eletricista teve seu equívoco reconhecido pela sentença, razão
por que vai mantida. Perícia técnica realizada que demonstrou a existência de mais de uma
alternativa correta. APELAÇÃO IMPROVIDA. (Apelação Cível Nº 70060886157, Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Nelson Antônio Monteiro Pacheco, Julgado
em 07/07/2016)
Número: 70069158913
Órgão Julgador: Terceira Câ mara Cível
Tipo de Processo:Agravo de Instrumento
Comarca de Origem: Comarca de Pinheiro Machado
Tribunal:Tribunal de Justiça do RS
Seção: CIVEL
Classe CNJ:Agravo de Instrumento
Assunto CNJ: Atos Administrativos
Relator:Nelson Antônio Monteiro Pacheco
Decisão: Acó rdã o
Ementa:AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PÚBLICONÃO ESPECIFICADO. CONCURSO
PÚBLICO. FASE DE EXECUÇÃO. MUNICÍPIO DE PINHEIRO MACHADO. CARGO DE PROFESSOR,
ANOS INICIAIS. EDITAL Nº 30/10. ANULAÇÃO DA QUESTÃONº 20 DA PROVA OBJETIVA.
ATRIBUIÇÃO DA PONTUAÇÃO. RECLASSIFICAÇÃO.DETERMINAÇÃO DE NOMEAÇÃO E POSSE.
MANUTENÇÃO. OBEDIÊNCIA AO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. A decisão agravada que
determinou ao Município de Pinheiro Machado a nomeação e posse da agravada merece ser
mantida. Obediência ao título executivo judicial. Sentença que confirmou a tutela antecipada
e determinou a observância do disposto no item 16.1 do edital nº 30/10. Anulação da
questãonº 20 da prova objetiva do concursopara o cargo de professor, anos iniciais, que teve
como consequência a reclassificação da agravada e o seu prosseguimento no certame até o
provimento do cargo. Decisão agravada mantida. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO.
(Agravo de Instrumento Nº 70069158913, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Nelson Antônio Monteiro Pacheco, Julgado em 07/07/2016
Número: 70054667019
Órgão Julgador:Quarta Câmara Cível
Tipo de Processo:Apelação Cível
Comarca de Origem:Comarca de Canoas
Tribunal:Tribunal de Justiça do RS
Seção:CIVEL
Classe CNJ:Apelação
Assunto CNJ:Concurso Público / Edital
Relator:Alex Gonzalez Custodio
Decisão:Acórdão
Ementa:APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO. PROVA OBJETIVA. VÍCIOS. OCORRÊNCIA. TABELA
QUE SE APLICA A QUESTÕRES 28 E 29. QUESTÃO30 SEM INDICAÇÃO DE QUE A TABELA DAS
QUESTÕES ANTERIORES DEVERIA SER UTILIZADA TAMBÉM PARA QUESTÃO30. OMISSÃO
QUE TRADUZ EM NECESSIDADE DE DEDUÇÃO OUPRESUNÇÃO, INCOMPATÍVEL COM PROVA
OBJETIVA. EXIGÊNCIA DE QUE A PROVA DESCREVA COM CLAREZA OS TÓPICOS DE
QUESTÕES OBJETIVAS, MORMENTE ENVOLVENDO CÁLCULOS, EM MATÉRIA DE CIÊNCIAS
EXATAS. HIPÓTESE EM QUE SE EXIGIR DO CANDIDATO CONHECIMENTO ALÉM DO
QUESTIONAMENTO OBJETIVO, ESPECIALMENTE EM SE TRATANDO DE QUESTÕES
MATEMÁTICAS E COM PRESENÇA DE CÁLCULOS. CABE A ANULAÇÃO DA QUESTÃO
OBJETIVA DE CONCURSO PÚBLICO, EM CARÁTER EXCEPCIONAL, QUANDO O VÍCIO QUE A
MACULA SE MANIFESTA DE FORMA EVIDENTE E INSOFISMÁVEL, OU SEJA, QUANDO SE
APRESENTE PRIMO ICTU OCULI. NO CASO, O ERRO MATERIAL COMPROMETEU A
COMPREENSÃO DA QUESTÃO. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO (Apelação
Cível Nº 70054667019, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alex
Gonzalez Custodio, Julgado em 14/12/2016
Número: 70069511707
Órgão Julgador:Quarta Câmara Cível
Tipo de Processo:Apelação Cível
Comarca de Origem:Comarca de São Gabriel
Tribunal:Tribunal de Justiça do RS
Seção:CIVEL
Classe CNJ:Apelação
Assunto CNJ:Anulação e Correção de Provas / Questões
Relator:Eduardo Uhlein
Decisão:Acórdão
Ementa:APELAÇÃO CÍVEL. CONCURSO PÚBLICO. BRIGADA MILITAR. EDITAL CTSP Nº
32/2011. ERRO MATERIAL EVIDENTE. UTILIZAÇÃO DE LEGISLAÇÃO REVOGADA EM
ENUNCIADO DA QUESTÃONº 34 DA PROVA OBJETIVA DO CERTAME. NULIDADE DA
QUESTÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Pacificou-se a jurisprudênciado Superior
Tribunal de Justiça no sentido de que a competência do Poder Judiciário limita-se ao exame
da legalidade das normas instituídas no edital e dos atos praticados na realização do
concurso, sendo vedada a análise dos critérios de formulação de questões, de correção de
provas, atribuição de notas aos candidatos, matérias cuja responsabilidade é da
Administração Pública. Todavia, também vem admitindo aquele Colendo Pretório
Superior, em caráter excepcional, a anulação de questãoobjetiva pelo Judiciário, em
respeito ao princípio da legalidade, quando o vício que a macula se manifesta de forma
evidente e insofismável.2. A revogação da referida NI nº 079/EMBM/2001, base da
questãonº 34 da prova objetiva, macula o enunciado da questão, uma vez que, no mínimo,
confunde os candidatos por não se tratar mais de normativa interna vigente. A revogação da
Nota de Instrução ocorrida antes da data do concursoimpede a sua utilização na forma como
solicitada pela Banca Examinadora, especialmente porque setrata de questãoobjetiva de
múltipla escolha em que se exige absoluta exatidão nas assertivas. O ato de revogação do
texto da normativa interna, utilizado literalmente pela Banca, prenuncia a sua incorreção e,
como tal, é capaz de conduzir à perplexidade um candidato bem preparado. 3. Os honorários
advocatícios devem remunerar com dignidade o profissional, respeitando a atividade
desenvolvida e levando em conta a natureza da causa, o tempo de tramitação da demanda, a
sua repetitividade e o zelo do profissional. Verba reduzida, no caso. 4. Sentença procedente na
origem. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE. (Apelação Cível Nº 70069511707, Quarta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Eduardo Uhlein, Julgado em 01/02/2017
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. OAB. CRITÉRIOS DE ELABORAÇÃO
CORREÇÃO DAS PROVAS DO EXAME DE ORDEM. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE,
FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. ART. 5º, XXXV, DA CF/1988. POSSIBILIDADE DE
APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. 1. A vedação quanto à impossibilidade de
análise dos critérios de correção de provas pelo Poder Judiciário deve ser relativizada,
a fim de proporcionar ao jurisdicionado maior amplitude de proteção do seu direito. 2.
Para os casos em que os critérios adotados na elaboração e correção de provas de concursos
estejam em clara inobservância ao princípio da razoabilidade, da fundamentação, da
motivação, com base no preceito constitucional (art. 5º, XXXV, da CF), pode e deve o Poder
Judiciário, com os temperamentos necessários, avaliar tais aspectos. 3. O mérito do ato
administrativo está, sim, sujeito a controle judicial, sob o critério da razoabilidade. O
juiz não irá avaliar se o administrador, como é de seu dever, fez o melhor uso da competência
administrativa, mas cabe-lhe ponderar se o ato conteve-se dentro de padrões médios, de
limites aceitáveis, fora dos quais considera-se erro e, como tal, sujeito a anulação.
(TRF1. AMS 2002.34.00.035228-5/DF, relator Desembargador Federal João Batista
Moreira). (Grifou-se).
PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. OAB. CRITÉRIOS DE ELABORAÇÃO
CORREÇÃO DAS PROVAS DO EXAME DE ORDEM. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE,
FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. ART. 5º, XXXV, DA CF/1988. POSSIBILIDADE DE
APRECIAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO. 1. A vedação quanto à impossibilidade de análise dos
critérios de correção de provas pelo Poder Judiciário deve ser relativizada, a fim de
proporcionar ao jurisdicionado maior amplitude de proteção do seu direito. 2. Para os casos
em que os critérios adotados na elaboração e correção de provas de concursos estejam em
clara inobservância ao princípio da razoabilidade, da fundamentação, da motivação, com
base no preceito constitucional (art. 5º, XXXV, da CF), pode e deve o Poder Judiciário, com os
temperamentos necessários, avaliar tais aspectos. 3. O mérito do ato administrativo está, sim,
sujeito a controle judicial, sob o critério da razoabilidade. O juiz não irá avaliar se o
administrador, como é de seu dever, fez o melhor uso da competência administrativa, mas
cabe-lhe ponderar se o ato conteve-se dentro de padrões médios, de limites aceitáveis, fora
dos quais considera-se erro e, como tal, sujeito a anulação. (AMS 2002.34.00.035228-5/DF,
relator Desembargador Federal João Batista Moreira, DJ de 25/11/2004).4. Comprovado, no
caso, que houve falha no procedimento adotado para correção da peça processual
aplicada na prova prático-profissional realizada pelo impetrante, ante a inobservância aos
princípios da razoabilidade, da motivação e da fundamentação, impõe-se a anulação
da correção, para que nova apreciação seja realizada. 5. Apelação a que se dá parcial
provimento. (TRF.1-Processo: AMS 2005.34.00.020803-0/DF; APELAÇÃO EM MANDADO
DE SEGURANÇA Relator: DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO
Órgão Julgador: OITAVA TURMA Publicação: 23/11/2007 DJ p.239 Data da Decisão:
13/11/2007 ). (Grifou-se).
Excelência!
É , plenamente possível a intervençã o do Poder Judiciá rio no presente caso, haja vista que
tanto pelo parecer técnico emitido por profissional habilitado e trazido aos autos pela
Autora como pela pró pria prova pericial a ser produzida, restará devidamente comprovado
que, contrariamente ao comando formulado na questão 04 a alternativa D tida como
correta pela banca examinadora, também está INCORRETA, desatendendo, portanto, a
diretriz proposta, que admitia uma resposta certa, eis porque na questão 04 todas as
alternativas estão incorretas! E na questão 07 a alternativa Ctambém nã o pode ser
admitida como correta, pois somente a assertiva I está incorreta sendo correta a sua
assertiva III, fato esse que, por si só , já anula a questã o 07!
Uma vez demonstrado defeito nas questõ es impugnadas pela Autora aponto de anulá -las,
devem as questões 04 e 07 da prova de português serem declaradas nulas e
recalculada a nota final obtida pela autora no certame, passando a sua Média Final
para 87,50, o que desde já se requer!
Pela Procedência da Açã o!
III – DA IMPOSSIBILIDADE DE NOMEAÇÃO DE CANDIDATO QUE NÃO COMPROVE RESIDIR
NO MUNICÍPIO DE SÃO LEOPOLDO - NULIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO DE NOMEAÇÃO
Excelência!
Como medida de prevençã o, cabe também a Autora abordar essa questã o, justamente, para
evitar que irregularidades futuras venha a ser praticadas pelo ente pú blico, como já visto
em concursos anteriores realizados pela mesma autarquia.
Veja-se Excelência, que em relaçã o a esse assunto o Edital de abertura do Concurso Público
n. 01/2016, é explícito e não dá margem a dúvidas ou interpretações ambíguas, pois
estabelece de forma expressa e categó rica como norma e requisito essencial para
nomeação dos concursados aprovados para o cargo de Agente Administrativo, que os
candidatos classificados aos cargos que estão sujeitos a plantões e sobreavisos
deverão residir em São Leopoldo e apresentar comprovante de residência no
município (conta de água, luz ou telefone fixo), conforme previsto no item 1.5 –
PLANTÕES E SOBREAVISOS (fl.06) e no tópico final das atribuições típicas do cargo
de Agente Administrativo (fl.32-33). Conforme texto in verbis:
EDITAL DE ABERTURA N. 01/2016
2.5 PLANTÕES E SOBREAVISOS (pág.06)
“Para se candidatar aos cargos que estão sujeitos a plantões e sobreavisos, previstos nas atribuições dos cargos,
o candidato classificado deverá residir em São Leopoldo e apresentar, no ato de nomeação, comprovante de
residência no município (conta de água, luz ou telefone fixo)ou Declaração de Residência, registrada em cartório
oficial.” (Grifou-se).

AGENTE ADMINISTRATIVO(pág. 32-33)


Atribuições Típicas:
(...)
- Trabalho sujeito a plantões e sobreaviso; (Grifou-se).
(...)
Depreende-se, portanto, que o cargo de Agente Administrativo está sujeito ao regime de
plantõ es e sobreaviso, haja vista que o edital prevê expressamente como parte das
atribuiçõ es típicas do cargo esse tipo de trabalho. Logo, é expressamente vedado a
nomeaçã o de candidato aprovado para o cargo de Agente Administrativo que não atenda
a esse requisito (comprovar residir em São Leopoldo), sob pena de flagrante nulidade
do ato administrativo de nomeação, o que desde já se requer!
IV - DA TUTELA ANTECIPADA “IN LIMINE”
No tocante ao assunto, o Có digo de Processo Civil prescreve que o juiz poderá , a
requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no
pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegaçã o e haja fundado receio de dano irrepará vel ou de difícil reparaçã o.
Portanto, para a concessã o da tutela antecipada devem concorrer os dois requisitos legais,
ou seja, a relevâ ncia dos motivos em que se assenta o pedido inicial e a possibilidade da
ocorrência de lesã o irrepará vel ao direito do Autor se vier a ser reconhecido tardiamente
na decisã o de mérito.
DA VEROSSIMILHANÇA
A verossimilhança se verifica nas questõ es 04 e 07 da prova de português, as quais
deveriam ser anuladas pela banca examinadora e nã o foram em detrimento da autora,
conforme acima exposto, deixando de se aplicar tal pontuaçã o a Autora.
Cumpre ressaltar que embora se reconheça nã o caber ao Poder Judiciá rio, em regra,
imiscuir-se no mérito dos atos administrativos, reapreciando questõ es de provas ou
reavaliando notas atribuídas pela banca examinadora de concurso pú blico, entretanto, é de
salientar que a pró pria jurisprudência também tem consolidado o entendimento de que é
sim possível a intervençã o do Judiciá rio para revisar e anular questõ es de provas, a fim de
corrigir atos discricioná rios viciados.
Até mesmo porque, a jurisprudência pá tria tem admitido a ingerência do judiciá rio para
examinar as questõ es cuja impugnaçã o esteja fundada na legalidade da avaliaçã o aferida
segundo as disposiçõ es do edital e demais normas que regem o certame, quando, por
exemplo, em prova de mú ltipla escolha, a banca aceita uma alternativa como correta e o
edital somente admite um quesito como correto, o candidato demonstra haver mais de uma
alternativa ou a inexistência de alternativa correta. Sendo exatamente este o caso dos
autos!
E, nesse sentido é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do RS e Tribunal
Regional Federal:
Número: 70070488374
Órgão Julgador:Quarta Câmara Cível
Tipo de Processo:Agravo de Instrumento
Comarca de Origem:Comarca de Porto Alegre
Tribunal:Tribunal de Justiça do RS
Seção:CIVEL
Classe CNJ:Agravo de Instrumento
Assunto CNJ:Concurso Público / Edital
Relator:Francesco Conti
Decisão:Acórdão
Ementa:AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONCURSO PÚBLICO. AUDITOR-FISCAL DA RECEITA
ESTADUAL. PROVA OBJETIVA. ANULAÇÃO DE QUESTÕES. TUTELA DE URGÊNCIA.A
concessão de tutela de urgência pressupõe a ocorrência de dois requisitos previstos no
art. 300 do CPC: elementos que evidenciem aprobabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo, o que é verificado em relação às questões
nº 35, 48 e 73, bloco 2 do certame. Precedentes das Câmaras integrantes do 2º Grupo Cível.
AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70070488374, Quarta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Francesco Conti, Julgado em 05/10/2016).
“CONCURSO PÚBLICO – QUESITO DE PROVA OBJETIVA – ADMISSIBILIDADE DE
ANULAÇÃO PELO PODER JUDICIÁRIO EM CASOS EXCEPCIONAIS – INOCORRÊNCIA DE
PREJUÍZOS AOS DEMAIS CANDIDATOS APROVADOS – LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO –
INEXISTÊNCIA – Excepcionalmente, restando demonstrado que a resposta considerada
correta pela banca examinadora está, objetivamente, em desacordo com o ramo de
conhecimento investigado, houver erro material ou vício na formulação da questão, é
admissível o Poder Judiciário anular questão de concurso. Se com a adição dos pontos
referentes ao quesito anulado às outras notas obtidas pelos autores da ação fica comprovado,
por certidão da instituição responsável pela realização do concurso, o preenchimento das
demais condições exigidas no Edital, é de se reconhecer a aprovação destes na primeira etapa
do concurso público.
Ausência de prejuízo para os demais candidatos aprovados. Impossibilidade de quem não foi
litisconsorte ativo se beneficiar da sentença. Inexistência de litisconsórcio necessário.
Preliminar de nulidade da sentença rejeitada. Apelação dos autores parcialmente provida.
Apelação da União e remessa oficial improvidas.”(TRF 5ª R. – AC 106.703 – (96.05.27664-0) –
PE – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Conv.Manoel Erhardt – DJU 24.10.2002 – p. 888). (Grifou-se).
DO DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO
Para obtençã o da tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado temor de que,
enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar à s circunstâ ncias de fato favorá veis à
pró pria tutela e esta tornar-se inó cua. E isto pode ocorrer quando haja o risco de
perecimento, destruiçã o, desvio, deterioraçã o, ou de qualquer mutaçã o das pessoas, bens
ou provas necessá rias para a perfeita e eficaz atuaçã o do provimento final do processo
principal.
Para a doutrina pá tria, e na liçã o do Célebre Professor Humberto Theodoro Júnior, tem-se
que:
“Receio fundado é o que não decorre de simples estado de espírito do requerente, que não se
limita à situação subjetiva de temor ou dúvida pessoal, mas se liga a uma situação objetiva,
demonstrável através de algum fato concreto. Perigo de dano próximo ou iminente é, por sua
vez, o que se relaciona com uma lesão que provavelmente deva ocorrer ainda durante o curso
do processo principal, isto é, antes da solução definitiva de mérito.
Por fim, o dano temido, para justificar a proteção cautelar, há de ser a um só tempo grave e
de difícil reparação, mesmo porque as duas ideias se interpenetram e se completam, posto que
para ter-se como realmente grave uma lesão jurídica é preciso que seja irreparável sua
conseqüência, ou pelo menos de difícil reparação. (ob. Cite, pág. 373).
Assim sendo, segundo se depreende do caso em tela verifica-se que a Autora será
fatalmente prejudicada se a prestaçã o jurisdicional nã o ocorrer a tempo e modo, isso em
virtude da iminente nomeaçã o dos aprovados que até entã o, obtiveram melhor
classificaçã o que a Autora, e que caso nã o seja concedida a tutela antecipada, com a
consequente SUSPENSÃO DAS NOMEAÇÕES E TERMOS DE POSSE PARA O CARGO DE
AGENTE ADMINISTRATIVO até o julgamento final da presente lide; resultará em
prejuízo de proporçõ es irrepará veis à Autora, haja vista tratar-se de emprego pú blico que
lhe proverá o sustento e de sua família. Até mesmo porque, a Autora se encontra
DESEMPREGADA e está com 43 anos de idade e, justamente, por já ter passado dos
quarenta anos, vem encontrando muita dificuldade em inserir-se no mercado de trabalho;
bem como lhe proporcionará a realizaçã o de um sonho pessoal!
Para que o judiciá rio nã o se divorcie dos ditames estabelecidos pela Carta da Republica e,
por conseguinte, imponha a Autora um estado de ilegítima submissã o, em contrariedade
frontal aos princípios que informam o Estado Democrá tico de Direito, deve a presente
tutela antecipada ser concedida in limine, por imperativo da mais lídima e salutar
JUSTIÇA, diante do preenchimento dos requisitos autorizadores, o que desde já se requer.
Ademais, o Novo Código de Processo Civil autoriza o Juiz a conceder a antecipaçã o de tutela
em sede liminar, veja-se:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
§ 1oPara a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real
ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a
caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder oferecê-
la.
§ 2oA tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.
DA TUTELA DA EVIDÊNCIA
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração
de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da
parte;
II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver
tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato
de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob
cominação de multa;
IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
Dessa forma, a Autora requer desde já a Vossa Excelência, seja deferida TUTELA
ANTECIPADA “IN LIMINE” para SUSPENDER O CONCURSO E AS NOMEAÇÕES SOMENTE
EM RELAÇÃO AO CARGO DE AGENTE ADMINISTRATIVO e, consequentemente, a
intimação do SEMAE para que tenha ciência da decisã o liminar e se abstenha de efetivar
qualquer nomeaçã o e/ou termo de posse para o cargo de Agente Administrativo até o
julgamento final da lide! Bem como a aplicaçã o de multa em caso de descumprimento da
ordem judicial em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência.
V - DA NECESSIDADE DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
A Autora por nã o dispor de recursos financeiros suficientes para arcar com o ô nus do
pagamento de custas processuais e honorá rios advocatícios, eis que está desempregada, o
que se comprova pela sua Carteira de Trabalho ora inclusa e declaraçã o de
hipossuficiência, faz, portanto, jus ao benefício ora postulado.
Além do que a Autora já está com 43 anos de idade e, justamente, por já ter passado dos
quarenta anos, vem encontrando muita dificuldade em inserir-se no mercado de trabalho!
Assim sendo, requer, desde já , a concessã o dos benefícios da gratuidade de justiça, com
fulcro no artigo 5º XXXIV, a da Constituição Federal, declarando hipossuficiente nos termos
do artigo 4º da Lei 1.060/50.
Pela Procedência da Açã o!
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:
a) A concessão de Tutela Antecipada, em cará ter de urgência, initio litis, inaudita altera
pars, nos termos dos artigos 300 e 311, incisos III, V, e seu Pará grafo Ú nico, ambos do Novo
Có digo de Processo Civil, a fim de decretar a SUSPENSÃO DO CONCURSO PÚBLICO
N.01/2016 – SEMAE - E COIBIR AS NOMEAÇÕES E POSSES PARA O CARGO DE AGENTE
ADMINISTRATIVO até o julgamento final da lide;
b) Declarar a NULIDADE das questões 04 e 07 da Prova de Português e a respectiva
atribuiçã o da pontuaçã o a nota referente a média final da Autora passando a sua Nota
Final para 87,50;
c) Declarar a NULIDADE do ato administrativo de nomeaçãodos candidatos aprovados
para o cargo de Agente Administrativo que NÃO COMPROVAREM residir em São
Leopoldo, por ser esse requisito essencial para nomeação no cargo de agente
administrativo como bem determina o Edital de Abertura do Concurso N. 01/2016 –
item 1.5 Plantões e Sobreavisos (fl.06) e no item que trata das Atribuições Típicas do
cargo de Agente administrativo (fls.32-33) do certame;
d) A citação da Requerida na pessoa de seu representante, para contestar a presente açã o,
no prazo legal, sob pena de revelia e confissã o ficta;
e) A realização de Laudo Pericial com a designaçã o de perícia técnica para revisar as
questõ es 04 e 07 da Prova de Português com ô nus invertido; bem como a abertura de prazo
para oferecimento de quesitos pelas partes;
f) A expedição de Ofício ao SEMAE para que tome ciência da decisã o liminar deferida em
sede de Antecipação de Tutela e se abstenha de efetivar qualquer nomeaçã o e/ou termo de
posse para o cargo de AGENTE ADMINISTRATIVO, face a SUSPENSÃ O DO CONCURSO até o
desfecho final da lide; Bem como seja deferida a aplicaçã o de multa em caso de
descumprimento da ordem judicial em valor a ser fixado por Vossa Excelência;
g) A TOTAL PROCEDÊNCIA DA AÇÃO ao final julgados procedentes todos os pedidos da
Autora, para condenar a Requerida a proceder a ANULAÇÃO das questões de nº 04 e 07
da Prova de Português, e, consequentemente, a atribuiçã o da pontuaçã o a nota referente
a média final da Autora passando a sua Nota Final para 87,50;
h) A intimação do Ministério Público para todos os atos e termos do processo;
i) A condenação da Requerida ao pagamento das custas processuais, em especial da
perícia técnicae dos honorários advocatícios, esses de já pleiteados no patamar má ximo
de 20% (vinte por cento) sobre o valor atualizado da causa;
j) A produção de todos os meios de prova permissíveis e admissíveis em direito, que se
fizerem necessá rias, principalmente prova documental, juntada posterior de documentos
como contraprova, designaçã o de perícia técnica (com ônus invertido), exibiçã o de
documentos, prova testemunhal; bem como a nomeaçã o de Amicus Curiae a teor do artigo
138 do NCPC, e outras mais que se fizerem necessá rias;
k) A intimação das Testemunhas que serã o arroladas oportunamente pela Autora;
l) A concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita a autora, por preencher
todos os requisitos da Lei 1.060/50, eis que está desempregada e sem condiçõ es de arcar
com as despesas do presente processo, conforme Declaraçã o em anexo.
Dá -se a causa o valor de R$ 8.655,00.
NESTES TERMOS,
PEDE DEFERIMENTO!
SÃO LEOPOLDO/RS, 09 DE MARÇO DE 2017.
DENISE SCHEIBE
OAB\RS 46.368

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