Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DA COMARCA DE
AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO
COM PEDIDO DE AJG
E PEDIDO LIMINAR DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA
Nome e qualificaçã o da parte, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fulcro no art.
269, I, do Có digo de Processo Civil, propor
AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO C/C REVISÃO E ANULAÇÃO DE QUESTÕES
DE PROVA EM CONCURSO PÚBLICO E RECÁLCULO DAS NOTAS FINAIS – VEDAÇÃO DE
NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS QUE NÃO COMPROVEM RESIDIR NO MUNICÍPIO COM
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA “IN LIMINE”
Em desfavor de
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE EMPRESA TECNOLOGICA E CIÊNCIA - FUNDATEC, pessoa
jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº 87.878.476/0001-08, podendo ser
citado na pessoa de seu representante legal, com sede na Rua Professor Cristiano Fischer,
n.2012, bairro Partenon, em Porto Alegre/RS, CEP: 91.410-000, E-mail:
crm@fundatec.com.br; pelos fundamentos fá ticos e jurídicos a seguir expostos:
1. DOS FATOS
Autora prestou o Concurso Público N. 01/2016 para provimento de vagas no cargo de
Agente Administrativo promovido pelo SEMAE - SERVIÇO MUNICIPAL DE ÁGUA E
ESGOTOS sob a coordenaçã o técnica e administrativa da FUNDATEC, conforme Edital de
Abertura N.01/2016 publicado em 27.09.2016 e Edital de Homologação Final
N.12/2016publicado em 29.12.2016.
Regularmente inscrita no certame sob a inscrição nº 41119702411-7, a Autora
obedecendo a todos os critérios elencados no edital do certame, realizou uma prova
objetiva, composta por 40 (quarenta) questõ es e valorada em 2,5 pontos para cada questã o,
aplicada em data de 20/11/2016, obtendo o nú mero de acertos 33 (trinta e três) pontos, e
Nota Final 82,50, tendo sido aprovada no concurso e classificada na posiçã o 58.
Quando da divulgaçã o do gabarito preliminar a Autora no prazo legal, interpô s recursos
administrativos junto a FUNDATEC com escopo de anular as questões 04 e 07 da prova
de português, contudo, tal pedido, restou indeferido pela banca examinadora do concurso.
Ocorre que o nú mero de vagas previsto no Edital para o cargo de Agente Administrativo é
de 10 (dez) mais Cadastro de Reserva. Embora a Autora tenha obtido aprovaçã o no
concurso, na sua atual posiçã o de classificaçã o 58, a possibilidade da Autora ser chamada
para o cargo é incerta e praticamente inexistente!
Assim, em havendo a anulaçã o das questõ es 04 e 07 da prova de português, a Autora
ficaria com pontuação 35 e sua Nota Final passaria para 87,50 e com essa nota a
Autora ficaria classificada entre os 10 (dez) primeiros colocados no concurso. E, neste caso,
seria absolutamente certa a sua convocaçã o e nomeaçã o para assumir o cargo de Agente
Administrativo, pois estaria dentro das 10 vagas previstas no Edital!
Dessa forma, a Autora apó s aná lise aprofundada das respostas exaradas nas questõ es 04 e
07 da prova de português - tendo inclusive consultado professor de português com amplo
conhecimento no assunto - constatou que realmente as mesmas sã o passíveis de anulaçã o,
mas que arbitrariamente nã o foram anuladas pela banca examinadora, razã o pela qual a
Autora interpô s a presente açã o explicitando e fundamentando o motivo do pedido de
anulação das questões 04 e 07 da prova de português, com respaldo em parecer técnico
emitido por profissional habilitado ora em anexo.
Excelência!
A Autora foi manifestamente prejudicada pela decisã o da banca, eis que apó s muito estudo
e dedicaçã o, a mesma nã o poupou esforços para se preparar para prova, abdicando de seu
descanso, lazer, festividades, convivência com amigos e familiares, sem contar com o
dispêndio financeiro em face da realizaçã o de curso preparató rio, tendo em vista que a
disputa pelas vagas era extremamente concorrida entre os candidatos, eis que haviam
5.712 candidatos inscritos para o cargo de Agente Administrativo o equivalente a
571,20 por vaga! Além disso, a Autora já está com 43 anos de idade e, justamente, por já
ter passado dos quarenta anos, vem encontrando muita dificuldade em inserir-se no
mercado de trabalho!
E, portanto, nã o é justo que a Autora nã o tenha sido classificada entre os 10 (dez) primeiros
colocados, devido a uma decisão equivocada e arbitrária da banca que se negou a
anular 02 questões da prova de português, as quais sã o sim passíveis de anulaçã o, como
bem restará comprovado através do laudo técnico ora acostado e realizaçã o de pericia
técnica.
Por fim, cumpre esclarecer que o Edital de abertura do Concurso Pú blico n. 01/2016,
estabelece como norma e requisito essencial para nomeaçã o no cargo pú blico, que os
candidatos classificados aos cargos que estã o sujeitos a plantõ es e sobreavisos deverã o
residir em Sã o Leopoldo e apresentar comprovante de residência no município (conta de
á gua, luz ou telefone fixo), conforme previsto no item 1.5 – PLANTÕ ES E SOBREAVISOS
(fl.06) e no tó pico final das atribuiçõ es típicas do Agente Administrativo (fls.32-33).
Assim sendo, deve ser vedada a nomeaçã o de candidato aprovado para o cargo de Agente
Administrativo que nã o comprove residir em Sã o Leopoldo. Sendo, portanto,
expressamente proibida a sua nomeaçã o caso nã o comprove atender a esse requisito, sob
pena de flagrante nulidade do ato administrativo de nomeação, o que desde já se
requer!
Pela Procedência da Açã o!
2. DO DIREITO
I. DA ANULAÇÃO DAS QUESTÕES 04 E 07 DA PROVA DE PORTUGUÊS
Excelência! A banca examinadora equivocadamente negou provimento aos recursos
administrativos interpostos pela Autora, com a seguinte justificativa:
Recurso da Autora à questão 04 de Português:
Justificativa: A questão 04 é passível de anulação, pois nenhuma assertiva está correta. A letra
D apontada pelo gabarito também está incorreta, pois o uso da água engarrafada não se
tornou popular em apenas “alguns locais”. Ao contrário, o texto demonstra de forma literal e
cabal que a moda da água mineral se espalhou pelo mundo, veja-se: (linhas 23 à 25)"Com o
passar do tempo, o costume ficou ainda mais popular “Chegamos ao ponto de ter algo como
260 bilhões de litros de água engarrafada em garrafas de plástico no ano passado.” Logo, ao
analisarmos o texto podemos inferir que o hábito se espalhou pelo mundo, pelo volume de
água engarrafada que foi de 260 bilhões de litros e NÃO apenas se tornou popular em “alguns
locais”. Devendo, portanto, a questão ser anulada
Resposta da FUNDATEC ao recurso da questão 04:
QUESTÃO: 04 - MANTIDA alternativa 'D'. A questão solicitava que fosse assinalada a
alternativa correta em relação ao que é dito no texto, portanto vamos às alternativas
separadamente:
a) Comoditização é quando a água começa a custar muito dinheiro. Incorreta, conforme o
seguinte trecho do texto: “Quando a água deixa de ser um recurso natural público, direito de
todos, e passa a ser um produto, acontece o que chamamos de ‘comoditização’.” (l. 02-04).
B) Com o intuito de arrecadar fundos para si, o Banco Mundial convenceu muitos países a
comercializar a água. Incorreta, de acordo com o texto “Naquela década, com o boom da
privatização, o Banco convenceu alguns países que privatizar a distribuição de água para a
população era uma boa forma de arrecadar fundos. (l.12-14).” Em nenhum momento é dito
que o lucro seria para o Banco Mundial.
C) Com a comoditização, o povo protestou porque o lucro só chegava aos bolsos das empresas.
Incorreta, não foi por isso que o povo protestou, e sim porque os preços da água subiram,
conforme o seguinte trecho do texto: “O problema disso era que, para ter lucro, as empresas
que dominavam o serviço subiram os preços da água que chegava às torneiras das pessoas. O
povo sentiu no bolso e protestou.” (l.18-19).
D) Em alguns locais, o costume do uso de água engarrafada se tornou popular. Correta, pois
de acordo com o texto: “Além do surgimento das parcerias públicoprivadas para a gestão da
água, os anos 1990 trouxeram __ moda da água mineral (nas décadas anteriores, água
engarrafada era luxo). Com o passar do tempo, o costume ficou ainda mais popular.
“Chegamos ao ponto de ter algo como 260 bilhões de litros de água engarrafada em
garrafas de plástico no ano passado. (Grifou-se). Há países que acham que não precisam
oferecer um serviço de água limpa para os cidadãos, porque as pessoas podem simplesmente
comprar água engarrafada, diz Barlow.” (l.22-27). A informação alguns locais, utilizada na
alternativa, não invalida a informação que é apresentada no texto por dois motivos, não é
possível depreender do texto que o mundo todo começou a utilizar água engarrafada, e, além
disso, há a informação de que “há países que acham que não precisam oferecer um serviço de
água limpa para os cidadãos...”, ou seja, alguns países acreditam nisso, e não todos.
E) Atualmente, é possível comprar água do país vizinho a qualquer momento. Incorreto, pois
isso está claramente expresso no seguinte trecho do texto: “Atualmente, somente em situações
de emergência – como as frequentes secas sofridas pelo sudeste dos EUA – a água é
transportada em caminhões pipa para o país vizinho.” (l.39-41).
Recurso da Autora à questão 07:
Justificativa: A questão 07 é passível de anulação, eis que na questão 07, apenas a 1ª assertiva
está incorreta, pois na palavra “ganhando” temos dígrafo consonantal “nh” e dígrafo vocálico
“an”, contrariando a afirmação de que há apenas dígrafo consonantal, pois também há o
dígrafo vocálico “an”. Sendo assim, o gabarito deve apontar como incorreta somente a
alternativa A. Cabendo, portanto, a anulação dessa questão.
Resposta da FUNDATEC ao recurso da questão 07:
QUESTÃO: 07 - MANTIDA alternativa 'C'. Vejamos as assertivas:
I. Em “ganhando” e “dinheiro”, há apenas dígrafo consonantal. Incorreta. Na palavra
“ganhando” há dígrafo vocálico também.
II. A palavra “internacional” tem 13 letras e 12 fonemas. Correta, pois há um dígrafo vocálico.
III. O vocábulo “comprassem” tem três dígrafos. Incorreta, pois há apenas dois dígrafos, -om e
SS, o –em não é dígrafo e sim um ditongo nasal, conforme Cegalla, “no fim das palavras, como
falam (fálãu), batem (bát~ei), -am e –em não são dígrafos, porque representam um ditongo
nasal, portanto, dois fonemas”.
Cumpre dizer Excelência, que a argumentaçã o utilizada pela banca para manter como
corretas à s alternativas nas referidas questõ es da prova de português, é manifestamente
equivocada, incoerente e desprovida de qualquer embasamento técnico. Aliá s, a banca
examinadora sequer fundamentou adequadamente a resposta de cada uma das questõ es!
Veja-se que a alegaçã o da banca em manter como correta a alternativa D da questão 04
da Prova de Português, é completamente incoerente ao aduzir que: “A informação alguns
locais, utilizada na alternativa, não invalida a informação que é apresentada no texto por
dois motivos, não é possível depreender do texto que o mundo todo começou a utilizar água
engarrafada, e, além disso, há a informação de que “há países que acham que não precisam
oferecer um serviço de água limpa para os cidadãos...”, ou seja, alguns países acreditam nisso,
e não todos...”
Ao contrá rio, do que foi alegado pela banca, a informaçã o constante no enunciado da
alternativa D - questão 04 da Prova de Português: - “EM ALGUNS LOCAIS”, o costume do
uso de água engarrafada se tornou popular...” - de que o referido enunciado nã o invalida a
informaçã o que é apresentada no texto. Pode-se dizer que invalida totalmente, pois
contraria frontalmente o sentido literal do texto!
E, portanto, faz toda a diferença, pois tal informaçã o restringe o uso da á gua engarrafada a
apenas a “Alguns Locais”, enquanto que o texto demonstra de forma literal e cabal que a
moda da á gua mineral se espalhou pelo mundo, veja-se:
"Com o passar do tempo, o costume ficou ainda mais popular “Chegamos ao ponto de ter algo como 260 bilhões
de litros de água engarrafada em garrafas de plástico no ano passado.” (linhas 23 à 25)
Logo, ao analisar o texto pode-se inferir que o há bito se tornou cada vez mais popular, ou
seja, espalhou-se pelo mundo.
Ora, Excelência, nã o é preciso ser nenhum expert no assunto, basta uma simples leitura do
texto, para que se possa perceber, considerando o volume de água engarrafada que foi
de 260 bilhões de litros de que alternativa D também está INCORRETA, pois pelo que de
fato se depreende do texto é que o costume do uso de á gua engarrafada se tornou popular
NÃ O apenas em “alguns locais”, em razã o destas duas informaçõ es encontradas no texto: de
que ”o volume de água engarrafada foi de 260 bilhões de litros e que “o hábito se tornou cada
vez mais popular”!
Além do que a alegaçã o da banca de que “não é possível depreender do texto que o mundo
todo começou a utilizar água engarrafada”..deve ser totalmente refutada, pois também nã o
há como se depreender do texto que apenas EM ALGUNS LOCAIS, o costume do uso de á gua
engarrafada se tornou popular!
Outrossim, há a informaçã o encontrada no texto de que -“há países que acham que não
precisam oferecer um serviço de água limpa para os cidadãos..- Não leva a depreenderde
que foram “alguns locais” que adotaram o uso de á gua engarrafada, pois tal assertiva leva
ú nica e tã o somente a conclusã o de que há países que entendem que nã o precisam oferecer
um serviço de á gua limpa ao cidadã os;
Ou seja refere-se exclusivamente a questã o do tratamento da á gua e não ao uso de água
engarrafada como a banca tentou fazer parecer!. Aliá s, a referida frase também nã o
significa nem leva a conclusã o de que os outros países aqueles que acham necessá rio
oferecer um serviço de á gua limpa aos cidadã os, também nã o tenham adotado o costume
do uso da á gua engarrafada, justamente porque, uma coisa nã o exclui a outra!
E, portanto, nã o cabe a banca querer imputar que o uso de á gua engarrafada foi em apenas
“alguns locais”, pois tal afirmaçã o contraria o que expressamente aduz o texto!
Deveras a questã o 04 da prova de português deve sim ser ANULADA, pois nenhuma
assertiva está correta. Restou claro evidente que a letra D apontada pelo gabarito como
correta também está incorreta, pois como bem se depreende pelo texto, o uso da á gua
engarrafada nã o se tornou popular em apenas “alguns locais”, ao contrá rio, se espalhou
pelo mundo!
Aliá s, a banca examinadora nã o fundamentou adequadamente a resposta de cada uma das
questõ es apontadas como NULAS pela Autora, pois nã o respondeu com suficiência e de
modo convincente; Bem como nã o rechaçou o flagrante equivoco existente no enunciado
da letra D (“EM ALGUNS LOCAIS”) da questão 04 da Prova de Português!
Com relaçã o a questão n.07, a mesma também deve ser anulada, eis porque na alternativa
C apenas a assertiva I é incorreta, pois conforme parecer técnico incluso, o a assertiva
III está correta, visto que as vogais orais e nasais da língua padrã o têm falares diferentes,
conforme as origens linguísticas de cada falante. Como exemplo, pode-se afirmar que a fala
das vogais finais, nasalizadas ou nã o é diferente nos falares da regiã o da fronteira com o
Uruguai e a Argentina, comparadas com os falares da regiã o metropolitana do estado do RS.
Dessa forma, a banca nã o pode afirmar que o “em comprassem” é ditongo nasal; pois ele
também pode ser considerá -lo como dígrafo, onde o m nasaliza a vogal e. E, para elucidar,
temos a interjeiçã o “hein”, onde há um ditongo nasal, e a palavra “tem”, onde temos um
dígrafo do e nasalizado pelo m, duas letras e um fonema. Portanto, a assertiva III está
correta, o que torna nula a questão 07, tendo em vista que a pergunta pede quais estã o
incorretas!
Ademais, os argumentos acima expostos os quais estã o devidamente embasados em
parecer técnico, atestam de forma inequívoca e cabal, que a Autora demonstrou que de fato
as questõ es em apreço, sã o passíveis de anulaçã o, com respaldo em parecer técnico emitido
por profissional gabaritado e competente com amplo conhecimento no assunto!
Pela Procedência da Açã o!
II. DO CERTAME E DA POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO DO JUDICIÁRIO
Excelência! O entendimento já consubstanciado pelos nossos Tribunais é no sentido de que
pode-se aferir que à discricionariedade administrativa nã o pode servir de “escudo” para
obstar à aná lise judicial de atos administrativos viciados, eis que representaria indevida
ratificaçã o de atos arbitrá rios, prejudiciais aos cidadã os.
Desta forma, forçoso reconhecer à legitimidade do Poder Judiciá rio para revisar tais atos
que, apesar da conveniência e oportunidade que o revestem, mostram-se notadamente
ilegais. Sendo, portanto, o Poder Judiciá rio competente para apreciar questõ es de concurso
pú blico acometidas de erros materiais.
Logo, apesar da regra que veda ao Poder Judiciá rio examinar o mérito (natureza técnico-
científica) de questõ es que perfazem concursos pú blicos, admite-se, porém, a anulaçã o de
questõ es eivadas de vícios materiais!
Para bem corroborar com a argumentaçã o da Autora cita-se dentre outros entendimentos
no mesmo sentido (RMS 19.062/RS, REsp 174291/DF, RMS 14.202/RS, RMS 28.854/AC, etc)
destaca-se o RMS 28.204/MG, julgado pelo STJ em 18/02/2009, in verbis:
EMENTA: ADMINISTRATIVO – RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA – CONCURSO
PÚBLICO – CONTROLE JURISDICIONAL – ANULAÇÃO DE QUESTÃO OBJETIVA –
POSSIBILIDADE – LIMITE – VÍCIO EVIDENTE – PRECEDENTES – PREVISÃO DA MATÉRIA
NO EDITAL DO CERTAME. 1. É possível a anulação judicial de questão objetiva de concurso
público, em caráter excepcional, quando o vício que a macula se manifesta de forma
evidente e insofismável, ou seja, quando se apresente primo ictu oculi. Precedentes.2.
Recurso ordinário não provido. (Grifou-se).
Veja-se que o decisum acima ilustrado permite asseverar que, em se tratando de questã o
eivada de vício grosseiro e perceptível de plano pelo juiz, pode o Poder Judiciá rio anular o
questã o viciada, sem que isso importe substituiçã o da Banca Examinadora pelo Poder
Judiciá rio.
Em suma, anular questã o de concurso pú blico eivado de vício material evidente não
significa intromissão do magistrado nos elementos técnico-científicos da questão,
isto porque nã o se discute os critérios de formulaçã o da questã o, suas bases científico-
doutriná rias, tampouco a correçã o ou nã o de uma linha de pensamento adotada pela Banca
Examinadora, mas, sim, “erros grosseiros” que a tornam viciada.