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CAPÍTULO 2 • PLANEJAMENTO E DIDÁTICA

Plano de ensino e
plano de aula

Introdução
Para você compreender o planejamento pedagógico do cotidiano docente
como atividade inerente às funções de professor e distinguir o plano de ensino
do plano de aula, é importante que assista ao vídeo O planejamento tintim por
tintim, produzido pelo MEC que está disponível no sítio do Domínio Público:
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_
action=&co_obra=50407>. Esse vídeo lhe dará subsídios para o acompanha-
mento dos conteúdos que serão trabalhados neste capítulo.
Como vimos no capítulo 1, o planejamento em educação contempla diversi-
ficados momentos, no entanto os dois momentos que mais interferem no cotiano
docente são o plano de ensino e o de aula, que serão focados aqui.
É importante lembrar que o plano da escola ou projeto político pedagógico
é produto do trabalho coletivo dos atores escolares, portanto requer a partici-
pação docente e também se constitui em uma orientação geral para a atuação do
professor. Os dois planos que estão sob a responsabilidade direta do professor
são os que enfatizaremos neste capítulo. Vamos começar?

2.1 Pressupostos do planejamento


O planejamento escolar é encarado por muitos professores como uma ativi-
dade burocrática que deve ser apenas cumprida no início do ano letivo. O
planejamento adquiriu essa “roupagem” quando o tecnicismo tomou conta de
nossas escolas. Já deu para perceber que planejar a rotina docente não é um
simples ato burocrático, muito pelo contrário, deve ser uma ação cotidiana de
todo professor. Assim, antes de iniciar o planejamento, o professor deve estar
atento para alguns pressupostos.
O primeiro pressuposto para um planejamento eficaz não ficar apenas regis-
trado no papel é estarmos conscientes de nossas convicções, termos determi-
nação sobre o rumo que queremos dar ao processo educativo como um todo.
Essas convicções têm natureza filosófica (nossas crenças e nossa visão de mundo),
políticas, sociais, econômicas e culturais.
Em seguida, devemos ter conhecimento das políticas educacionais vigentes e
suas diretrizes. Nesse caso, consideramos os Parâmetros Curriculares Nacionais
de cada disciplina como documentos de referência. É a partir deles que devemos
elaborar nossos planos, considerando as realidades e particularidades de cada

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vivência. Portanto, enquanto docentes dos anos finais do Ensino Fundamental e do


Ensino Médio, temos a obrigação de conhecer as diretrizes nacionais, no entanto elas
devem ser entendidas como referências ou um norteamento, pois devemos garantir
nossa autonomia como professores para adequá-las às regiões onde atuamos.

Saiba mais

Para conhecer os PCN de 5ª a 8ª séries, acesse o sítio <http://portaldo-


professor.mec.gov.br/material.more.action?idCategory=10&start=0&limit=
30>. Já para conhecer os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino
Médio, acesse o sítio <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/material.more.
action?idCategory=11&start=0&limit=30>.

Outro pressuposto do planejamento é considerar as condições escolares


prévias dos alunos e verificar suas prontidões em relação aos objetivos que se
pretende alcançar e aos conteúdos que serão trabalhados.
Por fim, deve-se considerar a atuação docente específica, descrever as
situações de ensino e a aprendizagem, indicar as ações e o envolvimento dos
alunos nas atividades e as ações do professor na direção delas.
Podemos afirmar que o trabalho planejado contribui para:
t atingir os objetivos desejados;
t superar as dificuldades;
t controlar a improvisação;
t contribuir para a consecução dos objetivos estabelecidos com economia
de tempo e eficiência na ação.
O processo de planejamento permite ao professor organizar antecipada-
mente a ação didática, contribuir para a melhoria tanto do trabalho docente,
como discente.
Passemos agora para a análise do plano de ensino.

2.2 Plano de ensino


O plano de curso, de ensino ou de disciplina é o planejamento didático
no qual se dá a previsão das ações e dos procedimentos que o professor vai
realizar junto a seus alunos. Envolve a organização das atividades discentes e as
experiências de aprendizagem e visa a atingir os objetivos educacionais estabe-
lecidos. Ou seja, é a especificação e a operacionalização do plano curricular.
Ele pode ser dividido em duas partes que expomos a seguir.

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a) Planejamento de curso: é a previsão dos conhecimentos a serem desen-


volvidos e das atividades a serem realizadas em uma determinada classe,
durante certo período de tempo (normalmente anual ou semestral). Isto é,
é feita a previsão do trabalho docente e discente para o ano ou para os
semestres letivos e, portanto, um desdobramento do plano curricular.
b) Planejamento de unidade: é a reunião de várias aulas sobre assuntos
correlatos, que deve ser dominada em suas inter-relações. Ao planejar
uma unidade de ensino, o professor deve estabelecer três etapas.
t Apresentação – o professor procura identificar e estimular os inte-
resses dos alunos e tenta aproveitar seus conhecimentos anteriores
para relacioná-los ao tema da unidade.
t Desenvolvimento – o professor organiza e apresenta situações de
ensino-aprendizagem que estimulam a participação ativa dos alunos
para atingir os objetivos específicos propostos (conhecimentos, habi-
lidades e atitudes).
t Integração – os alunos farão uma síntese dos conhecimentos traba-
lhados durante o desenvolvimento da unidade.
Veja um exemplo de um planejamento de curso na figura 1.

Figura 1 Exemplo de planejamento de curso

Fonte: Libâneo (2008, p. 232)

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Como podemos ver, o plano de ensino é um roteiro organizado das unidades


didáticas para o ano letivo. Deve ser reestruturado ao longo das atividades para
que, no ano vindouro, o professor se lembre das ações metodológicas que preci-
saram ser modificadas ou dos objetivos que não foram alcançados.
Depois de termos analisado o plano de ensino, examinaremos a seguir o
plano de aula.

2.3 Plano de aula


A aula é o locus da concretização do ensino, em que o professor põe
em ação os procedimentos planejados. Cada aula é uma experiência única,
pois expressa um momento que contempla um conjunto específico de circuns-
tâncias. Assim, no plano de aula, o professor especifica e operacionaliza os
procedimentos diários para a concretização dos planos de curso e de unidade.
Portanto é a sistematização de todas as atividades que se desenvolvem no
período de tempo em que o professor e o aluno interagem, em uma dinâmica
de ensino-aprendizagem.
Ao planejar uma aula, o professor:
t prevê os objetivos imediatos a serem alcançados;
t especifica os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados durante
a aula;
t define os procedimentos de ensino e organiza as atividades de aprendi-
zagem de seus alunos;
t indica os recursos que serão utilizados durante a aula para despertar
o interesse, facilitar a compreensão e estimular a participação dos
alunos;
t estabelece como será a avaliação das atividades.
O plano de aula é um esboço, um roteiro das conclusões e das decisões
tomadas.
É importante que o plano de aula apresente as seguintes características:
t coerência e unidade;
t continuidade e sequência;
t flexibilidade;
t objetividade e funcionalidade;
t precisão e clareza.
Na figura 2, a seguir, apresentamos um exemplo de plano de aula. Analise-o
com atenção.

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Figura 2 Exemplo de plano de aula

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Fonte: Libâneo (2008, p. 244-245)

O professor deve, ainda, considerar em seu plano de aula o tempo dispo-


nível para o alcance dos objetivos e para o trabalho com o conteúdo, bem
como deve reler constantemente o plano de ensino para que ambos caminhem
em harmonia.
Assim podemos perceber que o planejamento não é um momento simples-
mente burocrático, mas deve ser um momento de reflexão que interpreta nossa
realidade, favorece condutas mais apropriadas e proporciona melhores resul-
tados nas diversas situações educacionais.
No próximo capítulo, analisaremos as relações entre professor e alunos
na sala de aula. Veremos que a dinâmica das manifestações afetivas, emocio-
nais e de comunicação interferem diretamente no processo de ensino e de
aprendizagem.

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Resumo
O planejamento é um processo e, como tal, é ativo e dinâmico. Envolve
operações mentais como planejar, selecionar, definir, estruturar, organizar.
Planejar, portanto, é refletir, é prever, é criar, é agir.
Os planos que interferem no cotidiano do professor são o plano de ensino e o
de aula. Para elaborá-los, ele deve levar em consideração as atividades e as expe-
riências de ensino-aprendizagem mais adequadas para a consecução dos obje-
tivos estabelecidos e a realidade, as necessidades e os interesses dos alunos.

Atividades
1. O planejamento adequado é uma ação pedagógica essencial para o sucesso
do processo de ensino e aprendizagem. A partir do que analisamos no capí-
tulo, use (V) ou (F).
I. O planejamento do ensino não pode ser compreendido desvinculado
das relações entre escola e realidade.
II. O professor deve considerar a prontidão dos alunos para especificar os
conteúdos.
III. O planejamento implica a participação ativa de todos os elementos
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem.
IV. O planejamento do ensino pode ser compreendido desvinculado das
relações entre escola e realidade.

A sequência correta é
a) V; V; V; V. c) F; F; F; F.
b) V; V; F; F. d) V; V; V; F.

2. O plano de aula é uma ação pedagógica consciente e comprometida com a


totalidade do processo educativo. Assim, ao planejar sua ação, o professor
deve partir dos seguintes conhecimentos
a) programa de supervisão educacional e grade curricular.
b) livro didático e teorias de aprendizagem.
c) realidade concreta e diretrizes globais.
d) normas regimentais e projeto político-pedagógico.

3. O plano de aula é um dos instrumentos de planejamento utilizados pelo


professor. Em relação à sua elaboração, julgue os itens a seguir em certo (C)
ou errado (E).

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I. O plano de aula deve ser preparado apenas para as aulas expositivas.


II. O professor deve consultar os objetivos gerais e a sequência de conte-
údos do plano de ensino.
III. O professor precisa levar em consideração os passos didáticos da aula.
IV. A dinâmica, a criatividade e a flexibilidade que devem caracterizar a
aula inviabilizam a elaboração do plano de aula.
V. O plano de aula pode se repetir todos os anos.

A sequência correta é
a) E; C; C; E; E c) E; E; E; E; E
b) C; C; C; C; C d) C; C; E; E; E

4. Elabore um plano de aula sobre um tema a sua escolha e socialize com seus
colegas.

Comentário das atividades


Na atividade 1, você deve ter percebido que a única assertiva falsa é a (IV),
pois o planejamento não se desvincula da realidade social, cultural e política da
sociedade. Assim as demais assertivas são verdadeiras.
Na atividade 2, você deve ter se lembrado dos pressupostos para o plane-
jamento vistos neste capítulo, assim deve ter optado pela alternativa (c), pois o
professor deve sempre considerar a realidade dos alunos e da escola, bem como
as diretrizes maiores, que, no caso brasileiro são os Parâmetros Curriculares
Nacionais. As alternativas (a), (b) e (d) estão erradas, pois indicam conheci-
mentos que não são fundamentais para o planejamento diário das aulas.
Na atividade 3, você deve ter optado pela letra (a), pois no item (I), apesar
de alguns entenderem o plano de aula como desnecessário, sabemos que não
só as aulas expositivas devem ser contempladas nos planos de aula. A assertiva
(IV) está errada, pois o plano de aula não é uma “camisa de força”, por isso não
impede a criatividade e a flexibilidade. A assertiva (V) também está equivocada,
pois cada aula é um momento único.
Na atividade 4, você deve ter tido como referência o modelo de plano de aula
deste capítulo, lembrando que ele deve ser um detalhamento do plano de ensino,
no qual deve constar a preparação e a apresentação dos objetivos, conteúdos
e tarefas, o desenvolvimento do conteúdo, a consolidação do conteúdo, a sua
aplicação e avaliação.

Referência
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2008.

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