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Introdução

Didáctica do português III é a fase terminal do percurso de formação. Ela enfatiza o cruzamento profundo dos
conteúdos e aspectos estudados em Didácticas anteriores, portanto, I eII, e preconiza, ainda, a reflexão em torno
dos programas e materiais de ensino, desaguando no treino de capacidades do acto de planificação e leccionação
de aulas. Dos vários conteúdos abordados nesta cadeira, conclui- se que a planificação lectiva é essencial para um
ensino de qualidade, na medida em que representa a síntese do trabalho de preparação do processo do ensino
aprendizagem em todos os níveis. É através da planificação que se proporciona a forma didáctica básica de
organização do processo do ensino (Aula), onde são criadas, desenvolvidas, e transformadas as condições
necessárias para que os alunos assimilem os conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções que lhes vão ajudar
a desenvolver as suas capacidades cognitivas.
Sempre que se inicia um empreendimento mais ou menos complexo, tendo em vista alcançar determinadas metas,
torna-se importante fazer uma previsão da acção a realizar. No que se refere ao domínio de educação, esta
necessidade torna-se cada vez mas importante porque planifica-se os conteúdos a leccionar ao longo do ano
lectivo, planificam-se as unidades temáticas, as aulas, visitas de estudo e actividades de área escolar.

O presente trabalho de pesquisa aborda sobre a planificação no PEA, incluindo os níveis de planificação, a
programação do PEA, as condições concretas na planificação e realização do PEA bem como da importância e
etapas da planificação.

1.1 Objectivos:

1.1.1 Geral
Proporcionar conhecimentos teóricos e práticos que possibilitem a perceber e compreender duma forma
reflexiva e crítica as situações didácticas no âmbito da planificação.

1.1.2 Específicos
 Identificar os métodos, procedimentos e formas de direcção, organização e controlo de ensino face a
situações didácticas concretas;
 Utilizar corretamente os meios de ensino, conforme os objectivos, métodos, conteúdos e as
particularidades dos alunos;
1.2 Metodologia de Trabalho
Para elaboração deste trabalho usou-se como metodologia a revisão bibliográfica reforçando-se através
das obras por eles citadas (Libâneo, 2008,Nivagara s/de Piletti, 2004 e outras), para além das
contribuições dadas pelo pesquisador.
1. Planificação no PEA

De acordo com LIBÂNEO (2008, p.221), planificação é uma tarefa docente que inclui previsões das actividades
didácticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objectivos propostos, quanto a sua revisão e
adequação no decorrer do processo de ensino. Na outra vertente, considera-se a planificação como um meio para
se programar as acções docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado a
avaliação. (NIVAGARA, s/d, p.218).

1.1Importância da Planificação no PEA

 Com a planificação o professor determina os objectivos a alcançar ao término do PEA, os conteúdos a


serem aprendidos, as actividades a serem realizadas pelo professor e aluno e a distribuição do tempo; ou
seja,
 Permite visualizar previamente a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em dia lectivo;
 Promove a eficiência do ensino;  Garante maior segurança na direcção do ensino. (Idem., p.219).
1.2 Etapas da Planificação do Ensino.

Segundo PILLETI (2004, p. 63), a actividade de planificação no PEA, obedece quatro etapas, nomeadamente:

 Conhecimento da realidade – consiste na sondagem ou busca de dados, o que permite saber quais as
aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos e do ambiente em que o aluno está
inserido. Para facilitar a compreensão desta etapa, propõe-se que se observe o esquema a baixo
apresentado.

Conhecimento da Realidade

Aluno: (Aspirações,
Ambiente: (Escolar e
Frustrações, Sondagem
Necessidades Comunitário)
e Possibilidades)
Diagnóstico
Fig. 2: Esquema da 1ª Etapa da Planificação do Ensino

Fonte: Adaptado de Piltett. Didáctica Geral, (2004, p.64)

Elaboração do plano – a partir dos dados fornecidos pela sondagem e interpretados pelo diagnóstico, temos
condições de estabelecer o que é possível alcançar, como fazer para alcançar o que julgamos possível e como
avaliar os resultados.
 Execução do plano – consiste no desenvolvimento das actividades previstas. Na execução, sempre
haverá um elemento não plenamente previsto, às vezes a reacção dos alunos ou as circunstâncias do
ambiente exigirão adaptações e alterações na planificação, pois uma das características de uma boa
planificação deve ser a flexibilidade.
 Avaliação e aperfeiçoamento do plano – depois da execução do que foi planificado, passam a
avaliar o próprio plano com vista a replanificação. Para além de avaliar os resultados do ensino -
aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano, a nossa eficiência como professores e a
eficiência do sistema escolar.

1.1 Níveis de Planificação do PEA

Na perspectiva de NIVAGARA (s/d, p.232), a planificação do PEA realiza-se em dois níveis


fundamentais: nível central e nível de planificação pelo professor, passando por um nível intermediário, o
da planificação pela escola. No entanto, Libâneo define a planificação tendo em conta os três níveis:
Macro, Meso e Micro planificação.

Os dois autores estabelecem uma relação entre si na medida em que Nivagara aglutina no nível central a
planificação a longo e médio prazo, mantendo o nível do professor a que Libâneo apelidou de planificação
a curto prazo.

1.3.1 Nível Central

Neste nível faz-se a planificação curricular a nível da nação que abrange a todos os níveis e graus de
ensino-aprendizagem e, na base disso, procede-se a definição do perfil de saída do nível, grau, curso,
disciplina, ano, a partir do qual se faz:

 A definição dos objectivos gerais, conteúdos e métodos;


 A distribuição destes pelos anos, semestres ou trimestre e pelas unidades do PEA;
 Elaboração dos programas detalhados por disciplina.
Com base nos programas detalhados elabora-se o livro dos alunos, o manual do professor e outros meios de
ensino-aprendizagem.

1.3.2 Nível do Professor

A planificação do professor começa juntamente com os outros colegas, com a elaboração do plano anual
da disciplina (Dosificação), na qual o grupo de disciplina ou de classe faz a distribuição das unidades do
ensino, e além de outras que merecem destaque na planificação anual ou semestral. Em seguida o
professor individualmente ou em grupo elabora o seu plano de aula, ou seja, a previsão do
desenvolvimento de conteúdos para uma aula ou um conjunto de aulas, tendo em conta um carácter
bastante específicos em termo de temas (conteúdo), métodos e técnicas de ensino, objectivos e meios; isto
é, das condições concretas que se realiza o ensino-aprendizagem. Ao iniciar um ano lectivo é importante
perspectivar o PEA a desenvolver ao longo do ano. Para isso, antes das aulas a primeira preocupação do
professor, deve consistir em delimitar globalmente acção a ser aprendida ao longo de todo o ano escolar,
isto é, elaborar a planificação a longo prazo. No desenrolar do ano lectivo é necessário elaborar plano a
médio prazo e a curto prazo.

1.3.3 Longo Prazo (Macro -Planificação)

A planificação a longo prazo engloba os seguintes aspectos: reunir documentos, tais como programas de
ensino, planificação do ano anterior e livros; Marcar as férias, feriados e momento de reuniões
intercalares; Calcular o número de aulas disponíveis ao longo do ano; Analisar cuidadosamente os textos
do programa; Organizar e ordenar conteúdos em blocos unidades de ensino de modo que cada bloco
constitua um todo coerente de aprendizagem a realizar, definindo os objectivos gerais que deverão ser
alcançados; Distribuir o tempo disponível pelas diversas unidades temáticas.

1.3.4 Médio Prazo (Meso-Planificação)

A planificação a médio prazo consiste em planificar uma unidade de ensino, percorrendo os seguintes
aspectos:

 Identificação e ordenação dos conteúdos;

 Definição dos objectivos correspondentes aos conteúdos;

 Identificação dos pré-requisitos necessários a aprendizagem a desenvolver e de novos


conceitos;
 Definição das estratégias a implementar mais adequadas à situação pedagógica e aos objectivos a
atingir, Identificação dos materiais e dos recursos físicos e humanos existentes;
 Definição dos modos ou técnicas de avaliação;

 Distribuição das aulas pelos diferentes conteúdos.


1.3.5 Curto Prazo (Micro-Planificação)

Planificação a curto prazo consiste na planificação de cada aula, onde se define


todos os pormenores essenciais à sua docência tais como:

 Sumário;

 Novos conceitos a serem leccionados;

 Objectivos que os alunos deverão atingir;

 Estratégias;

 Materiais necessários a aula;

 Linguagem específica a utilizar.

1. Componentes Básicos da Planificação no PEA

Na planificação do PEA deve se observar os seguintes componentes:

 Objectivos – consistem em descrição clara do que se pretende alcançar, como


resultado da nossa actividade;
 Conteúdos – constituem a base objectiva da instrução-conhecimento sistematizado
e habilidades.

 Os conteúdos vêm indicados em linhas gerais, pelos programas de ensino.

 Procedimento de ensino – trata-se de acções, processos ou comportamentos


planeados pelo professor para colocar o aluno em contacto directo com as coisas,
factos e fenómenos que possibilitem modificar a sua conduta, em função dos
objectivos previstos;
 Recursos de ensino são materiais que são usados – para facilitar a aprendizagem;

 Avaliação – é um componente essencial do plano de ensino pelo facto de ajudar


na determinação do grau e quantidade de resultados alcançados em relação aos
objectivos definidos.
2. Programação do PEA
Programar – é uma acção que visa organizar as actividades curriculares e extra-curriculares
ou ainda. Numa escola em que existe uma equipe de professores e um certo número de
turma de várias disciplinas e anos lectivos, é certamente necessário efectuar uma
programação, que começa com a inscrição dos alunos, com a constituição das turmas
mediante critérios previamente definidos e com a elaboração dos horários de alunos e
professores.

A exigência de programas de ensino oficiais, que tem de ser obrigatoriamente comprido


exige uma programação prévia que consiste em saber:

 Por onde começar;

 Número de aulas necessárias para cada assunto;

 Definição de prioridades;

 Actividade extra curricular.

Um dos aspectos mas importantes da programação é contabilizar o número de aulas


efectivamente disponíveis em cada período escolar, descontando feriados e interrupções de
aulas e avaliações. A confrontação deste número de aulas com aquelas que são
consideradas necessárias para cada assunto, leva à definição de prioridades.

3. Condições Concretas na Planificação e Realização do PEA

Para planificar é necessário ter em conta os seguintes requisitos ou condições:

As condições prévias dos alunos para aprendizagem ou conhecer o perfil dos alunos, que
proporcionam saber a partir donde se vai ensinar, ou seja, quais os pré requisitos mínimos
que os alunos devem ter para estar em condições de iniciar o estudo de uma determinada
unidade lectiva;

Exigência dos planos e programas oficiais, garantem a implementação do processo de


ensino aprendizagem, ou seja, permitem identificar os métodos, técnicas e estratégias de
ensino que serão utilizados;
Objectivos e tarefas, pretende-se saber que resultados a obter no final da unidade didáctica
ou ano lectivo, utilizando instrumentos de avaliação previamente preparados em função dos
objectivos de ensino aprendizagem;

Princípios e condições do processo de transmissão e assimilação activa dos conteúdos são


os recursos disponíveis, ou seja, materiais e equipamento.
Conclusão
Qualquer actividade sistemática, para ter sucesso, precisa de ser planificada. A
planificação é uma espécie de garantia dos resultados. A planificação lectiva é essencial
para um ensino de qualidade, na medida em que representa a síntese do trabalho de
preparação do PEA em todos os níveis. Entretanto, nenhuma planificação pode ser
considerada como um fim, mas antes como um meio auxiliar da prática pedagógica,
devendo ser realista e sintética.

Para que a aula tenha êxito, é necessário que o professor seleccione e domine os
métodos para que estes regulem as formas de interacção entre o ensino e a
aprendizagem, entre o professor e os alunos, cujo resultado é assimilação dos
conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognitivas dos alunos.

Os meios e recursos de ensino são elementos indispensáveis para o processo de ensino e


aprendizagem, entretanto é necessário que o professor saiba seleccionar os mesmos de
acordo o tipo de aula e das condições concretas em que estas vão decorrer. Após a
concretização e assimilação dos conteúdos, surge a necessidade de avaliar para uma
reflexão sobre o nível de qualidade de trabalho escolar tanto do professor como dos
alunos. Avaliação tem como finalidade orientar o professor na sua relação com o aluno
e a comunidade escolar, permitindo desta forma melhorar a qualidade do sistema
educativo através da introdução de alterações curriculares e a escolha de estratégias
eficazes de ensino.

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