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Ação Penal
Apostila de Direito Processual Penal por @rumo_direito

Diferenças das Ações Penais

1. Ações Penais
• Existem duas grandes diferenciações das ações penais:

Pública
Ação Penal
Privada

2. Ação Penal Pública


• A titularidade da ação penal pública é do Ministério Público.
• A peça da ação penal pública é a denúncia.
• Tem duas espécies:

Incondicionada
(regra)
Ação Penal Representação da
Pública vítima
Condicionada
Requisição do
ministério da
Justiça

• A ação penal pública incondicionada é a regra, então quando o crime


necessitar de outro tipo de ação irá vir escrito na lei de forma expressa.
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3. Ação Penal Privada


• A titularidade da ação penal privada é do ofendido ou de seu representante
legal.
• A peça da ação penal privada é a queixa-crime.
• Tem três espécies:

Exclusiva ou
propriamente
dita

Ação Penal
Personalíssima
Pública

Subsidiária da
pública

4. Tabela da diferença entre ação penal pública X privada


Ação Penal Pública Ação Penal Privada
Ofendido ou Representante
Titularidade Ministério Público
Legal
Peça Denúncia Queixa-crime
Incondicionada e Exclusiva, personalíssima ou
Espécies
condicionada. subsidiária da pública

5. Princípio da Intranscendência ou da pessoalidade


• É aplicado nas duas ações penais: pública e privada.
• Só pode processar e julgar aquele que de fato supostamente
cometeu o crime.
• Exemplo: não pode processar a mãe da pessoa que cometeu o crime.
• Se o réu faleceu, não pode outra pessoa cumprir a pena no lugar dele.
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Ação Penal Pública

1. Princípio da Obrigatoriedade
• Disposto no artigo 24 do Código de Processo Penal:
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade
para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou
interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.
• O verbo “será” é imperativo, ou seja, é uma obrigação do Ministério Público.
• A obrigatoriedade determina que se há indícios que o crime aconteceu o
Ministério Público tem que oferecer a denúncia, não podendo escolher a quem
oferecer a denúncia ou não.

• Exceção: se a lei prevê outra possibilidade para que o réu cumpra


certas condições sem a necessidade de se iniciar um processo, o
Ministério Público não é obrigado a atuar. Acontece nos casos:

Transação penal Parcelamento


ANPP (art. 28-A,
(art. 76, Lei Tributário (art. 83,
CPP)
9.099/95) § 2º, Lei 9.430/96)
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2. Inércia do Ministério Público


• Ao fim do Inquérito, o Ministério Público pode tomar uma dessas três medidas:

Diligências
imprescindíveis

Depois do
Oferecimento da
Inquérito, o MP
denúncia
pode fazer:

Promoção do
arquivamento

• Se o Ministério Público ficar inerte, ou seja, não fizer tomar nenhuma dessas
medidas, a vítima do crime pode fiscalizar o Ministério Público segundo os
termos do artigo 29 do Código de Processo Penal:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
• Então, no caso de inércia a vítima pode oferecer uma queixa-crime, como uma
espécie de ação penal privada de forma supletiva.

Vítima pode entrar com


Se o MP não fizer nada uma ação penal privada
de forma supletiva.

3. Princípio da Indisponibilidade
• Se o Ministério Público ofereceu a denúncia e o juiz recebeu a denúncia e deu
início ao processo, o Ministério Público não pode desistir do processo.
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• Isso também acontece na fase recursal, o Ministério Público não pode desistir
do recurso que ele já deu início.
• Conforme os artigos 42 e 576 do Código de Processo Penal:
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
• Mas o Ministério Público pode pedir a absolvição de alguém depois de já ter
oferecido a denúncia, pois isso não é desistir e sim tomar a decisão de absolver
o réu.
• Exceção: há a possibilidade de suspensão condicional do processo
(art. 89 da Lei 9.099/95). Nesse caso, depois do processo iniciado, há
uma suspensão dele para que o autor cumpra condições, e se for
cumprida todas as condições o processo será arquivado, sem nenhuma
condenação.

Ação Penal Pública Incondicionada

1. Titularidade
• A titularidade da ação penal pública incondicionada é o Ministério Público.
• O Ministério Público oferece como peça a denúncia.

2. Regra
• A ação penal pública incondicionada é a regra.
• Então, se a lei não especificar qual o tipo de ação penal de determinado
crime, ela será pública incondicionada.
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3. Lei Maria da Penha


• Os casos de lesão corporal que resultam de violência doméstica são ações
penais públicas incondicionadas.

Ação Penal Pública Condicionada

1. Titularidade
• A titularidade também é do Ministério Público.
• Mas ela precisa da representação da vítima ou da requisição do Ministro da
Justiça para que o Ministério Público proceda a ação penal.
• As regras que veremos a seguis (pontos 2, 3, 4, 5, 6 e 7) são em relação a ação
penal pública condicionada a representação da vítima.

2. Representação
• A representação é uma manifestação de vontade da vítima.
- Exemplo: Carla foi ameaçada por Joaquim. Mas para que o Ministério
Público possa iniciar uma ação penal contra Joaquim, Carla precisa
demostrar que tem interesse de que ocorra essa ação penal.
• A autorização da vítima pode ser oral ou escrita.
- O importante é verificar que houve interesse da vítima,
independentemente de como ela manifestou esse interesse.

3. Prazo para manifestação de vontade


• O prazo é de 6 meses, e é contado a partir do dia em a vítima descobre quem
é o autor do crime.
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- O dia em que a vítima descobre quem é o autor do crime,


não necessariamente é o dia em que aconteceu o crime,
pois ela pode vir a descobrir o autor só depois das
investigações.
- Exemplo: Carla recebeu ameaças através de mensagens anônimas no
celular. Mas só 4 meses depois do recebimento das mensagens (do dia
do crime), Carla descobre que o autor dessas mensagens eram Joaquim.
Por isso, o prazo para a manifestação de vontade de Carla se inicia a partir
do dia que ela descobre que era o Joaquim.
• O prazo tem natureza decadencial.
- Se inclui o dia do começo (dia que a vítima descobre o autor do crime) e
exclui o dia final.
- Se a vítima não representar, haverá extinção de punibilidade do autor do
crime.
• Determinado pelo artigo 38 do Código de Processo Penal:
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal,
decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do
prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o
oferecimento da denúncia.
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou
representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24, parágrafo único,
e 31.

4. Retratação da representação
• Se a vítima autorizou a representação, ela pode se arrepender depois e
impedir que a denúncia seja oferecida?
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Se ainda não tiver Se já tiver sido
sido ofericido a oferecido a
denúncia denúncia

A vítima A vítima não


pode voltar pode voltar
atrás atrás
- Depende!
- Segundo o artigo 25 do Código de Processo Penal:
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
- Exceção: Se o crime se tratar de violência de gênero contra
uma mulher (Lei Maria da Penha) a vítima só pode se retratar em
uma audiência específica para isso (audiência de justificação) na
presença do Juiz. Além disso, antes do juiz decidir se irá autorizar a
retratação, ele escuta a opinião do Ministério Público. Além disso, a
retratação só pode se dar até o recebimento da denúncia pelo juiz.

5. Morte ou ausência da vítima

C: Conjugê ou
companheiro

A: Ascendente

D: Descente

I: Irmão

• Se a vítima morreu ou se há declaração judicial de ausência dela, quem irá


representá-la será o CADI.
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• Não é uma legitimidade concorrente, e sim sucessiva, se segue uma ordem.


- Por isso, foi colocado na pirâmide, pois o de baixo da pirâmide só
representa se não tiver alguém de cima da pirâmide.
• Exemplo: Carla foi ameaçada e dentro do prazo decadencial,
antes de ela manifestar sua vontade se tem interesse sobre
oferecer a denúncia, ela falece. Então, seu cônjuge pode autorizar a
representação no lugar de Carla. Se ela não tiver cônjuge quem irá autorizar
será seu ascendente, e assim sucessivamente.
• Como disposto no artigo 24, § 1º do Código de Processo Penal:
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão.

6. Vítima menor de 18 anos ou incapaz


• Se a vítima for menor de 18 anos ou incapaz, o prazo não conta para a vítima,
apenas para o representante legal dessa vítima.
• Mas quando a vítima alcançar a sua maioridade ou tornar-se capaz, será
iniciado a conta do prazo de 6 meses para ela.

Dia em que deixou de ser


Menor de idade ou incapaz
incapaz
• Prazo não conta para • O prazo de 6 meses
vítima. começa a contar para a
• Prazo conta para o vítima.
representante da vítima.

• O responsável legal que irá representar, ou se houver conflito de interesse,


será o curador legal.
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7. Representação e Ministério Público


• A representação não vincula o membro do Ministério Público.
• Ou seja, se a vítima representou o Ministério Público não é obrigado a
oferecer a denúncia.
• Mas se o Ministério quer oferecer a denúncia, ele precisa da representação.

8. Ação Penal Pública Condicionada a requisição do Ministro da Justiça


• Nesse tipo de ação, apenas poderá ser instaurado um processo se o Ministro
da Justiça manifestar a vontade do Estado em ver o autor do fato processado.
• Essas hipóteses para esse tipo de ação são nos crimes:

Crimes de injúria
Crimes cometidos por
praticado contra o
estrangeiro contra
Presidente da República
brasileiro no exterior
(art. 141, I c/c art. 145, §
(art. 7º, § 3º, "b", CP)
único, CP)

• Vem por meio de requisição do Ministro da Justiça, que dirige ao chefe do


Ministério Público.
• Não se sujeita a prazo decadencial. Ou seja, o Ministro da Justiça não tem
prazo para requisitar.
• Nesses casos, o Ministério Público também não é obrigado a oferecer a
denúncia.
• O Ministro da Justiça pode se tratar da requisição oferecida.
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Ação Penal Privada

1. Princípio da indivisibilidade
• A queixa tem que ser contra todos os autores do crime, não podendo
escolher quem será processado ou não.

Ação Penal
Não é aplicada
Pública
Princípio da
Indivisibilidade
Ação Penal
É aplicada
Privada
• Exemplo: Antônio foi xingado por três pessoas e ele entra em contato com o
seu advogado para que seja oferecido uma queixa-crime. Além disso, Antônio
só quer oferecer a queixa contra 2 pessoas, e não contra as 3 que praticaram
o crime. Entretanto, Antônio não pode fazer isso, pois como a ação penal
privada é indivisível, ou ele processa todo mundo, ou ele não processa
ninguém.
• Estabelecido pelo artigo 48 do Código de Processo Penal:
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
• O Ministério Público será o fiscal da lei nos casos de ação penal privada.
Então, antes da queixa chegar ao juiz, ela passará pelo Ministério Público
para ele fiscalizar e avaliar se tudo está certo.
- Caminho da queixa-crime:

Ministério Público Juiz


• Se na queixa-crime não for mencionado todos os autores do crime, isso
acarretará renúncia.
• A Indivisibilidade é aplicada só na ação penal privada.
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Ação Penal Privada Propriamente Dita

1. Sobre a Ação Penal Privada Propriamente Dita


• Dentro da Ação Penal Privada, a Propriamente Dita é a regra.
- Então, se a lei diz que determinado crime é de ação penal privada, sem
especificar qual o tipo de ação penal privada, é porque ela é propriamente
dita.
• Também pode ser chamada de ação penal privada exclusivamente privada.

2. Morte ou ausência da vítima


• Se aplica a mesma regra da ação penal pública condicionada (voltar ao tópico
5 da ação penal pública condicionada).
• Segundo o artigo 31 do Código de Processo Penal:
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por
decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.

Ação Penal Privada Personalíssima

1. Características
• Na ação penal privada personalíssima não é possível a sucessão pelos
membros do CADI.
• Só a vítima que pode oferecer a queixa-crime e dar continuidade a ela.
• Se a vítima falecer ou está ausente, extinguirá a punibilidade do autor do
crime. Ou seja, ele não será processado, julgado ou punido.
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2. Crime da ação penal personalíssima


• O único crime que é de ação penar privada personalíssima é o do artigo 236
do Código Penal:
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente,
ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e
não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que,
por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.

Ação Penal Privada Subsidiária da Pública

1. Características
• Também chamado de ação penal privada acidentalmente privada.
• A ação penal originalmente era pública. Mas aconteceu uma a inércia do
Ministério Público.
• Exemplo: João foi furtado, e o Ministério Público não adotou nenhuma das
posturas que ele pode adotar, ele ficou inerte. Então, João pode oferecer
uma ação penal privada subsidiária da pública.
• É estabelecido pelo artigo 29 do Código de Processo Penal:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
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2. Prazo
• O prazo é decadencial e começa a ser contado a partir do prazo que o
Ministério Público tinha para agir e não agiu.

3. Inércia da vítima
• Se depois de oferecer a queixa-crime, a vítima ficar inerte o Ministério
Público irá retomar a ação penal.
• Então, se a vítima ficar inerte não ocorre extinção de punibilidade.

Queixa-crime

1. Quem pode oferecer a queixa-crime?


• Só advogados podem oferecer uma queixa-crime, através da procuração da
vítima.
• Segundo o artigo 44 do Código de Processo Penal:
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção
do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de
diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.

2. Adiantamento pelo Ministério Público


• O Ministério Público na ação penal privada atua como fiscalizador da lei.
• Então, antes do juiz analisar a queixa-crime, os autos são remetidos para o
Ministério Público para que ele se manifeste a respeito daquela queixa-
crime.
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• Então, se algo na queixa-crime estiver em desacordo com a lei, o Ministério


Público irá apontar essa falha antes da decisão judicial.
• Segundo o artigo 45 do Código de Processo Penal:
Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os termos
subsequentes do processo.
• Essa manifestação do Ministério Público tem que acontecer dentro do prazo
de 3 dias. Se ele não falar nada, significa que está tudo certo com a queixa-
crime.
- Como consta no artigo 46, § 2º do Código de Processo Penal:
§ 2º O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da data
em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este não se
pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que aditar,
prosseguindo-se nos demais termos do processo.

Requisitos da Denúncia ou da Queixa-crime

1. Requisitos
• Para que seja oferecido a denúncia ou a queixa-crime, é necessário seguir
alguns requisitos, que são:

Rol das testemunhas

Classificação do crime

Exposição do fato criminoso

Qualificação do acusado
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• Esses requisitos são elencados pelo artigo 41 do Código de Processo Penal:


Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com
todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos
pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.

2. Rol de testemunhas
• Não é um requisito obrigatório, pois não necessariamente o crime teve
alguma testemunha.

3. Qualificação do acusado
• Qualificar o acusado é dizer quem é o suposto autor daquele crime, quem é
o réu.
• É um requisito obrigatório.
• Se não se tem a qualificação completa do autor do crime não tem problema.
O importante é conseguir individualizar, descrever quem é o autor do fato,
sem que possa se confundir com outras pessoas.
- Segundo o artigo 259 do Código de Processo Penal:
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu
verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal,
quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo,
do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua
qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da
validade dos atos precedentes.
- Exemplo: José só sabe o apelido e a aparência do autor do crime que
sofreu, e não seu nome completo. Isso não terá prejuízo a ação penal,
pois essas informações já individualizam o autor do crime.
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- Assim que descobrir todas as informações sobre o autor do crime, dá para


retificar e colocar essas informações no processo.

4. Exposição do fato criminoso


• É muito importante que se descreva muito bem o fato, o que aconteceu no
momento do crime, com seus detalhes e circunstâncias.
• Essa descrição é importante pois o réu se defende e o juiz julga a partir dos
fatos narrados.
• Se os fatos não estiveram muito bem narrados, significa que a ação penal é
inepta e o juiz pode rejeitá-la.
• Se surgir um novo fato que não foi colocado na denúncia ou na queixa-crime,
o ministério público ou o advogado podem fazer um aditamento para incluir
essas novas informações.

5. Classificação do crime
• Informa qual artigo do Código Penal que foi violado com o ato criminoso.
• No momento em que o juiz sentenciar o processo, ele pode alterar de ofício
a classificação de qual artigo do Código Penal que foi violado.
- Exemplo: O Ministério Público alegou que a vítima foi furtada, mas o juiz
entendeu que na verdade foi um roubo. Mesmo que na denúncia esteja
escrita que foi um furto, o juiz pode alterar e classificar aquilo como um
roubo.

6. Rejeição da denúncia ou queixa


• A denúncia ou queixa podem ser rejeitadas caso haja:
Falta algum requesito necessário

Falta de alguma condição processual

Falta de elementos mínimos que demostram que o crime aconteceu


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Prazo

1. Denúncia
• O prazo é contado a partir da data que o Ministério Público receber os autos.
• O prazo para oferecimento da denúncia é de 5 dias caso o réu esteja preso.
• Se o réu estiver solto, o prazo para denúncia é de 15 dias.

Réu preso 5 dias


Prazo da
denúncia
Réu solto 15 dias

• Exceção: quando o crime estiver inserido na Lei de Drogas, o prazo para


denúncia é de 10 dias, independente se o réu estiver preso ou solto.

2. Queixa-crime
• O prazo para oferecer a queixa-crime é de 6 meses contados da descoberta
da autoria.
• Exceção: na ação penal privada subsidiária da pública, o prazo é de 6 meses
contados a partir do dia em que se esgotou o prazo de atuação do Ministério
Público.
• Exceção 2: na ação penal privada personalíssima, o prazo é de 6 meses a
partir do trânsito em julgado da sentença que anulou o casamento.
• Exceção 3: Quando o crime é contra propriedade imaterial que deixar
vestígios, o prazo é contado a partir do laudo da perícia.
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3. Tabela de prazos
Prazo A partir de quando?
5 dias (réu preso) ou 15
Ação Penal Pública Recebimento dos autos
dias (réu solto)
Descoberta da autoria
Ação Penal Privada 6 meses
do crime

Causas de extinção de punibilidade

1. Decadência
• Presente na:

Ação penal condicionada


à representação
Decadência

Ação Penal Privada

• Se há decadência do prazo, há a extinção de punibilidade do autor do fato.

2. Renúncia
• A renúncia só tem aplicação na ação penal privada.
• A renúncia é o ofendido dizer que não quer oferecer a queixa-crime.
• Ele pode dizer isso de forma:
- Expressa: a partir de declaração.
- Tácita: deixar claro pelas ações dele que quer renunciar.
• A renúncia ocorre em um momento pré-processual, em que o ofendido está
decidindo se irá oferecer a queixa-crime ou não.
• A renúncia é unilateral, então não precisa de aceitação pelo autor do fato.
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• Seguindo o princípio da indivisibilidade, se a vítima renúncia enquanto a um


dos autores do crime, essa renúncia se estende aos demais.
- Segundo o artigo 49 do Código de Processo Penal:
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos
autores do crime, a todos se estenderá.

3. Perdão
• Também só tem aplicação na ação penal privada.
• Se ocorrer o perdão também tem a extinção de punibilidade.
• O perdão se da após o início da ação penal até o trânsito em julgado, ou seja,
quando já se foi oferecido a queixa-crime.
• O perdão é bilateral, então é necessário da aceitação do réu.
• Se o perdão foi contra um autor do crime, isso se estenderá a todos os outros.
Entretanto, cada um dos autores tem que dizer se aceita ou não o perdão.
Caso um deles não aceite, o processo continuará correndo só para aquele
que não aceitou.
- O réu tem 3 dias para aceitar o perdão, se ele não falar se aceita ou não,
seé considerado que ele aceitou.
- Segundo o artigo 51 e 58 do Código de Processo Penal:
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem
que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
• O perdão também pode ser expresso ou tácito.

4. Tabela de resumo: perdão X renúncia


Renúncia Perdão
Não depende de aceitação Depende de aceitação
Antes do processo Durante o processo
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5. Perempção
• Acontece nas ações penais privadas.
• Perempção é o abandono da vítima em relação a queixa-crime, acontece
quando:
• Se a vítima abandona o processo na ação penal privada subsidiária da pública,
não ocorrerá perempção. O Ministério Público dará andamento a essa ação,
através de uma ação penal indireta.

A vítima ofereceu a queixa-crime, mas não promoveu o andamento dela.

Se a vítima morreu, e em um prazo de 60 dias nenhum dos membros do


CADI deu andamento a ação.

Quando a vítima deixa de ir a algum ato processual, sem justificativa.

Se o autor do crime cometeu mais de um crime com a vítima, e a vítima


deixar pedir a condenação sobre um desses crimes, ocorre perempeção
desse crime e continua a ação apenas dos crimes que foram pautados

Se a vítima for pessoa jurídica e ela se extinguir sem sucessor

• Disposto no artigo 60 do Código de Processo Penal:


Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
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II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não


comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o
disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o
pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

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