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Ação Penal
Apostila de Direito Processual Penal por @rumo_direito
1. Ações Penais
• Existem duas grandes diferenciações das ações penais:
Pública
Ação Penal
Privada
Incondicionada
(regra)
Ação Penal Representação da
Pública vítima
Condicionada
Requisição do
ministério da
Justiça
Exclusiva ou
propriamente
dita
Ação Penal
Personalíssima
Pública
Subsidiária da
pública
1. Princípio da Obrigatoriedade
• Disposto no artigo 24 do Código de Processo Penal:
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do
Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade
para representá-lo.
§ 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente
ou irmão.
§ 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou
interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública.
• O verbo “será” é imperativo, ou seja, é uma obrigação do Ministério Público.
• A obrigatoriedade determina que se há indícios que o crime aconteceu o
Ministério Público tem que oferecer a denúncia, não podendo escolher a quem
oferecer a denúncia ou não.
Diligências
imprescindíveis
Depois do
Oferecimento da
Inquérito, o MP
denúncia
pode fazer:
Promoção do
arquivamento
• Se o Ministério Público ficar inerte, ou seja, não fizer tomar nenhuma dessas
medidas, a vítima do crime pode fiscalizar o Ministério Público segundo os
termos do artigo 29 do Código de Processo Penal:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-
la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo,
fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
• Então, no caso de inércia a vítima pode oferecer uma queixa-crime, como uma
espécie de ação penal privada de forma supletiva.
3. Princípio da Indisponibilidade
• Se o Ministério Público ofereceu a denúncia e o juiz recebeu a denúncia e deu
início ao processo, o Ministério Público não pode desistir do processo.
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• Isso também acontece na fase recursal, o Ministério Público não pode desistir
do recurso que ele já deu início.
• Conforme os artigos 42 e 576 do Código de Processo Penal:
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.
• Mas o Ministério Público pode pedir a absolvição de alguém depois de já ter
oferecido a denúncia, pois isso não é desistir e sim tomar a decisão de absolver
o réu.
• Exceção: há a possibilidade de suspensão condicional do processo
(art. 89 da Lei 9.099/95). Nesse caso, depois do processo iniciado, há
uma suspensão dele para que o autor cumpra condições, e se for
cumprida todas as condições o processo será arquivado, sem nenhuma
condenação.
1. Titularidade
• A titularidade da ação penal pública incondicionada é o Ministério Público.
• O Ministério Público oferece como peça a denúncia.
2. Regra
• A ação penal pública incondicionada é a regra.
• Então, se a lei não especificar qual o tipo de ação penal de determinado
crime, ela será pública incondicionada.
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1. Titularidade
• A titularidade também é do Ministério Público.
• Mas ela precisa da representação da vítima ou da requisição do Ministro da
Justiça para que o Ministério Público proceda a ação penal.
• As regras que veremos a seguis (pontos 2, 3, 4, 5, 6 e 7) são em relação a ação
penal pública condicionada a representação da vítima.
2. Representação
• A representação é uma manifestação de vontade da vítima.
- Exemplo: Carla foi ameaçada por Joaquim. Mas para que o Ministério
Público possa iniciar uma ação penal contra Joaquim, Carla precisa
demostrar que tem interesse de que ocorra essa ação penal.
• A autorização da vítima pode ser oral ou escrita.
- O importante é verificar que houve interesse da vítima,
independentemente de como ela manifestou esse interesse.
4. Retratação da representação
• Se a vítima autorizou a representação, ela pode se arrepender depois e
impedir que a denúncia seja oferecida?
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Se ainda não tiver Se já tiver sido
sido ofericido a oferecido a
denúncia denúncia
C: Conjugê ou
companheiro
A: Ascendente
D: Descente
I: Irmão
Crimes de injúria
Crimes cometidos por
praticado contra o
estrangeiro contra
Presidente da República
brasileiro no exterior
(art. 141, I c/c art. 145, §
(art. 7º, § 3º, "b", CP)
único, CP)
1. Princípio da indivisibilidade
• A queixa tem que ser contra todos os autores do crime, não podendo
escolher quem será processado ou não.
Ação Penal
Não é aplicada
Pública
Princípio da
Indivisibilidade
Ação Penal
É aplicada
Privada
• Exemplo: Antônio foi xingado por três pessoas e ele entra em contato com o
seu advogado para que seja oferecido uma queixa-crime. Além disso, Antônio
só quer oferecer a queixa contra 2 pessoas, e não contra as 3 que praticaram
o crime. Entretanto, Antônio não pode fazer isso, pois como a ação penal
privada é indivisível, ou ele processa todo mundo, ou ele não processa
ninguém.
• Estabelecido pelo artigo 48 do Código de Processo Penal:
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo
de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
• O Ministério Público será o fiscal da lei nos casos de ação penal privada.
Então, antes da queixa chegar ao juiz, ela passará pelo Ministério Público
para ele fiscalizar e avaliar se tudo está certo.
- Caminho da queixa-crime:
1. Características
• Na ação penal privada personalíssima não é possível a sucessão pelos
membros do CADI.
• Só a vítima que pode oferecer a queixa-crime e dar continuidade a ela.
• Se a vítima falecer ou está ausente, extinguirá a punibilidade do autor do
crime. Ou seja, ele não será processado, julgado ou punido.
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1. Características
• Também chamado de ação penal privada acidentalmente privada.
• A ação penal originalmente era pública. Mas aconteceu uma a inércia do
Ministério Público.
• Exemplo: João foi furtado, e o Ministério Público não adotou nenhuma das
posturas que ele pode adotar, ele ficou inerte. Então, João pode oferecer
uma ação penal privada subsidiária da pública.
• É estabelecido pelo artigo 29 do Código de Processo Penal:
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.
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2. Prazo
• O prazo é decadencial e começa a ser contado a partir do prazo que o
Ministério Público tinha para agir e não agiu.
3. Inércia da vítima
• Se depois de oferecer a queixa-crime, a vítima ficar inerte o Ministério
Público irá retomar a ação penal.
• Então, se a vítima ficar inerte não ocorre extinção de punibilidade.
Queixa-crime
1. Requisitos
• Para que seja oferecido a denúncia ou a queixa-crime, é necessário seguir
alguns requisitos, que são:
Classificação do crime
Qualificação do acusado
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2. Rol de testemunhas
• Não é um requisito obrigatório, pois não necessariamente o crime teve
alguma testemunha.
3. Qualificação do acusado
• Qualificar o acusado é dizer quem é o suposto autor daquele crime, quem é
o réu.
• É um requisito obrigatório.
• Se não se tem a qualificação completa do autor do crime não tem problema.
O importante é conseguir individualizar, descrever quem é o autor do fato,
sem que possa se confundir com outras pessoas.
- Segundo o artigo 259 do Código de Processo Penal:
Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu
verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal,
quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do processo,
do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a sua
qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo da
validade dos atos precedentes.
- Exemplo: José só sabe o apelido e a aparência do autor do crime que
sofreu, e não seu nome completo. Isso não terá prejuízo a ação penal,
pois essas informações já individualizam o autor do crime.
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5. Classificação do crime
• Informa qual artigo do Código Penal que foi violado com o ato criminoso.
• No momento em que o juiz sentenciar o processo, ele pode alterar de ofício
a classificação de qual artigo do Código Penal que foi violado.
- Exemplo: O Ministério Público alegou que a vítima foi furtada, mas o juiz
entendeu que na verdade foi um roubo. Mesmo que na denúncia esteja
escrita que foi um furto, o juiz pode alterar e classificar aquilo como um
roubo.
Prazo
1. Denúncia
• O prazo é contado a partir da data que o Ministério Público receber os autos.
• O prazo para oferecimento da denúncia é de 5 dias caso o réu esteja preso.
• Se o réu estiver solto, o prazo para denúncia é de 15 dias.
2. Queixa-crime
• O prazo para oferecer a queixa-crime é de 6 meses contados da descoberta
da autoria.
• Exceção: na ação penal privada subsidiária da pública, o prazo é de 6 meses
contados a partir do dia em que se esgotou o prazo de atuação do Ministério
Público.
• Exceção 2: na ação penal privada personalíssima, o prazo é de 6 meses a
partir do trânsito em julgado da sentença que anulou o casamento.
• Exceção 3: Quando o crime é contra propriedade imaterial que deixar
vestígios, o prazo é contado a partir do laudo da perícia.
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3. Tabela de prazos
Prazo A partir de quando?
5 dias (réu preso) ou 15
Ação Penal Pública Recebimento dos autos
dias (réu solto)
Descoberta da autoria
Ação Penal Privada 6 meses
do crime
1. Decadência
• Presente na:
2. Renúncia
• A renúncia só tem aplicação na ação penal privada.
• A renúncia é o ofendido dizer que não quer oferecer a queixa-crime.
• Ele pode dizer isso de forma:
- Expressa: a partir de declaração.
- Tácita: deixar claro pelas ações dele que quer renunciar.
• A renúncia ocorre em um momento pré-processual, em que o ofendido está
decidindo se irá oferecer a queixa-crime ou não.
• A renúncia é unilateral, então não precisa de aceitação pelo autor do fato.
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3. Perdão
• Também só tem aplicação na ação penal privada.
• Se ocorrer o perdão também tem a extinção de punibilidade.
• O perdão se da após o início da ação penal até o trânsito em julgado, ou seja,
quando já se foi oferecido a queixa-crime.
• O perdão é bilateral, então é necessário da aceitação do réu.
• Se o perdão foi contra um autor do crime, isso se estenderá a todos os outros.
Entretanto, cada um dos autores tem que dizer se aceita ou não o perdão.
Caso um deles não aceite, o processo continuará correndo só para aquele
que não aceitou.
- O réu tem 3 dias para aceitar o perdão, se ele não falar se aceita ou não,
seé considerado que ele aceitou.
- Segundo o artigo 51 e 58 do Código de Processo Penal:
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem
que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
• O perdão também pode ser expresso ou tácito.
5. Perempção
• Acontece nas ações penais privadas.
• Perempção é o abandono da vítima em relação a queixa-crime, acontece
quando:
• Se a vítima abandona o processo na ação penal privada subsidiária da pública,
não ocorrerá perempção. O Ministério Público dará andamento a essa ação,
através de uma ação penal indireta.