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Karina Fonseca

Psicóloga (CRP – 01/8987), Psicopedagoga

Neuropsicopedagoga, Neuroeducadora

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Sumário

Introdução
Como iniciar
Entrevista familiar
Anamnese
Roteiro de avaliação diagnóstica
Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA
Provas operatórias de Piaget
Devolutiva
Relatório – Informe
PDI/ PEI
Referências bibliográficas

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Introdução
De acordo com o Código de Ética da Sociedade Brasileira de
Neuropsicopedagogia, artigo 10º, “a neuropsicopedagogia é uma ciência
transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência
aplicada à educação, com interface da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que
tem como objetivo formal de estudo a relação entre o funcionamento do
sistema nervoso e a aprendizagem humana nua perspectiva de reintegração
pessoal, social e educacional.”
Ao se trabalhar com documentos é necessário ao se colocar a assinatura
indicar o CBO, de acordo com o:
Artigo 6º. A formulação do Código de Ética Técnico Profissional, responde ao
âmbito organizativo dos Neuropsicopedagogos, ao momento em que se
encontram a área e os contextos de atuação no Brasil, legitimados pela
Classificação Brasileira de Ocupação CBO 2394-40 (Clínico) e CBO 2394-45
(Institucional).
O artigo 66º é muito importante para que o trabalho seja realizado de forma
exitosa e ética.
Artigo 66º. Os instrumentos utilizados na Neuropsicopedagogia são
ferramentas que servem ao seu objeto de estudo, de capacitação e
formação técnica e da prática profissional. De acordo com o fundamento
transdisciplinar do trabalho neuropsicopedagógico, a escolha dos
instrumentos ficará restrita àqueles abertos à Neuropsicopedagogia e
validados na população brasileira, tendo seus resultados embasados
cientificamente, pedagogicamente e clinicamente.
§1° Toda avaliação e intervenção deverá ter um olhar
neuropsicopedagógico. Este olhar, deve estar embasado no Art. 10 deste
código, ou seja, no princípio da Neurociências Aplicada a Educação, em
interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva, como ciência
transdisciplinar. É vetado o uso de procedimentos, técnicas e recursos não
reconhecidos como neuropsicopedagógicos.
§2°O Neuropsicopedagogo deverá utilizar protocolos de avaliação e
intervenção que contemplem fundamentos básicos sobre a aprendizagem e
desenvolvimento como as funções executivas, atenção, linguagem,
raciocínio lógico-matemático e desenvolvimento neuro-motor. No caso da
atuação em contexto institucional, deve-se considerar as questões sociais.

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§3ºA formação do Neuropsicopedagogo prioriza o estudo e a pesquisa
sobre a relação entre o funcionamento do sistema nervoso, psicologia
cognitiva, aprendizagem e tudo a elas relacionado. É vedado ao
Neuropsicopedagogo avaliar a inteligência, os transtornos de humor e
personalidade, bem como fazer uso de testes projetivos. 13
§4° Para utilização dos instrumentos e os procedimentos
neuropsicopedagógicos, o Neuropsicopedagogo deverá ter claro os
conceitos básicos de atuação profissional, além de um acompanhamento
técnico profissional das ferramentas que permitam a habilitação na
intervenção e na avaliação neuropsicopedagógica.
§5° Só serão considerados instrumentos devidamente adequados para
atuação profissional, além dos já validados cientificamente para população
brasileira e disponibilizados para profissionais diversos, outros que venham
a ser criados, inclusive por neuropsicopedagogos, e que sejam, também,
devidamente validados cientificamente para população brasileira.
De acordo com a nota técnica nº da SBNPp, seguem abaixo algumas
orientações:
5ª) Indicações para sessão de atendimento clínico – individual: A avaliação
neuropsicopedagógica no contexto clínico é estruturada da seguinte forma:
a) 1ª sessão – Anamnese (esta pode ser elaborada de acordo com as
características do trabalho de cada profissional e a queixa/contexto de cada
atendimento);
b) 3 a 4 sessões de 1h1/2 para avaliação. Pode ocorrer em até 3 vezes na
semana, viabilizando a entrega rápida ao profissional de saúde solicitante ou
escola, visando ao processo, se necessário, adequações pedagógicas;
c) Uma sessão para devolutiva aos pais e responsáveis, sendo possível a
entrega de laudo técnico para encaminhar aos profissionais de saúde para
fechamento de diagnósticos embasados no trabalho em equipe
multiprofissional;
d) Contato com a escola para orientações acadêmicas, visando à melhoria
da aprendizagem do aluno.
Para intervenção neuropsicopedagógica no contexto clínico:

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a) Elaborar plano de intervenção traçando metas iniciais, intermediárias e
finais para avanços da aprendizagem;
b) Costuma-se trabalhar com duas sessões semanais;
c) Analisar o cumprimento das metas, comunicando os avanços a família e
a escola, bem como outros profissionais da equipe multiprofissional;
d) Analisar a possiblidade de alta, em casos específicos, de dificuldades de
aprendizagem transitórias, salvo os casos que necessitem de
acompanhamento constante.
6ª) Indicações para sessões de atendimento institucional – coletivos:
6.1) Contexto Escolar
a) Em conjunto com a equipe técnica-pedagógica, o Neuropsicopedagogo
observa e detecta as demandas que necessitam de avaliação e intervenção;
b) Define e seleciona instrumentos de uso coletivo, conforme indicado nesta
nota, para que identifique o que necessita ser trabalhado: funções
executivas, habilidades sociais, linguagem, habilidades matemáticas,
comportamento motor;
c) Como intervenção, planeja e executa projetos de trabalho ou oficinas
temáticas. O tempo será administrado pelos indicadores dos objetivos
atingidos. Observação: empregar a anamnese no contexto coletivo requer
cuidado. Este recurso indicamos para o trabalho clínico, pois devemos ter o
cuidado de não adentrar na atuação de outros profissionais como o
Assistente Social.
6.2) Terceiro Setor
a) Cada instituição tem um ramo de atividades que desempenha, para assim,
escolher as melhores formas de atendimento. O Neuropsicopedagogo
deverá conhecer as características destas onde vai atuar. Elas podem ser:
CRAS, OCIPs, ONGs, APAEs; b) Ele atenderá de forma coletiva, e dependendo
do caso, individual para que faça encaminhamentos a outros profissionais
especializados; c) Segue os procedimentos do Planejamento Institucional
citado no item 6.1, inclusive considerando a observação quanto a anamnese.
7ª) Indicações e recomendações finais - sobre testagens, protocolos e
estratégias de Intervenção: Importante ressaltar o que o

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Neuropsicopedagogo, tanto clínico, quanto institucional pode avaliar em se
tratando de desenvolvimento e aprendizagem:
Atenção e funções executivas;
Linguagem;
Compreensão leitora;
Memória de aprendizagem;
Motivação - intrínseca e extrínseca;
Estratégias de aprendizagem;
Desenvolvimento neuromotor;
Habilidade matemáticas; Habilidades sociais.
Assim iniciaremos os procedimentos de atendimento, mostrando dessa
forma quais documentos utilizar e como utilizar!

Como iniciar
Para a realização dos atendimentos neuropsicopedagógicos é necessário de
haja uma organização de toda a informação e planejamento do que foi e será
realizado pelo profissional.
Assim faz-se necessário de a utilização de alguns documentos para que
possam ser usados no decorrer do processo tanto de avaliação quanto de
intervenção.
Assim é importante trabalharmos alguns princípios:
 Ética: Ela será baseada nas informações (entrevista, anamnese) e
observações realizadas pelos profissionais, sempre seguindo o código
de ética regido pela Sociedade Brasileira de neuropsicopedagigoa –
SBNPp, atender ao sigilo ético-profissional (segurança dos dados)
 Linguagem escrita: Deve apresentar na escrita da redação uma
estrutura objetiva, dando clareza ao que quer comunicar. Utilizando
linguagem profissional apropriada, cuidado do duplo sentido na
escrita
 Parte técnica: Deve observar quais são os objetivos e funções das
avaliações propostas, documentos escritos devem se basear no que

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foi dito, demonstrado pelo aprendente, verbalizações tanto do
aprendente como dos responsáveis não devem sofrer “achismos”por
parte do profissional que está avaliando e entrevistando. Seguir o
passo a passo faz com que haja uma coerência no que se está fazendo
e aonde se quer chegar.
 Serão utilizados documentos como: Informes (relatórios), devolutivas,
declarações, comprovantes de acompanhamento e comparecimento,
anamnese (história de vida), contratos, dentre outros.

Entrevista familiar, o primeiro contato


É o primeiro contato que teremos com os responsáveis pela criança. Ele
pode ser presencial, via telefone ou web conferência. Nele deve ter o
acolhimento necessário a família, que é muito importante para a
continuidade do processo.
Nela iremos colher dados importantes para compreender sobre a queixa, a
demanda apresentada. Dentro desses dados devem conter:
 Nome
 Idade
 Escolaridade
 Escola que frequenta
 Quem solicitou a avaliação e por qual razão (demanda)
 Se já realizou atendimento ou avaliação em outro local, com outros
profissionais
 Enquadramento sobre horários, quantidade de sessões, frequência e
honorários
 Deve informar a intenção e os objetivos da entrevista e quais os
próximos passos
Qual a queixa? Ela nos dará pistas que levarão a hipóteses, que nos farão
compreender o porquê de avaliarmos e como avaliarmos essa criança. A
queixa fará parte de todo o processo diagnóstico e não só no dia que foi
levada a entrevista, pois de acordo com WEISS (2004), ela é de fundamental
reflexão para que possa chegar a um significado.
Segundo WEISS (2004, pág. 45),

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Algumas vezes, a queixa da escola apontada como motivo
manifesto do diagnóstico é repetida pelos pais, sem qualquer
elaboração posterior. Ao longo do processo ela vai se
transformando e se revelando de menor importância, ao
mesmo tempo em que vai surgindo um motivo latente que
realmente mobilizou os pais para a consulta. Esse motivo pode
crescer em importância, exigindo mais urgência no
atendimento, ficando a dificuldade escolar em segundo plano.
Na entrevista entram também questões importantes sobre como será
andamento das sessões. Que serão transcritas para o contrato de prestação
de serviços. Que devem conter os seguintes pontos:
 Tempo de sessão (normalmente 50 minutos)
 Local onde serão realizadas as sessões (consultório, casos específicos
são realizados de forma domiciliar)
 Frequência (quantas vezes por semana)
 A partir da sessão em que há a presença da criança, ela entrará
sozinha, os responsáveis aguardam na antessala
 A importância sobre os responsáveis conversarem sobre o porquê da
criança ir ao neuropsicopedagogo
Colhem-se os dados sobre o momento atual, sem entrar na história de
vida, pois esse assunto será tratado na entrevista de anamnese.

Anamnese
Anamnese vem do grego (Ana = Trazer de novo e mnesis = memória), trazer
de novo a memória, rememorar.
Assim, diferente da entrevista, a anamnese irá buscar toda a história de vida,
iniciando pela gestação, até o momento atual da criança. Desenvolvimento,
relações, estimulações, gostos, saúde, vida escolar, familiar e na
comunidade.
Apesar de ser uma entrevista, deve ser realizada em um tom de conversa,
para que os responsáveis se sintam à vontade em lhe passar todas essas

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informações. Também diferente da entrevista, a anamnese já tem uma
estruturação, ou pelo menos uma semi estruturação. Vejamos abaixo o que
deve conter numa anamnese:
 Identificação: Nome, idade, nome dos pais ou responsáveis e suas
profissões, endereço, escola que a criança estuda, ano escolar, ...
 Motivo da consulta (queixa): o porque de terem procurado um
profissional, quem encaminhou e o porquê, ...
 História de vida (HDV): Gestação, concepção, amamentação,
desfralde, evolução psicomotora, desenvolvimento da fala, sono,
histórico clínico, primeiras aprendizagens
 História da família nuclear: Com quem mora, onde, tem irmãos
 História da família ampliada
 História clínica (problemas de saúde da criança e familiares)
 Estimulação, brincadeiras, gostos
 Histórico escolar: Escola que estuda, ano escolar que se encontra,
uma única escola ou muitas trocas escolares, adaptação a escola, com
que idade entrou na escola, processo de alfabetização, sociabilização,
como as escolas foram escolhidas, relação com professores e colegas
 Outras informações relevantes
 Data e assinatura (com número do registro e conselho ou CBO)
Para construirmos um ótimo plano de intervenção precisamos de saber:
 Os gostos da criança: Ajuda na avaliação de preferências, é necessário
saber o que a criança gosta (de fazer, de comer, de brincar, de assistir,
quais atividades faz, jogos e brincadeiras preferidas, locais, pessoas)
 O que a criança não gosta: Ajuda a prevenir comportamentos
disruptivos (morder, bater, se jogar no chão)
 Saber quais são os desafios trazidos pelos pais, ex.: “O que você
gostaria que o(a) ... aprendesse? Para podermos alinhar as
expectativas com os familiares. Compreender essas expectativas com
atenção e traçá-la de forma real
 Quais são seus potenciais: O que a criança faz de bom, o que ela sabe
fazer bem, muito bem (Isso pode ser utilizado para a criação de
vínculos sociais, ensinar habilidades de linguagem, socialização,
valorização de autoestima), usar habilidades que tenha domínio e
sinta prazer, trabalhar aquilo que possa explorar

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 A entrevista e anamnese são os primeiros contatos da família com o
profissional, é importante deixar uma boa impressão e boa relação
para que haja continuidade e confiança.
 Rapport: O vínculo é muito importante para estabelecer uma relação
de confiança e segurança, o acolhimento, e sem julgamentos.
 Colher o máximo de informações possível.
Roteiro de avaliação
Após a realização da entrevista e anamnese, iniciaremos o planejamento da
avaliação realizando a hora lúdica (onde será realizada a E.O.C.A) e aí sim, a
verificação de quais avaliações são necessárias para serem aplicadas em
seguida. Pois de acordo com (RUSSO,2015, p. 109-111):
A avaliação neuropsicopedagógica pode ocorrer entre 3 a 6
sessões de 1 hora e ½ , dependendo da gravidade do quadro.
Na fase da avaliação é possível atender o paciente até 3 dias na
semana de forma intercalada (ex.: 2ª, 4ª e 6ª). Após a avaliação
neuropsicopedagógica e acordado o trabalho de intervenção
com neuropsicopedagogo, as sessões ocorrerão de uma a duas
vezes por semana (50 minutos cada sessão).
Plano de avaliação é estabelecido com base nas perguntas ou
hipóteses iniciais, definindo-se os instrumentos necessários,
além de estabelecer como e quando utilizá-los. Selecionado e
adiminstrado o protocolo de avaliação, obtêm-se dados que
evem ser inter-relacionados com as informações obtidas pela
família, escola, da equipe multidisciplinar dos dados sobre
desenvolvimento psicomotor, quadro de saúde geral do
paciente e da família, do contexto social e que vive o paciente,
da vida escolar, dentre outros aspectos que possam ajudar no
diagnóstico voltado às questões relacionadas a aprendizagem.
É importante que a família compreenda cada passo dado até aqui e quais os
objetivos e motivos de cada avaliação, o porquê e como será realizada.
Após a entrevista e anamnese, realizaremos:
 Hora lúdica (E.O.C.A)
 Planejamento da avaliação
 Avaliação

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 Análise do material (conhecendo o vínculo da criança com sua
aprendizagem
 Investigação das habilidades sociais (autonomia, rotina, convivência
social
 Atenção (foco atencional, tempo de concentração, permanecia no
foco atencional mesmo com fatores de distração)
 Linguagem (receptiva, expressiva, nomeação, compreensão de
ordens simples e complexas e fluência verbal)
 Relação da memória e aprendizagem
 Capacidade do aprendente em elaborar estratégias, organização
(funções executivas)
 Confecção do relatório (envolvendo todas as informações coletadas
até aqui)
 Devolutiva (explicação do relatório, mostrando o que foi preservado
e o que está prejudicado, orientações, encaminhamentos e
intervenções que serão realizadas pelo próprio neuropsicopedagogo)

Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – EOCA


Elaborado por Jorge Visca, é realizada para auxiliar na avaliação da
aprendizagem e tem como objetivo verificar os conteúdos de
aprendizagem que criança possui, estudando as manifestações cognitivas e
afetivas da conduta do entrevistado em situação real de aprendizagem. É a
primeira sessão em que a criança participa. Segundo o autor,
“Em todo o momento, a intenção é permitir ao sujeito construir
uma entrevista de maneira espontânea, porém dirigida de
forma experimental> Interessa observar seus conhecimentos,
atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedade, áreas de
expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade
horizontal e vertical, etc.” (WEISS apud VISCA, 2004 pag. 57)
Três aspectos devem ser observados:
 A temática: Tudo aquilo que o indivíduo diz, para o profissional,
consigo mesma, a voz é organizada em relação a atividade que está
sendo desenvolvida
 A dinâmica: Tudo aquilo que o indivíduo faz, movimentos corporais ou
a falta deles

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 O produto: Tudo aquilo que o indivíduo deixa no papel, tudo o que
realizou com os materiais disponíveis no momento da atividade
Como funciona a sessão de entrevista operativa centrada na aprendizagem:
 É realizada em apenas uma sessão
 A caixa é montada pensando-se na criança (em relação a interesse,
idade)
 Deve ser transparente, retangular
 De fácil manuseio do aprendente
 Deve-se ter um olhar atento, realizar uma observação detalhada
 Os materiais devem instigar a curiosidade e criatividade do
aprendente
 Se a criança quiser outro material, que não esteja na caixa, deve ser
dito a ela que naquele momento trabalhará somente com o material
que está na caixa.
 Se ela se desviar do assunto e não interagir com o material, entende-
se que tem dificuldade em se concentrar (anote)
 Se não quiser ler ou escrever, indica rejeição a essas atividades
(vínculo inadequado com a aprendizagem)
 Momento de criação de vínculo
 O material deve ser simples e conservado
 Deixe os materiais na própria embalagem
Materiais:
 Folhas diversas: lisas, coloridas, pautadas, quadriculadas, com
diversas texturas, papel mágico
 Revistas para recorte
 Lápis: preto nº 2 e caixa de lápis de cor
 Apontador
 Caneta: hidrocor, esferográficas e coloridas
 Borracha
 Régua
 Cola
 Tesoura
 Brinquedos pequenos (que caibam na caixa) de acordo com a idade
 Livros (de acordo com a idade)

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 Para crianças menores de 4 anos: Retira-se a régua, o lápis de cor e
preto, as canetas, colocam-se, carrinhos, bonecos instrumentos
musicais
 Para crianças de 4 a 6 anos: Retira-se a régua, o lápis de cor e preto,
as canetas, colocam-se giz de cera, massinha, instrumentos musicais,
jogos para a idade (pega-varetas, quebra-cabeça
 Crianças de 6 a 10 anos: adicionam-se jogos (que permitam observar
aspectos cognitivos, afetivos e sociais), quebra-cabeça, pinéis, tinta,
cola colorida
 Crianças de 11 a 15 anos: substitua livros e jogos por outros que sejam
adequados para a idade
 É interessante que tenha uma prancheta dentro da caixa
 Não importa a quantidade de elementos dentro da caixa e sim a
escolha adequada desses elementos (idade, interesses)

Provas operatórias de Piaget


Provas operatórias são instrumentos de avaliação intelectual e individual
(DOLLE, 1995). Pois elas permitem a busca de em qual estágio a criança se
encontra e se está apta para realizar as operações mentais dessa fase.
As provas estão divididas em estruturas que avaliam a noção de conservação
(conserva uma dimensão do objeto), classificação (sabe classificar a partir de
semelhanças e diferenças), seriação (colocar elementos em série) e
dimensão (altura, largura, profundidade ou comprimento). Pode-se também
avaliar se a criança já possui conceitos de quantidade, espaço, ordem,
velocidade, tempo. De acordo com DOLLE (1995), as provas operatórias são
também importantes para o processo de intervenção, pois com base no
resultado obtido pelas provas ajuda ao profissional a achar resposta para
algumas lacunas e para que compreenda em que nível cognitivo a criança se
encontra.
Para podermos aplicar as provas devemos saber se a criança se encontra no
estágio de desenvolvimento relacionado a sua idade. Que são:
 Estágio da inteligência sensório motora (0 a 2 anos): A criança busca
adquirir controle motor e aprender sobre objetos físicos que as rodeia
 Estágio da inteligência simbólica ou pré-operatória (2 a 7 anos): A
criança busca habilidades verbais

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 Estágio da inteligência operatória concreta (7 a 11 anos): A criança lida
com conceitos abstratos, números e relacionamentos, mais ligado ao
concreto.
 Estágio da inteligência operatória formal (12 anos em diante): Começa
a raciocinar lógica e sistematicamente. Mais ligado ao abstrato e
formal
E assim, a ideia de aprendizagem relatada por Piaget, a teoria da
Epistemologia Psicogenética, é construída nas estruturas cognitivas, onde o
sujeito adquiri, assimila e acomoda conceitos para poder responder às
experiências vividas dentro do meio, no decorrer de seu desenvolvimento.
Um ponto importante, de acordo com WEISS (2004), é que não devemos
pensar nas provas operatórias como escalas, devemos pensar em um sujeito
global, analisar a estrutura de seu pensamento, como esse pensamento se
relaciona com o modelo de aprendizagem.
Não são somente as provas operatórias que dirão o nível de funcionamento
cognitivo da criança, elas devem ser realizadas ao longo do período do
processo avaliativo, em conjunto com outras atividades, anamnese,
entrevista. Pois elas têm como objetivo primordial determinar o grau de
aquisição de noção-chave sobre o desenvolvimento cognitivo.
A forma de aplicação das provas operatórias não é muito diferente uma da
outra, em relação a forma como o entrevistador as apresenta, por
exemplo, será apresentado o material a criança e então realiza-se um
interrogatório acerca dos materiais apresentados. Deve ser feita com
tranquilidade, de forma espontânea, para que a criança se sinta à vontade
em participar
A apresentação dos materiais também serve para que a criança familiarize
com a atividade, diminua a ansiedade em realizá-la.
A ordem da aplicação está relacionada a demanda trazida e a idade da
criança como pode observado nas tabelas abaixo
TABELA: Apresentação das provas operatórias – Tipos
Conservação Classificação Seriação Espaço Pensament
o formal

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- Pequenos - Mudança - - -
conjuntos de critério Bastonete Unidimensiona Combinaçã
discretos de - s l o de fichas
elementos Quantificaçã - -
- Superfície o da inclusão Bidimensional Permutação
- Líquido de classes - de fichas
- Matéria - Interseção Tridimensional - Predição
- Peso de classes
- Volume
-
Compriment
o
Fonte: Elaborado pela autora, baseado na obra de SAMPAIO (2018, pg. 43-
44)

TABELA: Seleção das provas operatórias por idade


6 anos 7 anos 8 a 9 anos 10 a 11 anos
Acima de 12
anos
- - Seriação - Massa - Massa Iniciar com
Seriação - Pequenos - - - Volume
- conjuntos Comprimento Comprimento Se conseguir
Pequeno discretos de - Superfície - Volume aplicar:
s elementos - Líquido - Superfície -
conjunto - Massa - Peso - Líquido Combinação
s - - Mudança de - Peso de fichas
discretos Comprimento critério - Mudança de - Permutação
de - Superfície - critério de fichas
elemento - Líquido Quantificação - - Predição
s - de inclusão Quantificação -
Unidimension de classes de inclusão Tridimension
al - de classes al
Unidimension - Se não
al Unidimension conseguir
- al aplicar
Bidimensional - provas
Bidimensional anteriores
Fonte: Elaborado pela autora, baseado na obra de SAMPAIO (2018, pg. 44-
45)

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É interessante que não sejam aplicadas muitas provas numa mesma sessão,
principalmente as de conservação, evitando assim a contaminação na forma
em que a criança responde, acrescenta WEISS (2004)
De acordo com o conceito das provas operatórias, o objetivo é avaliar o nível
cognitivo da criança, de construção operatória, assim seguem os três níveis
onde o entrevistado pode se encontrar
TABELA: Avaliação das provas
Nível 1 Ausência total do nível de conservação, não atingiu o nível
operatório nesse domínio esperado
Nível 2 ou As respostas mostram instabilidade onde conserva a
intermediário primeira resposta, mas não uma segunda, ou um
argumento oposto ao dado anteriormente
Nível 3 As respostam conservam e demonstram aquisição de
noção de forma estável
Fonte: Elaborado pela autora, baseado na obra de WEISS (2004, pg. 110-
111)

Devolutiva
Tem como objetivo integrar todas as informações (entrevista familiar,
anamnese, observações, avaliações) durante todo o processo de avaliação e
conversar com os responsáveis sobre os resultados obtidos, orientando e
dando os próximos passos a serem seguidos, pois a devolutiva deve também
dar uma direção.
Deve ser realizada em local adequado é muito importante que o profissional
siga seu código de ética, prezando pelo sigilo, empatia e acolhimento. Deve
ser dada preferencialmente com ambos os responsáveis. Se os pais forem
separados e não quiserem receber a devolutiva juntos, pode-se marcar em
momentos diferentes.
Inicia-se com o porquê da solicitação da avaliação (queixa), relembra-se os
passos que foram dados (observações, avaliações) e onde todas informações
compiladas resultaram.
Ao final, seguem sugestões e encaminhamentos pertinentes aos resultados
obtidos.

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Relatório – Informe
Em Neuropsicopedagogia, não se utiliza o termo laudo (quem o faz é o
médico, pois tem a função de dar a resolução final ao que se foi buscado).
Dessa forma utilizaremos os termos informe ou relatório, (onde iremos
informar ou relatar os resultados de tudo o que foi observado, informado,
através de entrevistas ou questionários e resultados das avaliações
realizadas) para designar os resultar ou dar informações ou sugestões dos
próximos passos.
O relatório é utilizado para dar os resultados de avaliações ou o resultado da
verificação de evolução, onde serão reavaliados testes já realizados ou
outros mais complexos para verificação de estimulação e desenvolvimento.
Nele deve conter:
 Identificação: Nome do relator, autor (profissional); nome do
aprendente; data de nascimento, idade da criança (anos e meses) e o
assunto a ser tratado
 Descrição da demanda: o porquê da avaliação ou intervenção
 Procedimento: O que será realizado, por quanto tempo, tempo de
sessão
 Análise: Como foram executadas as atividades
 Conclusão: Após todas as entrevistas, relatos, observações e
avaliações o que foi concluído. Na conclusão serão sugeridos, se
necessário, os encaminhamentos ou continuidades de intervenção
para auxiliar no desenvolvimento
 Data do dia
 Assinatura do profissional, com nome. Ocupação e nº de registro ou
CBO

PDI (Plano de desenvolvimento individual) / PEI (Plano educacional


individualizado)
A proposta da elaboração de um Plano de Desenvolvimento Individualizado
do aluno - PDI, que apresente o percurso avaliatório de forma processual e
descritiva se constituirá em um instrumento importante para a regulação da
aprendizagem dos estudantes e para o planejamento da intervenção
pedagógica em seus múltiplos aspectos, bem como para a avaliação desse

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processo. Cabe salientar que, embora a avaliação ocupe um papel de suma
importância na elaboração do PDI, esse instrumento não se resume a isso.
Por se articular intimamente com o Projeto Político Pedagógico da escola, o
P D I consubstancia a sua proposta educativa, e é individual e engloba os
seguintes itens:
Parte I – Informações e avaliação do aluno
 Identificação
 Dados familiares
 Informação escolar
 Avaliação geral
 Âmbito familiar - Características do ambiente familiar, Convívio
familiar, Condições do ambiente para a aprendizagem escolar
 Âmbito escolar – Em relação à cultura e a filosofia da escola, em
relação a organização da escola, em relação aos recursos
humanos, em relação as atitudes frente ao aluno, em relação
ao professor da sala de aula regular
 Avaliação do aluno
 Condição geral de saúde
 Necessidades educacionais especiais do aluno
 Desenvolvimento do aluno – Função cognitiva (memória,
raciocínio lógico, linguagem), função motora (desenvolvimento
e capacidade), função pessoal e social (área, emocional, afetiva
e social)
Parte II – Plano pedagógico especializado para o aluno com autismo
 Ações necessárias para atender às necessidades educacionais
especiais do aluno
 Âmbito escolar – Ações necessárias já existentes, ações
necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas,
responsáveis pelas ações
 Âmbito sala de aula – Ações necessárias já existentes, ações
necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas,
responsáveis pelas ações
 Âmbito família – Ações necessárias já existentes, ações
necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas,
responsáveis pelas ações

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 Âmbito saúde - Ações necessárias já existentes, ações
necessárias que ainda precisam ser desenvolvidas,
responsáveis pelas ações
 Organização do atendimento educacional especializado
 Tipo do AEE
 Frequência semanal
 Tempo de atendimento
 Composição do atendimento
 Outros profissionais envolvidos
 Orientação a serem realizadas pelo professor do AEE
 Sala de recuso multifuncional
 Áreas a serem trabalhadas na sala de recurso multifuncional
(are cognitiva, motora, social)
 Atividades diferenciadas
 Metodologia de trabalho
 Recursos materiais e equipamentos
 Critérios de avaliação
 Avaliação do período

Referências bibliográficas
CÓDIGO DE ÉTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA. SBNPp. Resolução SBNPp N° 03/2014.
Joinville/SC. 2014. Disponível em:
<http://www.sbnpp.com.br/wpcontent/uploads/2016/11/Codigo-de-etica-atualizado-
2016.pdf.>
DOLLE, JM. Bellano B. Essas crianças que não aprendem: Diagnósticos e terapias
cognitivas. Tradução: João Paulo Saltini. Petrópolis: Editora Vozes, 1995.
NOTA TÉCNICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA Nº 02/2017. SBNPp. Joinville/SC.
RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia Clínica – Introdução, conceitos,
teoria e prática. Curitiba: Editora Juruá, 2015
SAMPAIO, Simaia. Manual prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. 7ª edição. Rio
de Janeiro: ED. WAK, 2018
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica, uma visão diagnóstica dos
problemas de aprendizagem escolar. 10ª edição. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2004.

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