Você está na página 1de 6

A crença de desamparo é uma percepção profunda de falta de apoio ou recursos,

levando a uma sensação de impotência diante das adversidades. Pode manifestar-se


como uma convicção de que não há ajuda disponível, que os esforços são inúteis ou
que a pessoa está isolada em suas dificuldades. Essa crença pode ser influenciada por
experiências passadas, traumas ou circunstâncias atuais desafiadoras. Em termos
emocionais, pode resultar em ansiedade, tristeza e uma sensação generalizada de
desesperança.
Pessoas que têm a crença de desamparo podem exibir algumas características e
pensamentos específicos:

Características:
1. Isolamento emocional: Tendência a se isolar emocionalmente, sentindo-se
desconectado dos outros.
2. Baixa autoestima: Possível redução na autoestima e na confiança pessoal.
3. Evitar desafios: Receio de enfrentar desafios devido à percepção de que os esforços
são inúteis.
4. Dependência: Busca excessiva por validação externa e dependência emocional de
outros.
5. Desconfiança: Dificuldade em confiar nas intenções positivas dos outros.

Pensamentos:
1. "Ninguém se importa comigo": Sentimento de que não há suporte emocional ou
interesse por parte dos outros.
2. “Não adianta tentar": Convicção de que os esforços serão infrutíferos, levando à
inação.
3. “Estou sozinho(a) nisso": Sensação de isolamento, mesmo em situações que
envolvem interações sociais.
4. “não mereço ajuda": crença de que não merece ou não é digno(a) de receber apoio.
Uma criança que sempre desejou ser reconhecida e valorizada pela mãe, mas não teve
suas necessidades emocionais atendidas, pode experimentar diversas consequências
emocionais e psicológicas. Isso pode incluir:

1. Baixa autoestima: A criança pode desenvolver uma visão negativa de si mesma,


sentindo-se inadequada ou não merecedora de afeto.

2. Busca por aprovação: Pode manifestar um padrão de busca constante por aprovação
e validação externa, buscando constantemente a atenção da mãe ou de outros para
preencher o vazio emocional.

3. Insegurança nos relacionamentos: A falta de reconhecimento materno pode


impactar a capacidade da criança de formar relacionamentos saudáveis, contribuindo
para a insegurança emocional.

4. Desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento inadequados: A criança pode


desenvolver estratégias de enfrentamento não saudáveis, como retraimento
emocional, comportamentos desafiadores ou busca por atenção de maneiras
prejudiciais.

5. Impacto na auto expressão: Pode ter dificuldade em expressar suas emoções e


necessidades de maneira assertiva, receando não ser ouvida ou compreendida.

Imaginemos um exemplo envolvendo um adulto, chamado João, que cresceu sendo


humilhado por sua irmã e sentindo falta de atenção e acolhimento por parte de sua
mãe, resultando em uma crença de desamparo.

João frequentemente compartilha suas conquistas e desafios com a mãe, buscando


reconhecimento e apoio emocional. No entanto, a mãe, muitas vezes, parece
minimizar suas realizações e não demonstra o apoio que ele anseia. Ao mesmo tempo,
a irmã de João, consciente das inseguranças dele, continua a humilhá-lo, reforçando a
sensação de desvalorização.

Esse padrão de interações pode levar João a internalizar a crença de desamparo. Ele
pode começar a pensar que não importa o quanto ele se esforce, não receberá a
atenção e o acolhimento necessários. Isso pode resultar em sentimentos de
isolamento, baixa autoestima e uma convicção de que seus esforços são inúteis.

A busca constante por validação e a sensação de desamparo podem influenciar


negativamente a capacidade de João em construir relacionamentos saudáveis e
alcançar um equilíbrio emocional. A intervenção terapêutica pode ser crucial para
ajudá-lo a explorar essas dinâmicas familiares, reconstruir a autoestima e desenvolver
estratégias para lidar com sua crença de desamparo.

2. A crença de desvalor refere-se à convicção interna de que uma pessoa não tem valor
ou não é digna de reconhecimento e apreço. Essa crença pode se desenvolver a partir
de experiências negativas, traumas ou mensagens depreciativas recebidas ao longo da
vida. Indivíduos com essa crença podem manifestar comportamentos
autodepreciativos, baixa autoestima e dificuldade em reconhecer e aceitar elogios ou
reconhecimento positivo.
Uma pessoa que possui a crença de desvalor pode ter uma série de pensamentos
autodepreciativos e negativos. Alguns exemplos desses pensamentos podem incluir:

1. **"Eu nunca faço nada certo."


2. **"Ninguém se importa com o que eu penso ou faço."
3. **"Sempre sou um fardo para os outros."
4. **"Não mereço ser feliz ou bem-sucedido."
5. **"Se as pessoas realmente me conhecessem, veriam como sou inútil."
6. **"Não importa o quanto eu tente, nunca serei bom o suficiente."
7. **"Toda crítica é uma confirmação de que sou uma pessoa sem valor."
8. **"Eu não mereço amor ou amizade."
9. **"Se eu falhar em algo, é porque sou uma falha como pessoa."
10. **"As conquistas dos outros destacam ainda mais o meu fracasso."

Esses pensamentos refletem uma visão distorcida de si mesmo e do seu valor.

Imagine uma mulher chamada Laura, que enfrentou dificuldades longo de sua vida e
foi frequentemente humilhada por sua irmã. Durante esses momentos difíceis, a mãe
de Laura não ofereceu a proteção e o posicionamento necessários, deixando-a
desamparada diante das crueldades da irmã. Sua criança interna anseia por proteção,
cuidado, uma voz que a defenda.

Laura internalizou a crença de desamparo, sentindo-se impotente diante das


adversidades da vida. Seus pensamentos podem incluir: "Ninguém me protege quando
estou vulnerável" e "Minha mãe não se importa o suficiente para me defender".

A crença de desvalor também está presente, refletindo-se em pensamentos como: "Eu


mereço ser tratada assim" e "Minha opinião e sentimentos não importam para
ninguém".

Essa combinação de humilhação e falta de apoio materno moldou a visão de Laura


sobre si mesma.
Imagine uma pessoa chamada Carlos, que se sente desamparado e desvalorizado
devido a experiências passadas de depressão e humilhação, especialmente por parte
de sua irmã. Carlos carrega consigo uma criança interior ferida que anseia por
proteção, cuidado, voz e de defesa.
Descrição de Carlos:
Carlos é um adulto que, apesar de suas conquistas, ainda se vê como alguém sem
valor. Ele muitas vezes se pega revivendo momentos de humilhação e se sente
impotente diante dos desafios da vida. A busca por aprovação constante e o medo de
ser inadequado são padrões presentes em seus relacionamentos.

Cuidando da Criança Interior Ferida:


1. Autoconsciência: Carlos precisa desenvolver uma consciência profunda das feridas
emocionais que carrega e como essas experiências passadas afetam sua visão de si
mesmo.

2. Compaixão: Adotar uma abordagem compassiva consigo mesmo é crucial. Carlos


precisa aprender a se tratar com gentileza e compaixão, reconhecendo que merece
amor e respeito.

3. Terapia: A busca por apoio terapêutico pode ser fundamental. Um terapeuta pode
ajudar Carlos a explorar suas experiências passadas, desafiar crenças negativas...

4. Reconstrução de Autoestima: Trabalhar na reconstrução da autoestima é essencial.


Isso envolve identificar conquistas, reconhecer suas próprias qualidades e desafiar
pensamentos autodepreciativos.

5. Expressão Emocional: Permitir-se expressar emoções reprimidas é vital. Isso pode


envolver falar sobre suas experiências, escrever em um diário ou até mesmo buscar
formas criativas de expressão.

6. Estabelecimento de Limites: aprender a estabelecer limites saudáveis nos


relacionamentos é crucial para evitar padrões de abuso emocional e criar relações mais
equilibradas.

Ao investir tempo e esforço em cuidar de sua criança interior ferida, Carlos pode
começar a transformar suas crenças negativas, cultivar uma autoimagem mais positiva
e progredir em direção à cura emocional.

Conceituação Cognitiva de uma Pessoa com Crença de Desvalor e Desamparo:

1. Esquemas Cognitivos Centrais:


- Desvalor: A pessoa mantém um esquema central que distorce a percepção de seu
próprio valor, acreditando que é intrinsecamente inadequada ou sem valor.
- Desamparo: existe um esquema subjacente que interpreta as situações como
desafiadoras, levando à sensação de impotência e falta de recursos para lidar com elas.

2. Crenças Nucleares:
- inadequação Pessoal: A crença fundamental é de inadequação, influenciando
pensamentos como "Eu não sou bom o suficiente" ou "Não mereço coisas boas na
vida".
- Impotência Perante Desafios: Existe uma crença subjacente de incapacidade de
superar obstáculos, contribuindo para a sensação de desamparo.

3. Pensamentos Automáticos Negativos:


- Autocrítica Constante: a pessoa tende a se criticar repetidamente, enfatizando
falhas percebidas e reforçando a ideia de desvalor pessoal.
- Antecipação de Fracasso: Prevê constantemente resultados negativos em suas
ações, alimentando a crença de que é incapaz de alcançar sucesso.
4. Vieses Cognitivos:
- *Filtragem Mental:* Foca-se seletivamente em experiências ou feedback negativo,
ignorando ou minimizando informações positivas que contradizem a crença de
desvalor.
- *Leitura Mental Negativa:* Assume que os outros veem apenas suas falhas, mesmo
na ausência de evidências concretas, consolidando a percepção de desvalor.

5. Regras e Pressupostos Irracionais:


- *Regra do "Tudo ou Nada":* Tende a ver situações como absolutamente positivas
ou negativas, sem nuances, o que reforça a visão extremista de desvalor.
- *Presunção de Incapacidade:* Presume automaticamente que não é capaz de
enfrentar desafios, contribuindo para a crença de desamparo.

📍 Nesse contexto, a repetição de ciclos pode manifestar-se na escolha de


relacionamentos onde a pessoa busca inconscientemente padrões semelhantes aos
vivenciados na infância. A pessoa pode se sentir atraída por parceiros que, de certa
forma, refletem a falta de comprometimento e atenção que ela percebeu nos pais.
Essa dinâmica pode ser uma tentativa de recriar e, eventualmente, corrigir as
experiências emocionais não resolvidas da infância.

A cicatriz da falta de enxergar, acolher, aceitar e validar na infância pode interferir de


várias maneiras na busca por relacionamentos saudáveis na vida adulta:

1. Padrões Repetitivos: A pessoa pode repetir padrões de interação aprendidos na


infância, escolhendo parceiros que replicam a falta de comprometimento ou
reconhecimento.

2. Autos sabotagem: A autoimagem prejudicada pode levar à auto sabotagem,


fazendo com que a pessoa evite relacionamentos saudáveis por acreditar não ser
merecedora deles.

3. Busca Constante por Aprovação: A necessidade contínua de ser vista e validada


pode levar a uma dependência excessiva da aprovação dos outros, tornando-se
vulnerável a relacionamentos unilaterais.

4. Medo de Abandono: O medo de ser abandonado pode influenciar a escolha de


parceiros que replicam dinâmicas de rejeição, reforçando o ciclo de desamparo
emocional.

5. Dificuldade em Estabelecer Limites: A falta de validação na infância pode resultar


em dificuldade em estabelecer limites saudáveis nos relacionamentos, aceitando
padrões de tratamento inadequados.

Você também pode gostar