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11/07/2016

Texto 07
“Do signo ao discurso”
De
Jacques Fontanille

1. Signo e sgnificação
1.1. A diversidade de abordagens sobre o
sentido:
a) Sentido = uma tendência; uma direção;
= não uma referência (que é uma das
direções do sentido)
“efeito de direção e de tensão mais ou menos
conhecível, produzido por um objeto, uma
prática ou uma situação qualquer.”

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b) Significação = produto organizado pela análise


= conteúdo de sentido atribuído
a uma expressão (sendo este
conteúdo inerente)
= unidade de sentido resultante
da relação entre um elemento
da expressão e um elemento do
conteúdo;
= só é reconhecível após sua
segmentação e comutação
(substituição);
= é uma articulação de sentidos
(oposições, hierarquias, gradações,
polarizações).

c) Significância = globalidade dos efeitos de


sentido em um conjunto
estruturado
= análise a partir das unidades
maiores para as menores;

• No âmbito do discurso – a significação global


rege a significação específica (das unidades
menores) = unidade de sentido, unidade
semântica, unidade temática

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1.2. Semiótica e semântica: uma


distinção nos estudos linguísticos:
• Benveniste:
– Semiótica = ligação entre sentido e expressão
morfológica ou lexical


– Semântica = significação das enunciações
concretas, assumidas por instâncias do discurso
(emissor, receptor, outro)

• Peirce:
– Semântica = significação das unidades
– Sintaxe = combinação das unidades
– Pragmática = manipulação das unidades e suas
combinações em situações de
comunicação

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2. PERCEPÇÃO E SIGNIFICAÇÃO
2.1. Elementos para recordar:
- O papel relevante da sensação e da percepção
na constituição da significação;
2.2. O plano da expressão e o plano do
conteúdo:
- A linguagem é a articulação desses planos:
expressão (mundo exterior) e conteúdo (mundo
interior);

• Esses planos são construídos pela percepção a


partir de pontos de referência que localizam
esses planos:
– O exemplo da percepção das cores no processo de
amadurecimento de uma fruta (p. 42-43);
– Por isso que os planos são instáveis, devendo ser
determinados a cada análise, de acordo com o
objeto analisado (em contexto, em situação).

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2.3. Exteroceptividade e interoceptividade


• Exterociptividade = expressão
• Interoceptividade = conteúdo
• Proprioceptiva = posição assumida pelo sujeito
da percepção
– Trata-se de seu corpo imaginário ou PRÓPRIO CORPO
– é o ponto de vista do qual se define expressão e
conteúdo – ponto de referência para a semiose

3. O SENSÍVEL E O INTELIGÍVEL:
3.1. A formação do sistema de valores:
Conceitos básicos:
a) Presença: a percepção de algo que ocupa um
lugar em relação à nossa própria posição;
b) Visada intencional: capacidade de sermos
“tocados” pela nossa relação com o mundo e os
objetos, intensivamente;
c) Apreensão: capacidade de voltarmos nossa
visão de maneira mais extensa ao mundo e aos
objetos.

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3.2. Forma e substância:


• Processo de formação de valores: passagem da
substância à forma.
- Substância = sensível – percebida, sentida,
pressentida;
= lugar das tensões intencionais, dos
afetos e das variações da extensão e
da quantidade;
- Forma = inteligível – compreendida, significante
= lugar dos sistemas de valores e das
posições interdefinidas.

3.3.Por uma significação sensível:


• A dimensão sensível e perceptiva – elemento
que orienta uma semiótica do discurso;
• Os universos semióticos só são percebidos
como tal porque o corpo próprio estabelece
uma posição em relação a eles;
• O sujeito da semiose em relação aos
universos percebidos/sentidos no processo
de semiose;

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• As propriedades do corpo próprio


(proprioceptividade) pertencem também ao
universo interoceptivo (do conteúdo) e ao
universo exteroceptivo (da expressão);
• O corpo próprio reúne os dois universos em
planos de uma linguagem (uma mesma);
• Ao reunir esses dois universos em si, há
relação de reciprocidade.

3.4. Os estilos de categorização:


• Categorizar = uma das capacidades da
linguagem;
• Linguagem – gera “tipos” (a partir de
recorrências);
• Evita-se a criação de expressões para cada
ocorrência particular;
• Discurso – evoca a ocorrência do tipo para
colocá-la em cena por meio do ato de
referência;

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• Formação de tipos = categorização;


• Formação de classes e categorias que a
linguagem manipula;
• Concerne à percepção, ao código e ao
sistema;
• Categorização atua no âmbito do discurso:
– Organiza a instauração do sistema de valores;
– São estratégias no interior da atividade do
discurso;

• Semântica do protótipo: não há somente um


modo de formar categorias de linguagem;
• Categorização = busca por traços comuns, que
possam ser distribuídos entre os membros da
categoria (ex. do “para sentar-se”, que
engloba a categoria de “assento”);
• O exemplo dos parentes – p. 52;
– As semelhanças que permitem reconhecer a
identidade parental;
– Identificação das diferenças existentes entre cada
semelhança;

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• Outro modo de categorizar:


– Identificar uma ocorrência representativa (mais
visível, facilmente identificável) de uma categoria;
– Das propriedades que apontam para a melhor
amostra possível, apreende-se um representante
da categoria;
– Ex.: a antonomásia; ele é um Maquiavel;
• A categorização pela escolha do neutro:
– Um tipo que é escolhido por possuir apenas as
poucas propriedades comuns a todas as outras
ocorrências da categoria;
– Um termo de base;

• Os estilos de categorização:
– Maneiras pelas quais as culturas organizam seus
objetos para fazer deles objetos de linguagem.

Modos de perceber
• Extensão da categorização as categorizações
• Intensidade da categorização possíveis

• Ver quadro da p. 53.

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