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FONTES, CLASSIFICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DAS NORMAS

PENAIS
 FONTES DO DIREITO PENAL
Fonte significa a maneira pela qual uma norma jurídica é criada e ordenada em nosso
mundo jurídico. No Direito Penal a fonte pode ser dividida em duas espécies, material
ou formal.
FONTE MATERIAL: A Fonte Material compreende-se ao órgão encarregado pela
elaboração das normas em determinado ordenamento jurídico. No Brasil o responsável
por essa elaboração é a união, através de seu poder legislativo.
Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,
aeronáutico, espacial e do trabalho;
FONTE FORMAL: A Fonte Formal está ligada à maneira pela qual o Direito Penal se
exterioriza, podendo ela ser imediata ou mediata.
 IMEDIATA/PRIMÁRIA/DIRETA: Somente a lei (em sentido estrito) pode servir
como fonte primária e imediata do direito penal, em face do princípio
constitucional da reserva legal, embutido no art. 5º, XXXIX, da CF e reiterado no
art. 1º do CP.
 MEDIATA/SECUNDÁRIA/INDIRETA: Admitem-se, no entanto, fontes
secundárias ou mediatas os Costumes, os Princípios Gerais do Direito e o
Ato Administrativo.
o Costumes são normas criadas a partir de práticas reiteradas da
sociedade.
o Princípios Gerais do Direito são diretrizes que dão base ao sistema,
como Ensinamentos Doutrinários, Princípios Básicos do Direito e a
Jurisprudência.
o O Ato Administrativo ocorre no casso de uma Norma Penal em Branco,
ou seja, uma norma que fale sobre um crime, mas que precise de uma
outra para complementar o seu sentido e sua aplicação.

ORGÃO ENCARREGADO DE ELABORAR:


MATERIAL
UNIÃO

FONTES DIRETA/IMEDIATA:
A LEI EM SENTIDO ESTRITO

FORMAL COMO SE EXTERIORIZA INDIRETA/MEDIATA:


COSTUMES
DOUTRINA
JURISPRUDENCIA
 CLASSIFICAÇÃO DO DIREITO PENAL
A lei penal é a única que pode criar delitos e penas, por isso, é a fonte formal mais
importante do direito penal.
LEI PENAL INCRIMINADORA: é aquela que prevê uma infração penal, seja um crime
ou uma contravenção. Também chamada de lei penal em sentido estrito, ela
estabelece os tipos penais (ação/omissão - preceito primário) e as sanções penais
(pena - preceito secundário) a eles cominadas.
 PRECEITO PRIMÁRIO – contém a definição da conduta criminosa ex.: art. 121
“matar alguém”;
 PRECEITO SECUNDÁRIO – contém a sanção penal ex.: art. 121 “pena:
reclusão de 6 a 20 anos”.

LEI PENAL NÃO INCRIMINADORA: são as que não criminalizam condutas e se


subdividem em:
 PERMISSIVAS: São as normas que vinculam uma permissão daquilo
que, SEM ELAS, seria considerado uma infração penal e sujeitaria seu
autor a uma sanção penal. Dividem-se, ainda, em exculpantes e
justificantes.
o JUSTIFICANTES: Exclui a ilicitude da conduta do agente, por
exemplo: arts 25 do CP, legítima defesa.
o EXCULPANTES: Exclui a culpabilidade, isentando o agente de
pena, por exemplo: art. 26 “caput” do CP, inimputáveis.
 EXPLICATIVA: são aquelas que trazem uma explicitação de conceitos,
uma explicação para se melhor compreender as demais normas e
permitir sua correta aplicação, por exemplo: art. 327 do CP, funcionário
público
 COMPLEMENTARES: aquela que determina e delimita o alcance de
validade da lei penal incriminadora. Como exemplo, podemos destacar
o art. 2º (lei penal do tempo) e o art. 5º (lei penal no espaço) do Código
Penal.

PRECEITO PRIMÁRIO: DEFINIÇÃO DA INFRAÇÃO


INCRIMINADORAS
PRECEITO SECUNDÁRIO: PENA

JUSTIFICANTES:
NORMAS PENAIS EXCLUI A ILICITUDE
PERMISSIVAS
EXCULPANTES:
NÃO EXCLUI A CULPABILIDADE
EXPLICATIVA
INCRIMINADORAS

COMPLEMENTARES
 INTERPRETAÇÃO DO DIREITO PENAL

QUANTO À ORIGEM (ÀS FONTES):


A interpretação pode ser:
 AUTÊNTICA: é aquela dada pela própria lei, ou seja, a intervenção
interpretativa provém do legislador. Exemplo: art. 150, §§ 4º e 5º, do Código
Penal (conceito de “casa”).
 DOUTRINÁRIA: é aquela feita pelos estudiosos do direito por meio de suas
obras, palestras etc.
 JURISPRUDENCIAL: é aquela feita pelos juízes e tribunais por meio de seus
julgamentos, cuja interpretação pode ter efeito meramente persuasivo ou até
mesmo vinculante (CF, art. 103-A).
QUANTO AOS MEIOS:
A interpretação pode ser:
 GRAMATICAL: é aquela feita por meio de uma simples análise literal e
morfológica do texto normativo. É aquela que decorre da natural análise da
lei.
 LÓGICA: é aquela feita com vistas a descobrir os fins a que se destina a norma,
a ordem jurídica e as instituições. Busca-se verificar e extrair a própria “vontade
objetiva da lei”, voltada a proteção do bem jurídico.
QUANTO AO RESULTADO:
A interpretação pode ser:
 DECLARATIVA: é aquela em que a literalidade da lei encontra exata
correspondência com o pensamento do legislador. Ou seja: o texto da lei
expressa exatamente aquilo que o legislador pretendia dizer. Ex.: no art. 141,
III, deve-se entender “várias pessoas”, pois quando a lei se contenta com duas
pessoas ela é expressa.
 EXTENSIVA (AMPLIATIVA): é aquela em que a letra da lei é mais estreita do
que o pensamento do legislador e, bem por isso, em razão de uma notória
irracionalidade, há necessidade de ampliar as hipóteses de alcance do texto
normativo, a fim de evitar o escândalo interpretativo. Ou seja: o texto da lei
expressa menos do que o legislador pretendia dizer. Exemplo: o art. 235 do
Código Penal, ao tipificar o crime de bigamia, também alcançou, por obvio, a
poligamia.
 RESTRITIVA: é aquela em que a letra da lei é mais ampla do que o
pensamento do legislador e, assim, é necessário reduzir as hipóteses de
alcance do texto normativo. Ou seja: o texto da lei expressa mais do que o
legislador pretendia dizer. Ex.: art. 332 deve-se excluir as pessoas mencionadas
no artigo 357 do CP.
 ANALÓGICA: É uma forma de interpretação e não de integração. Não há
condições do legislador prever TODAS as situações possíveis. Ele cita
algumas situações específicas e depois generaliza. Ex: Art 121, § 2º - Asfixia,
tortura, veneno ou outras formas...
 ANALOGIA: É um caso de integração da lei. Existe um caso A, com previsão
na Lei X e um caso B, semelhante ao caso A, no entanto, sem previsão legal.
Analogia é você recorrer a solução do caso A, com a Lei X e adotá-lo ao caso B,
ou seja, aqui se busca suprir a falta de uma lei.
Não confundir analogia com interpretação analógica!
Na analogia, por não haver norma que regulamente o caso, o aplicador do Direito
se vale de uma outra norma, parecida, de forma a aplicá-la ao caso concreto, a fim de
que este não fique sem solução.
Em Direito Penal, permite-se apenas a analogia in bonam partem (em benefício do
agente), restando-se absolutamente proibida, pois, a analogia in malam partem
(em prejuízo do agente).

AUTÊNTICA LEGISLADOR

FONTES JURISPRUDENCIAL JUIZES E TRIBUNAIS

DOUTRINÁRIA ESTUDIOSOS

GRAMATICAL INTERPRETAÇÃO LITERAL

INTERPRETAÇÃO MEIO

LÓGICA FINALIDADE DA LEI

DECLARATÓRIA REAL SIGNIFICADO DA LEI

AMPLIAÇÃO DO ALCANCE DA
RESULTADO EXTENSIVA
NORMA

REDUÇÃO DO ALCANCE DA
RESTRITIVA
NORMA

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