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PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA

Transtorno do
espectro autista
Prof. Dr. Francisco Baptista Assumpção Junior
Ação Coletiva e Revolução Cognitiva

Falar com outros membros do grupo é desafio mental maior do que manipular objetos.

Pressupõe troca de informações que pressupõe


Atenção partilhada (escleróticas brancas).

Sucesso individual determina os genes que serão transmitidos à geração seguinte e quando os interesses de uma
organização entram em conflito com os individuais, estes vencem em quase todas as oportunidades.
A alimentação

A preparação da comida permitiu o desenvolvimento de um metabolismo mais


rápido que sustentasse um cérebro maior (fogo) permitindo.

linguagem (chipanzés mastigam 8 hs/dia);


Cultura.

Escuridão Fogueira Reunião de Pessoas


cultura acumulativa troca de experiências
aprendizado social.
Conceito e diagnóstico iniciais

1. Isolamento Extremo;

2. Obsessividade;

3. Estereotipias ;

4. Ecolalia.

( Kanner L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child 1943;2:217-250)


Ao final dos anos 60 início dos 70
País Classificação
EUA Autismo Infantil como problema primário distinto do autismo secundário devido a
dano cerebral ou retardo mental;
Distúrbio Simbiótico Interacional ou psicoses simbióticas, com dependência incomum a
mãe, na forma de um prolongamento da ligação;
Outras Psicoses: crianças com desenvolvimento atípico, com comportamentos
autísticos e indiferença emocional.

França Psicoses autísticas:


Psicoses desintegrativas;
Deficiências Mentais psicotizadas;
Psicoses de expressão deficitária;
Parapsicoses – Pré-psicoses;
Disarmonias de evolução.

Inglaterra Esquizofrenia Infantil.


Europa em geral Psicoses Infantis.
As mudanças teóricas

1. Mudanças conceituais:

de doença a síndrome;
de causa afetiva a cognitiva;
de base psicogênica a biológica.

2. Mudanças na prevalência:

de quadros raros a 4:10.000 até 1:60.

3. Mudanças Terapêuticas:

de tratamentos anti-psicóticos ao tratamento de sintomas-alvo;


de psicoterapia de base analítica a abordagens pedagógicas com base cognitivo-comportamental.
Teoria da Mente
Déficit na capacidade de meta-representação

Falha na Déficit nos


teoria da padrões de
mente simbolização

Padrões sociais Déficits Déficits nos


específicos pragmáticos padrões de
comprometidos jogo social

Teoria Cognitiva (Baron-Cohen, 1988 )


Teoria da mente

Antevisão do comportamento do outro compreendendo seu raciocínio e seus objetivos mesmo que sejam
diferentes das nossas.

Sem capacidade de diferenciação de ações intencionais de não intencionais tem-se habilidade muito limitada
de previsão de atos futuros de convivência com outras pessoas (dificuldades em partilhar).

(Buck; 1987 apud Assumpção 2007)


Teoria da mente
e o controle da mentira

Ameaça da coesão grupal e a coordenação dos grupos em detrimento da cooperação e interdependência das
ações humanas visando a sobrevivência.

Habilidades sociais levaram ao desenvolvimento de maiores capacidades cognitivas visando a exploração de


novas oportunidades sociais.

Cooperação e divisão de trabalho fizeram com que passássemos de presas a predadores.


Teoria da Coerência Central

Processamento da informação dentro de um contexto em que se capta o essencial.

Autistas- “fraca” coerência central

(Frith, 1989)
Teoria da Coerência Central

Característica do processamento de informação normal parece ser a tendência a conectar a informação


diversa para construção de um significado de mais alto nível.

O essencial se recorda facilmente e o superficial se perde.

Facilidade com que se reconhece o sentido adequado dentro de um contexto, dando-lhe um sentido global
(material verbal e não verbal).

Perde-se o significado quando se sai do contexto.


Teoria da Disfunção Executiva

Função executiva:

• Planejamento;
• memória de trabalho;
• inibição de respostas;
• flexibilidade cognitiva.
Déficit na função executiva

Anormalidades sociais e não sociais.

Múltiplas capacidades cognitivas superiores:

“Estímulo processado de maneira indistinta, independentemente do contexto,


pode dar a impressão de falha de inibição.”

Transtorno no controle inibitório.


Conceito

Autismo é uma síndrome comportamental com etiologias biológicas múltiplas e evolução de um distúrbio do
desenvolvimento (COM PREJUÍZO COGNITIVO), caracterizada por déficit na interação social e no
relacionamento com os outros, associado a alterações de linguagem e comportamento.

(Gillberg, 1990)
DSM-V :
Transtorno do Espectro do Autismo (APA; 2014)

Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:

1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais,


manifestadas de todas as maneiras seguintes:
a. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
b. Falta de reciprocidade social;
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de
desenvolvimento.

2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas
das maneiras abaixo:
a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
c. Interesses restritos, fixos e intensos.

3. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até
que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
Distúrbios de Socialização

a) Dificuldades em dividir a atenção, não assinalam as coisas para dividir o interesse com elas
(assinalar protodeclarativo). Crianças entre 9 e 12 meses seguem o olhar do adulto para um ponto de atenção.

b) Problemas de imitação e cópia de movimentos, inclusive em bebês.

c) Transtornos de reconhecimento de afeto (2-4 meses) e para discriminar emoções.


Distúrbios de Comunicação:

a) Fonologia e gramática adequadas;

b) Competência pragmática (uso da linguagem) alterada, com interpretações hiper-literais;

c) Dificuldades semânticas.
Distúrbios da Imaginação:

a)Jogo simbólico substituído por atividades repetitivas;

b) Pouco interesse pela ficção e preferência por fatos e jogos funcionais e forma estreita e limitada.
Poderíamos pensar nesses quadros, formas diferentes na percepção e no processamento dos inputs
sensoriais que chegariam, das mais diferentes categorias.

Eles seriam então processados também de maneira própria e assim proporcionariam a construção
diferente de seu mundo e de seu relacionar-se com os outros.

A percepção seria, então, integrada de maneira não usual, o que justificaria alguns dos sintomas
clinicamente observados.
Referências

American Psychiatric Association – Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DSM 5). Porto Alegre; Artmed; 2014

Baron-Cohen, S. Social and pragmatic deficitsin autism: cognitive or affective? J Autism and Develop Disorders 18(3):379-401; 1988

Frith,U. Autism: possible clues to the underliyng pathology. Psychological facts IN Wing,L. Aspects of autism: biological research. London;
Gaskel Eds & Royal College of Psychiatrists & National Autistic Society. 1988

Gillberg, C. Infantile Autism: diagnosis and treatment. Acta Psychiatrica Scand 81:209-215; 1990

Kanner L. Autistic disturbances of affective contact. Nervous Child 1943;2:217-250


INTRODUÇÃO À MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE

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