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COMPLICAÇÕES EM

FRATURAS
ORTOPEDIA – AULA 5

FASES DE CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA RETARDO DE CONSOLIDAÇÃO

HEMATOMA: É uma fase inflamatória, é uma fase de reação > massa de


sangue coagulado ao redor da fratura > hematoma fraturário, se forma de 6 a
INSUFICIENCIA EM CONSOLIDAR NO
8 horas após a lesão. TEMPO HABITUAL: O tempo de consolidação fica
CALO MOLE: Tecido fibrocartilaginoso, fase de reparação, marcada por
aumentado diversos fatores, seja por excesso de
2 eventos: formação de calo fibrocartilaginoso e um calo ósseo que movimento, vascularização insuficiente.
preenche o intervalo entre as extremidades ósseas fraturadas. Cresce vasos
sanguíneos no hematoma da fratura e fibroblastos do periósteo invadem o
q Excesso de movimento no local da fratura
local > fibras de colágeno > céls do periósteo se desenvolvem em q Vascularização dos fragmentos
condroblastos > produção de fibrocartilagem. Demora 3 semanas.
q Tipo de fratura
CALO DURO: Fase de reparação e formação do calo duro nas áreas q Idade
próximas ao tecido saudável bem vascularizado, céls osteogênicas se formam
e dão origem aos osteoblastos, que produzem trabéculas de osso
q Comorbidades
esponjoso > a cartilagem vira osso esponjoso e o calo passa a ser chamado q Falhas do tratamento
de calo ósseo (duro) que persiste por 3 a 4 meses.
q Infecção
REMODELAÇÃO: Fase final do reparo, as porções mortas dos fragmentos q Falta de cooperação do paciente
do osso fraturado são reabsorvidas pelos osteoclastos, o osso esponjoso é
substituído por osso compacto na periferia da fratura, mas ainda fica uma
q Estado nutricional, tabagismo (insuf. venosa),
área um pouco espessada na superfície do osso. AINES, anticoagulantes.
Tempo: Dura de 4 a 6 meses, mas o processo inteiro dura de
2 a 6 meses. 1. PSEUDOATROSE

CONCEITO: Falsa artrose de articulação, arco de


movimento em cima da fratura, por ausência de
consolidação óssea completa em 6 a 8 meses. Como se FATORES DE RISCO
tivesse sido formado uma nova articulação.
q Ausência de consolidação óssea completa em 6 1. Diabetes
a 8 meses 2. Tabagismo
q Quando não progride para consolidação s/ 3. AINES
intervenção.
q Tecido mais espesso que tenta formar o calo, mas
DIAGNOSTICO DA PSEUDOARTROSE
não consegue.

FATORES ENVOLVIDOS: q História e exame físico: Dor, edema reacional.


q Região anatômica (tipo de tecido, ex: fratura q Exames de imagem (radiografias seriadas,
diafisária da tíbia – no meio da perna – tomografias)
principalmente com traço transverso tem muita q Achados laboratoriais: VHS/PCR e leucócitos.
dificuldade de consolidação. (ossos da perna) q Bacteriologia
q Traço de fratura
q Método de tratamento: Gesso, osteossíntese. A. EXAME FISICO:
q Infecções q Dor e sensibilidade no foco da fratura (> 6-
q Fratura aberta: 8meses depois da fratura)
q Lesões de partes moles: q Mobilidade do foco da fratura
q Natureza da lesão (energia do trauma, fratura
SITUAÇÕES ESPECIAIS:
aberta?)
1. Fratura do Escafóide: Pseudoartrose avascular, q Partes moles (fraturas expostas)
osteonecrose do polo proximal do escafóide. q Procedimentos já realizados
(cintura) q Infecção

B. ASPECTOS RADIOLÓGICOS:
q Calo ausente ou hipertrófico
q Alargamento do traço da fratura
q Esclerose nas extremidades da fratura.

Fratura do escafóide.

2. Fratura do colo femoral: Lesão nessa região pode


lesionar a artéria circunflexa medial, que roda o Figura 1. Calo malformado/ausente com foco de mobilidade
fêmur, fazendo anel de vascularização na região (parece uma nova articulação) na radiografia / Figura 2. Quebra
proximal. Risco de osteonecrose da cabeça de do parafuso por tentativa de consolidação óssea e mobilidade
fêmur aumentada / Figura 3. Pseudoartrose do escafóide.
q Jovens: osteossíntese
q Idosos: Prótese total ou parcial. CLASSIFICAÇÃO DA PSEUDOARTROSE

1. Infecção: pseudoartrose séptica (foco de infecção


– pus); pseudoartrose asséptica (não tem foco de
infecção na fratura)
2. Localização: pseudoartrose metafisária;
pseudoartrose epifisária.
3. Tipo: pseudoartrose hipertrófica; pseudoartrose
atrófica/avascular.

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A por infecção vai ter um foco de fratura com relatos PSEUDOARTROSE HIPERTRÓFICA: Tem boa
de dor há mais de 8 meses com saída de líquido vascularização, mas com deficiência de conter a
purulento e sinais flogísticos. Pode ser hipertrófica, mobilidade do foco.
quando há tentativa de calo maior, atrófica tem o calo q Lembra casca de cavalo OU pata de elefante.
atrófico.
Como vem esse caso: Paciente com dor, edema na
PSEUDOARTROSE SÉPTICA: Possui foco
região por mais de 6-8 meses com dificuldade de
infeccioso associado.
mobilidade, com foco fraturário móvel, ao ver a
imagem percebemos uma hipertrofia da tentativa de
calo ósseo, com as características da radiografia abaixo:

Pseudoartrose séptica (saída de secreção purulenta do foco


fraturário) / radiografia com parafusos quebrados / deformidade.

PSEUDOARTROSE ATRÓFICA/AVASCULAR:
Resposta insatisfatória, porque não tem células
formadores de ossos (osteogênicas). Achados
radiológicos: Osso em ponta de lápis, osso em
Tentativa de formação do calo ósseo por instabilidade
chama de vela.

Fatores de Risco:
q Fratura exposta Atrófica: falta vascularização
q Desvascularização Hipertrófica: muito sangue, mas s/ estabilidade.
Séptica: foco infeccioso
q Diabetes Mellitus
Asséptica: sem foco infeccioso
q Tabagismo

TRATAMENTO DA PSEUDOARTROSE:

Objetivo: Obter consolidação

Como?

q Não cirúrgico (conservador)


q Cirúrgico:
- Técnica atraumática
- Cruentização do foco de pseudoartrose
- Auto enxertia óssea (com céls tronco) – da
crista ilíaca.
- Placa e parafuso (compressão do foco)
Osso em ponta de lápis/ osso em chama de vela.

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TRATAMENTO DA VICIOSA

1. CONSERVADOR:
- Paciente que aceita deformidade e que prefere não
operar.
- Avaliar demanda do paciente, como idade,
trabalho braçal.

2. CIRURGICO:
- Correção imediata com osteotomia óssea com
Tratamento conservador (imobilização gessada em placas e parafusos.
bota) - Correção progressiva com osteotomia com
fixador externo, de forma q/ conseguimos
consertar a angulação. Deve ser feita em cima do
foco de fratura

Auto enxertia com placas e parafusos.

2. CONSOLIDAÇÃO VICIOSA

Consolidação errada, com fragmentos desalinhados,


causando deformidades, dor, encurtamento, osteossíntese com fixador externo
sobrecarga mecânica. Na perna pode fazer a
deformidade em varo. NÃO tem mobilidade do foco.
3. LESÕES FISÁRIAS
q Deformidade
q Dor Fraturas da placa fisária (esqueleto imaturo). A
q Encurtamento
camada mais acometida é a hipertrófica da fise.
q Sobrecarga mecânica

Osso normal com placa fisária de criança

Deformidade, tíbia em varo.

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Tipo 6 de Rang: Fratura que compromete o anel
pericondrial ou periósteo da lâmina epifisária.

Tipo 7 de Ogden: Fratura osteocondral na porção


articular da epífise.

Tipo 8 de Ogden: Fratura de metáfise.

Tipo 9 de Ogden: Fratura por avulsão do periósteo

Corte histológico mostrando as camadas do osso em


criança. A mais acometida é a hipertrófica, porque
estão empilhadas, dando instabilidade para essa zona.

CLASSIFICACAO DAS FRATURAS FISÁRIAS


DE SALTER HARRIS

4. SINDROME COMPARTIMENTAL

Aumento da pressão em um espaço fechado levando a


isquemia e necrose tecidual. Trauma muscular com
extravasamento sanguíneo, caracterizado pelo aumento
acima de 30mmHg.
Tipo 1: Fratura na lâmina epifisária de crescimento, Causas: Hematoma, edema de partes moles, ósseos e
separando-a e deslocando da posição normal, sem de isquemia-reperfusão.
desvio (escorregamento da placa fisária)
Clínica (5 P): Pain (dor exacerbada, que não melhora
Tipo 2: Fratura atravessa a lâmina epifisária até com analgesia), parestesia, paralisia, palor (palidez),
metáfise, causa fragmento cuneiforme da metáfise que pulseless (pulso)
desloca com a epífise.
Diagnostico: Pressão intracompartimental
Tipo 3: Linha da fratura vai da face articular até lâmina >30mmHg pelo método de White-Sides.
epifisária, atravessa a epífise, deslocamento uma porção
da epífise. Complicação: Contratura de Volkmann (fibrose
muscular)
Tipo 4: Linha da fratura em único fragmento, ao se
estender da face articular e atravessar tanto a epífise TRATAMENTO:
quando lâmina epifisária e metáfise.

Tipo 5: fratura da lesão por esmagamento que danifica TRATAMENTO DE URGENCIA:


a lâmina epifisária pela força da compressão. retirar a imobilização ou fasciotomia.

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Clínica: Dor exacerbada que não melhora com
analgesia VO ou IV, com parestesia (perda de
sensibilidade daquela região ou extremidade), paralisia
(não consegue mexer o membro por dor), palidez e
perda de pulso.

5. TROMBOSE VENOSA PROFUNDA E


TROMBOEMBOLISMO

Estase sanguínea por embolo gorduroso que sai da


fratura. Exemplo: Fratura da tíbia com uso de bota
causa estase sanguínea que pode propiciar a TVP e EP.

Tríade de Virchow:

1. Coagulabilidade aumentada;
2. estase sanguínea;
3. Lesão endotelial

Locais mais comuns: Membros inferiores e Pelve.


2/3 TVP são assintomáticos. Mas os sintomas mais
FASCIOTOMIA / Método de White-Sides. comuns são:
q Alts de cor e temperatura, distensão venosa,
edema, dor (sinais flogisticos)
q Homans inespecífico – principalmente em TVP
de pelve e coxa.

DIAGNÓSTICO DA TVP E EP: USG duplex de


fluxo: Tem alta sensibilidade e especificidade em
pacientes sintomáticos, pouco sensível em
assintomático.

PROFILAXIA: Manipulação cuidadosa, manipulação


pós-operatório ativa precoce, elevar os pés na cama,
meias compressivas, compressão pneumática externa

q HEPARINA 5.000UI e manter TTPa 1,5 e 2,5


para controle.
q Heparina de baixo peso molecular (HBPM)
q Filtros de veia cava (para evitar que a trombose
suba)

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analgesia), parestesia, paralisias, palor (palidez),
pulso. Tratamento: Fasciotomia. Ou retirada do
gesso caso haja.
5. TVP e EP: embolo gorduroso que sai da fratura.
Tríade de Virchow: Coagulabilidade aumentada;
estase sanguínea; Lesão endotelial. Locais mais
comuns: Membros inferiores e Pelve. 2/3 TVP
são assintomáticos. Mas os sintomas mais comuns
são: Alts de cor e temperatura, distensão venosa,
edema, dor (sinais flogísticos). Homans
inespecífico – principalmente em TVP de pelve e
coxa. Profilaxia: anticoagulantes (heparina 5.000UI
OU HBPM, filtro de veia cava

MINIDICIONÁRIO

Cruenta – Cirurgia (envolve sangue)

Incruenta – conservador (não envolve sangue)

Pseudoartrose (falsa articulação)

RESUMÃO

1. Pseudoartrose: falsa articulação por tentativa de


consolidação óssea. Pode ter várias causas, como
atrófica, hipertrófica, séptica, asséptica, metafisária,
epifisária. (mobilidade do foco de fratura
2. Consolidação viciosa: consolidação com
fragmentos desalinhados, causa deformidades, dor,
encurtamento, NÃO tem mobilidade do foco de
fratura.
3. Fraturas fisárias (esqueleto imaturo), acontece mais
na camada hipertrófica da fise. Utilizamos a
classificação de Salter Harris
4. Síndrome compartimental: Aumento da pressão
em um espaço fechado, mas em especial no
musculo que é recoberto pela fáscia. O diagnostico
é feito pela clínica e método de White Sides, por
um transdutor com agulha simples que perfura o
mesmo e avalia a pressão, sendo ela >30mmHg,
estamos diante de uma síndrome compartimental.
A clínica desse paciente é de trauma com dor
lancinante desproporcional (não melhora com https://www.sanarmed.com/fraturas-caracteristicas-
analgésicos) edema pronunciado, piora no e-primeiros-socorroscolunistas
estiramento dos músculos naquela região. A pele
edemaciada fica túrgida e brilhante. Temos 5 P
(Pain (dor exacerbada, que não melhora com

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