Você está na página 1de 4

Título: Efeitos da Ashwagandha (Withania somnifera) sobre o desempenho físico: Revisão

Sistemática e Meta-Análise Bayesiana

Introdução: A Ashwagandha (Withania somnifera) é uma das plantas mais populares


na medicina da Índia (Ayurverda). Os withanolides são os principais responsáveis pelos
benefícios dessa planta. Inicialmente ela foi muito usada e estudada em casos clínicos,
como, Alzheimer, mal de Parkinson, doenças neurodegenerativas e tratamento de
câncer.
Sendo assim, o objetivo dessa revisão e meta-analise é verificar o que existe de dados
científicos em relação a performance esportiva no que diz respeito a força muscular,
consumo de oxigênio (VO2máx), fadiga muscular, cansaço e recuperação física em
indivíduos saudáveis.

Métodos:
Protocolo e registo: Como a presente revisão não era elegível para ser registrada no
PROSPERO (base de registro de protocolos de revisões), as informações foram levadas
para o Figshare.
Critérios de elegibilidade: Para um estudo ser incluído, ele precisava ter sido
publicado a partir de 2010, feito com homens e/ou mulheres, ensaio clínicos
(randomizado ou não), ter avaliado a performance esportiva em comparação com um
grupo controle e estar em idiomas específicos (inglês, alemão ou espanhol). Estudos
que não correspondiam a pesquisa original ou não foi feito com adultos, foram excluídos.
Fontes de informação: Os bancos de dados usados foram o PubMed, Medline,
ScienceDirect, e Google Scholar. Alguns dados foram pesquisados manualmente.
Métodos de pesquisa: Os marcadores booleanos que foram usados no PubdMed/
Medline se direcionavam como ashwagandha OU withania somnifera OU ginseng
indiano OU cereja de inverno OU vereno groselha juntamente com desempenho OU
esportes OU força OU recuperação OU sono.
Já no ScienceDirect foi usado as combinações com ashwagandha OU whitania
somnifera juntamente com performance OU esportes OU força OU recuperação.
Seleção dos estudos: O estreitamente na escolha dos estudos aconteceu primeiro pela
utilização dos filtros de cada base de dados utilizada. Em seguida a triagem ocorreu
pelo título, resumo ou publicação do texto completo. A ferramenta Connected Papers foi
utilizada para descobrir estudos recentes.
Processo e itens de coletas de dados: Os dados coletados dos artigos incluídos foram
a estatística descritiva da população do estudo, duração do trabalho, protocolo de
suplementação, magnitude das variáveis, porcentagem de mudança (pré-pós),
diferença significativa grupo experimental e placebo (se houver) e conclusão do estudo.
Risco de viés: Dois autores avaliaram o risco de viés utilizando a ferramenta Cochrane
de risco de viés RoB 2.0. Discrepancias foram discutidas com um terceiro autor.
Medidas resumidas: Os resultados primários foram as mudanças observadas no
desempenho físico.
Análise e síntese de dados: Todos os trabalhos incluídos avaliaram a performance
com ou sem a utilização da ashwagandha e foi feito contato com alguns autores para
esclarecer alguns dados ausentes.
A heterogeneidade foi avaliada por meio da relação do diamante com valores próximos
a 2, sendo considerado uma alta heterogeneidade.

Resultados:
Seleção dos estudos: 471 artigos foram excluídos e apenas 13 atenderam os
requisitos dessa revisão.
Resultados dos estudos individuais: Com um total de 615 adultos saudáveis de todos
os estudos, a Ashwagandha mostrou um efeito positivo na performance quando
comparado ao placebo.
Síntese de resultados: Todos os estudos incluídos foram randomizados e controlados
por placebo. Aquela com resultados extremos foram excluídos da meta-análise para
diminuir a heterogeneidade.
Força e poder: A heterogeneidade dos trabalhos foi muita baixa e os efeitos da
Ashwagandha parece ser muito significativo.
Aptidão cardiorrespiratória: Em comparação com placebo, o grupo que usou
Ashwagandha teve uma aptidão cardiorrespiratória melhor.
Fadiga e recuperação: A probabilidade de a Ashwagandha apresentar efeitos positivos
na redução de fadiga e recuperação muscular é grande.

Discussão:
Resumo de evidência: Doses de 200-600mg de Ashwagandha parece melhorar a força
e potência de atletas. Quando essa dose é mantida por doze semanas pode ainda
melhorar as adaptações ao treino. Além disso, o VO2máx aumentou significativamente
com doses de 330-1000mg durante 8-24 semanas.
Já as doses de 120-1000mg parece reduzir a fadiga e melhorar a recuperação dos
treinos em pessoas saudáveis.
Os dados dos trabalhos reunidos aqui mostram um efeito muito positivo muito forte da
Ashwagandha na performance quando comparado ao placebo.
Mecanismo do potencial de ação: Aparentemente, grande parte dos efeitos da
Ashwagandha se dá justamente por ela ser uma substância antioxidante, melhorando a
recuperação e a dor após os treinos. Contudo, sabemos que esse estresse oxidativo é
importante até certo para que seja gerado as adaptações necessárias do treinamento.
Além disso, parece homens apresentam uma elevação da testosterona com a
suplementação, o que poderia ser uma das justificativas para apresentarem uma
melhora mais expressiva na performance em comparação com mulheres.
Como o repouso é um fator chave falando em performance, a suplementação de 300mg
2x durante dez semanas parece ser um bom indutor de sono e melhorar a qualidade
dele.
Aplicações práticas: As doses nos estudos variaram de 120 a 1250mg por dia,
podendo ser administrado de manhã, tarde ou a noite. Contudo, teve estudo que fez a
administração em duas doses por dia (manhã e noite). Duas doses de 300-500mg
parece ser eficiente e seguro em homens e mulheres treinados, mas pessoas
sedentárias ou com pouca experiencia de treino podem consumir doses menores que
300mg.
As concentrações do seu composto bioativo withanolides ficaram entre 5-35%. Os
extratos padronizados usados foram KSM-66, Shoden e Sensoril.
A Ashwagandha parece ter uma tolerância bem alta, sem efeitos adversos sendo
relatados em doses altas de 600mg por dia.
Direções futuras: Estudos futuros devem avaliar a influência da Ashwagandha em
diferentes condições ambientais e altitudes. Além disso, a suplementação pode ser
testada não só na performance, como também na estética corporal.
Tendo em vista que a suplementação parece ter uma influencia sobre a produção de
testosterona, mais pesquisas comparando a diferença entre os sexos são necessárias.

Limitações:
As limitações incluem um baixo número de estudos publicados até o momento da
montagem deste trabalho, limitação da busca em apenas alguns bancos de dados
científicos e teve diferenças significativas no nível de treinamento entre os participantes.

Conclusão:
Os resultados comprovam que a Ashwagandha é mais eficaz que o placebo na
performance esportiva. Contudo, mais estudos com desportistas e atletas são
necessários para ter um dado mais estável em relação ao nível de treinamento.

Você também pode gostar