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Versão 1.1
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© Ao aluno é permitido fazer uma cópia do material didático disponibilizado para uso próprio. De acordo com a Lei no. 9.610 de
19/02/1998, que trata de direitos autorais, todo aluno fica proibido de propagar, distribuir e vender o material de qualquer forma,
sob pena de responder civil e criminalmente por violação da propriedade material e intelectual.
Disciplina: Terapia nutricional em situações especificas II
Versão 1.1
Atualmente, pelo menos 20% dos leitos de UTI são compostos por pacientes com câncer.
Estes pacientes apresentam alto risco de infecções, sepse, síndrome de lise tumoral, toxicidades
associadas a medicamentos entre outras comorbidades(5).
Em um estudo realizado no Brasil, a causa mais frequente de internação na UTI foi o
cuidado pós-operatório (57%), seguida de sepse e insuficiência respiratória, representando 15%
e 10%, respectivamente(6).
Pacientes oncológicos muitas vezes apresentam sinais clássicos de desnutrição: perda
de peso, massa magra e gorda e redução do apetite, o que se associa com a baixa tolerância ao
tratamento, piores desfechos, ocasionando maior morbidade e mortalidade.
O estado nutricional deverá ser monitorado em toda a fase do tratamento, a triagem do
risco nutricional consegue identificar quais pacientes estão em risco ou desnutridos, para que
estratégias nutricionais sejam traçadas afim de otimizar o estado nutricional. Apesar de
existirem vários instrumentos de triagem do risco nutricional (Tabela 1) validados na literatura,
a escolha depende da rotina de cada instituição, lembrando que no cenário de cuidados
intensivos, muitas destas variáveis podem ser obtidas a partir do prontuário médico se o
paciente for incapaz de fornecer o histórico(7).
© Ao aluno é permitido fazer uma cópia do material didático disponibilizado para uso próprio. De acordo com a Lei no. 9.610 de
19/02/1998, que trata de direitos autorais, todo aluno fica proibido de propagar, distribuir e vender o material de qualquer forma,
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Disciplina: Terapia nutricional em situações especificas II
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✓ Inapetência
✓ Gravidade da doença
✓ Idade
✓ Score de gravidade
(APACHE II e SOFA)
✓ Número de
Nutrition Risk in the
Críticos Internação comorbidades
Critically Ill (NUTRIC)
✓ Dias de internação
prévios à admissão na
UTI
✓ IL-6*
✓ IMC
Global Leadership Initiative Não Internação e
✓ % perda de peso
on Malnutrition (GLIM) específica ambulatório
✓ Massa muscular
*NUTRIC Modificado – é sem IL6.
APACHE II - Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II; IMC – índice de massa corporal; UTI – Unidade de
cuidados intensivos; IL-6 – Interleucina 6; SOFA - Sequential Organ Failure Assessment.
Fonte: Lach K. et al., 2017; ESPEN, 2018.
Apesar da permanência cada vez maior desses pacientes na UTI, não existem estudos
exclusivos para essa população, que apresenta altos índices de desnutrição ou risco
nutricional(7). A triagem, assim como na população geral de UTI, é importante para direcionar
qual paciente se beneficia com o alcance das metas calóricas e proteicas de forma precoce. O
início da terapia nutricional deverá ser precoce, de preferência por via oral, seguido de enteral
e por fim parenteral, quando o aporte não for atingindo pelas outras vias.
Assim como o câncer, a doença critica está associada ao hipercatabolismo. A
calorimetria indireta (CI) é o padrão ouro para a determinação das necessidades energéticas, na
ausência desta, utiliza-se formulas preditivas, conforme recomendação da BRASPEN(8) para
doentes críticos (Tabela 2). O objetivo da terapia nutricional no paciente com câncer crítico é
minimizar os efeitos deletérios da resposta inflamatória aguda e da desnutrição, reduzindo a
ocorrência de interrupções da terapia antineoplásica e melhorando a qualidade de vida (15). Em
um estudo realizado na UTI de um hospital oncológico nos Estados Unidos, foi realizado CI em
36 pacientes obesos críticos, e a média encontrada foi e 28.7 Kcal/Kg de peso ideal(9). O que
demonstra a importância de estudos com a CI afim de se conhecer a real necessidade energética
para essa população tão específica.
Apesar da carência de estudos que quantifiquem a real necessidade proteica na
população critica oncológica, sabemos que a oferta deve ser agressiva (1,5 a 2,0 g/Kg/dia),
visando minimizar os efeitos deletérios da inflamação e da sarcopenia (15).
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IMC > 50 Kg/m2 22 a 25 Kcal/Kg peso ideal/dia IMC > 40 = 2,5 g/Kg peso ideal/dia
Fonte: Castro M. et al., 2018.
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desses sintomas e as intervenções nutricionais ajudam a aliviar alguns dos fatores que
influenciam a progressão da caquexia.
Suplementos nutricionais hiperproteicos, contendo leucina, participam da síntese de
proteínas, o que parece ter um impacto positivo no estimulo da síntese proteica muscular em
pacientes com caquexia e câncer.
O estágio final, referido como caquexia refratária, é definido como catabólico e não
responsivo ao tratamento antineoplásico, e inclui aqueles com <3 meses de sobrevida esperada.
As intervenções nutricionais não são destinadas a prevenir o agravamento ou a reversão da
desnutrição, mas sim com foco no conforto do paciente e no manejo dos sintomas.
Os consensos de câncer da ESPEN (12), (16) sugerem a suplementação de ácidos graxos
ômega-3 para pacientes com câncer avançado em quimioterapia e em risco de perda de peso
ou desnutrição, visando estabilizar ou melhorar o apetite e a ingestão alimentar, massa corporal
magra e peso corporal. O ácido graxo ômega-3 (1 a 2 g/dia) diminui a resposta inflamatória em
pacientes com câncer, estudos evidenciaram uma diminuição nos marcadores (interleucina 6 e
proteína C-reativa), assim como no metabolismo basal.
Mucosite
A glutamina foi o suplemento nutricional mais estudado e apesar das evidências
sugerirem redução da mucosite gastrointestinal e diarreia induzida pela quimioterapia, a diretriz
do ESPEN não recomenda por não haver dados clínicos suficientes. Nos casos mais graves de
mucosite (grau 3 e 4), é priorizada o uso de nutrição parenteral, afim de evitar sangramento e
dor pela presença da sonda enteral.
Colite neutropênica
A enterocolite necrosante, conhecida também como tiflite, causa um dano na mucosa
intestinal (especialmente ceco), devido a drogas citotóxicas, pela translocação bacteriana, com
consequente necrose no paciente neutropênico, principalmente nas neoplasias
oncohematológicas. Pode ocorrer colite pseudomembranosa, e nos casos mais graves, sepse e
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abdome agudo perfurativo. Nestes casos, se faz necessário o repouso gastrointestinal, através
do uso de nutrição parenteral exclusiva.
REFERÊNCIAS
1. Saúde. Md. Estimativa 2018: Incidência de Câncer no Brasil. . In: Vigilância. CdPe, editor.
Rio de Janeiro: Instituto nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva.; 2017.
2. Todd KH. Critical Care Utilization for Those With Cancer: How Much Is Enough? JAMA
oncology. 2015;1(8):1085-6.
3. Kostakou E, Rovina N, Kyriakopoulou M, Koulouris NG, Koutsoukou A. Critically ill cancer
patient in intensive care unit: issues that arise. Journal of critical care. 2014;29(5):817-22.
4. Puxty K, McLoone P, Quasim T, Sloan B, Kinsella J, Morrison DS. Risk of Critical Illness
Among Patients With Solid Cancers: A Population-Based Observational Study. JAMA oncology.
2015;1(8):1078-85.
5. Rosner MH, Capasso G, Perazella MA. Acute kidney injury and electrolyte disorders in
the critically ill patient with cancer. Current opinion in critical care. 2017;23(6):475-83.
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6. Soares M, Caruso P, Silva E, Teles JM, Lobo SM, Friedman G, et al. Characteristics and
outcomes of patients with cancer requiring admission to intensive care units: a prospective
multicenter study. Critical care medicine. 2010;38(1):9-15.
7. Lach K, Peterson SJ. Nutrition Support for Critically Ill Patients With Cancer. Nutrition in
clinical practice : official publication of the American Society for Parenteral and Enteral Nutrition.
2017;32(5):578-86.
8. Castro MG, Ribeiro PC, Souza IAdO, Cunha HFR, Silva MHdN, Rocha EEM, et al. Diretriz
Brasileira de Terapia Nutricional no Paciente Grave. BRASPEN. 2018;33(1):36.
9. Tajchman SK, Tucker AM, Cardenas-Turanzas M, Nates JL. Validation Study of Energy
Requirements in Critically Ill, Obese Cancer Patients. JPEN Journal of parenteral and enteral
nutrition. 2016;40(6):806-13.
10. Arends J, Baracos V, Bertz H, Bozzetti F, Calder PC, Deutz NEP, et al. ESPEN expert group
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11. Toledo DO, Carvalho AM, Oliveira A, Toloi JM, Silva AC, Francisco de Mattos Farah J, et
al. The use of computed tomography images as a prognostic marker in critically ill cancer
patients. Clinical nutrition ESPEN. 2018;25:114-20.
12. Arends J, Bachmann P, Baracos V, Barthelemy N, Bertz H, Bozzetti F, et al. ESPEN
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practice & research Clinical anaesthesiology. 2013;27(4):527-43.
14. Pierre Singer, Annika Reintam Blaser, Mette M. Berger, et al. ESPEN guideline on clinical
nutrition in the intensive care unit. Clinical Nutrition, 2018.
15. BRASPEN J 2019; 34 (Supl 1):2-32. BRASPEN J 2019; 34 (Supl 1):2-32
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