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RAQUEL STOCKER PÉRSICO

• 2012 – 2016
Nutricionista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
• 2017 – 2019
Especialista em Paciente Adulto Crítico pelo Hospital de Clínicas de Porto
Alegre.
• 2019 – Atual
Aluna de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas -
Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Curso de Avaliação Nutricional

Avaliação Nutricional e Desnutrição


Hospitalar – Parte I

Nutricionista Raquel Stocker Pérsico


Especialista em Paciente Adulto Crítico – Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Tópicos
• Desnutrição
• Caquexia
• Sarcopenia
• Obesidade sarcopênica
• Desnutrição hospitalar
• Marcadores laboratoriais de desnutrição
Avaliação Nutricional

Quem? Onde? Por quê?

Como?
Quando?
Avaliação Nutricional

Identificar Intervenção
distúrbios dietética
nutricionais adequada

Auxiliar na recuperação e/ou


manutenção do estado de saúde
Avaliação Nutricional
História médica prévia

Motivo da internação/consulta

Exame físico
Diagnóstico
Antropometria/Composição corporal
Nutricional
Parâmetros bioquímicos

Ingestão alimentar

Risco nutricional
Desnutrição, Caquexia e Sarcopenia
Desnutrição

• Deficiência de calorias, proteínas


ou outros nutrientes essenciais
• IMC <18,5 kg/m²

ão
Ingest r
ta
alimen
es si dades
Nec icas
fisiológ

ESMO Clinical Practice Guidelines, 2021.


Caquexia
• Depleção de massa muscular e tecido adiposo
• Associada à elevada mortalidade

ESMO Clinical Practice Guidelines, 2021.


Sarcopenia

Cruz-Jentoft AJ et al, 2019; ESMO Clinical Practice Guidelines, 2021.


Sarcopenia

• Primária
• Secundária

Cruz-Jentoft AJ et al, 2019.


Atenção para a
obesidade
sarcopênica!

Cruz-Jentoft AJ et al, 2019.


Obesidade
↑ Prevalência
sarcopênica

↑ Taxas de sobrepeso e obesidade


Envelhecimento populacional
Resistência à insulina
↑ Estado inflamatório
↑ Estresse oxidativo

↓ Qualidade de vida
↑ Mortalidade

Polyzos AS, Margioris AN, 2018.


Massa Muscular

• ↓ 1-2% a cada ano após os 50 anos


• (+) pronunciada em homens do que em mulheres
• Força muscular
↓20-40%
20 anos 70 anos 90 anos
↓50%

Sieber CC, 2019.


Desnutrição

Caquexia

Sarcopenia

Obesidade
sarcopênica
DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR

Multicêntrico e transversal (n=4000)


Desnutrição:
Hospitais públicos brasileiros
48,1%
Adultos (>18 anos)
Status nutricional e prevalência de desnutrição
Avaliação Subjetiva Global (ASG)

Desnutrição severa:
12,5%

Waitzberg DL et al, 2001.


DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR

Idade: 51,3±18.0 Homens Brancos


<60 anos (63,9%) (54,4%) (60,1%)

Neoplasia Infecção
(20,3%) (39%)
Waitzberg DL et al, 2001.
DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR

Avaliação Subjetiva Global (ASG)


Desnutrição Terapia Nutricional Enteral: 10,1%

Fatores de risco
Idade >60 anos
Diagnóstico primário na admissão
Internação hospitalar prolongada
Neoplasia
Infecção

Waitzberg DL et al, 2001.


Multicêntrico e transversal (n=9348)
Adultos (>18 anos)
Status nutricional
Avaliação Subjetiva Global (ASG)
Digite a equação aqui.

Digite a equação aqui.

13 países da
América Latina
Correia MITD et al, 2003.
Idade: 52,2 ± 18,4 anos
Sexo masculino: 51%

Desnutrição:
50,2%

Desnutrição severa:
11,2%

Correia MITD et al, 2003.


Fatores de Risco para Desnutrição Indicação de Terapia Nutricional
Idade >60 anos • Oral (7,3%)
Infecção • Enteral (5,6%)
Neoplasia • Parenteral (2,3%)
Tempo de internação

Correia MITD et al, 2003.


DESNUTRIÇÃO HOSPITALAR

Registro em
prontuário Peso na admissão
relacionado à foi aferido somente
nutrição só esteve em 15 - 26% dos
presente em 18 – 23% pacientes.
dos casos.

Waitzberg DL et al, 2001; Correia MITD et al, 2003.


Marcadores Laboratoriais de Desnutrição
Albumina (meia-vida: 20 dias)
• Hipoalbuminemia à ↑ mortalidade
à Piores desfechos em pacientes cirúrgicos
• Não é bom parâmetro para pacientes críticos

Pré-albumina (meia-vida: 10 dias)


• Detecta mudanças (+) rápidas do estado nutricional

Proteína C Reativa
• Marcador de estado inflamatório à Fator de risco para desnutrição

Inibir a síntese proteica
Provocar anorexia
Keller U, 2019.
Marcadores Laboratoriais de Desnutrição

Creatinina urinária
• Produto final da degradação da creatina muscular
• Função renal deve estar normal
• Coleta de urina de 24 horas

3-Metil-Histidina
• Componente da fibra muscular
• Menos dependente da função renal

Keller U, 2019.
Marcadores Laboratoriais de Desnutrição

Transferrina (meia-vida: 10 dias)


• Proteína de fase aguda que atua no transporte do ferro
• Influenciada: Status do ferro, doença hepática e estado inflamatório

Contagem de Linfócitos
• Desnutrição prejudica à Recrutamento e maturação celular
• Desnutrição: <1500/mm³ (Referência: 2000-3500/mm³)

Keller U, 2019.
Tópicos
• Desnutrição
• Caquexia
• Sarcopenia
• Obesidade sarcopênica
• Desnutrição hospitalar
• Marcadores laboratoriais de desnutrição
Obrigada

raquelpersico8@gmail.com
Curso de Avaliação Nutricional

Avaliação Nutricional e Desnutrição


Hospitalar – Parte II

Nutricionista Raquel Stocker Pérsico


Especialista em Paciente Adulto Crítico – Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas: Endocrinologia –
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Tópicos

• Causas da desnutrição
• Consequências da desnutrição
• Síndrome de realimentação
Gravidade Idade

Status Estado
socioeconômico inflamatório
Desnutrição

Tempo de
Terapia nutricional
internação

Unidade de
Doenças prévias
Terapia Intensiva

Cuppari, 2005; ESPEN, 2019.


Consequências da Desnutrição

Tempo de internação ≥15 dias à 3x mais chance de desnutrir


(61%; OR = 3.09; IC95% = 2.55 a 3.74; p = 0.05)

Waitzberg DL et al, 2001.


Correia MITD et al, 2003.
n=63 adultos em UTI
Espessura do músculo reto femoral
Ultrassonografia

Puthucheary ZA et al, 2013.


Puthucheary ZA et al, 2013.
Tempo de internação
Coorte retrospectiva (n=709) Idade: 50,6 ± 17,3 anos
Sexo masculino: 50,2%
Adultos hospitalizados
Status nutricional (ASG) em 72h após admissão

Desnutrição
↑ Complicações
↑ Tempo de internação
↑ Custos hospitalares

Correia MITD, Waitzberg DL, 2003.


Correia MITD, Waitzberg DL, 2003.
Kau AL et al, 2011.
Translocação Bacteriana
Doença Crítica

Batt J et al, 2017.


Consequências da Desnutrição

• ↑ tempo de internação
• ↑ tempo de ventilação mecânica invasiva
• ↑ número de infecções
• ↑ risco de quedas
• ↑ mortalidade
• ↑ custo hospitalar
Desnutrição

Comprometimento
Imobilismo do sistema
imunológico

↑ Complicações
↑ Risco de quedas infecciosas e não
infecciosas

↑ Fraqueza ↑ Estado
muscular inflamatório

↓ Ingestão
alimentar
Desnutrição

Síndrome de
Realimentação
Síndrome de Realimentação

JEJUM PROLONGADO
↓ INGESTÃO ALIMENTAR
DESNUTRIDOS
DOENÇA AGUDA GRAVE
↓ Insulina ↓ Glicogênio
↑ Glucagon hepático e
muscular

↓ [VITAMINAS E
MINERAIS]

↑ Utilização de
ácidos graxos livres Mobilização de
como fonte energética ácidos graxos
ASPEN, 2020.
Síndrome de Realimentação

Fósforo
ALIMENTAÇÃO
ENTERAL/VO/NPT Magnésio
OU GLICOSE EV
Potássio
↑ Insulina Fluxo de eletrólitos
para dentro da
célula
Tiamina

ASPEN, 2020.
Síndrome de Realimentação

Fósforo
ALIMENTAÇÃO Complicações pulmonares,
ENTERAL/VO/NPT Magnésio
OU GLICOSE EV neurológicas,
cardiovasculares
↑ Insulina Fluxo de e
eletrólitos
Potássio
neuromusculares
para dentro da célula

Tiamina

2 – 5 dias após reintrodução


da alimentação
ASPEN, 2020.
Critérios de Risco para SR

NICE, 2006.
Manifestação clínica
Fósforo clássica da SR

Hipofosfatemia

Leve Moderada Grave


(2,2 – 2,5 mg/dL) (1,5 – 2,2 mg/dL) (<1,5 mg/dL)

Kraft MD et al, 2005; Calixto-Lima L, Reis NT, 2012; ASPEN, 2020.


• Incidência de SR em paciente clínicos • Incidência de SR em paciente admitidos
na emergência
• Diagnóstico de SR à NICE, 2006
• Diagnóstico de SR à NICE, 2006
• n = 178
• n = 440
• Idade: 68,4 ± 16.8 anos
• Idade: 64,2 ± 11,6 anos
• IMC: 22,6 ± 5,3 kg/m²
• IMC: 17,3 ± 3,5 kg/m²

Em risco de desenvolver Em risco de desenvolver


SR: 97 (54%) SR: 83 (18,9%)

Síndrome de Hipofosfatemia:
Realimentação: 14 (14,4%) 10/25 (40,0%)

Kraaijenbrink BVC et al, 2016; Pérsico RS, Franzosi OS, 2021.


Incidência de SR em paciente clínicos • Incidência de SR em paciente admitidos
na emergência
Diagnóstico de SR à NICE, 2006
• Diagnóstico de SR à NICE, 2006
n = 178
• n = 440
Idade: 68,4 ± 16.8 anos
• Idade: 64,2 ± 11,6 anos
IMC: 22,6 ± 5,3 kg/m²
• IMC: 17,3 ± 3,5 kg/m²

Em risco de desenvolver Em risco de desenvolver


SR: 97 (54%) SR: 83 (18,9%)

Síndrome de Hipofosfatemia:
Realimentação: 14 (14,4%) 10/25 (40,0%)

Kraaijenbrink BVC et al, 2016; Pérsico RS, Franzosi OS, 2021.


• Análise secundária do estudo EFFORT (n=967)
• Efeito da TN em pacientes desnutridos à Síndrome de Realimentação
• 2 grupos: SR confirmada vs SR não confirmada

Síndrome de Sem Síndrome de Realimentação:


Realimentação: 141 (14,6%) vs 826 (85,4%)

↑ mortalidade em 180 dias: OR 1,53 (IC95% 1,02 - 2,29, p<0,05)


↑ risco admissão na UTI: OR 2,71 (IC95% 1,01 - 7,27, p <0,05)
↑ tempo de internação hospitalar: OR 1,57 (IC95% 0,38 – 2,75, p <0,01)

Friedli N et al, 2019.


Friedli N et al, 2019.
Manejo de Paciente em Risco de SR

Terapia Nutricional
Hipocalórica

Evitar a ocorrência da SR

Minimizar o efeito dos


sinais e sintomas
• Conhecimento de médicos e estudantes de medicina do 5º ano sobre SR (n=281)
• Questionário + Estudo de caso à Paciente com SR após início da TN

21 (8%)
40 (14%)
Respostas parcialmente
Diagnóstico de SR
corretas

Jansenn G et al, 2019.


Tópicos

• Causas da desnutrição
• Consequências da desnutrição
• Síndrome de realimentação
Obrigada

raquelpersico8@gmail.com

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