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Employee Experience: O envolvimento da alta gestão em empresas

brasileiras de administração familiar

1 INTRODUÇÃO

É comum ouvirmos dizer que uma empresa obtém sucesso e retorno


financeiro através da qualidade de seus produtos e serviços, com o valor que
agrega ao consumidor final e seus stakeholders. Mas, não podemos deixar de
mencionar a importância dos colaboradores para o sucesso desses resultados
que as organizações tanto almejam alcançar. Numa sociedade em que as
relações de trabalho são cada vez mais tecnológicas e sistematizadas, a dinâmica
para a atração, retenção de talentos e engajamento de pessoas torna-se um
processo cada vez mais desafiador para as organizações. Tudo aquilo que uma
pessoa observa, vive e sente desde o momento em que se candidata a uma vaga
até quando ela sai da empresa, forma uma experiência. Sendo assim, é cada vez
mais importante que as empresas criem estratégias personalizadas que
proporcionem aos seus colaboradores experiências memoráveis, que vão desde
a sua contratação até a sua saída. Uma dessas estratégias é denominada como
Employee Experience (EX).
Segundo Madruga (2022) Employee Experience não é uma filosofia,
tampouco uma iniciativa isolada. EX é uma metodologia multidisciplinar com o
objetivo de tornar as experiências dos colaboradores positivas ao longo de sua
jornada na empresa, alterando definitivamente o jeito de ser dessa organização e
proporcionando engajamento e alta performance para essas pessoas. O
Employee Experience é atualmente o principal motor de transformação e inovação
dos modelos e processos de Gestão de Pessoas.
De acordo com Morgan (2017), no mundo atual, em que o dinheiro não é
o único fator motivador para o trabalho, focar na experiência do colaborador é a
maior vantagem competitiva que as organizações podem criar, visto que as
empresas que investem na metodologia tem 46% menos rotatividade, três vezes
mais lucros, sete vezes mais capacidade de atrair talentos e quatro vezes
mais inovação. O autor destaca que essa experiência é composta por três
elementos: o ambiente cultural, o ambiente físico e o ambiente tecnológico.
Diante das constantes transformações, as estratégias de Employee
Experience (EX) impactam cada vez mais no clima organizacional, no resultado do
negócio e no fortalecimento da empresa como marca empregadora, também
conhecida como Employer Branding (EB). Madruga (2022) descreve o termo
Employer Branding como a união de estratégias de marketing e gestão de pessoas
criadas para favorecer a experiência de quem está se candidatando a trabalhar
numa empresa e, também, de quem trabalha nela, implementadas por meio da
criação de uma oferta de valor atrativa e por iniciativas que valorizam a jornada das
pessoas em diferentes momentos. O Employer Branding é uma forma de
construção da marca empregadora e um componente-chave para o sucesso do
Employee Experience.
Empresas de diversos segmentos e portes que visam potencializar a
gestão de pessoas, processos e resultados já utilizam essas estratégias. Nos
últimos anos, as organizações têm buscado implementar ações que promovam
experiências diferenciadas em sua unidade para atrair, engajar, reter, melhorar a
performance dos colaboradores e, consecutivamente, dos seus resultados.
Diversas ações e projetos vêm sendo desenvolvidos através da área de Recursos
Humanos (RH) dessas organizações, porém sem o envolvimento direto e real da
alta gestão. Tradicionalmente, a Employee Experience (EX) era conhecido como
sendo de responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos (RH), já que
é o setor responsável por pessoas.
Segundo Madruga (2022), a transformação digital das empresas, as
novas gerações exigindo feedbacks mais honestos, a pressão pela progressão
acelerada na carreira, a aprendizagem não linear, modificando a educação
corporativa e as novas modalidades de contratação vêm convocando líderes de
todas as áreas das empresas a se reinventarem e a conhecerem melhor as
estratégias de Employee Experience em todas suas nuances e complexidade.
A partir do contexto apresentado, o presente estudo tem como questão de
pesquisa: O envolvimento da alta gestão na estratégia de Employee Experience,
em empresas familiares brasileiras, impacta significativamente na melhoria do
engajamento e desempenho do colaborador e, consecutivamente, no crescimento
dos resultados organizacionais? O estudo será desenvolvido junto a empresas
brasileiras de administração familiar com até 10 mil colaboradores. Para responder
este questionamento foram definidos os objetivos da pesquisa, apresentados
abaixo.
1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo final

Examinar se as empresas pesquisadas que têm o envolvimento da alta


gestão na estratégia de Employee Experience apresentam melhor engajamento e
desempenho por parte do colaborador e, consecutivamente, crescimento
significativo dos resultados organizacionais.

1.1.2 Objetivos intermediários

a) Entender, na percepção dos colaboradores, as práticas da alta gestão


que contribuem para uma Employee Experience positiva a ponto de impactar
significativamente em seu engajamento e desempenho.
b) Descobrir, junto as empresas, as práticas da alta gestão que contribuem
para uma Employee Experience positiva a ponto de impactar significativamente
no engajamento e desempenho do colaborador e, consecutivamente, nos
resultados organizacionais.

1.1.3 Delimitação

No meio corporativo, pretende-se que os resultados do estudo contribuam


para que as organizações, reavaliem as práticas de relações de trabalho de suas
empresas e repensem como o crescimento profissional e organizacional podem ser
potencializados a partir da estratégia de Employee Experience com o envolvimento
e influência da alta gestão, sobretudo, a partir da perspectiva dos próprios
colaboradores, percebendo uma cultura de confiança na qual as pessoas confiam
na liderança, gostam das pessoas com quem trabalham e tenham orgulho do que
fazem.
Neste caso específico, a ideia é contribuir, primeiramente, para a
reflexão junto a empresas brasileiras de administração familiar com até 10 mil
colaboradores. Pretende-se mostrar práticas atualmente vistas no nicho
pesquisado, e como certas organizações têm utilizado a estratégia de Employee
Experience para atrair, engajar, potencializar o desempenho dos colaboradores e
atingir melhores resultados. Serão apresentadas (x nº) de empresas consideradas
com as melhores estratégias de Employee Experience e o que elas fazem para se
manter nessa posição de destaque.

1.1.4 Relevância do estudo

O presente estudo se mostra relevante para que seja possível entender


melhor as estratégias de Employee Experience utilizadas em empresas
brasileiras de administração familiar.
Cada vez mais se observa que o candidato escolhe a organização que ele
quer trabalhar e, para que isso aconteça, há uma nova forma de posicionamento
onde a empresa precisa vender o motivo pelo qual àquela oportunidade é atrativa
para o candidato. Entendimento das responsabilidades e desafios, clareza de
propósito e valores, cultura organizacional, progressão na carreira, sentido de
pertencimento e estilo de liderança, são alguns dos aspectos avaliado pelo
candidato.
Sem as melhores práticas de Employee Experience, é muito difícil que
uma organização consiga trabalhar o Employer Branding para atrair e reter talentos,
bem como engajar seus colaboradores para que eles performem melhor e, assim,
gerem resultados organizacionais mais significativos.
Do ponto de vista acadêmico, infere-se que, até o momento, há uma
escassez de estudos que abordem diretamente sobre este tema, especialmente em
empresas dentro dessas características. Logo, pretende-se que esta pesquisa seja
útil não apenas no próprio nicho, mas também como inspiração para estudos
futuros em organizações de diferentes segmentos, no que diz respeito ao
investimento no Employer Branding e, consequentemente, no aperfeiçoamento das
estratégias de Employee Experience que a cada ano evolui mais.

1.1.5 Referências

MADRUGA, Roberto. Employee Experience, Gestão de Pessoas e Cultura


Organizacional. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2022.
MORGAN, J. The Employee Experience Advantage: how to win the war for talent
by giving employees the workspaces they want, the tools they need, and a culture
they can celebrate. Willey; Sons, 2017.

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