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Nazira da Palmira Francisco Simões

Neide Mariano dos Santos Matias

Oliver Kireze

Ruben de Laura Tiorenço João de Araújo

Catastrofismo

(Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações)

Universidade Rovuma

Nampula

2021
1i

Nazira da Palmira Francisco Simões

Neide Mariano dos Santos Matias

Oliver Kireze

Ruben de Laura Tiorenço João de Araújo

Catastrofismo

Trabalho de carácter avaliativo a ser entregue na


Faculdade de Educação e Psicologia, leccionado
pelo Docente: MA. António Suleman, na Cadeira
de “PSICOFISIOLOGIA”, Curso de Psicologia
Social e das Organizações, Turma 2, 1º ano, IIº
Semestre Laboral

Nampula

2021
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Índice
Introdução ............................................................................................................................... 3

1. CATASTROFISMO ........................................................................................................ 4

1.1. Conceito de Catástrofe ................................................................................................. 4

1.2. Causas .......................................................................................................................... 4

1.3. Catástrofe humanitária ................................................................................................. 4

1.4. Teoria do Catastrofismo............................................................................................... 5

História da teoria catastrófica ................................................................................................. 5

Alguns Catastrofistas actualistas ............................................................................................ 7

Conclusão.............................................................................................................................. 10

Referências bibliográficas..................................................................................................... 11
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Introdução
O catastrofismo foi a corrente de pensamento geológico mais aceite até meados do século
XVIII, sendo o seu principal defensor Georges Cuvier, Pai da Paleontologia. Esta teoria
explica a extinção de floras e faunas, por destruições sucessivas provocadas por inusitadas
catástrofes ou cataclismos, de larga amplitude, que foram ocorrendo ao longo dos tempos
geológicos e que atingiam enormes extensões da Terra.

O presente trabalho tem como objectivo geral de compreender o surgimento das teorias de
catastrofismo.

Para a realização do presente trabalho usou-se o método bibliográfico que constituiu no uso
de obras e artigos publicados na Internet.
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1. CATASTROFISMO
1.1. Conceito de Catástrofe
Catástrofe é uma palavra que procede do grego e significa destruição. Os gregos utilizavam
este termo para referir ao desfecho final de uma tragédia.

Costuma-se dizer que ocorre uma catástrofe quando acontece uma desgraça qualquer. Na
antiguidade as desgraças naturais eram atribuídas ao designo dos deuses e não aos processos
naturais.

A catástrofe é um acontecimento de grande magnitude que vem acompanhado de


consequências devastadoras. O termo catastrofismo é empregado em dois contextos
diferenciados. Por um lado, é uma atitude pessoal e, por outro lado, trata-se de uma teoria
científica pertencente ao campo da geologia.

1.2. Causas
Existem várias causas que podem originar as catástrofes naturais: terremotos, fortes incêndios,
erupções vulcânicas, tsunamis, enchentes, desmoronamentos, entre outros. Todos eles têm um
denominador comum: a destruição do ambiente e as vítimas ou feridos envolvidos.

Existem várias palavras que são usadas como sinónimo de catástrofe: hecatombe, desastre,
tragédia, etc. Em todas catástrofes há um componente lamentável e, ao mesmo tempo,
imprevisível.
A maioria dos desastres não pode ser prevista, embora em alguns casos exista a possibilidade
de ter um conhecimento prévio aproximado. É o que acontece com alguns fenómenos
meteorológicos.

Uma situação extremamente negativa pode ser considerada também uma catástrofe, por
exemplo, uma profunda crise financeira, a falência de uma família ou de uma empresa, a
derrota humilhante de um exército ou de uma equipe esportiva.

1.3. Catástrofe humanitária


Quando um fenómeno natural destrói um núcleo da população ou causa um conflito humano
de extrema gravidade (por exemplo, um episódio de guerra) estamos diante de uma catástrofe
humanitária. Neste tipo de acontecimento, o nível de devastação e sofrimento é tão grande
que são accionadas diversas acções de ajuda e cooperação internacional. Estes recursos são
colocados em prática para amenizar o caos e a dor causada pela catástrofe.
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Numa situação como esta é comum a realização de acções de emergência destinadas a atender
as necessidades básicas da população atingida.

Estes acontecimentos são abordados pelos meios de comunicação, dos quais comentam as
necessidades que precisam ser atendidas após uma catástrofe: acções relacionadas à saúde e
higiene, asilo humanitário, abastecimento de alimentos, entre outros.

1.4. Teoria do Catastrofismo


A teoria catastrófica estabelece que a Terra e grande parte de seus componentes foram
formados através da sucessão de eventos catastróficos que causaram o desaparecimento de
certas espécies, animais e plantas, e permitiram o aparecimento de outras. Teve seu pico
durante os séculos XVII, XVIII e início do XIX.

O catastrofismo propõe a hipótese da origem da Terra através de um evento repentino de


grande magnitude. A manifestação de eventos naturais de grande capacidade destrutiva, como
terramotos, tornados, tsunamis, entre outros, são os elementos que utiliza.

O catastrofismo tem sido questionado, uma vez que estabelece que somente a partir de
eventos catastróficos ocorrem grandes mudanças terrestres. No entanto, deve-se levar em
conta que na pré-história as condições climáticas e naturais da Terra não eram as mesmas de
hoje e que, com o tempo, ocorreram grandes mudanças naturais sem a necessidade de
fenómenos naturais destrutivos.

Há quem ainda hoje defenda alguns postulados de catastrofismo, desenvolvendo correntes e


pensamentos derivados que são aceitos cientificamente.

História da teoria catastrófica


Os primórdios do catastrofismo têm sua origem nos trabalhos do irlandês James Ussher e em
sua cronologia na Terra, que tentou atribuir uma idade ao Universo e causar sua formação.

Em 1650, Ussher escreveu o livro “Os Anais do Mundo” e, com base na Bíblia, propôs:
 Que a criação da Terra ocorreu no domingo, 23 de Outubro de 4004 a.C.;
 A expulsão de Adão e Eva do Paraíso ocorreu na segunda-feira, 10 de Novembro de
4004 a.C.;
 O fim do Dilúvio Universal ocorreu na quarta-feira, 5 de Maio de 2348 a.C.
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Obviamente, esses dados estavam errados, pois actualmente se estima que a idade da Terra
seja de cerca de 4470 milhões de anos e a mesma para o Sistema Solar.

Mais tarde, um dos principais promotores e defensores da teoria catastrófica foi o


paleontólogo francês Georges Cuvier (1769-1832).

Este naturalista, Jean Leopold Nicolas Cuvier, de nome verdadeiro, verificou a existência de
descontinuidades importantes e bruscas nas faunas.

Segundo CUVIER (1832:23):


“O catastrofismo é uma corrente de pensamento que defendia que as alterações que
ocorrem no nosso Planeta de deviam à ocorrência de grandes catástrofes (dilúvio), as
quais, para além de provocarem a extinção da fauna e da flora existente, também
explicariam a existência de fósseis de animais marinhos nas zonas continentais. A
estes períodos de extinção seguir-se-iam períodos de estabilidade em que a nova flora
e fauna voltariam a ocupar a superfície terrestre, originando a nova era.”

Um exemplo típico é a “teoria de associada” com a suposta extinção dos dinossauros.


Segundo esta teoria, a 65 milhões de anos atrás o impacto causado por um asteróide de cerca
de 10 Km de diâmetro teria um fim ao período cretáceo. 70 % de todas as espécies, incluindo
os dinossauros, teriam sido extintas. Esta teoria, que marcou grande parte do pensamento
geológico até meados do século XIX, explicava não só as descontinuidades faunísticas, mas
também as alterações ocorridas na Terra.

Jean Leopold Nicolas Cuvier, o principal defensor do catastrofismo, verificou a existência de


descontinuidades importantes e bruscas nas faunas, hoje referidas por “extinções em massa”,
que interpretou como catástrofes, após as quais eram criadas novas faunas que viveriam até a
sua extinção, numa nova catástrofe.

Cuvier defendia que estas catástrofes, a que chamou revoluções, tinham atingido
determinadas regiões do Globo, extinguindo faunas e floras que somente podiam ser
estudadas através dos seus restos fossilizados. Ele refutava a noção de evolucionismo,
defendendo que cada organismo só poderia funcionar como um todo; em que a mutação de
uma espécie a inviabilizaria.
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Cuvier explicava as diferenças existentes entre as espécies assim como as formas fósseis das
espécies encontradas em formações geológicas antigas apresentavam.

Quem seguiu Cuvier foi Georges Louis Leclerc, Conde de Buffon. Leclerc foi o primeiro
cientista a formular a teoria catastrófica para a formação do sistema solar; segundo o mesmo,
os planetas existentes teriam sido formados devido à matéria separada do sol, resultante de
uma colisão desta estrela com um cometa.

Para alguns defensores do catastrofismo, o repovoamento tinha lugar por acção divina, no
âmbito de uma corrente do pensamento, conhecida do por Criacionismo, aceite por alguns
naturalistas do século XIX, que também acreditavam que a última das catástrofes admitidas
por Cuvier havia sido o Dilúvio Bíblico.

Importa ainda enfatizar que a partir dos estudos realizados por Cuvier, os geólogos analisaram
as camadas terrestres e consideraram que a tese catastrófica era errónea, uma vez que os
processos de transformação ocorridos ao longo do tempo foram progressivos e uniformes.
Portanto, o catastrofismo e o uniformismo são duas teorias opostas que tentam explicar como
ocorreram as transformações geológicas.
Em outras palavras, ambas as teorias explicam a história da Terra.

No século XX foi desenvolvido um novo paradigma, o neocatastrofismo. Esta nova visão é


uma síntese das duas anteriores, pois explica a evolução terrestre a partir da interacção entre
fenómenos catastróficos e um processo uniforme de transformação geológica.

Alguns Catastrofistas actualistas


Na área da Geologia a aplicação do método actualista já se fazia intenso, quando o geólogo
suíço, Jean-André De Luc (1727-1817), defendeu seu uso, formulando posteriormente o
termo “causas actuais” para descrever os processos geológicos aos quais o Globo se submetia
na actualidade e que tinham sido responsáveis pela configuração geológica da Terra. De Luc
defenderia que a interpretação dos dados provenientes do Registro geológico deveria ser
executada por meio da comparação com os processos em acção na actualidade.

Primeiramente, ele utilizaria este método para explicar a formação das rochas do Secundário e
dos períodos mais recentes, uma vez que somente as rochas primárias não apresentavam os
principais vestígios que podiam ser interpretados à época: os fósseis. Desta maneira, ele
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distinguia os períodos geológicos entre aqueles em que era possível aplicar o método
actualista e nos quais esta aplicação estava impossibilitada pela falta de elementos
comparativos.

De Luc estenderia este modelo binário de explicação à distinção que fazia entre os períodos
ocorridos antes e após a última revolução. Para ele, este seria um evento catastrófico, tal como
uma inundação relacionada ao dilúvio bíblico, e era um marco divisor da geo-história, pois
iria dividi-la entre mundos pré e pós-diluvianos. Mas, ainda assim, ele defenderia para a
compreensão destes dois mundos ou períodos a aplicação do método actualista na
interpretação dos seus dados no Registro geológico.

A ocorrência do dilúvio, que De Luc defendia, teria como causa alguns dos processos
geológicos operantes também na actualidade, porém, ele não os identificava precisamente.
Contudo, à diferença dos processos atuais, a operação dos agentes envolvidos neste processo
geológico catastrófico teria ocorrido com uma intensidade maior.
Esta variação de intensidade seria a única causa extraordinária a ser invocada na explicação
de De Luc. Por todo o restante, ele prosseguia utilizando as causas atuais como modelo
comparativo.

Alguns anos mais tarde, James Hutton (1726-1797) também utilizaria a abordagem actualista
para expor sua “Teoria da Terra”, que defendia haver um extremo equilíbrio entre o resultado
dos agentes envolvidos nos processos geológicos.
Esta teoria, que resultava na concepção de um “estado estacionário” na história geológica do
Globo, receberia um grande apoio com a publicação de um livro ilustrativo, escrito por John
Playfair (1748-1819). Ao defender o potencial heurístico da teoria huttoniana, esta obra
contribuiu significativamente para sua aceitação por parte da comunidade científica e do
público culto em geral, visto que muitos dos livros nos quais estas ideias e discussões eram
expostas, como, por exemplo, este de Playfair, tinham ampla circulação entre estas parcelas
da sociedade.

Vários catastrofistas, como o próprio Cuvier, acreditavam que a ruptura, produzida nas
ocasiões de ocorrência das catástrofes, não seria excludente de uma continuidade nos
processos geológicos operantes entre elas. Nestes períodos de relativa “tranquilidade”
geológica, processos da dinâmica geológica, lentos e graduais, estariam operando de uma
maneira análoga à que poderia ser verificada nos processos em operação na actualidade.
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Deste modo, os períodos geológicos mais recentes poderiam ser estudados com maior
precisão, logo apresentariam uma semelhança maior com os processos atuais, facilitando
assim sua interpretação.

Segundo os catastrofistas, no período actual em que vivemos, iniciado pela ocorrência da


última revolução, o Globo encontrar-se-ia submetido a mais uma situação de relativa
estabilidade geológica, estando em operação apenas alguns agentes principais que
contribuíram para alterar a actual configuração de sua superfície: chuvas e degelo, águas
correntes, o mar e vulcões. Seriam os mesmos tipos de processos que também operaram nas
revoluções, no entanto, neste caso, os agentes actuantes teriam operado com maior
intensidade.

A falta de uma explicação causal para esta variação de intensidade não bloqueava a
argumentação da teoria catastrofista, desde que na actualidade os fenómenos geológicos
também operavam variando o grau de sua intensidade, entretanto em menor magnitude do que
durante as catástrofes. Este carácter intenso e/ou súbito destas revoluções podia ser constatado
mediante configuração da distribuição geral dos fósseis, como, por exemplo, as conchas
marinhas fossilizadas encontradas em topos de montanhas, e na formação de estratos
geológicos contendo fragmentos de rochas de localidades distantes.
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Conclusão
Após o término do trabalho conclui-se que, na História da Terra têm ocorrido grandes
alterações tanto a nível geológico como biológico. Com os sucessivos aparecimentos de floras
e faunas fósseis tornou-se cada vez mais óbvio de que a Terra teria muito mais tempo do que
o que se pensava. Os estudiosos da natureza tentaram interpretar e explicar esses fenómenos
que modificavam a superfície terrestre de diferentes maneiras.
Assim surgiram vários tipos de teorias, algumas das quais serviram de base ao conhecimento
científico que é actualmente aceite.

Conclui-se também que o catastrofismo é uma teoria que interpretou as modificações da


superfície terrestre (erupções vulcânicas, sismos e inundações) como grandes catástrofes
naturais, referidas nos textos sagrados, resultantes da intervenção divina.
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Referências bibliográficas

CUVIER, Georges. Recherches sur les ossemens fossiles oú l’on rétablit les caracteres de
plusiers espèces d’ animaux que les révolutions du globe paroissent avoir détruites, I. Paris,
1812.

DE LUC, Jean-André. An elementary treatise on Geology determining fundamental points


in that science and that containing na examination of some moderns geological systems
and particularly of the huttonian theory of the earth. Londres: F.C. & J. Rivington, 1809. p.
37-39.
DE LUC, Jean-André. Lettres physiques et morales sur l’histoire de la Terre et de l’homme
adresses a la reine de la Grande Bretagne I. Paris: Duchesne, 1779, p. 449-489.

Brown, HE, Monnett, VE e Stovall, JW (1958). Introdução à Geologia. Nova York: Blaisdell
Editors.

Palmer, T. (1994). Catastrofismo, Neocatastrofismo e Evolução.

Rieznik, P. (2007). Em defesa do catastrofismo. V Colóquio Internacional

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