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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO


FACULDADE DE PSICOLOGIA

Análise Aplicada do Comportamento

Estudo de Caso 01 - Senhor H.

Solange Bruno Ruiz

Caraguatatuba/SP
Fevereiro/ 2024
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO
FACULDADE DE PSICOLOGIA

Análise Aplicada do Comportamento


Atividade Caso 01 - Senhor H.

Solange Bruno Ruiz RGM 30571626

Atividade apresentada como requisito parcial para


Avaliação da disciplina: Análise Aplicada
do Comportamento, do curso de Psicologia,
sob responsabilidade do
Prof. Matheus Damasceno Paschoal

Caraguatatuba/SP
Fevereiro/ 2024
Análise Aplicada do Comportamento Análise Aplicada do Comportamento

1ª. Atividade da disciplina: Análise Aplicada do Comportamento

Caso 01 - 23/01/2024 - Senhor H.

Senhor H. entrou em contato com um novo psicólogo que lhe foi muito bem
recomendado por um amigo de grande confiança a fim de marcar uma consulta
de urgência, que foi agendada para mais tarde naquele mesmo dia. Por
WhatsApp, o psicólogo Bruno passou o endereço de seu consultório e orientou
que, assim que chegasse, batesse à porta de sua sala e então aguardasse na
recepção. Pontualmente no horário agendado, Senhor H. chega ao consultório
e bate à porta, utilizando quatro grupos de duas batidas. Ao abrir a porta, Bruno
se depara com um senhor alto, ainda em pé, vestindo um terno preto
impecável, com sapatos pretos perfeitamente engraxados e lustrados,
utilizando duas máscaras descartáveis sobrepostas. Bruno estende sua mão
para um primeiro cumprimento cordial, dizendo “Boa tarde, o senhor deve ser o
Senhor H. Por favor, entre!”. Bruno percebe que o paciente evita o aperto de
mãos inicialmente, mas resigna-se e aperta a mão do psicólogo timidamente,
entrando em seguida na sala. Neste momento Bruno observa um forte odor
etílico vindo de seu novo paciente. Senhor H. senta-se à poltrona em uma
postura rígida, sem ao menos recostar as costas ou braços ao apoio da
poltrona. Pede então licença ao psicólogo a sua frente para utilizar o álcool em
gel disponível à mesa lateral, dando duas borrifadas no álcool e esfregando
suas mãos, em seguida dando mais duas borrifadas espalhando mais álcool
em suas mãos, repetindo ainda este procedimento por mais duas vezes.
Começa a falar sobre o que lhe trouxera àquele consultório, demonstrando,
porém, estar claramente incomodado por estar naquele local. O paciente
declara ser médico infectologista, de família católica, descendente de italianos.
Casado, tendo dois filhos com a esposa e possuindo uma vida financeira
bastante estável. Relata que, aos poucos, vem perdendo o interesse de sair de
casa, tendo isso se iniciado há cerca de 7 anos e piorado bastante há 3 anos,
quando parou completamente de sair de casa. Senhor H. abandonou
completamente todos os seus afazeres e “hobbies”, tendo muita vontade de
voltar a frequentar a missa aos domingos e de sair para restaurantes e clubes
com sua família, o que lembra ser muito prazeroso, mas somente o
pensamento de frequentar tais locais o faz arrepiar. Relata ainda que em 2021
demitiu todos os funcionários que trabalhavam em sua residência, alegando
que eles faziam mal para sua família. No último ano, deixou de aceitar
quaisquer visitas externas e discute com sua esposa e filhos todas as vezes
que estes precisam se ausentar de casa, tendo o próprio Senhor H. não saído
de casa há mais de um ano inteiro.
ESTUDO DE CASO PACIENTE - SENHOR H.

HIPÓTESE DIAGNÓSTICA (H.D)

De acordo com os comportamentos observados e a partir do autorrelato


histórico do paciente Senhor H, é possível levantar as seguintes hipóteses
diagnosticas:

HD?: CID-10 F42 - Transtorno Obsessivo compulsivo;

HD?: CID-10 F40.10 - Fobia Social.

HD?: CID-10 F40.298 – Misofobia

Ao analisar o histórico do Senhor H., é interessante observar e considerar, que


o paciente é profissional da área da saúde, atuando como médico
infectologista; os sintomas relatados pelo mesmo deram início há 7 anos,
ficando mais intenso com o surgimento da pandemia COVID-19. Fatos que
podem ter colaborado para o agravamento do seu quadro de adoecimento.

 HD?: F42 - Transtorno Obsessivo compulsivo, considerando


comportamentos do paciente e observações do terapeuta:

O paciente demonstrou a necessidade de uma consulta de urgência,


demonstrando possível quadro ansioso. Senhor H, em um possível quadro de
mania, bate na porta do consultório de maneira ritualizada, sua aparência é
impecável, com terno bem alinhado e com sapatos perfeitamente engraxados e
lustrados, exalando odor etílico forte, fazendo uso de álcool em gel de maneira
ritualística, se apresentou para a sessão utilizando duas máscaras descartáveis
sobrepostas, sentando-se com postura rígida, evitando encostar as costas e os
braços ao apoio da poltrona.
De acordo com o DSM-5, os critérios para Transtorno Obsessivo
Compulsivo (TOC) são:

1. Presença de obsessões, compulsões ou ambas: • Obsessões são


pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são
intrusivos e causam angústia ou ansiedade. • Compulsões são
comportamentos ou atos mentais repetitivos que a pessoa se sente
compelida a realizar para aliviar a ansiedade causada pelas obsessões.
2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir as obsessões ou compulsões ou
neutralizá-las com algum outro pensamento ou ação (ou seja, realizando
uma compulsão).
3. As obsessões ou compulsões são demoradas (ocupam mais de uma hora
por dia) ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no
funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida
do indivíduo.
4. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância
(por exemplo, uma droga de abuso, um medicamento) ou outra condição
médica (por exemplo, trauma craniano).
5. A perturbação não é melhor explicada pela presença de outro transtorno
mental (por exemplo, transtorno do pânico com agorafobia, transtorno de
ansiedade de separação, transtorno dismórfico corporal, tricotilomania
[puxar cabelo], transtorno de escoriação [cutucar pele], transtorno de
acumulação, transtorno do espectro autista, transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade).

Segundo o DSM-5, o TOC é um transtorno psiquiátrico caracterizado por


obsessões, que são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e
indesejadas, e compulsões, que são comportamentos ou atos mentais
repetitivos que a pessoa se sente obrigada a realizar em resposta a uma
obsessão. A preocupação do Senhor H. com limpeza e ordem pode ser um
sinal de TOC. O código CID-10 F42.
 HD?: CID-10 F40.10 - Fobia Social, também conhecida como
Transtorno de Ansiedade Social, considerando comportamentos do
paciente e observações do terapeuta:

O paciente relatou e demonstrou ter dificuldades em se relacionar com


pessoas, evita os apertos de mãos, em 2021 demitiu todos os funcionários que
trabalhavam em sua residência por medo, recusa-se a aceitar visitas externas
e discute com sua família quando eles precisam se ausentar de casa, Senhor
H. relata que não saí de casa há mais de um ano, apresenta pensamentos
repetitivos e persistentes sobre contaminação. Informou também ter perdido o
interesse e evita sair de casa, comportamento que teve início a
aproximadamente 7 anos, piorado bastante nos últimos 3 anos, fato que pode
ter se agravado com a pandemia do COVID-19, quando parou completamente
de sair de casa, abandonando também, todos os seus afazeres e hobbies.

De acordo com o DSM-5, os critérios para Fobia Social ou Transtorno de


Ansiedade Social para são:

1. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais


em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas.
2. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que
serão avaliados negativamente.
3. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade.
4. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou
ansiedade.
5. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela
situação social e ao contexto sociocultural.
6. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de
seis meses.
7. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo
ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.
8. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos efeitos
fisiológicos de uma substância ou de outra condição médica.
9. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas
de outro transtorno mental.
10. Se outra condição médica está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é
claramente não relacionado ou é excessivo.

Segundo o DSM-5, a Fobia Social ou Transtorno de Ansiedade Social, é


um transtorno psiquiátrico caracterizado por um medo intenso e persistente de
uma ou mais situações sociais ou de desempenho em que o indivíduo está
exposto à avaliação por outras pessoas. As situações temidas são geralmente
evitadas ou suportadas com intenso desconforto. O código CID-10 F40.10.

 HD?: CID-10 F40.298 – Misofobia, também conhecida como


Germofobia, considerando comportamentos do paciente e observações
do terapeuta:

Senhor H., apresentou-se na 1ª. Sessão de terapia exalando forte odor etílico
e fazendo uso de álcool em gel de maneira ritualística, e fazendo uso de duas
máscaras descartáveis sobrepostas, evitou cumprimentar o terapeuta, fazendo
isso com ressalva, sentou-se com postura rígida, evitando encostar as costas e
os braços ao apoio da poltrona, em 2021 (período da pandemia COVID-19),
demitiu todos os funcionários que trabalhavam em sua casa, alegando que eles
faziam mal para sua família.

De acordo com o DSM-5, não há critérios específicos para Misofobia ou


Germofobia, mas, é possível notar que muitas vezes ocorre junto ao
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).

Pode-se observar alguns sintomas significativos, como

1. Sofrimento significativo, que afeta a rotina do indivíduo por um período de


seis meses ou mais.
2. Muitas pessoas afetadas evitarão ir ou se aproximar de locais que
considerem pouco limpos.
3. Indivíduos afetados podem evitar locais que acreditam que possam colocá-
los em risco.
4. Podem apresentam evitação de se alimentar fora de casa.
5. Lavar as mãos repetidamente
6. Tomar diversos banhos
7. Usar produtos fortes de limpeza
8. Escovar os dentes diversas vezes
9. Lavar e desinfetar objetos de uso corriqueiro
10. Evitar objetos tocados por muitas pessoas
11. Evitar locais que são muito frequentados por diversas pessoas , como
transporte e banheiros públicos,

Quando o indivíduo se depara com o estímulo temido (sujeira ou germes), seu


corpo pode reagir com sintomas de ansiedade como:

 Dificuldades para respirar


 Dor ou pressão no peito
 Sensação de tontura
 Suor excessivo
 Palpitações
 Náuseas
 Tonturas

A Misofobia/ Germofobia, caracteriza-se por ansiedade e temor intenso e


desproporcional frente sujeira e a possibilidade de ser contaminado por
germes. É classificada como uma fobia específica. O código CID-10 F40.298
Hipótese Diagnóstica – H.D

A partir do exposto, pode-se levantar a hipótese que o paciente Senhor H.,


sendo médico infectologista, portanto, estando exposto a processos de
adoecimento e possivelmente, possuir pré-disposição ao Transtorno Obsessivo
compulsivo (TOC), seu quadro pode ter sido agravado com a pandemia do
COVID-19, desenvolvendo Fobia Social/Transtorno de Ansiedade Social e
Misofobia/Germofobia.

Apesar das hipóteses diagnósticas, HD?: F42 - Transtorno Obsessivo


compulsivo; HD?: CID-10 F40.10 - Fobia Social/Transtorno de Ansiedade
Social e/ou HD?: CID-10 F40.298 – Misofobia/Germofobia, o paciente
Senhor H. demonstra o desejo em voltar a realizar suas atividades de lazer e
hobbies, e voltar a sair com sua família, porém seus pensamentos
disfuncionais lhe causam bastante sofrimento emocional.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico]:


DSM-5 /[Ameriacan Psychiatric Association; tradução: Maria Inês Corrêa
Nascimento...et al.]-5.ed.-Dados eletrônicos. - . Porto Alegre: Artmed, 2014

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