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A PSICANÁLISE DE CRIANÇAS E O LUGAR DOS PAIS

ALBA FLESLER
2007/2012 – Zahar

Prefácio
 A abordagem de crianças pela psicanálise excede o marco teórico original em que
ela foi criada
(não apresentam as “condições necessárias à psicanálise”: não vêm por si mesmas e os
adultos que a trazem queixam-se, demandam respostas e indicações; não falam como
os adultos/não se submetem à regra da associação-livre pela via da fala...) (adulto:
outro tempo subjetivo, neurótico)
Questão: os problemas que a prática com crianças traz devem ser considerados
intrínsecos à psicanálise com crianças ou ponto de partida para reinterrogar
conceitos?
(a reconsideração do tempo e do “tipo” subjetivo)
Tratamento predominante dado à questão na oposição:
1) Criança analisável como um adulto
2) Criança fora do escopo da prática psicanalítica (por insuficiência psíquica)

Alternativa Flesler:
3) Criança não pode ser abordada da mesma maneira que o adulto mas não exige
uma especialidade
exige uma especificidade: consideração dos diferentes
tempos do sujeito
Como procura viabilizar isso? Orientada pela formalização de Lacan acerca do
sujeito da estrutura, numa lógica que sublinha o fator temporal -> delimitação
dos tempos orienta a condução do tratamento / jogos, brinquedos, desenhos e
lugar dos pais “respondem a razões de estrutura”.
(necessário dizer, mesmo que brevemente, do que se trata qdo se fala em
estrutura e razoes de estrutura)
(pensar aqui nas práticas outras que supõem o sujeito da Psicanálise e a
questão das especialidades  a ser retomado no final?)
1 . A criança em análise

p. 11:
- criança não vem por si mesma / é trazida por um adulto
-> importância da consideração dos “acordes singulares” que a criança desperta em
quem a traz – os pais, que trazem um filho (“o que nem sempre é óbvio”) // objeto de
desejo
-> necessário considerar “as diversas significações que uma criança recria no
psiquismo de um adulto” que indicam a “localização condensada que uma criança
ocupa em qualquer ser humano”

p. 12:
Freud fez objeções ao atendimento daqueles que não se ajustavam ao marco
conceitual explícito: crianças, psicóticos, neuroses narcísicas, idosos... Modelo
esperado: adultos neuróticos.

p. 13:
Qto aos pais (Freud, 1920): esperam que curem seu filho nervoso e desobediente /
consideram ‘criança sadia’ aquela que não causa problemas e só dá prazer // o médico
pode conseguir a cura mas dp “a criança faz o que quer com mais decisão ainda”
(fazer o que quer não é ‘fazer a mesma coisa’ / o deslocamento de sintomas / o caso
da criança que ‘passa a roubar’)

p. 14:
Desde o início a criança tornou presente um real (p. 15: “cça questionou os saberes
estabelecidos”) na clínica psicanalítica e seu desencaixe trouxe problemas.
-> Que tipo de problemas?
1) ‘Imaginário’: onipotência ou impotência do ato analítico
2) ‘Real’: que precisa ser delimitado a partir da localização e delimitação de um resto
que permita a aposta em um ato possível -> posição de Flesler: ‘crianças não são
analisáveis como adultos nem deixam de ser analisáveis por não serem adultos’
(ver p. 18)
p. 15:
Psicanálise de crianças alimentada por linhas teóricas carregadas de subjetividade
+
Obra de Freud não apresenta posição única e contundente sobre isso.
Observação de crianças ligada ao interesse dele pela etiologia das neuroses.
Freud atribuiu à filha a tarfa de enlaçar psicanálise e educação, acrescentando o
problema da relação entre psicanálise e pedagogia. Freud mesmo coloca em disjunção
os fins perseguidos pelas duas áreas:
- educação: via di porre
- psicanálise: via di levare
Portanto, é impraticável uma psicanálise que se proponha a educar.
(ver Voltolini)
(ver artigo no drive)
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