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A INTELIGÊNCIA E

SUAS ALTERAÇÕES
O que é
Inteligência?
Definições básicas

“A capacidade global do indivíduo de agir com propósitos,


de pensar racionalmente e de lidar eficazmente com o seu
ambiente”.

Conjunto das habilidades cognitivas da pessoa, a resultante, o vetor final


dos diferentes processos intelectivos. Tais habilidades permitem ao
indivíduo identificar e resolver problemas novos, reconhecer
adequadamente as situações da vida e encontrar soluções, as mais
satisfatórias possíveis para si e para o ambiente, respondendo às exigências
de adaptação às demandas do dia a dia.
Definições básicas

Principais habilidades reunidas no construto inteligência:

● Raciocínio
● Planejamento
● Resolução de problemas
● Abstração
● Categorização
● Compreensão de ideias complexas
● Aprendizagem eficaz e aprendizagem a partir da experiência.

(AAMR, 2006).
DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA
CRIANÇA E NO ADOLESCENTE

● Como surge e se desenvolve a inteligência em um indivíduo? Seria ela


predominantemente herdada ou totalmente aprendida ao longo da educação?

● Jean Piaget (1896-1980): As ideias das crianças sobre o mundo são construções
que envolvem as estruturas mentais inatas e a experiência sociocultural.
O desenvolvimento da inteligência, por sua vez, ocorre pela substituição (de
esquemas cognitivos prévios), aquisição e integração de novos esquemas
cognitivos, e não apenas pela adição de habilidades cognitivas.

● Piaget descreveu quatro estágios do desenvolvimento. Tais estruturas


desenvolvem-se progressivamente ao longo da vida da criança, uma se
sucedendo a outra, enriquecendo de forma gradativa a cognição do indivíduo.
DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA
CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
● Período sensório-motor: Dois primeiros anos de vida. As estruturas mentais restringem-se ao
domínio dos objetos concretos, das percepções e atos concretos. Na fase inicial, predominam
os atos reflexos congênitos, e surgem gradativamente os primeiros hábitos motores, os
primeiros esquemas perceptivos organizados e os afetos diferenciados.

● A imitação é um procedimento fundamental nesse período para o desenvolvimento da


cognição; No início até a metade do primeiro ano de vida, quando a mamadeira é afastada do
campo visual do bebê, ele chora desesperadamente, como se ela se tivesse desfeito. Quando
algo é escondido atrás de um pano, o bebê tem a sensação de que o objeto deixou de existir.
Por volta dos 9 a 10 meses, o objeto escondido na frente do bebê passa a ser procurado
ativamente por ele, denotando o início dos chamados “objetos permanentes”. Os conceitos
de “coisas”, “espaço”, “tempo” e “causalidade”, como categorias práticas do dia a dia,
estruturam-se no fim desse período.
DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA
CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
● Período pré-operatório: Entre os 2 e os 7 anos de vida, quando são processados e desenvolvidos o
domínio dos símbolos, a linguagem, os sentimentos interpessoais e as relações sociais. O brincar
passa a ser um dos principais instrumentos do desenvolvimento cognitivo da criança.

● O tipo de inteligência do estágio pré-operatório baseia-se naquilo que Piaget chama de “meia-lógica”.
Nessa meia-lógica, as operações mentais já obedecem a determinada lógica; entretanto, esta é
incompleta, faltando-lhe, por exemplo, a noção de reversibilidade nas operações e de conservação
física. O pensamento lógico trabalha apenas em uma direção. A noção de identidade é, por exemplo,
fundamentalmente qualitativa, faltando sua dimensão quantitativa.

● Assim, diz Piaget, uma criança em fase pré-operatória comete o erro lógico de afirmar que a
quantidade de água varia de acordo com a forma de seu recipiente: uma garrafa fina e alta com 1 litro
contém mais água que uma larga, mas baixa, também com 1 litro de água (não reconhece a
identidade quantitativa da água). Entretanto, essa mesma criança afirmará que, ao se mudar o
recipiente, é a mesma água (qualitativamente) que se encontra no novo vasilhame.
DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA
CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
● Período operatório-concreto : Entre os 7 e os 12 anos de idade, a criança aprende a dominar
cabalmente as classes, as relações e os números, assim como a raciocinar sobre eles. É o início do
pensamento lógico, denominado por Piaget como “operações intelectuais concretas”. A socialização
desenvolve-se plenamente por meio da escola ou fora dela, surgindo o sentido de cooperação social.
A operatividade, marca do período operatório-concreto, é caracterizada pela possibilidade de a
criança agir seguindo uma lógica, em função das implicações e consequências de suas ideias e
pensamentos.

● Entretanto, nesse estágio, as relações entre as classes somente podem ser compreendidas quando
apresentam evidência completa, isto é, quando estão de alguma forma presentes ou relacionadas ao
campo perceptivo. Os sistemas de pensamento, símbolos e relações puramente abstratas só
chegarão ao seu pleno desenvolvimento no período seguinte.
DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA NA
CRIANÇA E NO ADOLESCENTE
● Período operatório-formal: Dos 12 aos 16 anos, o adolescente se envolve com o domínio do
pensamento plenamente abstrato, com os sistemas simbólicos e as categorias abstratas mais gerais,
com o funcionamento mental e cognitivo do “mundo adulto” (ideias e sistemas de ideias como um
sistema de valores éticos, o sistema democrático, os sistemas filosóficos, etc.).

● Desenvolve-se, nesse último período, a capacidade de analisar o pensamento próprio em relação ao


dos outros. Aqui o adolescente já pode trabalhar com relações complexas e abstratas, sendo capaz,
inclusive, de prever as situações necessárias para provar ou refutar hipóteses iniciais.

● Nessa fase, tornam-se possíveis os sistemas lógicos e abstratos mais desenvolvidos do pensamento.
Tais sistemas podem incluir complexas combinações de classes, sistemas de transformação de
proposições lógicas, como operações inversas, negativas, recíprocas e contrárias.
OS MODELOS DE INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Inteligência, genética e ambiente

● A inteligência, pelo menos uma parte importante dela, depende de influências


genéticas. A correlação média da inteligência dos pais com a dos filhos biológicos
fica em torno de 50%; entre gêmeos idênticos, em torno de 90%; e, entre pais e
filhos adotivos, em torno de 25% (Sims, 1995).

● Entretanto o componente ambiental (aprendizado, estímulos psicossociais nos


períodos “cruciais” do desenvolvimento cognitivo da criança, nutrição e condições
adequadas de saúde, apoio afetivo, escolas de qualidade, ambiente motivador,
entre outros) é, seguramente, fundamental para que o indivíduo possa
desenvolver de forma plena seu potencial genético.
Inteligência, genética e ambiente

● O QI, que avalia quantitativamente o nível de inteligência de uma pessoa, embora bastante
estável, pode mudar com intervenções psicopedagógicas adequadas, intensas e precoces,
bem como declinar com a idade ou devido a doenças.

● Na velhice, em pessoas com QI mais alto, pode haver perda de até 6 pontos; na esquizofrenia,
pode haver perda, pelo efeito da doença, de até 10 a 15 pontos (Salthouse, 1996). Já no caso
de crianças pequenas que nasceram em ambiente muito ruim (com abandono, negligência,
violência), quando são adotadas por famílias adequadas e empenhadas, pode haver aumento
de 12 ou mais pontos no QI.

● Intervenções psicopedagógicas intensivas em escolas podem aumentar o escore em 10


pontos ou mais, sobretudo no início da infância (do nascimento até os 4 ou 5 anos de idade)
(Neisseer et al.,1996); Tucker-Drob et al., 2011).
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL
(CID-11) OU DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS (DSM-5)
● São transtornos do neurodesenvolvimento que incluem condições de desenvolvimento
comportamental e cognitivo deficitárias, surgem durante o período de desenvolvimento da
infância, geralmente antes de a criança ingressar na escola, e implicam dificuldades
significativas na aquisição de funções específicas nas áreas intelectuais, sociais e motoras
(CID-11; APA, 2014).

● Nas DIs, há comprometimento das habilidades cognitivas que são adquiridas desde as
primeiras fases de desenvolvimento da criança;

● As pessoas que apresentam DI devem ter necessariamente déficits funcionais em suas vidas.
Tais déficits têm uma base cognitiva (déficit de inteligência), mas implicam necessariamente
outros aspectos além dos cognitivos e conceituais, do comportamento da pessoa e de sua
vida de relações sociais. Portanto, as DIs devem, obrigatoriamente, para o diagnóstico, implicar
problemas e dificuldades adaptativas, nos domínios conceituais e intelectuais, sociais e
práticos (DSM-5, CID-11).
TRANSTORNOS DO DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL
(CID-11) OU DEFICIÊNCIAS INTELECTUAIS (DSM-5)
● Implica dificuldade significativa ou impossibilidade em áreas como juízos e raciocínios, solução de
problemas, planejamento, pensamento abstrato, capacidade de aprendizagem na escola e aprendizagem
por experiência. Tais prejuízos devem ser, sempre que possível, confirmados por testes de inteligência
devidamente padronizados, validados para o idioma e a cultura do indivíduo e aplicados e interpretados de
forma individualizada.

● O prejuízo em funções adaptativas nas DIs é expresso pelas dificuldades significativas ou impossibilidade da
pessoa em ter uma vida independente e autônoma, com as responsabilidades sociais concernentes,
considerando os padrões da sociedade e da cultura na qual vive.

● O diagnóstico de DI só pode ser realizado de forma confiável a partir dos 5 anos de idade; antes disso,
deve-se diagnosticar os atrasos na progressão cognitiva da criança; não é possível concluir que já existe DI.

● A DI no adulto caracteriza-se pela presença de inúmeras limitações em áreas como linguagem e


comunicação, autocuidado (saúde, higiene e segurança), habilidades em alcançar as expectativas de seu
grupo cultural, capacidade de utilização dos recursos comunitários e capacidade adaptativa básica na escola,
trabalho e/ou lazer.
Até a próxima
aula!

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