Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estou com tanta raiva dele que nem consigo pronunciar uma
palavra sequer. Enquanto eu tentava fazer nossas mães desistirem
dessa ideia estúpida, Thomas ficou completamente mudo e, pior,
uma vez ou outra disfarçava o riso. Ele não escondia o quanto
estava se divertindo com a situação.
Nem olho para Thomas, sei que ele está com aquela
expressão de “eu te disse” no rosto, resolvo ficar calada. Ele fala
algo, mas não dou a menor importância. Então, minha mãe começa
a conversar com minha tia sobre a ONG dela e do marido, para
mulheres em situação vulnerável. Mesmo frustrada, um sorriso
carregado de orgulho brinca em meus lábios enquanto observo as
duas falarem da palestra a respeito de empoderamento feminino
que minha mãe ministrará lá.
Por fim, resolvo fazer o que eu mais gosto: ignorá-lo. Viro meu
rosto para a frente e solto um suspiro ao fitar seus pais.
― Vou treinar com mais afinco. ― Tento soar calma, não sei
se consigo. Quero mesmo é mandá-lo ir à merda, mas não posso
dar a munição que ele quer para me tirar do grupo de dança.
Gil me fita por mais algum tempo, não esconde o desagrado e
depois desvia sua atenção para outra pessoa, fazendo-a se sentir
miserável como quase me fez sentir.
― Mas, olha, hoje ele estava mais irritado que nos outros dias
― Lucas comenta parando ao nosso lado com outros dançarinos.
Bonito e babaca.
― Não.
― Sim.
― Ou então o quê?
― Eu vou te buscar onde você estiver. ― Segura minha nuca,
aproxima minha cabeça dele e beija minha testa, em seguida, sai,
se despedindo do pessoal com um aceno.
― Eu sei, pai.
Sei o quão bravo ele está, qualquer coisa que eu disser, só vai
piorar.
― Não sei por que você insiste em vir comer aqui ― reclamo,
abrindo minha mochila, retirando uma maçã e dando uma enorme
mordida antes de me inclinar para trás.
― Tarada.
― Virgem.
― Será que eles vão aceitar? Eles querem que vocês morem
juntos.
― Apenas vá embora.
― Tem compromisso?
Sinto algo fino tocar meu rosto, abro meus olhos e me viro
para Thomas. Ele está com a caneta em sua mão e com ela tira
uma mecha de cabelo que escorrega em meu rosto.
― Seu pai está perguntando como você está, ele está aqui
perto e perguntou se quer carona ― falo, ainda em um tom
animado, mantendo o mesmo clima de antes.
― Todo dia, Mel. Você está tão preocupada com sua dança e
a faculdade dos seus sonhos que não está prestando atenção no
que está ao seu redor. Está desgastando uma relação com um cara
foda que é seu pai por bobeira.
― Chega, Melissa.
― Merda! ― sua voz soa baixa, ele vira o corpo e vai embora
e, desta vez, eu não o sigo.
― Sim.
Minha mãe vocifera que meu pai precisa revelar o que está
acontecendo, e ele, com a voz mais baixa, parecendo triste e com
uma expressão frustrada de quem já falou a mesma coisa várias
vezes responde que não é um segredo dele para contar.
― Não quero festa, vou sair com Rafaela. ― Ela acaricia meu
rosto.
― Não.
Faz muito tempo que não consigo ficar sozinha com meu pai,
talvez essa seja uma boa oportunidade de conversar com ele sobre
morar com Rafaela. Com este pensamento, sigo para lá, bato à
porta algumas vezes e entro.
Rimos juntos.
― Qual?
― Quais problemas?
― Não gosto de saber que ele sabe algo sobre o senhor que
eu não sei. ― Não escondo o ciúme que corre solto em minhas
veias.
― Aonde você vai a esta hora? ― Meu pai indaga assim que
me vê, acendendo a luz do ambiente em seguida.
Meu pai coça a nuca, ele faz esse movimento quando está
procurando o que falar. Troco olhares com minha mãe e neste
instante reparo que ela também está achando tudo muito estranho.
― Quem é um cretino?
Melissa
Mais uma vez escorrego meu olhar para televisão que informa
o nome do paciente que será atendido. Volto meus olhos para
Thomas que está sentado na cadeira, eu estou de pé entre as
pernas dele, que agarra firmemente a minha cintura.
Um show de horrores.
― Nem sei como faria para entrar com ele sem a sua ajuda...
― Melissa, é você?
― E por que não me ligou quando viu que ele estava assim?
― Vou esquecer o que ele disse e tudo vai voltar a ser como
antes e nos odiaremos para sempre.
― Por que você bebeu tanto? Com quem brigou? Por que
estava naquele estado? ― Bombardeio-o de perguntas.
Ele olha para mim, deixa o corpo tombar lentamente para trás,
até apoiar suas costas na porta, cruza os braços, respira
profundamente e solta o ar lentamente.
― Tudo bem.
Não consigo identificar seu tom de voz. Ele enfia as mãos no
bolso da calça e caminha em direção às escadas. Em um impulso,
eu faço a pergunta que anda martelando a minha mente desde
ontem e que me fez ficar tão consciente dele como nunca estive
antes.
Ele me interrompe.
Ela me interrompe.
Desvio meus olhos dela e fito Thomas. Ele, por sua vez,
desliza os olhos pelo meu corpo devagar, fazendo tudo dentro de
mim estremecer. Eu só queria que essa merda parasse logo!
― Você não acha que esse vestido está curto demais, não?
― Faz um movimento de cabeça em minha direção, fazendo-me
abrir um lento sorriso e eu quase agradeci a ele por este comentário
machista e idiota, por causa dele tudo que estava sentindo sumiu
feito mágica e aquela conhecida vontade de lhe dar uns bons tapas
veio com força.
Viro meu rosto e procuro nele algum indício que era ele que
estava gritando com seu filho. Nunca o vi elevar a voz, seu tom
sempre fora calmo e tranquilo, tio Fred é uma pessoa de fala mansa
e carinhosa. Mesmo assim, enquanto ele me felicita por meu
aniversário, busco em sua face alguma evidência de que se alterou
recentemente, mas tudo parece normal, tanto sua voz, quanto seu
olhar ou sua expressão. Tudo como sempre foi.
Solto um suspiro.
― Você não tem culpa, ele que não devia ter vindo, devia
estar curtindo com os amigos dele.
― Ah, que saber! dane-se Thomas! Não vou pensar nele, vou
curtir a minha noite!
Algo frio toca minha nuca, uma gota gelada desliza pelas
minhas costas e novamente sinto o sopro quente e prendo a
respiração, quando sua mão aperta mais forte minha cintura.
― Sei lá, acho que sim, não tenho certeza, logo você chegou
me chamando e viemos embora. Foi a maior vergonha da minha
vida.
― Nem me fale.
― Eu não sei.
― Qual?
― Mas...
Nunca senti algo assim por alguém, não consigo mais inventar
desculpas para o que estou sentindo, mas também ainda não
consigo nomear.
Sequer olho para ele, nossos pais riem e caminho rápido para
a saída.
― Amiga, lembra, sem álcool!
― Isso é loucura.
Ele me beija.
Capítulo 11
Thomas
Eu queria conseguir definir exatamente quando esse desejo
começou a me dominar, o exato momento em que comecei a olhá-la
diferente, sem aquela implicância implícita em nosso relacionamento
desde sempre.
Beijando Melissa.
― Thomas...
― Melissa...
― Não vai dar certo. ― Ela intercala o dedo entre nós dois. ―
Essa coisa, tem tudo para dar errado.
― Concordo.
Obviamente falho.
― Sei.
Eu sei que Rafaela mexe com Guerrero, mas ele ainda vai
levar seu tempo para aceitar isso. Até lá, vai brigar com si mesmo e
com ela por causa desse desejo.
Bem, entendo esse sentimento.
― Eu disse.
Não retruco, mas eu sei que é apenas algo de pele, que vai
passar com o tempo. Tenho certeza disso.
Capítulo 12
Thomas
Abro a porta da casa de Melissa e entro fazendo o mínimo
barulho possível.
― Não jogou.
― Sim, eu joguei. Não era para ter te indagado. ― Ele me
abraça e beija minha cabeça. ― Desculpa seu padrinho, eu estou
preocupado com Beatriz.
― Tensas.
Desvio meus olhos dos dele. Tadeu não têm noção de como
realmente está meu relacionamento com meu pai e é melhor assim,
aqui ainda é meu refúgio e quero mantê-lo.
Só vou para casa nos dias em que minha mãe tem quimio,
durmo lá e fico com ela o máximo que consigo, mesmo com o clima
pesado entre meu pai e eu. Engulo toda a mágoa, raiva e
ressentimento para ficar perto dela.
― Vou, sim.
Esboço um sorriso.
“Chato.”
“Gostosa.”
Ela não tem noção do bem que me faz, não faz ideia do
quanto a sua mensagem carregada de implicância me tirou de um
lugar escuro, sombrio, cheio de dor. Ela não sabe de nada disso e,
se depender de mim, não vai saber tão cedo.
Acordo sentindo um leve carinho em meus cabelos, abro
meus olhos devagar e vejo Luiza, sorrindo para mim.
― Sim.
― Por quê?
― Apenas curiosidade.
― Depende.
― Do quê?
Ela me olha.
― Sei não. Você vai ter que me dizer. ― Elevo meu corpo,
ficando bem próximo do seu rosto. ― Fala com todas as palavras o
que você quer que eu faça com você ― ordeno contra a sua boca.
― Como?
― Thomas!
Começo a suar frio, volto a olhar para a câmera e seu pai está
saindo do carro.
― Estou bem, filho, quero que você faça faculdade lá, junto
com Melissa, um ajudando o outro.
― Ela pode fazer lá e eu aqui — insisto.
― Quando ela não estava, seu pai estava lá, ele saía da
empresa e ia para o hospital, saía do hospital para empresa,
definhava junto comigo. Ele quase enlouqueceu naquele período,
fingia que não sentia o cheiro de álcool e que não percebia as
olheiras profundas, sabia que submerso em todo aquele sofrimento
estava meu marido tão sorridente e que me amava tanto.
Ela ri alto.
― Mas tem que contar, mãe. Tia Luiza já percebeu que Tadeu
está escondendo algo dela, ela acha que ele a está traindo.
Ele segura seu rosto, seus dedos acariciam sua pele devagar,
se aproxima e a beija, pouco se importando com quem está ao
redor. Não desvio meus olhos da cena procurando qualquer indício
de fingimento, e não encontro.
Não posso negar que ele a faz feliz, e neste momento, o que
ela mais precisa é ser feliz.
Thomas
Entro no quintal de casa pela primeira vez em alguns dias,
desde o dia do exame da minha mãe, uma semana para ser exato,
que não venho aqui. Caminho devagar em direção ao imóvel, vim
porque minha mãe me pediu para acompanhá-la ao shopping, ela
quer comprar coisas para o apartamento.
Às vezes, parece que são ela e minha tia Luiza que vão morar
lá, não eu e Melissa, pois elas apenas nos mostram o que
compraram, não esperam de fato a nossa aprovação, somos meras
figuras ilustrativas em lojas de decorações e departamentos.
Mas, para ser bem sincero, não me importo, porque não tenho
a menor vontade de ficar horas e horas escolhendo utensílios
domésticos e peças de decoração para o nosso apartamento.
― Você não tem jeito. Fiz essa salada ontem, sua mãe pediu,
é um dos pratos preferidos do seu pai. Mas ao chegar, ele a
surpreendeu com uma viagem surpresa, eles foram para Búzios. ―
Não esconde o sorriso nos lábios.
― Minha mãe não está em casa? Ela me pediu para vir aqui
hoje.
― Como minha mãe está, ela realmente está bem como diz?
Você é a pessoa que mais fica com ela. Se depender dela, nunca
saberei se estiver mal.
Roberta enche o pulmão e solta o ar devagar, seca suas
mãos, encosta o quadril na pia e me olha com atenção.
― Eu não sei o que houve entre você e seu pai, mas esse
afastamento a deixa muito triste ― assegura.
Ela continua:
― Claro que sim, e ela vai ficar bem, eu tenho fé nisso. Seu
pai acerca de cuidados e eu fico de olho sempre, não se preocupe.
― Porra!
Que confusão.
― Meus pais são mais tranquilos, na verdade, eles queriam
que eu fizesse administração.
“A cada orgasmo que tive nos últimos meses, foi com sua
imagem em mente, a cada vez que eu fecho os olhos, é em você
que eu penso.”
Isso é algo que ninguém além de nós dois precisa saber e por
mais que ache que ele seja um tonto, duvido muito que conte para
alguém.
― Olá, boa tarde! Hoje não, alguns dos nossos alunos vão
competir hoje à noite.
― Te encontrei.
Não quero que desconfiem que rolou algo entre nós quando
dentro de mim ainda está tudo tão confuso.
― Outro dia.
Desvio meus olhos dele e fito a Rafa, que olha para cima.
Minha amiga está sofrendo e, por mais que eu queira resolver esta
bagunça que está entre mim e Thomas, hoje, ela precisa de mim.
― Quando?
Eu sei que devo sair daqui, ouço as vozes dos meus pais no
escritório, as chances de eles saírem a qualquer momento são
enormes, sei que devo mover meus pés para bem longe, meu ex-
inimigo cheira à confusão, o problema é que eu nunca pensei que o
aroma fosse tão bom.
Então eu fico parada, esperando-o se aproximar, pensando
que ele dirá algo e prendo a respiração quando ele segura meu
rosto com as duas mãos e rouba um beijo rápido, gostoso, que me
deixa ofegante.
― Ah, menino, você não tem jeito, é por isso que vocês
brigam tanto. ― Meu pai despenteia o seu cabelo.
― Eu sei, mãe.
Cretino!
Ao sair da sua casa, tentei ficar a sós com ela, mas foi
impossível. Há algumas noites, quando ela foi ao meu quarto, não
conseguimos conversar, sei que ela queria falar algo, mas meu
receio de que fosse sobre encerrarmos o que nem começamos
direito foi tão grande, que não a deixei falar nada, apenas a beijei e
não parei até ela sair do meu quarto com um sorriso bobo de quem
gozou gostoso. E desde então, não conseguimos ficar sozinhos.
― Estou sim.
― Filho, você não acha que já está na hora de você e seu pai
conversarem?
― Mãe...
― Tudo bem, não vou forçar, mas é estranho, complicado, é
como se estivessem me escondendo algo que no momento não
quero saber. Bem egoísta da minha parte, não é? ― Suspira.
Volto meu olhar para o rosto dela e meu pai escolhe este
instante para entrar na sala anunciando que comprara algo para ela
e seus olhos se iluminam com a presença dele.
Meu pai é o tutor legal da fortunar que herdei da sua mãe, até
eu fazer 21 anos.
“Vou pensar”.
― Até que ficou legal, levo jeito para coisas românticas ― falo
alto, orgulhoso do meu feito.
O toque da campainha me faz dar um pulo na cama, eu
caminho apressado em direção à porta, abro-a e me sinto
deslumbrado pela imagem de Melissa, como sempre, está linda.
Seus cabelos úmidos, com um jeans branco e uma blusa preta e
aquele sorriso implicante que eu tanto gosto.
― Meu Deus! Minha mãe tinha razão, não tem nem onde
sentar. ― Ela se assusta com a bagunça.
― Claro que não, deixo tudo nas mãos das nossas mães. ―
Em resposta, ela ri.
Volto meus olhos para ela que fita o quarto com uma
expressão de horror.
Minha Mel.
― Já sim e decidi que... Não faz isso, não beija aí... ― Solta
um leve gemido quando beijo seu ombro.
― E se der errado?
― Mas tem que ser muito idiota e burro para fazer uma
declaração assim para pessoa com quem quer ficar. ― Tenta mais
uma vez sair do quarto, pego-a no colo e ela solta um grito quando a
jogo na cama e caio ao seu lado logo em seguida.
― Sim.
― Não dá para falar ainda, mas não é nada com seu pai, ele
tem sido um grande amigo. Apenas por enquanto, não posso falar.
— Mel! — protesta.
— Até termos certeza de que não é algo passageiro, vamos
começar a faculdade, conhecer pessoas novas, muita coisa ainda
pode acontecer, não vamos criar um alvoroço à toa.
Tom retira minha calça junto com a calcinha e antes que tenha
a chance de suspirar, sua língua está na minha intimidade fazendo
sua mágica.
Elevo meu olhar, tiro uma mão das suas pernas e a levo a
minha intimidade me tocando rápido e começo a gemer com seu
pau em minha boca, chupo mais forte e ele urra enquanto goza.
— Não vou penetrar se não quiser, mas preciso ter sua boceta
encostada no meu pau. — Ofegante, posiciona-me onde quer e
fecha os olhos ao sentir o quão molhada estou. — Você vai me
deixar doido.
— Tem certeza?
Posso ter muitas dúvidas na minha vida, mas não que esse
homem me deixa louca de tesão e me faz delirar de prazer.
Ele me tira do seu colo e sai da cama correndo atrás das suas
calças.
Sinto que beija meus ombros, mas não falamos nada, apenas
sentimos, e sentimos tudo.
Capítulo 21
Thomas
Devagar, com receio de acordá-la, acaricio seu rosto. Não
consigo controlar o sorriso largo em meus lábios, muito menos a
felicidade que toma conta do meu peito e domina todos os meus
sentidos.
Eu a amo.
— Com fome?
— Vem comigo.
Rosângela.
— Vou tentar.
— Venho te ver.
— Safado.
— O que houve?
Obviamente mentimos.
Fizemos uma festa para nos despedir dos nossos amigos, foi
gostoso e emocionante. Discuti com Thomas nesse dia, ele estava
com ciúmes porque eu estava dançando com alguns amigos e eu,
com raiva pelo bando de mulheres em cima dele.
— Nossa, mãe, falando assim até parece que quer nos ver
longe — Thomas reclama.
Desvio meus olhos para Thomas e o vejo olhar para o pai com
uma expressão de desagrado. Chuto sua perna por debaixo da
mesa e ele me olha, faço um ligeiro meneio negativo e ele olha para
baixo, mas não esconde que está puto.
— Sim.
— Espera, eu te levo.
— Me solta que estou puta com você — aviso, ele finge que
não ouve e me beija. — Você ficou doido? Eles podem ver.
Ele bufa.
— E como será lá, vai implicar com cada bailarino com quem
eu dançar?
— Thomas!
— Melissa!
Eu rio.
Dancei muito com ele, mas também com Rafaela e com todos
os meus amigos, foi uma noite muito gostosa, passei boa parte dela
querendo beijá-lo. Ele estava perto e longe ao mesmo tempo e pela
primeira vez, me arrependi de ter pedido para manter nosso
relacionamento em segredo.
— Gostosa.
Segura minha nuca e me puxa para ele, suga meu lábio
inferior ao mesmo tempo que acaricia meus seios. Cesso os beijos
rapidamente somente pelo tempo que o ajudo a retirar a blusa e
voltamos a nos beijar.
— Oi, amor. Boa noite — Mel soa cansada, exausta para ser
exato e praticamente arrasta o corpo para o seu quarto sem esperar
que eu cumprimente de volta.
Daqui a alguns dias, faz três meses que nos mudamos, foi um
período interessante de adaptação. Desde as pequenas coisas
como decidir quem vai lavar a louça do jantar a quem vai fazer o
almoço, o que assim que começou as aulas, deixou de ser uma
grande preocupação.
Melissa mal parava em casa, confesso que sentia certo
preconceito com o curso de dança, não entendia para quê fazer
faculdade de algo que poderia apenas fazer um curso e começar a
trabalhar, até eu compreender que não é somente sair rebolando
por aí, ela estava aprendendo sobre a história da dança em todo o
mundo e suas origens. Na teoria e na prática também.
Então, era normal que ela estivesse de manhã com a cara nos
livros, à tarde, nas aulas práticas e ao final do dia, em treinos
infinitos até chegar em casa se arrastando.
— Nem um suco?
Não tem como eu falar para ele que ando segurando a grana,
que boa parte do meu dinheiro está indo para Rosângela. Não tem
como!
Guerrero é meu amigo, sei que posso confiar nele e que o que
falarmos ficará entre nós dois. Mas ele também já tem muita coisa
para lidar, não quero adicionar mais problemas em suas costas e
esse é um problema de família.
— Tá de sacanagem!?
— Ainda acho que você está colocando coisas que não tem
sentido na balança, sei de todos os seus objetivos, que quer vencer
no boxe, mas também quer fazer faculdade para ter uma segunda
alternativa se isso não der certo. Sei que quer pagar tudo o que já
fizeram e fazem por você, mas com alguém ao seu lado, tudo ficaria
mais fácil. Posso dizer por mim, estou passando por alguns
problemas com meu pai e tudo ficou menos complicado de se lidar
desde que eu e Melissa começamos a namorar.
— Não vou ficar com ninguém, não vou perder meu foco nos
objetivos — fala determinado.
— Mas tenho certeza de que vai dar tudo certo. — Toco seu
ombro. — Segura aí que vou acordar Melissa e volto logo.
Não por ele ir sem mim, e sim pela devastação que eu vejo
em seu olhar quando ele chega, não tem nenhuma única vez que
Tom não volte triste e abatido e confesso que estou cansada de não
saber o que está acontecendo, de esperar o seu tempo, de vê-lo
agonizado e não poder fazer nada para ajudar porque ele não me
revela a merda em que está envolvido.
Viro meu rosto para minha amiga e antes de falar algo, ela diz:
— Vai lá, eu invento uma desculpa para a professora. —
Sugere cúmplice.
— Melhor que você, que não faz um nada para ajudar os dois.
Vamos almoçar, Leo. — Rafaela enrosca seus braços no nosso
amigo e os dois saem juntos.
— Te amo.
Viro meu corpo, desço meu olhar por ele e é impossível não
rir.
— Quando voltar.
— Promete?
— Sim, Melissa. Minhas idas ao Rio não têm nada a ver com
mulheres.
— Mais ou menos.
Resolvi fazer uma surpresa e não avisar aos meus pais que
vinha. Quando chegamos no Rio, Rafaela pega um carro para a sua
casa e eu resolvo ir ao shopping próximo da minha casa para
comprar uns doces que minha mãe e minha madrinha adoram.
— Você ligou para meu pai? Eu não estou aqui fazendo tudo o
que você quer? Estou pagando caro para você deixar minha mãe
em paz! — Thomas rosna.
— Fred!
— É seu filho, você traiu minha tia. Seu escroto, como pode
nos enganar esse tempo todo, como pôde fingir que a amava?! Ela
não merecia isso, não merece você! — berro descontrolada e o tapa
vem forte, fazendo-me virar a cabeça, mas não dói tanto quanto a
decepção que me rasga por dentro.
— Como você pode ser tão baixo, como pôde não contar para
sua mãe?
Meus ombros ardem, meu rosto dói, mas a dor maior está em
meu coração partido. Pela pessoa que considerava meu segundo
pai e pelo homem por quem me apaixonei. Não sei quanto tempo
fico na cama, mas, em determinado momento, com o ódio correndo
solto em minhas veias, sento-me na cama e limpo meu rosto de
forma ríspida.
— Por que não falou para sua mãe? Se ela quisesse perdoar
novamente, era um problema dela, mas você deveria ter revelado
tudo.
— Por que meu pai não falou? — Levo as mãos ao meu peito,
sentindo uma dor surreal.
— Minha mãe pediu, implorou, para ser exato. Ela não queria
que você e sua mãe soubessem, não queria que vocês sofressem e
parassem a vida por causa dela. E durante os últimos meses, eu
tenho dado dinheiro à Rosângela para ela ficar quieta e não
incomodar a minha mãe. Me sinto preso em uma rede de mentiras,
porque meu pai trata a minha mãe de forma apaixonada e ela está
feliz, fazendo o tratamento de forma otimista, mesmo com algumas
complicações.
— Por que você não nos contou, pai? — falo em um fio de voz
e sinto-o travar.
— Sim.
— Ainda não.
— Estou preocupado com sua mãe, ela vai desabar e não sei
qual será sua reação ao saber que eu escondi isso.
Abro e fecho a boca e não consigo falar. Minha mãe ficou tão
devastada da última vez que minha tia ficou doente, que eu não
tenho coragem de dizer que ela está novamente mal.
Minha mãe não é burra, ela já percebeu que algo está errado.
Eu não consigo disfarçar minha expressão desolada e muito menos
meu pai sua preocupação.
— Amo estar com vocês, mas este jantar é para dar uma
notícia que estou adiando há alguns meses, não por maldade, e sim
porque queria evitar que sofressem — começa a falar e sua voz
treme. Seu marido senta ao seu lado e segura sua mão, levando-a
aos lábios e a beijando levemente.
Busco sua mão e meu pai a outra. Sabemos que ela vai
desmontar e não há nada que eu possa fazer quanto a isso. Eu
mesma estou por um fio, agarrando-me à raiva para não me
afundar.
Minha mãe aperta minha mão com força. Dói, mas não ligo,
eu preciso sentir que não estou vivendo um pesadelo. Thomas já
havia me dito, mas tê-la confirmando é mais triste e doloroso do que
imaginei.
— Você sabia? — Minha mãe vira o rosto para meu pai, que
limpa seu rosto com o dorso da mão e beija seus lábios levemente.
— Sim, esse era o segredo que escondia, não era meu para
contar.
Eu travo.
— Ela pediu.
— Sim, eu sei.
Meu pai ainda jura que o filho não é dele, mas não consigo
mais confiar nele, em nada, principalmente depois que agrediu
Melissa, a garota dos seus olhos, a menina que ele dizia ser a filha
que não teve e por quem demonstrava todo amor e carinho. Que
quando criança, chegava a me causar ciúmes e, mesmo assim, ele
a sacudiu como um saco de batatas enquanto eu socava suas
costas e não muito contente lhe deu um tapa no rosto. Ele estava
ensandecido, completamente fora de si. Depois disso, eu acho que
ele é capaz de qualquer coisa para que minha mãe não saiba das
suas merdas.
Minha mãe até tentou evitar que isso acontecesse, mas ela e
Luiza são amigas de infância, do tipo para vida toda, que ficam lado
a lado na felicidade e na tristeza. Eu sabia que assim que ela
soubesse, remanejaria toda a sua agenda para estar disponível para
minha mãe, e foi exatamente isso que ela fez.
— Eu também não.
— Obrigado.
— Porém eu quero contar para sua mãe. Não abro mão disso,
Thomas, ela precisa saber, precisa decidir o que fazer. Não
podemos tirar dela essa escolha, isso vai contra tudo o que as
nossas mães ensinaram para nós. Precisamos contar, se ela decidir
perdoar seu pai, aí já é uma decisão dela.
— Fizemos ontem.
— Ah, Rafa...
— Sei que deveria estar feliz por ele, há uma parte de mim
que está comemorando sua conquista, mas há uma outra enorme
que está sofrendo — desabafa.
— O que você quer dizer quando diz que agrediu a minha filha
e seu filho? — a voz da minha madrinha soa baixa e fria.
— Após nossa conversa, ela não quis falar comigo. Foi para o
quarto chorando e algum tempo depois, eu fui ver como estava e a
encontrei desmaiada. Chamei a ambulância e, no caminho para cá,
ela teve uma parada respiratória. — Ele volta a chorar.
— Então seria melhor você falar direto com o pai do seu bebê
e sugiro esquecer o telefone do meu namorado.
— Você pode ir para puta que pariu se quiser, desde que não
me perturbe mais. — Seguro a mão de Melissa e saímos dali
ouvindo Rosângela me chamar e dizendo que isso não ficaria assim.
— Vocês já almoçaram?
— Você tem razão, tem tantas coisas que eu quero fazer com
você. — Pisca um olho.
— Seu pervertido!
Ela solta um suspiro e não retruca. Fita seu celular que vibra
e, no visor, aparece o nome do meu pai. Vejo-a engolir em seco e
seus olhos ficam preso no aparelho.
— E quando será?
— Oh, minha amiga, e como não ficar aflita com tudo o que
vocês estão passando?
— Amiga, sei que é difícil, mas tenta ficar mais calma, vai dar
tudo certo, vocês se amam. E como você mesma falou, está tensa,
com medo, distante da família, mas pense nele, que também está
sofrendo, sei o quanto a situação é complicada e pode sempre
desabafar comigo.
Thomas
Não avisei à Melissa que viria, tem duas semanas que nos
vimos, quero fazer uma surpresa. Sigo para o meu quarto, tomo um
banho e ligo para Guerrero avisando que estou na cidade e ele diz
que vai dar uma passada no apartamento.
Algum tempo depois, ele chega e noto que está meio
cabisbaixo, fala que não imaginou que seria tão difícil trancar a
faculdade.
— Vou deixar muitas coisas aqui, será que tudo estará como
deixei quando eu voltar? — soa pensativo.
— Não quero que ela fique presa a mim, não sei se dará certo
lá fora.
— Desculpa, gente, mas vou curtir meu amor, não sei quando
vamos conseguir nos ver novamente — Melissa soa risonha.
Errada ela não está, com o dinheiro que tem e todas as dores
que tem por aqui, nada melhor que uma viagem para esquecer.
3 anos depois
Thomas
Uma sensação maravilhosa faz um gemido escapar pela
minha boca antes de estar completamente desperto. Abro meus
olhos e vejo Melissa engolindo meu pau com volúpia.
Eu a beijo.
6 anos depois
Melissa
Aperto minhas mãos, nervosa, sem conseguir desviar meus
olhos do palco. Mesmo depois de tantos anos, ainda sinto um frio na
barriga a cada apresentação dos meus alunos.
— Amanda! — repreendo.
— Ah, mulher infame, tem muito tempo que não apronto nada.
— Não tem dois meses que você, junto com Amanda, me deu
uma caixa com baratas falsas. Quase infartei e por um triz não
esganei vocês.
Ele gargalha alto.
Fim.
Há dez anos eu deixei a mulher que amava e fui em busca do
meu sonho.
Em breve...
Agradecimento
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, pois sem ele
nada seria possível. E a minha amada e luz da minha vida, minha
filha, Gabi.
Bellini
https://amzn.to/2Z033jN
https://amzn.to/3kbNfTk
https://amzn.to/3e5W1yR
https://amzn.to/3oreUQQ
https://amzn.to/2RoJezf
https://amzn.to/3fjk0KO
https://amzn.to/3uRQceD
https://amzn.to/3w25HRo
https://amzn.to/2QlvrJr
https://amzn.to/3yfNT7e
https://amzn.to/2RYmUfH
https://amzn.to/3w9WczO
Redes Sociais
https://www.facebook.com/AutoraVaniaFreire/
https://www.facebook.com/VaniaFreireAutora/
https://www.wattpad.com/user/VaniaFreireoficial/
https://www.instagram.com/autoravaniafreire/