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princípios norteadores.
Simone Helen Drumond Ischkanian
INTRODUÇÃO
9. ESTUDOS DE CASO
Os estudos de caso são uma excelente forma de entender a aplicação prática
dos princípios e normas relacionados ao tribunal de arbitragem. Abaixo, apresento dois
estudos de caso hipotéticos que envolvem questões comuns em arbitragens,
demonstrando como os tribunais arbitrais poderiam lidar com essas situações:
9.1 Estudo de caso 1: Impedimento do árbitro
9.1.1 Contexto: Em uma arbitragem envolvendo uma disputa comercial, um
dos árbitros indicados por uma das partes é sócio de uma empresa que possui relações
comerciais significativas com a outra parte no processo.
9.1.2 Questão: Há impedimento do árbitro devido ao seu relacionamento
comercial com uma das partes?
9.1.3 Decisão do Tribunal Arbitral: O tribunal arbitral deve avaliar se o
relacionamento comercial entre o árbitro e uma das partes é suficientemente
significativo para gerar dúvidas sobre sua imparcialidade e independência. De acordo
com o Art. 14 da Lei nº 9.307/1996, pode ser arguida a suspeição ou o impedimento do
árbitro. Se o tribunal concluir que há risco de parcialidade ou conflito de interesses, o
árbitro deve ser substituído.
9.2 Estudo de caso 2: Competência-competência
9.2.1 Contexto: Em uma arbitragem relacionada a um contrato de
construção, uma das partes alega que a convenção de arbitragem é inválida, pois o
contrato foi assinado por um representante sem poderes suficientes para vincular a
empresa.
9.2.2 Questão: O tribunal arbitral tem competência para decidir sobre a
validade da convenção de arbitragem?
9.2.3 Decisão do Tribunal Arbitral: Conforme o Art. 8º da Lei nº
9.307/1996, cabe ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões
acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que
contenha a cláusula compromissória. O tribunal arbitral deve, portanto, analisar a
validade da convenção de arbitragem e decidir se possui competência para julgar o
mérito da disputa.
CONCLUSÃO
FIGUEIRA JR., Joel Dias. Arbitragem, jurisdição e execução. São Paulo: RT, 1999.
FREIRE, Rodrigo Cunha Lima. Condições da ação. 2. ed. São Paulo: RT, 2001.
LARA, Cipriano Gomez. Teoria General del Processo. México: Textos Universitários,
1976.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Elementos de direito administrativo. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1991.
ANEXOS
CÓDIGO CIVIL E A ARBITRAGEM
O Código Civil e a arbitragem são dois temas distintos, mas que se relacionam
em alguns aspectos. Vou explicar um pouco sobre cada um:
CÓDIGO CIVIL - é um conjunto de normas que regulam as relações civis
entre pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas. Ele aborda diversos temas, como:
Direito das obrigações
Direito das coisas (propriedade, posse, direitos reais)
Direito de família
Direito das sucessões
Direito das empresas e sociedades
O Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406/2002) é a principal fonte do direito
civil no país e serve como base para diversas outras áreas do direito.
ARBITRAGEM - é um método alternativo de resolução de conflitos em que
as partes envolvidas escolhem um terceiro imparcial, o árbitro, para decidir a disputa.
Esse método é regulado pela Lei nº 9.307/1996 (Lei de Arbitragem).
As partes podem optar pela arbitragem para resolver conflitos de diversas
naturezas, como:
Questões contratuais
Disputas societárias
Conflitos envolvendo propriedade intelectual
Litígios familiares, desde que sejam de direitos patrimoniais disponíveis
RELAÇÃO ENTRE CÓDIGO CIVIL E ARBITRAGEM - O Código Civil
não proíbe o uso da arbitragem para resolver conflitos que estejam sob sua égide. Pelo
contrário, a arbitragem é reconhecida como meio válido e eficaz para a solução de
disputas civis, comerciais e empresariais.
Algumas questões que podem ser resolvidas por meio da arbitragem envolvem
direitos patrimoniais disponíveis, ou seja, direitos que podem ser objeto de transação
pelas partes, conforme previsto no Código Civil.
O Código Civil e a arbitragem são duas áreas do direito que, apesar de
distintas, podem se inter-relacionar em diversos aspectos. Enquanto o Código Civil
estabelece as regras e princípios gerais do direito civil, a arbitragem oferece um meio
alternativo e voluntário de resolução de conflitos que pode ser utilizado para questões
civis, comerciais e empresariais.
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC) E A ARBITRAGEM
O Código de Processo Civil (CPC) e a arbitragem são duas áreas do direito que
tratam da resolução de conflitos, mas de formas diferentes. Vamos entender como eles
se relacionam:
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL (CPC)
O Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) é o conjunto de normas que
regulamenta o processo judicial civil no Brasil. Ele estabelece as regras e procedimentos
que devem ser seguidos para a resolução de conflitos por meio do Poder Judiciário. O
CPC aborda temas como:
Jurisdição e competência
Partes e procuradores
Atos processuais
Procedimentos ordinário, sumário e especial
Recursos
Execução de sentença, entre outros
RELAÇÃO ENTRE CPC E ARBITRAGEM
1. Autonomia da vontade: Tanto o CPC quanto a Lei de Arbitragem
reconhecem o princípio da autonomia da vontade das partes. Isso significa que as partes
têm liberdade para escolher o meio de resolução de conflitos que considerem mais
adequado: judicial ou arbitral.
2. Tutela judicial: O CPC estabelece que certas matérias não podem ser
objeto de arbitragem, como aquelas que envolvem direitos indisponíveis. Assim,
questões relacionadas a direitos de personalidade, família e trabalhistas, por exemplo,
não podem ser submetidas à arbitragem.
3. Homologação de sentença arbitral: O CPC também trata da homologação
de sentenças arbitrais estrangeiras e nacionais. Uma vez proferida a sentença arbitral,
ela pode ser homologada pelo Judiciário para que tenha eficácia de título executivo
judicial.
4. Medidas cautelares: O CPC prevê a possibilidade de as partes requererem
medidas cautelares antes ou durante o processo judicial. Na arbitragem, também é
possível a concessão de medidas cautelares pelo árbitro ou pelo tribunal arbitral.
O Código de Processo Civil e a arbitragem são instrumentos complementares
na resolução de conflitos. Enquanto o CPC estabelece as regras e procedimentos para o
processo judicial, a arbitragem oferece uma alternativa mais rápida, flexível e
especializada para a resolução de controvérsias. A escolha entre um método e outro
dependerá das circunstâncias do caso e da vontade das partes envolvidas.
CÓDIGO PENAL E A ARBITRAGEM
O Código Penal e a arbitragem são áreas distintas do direito que tratam de
temas diferentes, mas, em certos contextos, podem se relacionar indiretamente. Vamos
entender como esses dois campos se interligam:
CÓDIGO PENAL - O Código Penal brasileiro, estabelecido pelo Decreto-Lei
nº 2.848/1940, é o conjunto de normas que define os crimes e suas respectivas penas no
ordenamento jurídico brasileiro. Ele aborda temas como:
Crimes contra a pessoa (homicídio, lesão corporal, etc.)
Crimes contra o patrimônio (roubo, furto, extorsão, etc.)
Crimes contra a administração pública
Crimes contra a dignidade sexual
Crimes ambientais, entre outros
RELAÇÃO ENTRE CÓDIGO PENAL E ARBITRAGEM
1. Natureza disponível dos direitos: A arbitragem é geralmente utilizada para
resolver disputas relacionadas a direitos patrimoniais disponíveis. Isso significa que
questões relacionadas a crimes, que são de natureza pública e envolvem direitos
indisponíveis, não podem ser submetidas à arbitragem. Portanto, crimes como
homicídio, lesão corporal, furto, entre outros, são excluídos do âmbito da arbitragem.
2. Conflitos de natureza civil: Em situações em que um mesmo fato pode
gerar tanto responsabilidade penal quanto civil (por exemplo, um acidente de trânsito
que resulta em danos materiais), as partes podem optar por resolver a parte civil do
conflito por meio de arbitragem, enquanto a responsabilidade penal permanece sob a
jurisdição do Estado.
3. Homologação de sentença arbitral: O Código de Processo Penal (CPP)
prevê a possibilidade de homologação de sentença estrangeira que reconheça a
existência de uma condenação criminal. No entanto, sentenças arbitrais não são objeto
de homologação no âmbito penal, pois a arbitragem não é um meio adequado para
julgar crimes.
O Código Penal e a arbitragem, em geral, operam em esferas diferentes do
direito. Enquanto o Código Penal trata da definição e punição de crimes, a arbitragem é
voltada para a resolução de conflitos de natureza civil, especialmente aqueles
relacionados a direitos patrimoniais disponíveis.
A arbitragem e o Código Penal não se sobrepõem diretamente, mas é
importante entender as limitações de cada um e saber quando é apropriado recorrer a um
ou outro, dependendo da natureza da controvérsia.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (CPP) E A ARBITRAGEM
A arbitragem e o Código de Processo Penal (CPP) são áreas do direito que, em
princípio, operam em esferas distintas. Enquanto a arbitragem é um método alternativo
de resolução de conflitos de natureza civil, o CPP regula o processo penal, ou seja, os
procedimentos adotados para a investigação e julgamento dos crimes. Vamos explorar
como esses dois campos se relacionam:
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL (CPP)
O Código de Processo Penal brasileiro (Decreto-Lei nº 3.689/1941) é o
conjunto de normas que estabelece os procedimentos a serem seguidos no âmbito do
processo penal. Ele aborda temas como:
Inquérito policial
Ação penal
Prisão e medidas cautelares
Procedimentos do júri
Recursos no processo penal
Execução penal, entre outros
ARBITRAGEM E CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
1. Natureza incompatível: A arbitragem é geralmente utilizada para resolver
disputas de natureza civil, especialmente aquelas relacionadas a direitos patrimoniais
disponíveis. Por outro lado, o processo penal trata de crimes, que são questões de
natureza pública e envolvem direitos indisponíveis. Portanto, crimes não podem ser
objeto de arbitragem.
2. Crimes de menor potencial ofensivo: No Brasil, os crimes de menor
potencial ofensivo são aqueles com pena máxima de até 2 anos. Para esses casos, existe
a possibilidade de transação penal ou composição civil dos danos, previstas na Lei nº
9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais Criminais). Embora não seja arbitragem, essa
forma de resolução de conflitos possui características semelhantes, pois envolve um
acordo entre as partes para evitar o processo judicial.
3. Medidas cautelares: O CPP prevê a possibilidade de adoção de medidas
cautelares, como a prisão preventiva, para garantir a ordem pública, a instrução criminal
ou a aplicação da lei penal. Na arbitragem, também é possível a concessão de medidas
cautelares pelo árbitro ou pelo tribunal arbitral, mas com finalidades e procedimentos
diferentes dos adotados no processo penal.
4. Homologação de sentenças: O CPP prevê a homologação de sentenças
estrangeiras que reconheçam a existência de uma condenação criminal. No entanto,
sentenças arbitrais não são objeto de homologação no âmbito penal, pois a arbitragem
não é um meio adequado para julgar crimes.
A arbitragem e o Código de Processo Penal operam em esferas distintas do
direito. Enquanto a arbitragem é um mecanismo alternativo para resolver disputas civis,
o CPP regula o processo penal, que envolve a investigação e punição de crimes.
Portanto, é importante distinguir entre esses dois campos e saber quando é apropriado
recorrer a um ou outro, conforme a natureza da controvérsia.