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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema: O Tempo e Aspecto gramatical

Nome do estudante: Mário Muinguiwa


Código: 708222293

Curso: L. em Ensino de Português


Disciplina: L. D. do Português II
Ano de Frequência: 3° Ano
Turma:

Nampula, Março de 2024


Universidade católica de Moçambique

Instituto de Ensino a distância

(O Tempo e Aspecto gramatical)

Nome do estudante: Mário Muinguiwa Código: 708222293

Trabalho apresentado para avaliação no módulo de Linguística do


Portuguesa II curso de Licenciatura em ensino Português da Universidade
Católica de Moçambique, Instituto de Ensino a distância, orientado pelo:

O tutor:

Nampula, Março de 2024

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(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
Introdução ........................................................................................................................................ 6

1 Tempo e Aspecto gramatical ................................................................................................... 7

1.1 Aspecto (tipologia aspectual) ............................................................................................ 8

1.2 Diferença entre Tempo e Aspecto .................................................................................. 10

1.3 Categorias tempo e aspecto............................................................................................. 10

1.4 Quadro aspectual do Português ....................................................................................... 12

1.5 Da impropriedade de um quadro de aspectos compostos. .............................................. 13

1.6 Preliminares .................................................................................................................... 13

1.7 Aspectos compostos ........................................................................................................ 13

Conclusão ...................................................................................................................................... 15

Bibliografia .................................................................................................................................... 16

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Introdução

Este trabalho tem por objetivo analisar, em sentenças isoladas da língua corrente, as referências
de tempo e aspecto dos tempos verbais, utilizando os conceitos de tempo de fala, tempo de
evento e tempo de referência, propostos por Reichenbach (apud ILARI, 1997), que localizam o
evento no tempo, e elaborar através de diagramas a representação temporal das sentenças,
utilizando o conceito de intervalo de tempo, que permite calcular o tempo de duração do evento.

Serão analisadas, ainda, as referências de tempo e aspecto dos adjuntos adverbiais e sua
contribuição semântica para o significado da sentença. Para classificar o valor aspectual dos
morfemas verbais e dos advérbios de tempo, serão utilizados os conceitos propostos por Vendler
(apud GODOL, 1997) e TRAVAGLIA (1994).

Embora se trate de categorias gramaticais diferentes, o tempo e o aspecto serão associados na


análise, já que em português, e em muitas outras línguas, uma mesma forma verbal exprime,
através de seus morfemas flexionais, valores referenciais de tempo e aspecto.

Objectivo Geral:

 Compreender o tempo gramatical e aspecto gramatical.

Objectivos Especificos:

 Conceituar o tempo e aspecto gramatical;


 Diferenciar o tempo e aspecto gramatical;
 Apresentar as categorias do tempo e aspecto gramatical.

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1 Tempo e Aspecto gramatical

Tem sido difícil entender, ou melhor, estabelecer claramente a distinção entre tempo e
aspecto, uma vez que ambos parecem referir-se a um mesmo conceito. Na verdade, eles são
bem distintos
Entretanto, qualquer falante do Português quando ouve ou lé frases como as que se seguem,
interprete-as, obviamente, como descrevendo situações localizadas no passado, no presente
e no futuro:
i. O Presidente visitou a EM.PRESA
ii. O Presidente visita a EMPRESA.
iii. O Presidente visitará a EMPRESA.

Embora a situação descrita por cada uma das frases seja a mesma (a visita do Presidente a
EMPRESA), as frases podem ter valores de verdade diferentes devido à localização temporal da
situação induzida pelo tempo gramatical utilizado.

Em i. a situação está localizada num intervalo de tempo anterior ao ponto da fala ou momento da
enunciação. Em ii. A situação descrita sobrepõe-se ao ponto de fala, uma vez que o intervalo de
tempo em que se localiza o ponto de evento e o ponto da fala têm momentos comuns. Em iii. a
situação descrita está localizada num intervalo de tempo posterior ao ponto da fala.

Ora, reparemos outra situação:

a) Às nove horas, o João comeu uma maçã.


b) Às nove horas, o João comia uma maçã.

Embora as duas situações descritas se encontrem localizadas no passado é diferente o modo como
são apresentadas a sua estrutura interna.

Com efeito, em a) a situação descrita ocorre no intervalo de tempo denotado por às nove horas
localizado no passado.

Mas em b) a situação é descrita globalmente, isto é, incluindo o processo preparatório envolvido


(a fase inicial da situação, ponto de culminação, isto é, a mudança de estado, de lugar ou de posse

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de uma das entidades envolvidas) e o ponto resultante (neste caso, a maçã estar comida). A
descrição apresentada em b. focaliza apenas o processo preparatório.

Os casos (i, ii, iii) e (a, b) mostram claramente não só as diferenças entre a categoria linguística,
tempo e a categoria aspecto, mas também os pontos comuns entre elas.

É importante, todavia, perceber que, apesar da diferença entre as duas categorias linguísticas, elas
partilham sempre pontos de contacto, na medida em que podem operar com o mesmo tipo de
conceitos temporais, o de intervalo. Por outro lado, certos advérbios podem funcionar com valor
aspectual ou temporal, o mesmo acontece com alguns tempos verbais que podem introduzir
alterações aspectuais.

Em suma, o tempo e o aspecto são elementos que ajudam a construir um texto ancorado
emcpontos de referência temporais e aspectuais.

Esse ponto de referência associa-se ao tempocda enunciação e, assim, poderemos identificar num
texto (ou aplicar se formos os autores)cos valores temporais de simultaneidade se o que
escrevemos se situa no mesmo tempo queclhe serve de ponto de referência, de anterioridade e de
posterioridade se a situação descritacnão coincide com o tempo da enunciação.

1.1 Aspecto (tipologia aspectual)

Em linguística, o aspecto é uma propriedade dos verbos e circunlóquios verbal, para indicar se a
acção que expressam não foi concluída ou no instante indicado na referência de frase, ou seja,
refere-se aos diferentes estágios de desenvolvimento da acção expresso pelo verbo. (Campos &
Xavier, 1991).

Ou seja, o aspecto fornece informações sobre a forma como é perspectivada ou focalizada a


estrutura temporal interna de uma situação descrita pela frase, em particular, pela sua predicação.

Contudo, as gramáticas confluem quanto à importância da necessidade da distinção que há a fazer


entre o evento e estado como base para à compreensão da tipologia aspectual. Em português,
assim como em outras línguas, para além da natureza semântica dos predicados, as informações
aspectuais distribuem-se pelos afixos que contêm também informação temporal, e também
através da combinação de vários elementos associados aos anteriores, como sejam certos

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adverbiais e a natureza sintáctico-semântica dos sintagmas nominais, em particular dos que
constituem complementos sub categorizados.

De acordo com Campos e Xavier (1991) eventos (chegar, atingir, nascer, morrer, almoçar, pintar,
etc.) são actividades dinâmicas que têm um fim delimitado, que pode ser instantâneo («O João
chegou cedo») ou prolongado («O João leu o livro em duas horas»).

Entretanto, os eventos podem ser télicos ou atélicos. Cada tipo pode ter ou não duração. Os
eventos télicos, por seu tumo, podem ser chamados processos culminados e culminações. Por
outro lado, Faria (1996) afirma que estados são situações não dinâmicas que não têm princípio
nem fim («O João está doente»; «A Joana gosta de maçãs»).

E por conseguinte, os estados lexicais têm pontos de contactos com os eventos (processos), mas
se distinguem destes por não serem dinâmicos, não admitem pausa (intervalo) no todo
homogêneo. Os estados podem ser: faseáveis e não faseáveis. Os primeiros podem ocorrer em
construções progressivas (estar a + Infinitivo) e os segundos não.

Todavia, segundo Covane (2017, p.53) “os pontos são eventos temporalmente indivisíveis e que
se distinguem das culminações por não admitirem um estado resultante”. Para compreender
melhor, interprete as frases que se seguem.

i. A Maria escreveu o relatório. (processo culminado)

ii. A Maria ganhou a corrida. (culminação)

iii. A Maria espirrou. (ponto)

iv. A Maria trabalhou. (processo)

Os estados lexicais têm algo em comum com os processos, pois são também atélicos, não
delimitados por natureza e homogêneos. No entanto, distinguem-se dos processos por não. serem
dinâmicos. Acresce que os estados não admitem qualquer tipo de pausa (intervalo) no todo
homogêneo, enquanto os processos as admitem.

i. A Maria trabalhou.

ii. A Maria está doente.

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Repare que enquanto estar doente não admite qualquer pausa, sob pena de deixar de ficar doente,
trabalhar admite pequenos intervalos na actividade sem que isso ponha em causa o próprio
processo.

1.2 Diferença entre Tempo e Aspecto

 As formas verbais que mostram diferenças no tempo são chamadas de tempo. É


importante saber que os tempos são formados pela mudança do verbo.
 Os tempos também são formados pela adição de verbos auxiliares.
 Por outro lado, aspecto refere-se às mudanças nas formas verbais que expressam outras
ideias além das diferenças de tempo.

1.3 Categorias tempo e aspecto

Pode-se definir tempo linguístico como tempo da situação referida a algum outro tempo,
normalmente, o momento da fala. O tempo não é marcado de forma explícita, pois o tempoverbal
é tomado como indicação de um determinado tempo em relação ao presente.

Podemos verificar esse raciocínio no esquema a seguir:

Figura.1: Representação do tempo

Fonte: Comrie (1985, p. 2).

Nessa figura, podemos observar que o tempo é apresentado como uma linha reta na qual o
passado se encontra à esquerda e o futuro, à direita do ponto (0), sendo que esse ponto zero
representa o presente.

Segundo Travaglia (2006, p. 39), a categoria de tempo situa o momento de ocorrência da situação
a que nos referimos em relação ao momento da fala como anterior (passado), simultâneo
(presente) e posterior (futuro). É considerada uma categoria dêitica pelo autor, pois serve para
expressar distinções que dizem respeito ao tempo em que ocorre o ato de fala.

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Para o autor, tempo é uma categoria dêitica porque estabelece a localização no tempo, e aspecto é
uma categoria não dêitica, pois seu significado não remete ao momento da enunciação. Na
mesma linha de raciocínio, Comrie (1976) indica uma diferenciação entre tempo e aspecto ao
enunciar que a expressão “constituição temporal interna” trata-se de uma compreensão em termos
da oposição proposta entre “tempo interno da situação”, que diz respeito a aspecto, e “tempo
externo da situação”, que se refere a tempo.

A noção de aspecto pode ser tratada pelo menos de dois pontos de vista: o lexical e o gramatical.

O aspecto lexical, ou aktionsart, de um verbo consiste no modo como se encontra em uma


estrutura e como tal verbo expressa evento, estado, processo ou ação. O aspecto lexical se
distingue do aspecto gramatical porque o aspecto lexical é uma propriedade inerente de uma
eventualidade, já o aspecto gramatical seria uma propriedade de uma realizaçãosintática ou
morfológica. O primeiro é invariável e o segundo é dependente da necessidade do falante.

Um dos autores que trouxe uma importante discussão a respeito do aspecto lexical é Vendler
(1967), o qual propõe uma classificação para as classes acionais. Segundo o autor, existem quatro
classes:

a) Os verbos estativos, que seriam os verbos em que se observam um evento sem final evidente,
mas com certa duração.

Exemplo: “amar”

b) Os verbos de atividade, que seriam aqueles com final arbitrário atingindo apenas

por meio de intervenção externa.

Exemplo: “caminhar”

c) Os verbos accomplishments, que seriam os verbos que demonstram duração

marcada por fases sucessivas até que o fim seja alcançado.

Exemplo: “pintar uma casa”.

d) os verbos achievements, que são aqueles em que se observa apenas o desfecho final

da ação, alcançado de forma instantânea.


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Exemplo: “nascer”.

Outros autores chamam a atenção para a importância do complemento verbal e do papel do


advérbio na determinação do aspecto lexical, tal como Arad (1996). Podemos observar duas
orações como “Luíza corre” e “Luíza corre até a praia”. Na primeira sentença, não percebemos a
finitude do evento, ao passo que, na segunda sentença, o percebemos.

Notadamente, a diferença entre as duas orações ancora-se na natureza do SP “até a praia”. Na


primeira sentença, teríamos associado ao SV, o traço de atelicidade. Na segunda, o traço de
telicidade. Essas noções constituiriam o que denominamos de aspecto lexical.

Além disso, teríamos outra forma de classificarmos o aspecto, que é denominado aspecto
gramatical. Ou seja, ao vislumbrarmos frases como “Eu estudei a matéria” e “Eu estudavaa
matéria todos os dias”, percebemos que as duas têm, como tempo, o passado. A diferença entre
elas reside na noção aspectual.

Isto é, na primeira frase, a ideia é de que o evento é findado e, na segunda, há ideia de


progressão. Essas noções de eventos acabados e não acabados estão ligadas a aspecto gramatical
e estão reveladas por morfemas.

Nos dois casos, respectivamente, temos: –Ø– no pretérito perfeito (estude–Ø–i), em que –Ø– é
um morfema zero que indica tempo passado e aspecto perfectivo. Já em “estudava”, temos o
morfema –va-, no pretérito imperfeito (estuda –va– Ø), indicando que o tempo está no passado e
o aspecto está no imperfectivo.

1.4 Quadro aspectual do Português

Conceituado o aspecto e determinadas as noções aspectuais, é preciso estabelecer um quadro


aspectual, uma taxionomia dos aspectos. Nesta tarefa temos, basicamente, três possibilidades:
estabelecer um quadro de aspectos compostos, um quadro de aspectos simples ou um quadro
misto com aspectos simples e compostos.

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1.5 Da impropriedade de um quadro de aspectos compostos.

1.6 Preliminares

Chamamos de compostos aqueles aspectos que são caracterizados por mais de uma noção
aspectual. É o caso, por exemplo, do Perfectivo e Imperfectivo1 na definição que deles deram
Castilho (1967) e Comrie (1976). Aspectos simples serão aqueles caracterizados por uma única
noção aspectual.

No quadro estabelecido por Câmara Jr. (cf. item 1.3.8) encontramos alguns exemplos de aspectos
simples tais como o Inceptivo, o Inconcluso, o Pontual, entre outros.

Na argumentação a respeito da impropriedade dos aspectos compostos vamos nos valer,


principalmente, do quadro proposto por Castilho (cf. item 1.3.9) não só por ser o único que fez
um estudo mais sério do aspecto em Língua Portuguesa, mas também por ser o único que
estabeleceu um quadro que busca dar conta de todos os casos possíveis em uma análise aspectual
do Português.

1.7 Aspectos compostos

Procuraremos demonstrar aqui não só que um quadro de aspectos simples permite uma análise
aspectual melhor, por ser mais simples e completa a análise com um menor número de
elementos; mas também uma série de impropriedades de análise que já deverão ser consideradas
quando da proposição do quadro aspectual e sua aplicação na análise.

Para Castilho (1967), o perfectivo se caracteriza pela noção de completamento que ele entende
como sinônima de acabamento uma vez que diz: “As nuanças decorrentes da ação totalmente
decursa permitem subdividir o perfectivo em três tipos” (CASTILHO, 1967, p.50).

Não há dúvidas quanto a isto já que Castilho o declara em diversas passagens: “Temos o aspecto
perfectivo se se indica uma ação cumprida, contrária à noção de duração” (CASTILHO, 1967,
p.14); “O perfectivo indica processo acabado” (CASTILHO, 1967, p.15).

O perfectivo, para ele, também “designa a ação-ponto” (CASTILHO, 1967, p.54), já que o
completamento “implica na indicação precisa do começo e do fim do processo, polos estes
separados por um lapso de tempo extremamente curto e não significativo.” (CASTILHO, 1967,

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p.50). Portanto o Perfectivo seria um aspecto composto caracterizado pelas noções de
completamento (= acabamento) e pontualidade.

O imperfectivo é, pelo mesmo autor, caracterizado como sendo marcado pelo valor fundamental
de duração (CASTILHO, 1967, p.49), indicando uma ação que dura (CASTILHO, 1967, p.41)
uma ação-linha (CASTILHO, 1967, p.54).

A duração apresentaria sempre um dentre três matizes (cf. item 1.3.9) que caracterizariam três
subtipos: os aspectos Imperfectivo Inceptivo (noções de duração + início) Imperfectivo Cursivo
(noções de duração + meio) e Imperfectivo Terminativo (noções de duração + fim).

Portanto o Imperfectivo seria um aspecto composto em qualquer dos três subtipos que
aparecesse. Deve-se notar que ao caracterizar o Perfectivo e o Imperfectivo, Castilho não diz que
este se caracteriza pelo não acabamento. Sua colocação faz pensar que ele opõe completamento
no Perfectivo a duração no Imperfectivo, ou seja, podemos dizer que explicitamente Castilho não
afirma que o Imperfectivo apresenta a ação como não acabada.

Entretanto, pela oposição entre Perfectivo e Imperfectivo, isto parece ficar implícito.

Observem-se os exemplos abaixo, extraídos de Castilho (1967). Entre parênteses aparece o


aspecto que ele disse estar presente na forma em negrito e a página de onde se extraiu o exemplo.

“Na sua voz irradiante começou logo a contar uma complicada história familiar, atravessada de
traições, de direitos e de deveres”. (Imperfectivo Inceptivo propriamente dito - p.63)

“Principiou a falar pausadamente, depois agitou-se, parecia um louco”. (Imperfectivo Inceptivo


propriamente dito - p.64).

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Conclusão

No estudo do verbo no Português pouca atenção tem sido dada à categoria de aspecto. Evidência
disto é o fato de nossas gramáticas tradicionais, com raras exceções, quase não tratarem desta
categoria. A sua não consideração criou uma lacuna na descrição do sistema verbal português
cujo preenchimento, por si só, justifica a realização não „só deste, mas de muitos outros estudos
sobre aspecto.

Além disso a definição e descrição mais completa e exata do sistema verbal do Português fornece
melhores subsídios à Linguística Aplicada na elaboração de planos e métodos para o ensino de
nossa.

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Bibliografia

1. Campos, M. H., & Xavier, M. F. (1991). Conceitos básicos. Lisboa: Universidade Aberta.

2. CASTILHO, A. T. (1967). Introdução ao estudo do aspecto verbal na língua portuguesa.


Alfa: Marília.

3. COMRIE, B. (1976). Aspect: an introduction to the study of verbal aspect and related
problems. London: Cambridge University Press.

4. Covane, L. A. (2017). Linguistica Descritiva II. Maputo: UCM.

5. TRAVAGLIA, L. C. (2016). O aspecto verbal no Português : categoria e sua expressão.


Uberlândia: EDUFU.

6. Vendler, Z. (1967). Verbs and Times. In Linguistics in Philosophy. Devecser : Cornell


University Press.

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