06/03/2020

Psicologia da Memória P201

Sumário
• Esquecimento:
• Definições
• Teorias do esquecimento
• Teoria do desuso
• Teoria da interferência
• Teoria do défice de indicadores específicos (incongruência contextual)

Esquecimento: Definições
Definição

“O esquecimento é a dificuldade de recordar a informação no momento

mais adequado”
Pinto (2011), página 161

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Tipos de esquecimento
Esquecimento definitivo

Por deterioração completa do traço (engrama ou registo)

Esquecimento temporário
Por ausência de um indicador, pista ou fragmento de informação que possa
levar o ato de recordação ao traço de memória retido.

a) Acessibilidade e Disponibilidade da Informação (Tulving e Pearlstone,

1966).
b) Causa do esquecimento: processos deficientes ao nível da fase de
aquisição, da fase de recordação ou da interação entre ambas. 3

Teorias do esquecimento – teoria do desuso

• Teoria do declínio temporal do traço de memória.
• O esquecimento resulta da falta de uso durante o período de permanência
do traço na memória.

• A repetição permite a conservação e consolidação do traço na memória

• A informação é mais forte quanto mais recentemente foi apresentada
Repetição • A informação é mais fraca quanto maior for o tempo sem uso na memória
• Sem repetição o traço de memória enfraquece e degrada-se ao longo do tempo

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Teorias do esquecimento – teoria do desuso

• Papel do fator tempo: o tempo em si pode não ter qualquer efeito. O que
terá efeito poderão ser as coisas que sucedem correlacionadas com o
decurso do tempo. Assim esta teoria prevê que alterações internas do
cérebro e da mente decorrem ao longo do tempo e podem ter um efeito.
(Estas alterações não são as acrescentadas pela interferência).

• Papel do tempo e psicologia popular:

“O tempo apaga todas as coisas”
Ovídio

Teorias do esquecimento – teoria do desuso

• Esta teoria permanece sem um teste experimental direto.

• O apoio empírico tem sido misto.
• É impossível controlar a variável interferência em termos absolutos.
• Há sempre aprendizagem, até a dormir.

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Teorias do esquecimento – teoria do desuso

Uma experiência óptima para testar o papel do tempo:
1. Participantes que nunca tivessem aprendido nada
2. Apresentação de uma lista de palavras
3. Desligar os participantes durante diferentes intervalos de tempo
4. Recordar a lista imediatamente quando voltarem a estar ligados

Teorias do esquecimento – teoria do desuso

Experiências realizadas para avaliar os efeitos do tempo no grau de
retenção
1. Jenkins e Dallenbach (1924)
. SSS
. Desempenho diminui com o aumento do [t]
. Desempenho pior na condição acordado [IR?]
. Desempenho diminui na condição dormir [IP?]

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Teorias do esquecimento – teoria do desuso

Experiências realizadas para avaliar os efeitos do tempo no grau de
retenção
2. Conrad e Hille (1957)

. Variaram o ritmo de apresentações dos itens nas listas

. Ritmos mais rápidos implicariam menor tempo entre a apresentação
e a evocação
. Ritmos mais rápidos produziram uma melhoria de desempenho de
cerca de 10%

Teorias do esquecimento – teoria do desuso

Experiências realizadas para avaliar os efeitos do tempo no grau de
retenção
2. Pinto, A. C. e Baddeley, A. (1991). Where did you park your car? Analysis
of a naturalistic long-term recency effect. European Journal of Cognitive
Psychology, 3, 297-313.
. Estudo naturalista
. Estudo 2 – Onde estacionou o seu carro? 2h, 8h, 30d --- 72%, 73%, 72%
. Estudo 3 – Part.s deslocaram-se duas vezes ao lab com um intervalo
de duas semanas. Teste 4 sem.s após a última visita vs. 2 sem.s
depois 37% e 42%  A interferência tem um papel forte.

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Teorias do esquecimento – teoria do desuso

Experiências realizadas para avaliar os efeitos do tempo no grau de
retenção
Os estudos apresentados não permitem que se considere que o tempo não
tem um papel relevante no esquecimento. O tempo pode interagir com a
interferência para resultar no esquecimento.

Modelo de discriminação temporal

Crowder, 1976 11

Teorias do esquecimento – teoria da

interferência

Definição:
A interferência corresponde á ideia de que armazenar traços
semelhantes impede a recuperação. (Baddeley, 2015, p.240)

A interferência é uma inibição da recordação resultante da

aquisição de outras informações similares, originando um efeito
de competição entre as diferentes memórias levando à
desaprendizagem de uma em relação a outras.
(Pinto, 2011, p.166) 12

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Teorias do esquecimento – teoria da

interferência
Interferência Retroactiva
Ocorre quando a aprendizagem de uma lista A é afetada pela aprendizagem
de uma lista semelhante B.

McGeoch e MacDonald (1931), adaptado de Pinto, A.C. (2011) 13

Teorias do esquecimento – teoria da

interferência
Interferência Proactiva
Ocorre quando a evocação de uma lista de palavras B é afetada negativamente
pela aprendizagem prévia de outra lista semelhante.
Sessão 1 - 10 palavras ---critério 100%
IR10 min
Sessão 2 evocam lista 1 - aprendem 2ª lista
IR10 min
Sessão 3 – evocam lista 2 - aprendem lista 3
IR10 min
Sessão 4 – evocam lista 3 - aprendem lista 4
5ª sessão --- evocam a lista 4

A IP seria a que produzia um grau de

esquecimento maior

Greenberg e Underwood (1950), adaptado de Pinto, A.C. (2011)

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A IP aumenta com o número de listas mas este efeito é notório sobretudo para IR grandes

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Teorias do esquecimento – teoria da

interferência
Interferência Retroativa, desaprendizagem

Lista A-B Lista A-C

Cama – janela Cama – café

Maçã – prego Maçã – lápis
Jardim – gato Jardim – lista
… …

Lista A-B 100%

Barnes e Underwood (1959), adaptado de Pinto, A.C.

15 (2011)

Teorias do esquecimento – teoria da

interferência
Tulving, 1967

Tulving observou que quando se pedia a evocação repetida de uma lista de

palavras (AEEE) A quantidade das palavras evocadas permaneceu constante, mas
as palavras evocadas variavam. Umas vezes eram esquecidas, outras recordadas.

Ver “A instabilidade do esquecido”, Sílvio Lima, 1928.

Nem a teoria da interferência nem a teoria do desuso explicam os resultados de

Tulving (1967) pois a interferência que atua na primeira evocação deve atuar nas
seguintes.

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Teorias do esquecimento – teoria do défice

de indicadores específicos

A codificação não é tudo: processos de recuperação da informação têm uma

palavra a dizer.

Segundo Tulving (1983) o acesso à informação armazenada é dirigido por pistas

ou indicadores de recuperação.

As pistas seriam codificadas juntamente com a informação a ser recordada.

A boa recordação depende também do modo como o material é recuperado.

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Teorias do esquecimento – teoria do défice de

indicadores específicos
Estudo de Tulving e Osler (1968)
Condições Codificação
Pistas Presentes Ausentes

Presentes S-S S-N

1 2
Evocação
Ausentes N-S N-N
3 4

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Teorias do esquecimento – teoria do défice de

indicadores específicos
Estudo de Tulving e Osler (1968)
Resultados
Codificação
Pistas Presentes Ausentes

Presentes 14,3 8,4

Evocação
Ausentes 9,1 10,6

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Teorias do esquecimento – teoria do défice de

indicadores específicos
Estudo de Tulving e Osler (1968)

Indicadores “remotos” vs. indicadores “fortes”

Fio - AZEITE óleo - AZEITE

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BIFE
faca
21

BIFE
carne
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65%

?
faca
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58%

?
carne
24

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Teorias do esquecimento – teoria do défice

de indicadores específicos

Princípio da codificação específica de Tulving e Thomson (1973)

Nenhum indicador, pista ou contexto, independentemente do maior ou

menor grau de associação com o item-a-ser-evocado, poderia facilitar
maximamente a evocação desse item, a menos que tivesse estado
presente na fase da codificação.

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Teorias do esquecimento – teoria do défice

de indicadores específicos
Princípio da codificação específica de Tulving e Thomson (1973)

1. O modo como os itens são percebidos afeta o modo como são

armazenados.
2. Os indicadores selecionados na altura da codificação determinam o tipo
de indicadores que facilitarão o acesso à informação retida.
3. Quanto maior for a concordância entre os indicadores usados nas fases
de codificação e recuperação melhor serão os resultados obtidos.

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Teorias do esquecimento – teoria do défice

de indicadores específicos

Contexto externo

Contexto interno

Esquecimento dependente do indicador, transitório.

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Teorias do esquecimento – teoria do défice

de indicadores específicos

Godden & Baddeley (1975)

Codificação
Contexto água terra

água 32% 24%

Evocação
terra 23% 38%

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Teorias do esquecimento – teoria do défice

de indicadores específicos
Smith (1979)

60 participantes lista de 80 palavras cave decorada

cortinas laranja
mesas e cadeiras
tapetes laranja, etc.

prova de reconhecimento

2º Dia Grupo 1 cave 18

Grupo 2 sala de informática no 5º andar 12
Grupo 3 sala diferente: imaginam a sala da cave antes 17,2

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Teorias do esquecimento – teoria freudiana

da repressão

Próxima aula

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