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4/24/2020

Psicologia da Memória P201


Sumário
• Memória a Longo Prazo.
• Continuação do sumário da aula anterior.
• Modelos de memória a longo prazo.
1. Modelo de Bower (1978).
2. Modelo de Tulving (1985).
3. Modelo de Squire (1987; 1995).
• Processos de consolidação na MLP.

Modelos de MLP
• Bower, 1978
• Conhecimento sensorial e percetivo (perceções e imagens, sons, sabores…)
• Conhecimento motor e procedimental (competências, habilidades, aptidões)
• Conhecimento proposicional (factos, conceitos, relações e significados –
descrito de forma verbal)

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Modelos de MLP – TULVING, 1985

Hipocampo Medidas: Evocação live, seriada, auxiliada e reconhecimento


e LTM; Lobos frontais
Para distinguir experiências reais
de imaginadas Medidas: vocabulário, leitura, compreensão,
conhecimentos, exemplares…
Zonas cerebrais idênticas às da
memória
episódica

Córtices motor e pré-


motor, cerebelo e
gânglios da base

Memória

Declarativa (explícita) Não-declarativa (implícita)

Factos Eventos Habilidades Ativação Condicionamento Aprendizagem


e hábitos clássico simples não-associativa

Respostas Respostas
emocionais motoras

Lobo temporal medial Estriado Neo-córtex Amígdala Cerebelo Vias Reflexas


Diencéfalo

Squire e Knowlton (1995)


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Memória declarativa ou explícita


• Recordação do conhecimento que pode ser declarado (reproduzido
verbalmente, de forma consciente).
• Especializado para uma aprendizagem rápida (num só ensaio) e para a
realização de associações arbitrárias entre estímulos (244-Leiria)
• Lobo temporal medial e estruturas diencefálicas (hipocampo, córtices
entorrinal, perirrinal e para-hipocampal)

Memória não-declarativa ou implícita ou


procedimental
• Dependente de um conjunto heterogéneo de subsistemas
independentes do hipocampo.
• Agrupa ações, habilidades, aptidões motoras, respostas
condicionadas e preferências cujas mudanças e melhorias no
desempenho não são objeto de uma recordação consciente.

Implícito – inconsciente
Explícito – consciente

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As memórias não-declarativas
• Aprendizagem não-associativa: habituação e sensitização.
• Aprendizagem por condicionamento simples (Pavlov).
• Aprendizagem por ativação percetiva. Priming percetivo.
• Aprendizagem de habilidades e hábitos. Aptidões motoras.

Ver Pinto (2011) pág. 243 e seguintes: apresentação de estudos de


amnésia e de participantes normais que apoiam a distinção entre
memória declarativa e memória não-declarativa.

MLP: Codificação e consolidação


• Reter informação por longos períodos de tempo tem um papel
adaptativo.
• De modo automático os organismos registam dados espaciais,
temporais, de atração e aversão que lhes permitem orientar-se no
seu meio ambiente, encontrar alimento, formar ligações com os
outros membros da espécie e fugir de predadores.
• Os humanos conseguem aplicar processos cognitivos voluntários que
facilitam o registo, retenção e consolidação da informação de forma
mais permanente.

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Repetição
• Ebbinghaus (1885). Quanto maior fosse o número de repetições de
uma lista de CVC menor seria o tempo necessário para a reaprender
no dia seguinte.
• Waugh e Norman (1965).
• Atkinson e Shiffrin (1968).

Tipos de repetição
• Repetição simples – processo de articulação contínua dos itens na
MCP, ordenada e sem acrescentos de quaisquer associações. Eficaz
em tarefas de curto prazo.

• Repetição elaborada – associada a aprendizagens complexas. Implica


um aprofundamento maior da informação e o estabelecimento de
associações com o conhecimento prévio da pessoa.

Ex. 171112

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Estudos naturalísticos de repetição


• Sanford (1859-1924) – “Oração do Senhor”
• Bekerian e Baddeley (1980) – BBC
• Pinto (2006) – Euro
• Zajonc (1980) – mere exposure effect

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Estudos laboratoriais de repetição


• Craik e Watkins (1972)
• 12 listas 12 palavras.
• Repetir cada palavra – 4 últimas muito importantes – em maiúsculas.
• Evocação imediata e 20 segundos depois.
• No final das 12 listas – evocar todas as palavras.
• Resultados:
• Lista a lista, intervalo de 20 segundos – CPS
• No final das 12 listas, zona de recência teve o resultado mais baixo

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Estudos laboratoriais de repetição


• Rundus (1977)
• Paradigma Brown-Peterson invertido
• Número-palavra-??? Número (IR-4, 8, 12s)
• ½ intencional; ½ acidental
• Recordação > na condição intencional

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Estudos laboratoriais de repetição


• Hebb (1961) – Efeito implícito da repetição na memória
• 24 sequências de 9 dígitos.
• Uma repetia-se a cada 3 ensaios (pos. 3, 6, 9, 12, 15, 18, 21, e 24)

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Estudos laboratoriais de repetição


• O método usado por Hebb foi o da reaprendizagem e os resultados
mostram efeitos positivos da repetição, mesmo na ausência de
consciência de que a informação era repetida.

• O efeito da repetição na MLP é superior em condições de prática


intensa e espaçamento dos ensaios de treino com intervalos
crescentes.

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Repetição e expertise
• Ericsson e colaboradores (1993): jovens violinistas de 20 anos, de
elevado potencial internacional tinham já acumulado, desde os 3
anos, 11 000 horas de treino (2 horas por dia ao longo de 17 anos, 6x
mais que aspirantes a professores de música da mesma idade).

• Chase e Simon (1973): mestre de xadrez terá acumulado mais de 25


000h de dedicação, em estudo, observação e realização de partidas
(mais de 3h por dia, todos os dias, desde os 8 aos 30 anos).

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Repetição e MLP, síntese


• Efeito elevado em situações de prática extensa e continuada.
• Efeito significativo quando se conjuga a prática com um intervalo
crescente entre as sessões.
• Efeito real em muitas tarefas laboratoriais de exposição subliminar e
em contextos publicitários (embora o efeito possa apenas ser
detetável em tarefas de memória implícita).

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Formação de imagens (imagery)


• A formação de imagens mentais envolve a formação de uma
representação mental de sons, palavras, objetos, sabores, seres e
acontecimentos.
• Envolve uma forte componente visual que pode ser acompanhada de
outras componentes sensoriais como a audição, o olfato ou o tato.

“Que voz amarela e quebradiça, o senhor tem!”

Shereshevskii a propósito de Vygotsky

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Estudos da eficácia das imagens


• Bower e Winzenz (1970)
• Listas de 15 pares de palavras não-relacionados (eg. cama-lápis)
• Repetição silenciosa do par
• Ler uma frase que incluía as palavras do par
• Formar uma frase que incluísse as palavras do par
• Formar uma imagem vívida que combinasse as duas palavras

• Resultados: 35; 55; 77; 87% respectivamente


• Bower (1970)
• Imagens interativas (53%) versus imagens passivas (27%) – repetição (30%)

bic

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Estudos da eficácia das imagens


• Shaughnessy (1981)
• Listas de pares de palavras não-relacionados (eg. mesa-carpete)
• Repetição passiva (repetir o maior número de vezes)
• Repetição elaborada (formar uma imagem que combinasse as duas palavras)
• Estudantes acharam que as estratégias eram igualmente eficazes

• Resultados: Repetição elaborada foi 60 a 75% mais eficaz

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Teoria da dupla codificação de Paivio (1969)


• Sistema verbal
• Localizado no hemisfério esquerdo
• Regista informação linguística e descrições verbais, independentemente da
modalidade sensorial

• Sistema de imagens
• Associado ao hemisfério direito
• Armazena imagens e respetivas caraterísticas visuais dos objetos e situações

A informação é mais facilmente recordada sempre que foi processada


nos dois sistemas em vez de num só
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Métodos de memorização
• Mnemónicas
• Rimas etc. procuravam auxiliar a memória na transmissão de conhecimento
• Valiosas quando o acesso à escrita era limitado
• Algumas surgiram na Grécia antiga.

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Mnemónica dos lugares


• 1º Sequência de locais num percurso bem conhecido
• 2º Lista de itens a memorizar
• 3º Formação de uma imagem mental interativa entre cada lugar e
específico do percurso e o item a memorizar

• Melhorias dos 300 a 500%


- Aquisição: processamento mais profundo; aquisição relacionada com
o que já se conhece (os lugares)
- Recuperação: reposição do contexto
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Outras mnemónicas:
• Mnemónica das rimas de números (um – atum; dois – bois …)
• Mnemónica das molas (baseada num método de tradução fonética)
• Elaboração de uma narrativa (link ou story method)
• Método de Atkinson e Raugh (1975) para aprendizagem de
vocabulário de línguas estrangeiras:
• Duck - Pato
• Duck – Pot - Pato

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Codificação e consolidação. Síntese.


1. Repetição simples espaçada crescente.
2. Visualização e formação de imagens.
3. Análise semântica, elaborada e auto-referente.
4. Organização temática piramidal.
5. Descoberta de conceitos agregadores (Bransford e Johnson, 1972).
6. Congruência contextual.
7. Recordação correta, repetida e espaçada.

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