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norma jurídica
4 Conceito de norma
Teoria da norma jurídica
O conceito de norma jurídica tem caráter amplo e engloba os diferentes tipos de fonte de
direito reconhecidas pelo Estado, que criam condicionantes do agir social e fixam as bases
da organização das instituições públicas no Estado de Direito.
A norma jurídica se apresenta como heterônoma, na medida em que deriva de uma impo-
sição externa à consciência de seu destinatário, sendo dotada também de caráter obrigatório.
ATENÇÃO
Em outras palavras, o cumprimento das normas é algo impositivo a todos, sejam agentes públicos, sejam
particulares, independentemente da opinião pessoal do destinatário a seu respeito.
Normas de conduta
CONCEITO
Estrutura da norma = hipótese (fato) + dispositivo (sanção)
Normas de organização
CONCEITO
O esquema lógico da norma de conduta é o seguinte:
Premissa Maior: previsão de um rito ou procedimento.
Premissa Menor: descumprimento de requisito formal ou material.
Efeito: nulidade do ato praticado.
SILOGISMO NORMATIVO
SILOGISMO NORMATIVO
Segundo um critério estritamente de ordem formal, a norma jurídica pode ser classificada
em função do tipo de comando nela contido, compreendendo as seguintes espécies:
É aquela que exige de seu destinatário uma conduta positiva ou uma ação,
NORMA sendo antijurídica qualquer atitude diferente da prescrita na lei ou a omissão.
IMPERATIVA Um exemplo seria uma norma que exige o recolhimento de um determinado
OU COGENTE valor de imposto, diante da ocorrência da hipótese legal (fato gerador). O não
(PRECEPTIVA) recolhimento do tributo pelo contribuinte ou o seu recolhimento em desconfor-
midade com o montante previsto na lei denotam uma violação à ordem jurídica.
Este tipo de norma compreende aquelas situações em que a ordem jurídica cria
um padrão de agir, mas permite ao destinatário optar por uma atuação diferen-
NORMA te, de acordo com o princípio da autonomia privada. No Direito Civil, a legislação
SUPLETIVA cria regimes jurídicos padronizados para a destinação dos bens no casamento
(PERMISSIVA) e na sucessão por morte, mas permite aos nubentes a celebração de um pacto
antenupcial, no primeiro caso, e ao falecido a elaboração de legados ou testa-
mentos, no segundo, dispondo de forma diversa do padrão legal.
A hipótese nela prevista tem conteúdo aberto, sendo aplicável a uma infi-
NORMA nidade de situações. As normas que trazem em si princípios de direito ou
GENÉRICA garantias fundamentais tendem a ter uma dicção genérica: “todos são iguais
perante a lei”, por exemplo.
Uma observação importante, correlata a este tema, diz respeito à existência de ramos
do direito cujas normas tendem a ser consideradas mais genéricas, se comparadas às de
outras áreas do Direto.
Alguns ramos do Direito seriam dotados de caráter matricial em relação a outros e
suas normas poderiam ser consideradas genéricas em comparação com as dos ramos
deles derivados.
Este tipo de correlação existe entre o Direito Civil e o Direito do Trabalho, que seria
um desdobramento do regime da locação de serviços, o Direito do Consumidor, ramo que
disciplina uma modalidade peculiar de compra e venda e de locação de serviço, e o próprio
Direito Ambiental, que tem uma proximidade com o regime originário dos direitos de vizi-
nhança. Tendo em vista o caráter especializado destes ramos do Direito, as normas de Di-
reito Civil lhes forneceriam parâmetros gerais, desde que não existente uma norma própria
dentro do ramo do direito respectivo.
EXEMPLO Quanto ao elemento espacial
O Direito Civil e também o Direito Pro- Na tipologia das normas, adota-se também um critério de abrangên-
cessual Civil, por exemplo, seriam ra- cia territorial ou espacial, que está intimamente ligado às competên-
mos do direito de “natureza genérica”, cias políticas em termos legislativos, fixadas pela Constituição e pelo
não obstante o fato de apresentarem Direito Internacional.
na sua legislação própria normas gené-
ricas e específicas. As relações entre os Estados na ordem internacional con-
tam com normas estabelecidas com base em tratados,
convenções e costumes internacionais, cujo fundamento
se encontra no princípio da “autolimitação da soberania”,
segundo o qual, os Estados se submetem voluntariamen-
NORMA DE te às regras de direito internacional, a elas aderindo e
DIREITO recepcionando no direito interno, de acordo com os pro-
INTERNACIONAL cedimentos previstos na legislação de cada país. Não
há uma sujeição compulsória dos Estados às normas do
direito internacional, que serão a eles aplicadas, via de re-
gra, quando houver uma submissão voluntária, motivada
por variados fatores, como política internacional, interes-
ses estratégicos, econômicos etc.
O modelo hierarquiza-
A hierarquia entre
do de inspiração kelsenia-
na fixa um tipo de corre-
as normas não pode
lação entre as normas na ser confundida
qual prepondera a Cons- com a repartição
tituição, que serve de fun- político-territorial de
damento de validade para
competências legislativas.
a lei (conceito que engloba
as diferentes espécies legislativas previstas constitucionalmente), que,
por sua vez, dá validade aos chamados regulamentos, que são elabora-
dos pelas autoridades administrativas.
Situação diversa ocorre na repartição de competências normativas entre os entes da fe-
deração, na qual não há hierarquia entre eles, mas tão somente uma delimitação constitu-
cional das matérias sobre as quais cada um pode legislar. Assim, ao tratar de tema que não
é de sua competência, a lei federal viola a Constituição, do mesmo modo que uma lei de um
Estado que discipline matéria afeta a legislação federal não estará violando lei federal e sim
o texto constitucional, uma vez que inexiste hierarquia entre os entes públicos, no que se
refere à competência de produção de suas próprias normas.
O usual é que uma norma ao entrar em vigor, assim permaneça até que outra
NORMA
norma a revogue, salvo se ela própria criar algum tratamento específico para a
PERMANENTE
sua incidência temporal.
Situação excepcional no direito, se traduz por uma norma cuja vigência é limita-
da no tempo por disposição expressa daquele que a criou ou pelo exaurimento
das hipóteses concretas por ela alcançadas. Uma norma prevendo uma anistia
ou um parcelamento de um débito fiscal normalmente terá uma data limite para
que os interessados requeiram o benefício. Findo tal prazo, o regime diferencia-
do não mais poderá prevalecer, valendo a regra geral. Uma modalidade peculiar
NORMA de norma temporária se expressa pelas chamadas disposições transitórias, por
TEMPORÁRIA vezes inseridas em textos legislativos, com a finalidade de disciplinar algumas
situações pontuais que escapam ao regramento trazido pela nova lei ou que de-
mandam uma disciplina excepcional, tendo em vista o impacto que determinadas
mudanças podem trazer para a esfera jurídica de certas pessoas. Cria-se, então,
o regime híbrido, diferente do trazido pela mudança legislativa, que preserva even-
tualmente alguns traços da legislação revogada durante determinado período de
tempo ou até a ocorrência de determinados fatos previstos na legislação.
Matéria que é objeto de discussão aprofundada no ponto sobre aplicação da lei no tempo,
a incidência da norma jurídica sobre os fatos ocorridos antes da sua entrada em vigor, tam-
bém inspira uma classificação própria.
CONCEITO Com base no princípio da irretroatividade da lei, em regra
a mudança legislativa operará apenas em relação aos fa-
Ex nunc tos ocorridos após a entrada em vigor das novas normas,
Os efeitos NÃO retroagem. NORMA
o que se chama de efeito prospectivo, ex nunc, sendo
Ex tunc DE EFEITO
importante destacar que tal princípio no direito brasileiro
Os efeitos retroagem. PROSPECTIVO
é balizado pelos fenômenos da coisa julgada, do direito
adquirido e do ato jurídico perfeito, que serão estudados
em item específico.
Quanto às fontes
EXEMPLO
Utilizando-se o exemplo da competência da União, Estados e Municípios para legislar no direito brasileiro, para
que uma norma seja despida de vícios, não basta que o ente público tenha competência legislativa, sendo preci-
so que ele seja legitimado pela Constituição para criar a disciplina jurídica de uma determinada matéria.
Da Validade
O campo da validade da norma jurídica situa-se em uma posição média entre a questão
formal e material do direito.
Levando-se em consideração que a norma inicialmente se incorpora à ordem jurídica
(plano da vigência), a aferição da validade normativa consiste em verificar a compatibilida-
de da norma com o restante das normas do ordenamento jurídico.
São hipóteses de invalidade das normas:
A revogação tácita, que decorre da aferição da incompatibilidade dos conteúdos de uma norma mais
antiga e uma mais recente, concluindo-se pela revogação da primeira.
A própria questão da nulidade da norma, da qual a inconstitucionalidade seria uma espécie, pois se
sabe que os regulamentos possuem natureza de norma jurídica e eventualmente afrontam as leis e
não a Constituição de forma direta.
Verifica-se, portanto, que o foco no plano da validade pode até levar o aplicador do di-
reito a concluir pela própria falta de vigência da norma, como no caso da revogação tácita,
incidindo em um campo mais de ordem formal, ou pela incompatibilidade sistêmica de
uma norma em vigor, o que refletirá em uma esfera fática ou material, identificada com a
dimensão da eficácia, a seguir examinada.
Da Eficácia
aspectos ora debatidos: dade por ser incompatível com as demais normas
do sistema jurídico, o efeito prático de tal decisão
de vigência, validade e será exatamente o da proibição da sua aplicação
eficácia. aos casos concretos.
Trata-se de uma norma vigente no ordenamento, mas que apresenta um vício jurídico,
que a tornará ineficaz a partir de uma decisão judicial neste sentido.
Cumpre ressaltar que a invalidade da norma não gera a sua revogação, mas tão somente a
suspensão de sua eficácia, em decorrência do fato de que somente a autoridade competente
para a elaboração da norma poderá retirá-la da ordem jurídica, cabendo ao Judiciário apenas
torná-la ineficaz.
ATENÇÃO
Não se pode, entretanto, confundir desuso e ineficácia da norma com o fato
de que determinadas regras de direito são reiteradamente descumpridas como
resultado da falta de exigibilidade de sua observância por parte das autoridades
públicas competentes.
ATIVIDADE
1. Sobre a norma jurídica, é correto afirmar que:
a) Existe hierarquia entre a legislação federal, a estadual e a municipal.
b) Nem toda norma jurídica tem caráter permanente.
c) A ineficácia de uma norma compromete a sua vigência.
d) A norma de organização tem como destinatária a sociedade.
e) A norma de “efeitos concretos” e a específica são idênticas.
Questão discursiva
Com relação aos fenômenos do desuso da norma e da lei anacrônica, estabeleça relações abordando suas
repercussões na prática do direito.