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1.

Fármacos relevantes no consultório odontológico


2. Emergências e urgências hipertensivas
3. Sepse: abordagem odontológica emergencial
4. Dor torácica no atendimento odontológico
5. Distúrbios de consciência e convulsões

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1. FÁRMACOS RELEVANTES NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO


Grupos
1. Analgésicos
2. Sedativos
3. De ação bronco-pulmonar
4. De ação cardiovascular

Analgésicos

Nível de medo e ansiedade levam o paciente a descompensar e aumentar sua sensibilidade


à dor.

Causas de dor na Odontologia


Agudas
• Pulpite reversível
• Pulpite irreversível
• Necrose pulpar
• Abscesso periapical
• Periodontite sintomática
• Pericoronarite
• Oclusão traumática
• Abscesso periodontal
• Injúrias

Crônicas
• Disfunções miofasciais
• Disfunção de ATM
• Enxaquecas
• Neuralgia do trigêmeo
• Neuralgia do glossofaríngeo
• Neurites

Consequências agudas da dor


Efeitos
• Vasoconstrição e taquicardia
• Retenção de Na e água
• Hiperglicemia
• Ativação plaquetária e endotelial
Benefícios
• Manutenção do DC e da PA
• Manutenção da volemia
• Fonte energética
• Hemostasia
Riscos
• Hipertensão, isquemia miocárdica e arritmias
• Edema pulmonar
• Descompensações agudas do DM
• Eventos trombóticos
Sítios de ação de Analgesia

Antidepressivos
Agem na modulação descendente cérebro - trato espinotalâmico

Coxibes / AINEs / Opióides / Clonidina / Cetamina


Agem na modulação ascendente cérebro - trato espinotalâmico

Coxibes / AINEs / Anestésicos locais / Opióides / Clonidina / Cetamina


Agem no trato espinotalâmico

Anestésicos locais
Agem na comunicação entre nervo periférico e gânglio da raiz dorsal do tálamo

Coxibes / AINEs / Anestésicos locais


Agem nos nociceptores periféricos
Controle da Dor

Dor nível 1-4 → Fraca


Tratar com não opióides

Dor nível 5-8 → Média


Opióides fracos

Dor nível 9-10 → Forte


Opióides fortes

Pode haver uso de medicamentos adjuvantes.

Dor Fraca
Analgésicos simples
• Dipirona 500-1000mg 6/6h → reações alérgicas

• Paracetamol 500-1000mg 6/6h → toxicidade hepática


• AAS 500mg 6/6h → complicações hemorrágicas

Anti-inflamatórios não esteroidais → lesão gástrica / doença renal


• Diclofenaco 50-100mg 8/8h-12/12h

• Meloxicam 15mg/dia
• Nimesulida 100mg 12/12h

• Ibuprofeno 600-1200mg 8/8h

Corticosteróides → hiperglicemia / hipertensão / Cushing / Insuf. adrenal


• Dexametasona/betametasona 4mg/dia
• Prednisona/prednisolona 20mg/dia

Dor Moderada
Opioides fracos
• Codeína
• Posologia: 30mg 6/6h
• Associação – codeína 30mg + paracetamol 500mg 6/6h
• Indicação: Constipação
• Tramadol
• Posologia: 50mg 6/6h
• Indicação: Náuseas, vômitos e constipação
• Associação: analgésicos simples ou
anti-inflamatórios

Sedativos e ansiolíticos

Controle de medo é protocolo em pacientes com alterações sistêmicas → sedação


Benzodiazepínicos → Diazepam / Midazolam → receita azul
Óxido nitroso → diferencial

Consequências agudas da ansiedade


Efeitos
→ Ativação simpática:
• Vasoconstrição e taquicardia
• Hiperglicemia
Benefícios
• Manutenção do DC e da PA
• Fonte energética
Riscos
• Hipertensão, isquemia miocárdica e arritmias
• Edema pulmonar
• Crise ansiedade

Controle da ansiedade
Benzodiazepínicos:
• Midazolam – 0,1mg/kg
• Comprimidos ou ampolas de 15mg

• Clonazepam
• Comprimidos de 0,25mg; 0,5mg e 2mg
• Solução para gotas 2,5mg/mL.

• Óxido nitroso
Drogas de ação no sistema nervoso simpático

RECEPTORES ADRENÉRGICOS
Receptores: Efeitos:
• Alfa-1 → Vasoconstrição
• Alfa-2 → Potencializa todos os efeitos
• Beta-1 → Aumento da FC e contratilidade cardíaca
• Beta-2 → Broncodilatação e vasodilatação do leito muscular

Broncodilatadores

BETA2-AGONISTAS
Indicação: Crise de asma /
Dispneia e sibilância
• Salbutamol 100mcg/jato
• Espaçador – facilita a inalação
• 2 – 4 jatos
• Efeitos adversos: taquicardia,
tremores de extremidades

Vasopressores

ADRENALINA
• Única medicação salvadora em casos de anafilaxia:
• Ampola com 1mg/mL
• 0,3 mg IM, pode repetir 2 vezes até o paciente ser transferido
• Efeitos adversos: hipertensão, sensação de morte iminente
Antianginosos

NITRATOS
Indicação: Síndromes coronarianas

• Dinitrato de isossorbida 5mg/cp


• Propatilnitrato 10mg/cp (Sublingual – até 3
comprimidos)

• Efeitos adversos: cefaleia / hipotensão

Outros

ANTIAGREGANTES PLAQUETÁRIOS
Ácido acetil-salicílico:
• Diminuição da mortalidade nas síndromes coronarianas
• 200 – 300mg – mastigar e engolir

Resumo
2. URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS
Hipertensão Arterial Sistêmica – Definição: Condição clínica multifatorial caracterizada pela
elevação sustentada da pressão arterial sistêmica e que pode levar a mudanças funcionais
ou estruturais em órgãos-alvo.
• Pressão sistólica > ou = 140mmHg
• Pressão diastólica > ou = 90mmHg

Para fins diagnósticos, deve-se realizar medidas repetidas com valores iguais ou acima dos
acima e diante das seguintes condições:
• Repouso
• Bexiga vazia
• Sem ter fumado recentemente, mas sem estar na fissura para fumar
• Sem desconforto ou dor na ocasião da medida

Classificações

Hipertensão primária (essencial)


• É a forma mais comum (90% dos casos)
• Não há um fator ou um distúrbio que esteja causando a hipertensão

Hipertensão secundária
• Causa menos comum à suspeita principalmente em jovens
• A hipertensão não a doença em si, mas uma manifestação de outra doença subjascente
● Hiperaldosteronismo (primário e secundário)
● Feocromocitoma
● Doenças renais
● Uso de anticoncepcionais orais

➤ O diagnóstico e tratamento da causa pode normalizar os níveis pressóricos

Hipertensão leve (estágio 1)


• Pressão diastólica de 90 a 99mmHg
ou
pressão sistólica de 140 a 159mmHg

Hipertensão moderada (estágio 2)


• Pressão diastólica de 100 a 109mmHg
ou
pressão sistólica de 160 a 178mmHg

Hipertensão grave (estágio 3)


• Pressão diastólica > ou = 110mmHg
ou
pressão sistólica < ou = 180mmHg

Conceitos Relacionados à HAS

Crise Hipertensiva
→ Aumento pressórico acentuado = termo genérico:
• Geralmente pressão sistólica < ou = 180mmHg ou diastólica > ou = 120mmHg

Sintomas associados
• Devido a lesões de órgãos-alvo (Edema agudo de pulmão, infarto do miocárdio,
hemorragia intracraniana, dissecção aórtica)
• Sintomas diversos: Vertigens, zumbidos, dor de cabeça

Urgência x Emergência Hipertensiva


Emergência hipertensiva
• Crise hipertensiva ou aumento pressórico acentuado associado a lesão de
órgãos-alvo
• Cérebro, coração, aorta, rins

Urgência hipertensiva
• Crise hipertensiva ou aumento pressórico acentuado com risco elevado de lesão de
órgãos-alvo
• Pacientes que tiveram previamente lesão em órgãos-alvo

Pseudocrise hipertensiva
Quando o aumento pressórico, apesar de acentuado, é reflexo de alguma situação
fisiológica, principalmente dor e ansiedade.
• É mais comum a dor de cabeça ser a causa do que a consequência do aumento da
pressão à especialmente se leve a moderada.
• É mais comum o mal-estar ou o desconforto ser a causa do que a consequência do
aumento da pressão.

Emergências Hipertensivas

Lesão de órgão-alvo à aumento pressórico não necessariamente deve ser


a causa da lesão, mas deve estar colaborando para a sua persistência,
progressão ou reincidência:

• Síndromes coronarianas agudas → à aumento da demanda energética miocárdica


• Edema agudo de pulmão → à aumento da pré e pós-carga do ventrículo esquerdo
• Hemorragia subaracnóidea → à ruptura de aneurisma intracraniano
• Hemorragia intraparenquimatosa cerebral (AVEh talâmico) → à ruptura de um ramo
arterial profundo
• Encefalopatia hipertensiva → à pressão acima da capacidade cerebral de regular o
fluxo sanguíneo → à causa extravasamento de líquido e edema cerebral
• Dissecção aguda da aorta → à dissecção entre a camada interna e a camada
intermediária da aorta
• Situações especiais à crise de adrenérgica (feocromocitoma), eclâmpsia

Sintomas
● Dor torácica relacionado à síndrome coronariana ou a dissecção aórtica
● Falta de ar relacionada a edema agudo de pulmão + ortopneia
● Dor de cabeça aguda e intensa relacionada a hemorragia subaracnóidea
● Déficit neurológico focal relacionado a uma hemorragia no parênquima cerebral
● Confusão mental ou alteração da consciência relacionada a encefalopatia
hipertensiva
● Crise convulsiva em gestantes no caso de eclâmpsia

Urgências Hipertensivas

Aumento pressórico sem causar lesão aguda de órgãos-alvo, mas com altíssimo risco de
causar lesão:
Pacientes com lesão prévia de órgãos-alvo:
• Doença coronariana estabelecida → à angina pectoris (estável)
• Aneurisma de aorta
• Insuficiência cardíaca prévia
• AVE isquêmico ou hemorrágico prévio / ataque isquêmico transitório prévio
• Hipertensão maligna (acelerada) → à nefropatia hipertensiva

Conduta no Consultório Odontológico

História Clínica
• Tempo desde o diagnóstico de hipertensão e resposta ao tratamento
• Medicações em uso → inclusive horários que deixou de tomar nas últimas
24h
• Histórico de lesões de órgãos-alvo
• Sintomas apresentados → lesão aguda de órgão-alvo

Exame Físico
• Aferir pressão e confirmar valor aumentado
• Avaliação de comprometimento respiratório → edema agudo de pulmão
• Avaliação de dor torácica → síndrome coronariana ou dissecção aórtica
• Avaliação de comprometimento neurológico → complicações neurológicas

Manejo
Pseudo-crises
• Sem comprometimento neurológico, cardíaco ou respiratório
• Sem histórico de lesão de órgão-alvo
➠ Tratar causa base: ansiólise e analgesia principalmente.
Urgências Hipertensivas
• Sem lesão de órgãos-alvo
• Histórico prévio de lesão em órgão-alvo

➣ Avaliar tomada de últimas doses de medicações em uso → Se pulou alguma dose =


orientar a tomar essa dose

➣ Retorno ambulatorial precoce → sai do consultório odontológico com encaminhamento


para consulta médica

Emergências Hipertensivas
⟹ Presença de sintomas indicando lesão de órgãos-alvo

➣Tratamento com anti-hipertensivos parenterais


• Rápido início de efeito
• Meia-vida plasmática curta
• Correção imediata da pressão arterial ou pelo menos redução em 20%

➣ Avaliação médica de urgência


• Necessidade de solicitar atendimento médico pré-hospitalar

Planejamento do Procedimento

Emergência hipertensiva
Suspender qualquer procedimento e solicitar atendimento médico de urgência

Urgência hipertensiva
Avaliar manutenção do procedimento conforme sua complexidade e urgência

Pseudo-crise
Avaliar se o procedimento não aliviará a dor ou ansiedade do paciente e reduzirá a pressão
arterial

3. SEPSE: ABORDAGEM ODONTOLÓGICA DE URGÊNCIA


Conceitos

Sepse – Conceito
Reação inflamatória sistêmica e exagerada (desregulada) como resposta a uma infecção,
que acaba por ameaçar a fisiologia do organismo e causar disfunção de órgãos e sistemas.

• Tentativa do hospedeiro combater um agente infeccioso, mas que acaba sendo danoso
para o próprio hospedeiro
Resposta inflamatória traduzida em uma síndrome clínica
• Reação que torna as infecções graves, mesmo antes de suas complicações
• Reação que torna a infecção uma ameaça a vida do paciente

Na prática é necessária uma correlação clara entre:


• Uma infecção confirmada ou suspeita, e
• Disfunção de algum órgão ou sistema

Termos relacionados
Septicemia
• Multiplicação bacteriana na corrente sanguínea → em geral, acarreta a liberação também
de toxinas e partículas bacterianas.

Bacteremia
• Presença de bactérias viáveis na corrente sanguínea.

Infecção generalizada
• Termo utilizado pela mídia leiga para se referir a sepse, geralmente associada
a infecções com invasão da corrente sanguínea.

Fisiopatologia

Resposta Inflamatória Sistêmica na Sepse


Aumento da permeabilidade vascular por ativação endotelial
• Persistência devido a disfunção

Vasodilatação - principalmente venosa


• Pode reduzir o débito cardíaco e a oferta de O2 aos tecidos

Shunt veno-arterial periférico


• Pode reduzir a taxa de extração de oxigênio pelos tecidos

Resultados Possíveis
Injúria primária:
• Efeito da cascata inflamatória predomina em um órgão e compromete
primariamente a homeostase celular.
Injúria secundária:
• Efeito da baixa oferta de oxigênio aos tecidos causada pela redistribuição de
fluxo sanguíneo à principalmente no choque séptico.
Injúria tardia:
• Cascata inflamatória acaba por ativar a apoptose celular em órgãos que não
sofreram injúria primária e mesmo após realizado a correção que minimize a
injúria secundária.
Definições Diagnósticas

Primeira Definição - 1991


SIRS – Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica
2 ou mais dos seguintes:
• Temperatura axilar > 38°C ou < 36°C
• Frequência cardíaca > 90 bpm
• Frequência respiratória > 20/minuto ou PCO2 < 32 mmHg
• Leucócitos > 12.000 ou < 4.000 ou > 10% de formas jovens

Sepse = SIRS + infecção

Sepse grave = sepse complicada com disfunção orgânica

Choque séptico = sepse + hipotensão não responsiva a reposição volêmica

Segunda Definição - 2001


Sepse grave = Disfunção orgânica
Choque séptico = Necessidade de vasopressores / Lactato acima de 2x o limite superior

Terceira Definição - 2016


Distinção entre pacientes já hospitalizados e pacientes externos que buscam atendimento

Simplificação dos critérios:


• Infecção presente ou suspeita, e
• Disfunção orgânica
Mudança na definição de disfunção orgânica
• Utilização de ferramentas validadas

Triagem
Quick SOFA (qSOFA):
→ Frequência respiratória
→ Estado mental
→ Pressão arterial sistólica

• Frequência respiratória > ou = 22/minuto?


• Alguma alteração do estado mental?
• Pressão arterial sistólica < ou = 100mmHg

• Resposta “sim” para duas dessas perguntas identifica adultos com suspeita de infecção
que podem evoluir mal se a sepse não for identificada ativamente (Não requer exames
laboratoriais e pode ser repetido).
Disfunção Orgânica = 2 ou + pontos no SOFA

Tratamento

Manejo da Sepse
Controle do foco infeccioso o mais precoce possível:
• Coleta de culturas para identificação de agente causal
• Administração precoce de antibiótico empírico que cubra prováveis agentes causais
• Controle do foco → drenagem, debridamento ou ressecção cirúrgica de foco infeccioso
quando indicado

Ressuscitação hemodinâmica precoce


• Coleta de amostra de sangue arterial para dosagem de lactato (guia de tratamento)
• Reposição volêmica para melhorar o débito cardíaco
• Vasopressor para manter pressão de perfusão e extração de O2 nos tecidos

Outras medidas secundárias


• Tratamentos de suporte

Pacote da Primeira Hora na Sepse


1. Coletar amostras de sangue para hemoculturas em todos os
pacientes e de outros materiais para cultura conforme a suspeita
diagnóstica
2. Administrar antimicrobianos de espectro suficientemente amplo
para cobrir os principais agentes etiológicos
3. Coletar amostra de sangue arterial para dosagem de lactato
• Repetir após medidas iniciais
4. Reposição volêmica com cristaloides (30mg/kg)
• Avaliar necessidade de alíquotas maiores
5. Iniciar vasopressores à droga de escolha é a noradrenalina
• Mesmo antes de completar a reposição volêmica

COMO REDUZIR MORTALIDADE NA SEPSE?


R: Identificando a sepse rapidamente e proporcionando a administração precoce de
antimicrobianos efetivos.

Importância do Cirurgião Dentista na Sepse

➣ Reconhecer rapidamente os pacientes com sepse e encaminhá-los para tratamento


hospitalar de urgência → Solicitação de atendimento médico pré-hospitalar de urgência.

1. Reconhecer rapidamente os pacientes com sepse:


• A causa da sepse pode ser o motivo da consulta odontológica
• O cirurgião dentista pode ser o primeiro profissional de saúde a ser procurado
quando a sepse é causada por infeções na cavidade oral ou orofaringe

2. Controle do foco infeccioso:


• Drenagem de abscessos
• Extração dentária de urgência

Cuidados
O controle do foco é necessário sempre, mas lembrar do ABCD ao manipular o paciente!
⤷ O controle de focos bucais de sepse pode comprometer a via aérea
● Risco de sangramento e broncoaspiração de sangue
● Risco de liberação de material purulento e broncoaspiração
● Risco de sangramento retido, formação de hematoma e obstrução de via aérea

Resumo do Papel do Cirurgião-Dentista na Sepse


1. Saber reconhecer pacientes com sepse o mais rapidamente possível
• qSOFA (alteração de consciência, FR > ou = 22/min e PAS < ou = 100mmHg)

2. Avaliar se há foco bucal para a sepse


• Realizar controle do foco se indicado (drenagem, extração, etc)
• Lembrar de minimizar o risco de comprometimento da via aérea

3. Encaminhar para atendimento médico de urgência ou chamar


atendimento médico pré-hospitalar o mais rápido possível
4. DOR TORÁCICA NO ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO
Objetivos

1. Prevenir que pacientes apresentem síndromes coronarianas no consultório;


2. Conduzir adequadamente o caso de um paciente que apresente dor torácica
durante a consulta ou procedimento odontológico.

Causas

● Psicogênica - crise de pânico ou ansiedade


● Parede torácica - ósteo-muscular
● Esôfago
● Doenças pleuro-pulmonares
● Grandes vasos
• Embolia pulmonar
• Dissecção aórtica
● Coração
• Pericárdio
• Miocárdio
• Síndromes coronarianas**

Prevenção de Síndromes Coronarianas no Consultório


Odontológico

Anamnese
● Conhecer a História Médica pregressa:
• História de infarto agudo do miocárdio
• História de cateterismo cardíaco
• História de angioplastia ou cirurgia de revascularização miocárdica

● Identificar a presença de sintomas nos últimos 6 meses:


• Apresentou dor torácica / angina?
• Fez algum procedimento?
• Necessitou internação?

Avaliação da Urgência e Complexidade do Atendimento


Relação com o paciente:
〇 Paciente esporádico 〇 Paciente “freguês”, “conhecido”

O procedimento é urgente ou eletivo?


〇 Urgente 〇 Eletivo
O procedimento é complexo / demorado?
〇 Sim 〇 Não

Opções:
(Julgamento com relação aos itens anteriores)
1. Manter a realização do procedimento
2. Contraindicar e suspender o procedimento
3. Adiar o procedimento e condicionar a uma avaliação médica favorável

Conduta diante de dor torácica no consultório odontológico

Caracterização da Dor
● Localização e irradiação
● Caráter
● Intensidade
● Duração
● Fator desencadeante e de agravo
● Fator de alívio
● Sintomas associados

Classificação quanto às características de síndromes coronarianas:

Fatores de Risco para Aterosclerose


● História pessoal de doença coronariana
● Hipertensão arterial sistêmica
● Diabetes mellitus
● Dislipidemia
● Tabagismo
● História familiar precoce de doença coronariana
Indicadores de Alto Risco

Conduta Imediata
Repouso / deixar o paciente confortável
Protocolo M.O.N.A.
M - Medicações
O - Oxigênio
N - Nitrato
A - Ajuda

Medicações:
AAS / nitrato sublingual (isordil / sustrate / nitroglicerina)
Medicações com o paciente

• Dependendo do ambiente (consultório Vs. Clínica multi-profissional)

CHAMAR AJUDA
• Ajuda transitória → Médico presente na clínica
• Ajuda definitiva → Serviços de atendimento pré-hospitalar → SAMU / Serviços privados
(cobertura do consultório ou clínica)

5. DISTÚRBIOS DA CONSCIÊNCIA NO CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO


Definições

Nível de consciência: Estado de alerta comportamental


Conteúdo da consciência: Soma das funções cognitivas e afetivas
Estados de Alteração da Consciência
Coma
• Alteração aguda, mas insidiosa e duradoura.

Estado vegetativo
• Sequela de dano neurológico grave

Síndrome do cativeiro
• Condição que se confunde com coma

Delirium
• Sofrimento cerebral agudo

Alterações Transitórias da Consciência


Baixo fluxo sanguíneo cerebral
• Transitório = síncope
• Persistente = parada cardio-respiratória
Baixo suprimento energético cerebral
• Hipoglicemia
Disfunção cerebral difusa
• Crises epilépticas generalizadas / estado pós-ictal
Crises psicogênicas
• Crise de ansiedade/pânico
• Crise conversiva
Avaliação e Conduta

Abordagem Geral
1. Constatar que o paciente está inconsciente
2. Chamar por ajuda médica de emergência

Abordagem Inicial - ABC


A – via aérea (airway)
B – respiração (breathing)
C – circulação – optativo!

A – Via aérea
• Abrir a via aérea alta com a extensão cervical
• Observar necessidade de rotação da cabeça para evitar broncoaspiração

B – Respiração
Checar o padrão respiratório
• Normal vs. Anormal

C – Circulação
Avaliação da circulação
• Checar a presença de pulso – optativo no caso de PCR
• Se tem pulso = tem pressão

Parada Cardiorrespiratória

1. Detectar a inconsciência
2. Chamar ajuda
3. Checar a anormalidade da respiração
4. Compressões torácicas – aperte rápido e forte

Síncope

Características clínicas
• Perda súbita da consciência – mas frequentemente pressentida
• Duração de poucos minutos – retomada rápida da consciência
• Hiperatividade simpática reflexa – sudorese profusa

Condutas básicas
• AB – Verificar abertura das vias aéreas para permitir uma boa respiração
• C – diminuição da cabeceira do leito e elevação dos membros inferiores
• Aumento do retorno venoso para o coração – aumento do débito cardíaco
• Ainda assim – paciente necessita de avaliação médica urgente
Crise de Hipoglicemia

Características clínicas
• Parecido com a síncope – início mais insidioso e persiste mais tempo
• Diabéticos em uso de hipoglicemiantes, principalmente insulina

Condutas básicas
• AB -- Verificar abertura das vias aéreas para permitir uma boa respiração
• Paciente necessita de avaliação médica de urgência
• Confirmar diagnóstico
• Administrar glicose

Crises Epilépticas Generalizadas

Crises primariamente generalizadas


• Atividade epiléptica inicia em todas as áreas cerebrais concomitantemente (A perda de
consciência acontece de maneira súbita, inesperada)

Crises secundariamente generalizadas


• Atividade epiléptica inicia em uma área específica do cérebro e pode generalizar para
todas as áreas cerebrais (O paciente apresenta alguma manifestação neurológica focal
antes de perder a consciência)

Crise Convulsiva Tônico-Clônica

Características clínicas:
• Grito ictal – fase tônica – hipertonia da musculatura
abdominal e laríngea
• Abalos musculares generalizados
• Perda de esfíncteres
• Sialorréia
• Duração de poucos minutos
• Confusão pós-ictal

Outras informações:
• História prévia de epilepsia? Tomou as medicações?
• Relação com a injeção de anestésicos locais

Conduta básica
1. Manter a calma – a crise vai passar em alguns minutos
2. Abrir a via aérea – Não mexer na língua do paciente!!!
• Segurar a cabeça para evitar trauma e manter a região cervical estendida
• Colocar o paciente em decúbito lateral, principalmente em caso de vômitos
3. Ofertar Oxigênio se disponível

Crises Psicogênicas

Diagnósticos de exclusão! → Na dúvida, conduzir como uma crise epiléptica!

Crise de ansiedade/pânico:
• Hiperventilação → alcalose respiratória → deslocamento para a direita da curva de
dissociação Hb-O2
• Baixa entrega de O2 ao cérebro = Síncope

Síndrome conversiva:
• Parecida com uma crise convulsiva (Principal diferença: apresenta reação a estímulos)
• Mudança do padrão de movimentos e de ruídos respiratórios

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