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RESUMO

INTRODUÇÃO: A gestação e o parto são eventos que constituem uma


experiência humana das mais significativas, com potencial enriquecedor para todos que
dela participam. No entanto, eventos inesperados podem ocorrer durante a gestação e no
parto, os quais poderão vir a determinar ameaça à vida materna, podendo ocasionar a
perda fetal. CONCEITO: A natimortalidade foi definida pela OMS como ocorrendo
antes da expulsão ou remoção completa do produto da concepção, independentemente
da duração da gravidez. A morte fetal precoce é chamada de morte fetal precoce, que
ocorre antes do final das 20 semanas de gestação. FREQUÊNCIA: A frequência de
natimortos varia em relação a uma série de factores, incluindo raça, idade materna,
período de gestação, gestação múltipla, assistência pré-natal e taxa de partos, sexo do
feto, localização geográfica, história obstétrica e factores socioeconómicos.
ETIOLOGIA: Do ponto de vista clínico. As causas podem ser numerosas e ter origem
na mãe ou no óvulo. DIAGNÓSTICO: O exame físico e uma série de exames
complementares entre os quais radiografia e ultrassonografia, o estudo do coração fetal
por ultrassom e eletrocardiografia, amnioscopia, amniocentese e determinações
hormonais. TRATAMENTO: Quando a gravidez tem menos de 3 meses, são
realizadas dilatação do colo do útero e curetagem da cavidade uterina. No segundo e
terceiro trimestres, métodos ou procedimentos intraovulares eram utilizados no passado:
injeção intra-amniótica de solução salina a 20% de 100-250 ml ou solução de glicose
hipertônica a 50%, após extracção da mesma quantidade de líquido amniótico.
CONCLUSÃO: A despeito do actual avanço tecnológico na área médica, o óbito fetal
não é uma entidade rara e representa ainda grande proporção da taxa de mortalidade
perinatal. O profissional de medicina deve ainda ter ciência nos casos onde a morte
intrauterina é uma fatalidade sem causa específica se faz necessário esclarecer aos pais
sobre essa verdade e acalmá-los no momento do diagnóstico e em relação às futuras
gestações.
INTRODUÇÃO
A gravidez e o parto são experiências especiais na vida da mulher e do seu
parceiro, que envolve também suas famílias e a comunidade. A gestação e o parto são
eventos que constituem uma experiência humana das mais significativas, com potencial
enriquecedor para todos que dela participam. No entanto, eventos inesperados podem
ocorrer durante a gestação e no parto, os quais poderão vir a determinar ameaça à vida
materna, podendo ocasionar a perda fetal.
O Ministério da Saúde define óbito fetal ou nascido morto/natimorto como a
morte do concepto, antes que o produto da gestação seja extraído do corpo materno, seja
qual for à duração da gravidez.
O óbito fetal ocorre maioritariamente em países de baixa e média renda, sendo
um importante indicativo da saúde materno infantil. Enquanto em países desenvolvidos
a frequência é de 2 a 7 óbitos fetais a cada mil gestações. As causas do óbito fetal
incluem infecções maternas na gestação, doenças maternas, incluindo sífilis,
soropositividade com baixa contagem de CD4 +, malária, diabetes e hipertensão,
anomalias congénitas, asfixia e trauma do nascimento, complicações placentárias,
umbilicais, amnióticas, uterinas e restrição do crescimento fetal. A infecção neonatal,
intimamente relacionada com infecções maternas, também é apontada como uma das
principais causas de óbito fetal e neonatal. Além disso, o óbito fetal pode estar
relacionado à pobreza e falta de educação, sobre peso e idade materna (> 35 ou <20
anos), paridade (1, ≥5), tabagismo, falta de cuidados pré-natais, e prevalência de
natimorto em gestação.
Conhecer a epidemiologia da morte fetal é fundamental para promoção de
acções voltadas à saúde materno-infantil, pois a maior visibilidade desse problema e
identificação dos factores determinantes dos óbitos são necessárias para subsidiar a
adoção de medidas preventivas que permitam um enfrentamento mais efectivo de um
problema que pode ser evitado. Um obstáculo para isso é a frequente limitação da
medicina em determinar a causa do óbito fetal. Assim a necessidade de mais estudos
sobre esse tema a fim de ter mais segurança nos diagnósticos além de melhorar os
processos de conduta e apoio junto à família. Nesse sentido, o presente estudo foi
desenvolvido para caracterizar o óbito fetal anteparto, em uma maternidade no Norte de
Minas.

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CONCEITO
A natimortalidade foi definida pela OMS como ocorrendo antes da expulsão ou
remoção completa do produto da concepção, independentemente da duração da
gravidez. A morte fetal precoce é chamada de morte fetal precoce, que ocorre antes do
final das 20 semanas de gestação. A morte fetal intermediária é aquela que ocorre nas
semanas 20 a 27, óbito fetal tardio, que ocorre a partir da 28ª semana de gestação.
A morte é óbvia quando, após a separação, o feto não respira ou mostra
qualquer evidência de vida, como batimento cardíaco, pulsação do cordão umbilical ou
movimentos definidos dos músculos voluntários.
Para evitar diferenças nas estatísticas, a maioria dos países considera a morte
fetal após 20 semanas ou quando o feto tem um peso corporal de 500g ou mais. Abaixo
desse peso, é considerado aborto (embora o aborto seja discutido no Capítulo 26, deve-
se entender que nos principais aspectos de alguns comentários há alguma sobreposição
entre o aborto e o natimorto).
FREQUÊNCIA
A frequência de natimortos varia em relação a uma série de factores, incluindo
raça, idade materna, período de gestação, gestação múltipla, assistência pré-natal e taxa
de partos, sexo do feto, localização geográfica, história obstétrica e factores
socioeconómicos.
O grande número de variáveis determinantes torna apenas os relatórios de um
grande número de casos significativos, e os problemas de controlo das variáveis e da
variabilidade das definições tornam as comparações difíceis. Nos Estados Unidos, a
taxa de mortalidade fetal diminuiu de 25,6 por 1.000 nascidos vivos em 1942 para 15,8
em 1968, e quando apenas as mortes fetais acima de 20 semanas ou mais de 500 g
foram levadas em consideração, diminuiu para 12,5 por 1.000 nascidos vivos. Em 1976,
essa taxa chegava a 10,5, semelhante à registrada em Cuba e outros países, Rigol relata
que é observada em cerca de 10 em cada 1.000 nascimentos.

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ETIOLOGIA
A causa da morte fetal em um caso particular geralmente é complexa e muito
difícil de definir. Apesar das investigações cuidadosas que foram realizadas,
permaneceram desconhecidos, actualmente, apesar dos avanços científicos, entre 17-
33% dos casos ainda permanecem desconhecidos.
Para obter números úteis, é necessário ter definições padronizadas das causas
de morte fetal. No entanto, embora na maioria das mortes fetais a causa imediata seja a
hipóxia, que é duas vezes mais frequente como causa de morte fetal intraparto do que no
pré-parto. Segundo estatísticas inglesas, as causas mais frequentes de morte fetal do
ponto de vista patológico são: asfixia, em aproximadamente 40%, malformações em
torno de 10% e doença hemolítica Rh em 10% .
Do ponto de vista clínico. As causas podem ser numerosas e ter origem na mãe
ou no óvulo:
1- CAUSAS MATERNAS:
a) Local:
 Fibromiomas uterinos
 Anormalidades uterinas,
 Hipertonia uterina
 Posição supina do paciente
 Todas essas causas podem causar diminuição do fluxo útero-placentário
e hipoxia.

b) Sistémica:
 Infecções crónicas como sífilis, tuberculose, malária, toxoplasmose,
brucelose, listeriosia e citomegalovírus.
 Infecções agudas como hepatite, febre tifóide e processos pulmonares.
 Doenças do metabolismo (tireóide e diabetes).
 Doença hipertensiva durante a gravidez.
 Incompatibilidade de sangue (ABO e Rh).
 Doença cardíaca.
 Nefropatias
 Anemias
 Ingestão de drogas teratogênicas (por exemplo, citostáticos).

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c) Outras causas mais raras são traumas externos e acidentes durante
o trabalho de parto e parto.

2- CAUSAS RELACIONADAS AO PRODUTO DA CONCEPÇÃO:


a) Ovular:
 Doenças genéticas ou aberrações cromossômicas.
 Causas placentárias, como descolamento prematuro da placenta,
insuficiência placentária, placenta pequena, placenta prévia e enfarte da
placenta.
 Causas funiculares, como circulares, nós, torções e quebras,
 Infecções de ovo (deciduitis, corioamnionite, etc.);

b) Fetal
 Gravidez múltipla, a relação entre gémeos é conhecida, pois há um
desequilíbrio circulatório em benefício de um e em detrimento do outro.
 Pós-prazo ou pós-vencimento onde for observado:
Enfarto hemorrágicos intervilosos e depósitos de fibrina na
placenta.
Degeneração hialina e trombose.
Espessamento das membranas vasculoesqueléticas.
Deposição de fibrinogênio e cálcio na placenta.
Oligoamnios.
Embora tenhamos mencionado anteriormente que ainda existem até 33% de
causas desconhecidas de morte e em alguns relatos é maior, um requisito importante
para reduzir a taxa de mortalidade fetal é a determinação de sua causa, e um objectivo
importante o uso de novas tecnologias para reduzir o número de mortes fetais
inexplicáveis.

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QUADRO CLÍNICO
Durante os primeiros 4 meses de gravidez (período embrionário), os sinais
gerais da gravidez como náuseas, vómitos e outros, além de interromper o crescimento
do útero podem ser percebidos pela palpação combinada. No período fetal, há mais
dados.
Durante o interrogatório sabe-se que os movimentos activos do feto desejaram
ser percebidos, simultaneamente pode ter ocorrido um frio intenso. As pacientes relatam
o desaparecimento de sintomas subjectivos da gravidez, como tensão nas mamas,
mapetência e sensação de corpo estranho no abdómen. Além disso, as veias varicosas e
o edema são reduzidos ou desaparecem e a barriga diminui de tamanho. O estado geral é
geralmente bom, ainda melhor do que antes. Se a morte do feto se deve a um estado de
hipertensão, a pressão arterial cai.
A psique pode ser afectada, se a paciente souber da morte da criança; o peso
corporal pode diminuir.
Quando a inspecção é realizada vários dias depois, detecta-se que o volume da
barriga não corresponde ao que deveria ter de acordo com o tempo de gravidez. Ao
pressionar a mama, o colostro pode ser extraído.
Com a palpação, determina-se que o útero é pequeno para a época da gestação,
geralmente flácido e não contráctil, embora possa estar contraído. A percepção das
partes fetais não é clara e os pólos são imprecisos. A cabeça fetal às vezes dá a sensação
de crepitação (sinal de Negri).
A medida permite verificar a regressão do fundo do útero e a diminuição da
circunferência abdominal. Ao realizar a ausculta, ruídos do coração fetal não são
percebidos. Sopros uterinos e ruídos hídricos podem ser encontrados. Frequentemente,
nota-se transmissão intensa dos batimentos aórticos, devido à reabsorção do líquido
amniótico (sinal de Boero).
Por meio do exame vaginal, detecta-se que a cabeça está mal acomodada e a
pele fetal não ocorre facilmente; Além disso, pode ser observada crepitação óssea.

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DIAGNÓSTICO
Frequentemente, é o paciente quem primeiro suspeita de morte fetal, devido à
cessação dos movimentos fetais. Isso levanta dois problemas fundamentais; determinar
com segurança a morte fetal e estabelecer a causa. Às vezes não é fácil fazer o
diagnóstico de morte fetal, é estabelecido pelos sintomas, o exame físico e uma série de
exames complementares entre os quais radiografia e ultrassonografia, o estudo do
coração fetal por ultrassom e eletrocardiografia, amnioscopia, amniocentese e
determinações hormonais.
Mais de 20 sinais radiológicos de morte fetal intrauterina foram descritos.
Esses sinais não se desenvolvem até o sexto ou sétimo mês de gravidez, e não são
observados se a morte for recente, ao invés de sinais de morte fetal são sinais de
maceração, mas não são constantes e, além disso, alguns podem ser encontrado em fetos
vivos.
Entre os sinais mais importantes estão os seguintes:

1. NA CABEÇA:
a) Impulso dos ossos do crânio (sinal de Spalding) que ocorre entre 2 a 14
dias após a morte fetal. Este sinal requer ossificação clara e
especialmente útil entre as semanas 26-36 de gestação, mas não faz
sentido após o engajamento do vértice.
b) Achatamento da abóbada (sinal de Spangler);
c) Assimétrica cefálica (sinal de Horner).
d) Halo radiotransparente do crânio fetal devido à separação da panícula
adiposa pericraniana e do couro cabeludo, que ocorre 2 a 4 dias após a
morte fetal (sinal de Borell);
e) Queda de mandíbula inferior (sinal do Brakeman);

2. NA COLUNA:
a) Posição anormal da coluna cervicodorsal (hiperflexão, cifose em ângulo
agudo e hiperextensão);
b) Apinhamento fetal devido à perda da conformação espinhal (ângulo
agudo e hiperextensão);

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3. NO TÓRAX
a) Colapso da caixa torácica.
b) Gás no coração e no sistema vascular fetal. É um sinal bastante
confiável, mas de difícil visualização, pois ocorre apenas em caso de
óbito fetal no terceiro trimestre, e é transitório (dura aproximadamente
2 semanas).

4. NOS MEMBROS
a) A óbvia incoordenação da posição dos membros conhecida como
"salada de ossos".

5. Outros:
a) Feto nadador, colapso fetal, ausência de mudanças de posição (em duas
ultrassonografias é possível avaliar a morte fetal em poucas horas) e
atitude de extrema flexão.
Para alguns, a amniografia é valiosa, pois demonstra a ausência de material de
contraste no estômago e intestino fetal (falta de deglutição).
Os testes complementares também podem ser usados para diagnosticar a morte
fetal.
Ultrassom: Se o teste for positivo, pode-se suspeitar seriamente de morte fetal.
As principais indicações são:
 Ausência de batimento cardíaco;
 Ausência de movimentos fetais;
 Achatamento do pólo cefálico e perda da estrutura fetal normal:
 Halo pericranial;
 Falta de crescimento fetal (biometria);
 Contorno irregular do crânio;
 Vários ecos raros no tronco fetal e na região do crânio.
 Contornos mal definidos da estrutura fetal devido à penetração do
líquido amniótico.
Amnioscopia: Embora pouco seja usado hoje, pode revelar mudanças na cor
do líquido. Em casos de morte fetal recente, esse líquido pode estar manchado com

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mecônio devido ao sofrimento fetal; mas se a morte data de 8 dias ou mais, pode
mostrar uma cor de sangue ou chocolate.
Amniocentese transparietoabdominal: É outro teste raramente usado hoje,
apenas no final da gravidez. A presença de mecônio no líquido amniótico não é prova
de morte fetal intra-uterina, mas se ingressar em uma clínica de morte fetal, é um sinal a
favor do diagnóstico suspeito, assim como um líquido marrom-avermelhado (sinal de
Baldi Margulies).
Determinações hormonais: Alguns, como os testes biológicos quantitativos -
coriogonadotrofina coriônica, não têm certeza se a gravidez é no último trimestre, pois
costumam ser baixos ou quase sempre negativos.
As determinações de estrogênio na urina de 24 horas, ou sangue, são bastante
seguras, porque diminuem rapidamente após a morte fetal. No último trimestre, os
valores de 16 mg de estriol na urina de 24 horas são normais. Abaixo de 7 mg a morte
fetal pode ser confirmada.
Proteína alfafeto: diminui com a morte do feto, mas não é certo.
Citologia Vaginal Funcional: Mostra que as células naviculares diminuem.
Na prática médica, os seguintes testes são frequentemente usado para prever ou
prever a morte fetal:
 CTG anteparto simples;
 CTG estressado;
 PBF (perfil biofísico).
Quanto à determinação da causa da morte fetal, só não pôde ser esclarecida
pelo quadro clínico e pelo exame anatomopatológico, deve-se buscar nas diabetes
latente, raro conflito de grupo sanguíneo materno, além de sífilis, toxoplasmose e
listeriose.

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EVOLUÇÃO
Quando ocorre a natimortalidade, a degeneração do feto e da placenta começa
rapidamente. Na ausência de membranas rompidas e infecção activa do feto, o líquido
amniótico permanece estéril. A ruptura das membranas deve ser evitada até que o
trabalho de parto seja estabelecido e o parto seja razoavelmente iminente. De outra
forma, a contaminação bacteriana da cavidade amniótica pode ser promovida, onde
produtos da degeneração de proteínas servem como um bom meio de cultura. O
potencial aumentado de infecção também deve ser considerado se a indução do parto for
tentada por injecção de solução salina hipertônica e, especialmente, glicose.
Embora o trabalho de parto espontâneo ocorra em aproximadamente 75% dos
casos nas primeiras semanas após a morte fetal, podendo chegar a 90% nas 3 semanas
após o parto de natimorto, actualmente a expectativa de parto espontâneo é uma escolha
que os obstetras preferem menos, pois é contado como melhores e mais seguros meios
de indução do parto. Além do fato de que, uma vez estabelecido o diagnóstico de morte
fetal, questão que hoje também é mais segura, a indução alivia o sofrimento dos pais e
evita a possibilidade de coagulopatia e sangramento materno associados à retenção
prolongada do feto morto.
Embora actual seja raro, sentimo-nos compelidos a descrever as consequências
da retenção.

CONSEQUÊNCIAS ANATÔMICAS DE RETENÇÃO


As alterações pós-morte dependem do momento da morte fetal. Pode ocorrer:
dissolução, mumificação, maceração, putrefacção, bem como esqueletização e
petrificação.
A dissolução pode ocorrer em até 2 meses. O embrião se dissolve e, se estiver
completo, não é encontrado, ele se dissolve e, se estiver completo, nada é encontrado, é
o chamado ovo claro.
A mumificação pode ocorrer durante o terceiro e quarto meses e até próximo
ao termo em fetos de gravidez abdominal. O líquido amniótico é reabsorvido, o feto
seco e a pele se enruga e se dobra sobre os ossos. O feto adquire uma cor cinza, pode
sofrer com as pressões vizinhas e se tornar um "feto papiráceo" como nas gestações
gemelares.

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A maceração geralmente ocorre após o quinto mês. Classicamente, dizia-se que
a partir do terceiro dia a pele começou a descascar e vesículas foram observadas
sucessivamente nos pés, nos maléolos, no escroto, nos membros inferiores, nas mãos,
nos antebraços e na face. Uma serosidade causa o colapso da epiderme, a derme
derramada é infiltrada com hemoglobina e torna-se arroxeada: é chamada de feto
sangrento de Runge. As vísceras também sofrem maceração; o fígado se torna friável e
o cérebro se torna uma massa gelatinosa. As articulações relaxam e todo o corpo se
suaviza. A estrutura óssea da cabeça adquire a consistência de um saco, com os ossos
cranianos cavalgando uns aos outros.
A podridão ocorre muito raramente. Em geral, é causada por germes
anaeróbios produtores de gases que distendem o feto - enfisema fetal difuso - e o útero -
fisometrista. Nesses casos, podem ocorrer embolias sépticas e a morte da mãe.
Esqueletização e petrificação são processos excepcionais.
A placenta torna-se edemaciada e acinzentada, enquanto o cordão se infiltra e
fica avermelhado.
Actualmente, não é possível determinar com precisão o momento em que
ocorre a morte do feto humano, com base nas alterações regressivas existentes. No
entanto, é provável que os processos autolíticos sejam verificados mais rapidamente do
que se pensava, visto que na experimentação animal eles aparecem imediatamente, a
vesícula se forma às 9 horas e a descamação da pele é observada às 12 horas após a
morte fetal.

CARACTERÍSTICAS DA EVACUAÇÃO
Nos primeiros meses, o aborto ocorre com os sintomas usuais: dor e
sangramento de intensidade variável e, geralmente, sem complicações. Às vezes, pode
ser produzido um estado de retenção que precisa ser evacuado.
Na gestação avançada, o parto evolui com algumas peculiaridades:
 As contrações uterinas costumam ser insuficientes.
 A bolsa de água hernia através do colo em formato de ampulheta, cuja
parte inferior se estende e pode sugerir dilatação avançada.
 Há má acomodação das partes fetais; Os atípicos são frequentes,
principalmente no ombro e na testa.
 No parto, retenção de membrana e sangramento atônico são comuns;

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 A complicação mais importante é um distúrbio de coagulação do
sangue. Esta é uma condição conhecida entre os anglo-saxões pelo
nome de "síndrome do feto morto". É devido a uma
hipofibrinogenemia, ou afibrinogenemia segundo alguns, embora as
raras antes de 1 mês de morte fetal tenham decorrido. Quando a
retenção é mais demorada, o perigo aumenta e ocorre em até 25% dos
casos, podendo até ocorrer a morte materna.

TRATAMENTO
É aconselhável que todas as grávidas com suspeita de óbito fetal sejam
internadas em centro obstétrico adequado e submetidas a investigações que permitam
estabelecer o diagnóstico com firmeza, a fim de evitar qualquer tratamento precipitado.
Nada se oporia, teoricamente, à espera da expulsão espontânea com controle
adequado do nível de fibrinogênio e do estado de coagulação do sangue. Mas nem a
paciente nem seus parentes podem entender que ela ficou com um feto morto no útero.
O estado mental que se desenvolve na mãe força um comportamento ativo - a indução
do parto - que não causa danos se for tecnicamente correto.
Quando a gravidez tem menos de 3 meses, são realizadas dilatação do colo do
útero e curetagem da cavidade uterina.
No segundo e terceiro trimestres, métodos ou procedimentos intraovulares
eram utilizados no passado: injeção intra-amniótica de solução salina a 20% de 100-250
ml ou solução de glicose hipertônica a 50%, após extração da mesma quantidade de
líquido amniótico. As contrações uterinas geralmente começam nas primeiras 24 horas.
O mecanismo de ação é desconhecido. Esses métodos estão em desuso, devido à sua
baixa eficácia e risco de morte materna.
Atualmente, os métodos extraovulares são amplamente utilizados, incluindo a
sonda Krause e o rivanol.
O cateter de Krause é um cateter semirrígido ou retal, que é colocado através
do colo do útero entre a parede uterina e as membranas ovulares, decorando-as. O
tamponamento vaginal evita que o tubo saia. É suplementado com soluções pesadas de
ocitocina intravenosa, administradas gota a gota.
O método do rivonol é praticado colocando-se um cateter Nelaton nº 16 estéril
entre as membranas e a parede uterina, através do qual é administrada uma solução de
rivanol a 0,1% (50-100ml); Um fio de seda é amarrado para evitar o fluxo do líquido
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para o exterior e a vagina é tampada com uma gaze que impede a saída da sonda;
também deve ser suplementado com solução de ocitocina. No terceiro trimestre,
incluindo gravidez a termo. Alguns autores já tentaram sensibilizar o miométrio com
estrogênio, mas não é mais usado. No momento, praticam-se os chamados abortos e
induções farmacológicas da gravidez, que são as prostaglandinas que se utilizam para
induzir o aborto ou o parto sozinha, ou a partir da maturidade do pescoço, podendo
então ser complementada com ocitocina.
Independentemente do método de evacuação do útero, é sempre necessário
monitorar o nível de fibrinogênio no sangue e estar ciente da possibilidade de acidentes
hemorrágicos.

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CONCLUSÃO
A despeito do atual avanço tecnológico na área médica, o óbito fetal não é uma
entidade rara e representa ainda grande proporção da taxa de mortalidade perinatal.
Porém, o registro de óbitos fetais tem sido historicamente negligenciado pelos serviços
de saúde, que ainda não incorporaram na sua rotina de trabalho a análise de sua
ocorrência e tampouco destinaram investimentos específicos para a sua redução.
Sua importância como um problema de saúde pública é evidente, mas até
mesmo dados epidemiológicos são falhos. Essa é uma séria negligência visto que
muitos óbitos fetais poderiam ser evitados, especialmente quando causados por doenças
maternas. O profissional de medicina deve ainda ter ciência nos casos onde a morte
intrauterina é uma fatalidade sem causa especifica se faz necessário esclarecer aos pais
sobre essa verdade e acalmá-los no momento do diagnóstico e em relação às futuras
gestações.

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BIBLIOGRAFIA
 Genecologia e Obstetrícia Rigol: Vol.2 (Capítulo 38 – Morte Fetal, Pág.
208 – 213);
 Conferências Orientadoras de Obstetrícia;
 AHLENIUS, I.; THOMASSEN, P.; FLOBERG, J. Sixty-six cases of
intrauterine fetal death: A prospective study with an extensive test
protocol. Acta Obstetricia et Gynecologica
 Scandinavica, Stockholm,v. 74, p. 109-117, 1995.
 BRYAN, E. Educating families before, during and after multiple birth.
Seminars in
 Neonatology, Londres, v. 7, n. 3, p. 241-246, jun. 2002.
 CAMANO, L.; SOUZA, E. (Ed.). Assistência ao parto e toco-
cirurgia:Manual de orientação da Federação Brasileira das Sociedades
de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO...................................................................................................3
1-Definição.........................................................................................................4
2-Fisiopatologia da Asma...................................................................................4
3-Factores de risco para o desenvolvimento da asma.......................................5
4- História natural da asma................................................................................6
5-Fenótipo de asma...........................................................................................8
6-DIAGNÓSTICO.............................................................................................10
Classificação do nível de controle da asma.....................................................13
PARTE II - Tratamento da asma em crianças e adolescentes........................14
1-Tratamento das exacerbações ou “crise”...................................................14
2-Tratamento farmacológico de manutenção (ou profilático)..........................15
3-Técnica inalatória: uso de espaçadores----------------------------------------------18
4-Técnica de realização da medida do pico de fluxo expiratório (PEE)..........19
CONCLUSÃO..................................................................................................20R
EFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS................................................................21
REPÚBLICA DE ANGOLA
MINISTERIO DA SAÚDE
HOSPITAL REGIONAL DO LOBITO
PÓS-GRADUAÇÃO DE MEDICINA GERAL FAMILIAR

REVISÃO BIBLIOGRAFICA
TEMA: ASMA BRONQUIAL

Nome: Joaquim Ruben


Residente do 1º Ano em MGF
Rotação de Pediátria

BENGUELA/2021
CONCLUSÃO

A asma é uma doença crônica, caracterizada por crises recorrentes de


tosse e sibilância. A Sibilância na infância pode se apresentar como diferentes
fenótipos, de acordo com a idade de inicio e os factores desencadeantes, que
tem implicações prognósticas e terapêuticas. O sibilante persistente/atópico é o
fenótipo com chance de manter sintomas de asma ao longo da vida. Além de
reconhecer o fenótipo, classificar a gravidade da asma pelo nível de controle
actual e pelo risco futuro são importantes para orientar o melhor tratamento.
Ao deparar com uma criança com asma, o médico deve principalmente
procurar conhecer a criança ou o adolescente, acompanhar sua evolução,
perceber as dificuldades existentes e observar a resposta à proposta
terapêutica, reavaliando e adaptando às demandas e possibilidades do
paciente e da família. Conversar sobre a real possibilidade de controle da
doença e da remissão dos sintomas pode ser reconfortante e encorajador. É
fundamental tornar claro para pacientes e famíliares que, ainda que o
tratamento não seja simples e os resultados não sejam imediatos, os
conhecimentos e recursos terapêuticos actuais possibilitam uma ótima
qualidade de vida aos pacientes com esta doença.

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