4 - A História Do Corpo em Movimento

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Manifestações Rítmicas

e Expressivas
Material Teórico
A História do Corpo em Movimento

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Bruno Fischer Dimarch

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
A História do Corpo em Movimento

• Introdução;
• As Origens da Dança;
• Danças Milenares ;
• Transição do Sagrado ao Popular;
• Idade Média e a Dança dos Camponeses;
• Danças Populares, Étnicas e Folclóricas;
• Isadora Duncan;
• Ruth Saint Denis;
• Ted Shawn;
• Martha Graham;
• Dança Contemporânea;
• Pina Bausch.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer a história da dança.
· Identificar manifestações da dança em diferentes culturas.
· Conhecer os diferentes momentos da dança teatral.
· Conhecer a trajetória da dança moderna e contemporânea.
· Pesquisar referências de danças teatrais, populares, folclóricas
e contemporâneas.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
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contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
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para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
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Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Introdução
Você já imaginou quando e em qual contexto surgiu a primeira dança? Já pensou sobre os
Explor

primeiros povos que dançaram? Será que dançavam apenas por diversão?

O surgimento da dança ainda é uma questão muito discutida por estudiosos, afi-
nal, muitas descobertas acerca dessa manifestação rítmica e artística são possíveis
graças aos vestígios deixados por povos de todo o mundo ao longo da história.
Vamos conferir um pouco da trajetória do corpo em movimento?

As Origens da Dança
Danças Primitivas
Muitos estudiosos consideram que a dança tenha se originado há cerca de 14.000
anos a.C. entre os homens pré-históricos. As figuras gravadas nas paredes de cavernas
pré-históricas, chamadas de arte rupestre, revelam indícios da “dança primitiva”, o
que, de acordo com Paul Bourcier (1987, p. 5), seria a representação dos ancestrais
de dançarinos. Para esse autor, o ecossistema paleolítico naquele período era baseado
nos animais e, por isso, “[...] as danças só poderiam referir-se a eles [...]”.

Um dos primeiros registros desses ancestrais dançarinos está localizado na gru-


ta de Gabillou, na França e data de 10.000 anos a.C. Em uma parede da gruta
encontra-se uma silhueta vista de perfil realizando uma espécie de salto. Ainda na
França, na gruta de Trois-Frères, outra figura, isolada de outras, parece realizar um
movimento semelhante a um giro sobre si mesmo.

Mas quais significados essas “danças” podem ter?

A arte rupestre dos períodos


paleolítico e mesolítico apresen-
ta figuras que se assemelham a
pessoas dançando em volta de
animais em um ato ritualístico,
associado à obtenção de bons
resultados em suas caças. Possi-
velmente, a dança estaria, neste
caso, ligada aos rituais religiosos
e à sobrevivência. Ou seja, com-
preendemos que a dança era um
Figura 1 – Dança de Cogul: mulheres dançando ao redor de um
ato cerimonial capaz de colocar
homem nu. Pintura rupestre na Província de Lérida, Espanha
aqueles que a executassem em um Fonte: Wikimedia Commons

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estado mágico, fora do habitual. As figuras representadas nas paredes parecem
querer alcançar um objetivo por meio de uma dança ritualística ou mágica, que
garantiria êxito na caça.
Quando o homem deixou de ser nômade e se tornou sedentário, e de predador
passou a ser produtor, surgiu, então, no período neolítico, a agricultura e pecuária.
Nesse momento, os rituais em forma de dança estavam associados ao festejo, cul-
tivo da terra, preparo para o plantio e celebração à colheita.
A Arqueologia, por sua vez, indica “[...] a existência da dança como parte
integrante de cerimônias religiosas, parecendo correto afirmar que a dança nasceu
da religião, se é que não nasceu junto com ela [...]” (BOURCIER, 1987, p. 13).
Assim, a dança nasceu da necessidade de expressão do homem, inicialmente
associada aos ritos mágicos, e posteriormente à natureza e sobrevivência.

Danças Milenares
Egito
No Egito Antigo, por volta de 5.000 a.C., as danças possuíam um caráter sa-
grado e eram realizadas em rituais que homenageavam os deuses. Os primeiros
registros de dança encontrados em pinturas rupestres no Alto Egito remontam ao
período neolítico. Nessas figuras destacavam-se representações de uma roda em
torno de um personagem com máscara e uma roda de mulheres de mãos dadas.
Desde o período pré-faraônico, a dança estava presente nos rituais egípcios.
Nos cortejos funerários, dançarinos e dançarinas acompanhavam e guiavam o de-
funto até o início de sua vida pós-terrestre. Nos cortejos em que se recebia a visita
de deuses, como os que ocorriam em Luxor, por exemplo, o papel dos dançarinos
era acolher as divindades. Nos baixos relevos de templos egípcios encontram-se
representações de fragmentos dessas coreografias.

Ainda hoje encontram-se representações das danças sagradas do Baixo


Império, como as que homenageavam o deus Bés, considerado inventor da
dança para os egípcios. No túmulo da rainha Tiye, Bés está representado
tocando um pandeiro.

Na época do Alto Império, ocorria no Egito a prática da dança com joelhos


flexionados, semelhante à dança de outros povos, tais como os cretenses, gregos
e hebreus. Considerando que os egípcios tinham gosto pela dança acrobática, uma
das que realizavam consiste em movimentos nos quais se joga o corpo para trás,
semelhante a uma ponte, prática que também era executada pelos gregos.

Confira a imagem de Fragmento da Dançarina do Museu Egípcio de Turim e disponível em


Explor

https://goo.gl/WFxCMp. Tal fragmento ilustra um dos movimentos acrobáticos da dança no


Novo Império Egípcio.

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Grécia
A civilização grega nos deixou inúmeros vestígios e documentos que mostram a pre-
sença da dança em sua cultura. Em ritos religiosos, festas, treinamentos militares, ce-
rimônias cívicas, na educação das crianças ou no cotidiano, a dança se fazia presente.

As lendárias narrativas dos poetas gregos atribuem a origem da dança à Creta,


onde teria sido ensinada aos homens pelos deuses, com a intenção de que essa prá-
tica humana se dedicasse a alegrar e homenageá-los. Os primeiros grupos de dança
surgiram nos cortejos em homenagem a Dionísio, o deus do vinho, da embriaguez,
fertilidade e protetor das belas artes.

Os grupos de dança dos cortejos dionisíacos eram chamados de ditirambos,


compostos por um canto religioso em homenagem a Dionísio e que, mais tarde,
teria dado origem à tragédia grega. Nos diversos cortejos aos seus deuses era co-
mum a utilização de máscaras ou caracterização específica.

Na Grécia Antiga, o ideal de perfeição estava relacionado à harmonia entre o


corpo e espírito, e o idealizado “corpo moldado” era adquirido por meio da dança
e do esporte. Além disso, os mais jovens acreditavam que a dança também con-
tribuía ao aprimoramento e equilíbrio do espírito, além de agilidade para a guerra.
Para o filósofo Sócrates, a dança era capaz de proporcionar boa saúde, corpo com
proporções corretas e formar o cidadão por completo, sendo também um meio de
reflexão estética e filosófica.

Apesar dos terremotos e invasões que Creta sofreu, documentos significativos


ilustram a transformação da dança desde o início da história até a sua transmis-
são aos gregos. Nos túmulos reais de Isopatta, Phaistos, Kalvya e nos afrescos
de Cnossos foram encontrados anéis de ouro cujas figuras ilustram dançarinas
“girando sobre si mesmas, ora com joelhos flexionados, ora saltando”, e mulheres
dançando em roda enquanto outra toca uma lira. Até o século IV a.C., os gregos
representaram esse gesto em suas cerâmicas.

A dança grega, ao longo da história, transitou e se transformou desde o sagrado


e místico, de cerimônia litúrgica e civil, até se tornar teatral e popular.

Figura 2 – Cena de dança arcaica pintada em vaso grego (540 a.C.)


Fonte: Wikimedia Commons

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Transição do Sagrado ao Popular
Ao longo da história, a dança foi vinculada a um caráter sagrado, no entanto,
passou a ser contemplada não apenas em ritos e cortejos aos deuses, mas praticada
também em ocasiões do cotidiano e como divertimento, tornando-se popular.

Na Roma Antiga, por exemplo, a dança passou por três momentos:

O primeiro compreende do século VIII ao VI a.C., denominado período dos reis.


Quando Roma era dominada por etruscos, as danças agrárias e os ritos religiosos
foram inseridos, embora o sentido original dessas danças já tivesse sido perdido.

No período da República, a dança passou a ser uma arte de divertimento. A influ-


ência helenística nas danças era dominante, mas as origens religiosas também tinham
sido esquecidas.

Já no período do Império, a dança voltou a triunfar, ocorrendo também a


participação das mulheres de classe alta. A dança destacou-se nos jogos de circo,
onde era apresentada a pantonima, uma representação dramática constituída por
um coro narrativo e um dançarino. Mais tarde, a mímica passou a ser dominante
nas pantonimas, em vez do movimento da dança.

Enfim, o sentido original e sagrado foi se dissolvendo e se transformando no


decorrer da história da dança romana.

Dos cultos a Dionísio – ou Baco – surgiram novas práticas de dança cujos sen-
tidos se afastaram dos religiosos ou sagrados. As bacanais eram cultos realizados
secretamente e chegaram a ser consideradas festas orgiásticas. Já as danças de
banquete, praticadas principalmente por cortesãs, eram tidas não como arte de
movimentos rítmicos, mas como indecentes (BOURCIER, 1987, p. 42-43). A dan-
ça, então, entrou em declínio no Império Romano.

Idade Média e a Dança dos Camponeses


A Idade Média representou um período contraditório em relação à dança, de
modo que pouco se sabe sobre as práticas dessa além de testemunhos e poucos
documentos deixados. De um modo geral, pode-se dizer que a dança era tida como
divertimento aos camponeses.
Ao longo da Idade Média, os eclesiásticos procuraram excomungar a prática da
dança na Igreja; ou seja, as danças populares já enraizadas, como as praticadas por
camponeses, eram consideradas práticas pagãs pelos eclesiásticos. Portanto, não
se enquadraram aos cânones da Igreja, embora na Alta Idade Média a dança tenha
se voltado novamente à paraliturgia (BOURCIER, 1987, p. 46).
Apesar da proibição da dança na Igreja, no final do século XII surgiram testemu-
nhos da prática da dança em algumas ocasiões, tal como no ritual de Santo Isidoro,

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

onde as danças eram ritmadas por tambores e tamborins. Embora não tenha sido
integrada à liturgia eclesiástica, a dança teve aparições em datas específicas, como
se sabia acontecer nas vésperas da Páscoa e Natal.
Os camponeses, no entanto, dançavam por diversão e em cerimônias do coti-
diano, tais como casamentos e em épocas de colheita. Entre as praticadas durante
a Idade Média, destacaram-se a carola, uma dança de roda aberta ou fechada, na
qual os executantes davam as mãos ou se seguravam pelo antebraço; e o tripudium
– uma dança de três tempos –, em que os praticantes não se tocavam. No geral, as
duas danças tinham um ritmo simples e podiam ser praticadas por qualquer pessoa,
tanto camponeses quanto indivíduos de classes mais privilegiadas criavam as suas
variações (BOURCIER, 1987, p. 52).

Danças Populares, Étnicas e Folclóricas


A dança adquiriu formas particulares e firmou raízes em diferentes culturas e
etnias. No decorrer dos anos, cada sociedade desenvolveu as suas próprias carac-
terísticas em relação às manifestações artísticas e à dança.
Muitas manifestações antigas, de origem ritualística ou religiosa, continuam a ser
realizadas, preservando a própria história, ainda que possam ter sofrido algumas
mudanças. Essas danças populares ou ritualísticas, passadas de geração em gera-
ção, são chamadas de danças étnicas.
O aumento da população, a expansão das áreas urbanas e suburbanas, a
maior comunicabilidade entre as nações e o paulatino, mas constante, pro-
gresso técnico e mental da humanidade devem ter contribuído, de forma de-
cisiva, para uma ruptura entre o religioso e o popular (FARO, 2004, p. 21).

Assim, o passar dos anos afastou a conotação original ou religiosa da dança,


que assumiu novas formas, tornando-se popular. É justamente do distanciamento
do sentido religioso original que nasceu a dança folclórica, uma manifestação re-
creativa e tradicional pertencente a diversos povos. Mesmo a dança nos ambientes
rurais, onde as tradições religiosas resistiram por um longo tempo, foram se trans-
formando em manifestações folclóricas.

O folclore no Brasil, por exemplo, está ligado a costumes, lendas e ritos populares,
de modo que conforme a divisão de estudiosos, separa-se em dois grupos: urbano,
presente na vida da população do Norte e Nordeste; e rural, presente no Sul e
Centro-Oeste, em aldeias e vilarejos.

As danças do folclore – ou manifestações populares –, cuja natureza religiosa


foi se transformando, principalmente com a mescla das diversas culturas e etnias
do Brasil, apresentam traços de movimentos corporais ou bailados de origem
africana, tais como a congada, o maracatu, a dança dos pássaros, o moçambique,
caboclinho e quilombo, por exemplo. Até mesmo as danças folclóricas foram se
transformando com o passar dos anos e suas origens, esquecidas.

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Quais danças folclóricas brasileiras você conhece? Já dançou alguma? Busque na internet
apresentações de diferentes danças folclóricas e observe os movimentos dos dançarinos:
Explor

quais partes do corpo são mais exploradas? Compare as suas pesquisas com as de seus
colegas e tente experimentar alguns desses movimentos!

Dança Teatral
Faro (2004) aponta a evolução da dança percorrendo o seguinte trajeto: o tem-
plo, a aldeia, Igreja, praça, o salão e palco. A dança de salão, por sua vez, engloba
as danças presentes na nobreza europeia da Idade Média em diante, de modo que
o feudalismo europeu e as mudanças políticas foram fundamentais no processo de
introdução das danças de aldeias e praças aos salões da nobreza.

No século XV, a Itália foi o cenário do nascimento do primeiro balé, que sur-
giu em comemoração ao casamento do Duque de Milão com Isabel de Aragon.
Ao casar-se com Henrique II, a rainha Catarina de Médici importou artistas e
cortesãos da Itália para que criassem espetáculos e diversões com a finalidade de
manter a corte francesa entretida. Esses espetáculos eram compostos por dan-
ças, cantos e textos falados e, geralmente, abordavam temas mitológicos. Além
disso, investia-se muito em cenário, roteiro, música e figurino. A dança tornou-
-se, então, uma diversão para a nobreza, ganhando movimentos coreográficos
sofisticados e rotulados.

Em meados dos séculos XVI e XVII, os rígidos códigos de etiqueta e comporta-


mento seguidos pelas cortes europeias ditaram como a dança deveria ser e quem
poderia dançá-la. Logo, patrocinar o espetáculo mais luxuoso tornou-se uma compe-
tição entre a nobreza. Os nobres da corte eram pouco treinados e os intérpretes das
danças executavam os passos dentro de suas possibilidades (FARO, 2004, p. 33). No
entanto, a produção como um todo atribuía a esses espetáculos um ar profissional.

Mais tarde, durante o reinado de Luís XIV, a dança viria a ser ainda mais pres-
tigiada. O “Rei Sol” participava dos espetáculos de danças e representou, entre
1651 e 1665, diversos personagens, inclusive heróis da Antiguidade. Em 1661,
quando Luís XIV fundou a Academia Nacional de Dança, surgiu a dança teatral,
que mais tarde se transformaria no balé.

O Balé de Corte
Na corte de Luís XIV, os trajes longos e grandes das mulheres impossibilitavam
certos movimentos do balé – por exemplo, para realizar um movimento com im-
pressão de voo, era necessário utilizar recursos mecânicos para elevar os bailari-
nos. Nesse período, eram predominantes temas mitológicos, elementos lineares
ou figuras geométricas, além de verticalidade, pois os balés eram concebidos para
serem vistos do alto.

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Você Sabia? Importante!

Que em 1721, a bailarina Marie Camargo se destacou por saltar pela primeira vez no
palco e gerou escândalo por diminuir um pouco o comprimento da saia, deixando à
mostra parte de seu pé? Atribui-se também à Camargo o salto no ar tocando a perna
da frente com a perna de trás – movimento conhecido como entrechat. Ademais, o balé
ganhou maior liberdade de movimento quando Maillot inventou as primeiras malhas.

O mais belo e famoso espetáculo oferecido na corte desses reis foi o Ballet
cômico da rainha, em 1581, com duração de cinco a seis horas. Até o final do
século XVII, os balés tinham como tema deuses mitológicos e heróis da Antiguidade.
O aparecimento do balé La fille mal gardé, em 1786, foi um passo significativo
e revolucionário à época – por abordar uma história com apelo popular, o povo
identificava-se com os personagens.

Além disso, outros pontos foram fundamentais ao progresso da dança, tais como
a liberação nos trajes, temas, popularização da dança e codificação de seu ensino.

Nesse período surgiu uma figura importante ao balé: o bailarino Jean-Georges


Noverre que por cerca de quarenta anos difundiu as suas ideias pela Europa,
principalmente por meio das publicações de suas Cartas sobre a dança – Lettres
sur la danse –, consideradas um manifesto sobre a arte do balé. Para Noverre,
os passos do balé da época se tornaram sem significado e a dança se encontrava
degenerada por conta daqueles que a praticavam. Sua intenção era que o balé
entrasse em contato com as camadas menos favorecidas.

A difusão do balé no restante da Europa se intensificou na Áustria, por meio de


Franz Hilferding, um dos primeiros diretores do Teatro Real de Viena. Hilferding
chamou a atenção para o cenário, à iluminação e aos trajes do espetáculo, criando,
em 1740, o primeiro balé em forma de mímica. Sua fama se espalhou pela Rússia,
de modo que a imperatriz desse reino o solicitou ao governo austríaco para que
Hilferding aperfeiçoasse e renovasse o balé de São Petersburgo, quem, então,
levou diversas estrelas do balé à Rússia, cenário onde muitos bailarinos italianos e
franceses se refugiaram e que impulsionou a arte do balé.

Balé Romântico
O balé romântico compreende um período muito importante na história da
dança. Nesse sentido, o Balé das freiras – parte da ópera Robert, le Diable, de
Meyerbeer, estreado em 1831, é considerado por muitos autores como o início
desse período. Destacaram-se bailarinas como Taglioni, Cerrito, Elssler, Grisi ou
Graham, retratadas em litografias e quadros e que hoje são fontes de estudo a
respeito da dança da época.

As bailarinas eram representadas como seres alados e a figura da mulher era ide-
alizada, inacessível e etérea, o que encantou a geração da época. O balé romântico

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buscava a fluidez, suavidade e delicadeza do movimento. Nesse período eram utili-
zados os “tutus românticos” – saias mais longas que o tutu prato – e as sapatilhas
de ponta.

Sob o contexto da Revolução Francesa, a sociedade transformou-se brutalmente


e muitos começaram a adotar os conceitos sociais de liberdade e igualdade. O
romantismo surgiu como um movimento revolucionário, em busca de se desprender
dos ideais e das artes classicistas. Nas décadas seguintes, o balé-ópera – até então
predominante na Itália – foi substituído por um balé com mais expressividade e
novos estilos de dança, atingindo a sua independência como arte.

Os escritores passaram a ser predominantes na criação de roteiros dos balés;


além disso, o romantismo alemão introduziu como tema na dança a busca do
homem pelo inatingível, o sobrenatural.

A música exercia um dos elementos mais importantes do balé. Embora com-


positores como Chopin, Schumann, Schubert e Brahms não tivessem criado suas
composições para a dança, estas acabaram por inspirar muitos dos balés atuais.
Destacaram-se nomes de coreógrafos como Jean Aumer, Filipo Taglioni, Jean Co-
ralli, Joseph Mazilier e Jules Perrot.

Logo, o balé romântico tornou-se quase uma fórmula obrigatória, resultando na


decadência da qualidade da dança e de sua popularidade. Novamente, a arte do
balé foi tida como entretenimento para a burguesia, de modo que os cenários e
temas já não agradavam mais o público.

Balé Clássico
Com o declínio do balé romântico, o eixo da dança foi transferido de Paris para
São Petersburgo, onde nasceu a arte do balé clássico, dominante na segunda me-
tade do século XIX. Seu grande expoente, Marius Petipa, compôs 54 balés novos,
criou danças para 35 óperas e reconstruiu 17 balés.

É provável que você já tenha ouvido falar dos balés O lago dos cisnes, A Bela Adormecida ou
Explor

Dom Quixote, não é mesmo?! Tratam-se de algumas das principais obras de Marius Petipa,
assim como La bayadère, Raymonda, A filha do faraó e Milhões de arlequim.

Petipa desenvolveu os elementos dançantes com a ajuda de professores e baila-


rinos, impulsionando a técnica clássica. Exigia maior padrão de execução de seus
bailarinos e estimulava a competição entre os dançarinos a fim de conseguir quali-
dade e quantidade.
Ademais, inseriu movimentos acrobatas ao balé. O equilíbrio nas pontas dos pés ou
a execução de 32 fouettes – hoje considerados normais –, na época foram classifica-
dos como truques de circo. Para a grande estrela do balé do momento, Ana Pavlova,
32 fouettes era um passo acrobático que considerava indigno de ser executado.

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Você Sabia? Importante!

Ao ouvir o nome O lago dos cisnes, é de praxe que venha à cabeça a música de Tchaikovsky,
não é mesmo? Isso porque grandes compositores criaram as músicas do balé russo. Marius
Petipa chegava a indicar ao compositor o ritmo, tempo e a duração da dança, com exceção
de Tchaikovsky, quem tinha maior liberdade para compor grande parte dos balés de Petipa.

Na França, um dos balés mais encantadores foi o Les deux pigeons, de 1886.
O balé clássico foi marcado pela vestimenta do tutu, que permitia conferir se os
passos eram executados corretamente pelos bailarinos e bailarinas. Ainda hoje
academias e escolas apresentam adaptações de grandes balés clássicos, como os
de Petipa, George Balanchine, Arthur Saint-Léon e Louis Mérante.
Na Itália, Luigi Manzotti produziu e comercializou o balé da época, pois até
então a ópera era predominante na dança. Seus balés Excelsior e Sport buscavam
a grandiosidade e o encanto do público.
O balé alcançou o seu auge na Rússia, no entanto, novas propostas e ideais o
fizeram passar por uma nova revolução.

Assista ao trecho da adaptação de Anthony Dowell do terceiro ato de O lago dos cisnes, de
Explor

Marius Petipa, disponível em https://goo.gl/o4vPs1

Balé Moderno
Na Rússia, outra linha revolucionária surgiu: a de Sergei Pavlovich Diaghilev, um
empresário artístico que promoveu artistas, a ópera, música e o balé da Rússia em
Paris. Ao fundar a Companhia Ballets Russes, Diaghilev iniciou um período revo-
lucionário ao balé russo. Dito de outra forma, Ballets Russes foi uma companhia
de balé com sede em Paris e o seu período de atividades, que se estendeu de 1909
a 1929, ficou conhecido como “época de Diaghilev”.
Apesar de não ter sido bailarino, Sergei Diaghilev contratou e promoveu os
melhores artistas, coreógrafos, músicos e dançarinos de sua época, promovendo
nomes como Pablo Picasso, Henri Matisse, Igor Stravinsky, Ana Pavlova, Tamara
Karsavina, George Balanchine, Vaslav Nijinsky, Igor Stravinsky, Claude Debussy,
Maurice Ravel, Erik Satie, Richard Strauss, Sergei Prokofiev, entre outros.
Junto a Michel Fokine e Alexandre Benois, Diaghilev criou um repertório para
ópera de balés e grandes obras já recompostas por Fokine, de modo que esse
repertório se transformou em um composto de várias danças famosas, tais como
Ivã, o Terrível; Chopiniana; O Pavilhão de Armida; Príncipe Igor, Eunice em
Cleópatra e até trechos de obras de Petipa, que ganharam novos cenários, figurinos
e estilos de dança.

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O sucesso gerado nessa temporada de 1909 “[...] abriu uma nova Era para o
balé e deu início a 20 anos dos mais importantes na história da dança [...]” (FARO,
2004, p. 83). Seu principal legado foi a ideia de que não era necessário destruir o
que foi construído de bom pelos antepassados para inovar e abrir novos caminhos;
por essa razão manteve em seu repertório obras como O lago dos cisnes, A Bela
Adormecida e Giselle. O balé de Diaghilev encantou o público de toda a Europa e da
América, tornando-se popular e influenciando o balé mundial das gerações seguintes.

Balé no Brasil
O balé foi trazido às Américas por meio de artistas europeus. Bailarinos, core-
ógrafos, companhias de dança e professores se apresentavam no Brasil do século
XIX; no entanto, o desenvolvimento do balé foi iniciado no século XX.
Em 1927, Maria Olenewa, uma bailarina russa – posteriormente naturalizada bra-
sileira – fundou a primeira instituição de dança do Brasil, a Escola de Danças Clás-
sicas, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Essa bailarina passou pela Companhia
de Dança de Ana Pavlova e Leonide Massine, trazendo ao nosso país influências da
dança clássica. Em 1938, Olenewa criou o primeiro corpo de baile oficial e elaborou
remontagens e coreografias inspiradas em obras famosas como O lago dos cisnes.
No ano seguinte, o Teatro Municipal do Rio de Janeiro recebeu o bailarino Vaslav
Veltchek para atuar como coreógrafo; quem, em 1940, fundou em São Paulo a Escola
de Bailados da Prefeitura. Veltchek frequentou aulas de dança moderna lecionadas por
Mary Wigman, de modo que ao chegar ao Brasil impulsionou a dança ao incorporar
em suas coreografias a música de Villa-Lobos e o folclore nacional como temas.

Outros importantes nomes que contribuíram para a difusão do balé no Brasil são
Tatiana Leskova, Eugênia Feodorova e Nina Verchinina. As técnicas acadêmicas base-
adas no balé russo – este resultante da fusão do estilo italiano e francês – foram tam-
bém importadas ao Brasil. Destacaram-se nomes de bailarinos como Davi Dupré, Aldo
Lotufo, Marcia Haydée, Beatriz Consuelo, Sandra Dicken, Dennis Gray, Alice Colino,
Ana Botafogo e Noêmia Wainer. Quanto aos balés, sobressaíram-se Uirapuru, O Ga-
ratuja, O Descobrimento do Brasil, Maracatu de Chico Rei e Salamanca do Jarau.

Dança Moderna
A dança moderna se desenvolveu no final do século XIX e início do XX, em meio
a grandes transformações que resultaram em ideias renovadoras e na necessidade
de ir além do convencional. Nas Artes essa passagem é marcada por mudanças de
pensamento e ideias revolucionárias. Dançarinos e coreógrafos, insatisfeitos com
as regras e formas preestabelecidas das danças acadêmicas – como o balé clássico
–, experimentaram novas maneiras de se expressar corporalmente.
Nesse período, entrou em cena a bailarina norte-americana Isadora Duncan
que, não satisfeita com as técnicas, regras e modelos rígidos e tradicionais do balé
clássico, criou a sua própria forma de dança, provocando a sociedade da época.

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Em busca de uma dança com movimentos mais livres, que transmitisse o interior e
o sentimento do bailarino, surgiram artistas com diferentes técnicas, fundamentados
em variadas pesquisas e experimentações – uma grande inovação para a época.

Os dançarinos modernos buscavam por uma dança mais livre, mas não rom-
peram completamente com os elementos clássicos do balé. Na dança moderna,
os movimentos geralmente partem do centro do corpo e os dançarinos almejam
sensações e estados emocionais interiores, característica que se traduz também em
figurinos, muitas vezes, ousados e exóticos.

Não podemos deixar de mencionar François Delsarte, um francês nascido em


1811. Homem do teatro, foi um cantor malsucedido. Desapontado pelos métodos
de ensino de seus professores, pois os considerava ultrapassados e não baseados na
observação e reflexão do aluno, dedicou-se a pesquisas e teorias baseadas na expres-
são humana. Em seus métodos, Delsarte estabeleceu um catálogo de gestos corres-
pondentes a estados emocionais, alinhando a linguagem do corpo com a da alma.

De acordo com Paul Bourcier (1987), as consequências das ideias de Delsarte


marcaram a dança moderna, em especial a dos Estados Unidos. Delsarte teria in-
fluenciado grandes nomes da dança, tais como Isadora Duncan, Ruth Saint Denis
e Rudolf van Laban.

Isadora Duncan
Isadora Duncan foi uma das pioneiras da dança moderna. Bailarina norte-ame-
ricana nascida em 1877, iniciou a sua vida artística bem cedo, ainda adolescente.
Para Duncan, a dança é a expressão de sua
vida pessoal. Buscou raízes na Grécia Antiga e
se inspirou na contemplação da natureza.

Ao fundar a sua primeira escola de dança


em Berlim, em 1904, Isadora Duncan incor-
porou à dança movimentos intuitivos, naturais
e mais instintivos, juntamente com a expres-
são. Essa forma foi intitulada dança livre e
influenciou a criação de novos vocabulários de
dança e linguagem corporal.

Desinteressada pelas técnicas clássicas,


optou por movimentos naturais a fim de re-
encontrar o ritmo da mobilidade inata do ho-
mem. Duncan projetou o corpo e a linguagem
da dança como ferramentas de liberdade, de
conexão com a natureza. Seus movimentos
eram inspirados em elementos como o vento,
Figura 3 – Isadora Duncan
as ondas do mar, forças das tempestades etc. Fonte: Wikimedia Commons

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Ademais, Duncan se libertou do tutu e foi a primeira bailarina a aparecer no pal-
co com malhas e a dançar com os pés descalços; além disso, uma de suas marcas
foi dançar com uma túnica esvoaçante.

Ruth Saint Denis


Ruth Saint Denis nasceu em 1879, foi uma bailarina e coreógrafa norte-ameri-
cana. Denis retomou os preceitos de Duncan, ou seja, de que dançar é exprimir a
vida interior, criando apresentações marcadas de exotismo e misticismo.
Ao longo de sua vida, foi muito influenciada por movimentos filosóficos e re-
ligiosos, tendo estudado muitas religiões, especialmente as orientais com foco na
meditação, fatos que influenciaram marcadamente a sua maneira de dançar. Para
Denis, a dança era um ato religioso e fonte libertadora do ser.
A artista criou técnicas corporais elaboradas e metódicas. Uma importante con-
tribuição de Denis para a dança foi a criação da Escola Denishawn, fundada em
1915 com Ted Shawn, com quem se casara tempo depois.

Considerando que Ruth Saint Denis incorporava elementos de diferentes culturas do Oriente,
Explor

que tal assistir a uma de suas apresentações? Disponível em https://youtu.be/XMxm9rq0FHc,


note a música, os gestos, o figurino e cenário. Em quais danças Denis teria se inspirado?

Ted Shawn
Ted Shawn pode ser considerado o “pai da
dança moderna”. Aprofundou e sistematizou as
perspectivas de Ruth Saint Denis, estudou terapia
física e teologia, foi bailarino e criou uma com-
panhia de dança formada apenas por homens,
colocando em questão os preconceitos de que a
dança era destinada apenas às mulheres.

Shawn criou uma dança especificamente


masculina e fundou a All Male Dance Group.
Organizou, em Massachussets, Estados Unidos,
um festival em que todas as formas de dança
podiam ser apresentadas. Foi de extrema impor-
tância à inovação das ideias do movimento mas-
culino na dança.

Shawn também dedicou grande parte de sua


vida à Escola Denishawn, acreditando na força
das diversas danças existentes pelo mundo. Figura 4 – Ted Shawn e Ruth Saint Denis
Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

A Escola Denishawn
Denishawn foi uma escola de dança inovadora para a época, pois reivindicou
uma completa ruptura com os preceitos da dança tradicional, estabelecendo uma
estreita ligação entre dança e religião, em especial as danças orientais.

Na escola fundada por Ruth Saint Denis e Ted Shawn, os alunos dançavam des-
calços e tinham contato com elementos do balé, danças orientais e ioga. Tal escola
formou importantes nomes para a dança moderna, tais como Martha Graham,
Doris Humphrey e Louise Brooks.

Martha Graham
Martha Graham nasceu em 1894 na Pensilvânia, Estados Unidos. Iniciou os
seus estudos de dança tardiamente. Inspirada por Ruth Saint Denis, tornou-se uma
das bailarinas e coreógrafas que teriam revolucionado a história da dança. Ainda
aluna, passou à condição de assistente de Ted Shawn, mas abandonou a escola,
queixando-se estar cansada de danças hindus e ritualísticas. Graham também rejei-
tou as danças de Isadora Duncan, dizendo:
Não quero ser árvore, flor, onda ou nuvem. Nós, o público, devemos
procurar no corpo do bailarino não a imitação dos gestos cotidianos, nem
os espetáculos da natureza, nem seres estranhos vindos de outro mundo,
mas um pouco deste milagre que é o ser humano motivado, disciplinado,
concentrado. (BOUCIER, 1987, p. 274)

Martha Graham deixou bem claro o seu anseio pelos problemas sociais da épo-
ca em que viveu e seu desejo em desvendar a alma humana. Em suas obras, explo-
rou temas como as questões sociais e a sensibilidade feminina, realizando também
trabalhos inspirados na Psicanálise.

Quanto à técnica, estão presentes elementos de dança clássica, gestos amplos,


contato com o chão, contração e relaxamento. O método de Graham se difundiu
pelo mundo e é ensinado em diversas academias até os dias atuais.

Trocando ideias...Importante!
Uma dança pode carregar muitos significados e se mesclar com outras linguagens, tais
como o cinema, a pintura, música e o teatro. Um clipe musical, por exemplo, pode conter
inúmeras referências artísticas. Você consegue identificar elementos da dança moderna
em produções da atualidade? Assista ao clipe Mine, da cantora norte-americana Beyonce
e do rapper Drake, lançado em 2013 e disponível em https://youtu.be/IDvu1ehPq0g.
Quais seriam as inspirações dessa produção?
Pesquise fotografias e apresentações da bailarina Martha Graham e procure refletir: será
que a cultura pop também busca influências na história da dança? O que você acha?

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Dança Contemporânea
Desde o início da fase moderna, o conceito de dança vem se alargando em
uma ampla discussão em torno de questões sobre o que é dança? O que é corpo?
Tratam-se de perguntas-chave para pesquisas e experimentos de movimento reali-
zados por dançarinos e coreógrafos da Contemporaneidade.
As transformações decorrentes da história do balé e os grandes nomes revolu-
cionários da dança influenciaram – e ainda influenciam – de maneira significativa a
dança contemporânea.
A necessidade de conscientização do corpo e movimento fez com que a dança
contemporânea carregasse um caráter experimental, subversivo, sem regras e em
constante transformação, acompanhando os altos e baixos, e as mudanças da so-
ciedade em que vivemos.
O pluralismo estético e a diversidade de técnicas contemporâneas em dança
fazem com que esta não possua uma técnica única estabelecida, e que todos os
corpos sejam bem-vindos. Assim, companhias de dança como a brasileira Grupo
Cena 11 trazem diferentes corpos ao palco, a fim de quebrar barreiras da socieda-
de baseadas em padrões de beleza.
A dança contemporânea propõe um diálogo aberto com diferentes leituras entre
corpo e movimento, levando-nos a compreender a dança como produção de conhe-
cimento e espaço para a diferença, o plural e, ao mesmo tempo, o corpo singular.
No Brasil, os modernos e contemporâneos se encontram em maior número que
os clássicos (FARO, 2004, p. 128), de modo que a dança contemporânea é difun-
dida por grupos como a Companhia Cena 11, o Quasar Companhia de Dança,
o Grupo Corpo, entre outros.

Pina Bausch
Destacaremos Pina Bausch, uma importante coreógrafa alemã nascida em 1940
que, com um espírito revolucionário, abriu os caminhos da dança para a dramatur-
gia, tornando-se referência tanto para a dança contemporânea quanto ao teatro.

Figura 5 – Companhia de Pina Bausch em A sagração da primavera


Fonte: Wikimedia Commons

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Dedicou-se à dança-teatro, incorporando elementos das artes cênicas em suas


produções. Em seus espetáculos, geralmente compostos por um grande número de
bailarinos vestidos com elegantes trajes, Pina explorou as relações e os sentimentos
humanos com muita dramaticidade.

Suas pesquisas de movimento e laboratórios de experiências foram desenvolvidas


juntamente com os dançarinos de sua Companhia, levando em conta o repertório
particular de cada um. Na dança de Pina, pequenos gestos e movimentos simples
do dia a dia se tornam parte da coreografia.

Considerando que Bausch criou uma maneira própria de se comunicar por meio da dança,
Explor

assista ao documentário Pina, do diretor Win Wenders, lançado em 2011 e cujo trailer está
disponível em https://youtu.be/CNuQVS7q7-A

O Grupo Corpo é uma companhia mineira de dança contemporânea formada em 1975 por
Explor

Paulo Pederneiras. Suas produções abordam temáticas sociais e culturais do Brasil. Confira o
site da Companhia em http://www.grupocorpo.com.br

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Livros
Noverre: Cartas sobre a dança
O livro trata de um exame aprofundado dos escritos Cartas sobre a dança, fundamen-
tais na reflexão sobre o balé do século XVIII, de Jean-Georges Noverre. A autora sele-
cionou e traduziu quinze cartas, investigando a história dos espetáculos de dança e as
transformações passadas na época; o estudo das concepções renovadoras de Noverre
e a análise do próprio texto das cartas são influências marcantes para a constituição do
balé tal como atualmente o conhecemos, como obra autônoma.

Vídeos
A Física do “passo mais difícil” do balé.
Este vídeo explica a física do passo fouetté, presente no terceiro ato de O lago dos
cisnes, de Marius Petipa, em que o Cisne Negro realiza uma série de piruetas 32 vezes.
https://goo.gl/uD5a2H
Confira 10 vídeos sobre danças e músicas folclóricas brasileiras
Os vídeos mencionados neste artigo correspondem a seleções de danças e músicas do
folclore brasileiro e apresentam conteúdos sobre danças típicas nacionais, estudos de
maracatu – Suburbaque, coco de roda – Grupo Zumbi, dança de paus de fitas – Enart,
Catira – Escola São Mateus, maracatu – Grupo Dandara, dança do coco – Organiza-
ção Não Governamental (ONG) Verde Viva, Catireiros do Fogo, Missão de Pesquisas
Folclóricas de Mário de Andrade (1938).
https://goo.gl/uNHfBd

Leitura
Por uma história da dança: reflexões sobre as práticas historiográficas para a dança no Brasil Contemporâneo.
Esta pesquisa propõe uma reflexão sobre os aspectos da produção historiográfica bra-
sileira da dança, sobretudo aquelas publicações e novos ambientes de produção e
disseminação, surgidos e consolidados entre os anos de 2001 e 2011. O objetivo prin-
cipal de tais reflexões é levantar questionamentos e ampliar as discussões acerca dos
aspectos referentes às práticas historiográficas para a dança, desenvolvidas no Brasil,
incluindo a sua produção bibliográfica.
https://goo.gl/FZgAiK

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UNIDADE A História do Corpo em Movimento

Referências
BOURCIER, Paul. História da dança no Ocidente. In: Opus 86. Trad. Marina
Appenzeller. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

FARO, Antonio José. Pequena história da dança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

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